"Luzes do Amanhecer"

Fundado em 16/07/1996 publicado 02/02/2006
JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA - ANO XII - N. 133 * Campo Grande/MS * Fevereiro de 2017.
EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
Rua Colorado n o 488, Bairro Jardim Canadá, CEP 79112-480, Campo Grande-MS.

Luzes_do_Amanhecer_133.pdf
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Deitar à noite com a consciência do dever retamente cumprido, considere que é o começo da felicidade

 

COMPREENSÃO DA FELICIDADE

            Ajude-me, Senhor, a ser bom e generoso ainda que carregue no peito o orgulho feroz que por momento domina-me as atitudes.
            Auxilia-me a compreender que o amor mora no coração daquele que se dispõe a servir, porque sabe que a maior conquista será sempre a pratica do bem. Além disso,  está exatamente  de acordo com a revelação que Jesus trouxe ao mundo.
            Também já sabe que sem amor será muito difícil caminhar pelos caminhos do mundo, porque é certo que colherá da aridez do sentimento que espalha em seu próprio caminho.
            Por orientação maior de sua vida, acolha com grande respeito aqueles companheiros mais necessitados de carinho e afeto.
            Todavia, não prescindirá nunca do apoio decidido da vida espiritual que sempre indicará o caminho a ser percorrido, além disso, a orientação correta para alcançar o seu maior objetivo.
            Tudo faça em favor do próximo, pois que este será arrimo e apoio naqueles dias mais difíceis da existência. Ninguém vive só, mesmo porque não teria meios de progredir.
            Alhures sempre há vida em abundância, por certo que deve trabalhar muito para vencer os defeitos que ainda carrega, mesmo porque para chegar a esse mundo mais feliz é necessário que haja amado muito. Sem amor nada feito.
            A oportunidade que  espera não a perca por motivo nenhum, nem se faça de surdo que verdadeiramente não o é, mas esteja atento para que ouça o sinal, isso, todavia, depende de estar disposto a  envergar a túnica do trabalho, sem olhar para trás.
            Existem caminhos e caminhos, pode escolher, mas o faça com muita decisão e discernimento.
            O amor é à base de tudo. Nada há oculto que não venha ser revelado, logo se esforce por entender o que pode favorecê-lo do ponto de vista moral.
            Está num campo de provas e expiação e com a finalidade de construir o seu futuro passo a passo. Nunca espere somente da Espiritualidade, mas trabalhe muito mais, para que se faça digno da atenção que tem merecido da vida espiritual.
            A gratidão é o gesto atencioso das almas enobrecidas. Agradecer as dádivas que recebe é demonstrar com o sentido de respeito, compreendendo que tantas mãos amigas, mesmo no anonimato o tem favorecido naqueles dias mais escuros de usa existência.
            Aliás, tem sido uma lâmpada acessa para iluminar a tantas que se aventuram em atitudes marginais e que muito mal podem lhes causar. Porque  muitas vezes não consultou o coração e muitos depois que caem lamenta e deploram haver agido como agiram, muitas vezes difícil já de voltar atrás.
            Assim como muita energia que o amor proporciona a seguir o seu caminho, na certeza absoluta, de que fazendo a sua parte, por certo que estará cumprindo o seu papel.
            E Deus vendo os seus esforços o abençoará mais ainda. Além disso, compreenderá que a felicidade é fruto do trabalho.

Mensagens - A Base Perfeita
Otacir Amaral Nunes

 

CONQUISTAS...

            Se no fundo de sua consciência pode friamente analisar o seu comportamento diante da vida
            Se porventura pode exigir e não exige o alheio reconhecimento;
            Se pode caminhar mais uma milha para evitar o mal;
            Se já é capaz de perdoar sem estabelecer condições, mas também sem apoiar o mal;
            Se acaso é bastante forte para fazer o bem, mesmo diante da ingratidão;
            Se já é capaz de compreender os maus, porque já sabe que na realidade são os mais necessitados;
             Se porventura aproveita os seus dias para praticar o bem;
            Ao final da tarde faz um resumo das ações daquele dia, procurando dimensionar cada ato, se não causou mal a ninguém, se fez todo o bem que podia; se cumpriu integralmente os seus deveres, também aqueles que não foram cumpridos, colocando-os em pauta para as primeiras ações do dia seguinte.
            Se que mesmo ofendido, perdoa, porque já sabe que perdoar, é pedir perdão para si mesmo, sempre agradece porque percebe que por todos os meios a vida está ensinando lições, que positivamente incentivam o caminho do bem,
             Se em algo não foi feliz, procura imediatamente se retratar e buscando os meios para retornar ao seu roteiro, pode dizer que está no caminho certo, e será capaz de vencer os desafios, se não desistir.
            É possível que sempre encontre obstáculos difíceis de superar, mas deve se ajustar a realidade e por certo, conquistará o espaço que sonha, mas se cumprir o seu dever por certo que já deu um passo gigantesco.
            Siga em paz com a sua consciência, mesmo que diante de seus pés haja muitos tropeços, não se deixe cair nas armadilhas que promete facilidades sem trabalho e sem sacrifício.


Áulus.

Mensagens - A Grande Surpresa
Otacir Amaral Nunes

 

O PRECIOSO DIA DE HOJE

            Não sabe que hoje pode realizar muitas coisas?
            Construir estradas para o futuro, pagar contas, visitar doentes, estabelecer regras seguras para a sua conduta, e que poderá suceder muitos dias com oportunidade maravilhosa para alavancar o seu projeto pessoal ou de seus sonhos.
            Mas uma coisa é certa, este dia de hoje jamais se repetirá na esteira do tempo, por isso, viva-o em sua plenitude. Realize todo o bem que puder. Essa consciência que pode estender as mãos aos seus irmãos em sofrimentos, porque jamais viverá um dia igual a esse, porque a própria vida responde à medida que se questiona o que faz dos seus dias.
             Nem sempre colherá neste trajeto as sementes das flores que foram deixadas pelas suas mãos bondosas ao longo do caminho, mas é certo também, que após sua marcha haverá um mundo mais florido. Não importa que ninguém o tenha compreendido, mas importa o que fizera, porque com o seu obscuro esforço conseguiu embelezar um pouco o mundo que fora chamado a viver.
             Por mais que haja murmuração e até desavença de muitos, mas em verdade a única coisa de real que há ao longo da caminhada, é o trabalho e  somente este falará por você. Ainda mesmo que a sua lembrança esteja apagada pela memória do tempo, viverá no que realizou, tanto quanto se alimentará do amor que haja espalhado ao longo do percurso.  Como a água do mar volta em forma da chuva para alimentar a nascente.
            Onde estiver poderá construir uma barreira contra as arremetidas do mal, fazendo o bem sempre. Muitas vezes sente-se desprotegido, mas mesmo assim, uma convicção intima o aconselha que deva seguir em frente. Nunca se faça surdo a sua voz interior, que no mundo se chama consciência, mesmo em seus momentos de dúvidas e perplexidades diante da vida, com seu cortejo de dores e até desencantos. Não deixe de crer e trabalhe muito para que o bem que faça, faça por inteiro em cada partícula que realize.
            Assim,  vindo o dia do grande julgamento, em que sempre o juiz será a íntegra consciência, nunca será desprezada uma migalha que seja do bem que intente passar aos outros.
            Esse dia que se descortina maravilhoso a sua frente, é a resposta do bem que espalhou ontem. A oportunidade maravilhosa de escrever aquele algo mais que sonhou por tantos anos. Pode até às vezes não perceber, mas é de suma importância este momento de hoje. Procure conversar com as pessoas, valorize cada segundo de sua caminhada e esteja sempre empenhado em promover o bem, onde estiver.
            Considere que muitos dias já passaram, mas aquele mais importante pode ser hoje. Porque nele estabelecerá a meta definitiva que deve trilhar, e não deixe que o sol se ponha no horizonte, sem que tenha concluído a sua tarefa.  Porque esse dia tão radioso promete muito, e pode ser aquele que mais esperou na vida. Por isso, mantenha aqueles propósitos de ser bom, transparente, humilde para que as pessoas não tenham medo de se aproximar de você.
            Naturalmente que poderá questionar que haverá outros dias... Mas igual a este, jamais. Por isso plante a sua sementeira o mais rápido possível, de maneira a aproveitar ainda melhor esse sol radioso desse final de tarde...
            Muitas pessoas acham que viver é um fardo, porque não consideram a ordem em outra estação da vida, ou se conheceram, naquele momento não lembram; em verdade deveriam ter o máximo de empenho de vencer naquele dia para endireitar as suas veredas.
            Tome uma decisão mais séria sobre o que quer do futuro. E não se deixe levar pela vida, sem opor-lhe resistência, sem ordem, nem disciplina, e dar-se-á que os resultados poderão ser mais desastrosos possíveis. Se já tem o livre-arbítrio também tem a responsabilidade de viver de maneira correta, pois que já é capaz de distinguir o bem do mal, pode sim eleger um mundo melhor para viver.
            Quando tudo tem a sua mão, simplesmente jogará fora por simples negligência?
            Muitas pessoas, depois que o dia passou, lamentam-se pelo que deixaram de fazer, ou pelo que não deveriam ter feito e fizeram. A lei certamente um dia permitirá que refaça o seu caminho, mas esta oportunidade, jamais se repetirá.
.            Talvez possa ser uma lição para que não se repita, quando novamente surgir um dia especial e outra vez distraído com os valores do mundo, não tenha tempo para o principal, pois que podem, os valores do mundo, já estarem eles tão impregnados da sua personalidade que não consiga desvencilhar-se.
            É contra isso que deve se manter em guarda, sempre.  Nada comparado com aquele que vive nessa expectativa de se melhorar. Já é algo importante, porque estará construindo com boas resoluções e pensando sempre no bem, porque não terá tempo de olhar para trás, compreenderá que muitas vezes passou por momentos difíceis e não deseja repetir mais uma experiência, por isso mantenha-se firme no propósito de servir.
 Onde estiver continue lutando para equilibrar o seu tempo e a sua responsabilidade, mantendo-se sempre atento para não descurar do seu dever.
            É impossível que guarde tantas reservas com o que faz ou diz, mas é assim mesmo, nunca fira quem quer que seja; isso pode custar-lhe muito caro. Muitas vezes as pessoas agem de maneira precipitada, ensejando depois, culpas com enorme repercussão sobre sua consciência.
            Quantas vezes, tantos problemas poderiam ser evitados.
            Lembre-se daquele irmão infeliz que num ato de rebeldia tirou a vida do seu próximo, isto jamais sairá de sua memória, mesmo porque aquele que partiu, quase sempre pedirá justiça e com que justificativa real questionará?
             É muito difícil haver essa justificativa para tirar o patrimônio mais precioso do próximo, qual a razão? Alegará mil motivos, mas nenhum justificará que tenha feito o que fez, porque se deseja viver, o outro também.  E mesmo porque o matando perde a sua liberdade também ou perderá a paz, porque não conseguirá tirar esse crime de sua consciência.
            Em seus momentos de reflexão pensa que poderia ter feito e não fez, ou seja, compreendido que com um pouco de moderação poderia ter evitado esse mal, haveria com certeza algum motivo para não perpetrar essa atitude de violência.
            Tantos crimes ocorrem por simples atitude negativa, por falta de um objetivo maior na vida. Por isso valorize e muito este dia.

Áulus.

Mensagens - A Grande Travessia
Otacir Amaral Nunes

 

 

           
REFLEXÃO DIANTE DA VIDA

            Ainda ouvia na acústica de minha alma as palavras do sábio professor em sua argumentação sólida:
Não creiam em utopias que os mantenham fora da realidade. A Doutrina Espírita vem mostrar a realidade do mundo espiritual, no entanto, foram necessários incontáveis sacrifícios de muitos vanguardeiros dessa nova era para a Humanidade.
            Não é preciso que sejam sumidades em inteligência para entender seus fundamentos, mas simplesmente exigem lógica e bom senso, e um momento para refletir com muita atenção. Será que um Pai tão bom daria um destino tão triste a seus filhos, pelos erros de uma vida, condenaria esses mesmos filhos ao suplício eterno? Sem outra oportunidade?
Alguns teólogos menos avisados ainda insistem nessa idéia, porque esta é a que mais lhes convém do ponto de vista de seus interesses puramente mundanos. Mas por que essa insistência?
 Por que querem manter pelo temor pessoas crédulas? Será porque os sustentam devido a sua falta de iniciativa para ganhar o pão de cada dia, como os demais? Já falavam os antigos que "o homem deve comer o pão com suor do seu rosto".
Naturalmente que é mais cômodo viver à custa da religião, mas a realidade não é bem assim. É preciso mais compreensão dos fundamentos do Cristianismo e é justamente isto que a Ciência Espírita vem trazer ao homem na atualidade.
Ninguém pode viver no presente, como há mil anos. O mundo evoluiu muito. A realidade da vida é outra. É preciso restabelecer um novo programa onde se possa encontrar uma interpretação mais condizente com a realidade de hoje.
            É impossível que o mundo progrida no campo material, mas em matéria religiosa continue como no tempo dos homens das cavernas.
Uns pensam que por falta cometida numa existência, querem que tais criaturas sejam condenadas ao suplício eterno. O que não condiz, em absoluto, com a bondade de Deus e nem com a lógica da evolução do pensamento do mundo contemporâneo, pois que a pena deve ser proporcional ao mal praticado, porém, querem manter essa falácia mais absurda.
            A ideia de justiça estabelecida por Jesus é de uma justiça misericordiosa e não essa do ódio implacável. Essa suposta justiça que chega às raias do absurdo, que chega a ponto de blasfemar contra o Pai e Criador,  por um motivo ou outro pode mandar os seus filhos amados para o inferno. Isto não pode subsistir no mundo de hoje, isso é o resto do atraso de mentes tacanhas, que inclusive vêm denegrir a mensagem grandiosa de Jesus.
 Cada um procurando catalisar os interesses da maioria dos adeptos; muitas vezes não estão realmente com o bom exemplo, como é o desejo de Jesus, mas sua maior aspiração é o poder, os recursos financeiros, as vantagens materiais que realmente os dominam na ânsia de se locupletarem cada dia mais com os valores do mundo.
É assim que caminham em seu estertor, pois cada dia mais a Humanidade  e a luz da Ciência apresenta a suas conquistas, e com isso o Cristianismo a cada vai se tornando mais claro e mais exato. Naturalmente mais condizente com a realidade espiritual que é a perfeita compreensão de um Deus amorável, que realmente ama os seus filhos laboriosos, que lutam e trabalham para se tornarem melhor.
            Este é o mundo em que foram chamados a viver. É nesse ponto que vou me deter hoje. Pois que o homem está equivocado ao formular uma filosofia, que tem sua base fundada no dinheiro, tendo-o, como justificativa de tudo. O demônio é culpado de todos os males. O inferno é para os que não cumprem as determinações dos ditos religiosos. Finalmente o dinheiro para resolver tudo. Pagando está limpo e salvo. Esses são os fundamentos da dita Teologia da atualidade.
            A Doutrina Espírita em seu tríplice aspectos: Ciência, Filosofia e Religião. Além disso, por sua natureza puramente espiritual, em que seus adeptos têm que lutar incessantemente para tornarem-se melhores, renunciando a qualquer atitude fútil e a cada dia se submetem ao auto-exame para aferir os seus valores morais. Mais ainda no dia seguinte continuar a luta interrompida no dia anterior, com a mesma garra e determinação, examinando ponto por ponto, porque somente assim será capaz de superar as suas imperfeições.
            A cada momento haverá de se perguntar, será que estou agindo de maneira correta? Certamente que a reta consciência responderá. É porque cada um deve responder com base no Evangelho, seu próprio questionamento.
            Nós temos que responder o nosso questionário íntimo com muito empenho, porque dessa sabatina dependerá estarmos melhores no futuro, pois  só depende de dar-nos uma resposta inteligente e clara, fundamentada no trabalho em favor do próximo, pois é isso que cabe ao maior interessado.
            Sem sombra de dúvida que cada um tem a sua responsabilidade e deve lutar para se tornar melhor. É o mesmo imperativo da própria vida. Mas alguns querem consertar o mundo, e aí é que está o problema, querem começar por consertar os outros, ou seja, querem que os outros vejam o mundo do ponto de vista de sua ótica. Querem que o mundo olhe por sua estreita visão da realidade. É preciso compreender que a Humanidade tem o seu curso programado pela Divina Sabedoria. Diante desses conhecimentos, cada um pode estabelecer o padrão que deseja viver.
Ainda que haja divergências de opinião, o essencial deve ser preservado, a fim de manter-se a harmonia do conjunto.
            Quem não trabalha pelo bem, como poderá se habilitar a um mundo mais venturoso? Não há a menor lógica, convenhamos.
            Se agir no bem, claro que terá um mundo condizente com essa realidade, mas se pelo contrário, os seus valores são baseados em situações irrelevantes, ou pior, que deprimem o semelhante. É lógico que será esse o padrão que estabelecerá para o seu futuro, com suas lamentáveis consequências. Mas a vida prossegue; poderá sofrer interrupções aqui e ali, mas depois tornará ao seu eixo, porque o mundo foi programado para dar certo. Os homens complicam, mas apesar deles a Humanidade prosseguirá.
            O mundo de hoje está cheio de apelos ao homem de bom senso, para que se incorpore aos trabalhadores de boa vontade, a fim de que a realidade maravilhosa do Cristo seja um bálsamo em todos os corações sequiosos de entendimento.

Mensagens - Casa Sobre Areia

 


           
MILAGRES

            O nascimento da Terra foi milagre ou criação de Deus? Para Moisés foi um grande milagre que se deu em sete dias conforme versículo 5 do capítulo 1º da Gênesis: “Ele deu à luz o nome de dia e às trevas o nome de noite; e da tarde e da manhã se fez o primeiro dia.”.
            Essa crença foi aceita por todos os povos daquela época e foi uma verdade considerada também pela religião dominante, até que surgiu uma ciência conhecida por Geologia, que demonstrou que as camadas sólidas foram se formando no correr dos milênios. Por não ser instantânea, deixou de ser a criação uma maravilha?
            É, mas as pessoas gostam de se deixar levar pelo fantástico, pelo miraculoso e mesmo com a ciência demonstrando tal impossibilidade, preferem acreditar no milagre, que no seu significado primitivo era uma coisa admirável, surpreendente, extraordinária.
Com o passar do tempo esse sentido foi se alterando e passou a ser para os estudiosos, um ato do poder divino contrário às leis da Natureza; para o povo passou a ser um fato extranatural e para os Teólogos o milagre se transformou em uma derrogação, uma negação das leis da Natureza, que Deus usa para demonstrar seu poder.
            Uma característica básica de um milagre é ser inexplicável e isso faz com que o milagre, se tiver alguma explicação, deixa de ser milagre com a Igreja só dando valor ao milagre que seja sobrenatural e que não se pode explicar.
E Deus, será que Deus faz milagres? É claro que Deus pode fazer qualquer coisa, mas a troco de que ele mesmo derrogaria suas leis? Seria para mostrar mais ainda seu poder? Mas seu poder já não está demonstrado na maravilhosa criação do Universo?
Precisamos lembrar que Deus tem seus atributos elevados ao infinito, inclusive sua sabedoria, provinda da Sua inteligência suprema e assim, como admitir que a inteligência suprema pode fazer alguma coisa inútil, derrogando suas leis feitas por Ele mesmo?
            E o Espiritismo como vê os milagres? O Espiritismo vem explicar que tais fenômenos, dito milagrosos, são efeitos produzidos pelos filhos de Deus, os Espíritos, que sobrevivem à morte do corpo físico e fazem parte da criação do Todo Poderoso, não sendo, portanto, sobrenaturais e sim, muito naturais, como todo o Universo que abriga todos os seus filhos, pois “há muitas moradas na casa do Pai” conforme ensinou nosso Senhor Jesus Cristo.

Referência Bibliográfica:       A Gênese. Allan Kardec.       
Artigo Crispim.

 

1. PERTURBAÇÃO ESPIRITUAL POR OCASIÃO DA DESENCARNAÇÃO

            Sabemos que [...] o Espírito não é uma abstração, é um ser definido, limitado e circunscrito. O Espírito encarnado no corpo constitui a alma. Quando o deixa, por ocasião da morte, não sai dele despido de todo o envoltório. Todos [os Espíritos] nos dizem que conservam a forma humana e, com efeito, quando nos aparecem, trazem as que lhes conhecíamos.
            Observemo-los atentamente, no instante em que acabem de deixar a vida;acham-se em estado de perturbação; tudo se lhes apresenta confuso, em torno; veem perfeito ou mutilado, conforme o gênero da morte, o corpo que tiveram;
por outro lado se reconhecem e sentem vivos; alguma coisa lhes diz que aquele corpo lhes pertence e não compreendem como podem estar separados dele. Continuam a ver-se sob a forma que tinham antes de morrer e esta visão, nalguns, produz, durante certo tempo, singular ilusão: a de se crerem ainda vivos. Falta lhes a experiência do novo estado em que se encontram, para se convencerem da realidade. 8
            Desta forma, a consciência da própria morte, ou da desencarnação recente, ainda não é nítida para a maioria dos Espíritos. Em primeiro lugar o [...] desprendimento opera-se gradualmente e com lentidão variável, segundo os indivíduos e as circunstâncias da morte. Os laços que prendem a alma ao corpo não se rompem senão aos poucos, e tanto menos rapidamente quanto mais a vida foi material e sensual.9
            Em segundo lugar, desconhecendo a realidade do além-túmulo, o instante que se segue à morte é, em geral, confuso. A pessoa precisa de [...] algum tempo para se reconhecer; ela conserva-se tonta, no estado do homem que sai de profundo sono e que procura compreender a sua situação. A lucidez das ideias e a memória do passado lhe voltam, à medida que se destrói a influência da matéria de que ela acaba de separar-se, e que se dissipa o nevoeiro que lhe obscurece os pensamentos. O tempo da perturbação, sequente à morte, é muito variável; pode ser de algumas horas somente, como de muitos dias, meses ou, mesmo, de muitos anos. É menos longa, entretanto, para aqueles que, enquanto vivos [encarnados] se identificaram com o seu estado futuro, porque esses compreendem imediatamente sua situação; porém, é tanto mais longa quanto mais materialmente o indivíduo viveu.10

2. NÍVEIS DE PERTURBAÇÃO ESPIRITUAL, SEQÜENTES À DESENCARNAÇÃO

            A perturbação que se segue à separação entre a alma e o corpo, pelo fenômeno da morte, é variável de indivíduo para indivíduo, em grau e tempo de duração. Tudo [...] depende da elevação de cada um. Aquele que já está purificado, se reconhece quase imediatamente, pois que se libertou da matéria antes que cessasse a vida do corpo, enquanto que o homem carnal, aquele cuja consciência ainda não está pura, guarda por muito mais tempo a impressão da matéria.4
            Para aquele cuja consciência não é pura e amou mais a vida corporal que a espiritual, esse momento é cheio de ansiedade e de angústias, que vão aumentando à medida que ele se reconhece, porque então sente medo e certo terror diante do que vê e sobretudo do que entrevê. A sensação a que podemos chamar física, é a de grande alívio e de imenso bem-estar, fica-se como que livre de um fardo, e o Espírito sente-se feliz por não mais experimentar as dores corporais que o atormentavam alguns instantes antes; sente-se livre, desembaraçado, como aquele a quem tirassem as cadeias que o prendiam. Em sua nova situação, a alma vê e ouve ainda outras coisas que escapam à grosseria dos órgãos corporais. Tem,então, sensações e percepções que nos são desconhecidas.11

2.1- Perturbação espiritual em espíritos moralmente atrasados

            Um fenômeno mui frequente entre os Espíritos de certa inferioridade moral é o acreditarem-se ainda vivos, podendo esta ilusão prolongar-se por muitos anos, durante os quais eles experimentarão todas as necessidades, todos os tormentos e perplexidades da vida.1
            Para o criminoso, a presença incessante das vítimas e das circunstâncias do crime é um suplício cruel.2

2.2- Perturbação em razão de morte violenta

            Nos casos de morte violenta, por suicídio, suplício, acidente, apoplexia, ferimentos, etc., o Espírito fica surpreendido, espantado e não acredita estar morto. Obstinadamente sustenta que não o está. No entanto, vê o seu próprio corpo, reconhece que esse corpo é seu, mas não compreende que se ache separado dele. Acerca-se das pessoas a quem estima, fala-lhes e não percebe por que elas não o ouvem. Semelhante ilusão se prolonga até ao completo desprendimento do perispírito. Só então o Espírito se reconhece como tal e compreende que não pertence mais ao número dos vivos. Este fenômeno se explica facilmente. Surpreendido de improviso pela morte, o Espírito fica atordoado com a brusca mudança que nele se operou; considera ainda a morte como sinônimo de destruição, de aniquilamento. Ora, porque pensa, vê, ouve, tem a sensação de não estar morto. Mais lhe aumenta a ilusão o fato de se ver com um corpo semelhante, na forma, ao precedente, mas cuja natureza etérea ainda não teve tempo de estudar. Julga-o sólido e compacto como o primeiro e, quando se lhe chama a atenção para esse ponto, admira-se de não poder palpá-lo. [...] Ora, como pensam livremente e vêem, julgam naturalmente que não dormem. Certos Espíritos revelam essa particularidade, se bem que a morte não lhes tenha sobrevindo inopinadamente. Todavia, sempre mais generalizada se apresenta entre os que, embora doentes, não pensavam em morrer. Observa-se então o singular espetáculo de um Espírito assistir ao seu próprio enterramento como se fora o de um estranho, falando desse ato como de coisa que lhe não diz respeito, até ao momento em que compreende a verdade.5

2.3- Perturbação dos suicidas

            A perturbação no caso dos suicidas é sempre penosa, independentemente do gênero de suicídio. A observação, realmente, mostra que os efeitos do suicídio não são idênticos. Alguns há, porém, comuns a todos os casos de morte violenta e que são a consequência da interrupção brusca da vida. Há, primeiro, a persistência mais prolongada e tenaz do laço que une o Espírito ao corpo, por estar quase sempre esse laço na plenitude da sua força no momento em que é partido, ao passo que, no caso de morte natural, ele se enfraquece gradualmente e muitas vezes se desfaz antes que a vida se haja extinguido completamente. As consequências deste estado de coisas são o prolongamento da perturbação espiritual, seguindo-se à ilusão em que, durante mais ou menos tempo, o Espírito se conserva de que ainda pertence ao número dos vivos.
            A afinidade que permanece entre o Espírito e o corpo produz, nalguns suicidas, uma espécie de repercussão do estado do corpo no Espírito, que, assim, a seu mau grado, sente os efeitos da decomposição, donde lhe resulta uma sensação cheia de angústias e de horror, estado esse que também pode durar pelo tempo que devia durar a vida que sofreu interrupção. Não é geral este efeito [...]. Em alguns, verifica-se uma espécie de ligação à matéria, de que inutilmente procuram desembaraçar-se, a fim de voarem para mundos melhores, cujo acesso, porém,se lhes conserva interdito. A maior parte deles sofre o pesar de haver feito uma coisa inútil, pois que só decepções encontram.7

2.4 - Perturbação em caso de morte coletiva

            Nos casos de morte coletiva, tem sido observado que todos os que perecem ao mesmo tempo nem sempre tornam a ver-se logo. Presas da perturbação que se segue à morte, cada um vai para seu lado, ou só se preocupa com os que lhe interessam.6
Allan Kardec, em se reportando à necessidade de identificação com a vida espiritual – em detrimento da vida terrena –, com vistas a um despertar mais tranqüilo, assim se expressa: Para que cada qual trabalhe na sua purificação, reprima as más tendências e domine as paixões, preciso se faz que abdique das vantagens imediatas em prol do futuro, visto como, para identificar-se com a vida espiritual, encaminhando para ela todas as aspirações e preferindo-a à vida terrena, não basta crer, mas compreender. Devemos considerar essa vida debaixo de um ponto de vista que satisfaça ao mesmo tempo à razão, à lógica, ao bom senso e ao conceito em que temos a grandeza, a bondade e a justiça de Deus. Considerado deste ponto de vista, o Espiritismo, pela fé inabalável que proporciona, é, de quantas doutrinas filosóficas que conhecemos, a que exerce mais poderosa influência.
            O espírita sério não se limita a crer, porque compreende, e compreende, porque raciocina; a vida futura é uma realidade que se desenrola incessantemente a seus olhos; uma realidade que ele toca e vê, por assim dizer, a cada passo e de modo que a dúvida não pode empolgá-lo, ou ter guarida em sua alma. A vida corporal, tão limitada, amesquinha-se diante da vida espiritual, da verdadeira vida. Que lhe importam os incidentes da jornada se ele compreende a causa e utilidade das vicissitudes humanas, quando suportadas com resignação? A alma eleva-se-lhe nas relações com o mundo visível; os laços fluídicos que o ligam à matéria enfraquecem-se, operando-se por antecipação um desprendimento parcial que facilita a passagem para a outra vida. A perturbação consequente à transição pouco perdura, porque, uma vez franqueado o passo, para logo se reconhece, nada estranhando, antes compreendendo, a sua nova situação.3

REFERÊNCIAS
1.  KARDEC, Allan. O céu e o inferno. Tradução de Manuel Justiniano Quintão.
60.ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Primeira parte, cap. 7: Código penal
da vida futura, 23º, p. 105.
2. ______. 24º, p.105.
3. ______. Segunda parte. Cap. 1 ( O passamento), item 14, p. 185-186.
4. ______. O livro dos espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 91.ed. Rio de
Janeiro: FEB, 2007, questão 164, p.139-140.
5. ______. Questão 165 – comentário, p. 140.
6. ______. p. 141.
7. ______. Questão 957 – comentário, p. 498.
8. ______. O livro dos médiuns. Tradução de Guillon Ribeiro. 80. ed. Rio de
Janeiro: FEB, 2007. Segunda parte, cap. 1, item 53, p. 78-79.
9. ______. O que é o espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 55.ed. Rio de
Janeiro: FEB, 2006. Cap. 3 (Solução de alguns problemas pela Doutrina
Espírita), item 144 ( O homem depois da morte), p. 229.
10. ______. item 145 ( O homem depois da morte), p. 230-231.
11. ______. p. 231.

(ESDE)

A PULGA

Entusiasmada com a revelação que lhe fora feita por um médium, a senhora comentou:
– Chico, recebi uma notícia maravilhosa!
– O que foi, minha irmã?
– Minha identidade nos tempos apostólicos!
– Beleza!
– Fui mártir. Estive no Circo Romano. Morri devorada por um leão!
Ante a admiração do médium, perguntou:
– E você, Chico, já sabe quem foi?
– Ah! minha irmã, sei sim…
– E daí? Estou curiosa…
– Fui a pulga do leão.

***
O episódio, que nos fala da humildade e do bom-humor de Chico, remete-nos a uma curiosa tendência, relativa às famosas revelações.
Geralmente, o iluminado foi rei, rainha, estadista, cientista, artista famoso…
Sempre alguém importante, que se destacou em determinado setor de atividade.
Não se ouve falar de lixeiro, operário, camponês, homem do povo…
Detalhe relevante, nesse assunto, amigo leitor:
Considerando que os que se destacam na política, nas artes, na religião, constituem minoria, certamente há algo de equivocado nessas revelações que privilegiam todos os consulentes.
A experiência demonstra que são produzidas por médiuns ou Espíritos espertos, interessados em incensar a vaidade das pessoas, a fim de conquistar sua confiança e admiração.
Raros não sentem inflar o ego ante a informação de que foram figuras destacadas, em pretéritas existências.
Daí sua disposição em oferecer créditos de cega confiabilidade em favor desses “reveladores”.

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Não é prudente, portanto, nem conveniente, estarmos devassando o passado, à procura de títulos e honrarias.
Destaque-se que a simples estima por notícias dessa natureza é um atestado negativo.
Os Espíritos esclarecidos, que realmente ofereceram contribuições marcantes, aqueles que deixaram a Terra melhor do que a encontraram, não se interessam por glórias do passado.
Importa-lhes as realizações do presente, dando o melhor de si mesmos em favor do progresso e do bem-estar da Humanidade.

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Mesmo sem procurar por revelações, podemos ter uma idéia do que fomos, analisando nossas tendências, nossa maneira de ser.
Mas, é preciso cuidado para não interpretar de forma equivocada os sinais.
Alguns exemplos:
• Gostar de roupas elegantes e caras.
Suposição: dama da realeza.
Realidade: costureira de modista.
• Apreciar finas iguarias.
Suposição: rico e refinado gourmet.
Realidade: cozinheiro.
• Estimar a solidão.
Suposição: filósofo.
Realidade: longo e solitário estágio no Umbral.
• Apreciar viagens.
Suposição: desbravador de terras novas.
Realidade: caixeiro-viajante.
• Amor à primeira vista.
Suposição: reencontro com alma gêmea.
Realidade: paixão delirante.
Mais interessante deixar o terreno das suposições e encarar a realidade.
Se Chico dizia-se a pulga do leão, é bem provável que tenhamos sido um Dipylidium caninum, o verme da pulga.

Livro Rindo e Refletindo com Chico Xavier
Artigo Richard Simonetti

 

C A R N A V A L

Divaldo Franco
Professor, médium e conferencista

 

            São muito discutidas as origens do Carnaval. Para alguns historiadores, foram os gregos que o iniciaram por volta dos séculos sétimo e sexto a.C, como sendo a maneira de expressar-se gratidão aos deuses pelas colheitas pródigas. Outros informam que é um renascimento das saturnais, que eram celebradas em Roma, em dezembro... Por fim, existem aqueles que afirmam que foi criação da Igreja Católica por volta de 590 a.C. e tornada oficial a partir do século XI, quarenta dias antes da Quaresma... Por sua vez, a palavra deriva-se de Carnis valles (prazeres da carne) ou ainda, segundo uma tradição, é o resultado do adágio Carne nada vale, formada pela primeira sílaba de cada palavra.
            O carnaval, porém, conforme o conhecemos hoje, ter-se-ia originado na sociedade vitoriana, especialmente em Paris, donde se transferiu para muitos países, chegando ao Brasil-império através das grotescas atitudes do entrudo, com adoção de hábitos e costumes locais. Sendo uma festa popular, hoje manipulada pela mídia e objetivando resultados econômicos pelo número de empregos que proporciona, apresenta-se com uma face distorcida e perversa. Em razão dos conflitos que dominam a sociedade, torna-se um momento muito especial para o deboche, a degradação moral, a perversão sexual, a usança de drogas ilícitas e os crimes mais diversos.
            A festa é tumultuada, excitante, pelos quadros da nudez e do erotismo, das facilidades para as perversões, já que a “carne nada vale”, vindo os seus lastimáveis resultados pouco depois: gravidez indesejada terminando em abortos, enfermidades sexualmente transmissíveis, transtornos de conduta emocional, frustrações profundas. Não é o carnaval, em si mesmo, um fator de degeneração moral, social e espiritual, mas a oportunidade que faculta aos atormentados para exporem as suas feridas morais. Aproveita-te desses dias para renovar-te espiritualmente, para que possas espairecer e descansar, porque a carne vale muito no teu processo de evolução.

Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em  12-02-2015

 

Carnaval: Uma Festa Espiritual

 

            É natural que queiramos saber a visão espírita sobre o carnaval. O que o Espiritismo diz sobre o assunto?
            Opiniões materialistas de apoio e espiritualistas de condenação reforçam a consagrada dicotomia entre o mal e o bem, a sombra e a luz, o errado e o certo,  o material e o espiritual. A visão maniqueísta do a favor ou do contra, do conflito entre dois lados opostos, é tendência comum para registrar o posicionamento de adeptos e críticos ante a curiosa temática.
            Por mais que argumentemos, eis uma questão que continuará suscitando acerbas discussões durante muito tempo, até que ela deixe de ter importância. Ainda não é a nossa situação. Falar sobre o carnaval é necessário, pois vivemos a festividade anualmente, com data marcada: a mais comemorada e outras tantas, que se prolongam no decorrer do ano em várias regiões do país e do planeta.
            Para que possamos entender melhor o tema, é necessário que percebamos o seu real significado. A par de todas as movimentações de planejamentos e preparativos, ações e zelo – que denotam certa arte e cultura na apresentação de desfiles com seus carros alegóricos e foliões -, somadas as festividades de matizes diversificados, em que grupos se reúnem para comemorações sem medida, não podemos deixar de reconhecer que o carnaval é uma festa espiritual.
            O culto à carne evoca tudo o que desperta materialidade, sensualidade, paixão e gozo. O forte apelo do período que antecede, acompanha e sucede o evento ao deus Mamon guarda íntima relação com o conúbio de energias entre os dois planos da vida, o físico e o extrafísico, alimentado pelos participantes, “vivos de cá e de lá”, que se deleitam em intercâmbio de fluidos materialmente imperceptíveis à maioria dos carnavalescos encarnados.
            Vivemos em constante relação de intercâmbio, conectando-nos com os que nos são afins pelos pensamentos, gostos, interesses e ações. Sem que nos apercebamos, somos acompanhados por uma “nuvem de testemunhas”, que retrata nossa situação íntima.
Não cabe a análise sob a ótica de proibições ou cerceamento de vontades. Todos somos livres para fazer as escolhas que julgarmos convenientes. Porém, não podemos nos esquecer de que igualmente somos responsáveis, individual ou coletivamente, pelas opções definidas em nossa vida.
            O Espiritismo não condena o carnaval, mas, também, não estimula suas festividades. Nesse período são cometidos excessos de todos os graus, com abusos e desregramentos no âmbito do sexo, das drogas, da violência; exageros que extravasam desequilíbrio e possibilitam a atuação de espíritos inferiores que se locupletam com a alimentação de fluidos densos formadores de uma ambiência espiritual de baixo teor vibratório.
             Carnaval é, de fato, uma festa espiritual. Porém, eu não quero participar dessa festa. E você?
            O espírita verdadeiro pode e deve aproveitar o feriado prolongado para estudar, trabalhar, ajudar aos outros e conectar-se com o Plano Maior da Vida em elevada festividade espiritual que nos faz bem, proporcionando real alegria e plenitude ao Espírito imortal.

Editorial Geraldo Campetti Sobrinho

 

ENQUANTO

            Enquanto há céu azul para teus olhos, Deixa que a luz de Deus te ajude e guarde E reflete-lhe as bênçãos para a vida, Antes que seja tarde. Enquanto o pensamento claro e belo Em teu cérebro puro vibra e arde, Cultiva a idéia nobre e redentora, Antes que seja tarde. Enquanto moves tuas mãos robustas, Estende o bem, servindo sem alarde. E ampara a todos, generosamente, Antes que seja tarde. Enquanto a boca lúcida te exprime, Foge à treva maligna e covarde E esquece o verbo deturpado e louco, Antes que seja tarde. Embora a dor e o pranto, não permitas Que a tua fé sublime se abastarde... Abraça a luta e segue para a frente, Antes que seja tarde. Não olvides que o túmulo te espera Sem que a pompa terrena te resguarde. E busca em Cristo a Vida Soberana, Antes que seja tarde. João Coutinho Enquanto

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Poetas Redivivos, cap. 96, 3. ed. FEB, p. 135-136.

 

 

NAS VIBRAÇÕES DO ORGULHO

Adriana Brumer Lourencini

“Porquanto qualquer que a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado.” (Lucas, 14:11.)

            Maria Emília sempre foi uma servidora dedicada da Casa Espírita. Com grande habilidade para organizar eventos e administrar recursos, ela foi se destacando como uma notável líder. Em poucos anos, a colaboradora fiel se tornou presidente do Centro e, logo no início de sua gestão, já se percebia melhorias em alguns setores, especialmente na instituição que acolhia moradores de rua da comunidade. O prédio foi reformado e os atendidos puderam ter acesso a serviços médicos, refeição de qualidade, assim como mais conforto nas dependências da instituição.
            O trabalho de Maria Emília perante a instituição, sem dú- vida, é digno de mérito e beneficia centenas de pessoas. Mas, paralelo à sua brilhante atuação na senda do bem, os confrades mais próximos começaram a perceber nela traços de intolerância. Ocorrências infelizes em determinados eventos se tornaram mais frequentes: uma palavra ríspida aqui, a postura arrogante acolá, além do triste hábito de valorizar as fofocas e justificar suas decisões e atos como sendo instruções espirituais.
            A conduta autoritária que a líder espírita passou a exibir é um exemplo claro da vaidade e do orgulho, ainda muito presentes nas casas espíritas. O médium vaidoso trabalha nas vibrações do ego e, não raro, é assediado por entidades enfermiças, puramente interessadas em colocar a perder as tarefas e a união de todo o grupo.
            O orgulhoso não aceita críticas, despreza o valor alheio e tiraniza a si próprio nos meandros da culpa, já que possui crenças baseadas no perfeccionismo que o oprime. Tornando-se arrogante, ele afasta as pessoas, pois em sua ilusão se crê autossuficiente e só consegue ouvir aquilo que lhe convém.
            O livro dos médiuns alerta: Todas as imperfeições morais são outras tantas portas abertas ao acesso dos maus Espíritos. A que, porém, eles exploram com mais habilidade é o orgulho, porque é a que a criatura menos confessa a si mesma.
            O orgulho tem perdido muitos médiuns [...].1 E o Evangelho,2 a seu turno, cita o princípio da reencarnação como fator aniquilante do orgulho e da vaidade, pois, aquele que ocupa elevada posição em uma existência, na outra poderá se curvar à condição mais humilhante. Dessa forma, é imperioso que priorizemos o trabalho na Casa Espírita. Repudiemos as interferências do egoísmo e do orgulho, para que a palavra dos Espíritos Superiores nos chegue pura, isenta de qualquer alteração.

1 KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. Trad. Guillon Ribeiro. 81. ed. 4. imp. (Edição Histórica.) Brasília: FEB, 2015. cap. 20, it. 228.
 2 ____. O evangelho segundo o espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 131. ed. 6. imp. (Edição Histórica.) Brasília: FEB, 2015. cap. 7, it. 6, 11 e 12.
Revista Espirita

 

 

 

 

ANO XI - Nº 129– Campo Grande/MS - Outubro de 2016..
EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
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