Fundado em 16/07/1996 publicado 02/02/2006 |
O Evangelho é luz suave e silenciosa que ilumina as profundezas mais obscuras do coração do homem, dizendo a ele que é necessário amar. |
UMA EXISTÊNCIA É UM ATO
Neste encontro de hoje refletindo o tempo de nossa caminhada, onde se propõe a expressar o amor que voa do coração, também eu juntando saudade e esperança de tudo reviver num mundo mais feliz.
Posso afirmar, com certeza, que eu estou feliz e trago o meu coração cheio de energias para dizer-lhes que, na realidade, não desaparecia na poeira do tempo. Continuo a ser eu mesmo, com os mesmos sentimentos, porém mais leve e esclarecido pela certeza que a vida continua. Por quê?
Uma existência é um ato.
Um corpo – uma veste.
Um século – um dia.
Um serviço – uma experiência.
Um triunfo – uma expressão.
Uma morte – um sopro renovador.
Quantas existências, quantos corpos, quantos séculos. Quantos serviços, quantos triunfos, quantas mortes necessitamos ainda?
Por certo, a saudade ainda é muito atroz, relembrar cada gesto, cada amanhecer em que era a companhia de todas as horas, o consolo nos momentos difíceis. Além de tudo, por maiores que fossem as lutas do dia-a-dia, guardava a certeza que sempre tinha alguém a minha espera.
A dor da separação por momentos escureceram os meus olhos, mas depois a certeza felicitou o meu coração. Sabendo que essa ausência será temporária, pois que estarei a sua espera quando Deus determinar a sua volta esse novo lar preparado com muito carinho nesta outra margem do caminho, para continuar a nossa relação de amor e amizade, pois o meu retorno foi necessário diante das leis da vida.
Claro que minha preocupação é muito grande com vista ao futuro melhor para todos, pois o mundo ainda é cheio de perigos. Às vezes por momento tira-nos a noção do bom senso e da lógica, além disso, e estando já nesta outra margem da existência posso avaliar com segurança a necessidade imperiosa de praticar o bem.
Pois é verdade que aprendi que a vida nos dará na exata dimensão que dermos aos outros. Se porventura sonha com um mundo mais venturoso depois desses breves momentos vividos nesse mundo de provas, por certo que deve amar muito, compreendendo acima de tudo, a realidade formidável da vida espiritual.
Como nunca se deve perder de vista, a exortação de carinhosa de Jesus: “de amar ao próximo como a si mesmo”, como a alavanca mais poderosa para todos aqueles que sonham com uma vida mais venturosa depois desta vida, pois essa é a lição mais importante para todos os filhos amados de Deus.
Assim, prepare-se com antecedência para o retorno ao grande lar sob as estrelas, onde Jesus prometeu que haveria as diversas moradas, todavia estas moradas são conquistadas pelo amor ao próximo, mais ainda, se tiver a felicidade de amar aqueles que pelo menos em aparência não terão com que lhe retribuir.
Porque Jesus apresentou o perdão como norma libertadora, perdoar até setenta vezes sete vezes, logo se tiver algum ressentimento contra alguém, antes de sua oração, vá peça-lhe perdão, reconcilie-se com os seus adversários enquanto há tempo. Porque conhecia muitos que negligenciaram esses momentos e hoje tem um amargo arrependimento.
Por certo já entendi que os mais afortunados aqui nesta outra dimensão existência, são justamente aqueles que mais amaram, e se dispuseram amar o próximo de todo o coração, de todo o seu entendimento, além disso, perdoaram as ofensas e serviram com total desinteresse de recompensa ao próximo.
Logo faça o mesmo, porque assim esse retorno será mais fácil e mais venturoso, porque o que separa as pessoas é simplesmente a falta de amor. Logo sabendo disso, encha de amor o seu coração generoso e ame indistintamente a todos com todas as suas forças, por certo que em qualquer parte será feliz.
Áulus
Otacir Amaral Nunes.
Campo Grande/MS.
TOMADA DE CONSCIÊNCIA
Por hoje hei de mudar minha maneira de pensar e de viver, pois que durante essa vida atribulada acumulei tantos equívocos, na realidade, sinto uma necessidade enorme de me reciclar. Não suporto mais essa pressão interior, pois que soam aos meus ouvidos continuamente as palavras de Jesus: “hipócritas, tirai a trave de vosso olho e depois, então, vede como podereis tirar a argueiro do olho de vosso irmão”.
Na realidade tenho que repensar os meus pontos de vistas, pois com a minha natural clarividência para ver os defeitos alheios, todavia cego para as minhas maldades.
Dois exemplos marcaram também a minha vida. Observei com muita clareza o orgulho de meu vizinho rico que acintosamente desprezava os mais pobres, inclusive expulsava com palavras injuriosas aqueles que batiam a sua porta em busca de migalhas. Talvez como fosse pessoa que necessitasse desses recursos para se sentirem vivos e poderosos.
Mas um dia, também eles chegaram à bem amargas conclusões. Num relance compreendera que não era absolutamente nada, quando perdera tudo o que tinha numa empreitada desastrosa, vira-se de repente humilhados e sem recursos sequer para sobreviver e dizem que sofrera amargamente...
Também vi tantas vezes aquela senhora bem vestida e arrogante, que até se julga no direito de ofender os outros, sem compaixão. Talvez fosse a única maneira de esconder as suas frustrações. Assim também teve o seu dia na entrada de Damasco onde sua vida fora virada completamente pelo avesso, e foi enorme a sua ruína, por vergonha mudou-se para um bairro distante.
Também já sofri demais, por coisas banais e sem sentido, mas hoje começarei uma cruzada para mudar totalmente a minha vida, buscarei olhar com outros olhos o mundo, e não mais como censura intima contra todos como em outros tempos.
Mas como uma pessoa que depois atitudes inconsequentes, finalmente tenham caído na dura realidade, por conta disso percorrera um longo caminho, perdera um tempo enorme de sua vida, talvez esquecido que em algum dia não fará mais parte dos encarnados.
Já ciente de que deverei passar pelo túnel em demanda da outra vida, contrariado porque terei que pedir perdão aqueles que deliberadamente e sem pensar, tenha ofendido e humilhado.
Assim que colocarei em prática aquele plano antigo, de que a cada dia faria uma pequena ação em favor do próximo, sem esperar qualquer recompensa ou contrapartida, afinal necessito ser útil ao mundo que generosamente meu recebeu e tudo me tem dado.
Já consciente porque que até então fora alguém inútil que só mesmo tem aproveitado as fontes de recursos do mundo, mas sem oferecer nada de si.
Para gravar mais fortemente em meu coração, ainda perpasse na minha mente que o mais santificado espírito que já habitou a terra, Jesus Cristo, deu tudo de si para nossa felicidade. Insensato que fui, pois que me ofereceu a norma de conduta mais sublime e que poderia proporcionar a felicidade aqui, e muito mais na outra vida.
Mas ingênuo demais queria que Ele fizesse o possível para satisfazer os meus caprichos, ou mesmo carregar-me às costas naqueles momentos que invigilante recebia os golpes como contragolpes aos que imprudentemente desferia contra os outros. Queria que fosse meu salvador, sem guardar na mente e no coração qualquer reserva moral que desse respaldo para receber essa concessão.
Cheguei ao cúmulo de que ganharia dinheiro sem trabalhar, numa atitude para lá de infantil. Imaginando que Ele descera dos domínios resplandecentes para amparar aqueles servos indolentes que definitivamente não querem ganhar o pão com o suor do rosto, que esperam tudo de Deus e não têm compromissos com próximo.
Que vivia diante de tantas pessoas infelizes, que enfrentavam as maiores dificuldades para sobreviver, pior ainda quando agia como representante do Altíssimo. Pobre de mim dói-me confessar que essa máscara não serve mais no meu rosto.
Chega de ser o lobo, vestido de cordeiro, pois era de dia cordeiro com palavras repassadas de doce hipocrisia e de noite um lobo rapace cheio de artimanhas para melhor enganar, que roubava e feria aquelas pessoas crédulas
Tantas vezes explorei o próximo, pior ainda, inclusive valendo-me do nome de Deus, mas hoje cheguei o momento da grande realidade, onde devo finalmente tirar a máscara e postar-me desnudo diante da própria consciência. Afinal chega de viver iludido e iludindo os outros, fútil e sem objetivo, que esta decisão sirva para aplacar a minha consciência culpada.
Porque é justamente hoje que devo tomar a decisão mais séria de toda a minha vida, quando farei uma devassa no meu mundo interior e jogarei fora todo o pacote de maldades que acumulei durante tanto tempo de hibernação no mundo. Sem a menor noção de respeito ao próximo e a mim mesmo.
Anônimo.
Otacir Amaral Nunes.
Campo Grande/MS.
PENSE E NOTE
Evite menosprezar-se.
Você é uma criação de Deus.
Terá deficiências, é claro, mas é justo observar que todos nos achamos no cadinho do progresso.
Dificuldade é medida de avaliação dos nossos recursos.
Dor é sublimação.
Erro é experiência.
Recorde a sua originalidade.
Ninguém possui idéias totalmente iguais às suas.
Sua voz e suas mãos são únicas.
As marcas de sua presença destacam-se inconfundíveis. Aceite-se, desse modo, tal qual é, procurando melhorar-se.
Trabalhe, quanto se lhe faça possível, no bem geral, reconhecendo que se os outros precisam de você, também você necessita dos outros.
Guarde a consciência tranqüila, vivendo a existência que Deus lhe concedeu.
E lembre-se: cada qual de nós, até que se integre na Grandeza Suprema, é uma obra-prima de inteligência em processo de habilitação na oficina da vida, a caminho da Perfeição.
pelo Espírito André Luiz - Do livro: Busca e Acharás, Médium: Francisco Cândido Xavier - Espíritos Diversos.
AS DROGAS E SUAS IMPLICAÇÕES ESPIRITUAIS
Xerxes Pessoa de Luna
I – Introdução
Um dos problemas mais graves da sociedade humana, na atualidade, é o consumo indiscriminado e, cada vez mais crescente, das drogas por parte não só dos adultos, mas, também, dos jovens e lamentavelmente até das crianças, principalmente nos centros urbanos das grandes cidades.
A situação é tão preocupante, que cientistas de várias partes do Planeta, reunidos, chegaram à seguinte conclusão: “Os viciados em drogas de hoje podem não só estar pondo em risco seu próprio corpo e sua mente, mas fazendo uma espécie de roleta genética, ao projetar sombras sobre os seus filhos e netos ainda não nascidos”.
Diante de tal flagelo e de suas terríveis consequências, não poderia o Espiritismo, Doutrina comprometida com o crescimento integral da criatura humana na sua dimensão espírito-matéria, deixar de se associar àqueles segmentos da sociedade que trabalham pela preservação da vida e dos seus ideais superiores, em seus esforços de erradicação de tão terrível ameaça.
O efeito destruidor das drogas é tão intenso que extrapola os limites do organismo físico da criatura humana, alcançando e comprometendo, substancialmente, o equilíbrio e a própria saúde do seu corpo perispiritual. Tal situação, somada àquelas de natureza fisiológica, psíquica e espiritual, principalmente as relacionadas com as vinculações a entidades desencarnadas em desalinho, respondem, indubitavelmente, pelos sofrimentos, enfermidades e desajustes emocionais e sociais a que vemos submetidos os viciados em drogas.
Em instantes tão preocupantes da caminhada evolutiva do ser humano em nosso planeta, cabe a nós espíritas, não só difundir as informações antidrogas que nos chegam do plano espiritual benfeitor que nos assiste, mas, acima de tudo, entender e atender aos apelos velados que estes amigos espirituais nos enviam com seus informes e relatos contrários ao uso indiscriminado das drogas, no sentido de envidarmos esforços mais concentrados e específicos no combate às drogas, quer no seu aspecto preventivo, quer no de assistência aos já atingidos pelo mal.
II – A ação das drogas no perispírito
Revela-nos a ciência médica que a droga, ao penetrar no organismo físico do viciado, atinge o aparelho circulatório, o cérebro, e as células, principalmente as neuroniais.
Na obra “Missionários da Luz” – André Luiz (pág. 221 – Edição FEB), lemos: “O corpo perispiritual, que dá forma aos elementos celulares, está fortemente radicado no sangue. O sangue é elemento básico de equilíbrio do corpo perispiritual.” Em “Evolução em dois Mundos”, o mesmo autor espiritual revela-nos que os neurônios guardam relação íntima com o perispírito.
Comparando as informações destas obras com as da ciência médica, conclui-se que a agressão das drogas ao sangue e às células neuroniais também refletirá nas regiões correlatas do corpo perispiritual em forma de lesões e deformações consideráveis que, em alguns casos, podem chegar até a comprometer a própria aparência humana do perispírito. Tal violência concorre até mesmo para o surgimento de um acentuado desequilíbrio do Espírito, uma vez que “o perispírito funciona em relação a este, como uma espécie de filtro na dosagem e adaptação das energias espirituais junto ao corpo físico e vice-versa.
Por vezes o consumo das drogas se faz tão excessivo, que as energias, oriundas do perispírito para o corpo físico, são bloqueadas no seu curso e retornam aos centros de força.
III – A ação dos Espíritos inferiores junto ao viciado
Esta ação pode ser percebida através das alterações no comportamento do viciado, dos danos adicionais ao seu organismo perispiritual, já tão agredido pelas drogas, e das consequências futuras e penosas que experimentará quando estiver na condição de espírito desencarnado, vinculado a regiões espirituais inferiores.
Sabemos que, após a desencarnação, o Espírito guarda, por certo tempo, que pode ser longo ou curto, seus condicionamentos, tendências e vícios de encarnado. O Espírito de um viciado em drogas, por exemplo, em face do estado de dependência a que ainda se acha submetido, no outro lado da vida, sente o desejo e necessidade de consumir a droga. Somente a forma de satisfazer seu desejo é que irá variar, já que a condição de desencarnado não lhe permite proceder como quando na carne. Como Espírito precisará vincular-se à mente de um viciado, de início, para transmitir-lhe seus anseios de consumo da droga, posteriormente para saciar sua necessidade, valendo-se para tal recurso, ou da vampirização das emanações tóxicas impregnadas no perispírito do viciado ou da inalação dessas mesmas emanações quando a droga estiver sendo consumida.
Essa sobrecarga mental, indevida, afeta tão seriamente o cérebro, a ponto de este ter suas funções alteradas, com consequente queda no rendimento físico, intelectual e emocional do viciado. Segundo Emmanuel, “o viciado ao alimentar o vício dessas entidades que a ele se apegam, para usufruir das mesmas inalações inebriantes, através de um processo de simbiose em níveis vibratórios, coleta em seu prejuízo as impregnações fluídicas maléficas daqueles, deixando o viciado enfermiço, triste, grosseiro, preso à vontade de entidades inferiores, sem o domínio da consciência dos seus verdadeiros desejos”.
IV – Contribuição do Centro Espírita no trabalho antidrogas desenvolvido pelos Benfeitores Espirituais
As Casas Espíritas, como Pronto-Socorros espirituais, muito podem contribuir com os Espíritos Superiores no trabalho de prevenção e auxílio às vítimas das drogas nos dois lados da vida. Com certeza, esta contribuição poderia ocorrer através de medidas que, no dia-a-dia da instituição ensejassem:
a) Um incentivo cada vez mais constante às atividades de evangelização da infância e da juventude, principalmente com sua implantação, caso a Instituição ainda não o tenha implantado.
b) Estimular seus frequentadores, em particular a família do viciado em tratamento, à prática do Evangelho no Lar. Estas pequenas reuniões, quando realizadas com o devido envolvimento e sinceridade de propósitos, são fontes sublimes de socorro às entidades sofredoras, além, naturalmente, de concorrer para o estreitamento dos laços afetivos familiares, o que decerto estimulará o viciado, por exemplo, a perseverar no seu propósito de libertar-se das drogas ou dar o primeiro passo nesse sentido.
c) Preparar devidamente seu corpo mediúnico para o sublime exercício da mediunidade com Jesus, condição essencial ao socorro às vítimas das drogas, até mesmo as desencarnadas.
d) No diálogo fraterno com o viciado e seus familiares, sejam-lhes colocados à disposição os recursos socorristas do tratamento espiritual: passe, desobsessão, água fluidificada e reforma íntima.
e) Criar, no trabalho assistencial da Casa, uma atividade que enseje o diálogo, a orientação, o acompanhamento e o esclarecimento, com fundamentação doutrinária, ao viciado e a seus familiares.
V – Conclusão
Diante dos fatos e dos acontecimentos que estão a envolver a criatura humana, enredada no vício das drogas, geradores de tantas misérias morais, sociais, suicídios e loucuras, nós, espíritas, não podemos deixar de considerar esta realidade, nem tampouco deixar
de concorrer para a erradicação deste terrível flagelo que hoje assola a Humanidade. Nesse sentido, urge que intensifiquemos e aprimoremos cada vez mais as ações de ordem preventiva e terapêutica, já em curso em nossas Instituições, e que, também, criemos outros mecanismos de ação mais específicos neste campo, sempre em sintonia com os ensinamentos do Espiritismo e seu propósito de bem concorrer para a ascensão espiritual da criatura humana às faixas superiores da vida.
Referência: Revista Reformador, da FEB, março 1998
Expositor e escritor espírita – Colaborador da Federação Espírita Brasileira e da Federação
Duração das Penas
Ainda a respeito do tempo, Kardec orienta, à elucidativa obra “O Que É o Espiritismo”, que a duração de uma expiação devida a um erro não é condicionada a tempo, mas a uma efetiva evolução, ao aprendizado e superação da lição [6]:
“A duração do castigo é subordinada ao melhoramento do Espírito culpado. Nenhuma condenação por tempo determinado é pronunciada contra ele. O que Deus exige, para pôr um termo aos sofrimentos, é o arrependimento, a expiação e a reparação; em uma palavra, um melhoramento sério e efetivo, uma volta sincera ao bem. O Espírito é assim o árbitro de sua própria sorte; sua pertinácia no mal prolonga-lhe os sofrimentos; seus esforços para fazer o bem os minoram ou abreviam. Sendo a duração da pena subordinada ao arrependimento, o Espírito culpado, que não se arrependesse e nunca se melhorasse, sofreria sempre, e para ele então a pena seria eterna. Essa eternidade de penas deve ser entendida no sentido relativo e não no absoluto. Uma condição inerente à inferioridade do Espírito é não ver o termo da sua situação e crer que há de sofrer sempre — o que é para ele um castigo. Desde que, porém, sua alma se abra ao arrependimento, Deus lhe faz entrever um raio de esperança.”
Penas eternas e a visão sobre Deus
No capítulo VI da obra “O Céu e o Inferno” [1], intitulado “Doutrina das penas eternas”, Allan Kardec discorre detalhadamente acerca desse tema. Nos itens 10 a 17 do mesmo capítulo, o Codificador do Espiritismo apresenta a refutação a argumentos favoráveis à existência de penas eternas. Exemplifiquemos um deles: a visão que se tem sobre Deus. Há duas possibilidades referentes às penas eternas e sua consequente maneira de buscar entender Deus:
As penas eternas existem, pois a gravidade da ofensa é proporcional à qualidade do ofendido. Sendo Deus infinito, também é infinita a ofensa e, por conseguinte, infinita a punição; ou
As penas eternas não existem, pois, se Deus é soberanamente justo e bom, infinito em todas as perfeições, não ofendemos a Deus, mas à nossa própria consciência, a qual reclama entendimento e reparação do erro, condições as quais, uma vez atendidas, fazem cessar o sofrimento advindo de um ato incorreto. Quando uma criança, começando a caminhar, mexe onde não deve, ela não está a ofender aos pais, se eles possuírem a devida maturidade; antes, a criança requer orientação e proteção.
Considerar a existência de penas eternas ofende ao bom senso e ao nosso entendimento de Deus todo bondade, justiça e misericórdia. Neste mesmo diapasão são as palavras de Santo Agostinho, ao responder à questão 1009 de “O Livro dos Espíritos” [2]: “Interrogai o vosso bom-senso, a vossa razão e perguntai-lhes se uma condenação perpétua, motivada por alguns momentos de erro, não seria a negação da bondade de Deus. Que é, com efeito, a duração da vida, ainda quando de cem anos, em face da eternidade? Eternidade! Compreendeis bem esta palavra? Sofrimentos, torturas sem-fim, sem esperanças, por causa de algumas faltas! O vosso juízo não repele semelhante ideia? Que os antigos tenham considerado o Senhor do Universo um Deus terrível, cioso e vingativo, concebe-se. Na ignorância em que se achavam, atribuíam à divindade as paixões dos homens. Esse, todavia, não é o Deus dos cristãos, que classifica como virtudes primordiais o amor, a caridade, a misericórdia, o esquecimento das ofensas. Poderia ele carecer das qualidades, cuja posse prescreve, como um dever, às suas criaturas? Não haverá contradição em se lhe atribuir a bondade infinita e a vingança também infinita? Dizeis que, acima de tudo, ele é justo e que o homem não lhe compreende a justiça. Mas, a justiça não exclui a bondade e ele não seria bom, se condenasse a eternas e horríveis penas a maioria das suas criaturas. Teria o direito de fazer da justiça uma obrigação para seus filhos, se lhes não desse meio de compreendê-la? Aliás, no fazer que a duração das penas dependa dos esforços do culpado não está toda a sublimidade da justiça unida à bondade? Aí é que se encontra a verdade desta sentença: ‘A cada um segundo as suas obras.'”
Kardec, no capítulo VI de “O Céu e o Inferno”, apresenta inclusive citações bíblicas as quais atestam não haver penas eternas, como em Ezequiel, 33:11: “Dize-lhes: Tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta de seu caminho, e viva.”
A duração de uma pena, que não é eterna, se baseia no tempo necessário a que o Espírito se melhore. Diz o Espírito São Luís na questão 1004 de “O Livro dos Espíritos” [2]: “Sendo o estado de sofrimento ou de felicidade proporcionado ao grau de purificação do Espírito, a duração e a natureza de seus sofrimentos dependem do tempo que ele gaste em melhorar-se. À medida que progride e que os sentimentos se lhe depuram, seus sofrimentos diminuem e mudam de natureza.”
O Perispírito
Todas as comunicações dos Espíritos com os encarnados só ocorrem graças à atuação do corpo espiritual deles, chamado períspirito, nome dado por Allan Kardec e aceito pelos mentores que ditaram a glamorosa Doutrina dos Espíritos.
A matéria de que é composto tal corpoespiritualé buscada no fluido Universal e própria de cada mundo, e o Espírito, se muda de mundo, ou seja, se muda de planeta, busca a matéria sutil disposta naquele mundo e compõe seu novo períspirito, que é o órgão responsável por conduzir todas as sensações externas ao Espírito e também transmitir a vontade do Espírito ao corpo material.
Com isso, o perispirito passa a ser o intermediário entre o ser imortal e o ser perecível, que é o corpo físico. O Espírito,por ser inteligente e sensível, recebeas sensações, analisa-as e passa asinstruções ao corpo que as captae executa suas ordens.
Ao contrário do que se podia pensar, o Espírito encarnado não fica encerrado no corpo, porque é de natureza fluídica e se expande e se irradia, formando uma áurea em torno dele. Áurea esta que pode, pelo pensamento e pela força de vontade, dilatar-se, possibilitando o contato com outro períspirito, trocando impressões e pensamentos pela intuição.
Os Espíritos atuando sobre a matéria inerte, através do períspirito, provocam os fenômenos de efeitos físicos de deslocamento, levantamento e transporte dessa matéria e pela transmissão de pensamento, pela audição, pela palavra, pela forma escrita, pelas artes como música, pintura, desenho, comunicam-se com os encarnados.
Em seu estado natural o períspirito é invisível ao homem, pode, porém, em certas circunstâncias, sofrer modificações em sua disposição molecular e passar a ser não só visível como tangível, palpável nos fenômenos de materialização espiritual.
Com a morte do corpo físico, o períspirito, que sobrevive a ela e nunca abandona o Espírito, deixa o corpo juntamente com o Espírito e mantém, em princípio, a forma da última encarnação.
Crispim.
Referência Bibliográfica:
Obras Póstumas. Allan Kardec.
O TEMPO URGE
Quando o Senhor determinou que algumas das virtudes Celestes viessem ao mundo, trazendo a Felicidade para as criaturas, a Fé acercou-se do Homem, antes das demais, e disse-lhe compassiva:
- O Poder Superior governa-nos o destino. Confia na Providência do Pai Misericordioso e aprende a comtemplar mais longe..
O Homem sorriu e replicou:
- O tempo urge. Viverei seguro na máquina de ganhar e guardar facilmente. Não aceito outras deliberações que não sejam minhas.
Veio a Humildade e pediu:
Meu filho, não te vanglories do que possuís, porque Deus concede os recursos no momento preciso e retoma-os, quando julga oportuno. Sê simples para
contentar a ti mesmo.
- O tempo urge - exclamou o Homem, sarcástico - e se o minuto é meu, que me importa a eternidade? Gozarei o dia, segundo meus desejos. Não tenho necessidade de submeter-me
para ser feliz.
Chegou a Bondade e suplicou:
- Ajuda no caminho para que os outros te beneficiem. Nem todos os instantes pertencem a primavera. Sê compreensivo e generoso! O rico pede cooperação fraternal, a fim de que a
fortuna o não encegueça; e o pobre reclama concurso, para que a escassez não o conduza ao desespero.
- O tempo urge - gritou o Homem - e não posso deter-me em ninharias. Quem dá, espalha; quem nega, concentra. Minha defesa aparece em primeiro lugar.
Surgiu a Paz e implorou:
- Amigo, esquece o mal e glorifica o bem. Não entronizes a discórdia. Cede em favor dos necessitados. Não te detenhas no egoísmo voraz.
- O tempo urge - respondeu o Homem - e se eu renunciar em benefício alheio, que será de mim? Cedendo, perderei. Não guardo vocação para a derrota.
Em seguida, compareceu a Paciência e aconselhou:
- Age com calma. Não exijas serviçais em toda parte, porque a tarefa de outros é igualmente respeitável. Socorre os semelhantes, conscientes das próprias
necessidades espirituais. Não esmagues as esperanças dos pequeninos e atende á justiça onde estiveres.
- o tempo urge - repetiu o Homem irônico - e as horas correm excessivamente apressadas para que me entregue a problemas de tolerância. Fixando direitos
alheios, não perceberei os que me dizem respeito.
Logo após, abeirou-se dele a Compaixão, implorando:
- Irmão, apieda-te dos fracos!...
O interpelado não lhe permitiu continuar.
- O tempo urge - bradou - e a questão dos pusilâmines não me atinge. Sou forte e nada possuo de comum com os inúteis e inábeis.
A Caridade apareceu e apelou:
- Meu amigo, perdoa e ajuda para que a tranquilidade more contigo. Tudo passa na carne. A eternidade reside em teu coração. Por que não te amoldares a lei do amor, a benefício
da própria iluminação?
O Homem, porém, redarguiu, entediado:
- O tempo urge! Deixem-me! conheço o caminho e vencerei por mim. Quem perdoa, opera contra a dignidade pessoal e quem muito ampara desampara-se.
Então, reconhecendo o Senhor que o Homem estragava o tempo e consumia a vida, inultilmente, sem qualquer consideração para com as Virtudes salvadoras,
enviou-lhe alguns dos seus Poderes, de modo a chamá-lo a Juízo.
Aproximou-se inicialmente a Dor.
Não lhe deu conselho algum.
Privou-o do equilíbrio orgânico e acamou-o.
O Homem modificou gesto e linguagem, suplicando:
- Quem me acode? Compadeçam de mim!...
Mas a Dor repondeu apenas:
- O tempo urge.
Logo após, veio a Verdade e apodreceu-lhe o corpo.
O Homem rogou:
- Piedade! Piedade! Salvem-me!...
A Verdade, contudo, limitou-se a dizer:
- O tempo urge.
Em seguida, veio a Morte.
O Homem reconheceu-a, apavorado, e pôs-se a gritar.
- Livrem-me do fim! não posso partir! ... não estou preparado!... Socorro!... socorro!...
A Morte, no entanto, repetiu:
- O tempo urge.
E arrebatou-lhe a alma.
Livro: Pontos e Contos
Irmão X
Francisco Cândido Xavier
BRANDURA
Insignificante é o pingo d´água, todavia, com o tempo, traça um caminho no corpo duro da pedra.
Humilde é a semente, entretanto, germina com firmeza e produz a espiga que enriquece o celeiro.
Frágil é a flor, contudo, resente à ventania, garantindo a colheita farta.
Minúscula é a formiga, mas edifica, à força de perseverança, complicadas cidades subterrâneas.
Submissa é a argila, no entanto, com o auxílio do oleiro, transforma-se em vaso precioso.
Branda é a veste física, que um simples alfinete atravessa, todavia suporta vicissitudes incontáveis e sustenta o templo do Espírito em aprendizado, por dezenas de lustros, repletos de necessidades e padecimentos morais.
O verdadeiro progresso prescinde da violência.
Tudo é serenidade e sequência da evolução.
Aprendamos com a Natureza e adotemos a brandura por diretriz de nossas realizações para a vida mais alta, mas não a brandura que se acomoda com a inércia, com a perturbação e com o mal e sim aquela que se baseia na paciência construtiva, que trabalha incessantemente e persiste no melhor a fazer, ultrapassando os obstáculos que a ignorância lhe atira à estrada e superando os percalços da luta, a sustentar-se no serviço que não esmorece e na esperança fiel que confia, sem desânimo, na vitória final do bem.
Livro: Meditações Diárias
André Luiz
Francisco Cândido Xavier
ALERGIA E OBSESSÃO
A noite de 15 de julho de 1954 trouxe-nos a alegria do primeiro contacto com o Espírito do Doutor Francisco de Menezes Dias da Cruz, distinto médico e denodado batalhador do Espiritismo, que foi Presidente da Federação Espírita Brasileira, no período de 1889 a 1895, desencarnado em 1937.
Tomando as faculdades psicofônicas do médium, pronunciou a palestra aqui transcrita, que consideramos precioso estudo em torno da obsessão. Subordinando o assunto ao tema “alergia e obsessão”, elucida-nos sobre a maneira pela qual facilitamos a influenciação das entidades Infelizes ou inferiores em nosso campo físico, desde as mais simples perturbações epidérmicas aos casos dolorosos de avassalamento psíquico.
Quem se consagra aos trabalhos de socorro espiritual há de convir, por certo, em que a obsessão é um processo alérgico, interessando o equilíbrio da mente.
Sabemos que a palavra «alergia» foi criada, neste século, pelo médico vienense Von Pirquet, significando a reação modificada nas ocorrências da hipersensibilidade humana.
Semelhante alteração pode ser provocada no campo orgânico pelos agentes mais diversos, quais sejam os alimentos, a poeira doméstica, os polens das plantas, os parasitos da pele, do intestino e do ar, tanto quanto as bactérias que se multiplicam em núcleos infecciosos.
As drogas largamente usadas, quando em associação com fatores protéicos, podem suscitar igualmente a constituição de alérgenos alarmantes. Como vemos, os elementos dessa ordem são exógenos ou endógenos, isto é, procedem do meio externo ou interno, em nos reportando ao mundo complexo do organismo.
A medicina moderna, analisando a engrenagem do fenômeno, admite que a ação do anticorpo sobre o antígeno, na intimidade da célula, liberta uma substância semelhante à histamina, vulgarmente chamada substância «H», que agindo sobre os vasos capilares, sobre as fibras e sobre o sangue, atua desastrosamente, ocasionando variados desequilíbrios, a se expressarem, de modo particular, na dermatite atípica, na dermatite de contacto, na coriza espasmódica, na asma, no edema, na urticária, na enxaqueca e na alergia sérica, digestiva, nervosa ou cardiovascular.
Evitando, porém, qualquer preciosismo da técnica científica e relegando à medicina habitual o dever de assegurar os processos imunológicos da integridade física, recordemos que as radiações mentais, que podemos classificar por agentes «R», na maioria das vezes se apresentam, na base de formação da substância «H», desempenhando importante papel em quase todas as perturbações neuropsíquicas e usando o cérebro como órgão de choque.
Todos os nossos pensamentos definidos por vibrações, palavras ou atos, arrojam de nós raios específicos.
Assim sendo, é indispensável curar de nossas próprias atitudes, na autodefesa e no amparo aos semelhantes, porquanto a cólera e a irritação, a leviandade e a maledicência, a crueldade e a calúnia, a irreflexão e a brutalidade, a tristeza e o desânimo, produzem elevada percentagem de agentes «R», de natureza destrutiva, em nós e em torno de nós, exógenos e endógenos, suscetíveis de fixar-nos, por tempo indeterminado, em deploráveis labirintos da desarmonia mental.
Em muitas ocasiões, nossa conduta pode ser a nossa enfermidade, tanto quanto o nosso comportamento pode representar a nossa restauração e a nossa cura.
Para sanar a obsessão nos outros ou em nós mesmos, é preciso cogitar dos agentes «R» que estamos emitindo.
O pensamento é força que determina, estabelece, transforma, edifica, destrói e reconstrói.
Nele, ao influxo divino, reside a gênese de toda a Criação.
Respeitemos, assim, a dieta do Evangelho, procurando erguer um santuário de princípios morais respeitáveis para as nossas manifestações de cada dia.
E, garantindo-nos contra a alergia e a obsessão de qualquer procedência, atendamos ao sábio conselho de Paulo, o grande convertido, quando adverte aos cristãos da Igreja de Filipos:
— «Tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é nobre, tudo o que é puro, tudo o que é santo, seja, em cada hora da vida, a luz dos vossos pensamentos. »
Livro: Instruções Psicofônicas
Dias da Cruz
Francisco Cândido Xavier
ANO XI - Nº 129– Campo Grande/MS - Outubro de 2016.. |