"Luzes do Amanhecer"

ANO II - Nº 13 – Campo Grande – MS – Fevereiro de 2007
EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
Rua Colorado n o 488, Bairro Jardim Canadá, CEP 79112-480, Campo Grande-MS.


"Não há fé inabalável senão aquela que não encarar a razão face a face, em todas as épocas da Humanidade" Allan Kardec


                Mostre-se, ainda hoje, por inteiro, à luz do Sol, porque é preciso aproveitar o céu claro para o trabalho na seara do Cristo, a fim de que não suceda encontrar depois, as trevas do arrependimento pelo tempo irremediavelmente perdido. Áulus.

 

O HOMEM PRUDENTE

                Olha o mundo como alguém que apesar de todas as contradições do caminho da Humanidade sabe que este tem um supremo comandante, e de cujo coração magnânimo emana um sublime sentimento, por isso tem fé no futuro.
                Trabalha em favor do próximo com serena certeza de que assim procederia aquele homem sábio que colocou todo o tesouro no coração. Por isso carrega consigo tudo que necessita.
                Não o move nenhum outro desejo além desse nobre sentimento que se chama amor. Não o atrai mais os valores exteriores e a não ser para promover o bem, porém vive do amor que tem e da felicidade que procura transmitir aos outros.
                É alegre e feliz, porque não procura a felicidade nas coisas transitórias, mas vive imerso nos sentimentos de amor, pelo qual vive, e dentro desse clima respira.
                Na vida tem o nobre ideal de servir, ama tudo que é bom e belo. Procura a cada dia sedimentar em seu coração mais amor, porque desse amor que espalha é que alimenta todos os demais sentimentos.
                É feliz com o que tem e não ambiciona o que não lhe pertence, mesmo porque os bens da vida material só têm utilidade se deles pode se servir para levar ao próximo algum conforto, ou que a este promova como pessoa.
                A cada manhã se pergunta o que fará naquele dia para tornar o mundo melhor. Ainda que sejam pequenos gestos, como plantar uma flor no seu jardim. Um cumprimento amistoso ao transeunte anônimo.
                Considera ainda que os valores amoedados quando mal empregados poderiam dificultar a sua marcha para fazer as doces alegrias das almas. Por isso, procura não se envolver em demasia com estes, mesmo porque deles não tem tanta necessidade, porque vive com o mínimo de recursos.
                Procura desvencilhar-se de tudo o que não o auxilie a se tornar melhor aos olhos de Deus e do próximo, pois que esses são os fundamentos que faz questão de seguir, e que em verdade resumem todas as suas aspirações e pelas quais trabalha.
                Quando interroga a sua consciência, busca aferir os seus atos, perguntando se não lesou ninguém com alguma atitude injuriosa. Somente quando recebe uma resposta positiva de sua consciência é que se retira para o seu leito para o merecido repouso.
                Ama a Natureza, porque sente nela a manifestação de Deus, que através de sua exuberância demonstra que uma obra tão perfeita, só poderia vir realmente de Deus e mais reverente se torna e procura todos os meios de revelá-lo especialmente aos outros menos felizes
                É bom e benevolente com todos, porque esse sentimento está de acordo com sua maneira de ver o mundo, pois que sabe que está sujeito também a cometer muitos erros, por isso tem esse entendimento e esse grau de compreensão.
                Quando age procura fazer aos outros o que gostaria que os outros lhes fizessem. Sempre após qualquer ato interroga a sua consciência. “Será isto que gostaria que alguém fizesse por mim?”. Se acaso alguém não corresponde as suas expectativas, procura compreender esse outro ponto de vista, talvez ambos não tenham estudado na mesma escola e isso precisa ser respeitado
                Assim, que existindo qualquer mal-estar ou ressentimento em seu coração, busca perdoar, de vez que o perdão sempre apaga alguma coisa, ou melhor, pode apagar todas as ofensas. Não cultiva nenhum sentimento menos digno contra o próximo.
                Ao deitar faz um profundo exame de sua consciência e de seu dia de atividade. Se realmente aproveitou bem as suas horas para realizar que estivesse ao seu alcance. Se não foi omisso na responsabilidade que lhe cabia. Se ainda naquele dia ninguém teve que se queixar dele, devido, se porventura constatou algo, procurou logo corrigir, antes que provoque um mal maior.
                A cada instante que está vivendo procurou ao máximo realizar o bem, ou o que julga correto, aquilo que se tem por mais nobre e verdadeiro.
                Se ainda subsistir alguma coisa que não pode realmente cumprir naquele dia, coloca em pauta para a próxima oportunidade, nada ficando sem resposta cuidadosa e, demonstra assim, respeito e educação de sua parte, porque considera o interlocutor um tutelado de Deus.
                Quando olha para diante de si, procura conformar as suas atitudes com os ensinamentos de Jesus, essa figura sublime que o Evangelho estampa com tanta nitidez, e se admira ao observar em cada gesto tanta nobreza que só pode vir de um enviado de Deus..
                Enfim, é um homem feliz, porque não cria para si necessidades exageradas ou quiméricas, nem se cerca de coisas inúteis, ficando, portanto, mais livre para agir e compreender o próximo em sua luta, que também considera sua, pois que a sua felicidade é balizada pela alegria que consegue estender ao próximo.
                Alimenta-se, se assim se pode dizer, da felicidade que proporciona aos outros.
                Portanto, sempre roga a Deus que o ilumine para que ele possa levar até o fim as suas atitudes com o propósito de auxiliar, em suma, reconhece como um privilégio a possibilidade de servir aos outros com real desinteresse e amor, por isso conta os seus dias na Terra como bem-aventurados.

Áulus
Otacir Amaral Nunes
Campo Grande/MS

 

PEQUENA HISTÓRIA FAMILIAR

                É sempre possível caminhar. Embora existam problemas, nem por isso deve ser empecilho para que sirva, neste plano. As possibilidades são inúmeras. Basta que as aproveite. Há a sua disposição muitos recursos que pode lançar mão, porque não os utiliza? Onde pode ser útil, por que não oferece o seu concurso, por que podendo fazer algo que redundaria em seu próprio proveito, não o faz?. Não seria perda de tempo essa indecisão?
                É uma questão que precisa ser examinada com o devido vagar. Será que não está perdendo a oportunidade de se qualificar para uma vida melhor? Será justo que despreze algo que lhe daria um enorme bem-estar, por orgulho, egoísmo, até mesmo por comodismo?
                É algo que precisa ser questionado, a fim de que aproveite bem os momentos que passam. Pode ser que no futuro, em determinado momento, desperte para uma nova realidade, e compreenda que a vida passou. E podendo fazer muito, não tivera iniciativa, vivera perdido em fantasias, e agora na hora da verdade, não tenha nada a apresentar. E dizem os benfeitores, que a vida será difícil para aquele que podendo fazer o bem, omitiu-se, que podendo socorrer o infeliz que batera a sua porta, por breves instantes, que, aliás, querendo até chamar a sua atenção para que despertasse para a vida, o despediu com palavras injuriosas, ou aquele seu parente ou vizinho que se encontrava enfermo, e seu duro coração ignorou-lhe a dor, sem sequer uma visita amistosa lhe prodigalizou.
                Ou, até mesmo aquele amigo que angariava fundos para uma obra beneficente que lhe roga o concurso de migalhas para estabelecer aquela corrente fraterna que pudesse levar um pouco de conforto aquelas vítimas de flagelo social, que de repente se instalara na comunidade, omitiu-se, justificando, prontamente, alegando que era um problema do governo, porque podendo jogar um balde de água na casa do vizinho em chamas, até que o Corpo de Bombeiro chegasse, recusou-se terminantemente, alegando que não adiantaria nada, mas no fundo sabia que era mais uma desculpa.
                Ou, até mesmo aquele amigo de tantos anos que se encontrava hospitalizado, nem sequer dignou-se a fazer uma visita de cortesia, levando pequenas iguarias que talvez necessitasse para superar a rotina de interno de hospital. Tantas vezes alguém lhe telefonara para pedir uma ajuda para aquela casa de caridade, sempre tinha uma resposta pronta para dizer não. Uma pequena parcela incentivaria para que aquela atividade continuasse a prestar seus serviços a comunidade.
                Porém, nunca faltava recurso para satisfazer aquelas frivolidades dos dias abastados.
                Quando via um acidente de trânsito na rua, percebendo a gravidade da situação, afastava-se rapidamente sem sequer saber o que se passava, nem endereçar uma prece àquelas pessoas envolvidas naquele episódio. O mesmo, em ocasião, podendo auxiliar na disciplina da casa para esta pudesse superar determinados desequilíbrios, como era responsabilidade também sua, preferia retirar-se ao seu leito confortável e deixar os problemas lá fora, querendo que os outros familiares os resolvessem.
                Quando diante dos filhos que deveria guiá-los pelo caminho do bem, deixou-os crescer mal-educados, desrespeitosos com o próximo, como se bastassem os recursos financeiros que lhes dava, sem para isso ter qualquer responsabilidade, como se fala na linguagem popular: “não queria esquentar a cabeça de jeito nenhum”, quando deveria tê-lo feito, mesmo que a cabeça explodisse, porque mais tarde teve que chorar amargamente quando eles foram para os caminhos que não deviam ter ido.
                Quando fora duro e desumano com aqueles que serviam em sua casa, ou até exagerando naquilo que faltava, para se furtar a um auxílio pequenino com o que estava sobrando, somente para não servir, ou negando o mais elementar conforto. Ou ainda os velhos pais que tudo lhe deram, foram relegados ao fundo do quintal, agora estavam velhos e atrapalhavam a sua vida social. Achou melhor segregá-los ao fundo da casa, para não fazer feio as suas amizades; nem sequer tinha tempo para dizer lhe uma palavra de gratidão e carinho. O seu mundo era outro. Queria aproveitar a vida até ter sucesso entre seus amigos. O importante era estar bem, independentemente do que fossem até aqueles que tinham laços de família. Era bom ser forte. Um vencedor, não poderia se furtar à presença naquela festa elegante com fulano e cicrano, pois que era importante lá estar. Era a família tal e tal, pois que sempre era regado com muita bebida e muito requinte. Nem sequer lembrava do semblante dos seus pais.
                O importante era bom estar bem com a vida. Somente ia ao templo religioso para festa de casamento, ou quando alguém da alta sociedade morria.
                A vida caminhava nesses trilhos, muito conforto e vantagens, aliás, todas as vantagens que pudessem comprar uma vida de abastado. Só que o passaporte da vida imortal estava com a viagem de volta marcada, e que sua preparação para o retorno seria bem difícil. De repente em meio às inúmeras festas, fora vítima de um enfarto do miocárdio. Poderoso homem da sociedade sofrera enfarto, noticiaram os jornais, deram manchetes, e começou outra fase da existência.                 Tratamento intensivo, deslocamento para outros lugares com mais recursos ainda, conseguindo sobreviver com graves seqüelas, que requeria tratamento especializado e continuo. Despesas enormes, por longos meses, pois o cofre bem recheado garantia tudo, mas com o passar de alguns anos, começou a faltar dinheiro; somente se gastava e não se ganhava nada.
                Os amigos, tão amistosos, de repente começaram a afastar-se também. Pensavam os magnatas: “daquele mato não sai mais nada”. As vidas dos amigos encontraram outros focos, em pouco tempo eles se afastaram. Alguns por desencargo de consciência até telefonaram, aos poucos também se esqueceram.
                Os filhos, cada dia mais exigentes com a mãe, exigindo que vendessem as ultimas propriedades, mesmo porque não tinha outro jeito, - logo dividiram entre si e em poucos meses nada restou. Restava a casa que moravam, segundo eles era grande demais e podiam vendê-la e comprar uma outra, bem menor, numa vila, e o dinheiro seria dividido. A mãe apesar de extremamente contrariada pela venda da casa, não tinha forças, porque sempre cedera em tudo, (mesmo porque os filhos decidiram e pronto), em pouco tempo também não tinham nada.
                Obrigaram a mãe a arranjar algum empréstimo com os velhos amigos do pai, mas estes estavam tão distantes, não conseguindo em muitos casos sequer ser recebida.
                A pequena casa adquirida numa vila distante, somente era o que restava. Resolveram que poderiam vender a pequena casa, e alugaria outra que daria para todos.
Quiseram forçar a situação. A mãe, já muito sofrida recusou. Diante da negativa da mãe, agrediram-na rudemente, alegando que ela não servia para nada mais, e que ficasse cuidando daquele velho imprestável.
                Voltaram à casa daquele velho imprestável. Depois saíram à rua e foram buscar os seus comparsas. Dois dias depois souberam por vizinhos que foram presos por brigas e desordem na rua, além de contrair dívida com pessoas perigosas. Era o fim.


Áulus
Otacir Amaral Nunes
Campo Grande/MS

EM FAVOR DOS DESENCARNADOS

                Não te encerres no passado, com a suposição de honrar a vida. Cada tempo da criatura na Terra se caracteriza por determinada grandeza, que não será lícito falsear. A infância tem a suavidade da semente que germina; a juventude guarda o encanto da flor que desabrocha e a madureza apresenta a glória tranqüila da árvore frutescente.
                Não julgues que ames a alguém sem que lhe compreendas as necessidades de cada período da existência. A isso nos reportamos a fim de que ajudes positivamente aos seres queridos que te precederam na grande romagem da desencarnação. Sem dúvida, agradecem eles o carinho com que lhes conservas o retrato da forma física ultrapassada; contudo ser-te-ão muito mais reconhecidos sempre que lhes reconstituas a presença através de algum ato de bondade a favor de alguém, cuja memória agradecida lhes recorde o semblante em momento de alegria e de amor, que nem sempre no mundo puderam cultivar. Decerto, sensibilizam-se ante a flor que lhes ofertas às cinzas, mas se regozijam muito mais com o socorro que faças a quem sofre, doado em nome deles, pelo qual se sentem mais atuantes e mais vivos, junto daqueles que ficaram...
                Quando mentalizes os supostos desaparecidos na voragem da morte, pensa neles do ponto de vista da imortalidade e do progresso. Um coração materno tem o direito de guardar por relíquias as roupas enfeitadas e curtas dos filhinhos que acalentou no berço, mas seria loucura impor-lhes a obrigação de usá-las, depois de homens feitos, sob o pretexto de que somente assim lhe retribuirão devotamento e ternura.
                Reverencia aqueles que partiram na direção da vida maior, mas converte saudade e pesar em esperança e serviço ao próximo, trabalhando com eles, em termos de confiança e reconforto, bondade e união, porquanto eles todos, acima de tudo, são companheiros renovados e ativos, aos quais fatalmente, um dia, te reunirás.


Emmanuel
Mensagem recebida pelo médium Francisco C. Xavier
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MEU AMIGO, MUITA PAZ

                A assistência social é a fraternidade em ação. Sem ela, indiscutivelmente, os nossos mais preciosos arrazoados verbalísticos não passariam de belos mostruários sonoros.
                É necessário teorizar com o exemplo, se desejamos argumentar com segurança, no campo de nossas realizações.
                Se é verdade que as obras sem ideal, são primorosas esculturas da arte humana, sem o calor da vida; a fé sem obras, segundo já nos asseverava a palavra apostólica, há quase dois mil anos, não passa de um cadáver bem adornado.
                A escola, a maternidade, a creche, o hospital, o refúgio de esperança aos viajantes da amargura, o albergue, o posto de socorro, a visitação fraterna aos doentes e aos necessitados, a palavra amiga e confortadora, a casa de desobsessão, o auxílio de emergência aos companheiros de angústia, o amparo aos irmãos presidiários, a cooperação metódica nos centros especializados de tratamento, quais sejam os sanatórios, os hospitais e leprosários, a contribuição desinteressada, enfim, a dor de todos os matizes e de todas as procedências, desafiam a nossa capacidade de imaginar, organizar e fazer, a fim de que possamos monumentalizar a nossa Doutrina de Amor e Luz no mundo vivo dos corações.
                Trabalhemos, auxiliando-nos uns aos outros. Somos associados de uma só empresa de redenção, usando o sentimento, o raciocínio, as mãos, a palavra, a tribuna, a imprensa e o livro para o mesmo glorioso desiderato.
                Conscientes, pois, de nossas responsabilidades, marchemos para diante, sob a inspiração do Cristo, Nosso Senhor e Mestre, entrelaçando braços e corações na mesma vibração de otimismo e esperança, serviço e sublimação.
                Hoje é o nosso dia. Agora é o momento. A luta é a nossa oportunidade. Ajudar é a honra que nos compete.
                Sigamos, assim, destemerosos e firmes na certeza de que o Senhor permanece conosco e, indubitavelmente, alcançaremos, amanhã, a alegria e a paz do mundo melhor.


Emmanuel
Mensagem recebida pelo médium Francisco C. Xavier.

 

MENSAGEM DE OTIMISMO

                Recordemos o nosso querido Jesus para que possamos avaliar a caridade e o amor a nos pedir o auxilio divino nos caminho do progresso e da união em Cristo.
                Toda a matéria se aprimora pela indústria.
                Todo homem se prepara pelas faculdades, onde ciências naturais lhes convidam ao fiel trabalho na disciplina escolar, onde companheiros deixam parcelas de orientação e esperança.
                Voltemos os nossos olhos para os lares carentes a fim de contribuirmos com os apelos de Jesus, pois são estes recantos de reajustes que nos testam a todo o momento, propondo acertos e entendimentos.
                Crianças nos solicitam ao carinho e a compreensão, onde laços passados se nos procuram pelo espírito.
                Doentes nos pedem o auxilio do remédio e do alivio para as suas dores, enquanto mentores nos mostram a tarefa.
                Prisioneiros no corpo e no espírito, e nos solicitam a liberdade em - divisão de pensamentos para que possam cumprir as escrituras.
                A guerra nos mostra a destruição da vida em processos de desajustes por ordens da nação nos processos de difíceis situações.
                Fome leva a humanidade a implorar o alimento espiritual enquanto permanecemos frente às solicitações e para a divisão do pão
                Entretanto, em conseqüência do desamor, sempre encontramos Jesus a nos mostrar os horizontes da ciência para que possamos trabalhar no amparo e no auxilio para toda a humanidade.
                Fontes de sabedoria, a razão nos mostra valores então adormecidos, ciências estudam o corpo e o Espírito nos mostra valores renovados pela fé.
                Pequenas parcelas de trabalho nos propõem a corrigenda ante o mal e Jesus que nos confia a nobre missão de servir, deixa ao coração a certeza de um mundo melhor.


Ezequiel
Mensagem recebida pelo médium João de Deus, Campo Grande/MS

DOUTRINA ESPÍRITA

                "Se a Doutrina Espírita fosse uma concepção puramente humana, não teria por garantia as luzes daqueles que a houvessem concebido. Ora, pessoa alguma neste mundo poderia ter a pretensão de ser a possuidora exclusiva da verdade absoluta. Se os Espíritos que a revelaram se tivessem manifestado a um só homem, nada garantiria a origem dela, pois seria preciso crer na palavra daquele que dissesse ter recebido tal ensinamento. Admitindo-se ainda da parte deste uma perfeita sinceridade, o mais que poderia fazer seria convencer as pessoas de seu conhecimento: poderia ter sectário, mas não conseguiria convencer a todos”.
                “Deus quis que a nova revelação chegasse aos homens por via mais rápida e autêntica; eis porque encarregou os Espíritos de a conduzir de um pólo a outro, manifestando-se por toda parte, sem dar a quem quer que fosse o privilégio exclusivo de ouvir sua palavra. Um homem pode ser enganado, pode até enganar-se a si próprio; entretanto assim não pode suceder quando milhares de pessoas vêem e ouvem a mesma coisa. Isto é uma garantia tanto pessoal como geral”.


Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec.

 

PROBLEMAS DA MORTE

                Milhares de criaturas regressam do templo da carne, cada dia, no mundo, aos planos da Vida Espiritual.
                Raras, porém, abandonam a Terra, com o título do trabalhador que atendeu ao cumprimento das próprias obrigações.
                Quase todas deixam o corpo denso pelo suicídio indireto.
                Em todos os lugares do Planeta, vemos quem se envenena, metodicamente, pelos raios desvairados da cólera.
                Destacamos quem elimine a vida do estômago, superlotando o aparelho gástrico de viandas excitantes ou corrosivas.
                Reconhecemos quem se confia a vícios multiformes, criando monstruosos vermes mentais que se encarregam de aniquilar as possibilidades orgânicas.
                Identificamos quem anestesia as próprias forças, enregelando-se pela ociosidade sistemática.
                Encontramos quem arme laços fatais aos próprios pés, movimentando ambições inferiores nas quais se conduz na vida de cada hora.
                Vemos quem se asfixia ao calor das próprias paixões desenfreadas.
                Observamos quem se sufoca no pântano dos próprios pensamentos delituosos e escuros.
                Preservai o corpo, como quem reconhece no santuário da carne, o mais alto tesouro que o mundo é suscetível de oferecer.
                A experiência na Terra não é conferida em vão.
                Cada vida possui uma diretriz, um programa, uma finalidade.
                Aquele que se ajusta à Divina Vontade incorpora a sua tarefa à obra incessante do Bem Infinito.
                Se tendes de doar as próprias energias, sem receio da morte, aprendamos com Cristo à ciência do sacrifício pessoal pelo bem de todos.
                Auxiliar constantemente, velar pelos que sofrem, amparar os que se transviam, extinguir as trevas da ignorância e balsamizar as feridas do próximo constituem esforço de renunciação que nos eleva ao Plano Superior.
                Muitos se matam na Terra.
                Poucos morrem para que outros possam viver dignamente.
                Não nos esqueçamos de que enquanto Pilatos, com aparente tranqüilidade, comprava o remorso que o conduziria ao suicídio direto, através da justiça mal aplicada, Jesus expirava no madeiro, entre angústia do próprio coração e o sarcasmo dos que o assistiam, adquirindo, porém, a glória da ressurreição que acendeu no mundo a luz da imortalidade para todos os séculos terrestres.


Emmanuel
Do livro “Harmonização” de Francisco C. Xavier.

VISÃO DE EURÍPEDES

                Começara Eurípedes Barsanulfo, o apóstolo da mediunidade, em Sacramento, no Estado de Minas Gerais, a observar-se fora do corpo físico, em admirável desdobramento, quando, certa feita, à noite, viu a si próprio em prodigiosa volitação. Embora inquieto, como que arrastado pela vontade de alguém num torvelinho de amor, subia, subia...
                Subia sempre.
                Queria parar, descer, reavendo o veículo carnal, mas não conseguia. Braços intangíveis tutelavam-lhe a sublime excursão. Respirava outro ambiente. Envergava forma leve, respirando num oceano de ar mais leve ainda... Viajou, viajou, à maneira de pássaro teleguiado, até que se reconheceu em campina verdejante. Reparava na formosa paisagem, quando, não longe, avistou um homem que meditava, envolvido por doce luz.
                Como que magnetizado pelo desconhecido, aproximou-se...
                Houve, porém, um momento, em que estacou, trêmulo...
                Algo lhe dizia no íntimo para que não avançasse mais...
                E num deslumbramento de júbilo, reconheceu-se na presença do Cristo.
                Baixou a cabeça, esmagado pela honra imprevista, e ficou em silêncio, sentindo-se como intruso, incapaz de voltar e seguir adiante.
                Recordou as lições do Cristianismo, os templos do mundo, as homenagens prestadas ao Senhor, na literatura e nas artes, e a mensagem dEle a ecoar entre os homens, no curso de quase vinte séculos...
                Ofuscado pela grandeza do momento, começou a chorar...
                Grossas lágrimas banhavam-lhe o rosto, quando adquiriu coragem e ergueu os olhos, humilde.
                Viu, porém, que Jesus também chorava...
                Traspassado de súbito sofrimento, por ver-lhe o pranto, desejou fazer algo que pudesse reconfortar o Amigo Sublime... Afagar-lhe as mãos ou estirar à maneira de um cão leal aos seus pés...
                Mas estava como se chumbado ao solo estranho...
                Recordou, no entanto, os tormentos do Cristo, a se perpetuarem nas criaturas que até hoje, na Terra, lhe atiram incompreensão e sarcasmo...
                Nessa linha de pensamento, não se conteve. Abriu a boca e falou, suplicante:
                - Senhor, por que choras?
                Mas desejando certificar-se de que era ouvido, Eurípedes reiterou:
                - Choras pelos descrentes do mundo?
                Enlevado, o missionário de sacramento notou que o Cristo lhe correspondia agora ao olhar. E, após um instante de atenção, respondeu de voz dulcíssima:
                - Não, meu filho, não sofro pelos descrentes dos quais devemos amor. Choro por todos os que conhecem o Evangelho, mas não o praticam...
                Eurípedes não saberia descrever o que se passou então.
                Como se caísse em profunda sombra, ante a dor que a resposta lhe trouxera, desceu, desceu...
                E acordou no corpo da carne.
                Era madrugada.
                Levantou-se, não mais dormiu.
                E desde aquele dia, sem comunicar a ninguém a divina revelação que lhe vibrava na consciência, entregou-se aos necessitados e aos doentes, sem repouso sequer de um dia, servindo até a morte.


Hilário Silva
Do livro “A Vida Escreve” de Francisco C. Xavier e Waldo Vieira.

SABEDORIA DE CHICO XAVIER

                “A mediunidade nunca me isentou de meus problemas pessoais, mediunidade não é condição de santidade... Sempre tive os meus problemas – estou cheio deles! – como qualquer pessoa... Não tenho privilégios. Eu me sentiria envergonhado, se a mediunidade me concedesse uma situação especial. Como é que eu deveria estar diante daqueles que sempre me procuram? Como dizer a eles algumas palavras, desconhecendo, em mim mesmo, o drama que estão vivenciando? Nunca vi privilégios na mediunidade, pelos menos, comigo não! E não seria capaz de entender um médium que, justamente por ser médium, fosse poupado de suas provas. Quando eu mais apanhava, é que eu mais produzia. A coisa apertava para o meu lado, Emmanuel aparecia e me mandava pegar lápis e papel”.


Carlos A Baccelli
Do livro “Evangelho de Chico Xavier”
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PALAVRAS DE UM BATALHADOR

                No encerramento de nossas tarefas, na reunião da noite de 29 de abril de 1954, fomos agradavelmente surpreendidos com a visita do Professor Cícero Pereira, que foi valoroso batalhador do Espiritismo, em Minas Gerais.
                Meus amigos, peçamos, antes de tudo, a Nosso Senhor Jesus-Cristo nos ampare o trabalho.
                Não pude furtar-me à alegria de visitá-los, ainda mesmo de escantilhão.
                Grande é a nossa esperança, observando a plantação de luz a que se devotam.
                Além disso, não posso esquecer que tenho aqui bons amigos, a começar pelo nosso Rocha.
                Meus caros, a surpresa dos espíritas, depois do túmu1o, chega a ser incomensurável, porque freqüentemente mobilizamos os valores de nossa fé com a pretensão de quem se julga escolhido à frente do Senhor.
                Aguardamos, para além da morte, uma felicidade que nem de longe, no mundo, cogitamos de construir.
                Somos aprendizes novos do Evangelho.
                Isso é verdade.
                Mas estamos sempre interessados em conduzir ao Cristo os nossos problemas, completamente despreocupados quanto aos problemas do Cristo, a nosso respeito.
                Buscamos nossa própria imagem no espelho da Graça Divina. Somos velhos Narcisos encarcerados na própria ilusão.
                E admitimos que não há dores maiores que as nossas e que as nossas necessidades superam as necessidades dos outros.
                Por esse motivo, o tempo estreito de permanência no corpo carnal apenas nos favorece, na maioria das vezes, mais densa petrificação do egoísmo, na concha de nossa antiga vaidade.
                Somos leitores de livros admiráveis. Comovemo-nos e choramos, ante os valores iluminativos com que somos agraciados, entretanto, depois do contato com o pensamento sublime de nossos orientadores, Eis nos arrojados ao esquecimento de todos os dias, como se padecêssemos irremediável amnésia, diante de tudo o que se refira às nossas obrigações para com Jesus.
                Em nossas casas doutrinárias, intensificamos disputas em tomo da direção humana, magnetizados pelos aspectos menos dignos da luta que fomos chamados a desenvolver e, muitas vezes, no intercâmbio com os nossos irmãos tresmalhados na sombra, martelamos preciosas lições de caridade e fé viva, compreensão e tolerância, olvidando que os chamados "espíritos sofredores", em muitas ocasiões, são trazidos até nós por vanguardeiros da Luz Divina, interessados em nossa renovação, enquanto há "melhor tempo".
                Ai de nós, porém!...
                Dos conflitos inadequados em nossos templos de fé, somente recolhemos frutos amargos, e das mensagens pontilhadas de aflição, que guardam o objetivo de reabilitar-nos para o Senhor, apenas retiramos impressões negativas, de vez que nos movimentamos no círculo de nossas responsabilidades, crendo-nos na condição de cooperadores vitoriosos, quando, no fundo, perante os Benfeitores da Espiritualidade Superior, somos simplesmente companheiros em perigo, com intensas dificuldades para satisfazer ao próprio reajuste.
                Estejam vocês convencidos de que para nós, os espíritas desencarnados, há uma tarefa espantosa, com a qual não contávamos.
                Por mais estranho nos pareça, somos geralmente situados em serviços de orientação, junto aos companheiros que ficaram.
                Espíritas com espíritas, somos irmãos enlaçados no mesmo dever a cumprir.
                Alijados do corpo, contudo, é que vemos quão difícil se faz o concurso eficiente aos corações cerrados à luz e quão sacrificial se nos revela o socorro a doentes que não se interessam pela própria cura!
                Identificamos, então, o princípio de correspondência. Colocados na posição daqueles que anteriormente nos dirigiam, reconhecemos quanta impermeabilidade oferecíamos, no mundo, aos que nos acompanhavam abnegadamente de perto.
                Tão logo descerrei os olhos, ante o esplendor da verdade, encontrei nosso velho amigo Serra, notificando-me, bem-humorado:
                - Cícero, agora é o seu tempo de experimentar o novo trabalho que vive em nossas mãos...
                E, desde essa hora, eu que retinha a veleidade de condutor, embora a insipiência do aprendiz de Evangelho que ainda sou, comecei a entender alguma coisa do serviço gigantesco que nos compete impulsionar para frente.
                Afeiçoados à nova máquina de ação, sofremos o cuidado de não trair a harmonia.
                Porque é preciso equilibrar nossos passos, a fim de orientar com segurança os passos alheios, disciplinar-nos dentro das responsabilidades que abraçamos para não ameaçar o trabalho daqueles que nos cercam.
                Ouvir mais.
                Fazer mais.
                E falar menos.
                Difícil é suportar na cabeça o titulo de servidor da Boa-Nova, que, entre os homens, pode ser uma palma florida, mas que se converte aqui em coroa de fogo, tal a preocupação com que nos cabe aprender a auxiliar e a renunciar para que o carro de ,nossos princípios avance sobre os trilhos da ordem.
                Registrando-nos a experiência, esperamos que vocês venham mais tarde para cá movimentando melhores recursos.
                Reconheço que há muito a dizer.
                Entretanto, o horário está a esgotar-se.
                Conosco, temos outros irmãos que lhes deixam afetuosa visita.
                Nossos amigos Hanriot, Mata, Simplício e ainda nosso Efigênio partilhamos a oração.
                Todos agora padecemos o mesmo mal - o inquietante privilégio de colaborar numa realização, cuja magnitude efetivamente nos esmaga.
                Façamos o melhor de nossa parte, na convicção de que o Senhor não nos desampara.
                E, agradecemos a satisfação desta hora, deixo aos queridos companheiros o meu coração reconhecido.


Cícero Pereira
Mensagem do livro "Instruções Psicofônicas” de Francisco C. Xavier
.

DECÁLOGO PARA ESTUDOS EVANGÉLICOS

                1.- Peça a inspiração divina e escolha o tema evangélico destinado aos estudos e comentários da noite.
                2.- Não fuja ao espírito do texto lido.
                3.- Fale com naturalidade.
                4.- Não critique, a fim de que a sua palavra possa construir para o bem.
                5.- Não pronuncie palavras reprováveis ou inoportunas, suscetíveis de criar imagens mentais de tristeza, ironia, revolta ou desconfiança.
                6.- Não faça leitura, em voz alta, além de cinco minutos, para não cansar os ouvintes.
                7.- Converse ajudando aos companheiros, usando caridade e compreensão.
                8.- Não faça comparações, a fim de que seu verbo não venha ferir alguém.
                9.- Guarde tolerância e ponderação.
                10- Não retenha indefinidamente a palavra; outros companheiros precisam falar na sementeira do bem.

André Luiz
Mensagem recebida pelo médium Francisco C. Xavier.

 

VIDAS SUCESSIVAS

"Não te maravilhes de te haver dito: Necessário vos é nascer de novo.” Jesus (João, 3:7)

                A palavra de Jesus a Nicodemos foi suficientemente clara.
                Desviá-la para interpretações descabidas pode ser compreensível no sacerdócio organizado, atento às injunções da luta humana, mas nunca nos espíritos amantes da verdade legitima.
                A reencarnação é lei universal.
                Sem ela, a existência terrena representaria turbilhão de desordem e injustiça; à luz de seus esclarecimentos, entendemos todos os fenômenos dolorosos do caminho.
                O homem ainda não percebeu toda a extensão da misericórdia divina nos processos de resgate e reajustamento.
                Entre os homens, o criminoso é enviado a penas cruéis, seja pela condenação à morte ou aos sofrimentos prolongados.
                A Providência, todavia, corrige, amando ... Não encaminha os réus a prisões infectas e úmidas. Determina somente que os comparsas de dramas nefastos troquem a vestimenta carnal e voltem ao palco da atividade humana, de modo a se redimirem, uns à frente dos outros.
                Para a Sabedoria Magnânima nem sempre o que errou é um celerado, como nem sempre a vitima é pura e sincera. Deus não vê apenas a maldade que surge à superfície do escândalo; conhece o mecanismo sombrio de todas as circunstâncias que provocaram um crime.
                O algoz integral como a vítima integral são desconhecidos do homem; o Pai, contudo, identifica as necessidades de seus filhos e reúne-os, periodicamente, pelos laços do sangue ou na rede dos compromissos edificantes, a fim de que aprendam a lei do amor, entre as dificuldades e as dores do destino, com a bênção de temporário esquecimento.


Emmanuel
Mensagem recebida pelo médium Francisco C. Xavier
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MOZART VIVE!

                Em 27 de janeiro de 1756 nascia na Áustria o compositor Wolfgang Amadeus Mozart. Como Espírito, deu uma das mais belas comunicações espíritas de que se tem notícia. Foi evocado por Allan Kardec na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas e ditou um fragmento de sonata ao médium Bryon Dorgeval. O Codificador do Espiritismo publicou as evocações particulares e a da Sociedade Parisiense. Leia aqui o que disse Mozart.

                Conversas Espíritas do Além-túmulo – Mozart

                Um dos nossos assinantes nos comunica a conversa seguinte que ocorreu com o Espírito de Mozart. Não sabemos nem onde e nem quando essas conversas tiveram lugar; não conhecemos nem os interrogadores, nem o médium; nela somos, pois, completamente estranhos. Apesar disso, notar-se-á a concordância perfeita que existe entre as respostas obtidas e as que foram dadas por outros Espíritos, sobre diversos pontos capitais da Doutrina, em circunstâncias diferentes, seja a nós, seja a outras pessoas, e que narramos em nossos fascículos precedentes, e em O Livro dos Espíritos. Chamamos sobre essa semelhança, toda atenção dos nossos leitores, que dela tirarão a conclusão que julgarem a propósito. Aqueles, pois, que poderiam ainda pensar que as respostas às nossas perguntas podem ter o reflexo de nossa opinião pessoal, verão por aí se, nessa ocasião, pudemos exercer uma influência qualquer. Felicitamos as pessoas que fizeram essa entrevista pela maneira com que as perguntas estão postas. Apesar de certas faltas que decorrem da inexperiência dos interlocutores, em geral, estão formuladas em ordem, clareza e precisão, e não se afastam da linha séria: É uma condição essencial para se obter boa comunicação. Os Espíritos vão às pessoas sérias que querem se esclarecer de boa fé; os Espíritos levianos se divertem com as pessoas frívolas.

Primeira conversa

                1. Em nome de Deus, Espírito de Mozart, estás aqui? R. Sim.
                2. Por que antes Mozart do que um outro Espírito? R. Foi a mim que haveis evocado: eu vim.
                3. O que é um médium? R. O agente que une o meu Espírito ao teu.
                4. Quais são as modificações, tanto fisiológicas quanto anímicas, que, sem o saber, o médium sofre quando entra em ação intermediária? R. Seu corpo não sente nada, mas seu Espírito, em parte desligado da matéria, está em comunicação com o meu e me une a vós.
                5. O que se passa nele, nesse momento? R. Nada para o corpo; mas uma parte do seu Espírito é atraída para mim; faço sua mão agir pelo poder que meu Espírito exerce sobre ele.
                6. Assim, o individuo médium entra, então, em comunicação com uma individualidade espiritual outra que não é a sua? R. Certamente; também tu, sem seres médium, estás em relação comigo.
                7. quais são os elementos que concorrem para a produção desse fenômeno? R. Atração dos Espíritos para instruírem os homens; leis da eletricidade física.
                8. Quais as condições indispensáveis? R. É uma faculdade concedida por Deus.
                9. Poderias dele nos revelar as leis? R. Não. Não, não no presente; mais tarde sabereis tudo.
                10. Qual o princípio determinante? Não posso dizê-lo.
                11. Em quais termos positivos poder-se-á enunciar a fórmula sintética desse maravilhoso fenômeno? R. Leis desconhecidas, que não poderiam ser compreendidas por vós.
                12. O médium poderia se por em relação com a alma de um vivo, e em que condições? R. Facilmente, se o vivente dorme. Se uma pessoa viva for evocada no estado de vigília, pode adormecer no momento da evocação, ou pelo menos experimentar um entorpecimento e uma suspensão das faculdades sensitivas;mas, muito freqüentemente, a evocação não dá resultado, sobretudo se não for feita com uma intenção séria e benevolente.
                13. Que entendeis pela palavra alma? R. A centelha divina.
                14. E por Espírito? R. o Espírito e a alma são uma mesma coisa.
                15. A alma, enquanto Espírito imortal, tem consciência do ato da morte, e consciência dela mesma, ou do eu, imediatamente depois da morte? R. A alma nada sabe do passado e não conhece o futuro senão depois da morte do corpo; então vê sua vida passada e suas últimas provas; escolhe a sua nova expiação, por uma vida nova, e a prova que vai suportar; também não deve se lamentar do que se sofre na Terra, e deve suporta-la com coragem.
                16. A alma se encontra, depois da morte, desligada de todo elemento, de todo laço terrestre? R. de todo elemento, não; ela tem ainda um fluido que lhe é próprio, que haure na atmosfera do seu planeta e que representa a aparência de sua última encarnação.
                17. Ele sabe de onde vem e para onde vai? R. A questÃo décima quinta responde a isso.
                18. Não leva nada com ela deste mundo? R. Nada senão a lembrança de suas boas ações, o arrependimento de suas faltas, e o desejo de ir para um mundo melhor.
                19. Ele abarca, de um golpe de vista retrospectivo, o conjunto de sua vida passada? R. Sim, para servir a sua vida futura.
                20. Ele entrevê o objetivo da vida terrestre e a significação, o sentido dessa vida, assim como o curso que lhe fornecemos com respeito à vida futura? R. Sim; ela compreende a necessidade de depuração para chegar ao infinito, quer se purificar para alcançar mundos bem-aventurados. Sou feliz; mas não estou eu já nos mundos onde se goza da visão de Deus!
                21. Existe na vida futura uma hierarquia de Espíritos, e qual é sua lei? R. Sim: é o grau de depuração que a define; a bondade, as virtudes são os títulos de glória.
                22. É a inteligência, enquanto força progressiva, que lhe determina a marcha ascendente? R. Sobretudo as virtudes: o amor ao próximo acima de tudo.
                23. Uma hierarquia de Espíritos fará supor uma outra de residência; esta última existe e de que forma? R. A inteligência, dom de Deus, é sempre a recompensa das virtudes: caridade, amor ao próximo. Os Espíritos habitam diferentes planetas, segundo o seu grau de perfeição: neles gozam de mais ou menos felicidade.
                24. O que é preciso entender por Espíritos Superiores? R. Os Espíritos purificados.
                25. Nosso globo terrestre é o primeiro de seus degraus, o ponto de partida, ou viemos de mais baixo? R. Há dois globos antes do vosso, que é um dos menos perfeitos.
                26. Qual é o mundo que habitas? Júpiter. Nele gozo de uma grande calma; amo todos aqueles que me cercam; não temos mais ódio.
                7. Se tens lembrança da vida terrestre, deves lembrar dos esposos ª..., de Viena; haveis revisto todos os dois depois da morte, em qual mundo e em quais condições? R. Não sei onde estão; não posso dizer-te. Um é mais feliz que o outro. Por que me falas deles?
                28. Podes, por uma única palavra indicativa de um fato capital da vida, que não podes haver esquecido, fornecer-me uma prova certa dessa lembrança. Eu te suplico dizer essa palavra. R. Amor; reconhecimento.


Fonte: Revista Espírita de 1858, editada por Allan Kardec.

 

RESPOSTA DE COMPANHEIRO

                Meu amigo pede você um roteiro de nosso plano, que lhe sirva às incursões no campo mediúnico.
                “A região é quase inexplorada, as surpresas imensas” - diz você desalentado.
                Como velhos portugueses do litoral do Brasil, que perdiam longo tempo, antes de enfrentar a selva fascinante, seus olhos contemplam a magnitude do continente espiritual, sentindo-se você incapaz do serviço de penetração, na terra maravilhosa dos novos conhecimentos. Observa as possibilidades infinitas de realização, a grandeza do serviço a fazer; entretanto, a incerteza impede-lhe a marcha inicial.
                Sabe você que os sacrifícios não serão reduzidos. Os bandeirantes antigos, para semearem a civilização no oceano verde, sofreram, muita vez, privações e dificuldades, solidão e angústias indizíveis. Os pioneiros da espiritualidade, nos tempos modernos, para distribuírem a nova luz, na floresta dos sentimentos humanos, não devem nem podem aguardar excursões pacíficas e felizes na esfera imediatista. Experimentarão igualmente os choques do meio, sentir-se-ão quase sós, padecerão a sede do espírito e a fome do coração.
                Tochas acesas contra as sombras da ignorância e do convencionalismo inferior sofrem o desgaste natural de suas possibilidades e energias.
                Quem se abalance, pois, no ideal de servir, no campo da mediunidade, espere por lutas árduas de purificação.
                A técnica da cooperação com a espiritualidade superior não é diferente daquela que norteia as atividades dos realizadores do progresso humano. É razoável que o individualismo aí prepondere, como coloração inalienável da ação pessoal no trabalho a desenvolver: todavia, esse individualismo deve ajustar-se aos imperativos do supremo bem, apagando-se, voluntariamente, com alegria, para que as claridades da vida mais altas se destaquem no quadro penumbroso das atividades terrestre.
                Não é o fenômeno desconcertante e indiscutível a base fundamental da obra. É o espírito de boa-vontade, de sacrifício e renunciação. Ser o medianeiro de fatos transcendentes, que constituam alicerce de grandes e abençoadas convicções, é admirável tarefa, sem dúvida. No entanto, se as demonstrações obedecem a impulsos mecânicos, sem o condimento da compreensão elevada, no setor da responsabilidade, do serviço e do amor fraterno, toda a fenomenologia se reduz a fogo-fátuo. Impressiona e comove, durante a festa, para cair no absoluto esquecimento, nas horas seguintes.
                Não basta iniciar a edificação para que o trabalho se realize. É indispensável saber prosseguir e saber terminar. Imprescindível compreender também nesse capítulo que todos os homens do mundo são médiuns, por serem intermediários do bem ou do mal.
                As fontes do pensamento procedem de origens excessivamente complexas. E, nesse sentido, cada criatura humana, nos serviços comuns, reflete o núcleo de vida invisível a que se encontra ligada de mente e coração. Não nos cansaremos de repetir que as esferas dos encarnados e desencarnados se interpenetrem em toda parte.
                Não posso desviar-me, contudo, da linha essencial de sua consulta fraterna.
                Você, em suma, deseja informar-se quanto ao processo mais eficiente de atender aos imperativos do bem, no intercâmbio com o plano invisível, e, em face de seu desejo, nada tenho a aconselhar-lhe senão que intensifique sua capacidade receptiva, dilatando conhecimentos, elevando aspirações, purificando propósitos e quebrando a concha do personalismo inferior para poder refletir o infinito.
                Mediunidade é sintonia. Cada mente recebe segundo a natureza e extensão da onda de sentimento que lhe é própria.
                Subamos, desse modo, a montanha do conhecimento e da bondade. Ajustemo-nos à esfera superior da vida, para merecermos a convivência dos Espíritos Superiores. A virtude primordial em semelhante tarefa não consiste, substancialmente, em ser médium, mas em ser trabalhador fiel do bem, instrumento do Divino Amor, onde quer que você se encontre.
                Na execução desse programa, encontrará contínuo engrandecimento do poder espiritual.
                Guarde a harmonia de seu vaso físico, faça mais luz em sua mente, intensifique o amor em seu coração e o trabalho será sempre mais lúcido, mais sublime.
                Quanto as arremetidas dos descrentes e ironistas do mundo, não se prenda ao julgamento que lhes é peculiar.                 São mais infelizes que perversos. Em todos os tempos, tantos riem como choram, inconscientemente. Não emito semelhante conceito, para envolver-se em fumaças de superioridade; é que também me demorei longo tempo entre eles, e conheço, de experiência própria, os sorrisos e lágrimas do picadeiro da ignorância.
                Siga, portanto, seu caminho, estudando com o Mestre Divino e ouvindo a própria consciência.
                Não serei eu, pobre amigo do plano espiritual, quem lhe vá traçar diretrizes.
                No fundo, o que você deseja é o encontro divino com o Senhor, o ideal que me impulsiona agora o espírito pecador.
                Em vista disso, ouçamos juntos a advertência do Evangelho:
                - “Negue cada qual a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.”
                Tem você suficiente disposição para satisfazer o sagrado apelo? Quanto a mim, esteja certo de que, não obstante a condição de alma do outro mundo, é o que estou procurando fazer com toda a sinceridade do coração.


Irmão X
Do livro “Pontos e Contos” de Francisco C. Xavier


VIDA AFETIVA

                Todos os problemas da vida afetiva serão devidamente aclarados quando o reconhecimento da reencarnação for concebido na base da regra áurea.
                Faremos a outrem, nos domínios afetivos, aquilo que desejamos se nos faça. Isso porque de tudo o que doarmos ao coração alheio recolheremos de volta.
                O amor em sua luminosa liberdade é independente em suas escolhas e manifestações; no entanto, obedece igualmente ao princípio: “Livre na sementeira e escravo na colheita”.
                Ligeira recolta de observações nos fará pensar nisso.
                Em muitas ocasiões, o rival que abatemos, de um modo ou de outro, induzindo-o a desencarnação, é o filho que a vida e o tempo nos colocam nos braços, a cobrar-nos em abnegação e renúncia e assistência e a proteção que lhe devemos;
                O jovem ou a jovem que furtamos dos braços de nossos filhos, considerando-os indignos de nossa equipe doméstica, impondo-lhes, direta ou indiretamente, a morte do corpo físico, voltam na condição de netos, em muitas circunstâncias, compartilhando-nos o leito e a vida;
                A criança nascitura que arrojamos à vala do aborto desnecessário e que deveria nascer e crescer para o desenvolvimento da afetividade pacífica, entre os nossos descendentes costuma encontrar novo berço em nosso clima social, reaparecendo na condição do homem ou da mulher que, mais tarde, nos abordam a organização familiar exigindo-nos pesados tributos de aflição.
                As criaturas que enganamos, no terreno do afeto, em outras estâncias, habitualmente retornam até nós por filhos-problemas, reclamando-nos atenção e carinhos constantes para o reajuste emocional que demandam. Frustrações, conflitos, vinculações extremadas e aversões congênitas de hoje são frutos dos desequilíbrios afetivos de ontem a nos pedirem trabalho e restauração.
                É possível haja longa demora na aceitação geral da verdade por parte dos agrupamentos humanos, em nos reportando ao mundo genésico.
                Dia virá, porém, no qual todas as criaturas compreenderão que o espírito, onde estiver, conforme aquilo que plante, em matéria de afetividade, isso também colherá.


Emmanuel
Do livro “Na Era do Espírito” de Francisco C. Xavier

 

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ANO II - Nº 13 – Campo Grande – MS – Fevereiro de 2007
EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
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