DEPRESSÃO: REAJA
Às vezes por qualquer motivo pode entrar nesse estado de pessimismo extremo diante da vida, porque supõe que a existência como está não tem graça nenhuma - perdeu o encanto-, parece que o seu mundo íntimo entrou em colapso, ou seja, num estado de inanição e miséria.
As coisas belas que a vida oferece não têm sentido. Até aquela bela música que ouvia com emoção e enternecimento, de repente perdeu aquela vibração de energia motivadora. O coração se tornou num deserto permanente, sem esperança de chuva e a energia emitida pelo cérebro é tão fraca que sente falta de ar. Sente uma dor no peito que parece que vai arrebentá-lo, ou sufocá-lo, aliás, dói o corpo todo. Muitas vezes por conta própria não quer despertar desse pesadelo que o destrói psiquicamente, parece que nele se compraz como se fosse um protesto contra a vida.
O sentido de destruição interior é intenso, tudo em seu derredor é só tristeza e desolação, a descrença em tudo, mesmo naquelas atitudes mais nobres e carinhosas das pessoas que o cercam são incapazes de demovê-lo daquele estado de prostração intima. O mundo se torna enfadonho.
Alguns até imaginam fugir da vida pelo lado pior e mais comprometedor - que é o suicídio –, que seria a pior atitude a tomar, na suposição de que se mudasse de casa, os seus problemas seriam resolvidos. Engano maior será impossível. Pelo contrário, agravá-los-ia muito mais, mesmo porque a vida sempre continuará em outra dimensão com os problemas agravados.
Outros esquecem que esses desajustes não serão equacionados com essa descrença na vida, ou porque decorreram de situações mal resolvidas do passado e de repente emergem com essa força destrutiva. Num primeiro golpe deixa abatida a sua vítima e sem ânimo para reagir e interna-se nesse inverno constante.
Aquele frio da inconformação e da desesperança diante da vida, como se não tivesse mais um caminho, por mais que olhando pela janela se possa ver a vida de tantas criaturas lutando em situações mais aflitivas que a sua, demonstrando coragem e sabedoria.
No entanto, não percebe que elas já passaram por esses problemas, até piores que os seus, mas assumiram uma atitude positiva, tiveram a iniciativa de procurar uma saída e a encontraram. Na certeza que estão neste campo de provas difíceis de suportar, mas também existem recursos para todos os males. Porém, exige esse espírito de iniciativa, de coragem para superar esses breves momentos de perplexidade, mesmo porque estes problemas não são incuráveis, mas resquícios de outras feridas que não foram devidamente cicatrizadas.
E, num instante de fragilidade surgiu esse pesadelo em seu campo íntimo, motivados pelas mais diversas situações e tenta desestabilizar o seu campo emotivo, e nesse momento que deve ter decisão e coragem de levantar a cabeça e buscar uma solução - que com certeza há de encontrar. Às vezes com atitude mais fácil que supõe.
Por isso mesmo valorize a sua existência. Enxugue as lágrimas, levante a cabeça, vista-se de maneira elegante na condição daquele que está recomeçando a vida em uma nova fase, longe daqueles probleminhas de menor importância, que de repente instalaram-se dentro de você, sem um motivo justo.
Nesta nova fase procure amar mais, compreender mais, perdoar-se e perdoar os outros. Afinal, somos todos tão frágeis; quem pode garantir que não cometeu erros absurdos? Nem por isso foi esquecido por nosso Pai e Criador, talvez só falte um pequeno impulso de sua parte, pense que milhões de pessoas já passaram por esses mesmos problemas, e venceram.
Veja o lado bom da vida, mas não a desperdice com tristeza destruidora, valorize as suas mais belas e nobres qualidades. Seja otimista e guarde a certeza que depois desses breves dias escuros o Sol há de brilhar outra vez. Por isso, com fé e confiança continue a sua marcha progressiva. Aquela crise triste e amargurada de sua vida está passando, devem surgir outros dias mais alegres e felizes, mais coragem, contribua com a sua boa vontade. O otimismo sempre é muito importante.
Se a causa foi um grande amor que partiu, seja otimista, valorize-se e arranje um ainda maior, mas não fique lamentando, mesmo porque não irá resolver nada. Lembre-se que seu coração tem uma enorme capacidade de amar e pode ser muito feliz, especialmente se amar muito. Por que chorar? Se pode vencer. Por que lamentar alguns dias sem sol? Se em toda a parte há vida em abundância.
Confie em Deus, confie em si, mesmo porque é uma criatura única no Universo e deve se valorizar, mesmo porque só depende de sua decisão, talvez aquele probleminha que a faz infeliz, no fundo só exista em sua imaginação esse fluxo negativo. Porque o dia lá fora continua belo e formoso e pode com energia construir um mundo luminoso para seus pés, afinal, dê o seu grito de independência.
A vida é o tesouro mais valioso que tem e nesse momento de crise não está percebendo isso, levante a cabeça e seja muito mais feliz que antes. Você tem condição. Você é capaz, descarte aqueles arquivos que o fizeram infeliz, não valem a pena. Abra um novo em seu coração que contará a história da vida maravilhosa de alguém corajoso que enfrentou os seus desafios e os venceu, pois que pode ser feliz em qualquer parte. Portanto, seja feliz tanto quanto comporte a sua condição humana. Fique com Deus, sempre.
Chuvas de Verão
Pelo Espírito de Ambrosio
Otacir Amaral Nunes
SUICÍDIO
Divaldo Franco
Professor, médium e conferencista
Com caráter epidêmico, o suicídio alcança índices surpreendentes na estatística dos óbitos terrestres, havendo ultrapassado o número daqueles que desencarnam vitimados pela AIDS.
A ciência, aliada à tecnologia, tem facultado incontáveis benefícios à criatura humana, mas não conseguiu dar-lhe segurança emocional.
Em alguns casos, a comunicação virtual tem estimulado pessoas portadoras de problemas psicológicos e psiquiátricos a fugirem pela porta abissal do autocídio, como se isso solucionasse a dificuldade momentânea que as aturde.
Por outro lado, sites danosos estimulam o terrível comportamento, especialmente entre os jovens ainda imaturos, que não tiveram oportunidade de experienciar a existência. De um lado, as promessas de felicidade, confundidas com os gozos sensoriais, dão à vida um colorido que não existe e propõem usufruir-se do prazer até a exaustão, como se a Terra fosse uma ilha de fantasia. Embalados pelos muito bem feitos estimulantes de fuga da realidade, quando as pessoas dão-se conta da realidade, frustam-se e amarguram-se, permitindo-se a instalação da revolta ou da depressão, tombando no trágico desar.
Recentemente a Mídia apresentou uma nova técnica de autodestruição, no denominado clube da baleia azul, no qual os candidatos devem expor a vida em esportes radicais ou situações perigosíssimas, a fim de demonstrarem força e valor, culminando no suicídio. Se, por acaso, na experiência tormentosa há um momento de lucidez e o indivíduo resolve parar é ameaçado pela quadrilha de ter a vida exterminada ou algum membro da sua família pagará pela sua desistência.
O uso exagerado de drogas alucinógenas, a liberdade sexual exaustiva e as desarrazoadas buscas do poder transitório conduzem à contínua insatisfação e angústia, sendo fator preponderantes para a covarde conduta.
O suicídio é um filho espúrio do materialismo, por demonstrar que o sentido da vida é o gozo e que, após, tudo retorna ao caos do princípio.
É muito lamentável esse trágico fenômeno humano, tendo-se em vista a grandeza da vida em si mesma, as oportunidades excelentes de desenvolvimento do amor e da criação de um mundo cada vez melhor.
Ao observar-se, porém, a indiferença de muitos pais em relação à prole, a ausência de educação condigna e os exemplos de edificação humana, defronta-se, inevitavelmente, a deplorável situação em que estertora a sociedade.
Todo exemplo deve ser feito para a preservação do significado existencial, trabalhando-se contra a ilusão que domina a sociedade e trabalhando-se pelo fortalecimento dos laços de família, pela solidariedade e pela vivência do amor, que são antídotos eficazes ao cruel inimigo da vida – o suicídio!
Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 20-04-2017
ESPELHO DA CONSCIÊNCIA
Mas como exigir grandeza de alma dos outros, se ainda sequer cumpriu o dever de casa, no que se refere ao respeito aos seus entes amados?
Por que essa maneira de exigir que não corresponda a sua realidade? Sempre se arvora em juiz para exigir honestidade, correção, bondade, respeito aos direitos dos outros, mas não importa com o mau exemplo que passa aos seus filhos?
Se já é capaz de censurar a conduta alheia, por que não faz algo melhor?
É justamente isso que se passa com aquele homem muito severo com os outros, mas complacente demais consigo mesmo. Aliás, para cada ação negativa que pratica sempre tem uma justificativa ou desculpas, como aquele que veste uma roupa bem talhada para ocultar os defeitos sob o véu da aparência.
Na realidade tais pessoas vivem iludidas, porque deixam de aproveitar as possibilidades que a vida lhes oferece para evoluir no campo dos sentimentos.
Se porventura vão a uma festa, estão mais interessados em criticar a maneira como as pessoas se vestem ou se comportem, ou mesmo para registrar os seus defeitos, do que viver um ambiente de descontração e alegria com almas afins. Com isso deixam de ver o lado bom das pessoas e não aproveitam os bons exemplos para melhorar o seu desempenho diante da vida, pois quem vive neste mundo deve se preparar para viver em harmonia com todos.
Conheci na última encarnação uma senhora que estava sempre ansiosa. Na realidade dava mais importância à roupa que vestia ou ao cuidado com as unhas, do que dar um bom exemplo as suas duas filhas, inclusive, fazendo o marido viver uma a vida de muito sacrifício e trabalho para satisfazer a suas exigências.
Além do mais era um arquivo vivo da vida alheia, mas não cuidava do próprio lar, aliás, gostava de comentar negativamente sobre a vida das pessoas de sua convivência. Se porventura a pessoa com quem falava não estava interessada nessas conversas frívolas, sentia-se ofendida e indignada porque não encampava suas ideias.
Nunca percebeu que cada um deverá viver como bem quiser ou puder, sem se importar como viva o próximo, aliás, ninguém tinha obrigação de ouvir as suas palavras que eram frutos da sua insensatez, de sua leviandade, nem satisfazer a sua vaidade.
Assim a vida foi correndo num atropelo para aquela família, cujas filhas já desde cedo copiaram os maus hábitos da mãe, porque o pai estava mais interessado em ganhar dinheiro para sustentar a vida sem compromisso da esposa.
Mas aquela prosperidade um dia acabou, dando lugar a uma crise financeira sem precedente em muitos lares e os negócios quase pararam e com isso o esposo que havia se endividado muito não conseguia mais pagar aos seus credores. A falência foi o passo seguinte.
Duros tempos chegaram, despediram as serviçais, recomeçaram a viver de maneira muito modesta com um subemprego do marido, daí as criticas choveram sobre o esposo, agora evitava encontrar aquelas pessoas que menosprezara no passado, com também estas não lhes perdoaram os agravos.
Agora as filhas não lhes obedecem e ainda sofrem todos os tipos de humilhação que sempre em sua casa insinuava contra outras pessoas. Nesta altura estão provando do remédio que aplicavam às outras pessoas. Hoje as filhas vivem mais na janela da casa, porque não querem trabalhar sequer em casa, muito menos estudar.
A esposa sempre revoltada, as serviçais que prestativas foram despedidas, porque não havia dinheiro para pagá-las, agora só fica ela para o trabalho de casa, as duas filhas não se julgam na obrigação de fazer coisa alguma, sequer lavam o prato que comem, porque foram ensinadas assim.
Aquela mulher vaidosa e orgulhosa sente-se muito infeliz, reclama dia e noite. Os momentos das vacas gordas se foram. O marido não consegue atender às mínimas exigências do lar e satisfazer o desejo de consumo da esposa. Pior, que deve fazer todas as atividades domésticas, afirma a toda hora que sua vida se tornou um inferno, ali fica o dia inteiro porque não deseja ser vista nesta nova situação.
Há tempo não é vista na rua nem lhes convidam para festa. Foi o tempo que humilhava todo o mundo quando não estavam de acordo com ela. Somente ela sabia o que era viver de verdade, não aguentava viver junto àquelas pessoas caipiras, aliás, para arrasar mais ainda, dizia que eram caiporas, porque as julgava mal alinhadas e mal vestidas.
Agora ela vive só e reclusa. As filhas seguiram outro rumo não se sabe para onde, ela ficou só naquela casa, somente o marido que leva alimento para que ela não morra de fome. É a historia triste que bateu naquele lar. Dizem que ela chora e ainda maldiz aos outros, mas ninguém consegue mais vê-la.
Mensagens Clareiem a Estrada
Por Espíritos Diversos
Otacir Amaral Nunes
O PEQUENO ABORRECIMENTO
Um moço de boas maneiras, incapaz de ofender os que lhe buscavam o concurso amigo, sempre meditava na. Vontade de Deus, disposto a cumpri-la.
Certa vez, muito preocupado com o horário, aproximou-se de um pequeno ônibus, com a intenção de aproveitá-lo para a travessia de extenso trecho da cidade em que morava, mas, no momento exato em que o ia fazer, surgiu-lhe à frente um vizinho, que lhe prendeu a atenção para longa conversa.
O rapaz consultava o relógio, de segundo a segundo, deixando perceber a pressa que o levava a movimentar-se rápido, mas o amigo, segurando-lhe o braço, parecia desvelar-se em transmitir-lhe todas as minudências de um caso absolutamente sem importância.
Contrafeito com a insistência da conversação aborrecida e inútil, o jovem ouvia o companheiro, por espírito de gentileza, quando o veículo largou sem ele.
Daí a alguns minutos, porém, correu inquietante notícia.
A máquina estava sendo guiada por um condutor embriagado e precipitara-se num despenhadeiro, espatifando-se.
Ouvindo com paciência uma palestra incômoda, o moço fora salvo de triste desastre.
O jovem refletiu sobre a ocorrência e chegou à conclusão de que, muitas vezes, a Vontade Divina se manifesta, em nosso favor, nas pequenas contrariedades do caminho, ajudando-nos a cumprir nossos mais simples deveres, e passou a considerar, com mais respeito e atenção, as circunstâncias inesperadas que nos surgem à frente, na esfera dos nossos deveres de cada dia.
Livro Pai Nosso
Francisco Cândido Xavier
Pelo Espírito Meimei
SIMBIOSE ESPIRITUAL
A semelhança de uma planta trepadeira, que se enroscando ou se agarrando a outra passa a nutrir-se dela, participando, de contínuo, dos acontecimentos de sua existência, há entre encarnados e desencarnados um processo de associação similar.
Quando agasalhamos anseios de natureza inferior, e continuamente mantemos na tela mental idéias de origem viciosa, irradiamos para o plano extrafísico da vida aquele desejo, estabelecendo uma verdadeira “varredura”. Deste modo, encontramos Espíritos que simpatizam com o mesmo objetivo, e que percebendo nossa “busca”, aproximam-se de nós, estabelecendo a parceria.
A quantidade de mentes desencarnadas ávidas de sensações físicas é muito grande. Espíritos ociosos, negligentes, baldos de fé e de conhecimentos sobre os princípios que orientam a vida, vivem perambulando entre os encarnados.
Muitos tentam desesperadamente manter-se o mais possível ligado à vida material, da qual não encontram coragem para separar-se; outros carregaram para a vida além-túmulo os vícios a que se escravizaram na vida física, e que estão a reclamar satisfação. Alguns,
O simples fenômeno da morte não modifica o estado moral e intelectual de quem desencarna inconformados pela decepção de não haverem encontrado o céu que esperavam, mas que nada fizeram por conquistar, tentam dominar as mentes fracas que se ajustam aos seus estados de moralidade desequilibrada. Com isto, procuram manter-se o mais próximo possível de um estado de vida material, numa espécie de desforço por sua decepção ao se verem frente a frente com a realidade que não esperavam.
O simples fenômeno da morte não modifica o estado moral e intelectual de quem desencarna, mas, ao contrário, faz o desencarnado sentir-se exatamente como sempre foi quando no corpo físico, razão por que a satisfação daqueles objetivos se torna imperiosa para o Espírito inferior. Assim, na medida em que são alimentadas fixações que interessem a ambos os parceiros, fica instituído um vínculo, criando-se a dependência mútua em que se comprazem, e
que acaba por transformar-se em “necessidade”. Esta parceria, em geral, prolonga-se por tempo indeterminado, já que é estabelecida passiva e voluntariamente, embora sem que os parceiros percebam que são os próprios promotores daquela situação.O encarnado buscando continuamente alimentar-sedas forças inferiores do desencarnado, o qual, por sua vez, encontra nele a “ponte”para manter vivas as sensações físicas a que se escravizou.
Muitas vezes o vínculo é tão forte, e nos alimenta a insânia com tal intensidade, que a sua supressão repentina poderia provocar-nos a falência, quiçá a desencarnação. Esta simbiose, muito mais frequente do que se possa imaginar, é a causa, em grande proporção, dos sofrimentos na crosta planetária, onde o homem pouco afeito às atividades espirituais elevadas prefere ignorar a realidade que o aguarda e render-se aos doces embalos dos gozos materiais e paixões mundanas, atendendo, com esta atitude, o desejo do parceiro desencarnado, e transferindo-lhe as sensações por ele esperadas.
Para chegar ao resultado desejado, o hóspede explora a invigilância do seu hospedeiro, não com a intenção de prejudicar, perseguir ou vingar, mas de alimentar seus anseios através dele, estimulando-lhe as fraquezas, que proprocura destacar, exaltando-lhe a vaidade e sugerindo-lhe um desculpismo complacente, sempre que a consciência, infalível guardiã, o advirta do erro e do perigo iminente.
Para romper os grilhões que prendem um ao outro, hóspede e hospedeiro, busquemos a Doutrina Espírita: ela nos ensina não haver outro meio de vencermos a influência de um Espírito inferior, senão nos tornando mais fortes do que ele. No “vigiai e orai”, o Cristo sintetizou a solução: orando, haurimos forças para resistir à tentação de nos rendermos; vigiando, nos policiaremos preventivamente, para evitarmos chegar ao estado de dependência. A chave para a solução do problema estará em manter-se a mente ocupada com assuntos de elevado conteúdo moral e intelectual, através da leitura, da frequência a palestras, conferências e cursos e, paralelamente, dedicarmo-nos à prática do bem em todas as suas formas e expressões, o que além de desviar nosso pensamento para estados vibratórios mais elevados, também nos favorecerá com a assistência mais estreita dos bons Espíritos que, sempre atentos às nossas necessidades, procurarão estimular-nos os esforços, amparando-nos em momentos de vacilação e dúvida.
Mauro Paiva Fonseca
Revista Espírita 2005
1. ESFERAS ESPIRITUAIS DA TERRA
Ensina-nos Jesus: Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se não fosse assim, eu vos teria dito, pois vou preparar-vos o lugar, e quando for e vos tiver preparado o lugar, virei novamente e vos levarei comigo, a fim de que, onde eu estiver, estejais vós também, e para onde vou, conheceis o caminho. (João, 14:2- 4)
Segundo a Doutrina Espírita, estas palavras de Jesus se aplicam tanto aos diferentes mundos habitados no Universo quanto aos planos evolutivos existentes no nosso planeta, objeto de estudo neste roteiro. Interpretando, porém, o ensinamento de Jesus podemos dizer que a [...] casa do Pai é o Universo. As diferentes moradas são os mundos que circulam no espaço infinito e oferecem, aos Espíritos que neles encarnam, moradas correspondentes ao adiantamento dos mesmos Espíritos. Independente da diversidade dos mundos, essas palavras de Jesus também podem referir-se ao estado venturoso ou desgraçado do Espírito na erraticidade. Conforme se ache este mais ou menos depurado e desprendido dos laços materiais, variarão ao infinito o meio em que ele se encontre, o aspecto das coisas, as sensações que experimente, as percepções que tenha. Enquanto uns não se podem afastar da esfera onde viveram, outros se elevam e percorrem o espaço e os mundos; enquanto alguns Espíritos culpados erram nas trevas, os bemaventurados gozam de resplendente claridade e do espetáculo sublime do Infinito; finalmente, enquanto o mau, atormentado de remorsos e pesares, muitas vezes insulado, sem consolação, separado dos que constituíam objeto de suas afeições, pena sob o guante dos sofrimentos morais, o justo, em convívio com aqueles a quem ama, frui as delícias de uma felicidade indizível. Também nisso, portanto, há muitas moradas, embora não circunscritas, nem localizadas.1
O Espírito André Luiz nos presta inúmeras informações sobre a vida no plano espiritual. Esclarece que são [...] mundos sutis, dentro dos mundos grosseiros, maravilhosas esferas que se interpenetram.24 Tais esferas espirituais permanecem invisíveis ao ser humano encarnado, no atual estágio evolutivo em que nos encontramos, em primeiro lugar pelas naturais limitações biológicas da nossa visão física, segundo em razão do pouco desenvolvimento das nossas faculdades espirituais.25
Num esforço de síntese apresentamos, em seguida, as principais características das esferas espirituais existentes no além-túmulo.
1.1 Elementos constitutivos das esferas espirituais
No plano espiritual, o homem desencarnado vai lidar, mais diretamente, com um fluido vivo e multiforme, estuante e inestancável, a nascer-lhe da própria alma, de vez que podemos defini-lo, até certo ponto, por subproduto do fluido cósmico, absorvido pela mente humana, em processo vitalista semelhante à respiração, pelo qual a criatura assimila a força emanante do Criador, esparsa em todo o Cosmo, transubstanciando-a, sob a própria responsabilidade, para influenciar na Criação, a partir de si mesma. Esse fluido é seu próprio pensamento contínuo, gerando potenciais energéticos com que não havia sonhado. Decerto que na esfera nova de ação, a que se vê arrebatado pela morte, encontra a matéria conhecida no mundo, em nova escala vibratória. Elementos atômicos mais complicados e sutis, aquém do hidrogênio e além do urânio, em forma diversa daquela que se caracterizam na gleba planetária, engrandecem-lhe a série estequiogenética [tabela estequiométrica ou Tabela periódica dos elementos químicos]. O solo do mundo espiritual, estruturado com semelhantes recursos, todos eles raiando na quintessência, corresponde ao peso específico do Espírito, e, detendo possibilidades e riquezas virtuais, espera por ele a fim de povoar-se de glória e beleza [...].8
1.2 Condições ambientais das esferas espirituais
Na moradia de continuidade para a qual se transfere, encontra, pois, o homem as mesmas leis de gravitação que controlam a Terra, com os dias e as noites marcando a conta do tempo, embora os rigores das estações estejam suprimidos pelos fatores de ambiente que asseguram a harmonia da Natureza, estabelecendo clima quase constante e quase uniforme [isto em se tratando das esferas de mediana e superior evolução]. [...] Plantas e animais domesticados pela inteligência humana, durante milênios, podem ser aí aclimatados e aprimorados, por determinados períodos de existência, ao fim dos quais regressam aos seus núcleos de origem no solo terrestre, para que avancem na romagem evolutiva, compensados com valiosas aquisições de acrisolamento, pelos quais auxiliam a flora e a fauna habituais à Terra, com os benefícios das chamadas mutações espontâneas. As plantas, pela configuração celular mais simples, atendem, no plano extrafísico, à reprodução limitada, aí deixando descendentes que, mais tarde, volvem também à leira do homem comum [...]. Ao longo dessas vastíssimas regiões de matéria sutil que circundam o corpo ciclópico do Planeta, com extensas zonas cavitárias, sob as linhas que lhe demarcam o início de aproveitamento, qual se observa na crosta da própria Terra, a estender-se da superfície continental até o leito dos oceanos, começam as povoações felizes e menos felizes, tanto quanto as aglomerações infernais de criaturas desencarnadas que, por temerem as formações dos próprios pensamentos, se refugiam nas sombras, receando ou detestando a presença da luz. 9
1.3 Esferas espirituais das regiões de trevas
Os Espíritos Superiores nos esclarecem que há [...] esferas de vida em toda parte [...], o vácuo sempre há de ser mera imagem literária. Em tudo há energias viventes e cada espécie de seres funciona em determinada zona da vida.18 Chamamos Trevas as regiões mais inferiores que conhecemos.17 São regiões (ou esferas) espirituais situadas abaixo e na superfície do globo terráqueo, também conhecidas como abismo ou regiões abismais. 17 22
Transitando por essas regiões, em trabalho de auxílio, o Espírito André Luiz nos relata suas impressões sobre tais paragens espirituais: Noutras circunstâncias e noutro tempo, não conseguiria eu dominar o pavor que nos infundia a paisagem escura e misteriosa, à nossa frente. Vagavam no espaço estranhos sons. Ouvia perfeitamente gritos de seres selvagens e, em meio deles, dolorosos gemidos humanos, emitidos, talvez, a imensa distância... Aves de monstruosa configuração, mais negras do que a noite, de longe em longe se afastavam do nosso caminho, assustadiças. E embora a sombra espessa, observava alguma coisa da infinita desolação ambiente. Após alguns minutos de marcha, surgiu-nos a Lua, como bola sangrenta, através do nevoeiro, espalhando escassos raios de luz. Poderíamos identificar, agora, certas particularidades do terreno áspero. [...] Atingimos zona pantanosa, em que sobressaía rasteira vegetação. Ervas mirradas e arbustos tristes assomavam indistintamente do solo. Fundamente espantado, porém, ao ladear imenso charco, ouvi soluços próximos. Guardava a nítida impressão de que as vozes procediam de pessoas atoladas em repelentes substâncias, tais as emanações desagradáveis que pairavam no ar. Oh! que forças nos defrontavam, ali! A treva difusa não deixava perceber minudências; todavia, convencera-me da existência de vítimas vizinhas de nós, esperando-nos amparo providencial.21
1.4 Esferas espirituais do umbral
O Umbral [...] começa na crosta terrestre. É a zona obscura de quantos no mundo não se resolveram a atravessar as portas dos deveres sagrados, a fim de cumpri-los, demorando-se no vale da indecisão ou no pântano dos erros numerosos.13
Nas localidades umbralinas mais próximas da Crosta o clima é, predominantemente, frio, pela ausência de luz solar. Ventania sopra em todas as direções. A topografia ambiental forma um conjunto de paisagens misteriosas ou lúgubres, que observamos em alguns filmes. Há picos altíssimos, que se assemelham a agulhas de treva. Nos precipícios e abismos encontramos esquisita vegetação. Aves de aspecto horripilante enchem o silêncio de pios angustiantes.23
O Umbral funciona, portanto, como região destinada a esgotamento de resíduos mentais; uma espécie de zona purgatorial, onde se queima a prestações o material deteriorado das ilusões que a criatura adquiriu por atacado, menosprezando o sublime ensejo de uma existência terrestre. [...] O Umbral é região de profundo interesse para quem esteja na Terra. Concentra-se, aí,tudo o que não tem finalidade para a vida superior. [...] Há legiões compactas de almas irresolutas e ignorantes, que não são suficientemente perversas para serem enviadas a colônias de reparação mais dolorosa, nem bastante nobres para serem enviadas a planos de elevação. Representam fileiras de habitantes do Umbral, companheiros imediatos dos homens encarnados, separados deles apenas por leis vibratórias. Não é de estranhar, portanto, que semelhantes lugares se caracterizem por grandes perturbações.14 Lá vivem, agrupam-se, os revoltados de toda espécie. Formam, igualmente, núcleos invisíveis de notável poder, pela concentração das tendências e desejos gerais. [...] É zona de verdugos e vítimas, de exploradores e explorados. [...] A zona inferior a que nos referimos é qual a casa onde não há pão: todos gritam e ninguém tem razão.15
1.5 Esferas espirituais de transição
Estão situadas acima do Umbral e abaixo das regiões superiores. Como exemplo, citamos a Colônia espiritual “Nosso Lar”. Nela ainda existe sofrimento, mas os seus habitantes, de evolução mediana, são mais esclarecidos. Essa posição espiritual favorece a natureza, caracterizada por belezas e harmonias inexistentes nos planos inferiores. A Colônia possui várias avenidas enfeitadas de árvores frondosas. O ar aí é puro, e a atmosfera é de profunda tranqüilidade espiritual. Não há, porém, qualquer sinal de inércia ou de ociosidade, visto que as vias públicas estão sempre repletas de entidades numerosas em constantes atividades, indo e vindo.11 O Espírito André Luiz nos relata as suas impressões do ambiente de Nosso Lar, quando lá chegou: O bosque, em floração maravilhosa, embalsamava o vento fresco de inebriante perfume. Tudo em prodígio de cores e luzes cariciosas. Entre margens bordadas de grama viçosa, toda esmaltada de azulíneas flores, deslizava um rio de grandes proporções. A corrente rolava tranqüila, mas tão cristalina que parecia tonalizada em matiz celeste, em vista dos reflexos do firmamento. Estradas largas cortavam a verdura da paisagem. Plantadas a espaços regulares, árvores frondosas ofereciam sombra amiga, à maneira de pousos deliciosos, na claridade do Sol confortador. Bancos de caprichosos formatos convidavam ao descanso.12
A Colônia, que é essencialmente de trabalho e realização, divide-se administrativamente em seis Ministérios, orientados, cada qual, por dozes ministros. São os Ministérios da Regeneração, do Auxílio, da Comunicação, do Esclarecimento, da Elevação e da União Divina. Os quatro primeiros aproximam- se das esferas terrestres, e os dois últimos ligam-se ao plano Superior, visto que a cidade espiritual é zona de transição. Os serviços mais grosseiros localizam-se no Ministério da Regeneração, e os mais sublimes, no da União Divina.11
1.6 Esferas espirituais superiores
Trata-se de regiões espirituais que, para as pessoas que desconhecem a realidade do além-túmulo, são consideradas verdadeiros paraísos. Exprimem, na verdade, [...] diferentes graus de purificação e, por conseguinte, de felicidade.7 André Luiz nos relata a inesquecível experiência vivida numa esfera espiritual para onde foi conduzido, durante o sono, enquanto o seu perispírito repousava no leito, em Nosso Lar. O que aconteceu com este amigo espiritual foi assim, segundo suas próprias palavras: Daí a instantes, sensações de leveza invadiram-me a alma toda e tive a impressão de ser arrebatado em pequenino barco, rumando a regiões desconhecidas. Para onde me dirigia? Impossível responder. A meu lado, um homem silencioso sustinha o leme. E qual criança que não pode enumerar nem definir as belezas do caminho, deixava-me conduzir sem exclamações de qualquer natureza, extasiado embora com as magnificências da paisagem. Parecia-me que a embarcação seguia célere, não obstante os movimentos de ascensão. Decorridos minutos, vi-me à frente de um porto maravilhoso, onde alguém me chamou com especial carinho: — André!... André!...
Desembarquei com precipitação verdadeiramente infantil. Reconheceria aquela voz entre milhares. Num momento, abraçava minha mãe em transbordamentos de júbilo. Fui conduzido, então, por ela, a prodigioso bosque, onde as flores eram dotadas de singular propriedade – a de reter a luz, revelando a festa permanente do perfume e da cor. Tapetes dourados e luminosos estendiam-se, dessa maneira, sob as grandes árvores sussurrantes ao vento. Minhas impressões de felicidade e paz eram inexcedíveis.16
As esferas superiores, à semelhança das inferiores, apresentam diferentes graus de elevação espiritual. As comunidades redimidas, Asclépios , por exemplo, formam um conjunto do Plano dos Imortais. Estão situadas [...] nas regiões mais elevadas da região espiritual da Terra.19 O habitante dessas esferas vive [...] muito acima de nossas noções de forma, em condições inapreciáveis à nossa atual conceituação da vida. Já perdeu todo o contacto direto com a Crosta Terrestre e só poderia fazer-se sentir, por lá, através de enviados e missionários de grande poder.20
2. MUNDOS TRANSITÓRIOS
São [...] mundos particularmente destinados aos seres errantes, mundos que lhes podem servir de habitação temporária, espécies de bivaques, de campos onde descansem de uma demasiado longa erraticidade, estado este sempre um tanto penoso. São, entre os outros mundos, posições intermédias, graduadas de acordo com a natureza dos Espíritos que a elas podem ter acesso e onde eles gozam de maior ou menor bem-estar.2 A Doutrina Espírita esclarece: [...] os Espíritos que se encontram nesses mundos podem deixá-los, a fim de irem para onde devam ir. Figurai-os como bandos de aves que pousam numa ilha, para aí aguardarem que se lhes refaçam as forças, a fim de seguirem seu destino.3 Durante a estada nessas localidades os Espíritos progridem, porque os [...] que vão a tais mundos levam o objetivo de se instruírem e de poderem mais facilmente obter permissão para passar a outros lugares melhores e chegar à perfeição que os eleitos atingem.4
Dois pontos merecem ser destacados, em relação a tais mundos:
a) Não se conservam perpetuamente destinados a receber Espíritos errantes: a condição deles é meramente temporária.5
b) Seres corpóreos não habitam esses mundos, pois a superfície estéril não favorece a reencarnação. Entretanto, esta esterilidade é também temporária, em razão da evolução natural do mundo.6
Temos, assim, no Espaço Incomensurável, mundos-berços e mundos-experiências, mundos-universidades e mundos-templos, mundos-oficinas e mundos reformadores, mundos-hospitais e mundos-prisões.26 Dessa forma, a [...] morte a ninguém propiciará passaporte gratuito para a ventura celeste. Nunca promoverá compulsoriamente homens a anjos. Cada criatura transporá essa aduana da eternidade com a exclusiva bagagem do que houver semeado, e aprenderá que a ordem e a hierarquia, a paz do trabalho edificante, são característicos imutáveis da Lei, em toda parte. Ninguém, depois do sepulcro, gozará de um descanso a que não tenha feito jus, porque “o reino do Senhor não vem com aparências externas”.10 [Lucas, 17:20]
REFERÊNCIAS
1. KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon
Ribeiro. 124. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 3, item 2, p.76.
2. ______. Livro dos espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 91.ed. Rio de Janeiro:
FEB, 2007, questão 234, p. 181.
3. ______. Questão 234-a, p. 181.
4. ______. Questão 235, p. 181.
5. ______. Questão 236, p. 181.
6. ______. Questão 236-a/b, p. 181.
7. ______. Questão 1017, p. 181-182.
8. XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. Evolução em dois mundos. Pelo Espírito André Luiz. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Primeira parte, cap. 13 (Alma e fluidos) item: Fluido vivo, p.119-120.
9. ______. Item:Vida na espiritualidade, p. 120-122.
10. XAVIER, Francisco Cândido. No mundo maior. Pelo Espírito André Luiz. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006.Prefácio de Emmanuel, p. 9.
11. ______. Nosso lar. Pelo Espírito André Luiz. 59. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. cap. 8 (Organização de serviços), p.55-59.
12. ______. Cap.10 (No bosque das águas), p.68.
13. ______. Cap.12 (O Umbral), p. 79-80.
14. ______. p. 81.
15. ______. p. 82.
16. ______. Cap.36 (O sonho), p. 232-233.
17. ______. Cap.44 (As trevas), p. 291.
18. ______. p. 293.
19. ______. Obreiros da vida eterna. Pelo Espírito André Luiz. 33. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 3 (O sublime visitante), p.59-60.
20. ______. p.60.
21. ______. Cap. 6 (Dentro da noite), p.102-103.
22. ______. Cap. 7 (Leitura mental), p. 143 - último parágrafo.
23. ______. Os mensageiros. Pelo Espírito André Luiz. 44. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 15 (A viagem), p. 99.
24. ______. p. 100.
25. ______. p. 100-101.
26. ______. Religião dos espíritos. Pelo Espírito Emmanuel. 20. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Capítulo: (Pluralidade dos mundos habitados), p. 220.
A PRECE
Quis saber, o glorioso codificador do espiritismo Allan Kardec, nas questões 658 e seguintes de “O Livro dos Espíritos”, entre outras coisas, se a prece é agradável a Deus, e qual seria o caráter geral dela e sua eficácia, e os imortais responderam categoricamente que a prece é sempre agradável a Deus quando é ditada pelo coração, já que para Ele a intenção é tudo. Agrada-Lhe mesmo a de um homem fútil, orgulhoso e egoísta, se representar um ato sincero de arrependimento e de humildade.
Disseram ainda os luminares da humanidade que a prece pode ser feita para louvar, pedir ou agradecer e que ela é um ato de adoração, que orar a Deus é pensar Nele, aproximar-se dele e comunicar-se com Ele.
Continuando os instrutivos ensinamentos esclarecem que a prece não esconde nossas faltas, e que ao pedirmos perdão por elas, seremos atendidos se mudarmos nosso proceder, pois as boas ações são as melhores preces e têm maior valor que as palavras.
Respondendo à nova questão solicitada pelo codificador, afirmaram que orar pelos outros, pela vontade de fazer o bem, faz com que os bons Espíritos sejam atraídos e se associem ao bem desejado e que a prece dirigida a esses bons Espíritos serão eficazes, se forem aceitas por Deus.
O bondoso e sábio benfeitor Emmanuel considera que a prece traduz a aspiração de crescimento espiritual e é força que ilumina o ideal e santifica o trabalho.
Diz ainda Emmanuel que nossos pensamentos são paredes em que nos enclausuramos ou asas com que progredimos na ascese, na elevação espiritual.
Leciona o benfeitor que assim como nosso corpo necessita de cuidados, ele também reclama a participação do veículo físico, com ingestão ou aplicação de remédios e tratamentos, considerando que ninguém extingue sua própria fome pelo esôfago alheio.
A mesma coisa ocorre com o Espírito, sendo necessário que ele mesmo participe de seu crescimento espiritual. Na obsessão, por exemplo, a prece é atividade libertadora, mas não o exonera da obrigação de renovar-se pelo serviço e pelo estudo, para arejar a casa íntima, pois os obsessores, que outrora, em outras vidas se acumpliciaram, só se transformarão para melhor, se perceberem o esforço do Espírito em sua reeducação, praticando o bem.
E a questão 479 de “O Livro dos Espíritos” nesse sentido afirma que “... É, pois, indispensável que o obsidiado faça, por sua parte, o que se torne necessário para destruir em si mesmo a causa da atração dos maus Espíritos.”.
Complementa Emmanuel que se imaginarmos um obsidiado, mas lúcido, com sua mente enclausurada em cela escura, comparamos o devido socorro espiritual, trazido pela prece, à lâmpada generosa.
O mavioso Mestre Jesus Cristo, Senhor de todos os Espíritos, em Mateus 6: 5-8 asseverou: “Quando orardes, não vos assemelheis aos hipócritas que oram em pé nas sinagogas e nos cantos das ruas... Já receberam sua recompensa... entrai no vosso quarto e fechada a porta, orai a vosso Pai em secreto e vosso Pai que vê o que se passa em secreto vos dará a recompensa.”.
O poder da prece fica muito claro em Atos, 4:3: “E tendo eles orado, tremeu o lugar onde estavam reunidos e todos ficaram cheios do Espírito Santo.”.
Crispim.
Referências Bibliográficas:
- O Livro dos Espíritos. Allan Kardec.
- Opinião Espírita. Chico Xavier/Emmanuel.
- Fonte Viva. Chico Xavier/Emmanuel.
CONSCIÊNCIA
“Guardando o mistério da fé numa consciência pura.” Paulo (I Timóteo, 3:9)
Curiosidade ou sofrimento oferecem portas à fé, mas não representam o vaso divino destinado à sua manutenção.
Em todos os lugares, observamos pessoas que, em seguida a grandes calamidades da sorte, correm pressurosas aos templos ou aos oráculos novos, manifestando esperança no remédio das palavras.
O fenômeno, entretanto, muitas vezes, é apenas verbal. O que lhes vibra no coração é o capricho insatisfeito ou ferido pelos azorragues de experiências cruéis...
Claro que semelhante recurso pode constituir um caminho para a edificação da confiança, sem ser, contudo, a providência ideal.
Paulo de Tarso, em suas recomendações a Timóteo esclarece o problema com traço firme.
É imprescindível guardar a fé e a crença em sentimentos puros.
Sem isso, o homem oscilará, na intranquilidade, pela insegurança do mundo íntimo.
A consciência obscura ou tisnada inclina-se, invariavelmente, para as retificações dolorosas, em cujo serviço podem nascer novos débitos, quando a criatura se caracteriza pela vontade frágil e enfermiça.
Os aprendizes do Evangelho devem recordar o conselho paulino que se reveste de profunda importância para todas as escolas do Cristianismo.
O divino mistério da fé viva é problema de consciência cristalina.
Trabalhemos, portanto, por apresentarmos ao Pai a retidão e a pureza dos pensamentos.
Livro Vinha de Luz
Pelo espírito Emmanuel
Chico Xavier
PRECE DA SERENIDADE
Concedei-me, Senhor, a Serenidade necessária, para aceitar as coisas que não posso modificar;
Coragem, para modificar aquelas que posso e Sabedoria, para distinguir umas das outras !
Vivendo um dia de cada vez;
Desfrutando um momento por vez;
Aceitando as dificuldades, como um caminho da paz.
Tomando, como Ele fez, este mundo pecaminoso como ele é, não como eu gostaria que fosse;
Confiando em que Ele fará todas as coisas certas, se eu me submeter à Sua Vontade.
Que eu seja razoavelmente feliz nesta vida e infinitamente feliz com Ele, para sempre, na próxima.
Amém!
O Autor é Desconhecido
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