Psicografia
Querida Mamãe!
É tão triste estar longe da senhora todos esses anos, foi no regaço materno que encontrei o único afeto que realmente me deu a paz de espírito que hoje tanto necessito, mas foram momentos tão breves, que não sei ajuizar porque tudo isso aconteceu, pois que fiquei completamente perdida, sem possibilidade de se comunicar com a senhora ou mesmo mandar um aviso pelo menos, a fim de lhe poupar muitas dores e sacrifícios.
Sei que não fui uma boa filha, não compreendia muita coisa, na época própria da juventude, mas hoje sei bem distinguir, onde estão meus verdadeiros interesses para aonde me conduzir, mas naquela época era impossível e com isso paguei pela inexperiência por não ter ouvido aos seus conselhos, por não ter tido paciência que as coisa se ajeitariam, precipitei os acontecimentos, mais tarde somente compreendi os meus erros, mas já tarde demais para voltar atrás e somente hoje que aqui me apresento para pedir perdão, se for possível a senhora me perdoar, a fim de que eu possa tirar e imenso penso de minha consciência e que preciso desesperadamente de seu perdão, então tomarei novas resoluções para minha vida, que até hoje tem sido uma série de tormentos, possa eu ressarcir os erros cometidos nessa jornada louca que me aventurei que tão escassos momentos de paz logrei e que agora quero me penitenciar, junto aos corações queridos a quem tanto devo e a quem tanto magoei. Fui a filha infiel e desalmada que não soube sequer ser grata aquela me oferecera o leite os meus primeiros instantes de vida, mas fui cruel e injuriosa a sua memória, pois quantas vezes me surpreendi com o coração cheio de amargura e ódio, que hoje analisando melhor vejo é que eu mesma é que me envenenava com minhas suposições infundadas, porque, na verdade vivia atormentada por sucessivos erros que eu mesma engendrava, que vejo hoje que era uma forma de me punir e fazer com que me emendasse enquanto estava a caminho, mas em vão, à medida que o tempo passava mais me chafurdava no erro e na inconseqüência, até que um dia fui levada a cometer aquele crime que tanto envergonhou a toda a família e cobrir de opróbrio o nome respeitável de meu pai, que em pouco tempo envelhecera muitos anos, murchando-se suas esperanças, desmotivando-se para viver, pois que numa cidade pequena, espalhou-se a notícia por toda parte, com isso mais cresceu sua angústia, sem medida, culminando em sua morte prematura, deixando para trás um rastro de amargura e pesadelo que ele queria esquecer, fatos que hoje me atormentam e me fazem muito infeliz, diga-se de passagem que para mim, bem merecida, pois magoei a tantos sem justificativa, parece que meu coração vibrava naquele diapasão, comprazia-se em falar de maldade, em procurar meios de provocar discórdia, de se meter em assuntos que não me dizia respeito, enfim, numa série de incongruência que cada dia se banalizava em minha vida, mas devido às minhas tendências não conseguia me dominar e era justamente aí que eu devia encontrar um freio para minhas artimanhas, pois que me fora dado um marido exemplar para servir de padrão ao meu comportamento, mas devido a minha insanidade, despreza todos os seus conselhos, suas palavras judiciosas, seu bom caráter, suas atitudes dignas e honestas eram por mim consideradas atitudes burras ou covarde, medrosas e sem proveito, pois que não via retorno nenhum em ser honesto, nem vantagem em ser pontual ou respeitar o próximo, o que contava para mim era só eu, de resto não me interessava, absolutamente, conversa que não me trouxesse motivação financeira ou de poder, a bem da verdade nem queria ouvir, tal era meu estado de espírito em que me comprazia, sem sombra de dúvida tivera reiteradas advertências pelos mais variados canais que não ia me dar bem, mas julgava-me superiora a tudo e a todos, julgava me inatingível, devido a experiência que já detinha e porque já conhecera todos os podres de gente importantes, as quais poderia usar em meu proveito para os calar, quando eu quisesse, bastasse contrariar meus interesses.
Assim, a vida foi passando, e cada mais em mim, a onda de ódio se estabelecia contra tudo, se qualquer assunto trivial não acontecesse como queria, invariavelmente atribuía aos outros, nunca a mim mesma, ou minha falta de senso e previdência, mas estava obcecada por culpar os outros, que motivou a participar e incentivar o assassinato daquele rapaz inocente e que nada tinha ver com o acontecido, que somente mais tarde reconheci o meu erro, pelo qual tenho chorado muito e sobre tudo que pratiquei, mas queria começar essa difícil jornada de volta que não vejo o termo, pedindo perdão a senhora, minha mãe, minha extremada mãe e meu digno Pai que tanto sofrera por mim e que tanto o magoei, bem sei que minha palavra chorosa não comove ninguém, pois que minhas atitudes foram por demais cruéis, mas rogo que tenham uma vez mais paciência comigo, que a garota mimada do passado, terá que amargar longos trechos, a fim de se reconciliar com as leis que deliberamente infligiu e agora chegou a hora da justificação, para qual peço a todos que, mais uma vez, me perdoe, que buscarei daqui para frente não repetir mais o que já nos trouxera tanto sofrimento.
Assim me despeço, adeus, até um dia.
Áurea
Mensagens Psicografadas
Amigos para sempre I
EM BUSCA DA FELICIDADE
Como avaliar o momento que passa? É a oportunidade que ainda está em seu poder. A vida caminha com ritmo lento, porém, de maneira a oferecer os meios de refletir sobre certas circunstâncias da caminhada.
A cada momento está recebendo informações de outras inteligências, até mesmo sem saber. Deseja que muitas coisas ou acontecimentos sejam diferentes. Sonha realizar muitos objetivos e deseja acima de tudo ser feliz.
Sempre tem algo que precisa acontecer para ser completamente feliz. Mas esquece-se que pode ser feliz naquele momento. Talvez aquele amanhã que espera, pela própria dinâmica da vida, transfira-se para outro ponto mais distante e mais tarde ainda há de sofrer mudanças e consumir a vida inteira.
Há de raciocinar que passou a existência esperando por algo que nunca chegou a acontecer e continuamente muda de objetivo de acordo com os interesses do momento. Da vida poderia ter desfrutado muitos momentos felizes, mas os deixou escapar pelos vão de seus dedos. Deixou para o dia seguinte. E esse dia nunca chegou.
E continua perdido na busca do tempo, às vezes olha essas ilusões desfeitas, como algo irreal, impossível de haver escapado de suas mãos.
E ainda com um pouco menos de ambição poderia ter sido feliz, mas correu sempre atrás daquela estrela inatingível que caminhava com as linhas do horizonte.
À medida que se aproximava, ela na mesma proporção se afastava, naquele ponto onde parece a terra encontrar o céu, somente aí que percebeu que seu sonho seria quase impossível de alcançar.
E caminhava trocando sempre de sonhos, cada dia esperando encontrar o que chegara tão perto na véspera, mas em vão.
Não é sem motivo quando espera encontrar uma saída para a solidão, mesmo porque sente a escuridão da noite. Sabe que é imperioso caminhar, mas tendo muitas barreiras entre as pedras, ou a falta de sensibilidade para perceber melhor onde colocar os pés, porém, é da lei marchar.
A cada manhã reúne seus pertences intangíveis e vai à busca do seu destino, imaginando que estará logo mais, na próxima parada.
E talvez naquele radioso dia que nasce, representado na esperança de um porvir melhor, poderá concluir esse sonho tão esperado de ser feliz. Mas pode até pensar que não era bem isso que sonhara por longos dias.
Talvez no outro dia encontre esse eldorado tão longamente esperado, no qual poderá por fim dizer: Agora... eu sou feliz, completamente feliz, era o meu sonho da vida inteira. .
Mas não quis aceitar esse momento, preferiu esperar mais um pouco ainda, talvez naquela outra estação possa estar por fim naquele passo decisivo, aliás, aquele salto rumo à felicidade.
Não terá mais que esperar, mas ainda não foi naquele dia; a noite veio com suas sombras espessas, e naquela solidão não havia sequer a lua cheia para dar um suave clarão sobre as trevas densas.
Pensou, mas é preciso caminhar. Ainda há luz nesta tarde cambiante. É preciso confiar na vida, pois que ela é essa suave vela que me mantém preso à existência e talvez se soprasse forte ela deixasse de existir.
Isso é algo muito puro para sucumbir na escuridão de uma estrada triste, sem esperança de ser encontrado, ou pela visitação da luz de algum candeeiro. Isso o deixava pesaroso e triste; não podia ficar assim, mas contra os fatos não pode haver argumentos.
Talvez noutro amanhã encontre, enquanto há vida há esperança, já dizia alguém, aquele último degrau que faltava, aliás, falta tão pouco para acontecer essa profusão de luz em seu coração esperançoso, pois já fora capaz de perceber que desta feita estava muito perto, muito perto da felicidade.
E a noite encontrá-lo-á com o coração opresso e pesaroso, por não haver vencido a última etapa, que chegara a tocar com os próprios dedos em breves segundos, depois que as densas nuvens de preocupações tiraram-no daquele êxtase santo.
É preciso aceitar o inevitável, porque não sofrerá mais sem motivo e guardará a certeza que existe depois desta margem alguns entraves, até chegar à festa das águas dadivosas, onde poderá tomar um banho de corpo e alma.
Nada o perturbará mais. Existirá essa vaga lembrança que ficou entregue nas dobras do tempo. Já não pode revelar o seu segredo sem sobressaltos, porque talvez descubra que ali se encontra o germe do enigma que em vão tenta decifrar a vida inteira; quer tomar o seu lugar que por direito lhe pertence.
Bem que quisera esquecer aquele lugar. Tarde da noite retira-se para o seu leito, cansado. Essa preocupação de encontrar um ponto de apoio que dará a resposta final para tanto sofrimento. Mas não veio, ou pior, se chegou foi tarde demais para comentar que o tempo havia passado rápido demais. Era preciso começar tudo de novo, talvez nessa breve caminhada tão desejada, sonhada amada, planejada por quem se julga com direito à felicidade.
Sem sombra de dúvida que fez o que julgava melhor para sua vida. Voltar não oferece perigo, é a opção para ser feliz, portanto, é necessário enfrentar o desafio nessa breve caminhada para o fim e pretendia deixar tudo para encontrá-la mais tarde, nem que fosse por um momento. Talvez muito breve, mas como seria importante.
É preciso mais garra para se amar. Valorizar o tempo. Mesmo na certeza que precisará estar ciente do conteúdo do seu papel. Não é à toa que perde o caminho quando se apega demais às coisas vãs ou inconsistentes.
Por ser eternamente aprendiz, não quer dizer que não possa um dia ensinar. Os pequenos também ensinam lições de sua experiência diária, quotidiana, sempre igual, porém sem elas não se caminha, porque se perde o ponto de referência. Nem que seja um pequeno ponto que sucederá a outro ponto quase imperceptível neste universo infinito. Como é bom e dá substância à vida como seja, como certas experiências triviais, até mesmo banais, mas talvez seja a indicação segura que outras informações mais completas virão.
Mesmo por um momento deixe de conjugar o verbo discriminar do seu dicionário íntimo e comece a conjugar o verbo amar em todos os tempos e modos. Exercite o seu coração nesse nobre lazer da alma... amar... amar a todos indistintamente. Porque este sentimento será uma carta de alforria que dará notícia de sua liberdade, até àqueles seres incivilizados que falam sem pensar, mas o subconsciente registra com grande nitidez, se tiver a altivez de amar sempre, mesmo àquele que sabe a sua intenção.
Porque muitas coisas não encontram solução no tempo presente. Somente a vida é capaz de proporcionar estas experiências verazes que se escondem nas dobras do tempo, e somente se revelam aos seus olhos deslumbrados com grande insistência, claramente, para que nunca mais esqueça.
Simplesmente: Amar é a senha.
Mensagens - Em Busca da Felicidade
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
O anjo, o santo e o pecador
O pecador escutava a orientação de um santo, que vivia, genuflexo, à porta de templo antigo, quando, junto aos dois, um anjo surgiu na forma de homem, travando-se breve conversação entre eles.
O ANJO – Amigos, Deus seja louvado!
O SANTO – Louvado seja Deus!
O PECADOR – Louvado seja!
O ANJO (Dirigindo-se ao santo) – Vejo que permaneceis em oração e animo-me a solicitar-vos apoio fraternal.
O SANTO – Espero o Altíssimo em adoração, dia e noite.
O ANJO – Em nome dele, rogo o socorro de alguém para uma criança que agoniza num lupanar.
O SANTO – Não posso abeirar-me de lugares impuros...
O PECADOR – Sou um pobre penitente e posso ajudar-vos, senhor.
O ANJO – Igualmente, agora, desencarnou infortunado homicida, entre as paredes do cárcere... Quem me emprestará mãos amigas para dar-lhe sepulcro?
O SANTO – Tenho horror aos criminosos...
O PECADOR – Senhor, disponde de mim.
O ANJO – Infeliz mulher embriagou-se num bar próximo. Precisamos removê-la, antes que a morte prematura lhe arrebate o tesouro da existência.
O SANTO – Altos princípios não me permitem respirar no clima das prostitutas...
O PECADOR – Dai vossas ordens, senhor!
O ANJO – Não longe daqui, triste menina, abandonada pelo companheiro a quem se confiou, pretende afogar-se... É imperioso lhe estenda alguém braços fortes para que se recupere, salvando-se-lhe também o pequenino em vias de nascer.
O SANTO – Não me compete buscar os delinquentes senão para corrigi-los.
O PECADOR – Determinai, senhor, como devo fazer.
O ANJO – Um irmão nosso, viciado no furto, planeja assaltar, na presente semana, o lar de viúva indefesa...
Necessitamos do concurso de quem o dissuada de semelhante propósito, aconselhando-o com amor.
O SANTO – Como descer ao nível de um ladrão?
O PECADOR – Ensinai-me como devo falar com ele.
Sem vacilar, o anjo tomou o braço do pecador prestativo e ambos se afastaram, deixando o santo em meditação, chumbado ao solo.
Enovelaram-se anos e anos na roca do tempo, que tudo alterara. O átrio mostrava-se diferente. O santuário perdera o aspecto primitivo e a morte despojara o santo de seu corpo macerado por cilício e jejum, mas o crente imaculado aí se mantinha em Espírito, na postura de reverência.
Certo dia, sensibilizando mais intensamente as antenas da prece, viu que alguém descia da Altura, a estender-lhe o coração em brando sorriso.
O santo reconheceu-o.
Era o pecador, nimbado de luz.
– Que fizeste para adquirir tanta glória? – perguntou-lhe, assombrado.
O ressurgido, afagando-lhe a cabeça, afirmou simplesmente:
– Caminhei.
Pelo Espírito Irmão X
Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Contos desta e doutra vida.
Ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 24, p. 115-117.
OCUPAÇÕES E MISSÕES DOS ESPÍRITOS
Os Espíritos Superiores concorrem [...] para a harmonia do Universo, executando as vontades de Deus, cujos ministros eles são. A vida espírita é uma ocupação contínua, mas que nada tem de penosa, como a vida na Terra, porque não há a fadiga corporal, nem as angústias das necessidades.1 Os Espíritos inferiores e imperfeitos também desempenham função útil no Universo, uma vez que todos [...] têm deveres a cumprir.2 As almas, ou Espíritos, têm ocupaçõesem relação com o seu grau de adiantamento, ao mesmo tempo que procuram instruir-se e melhorar-se.13
São incessantes as ocupações dos Espíritos [...] atendendo-se a que sempre ativos são os seus pensamentos, porquanto vivem pelo pensamento.3 Não podemos, entretanto, identificar [...] as ocupações dos Espíritos com as ocupações materiais dos homens [encarnados]. Essa mesma atividade lhes constitui um gozo, pela consciência que têm de ser úteis.3 Existem Espíritos, todavia, que se conservam ociosos, [...] mas esse estado é temporário e dependendo do desenvolvimento de suas inteligências. [...] Pesa-lhes, porém, essa ociosidade e, cedo ou tarde, o desejo de progredir lhes faz necessária a atividade e felizes se sentirão por poderem tornar-se úteis.4
Em relação às coisas deste mundo, pode dizer-se que [...] os Espíritos se ocupam conformemente ao grau de elevação ou de inferioridade em que se achem. Os Espíritos superiores dispõem, sem dúvida, da faculdade de examiná-las nas suas mínimas particularidades, mas só o fazem na medida em que isso seja útil ao progresso. Unicamente os Espíritos inferiores ligam a essas coisas uma importância relativa às reminiscências que ainda conservam e às idéias materiais que ainda se não extinguiram neles.5 Assim é que muitos destes últimos nos rodeiam constantemente, tomando parte ativa em tudo o que fazemos, de acordo com as suas naturezas.5
As missões dos Espíritos têm sempre por objeto o bem. Quer como Espíritos, quer como homens, são incumbidos de auxiliar o progresso da Humanidade, dos povos ou dos indivíduos, dentro de um círculo de idéias mais ou menos amplas, mais ou menos especiais e de velar pela execução de determinadas coisas. Alguns desempenham missões mais restritas e, de certo modo, pessoais ou inteiramente locais, como sejam assistir os enfermos, os agonizantes, os aflitos, velar por aqueles de quem se constituíram guias e protetores, dirigi-los, dando-lhes conselhos ou inspirando-lhes bons pensamentos. Pode dizer-se que há tantos gêneros de missões quantas as espécies de interesses a resguardar, assim no mundo físico, como no moral. O Espírito se adianta conforme à maneira por que desempenha a sua tarefa.6 A importância das missões corresponde às capacidades e à elevação do Espírito.7 Ele pede determinada missão [...] e ditoso se considera se a obtém.8
Em seguida, apresentaremos exemplos de missões para um melhor entendimento do assunto.
1. MISSÃO ESPIRITUAL DE UM POVO
As seguintes palavras de Jesus – constantes do livro Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho –, dirigidas a um dos mais elevados mensageiros do orbe terrestre, ilustram missão espiritual programada em benefício de um povo.
— Ismael [Guia Espiritual do Brasil], manda o meu coração que doravante sejas o zelador dos patrimônios imortais que constituem a Terra do Cruzeiro. [...] Reúne as incansáveis falanges do Infinito, que cooperam nos ideais sacrossantos de minha doutrina, e inicia, desde já, a construção da pátria do meu ensinamento. Para aí transplantei a árvore da minha misericórdia e espero que a cultives com a tua abnegação e com o teu sublimado heroísmo. [...] Guarda este símbolo da paz e inscreve na sua imaculada pureza o lema da tua coragem e do teu propósito de bem servir à causa de Deus e, sobretudo, lembra-te sempre de que estarei contigo no cumprimento dos teus deveres, com os quais abrirás para a humanidade dos séculos futuros um caminho novo, mediante a sagrada revivescência do Cristianismo.20
Ismael recebe o lábaro bendito das mãos compassivas do Senhor, banhado em lágrimas de reconhecimento, e, como se entrara em ação o impulso secreto da sua vontade, eis que a nívea bandeira tem agora uma insígnia. Na sua branca substância, uma tinta celeste inscrevera o lema imortal: “Deus, Cristo e Caridade”.21
Ismael reuniu em grande assembléia os seus colaboradores mais devotados, com o objetivo de instituir um programa para as suas atividades espirituais na Terra de Santa Cruz [nome anterior do Brasil]: — Irmãos — exclamou ele no seio da multidão de companheiros abnegados — plantamos aqui, sob o olhar misericordioso de Jesus, a sua bandeira de paz e de perdão. Todo um campo de trabalhos se desdobra às nossas vistas. Precisamos de colaboradores devotados que não temam a luta e o sacrifício.22 [...] Quase todos os Espíritos santificados, ali presentes, se oferecem como voluntários da grande causa. Entre muitos, descobriremos José de Anchieta e Bartolomeu dos Mártires, Manuel da Nóbrega, Diogo Jácome, Leonardo Nunes e muitos outros, que também foram dos chamados para esse conclave no mundo invisível.23
Emmanuel apresenta, no prefácio da obra supracitada, uma síntese da missão do Brasil:
O Brasil não está somente destinado a suprir as necessidades materiais dos povos mais pobres do planeta, mas, também, a facultar ao mundo inteiro uma expressão consoladora de crença e de fé raciocinada e a ser o maior celeiro de claridades espirituais do orbe inteiro. [...] Nossa tarefa visa a esclarecer o ambiente geral do país, argamassando as suas tradições de fraternidade com o cimento das verdades puras, porque, se a Grécia e a Roma da antiguidade tiveram a sua hora, como elementos primordiais das origens de toda a civilização do Ocidente; se o império português e o espanhol se alastraram quase por todo o planeta; se a França, se a Inglaterra têm tido a sua hora proeminente nos tempos que assinalam as etapas evolutivas do mundo, o Brasil terá também o seu grande momento, no relógio que marca os dias da evolução da humanidade.
Se outros povos atestaram o progresso, pelas expressões materializadas e transitórias, o Brasil terá a sua expressão imortal na vida do espírito, representando a fonte de um pensamento novo, sem as ideologias de separatividade, e inundando todos os campos das atividades humanas com uma nova luz.19
2. MISSÃO ESPIRITUAL DE DESENCARNADOS
André Luiz, pela mediunidade de Francisco Cândido Xavier, trouxe, por exemplo, importantes revelações acerca das missões desempenhadas pelos desencarnados incumbidos de retirar das zonas espirituais de sofrimento os Espíritos ainda ligados às paixões humanas. Narra, em um dos seus livros, o citado autor espiritual: Ao soar das dezenove horas, orientados pela administradora da Casa [a irmã Zenóbia], preparamo-nos para pequena jornada ao abismo.14 Ao
transpormos o limiar [da Casa Transitória], explicou-nos, cuidadosa: – Convém manter apagado, no trajeto, todo o material luminoso. – E fitando-nos, resoluta, informou: — Quanto a nós, sigamos silenciosos, a pé. Não será razoável utilizar a volitação em distância tão curta. Mais justo assemelharmo-nos aos pobres que habitam estes sítios, perante os quais, enquanto perdure a pequena caminhada, deveremos guardar a maior quietude. Qualquer desatenção prejudicar-nos-á o objetivo. 15
Continuando sua narrativa, assinala André Luiz: Noutras circunstâncias e noutro tempo, não conseguiria eu dominar o pavor que nos infundia a paisagem escura e misteriosa, à nossa frente. Vagavam no espaço estranhos sons. Ouvia perfeitamente gritos de seres selvagens e, em meio deles, dolorosos gemidos humanos, emitidos, talvez, a imensa distância... Aves de monstruosa configuração, mais negras do que a noite, de longe em longe se afastavam de nosso caminho, assustadiças. E embora a sombra espessa, observava alguma coisa da infinita desolação ambiente. [...] Atingimos zona pantanosa, em que sobressaía rasteira vegetação. Ervas mirradas e arbustos tristes assomavam indistintamente do solo. Fundamente espantado, porém, ao ladear imenso charco, ouvi soluços próximos. Guardava a nítida impressão de que as vozes procediam de pessoas atoladas em repelentes substâncias, tais as emanações desagradáveis que pairavam no ar. Oh! que forças nos defrontavam, ali! A treva difusa não deixava perceber minudências; todavia, convencera-me da existência de vítimas vizinhas de nós, esperando-nos amparo providencial.16 Verificou-se, então, o imprevisto. Certamente, as entidades em súplica permaneciam jungidas ao mesmo lugar, mas figuras animalescas e rastejantes, lembrando sáurios de descomunais proporções, avançaram para a nossa caravana [...]. Eram em grande número e davam para estarrecer o ânimo mais intrépido. [...] Mais alguns minutos e havíamos varado a região dos charcos. (...) Prosseguindo a marcha, penetramos escarpada região e, atendendo ao sinal da Irmã Zenóbia, os vinte auxiliares que nos seguiam postaram-se em determinado ponto, com a recomendação de nos aguardarem a volta. A diretora da Casa Transitória, então, conduziu-nos os quatro, caminho adentro, acentuando que encetaríamos isoladamente a primeira parte do programa de serviço. [...] Logo após, evidenciando preocupação em sossegar-nos o íntimo, referentemente aos sofredores anônimos que encontráramos no caminho, explicou-nos delicadamente: — Não somos impermeáveis às rogativas dos nossos irmãos que ainda gemem no charco de dor a que se atiraram voluntariamente. Dilaceram-nos o espírito as imprecações dos infelizes. No entanto, a Casa Transitória de Fabiano tem-lhes prestado o socorro possível, ajuda essa que, até hoje, vem sendo repelida pelos nossos irmãos infortunados. Debalde libertamo-los, periodicamente, dos monstros que os escravizam, organizando-lhes refúgio salutar. Fogem de nossa influenciação retificadora e tornam espontaneamente ao charco. É imprescindível que o sofrimento lhes solidifique a vontade, para as abençoadas lutas do porvir.17
3. MISSÃO ESPIRITUAL DE ENCARNADOS
A missão espiritual dos encarnados consiste em [...] instruir os homens, em lhes auxiliar o progresso; em lhes melhorar as instituições, por meios diretos e materiais. As missões, porém, são mais ou menos gerais e importantes. O que cultiva a terra desempenha tão nobre missão, como o que governa, ou o que instrui. Tudo em a Natureza se encadeia. Ao mesmo tempo que o Espírito se depura pela encarnação, concorre, dessa forma, para a execução dos desígnios da Providência. Cada um tem neste mundo a sua missão, porque todos podem ter alguma utilidade.9
Em geral, reconhece-se que um homem tem na Terra uma determinada missão pelas [...] grandes coisas que opera, pelos progressos a cuja realização conduz seus semelhantes.10 É, por exemplo, o caso do artista, conforme assinala Emmanuel: Sempre que a sua arte se desvencilha dos interesses do mundo, transitórios e perecíveis, para considerar tão-somente a luz espiritual que vem do coração uníssono com o cérebro, nas realizações da vida, então o artista é um dos mais devotados missionários de Deus, porquanto saberá penetrar os corações na paz da meditação e do silêncio, alcançando o mais alto sentido da evolução de si mesmo e de seus irmãos em humanidade.18
Há, contudo, missões pessoais de grande importância. Dizem os Espíritos Superiores que a paternidade é, [...] sem contestação possível, uma verdadeira missão. É ao mesmo tempo grandíssimo dever e que envolve, mais do que o pensa o homem, a sua responsabilidade quanto ao futuro. Deus colocou o filho sob a tutela dos pais, a fim de que estes o dirijam pela senda do bem, e lhes facilitou a tarefa dando àquele uma organização débil e delicada, que o torna propício a todas as impressões. Muitos há, no entanto, que mais cuidam de aprumar as árvores do seu jardim e de fazê-las dar bons frutos em abundância, do que de formar o caráter de seu filho. Se este vier a sucumbir por culpa deles, suportarão os desgostos resultantes dessa queda e partilharão dos sofrimentos do filho na vida futura, por não terem feito o que lhes estava ao alcance para que ele avançasse na estrada do bem. 11
Dessa forma, os [...] Espíritos encarnados têm ocupações inerentes às suas existências corpóreas. No estado de erraticidade, ou de desmaterialização, tais ocupações são adequadas ao grau de adiantamento deles. Uns percorrem os mundos, se instruem e preparam para nova encarnação. Outros, mais adiantados, se ocupam com o progresso, dirigindo os acontecimentos e sugerindo idéias que lhe sejam propícias. Assistem os homens de gênio que concorrem para o adiantamento da Humanidade. Outros encarnam com determinada missão de progresso. Outros
tomam sob sua tutela os indivíduos, as famílias, as reuniões, as cidades e os povos, dos quais se constituem os anjos guardiães, os gênios protetores e os Espíritos familiares. Outros, finalmente, presidem aos fenômenos da Natureza, de que se fazem os agentes diretos. Os Espíritos vulgares se imiscuem em nossas ocupações e diversões. Os impuros ou imperfeitos aguardam, em sofrimentos e angústias, o momento em que praza a Deus proporcionar-lhes meios de se adiantarem. Se praticam o mal, é pelo despeito de ainda não poderem gozar do bem.12
REFERÊNCIAS
1. KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad. de Guillon Ribeiro. 91. ed. Rio
de Janeiro: FEB, 2007. Questão 558, p. 316.
2. _. Questão 559, p. 316.
3. _. Questão 563, p. 317.
4. _. Questão 564, p. 318.
5. _. Questão 567 – comentário, p. 319-320.
6. _. Questão 569 – comentário, p. 320.
7. _. Questão 571, p. 321.
8. _. Questão 572, p. 321.
9. _. Questão 573, p. 321.
10. _. Questão 575, p. 322.
11. _. Questão 582, p. 324.
12. _. Questão 584 – comentário, p. 325-326.
13. _. O que é o espiritismo. 55. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 3
(Solução de alguns problemas pela doutrina espírita), item: O homem
depois da morte, p. 237.
14. XAVIER, Francisco Cândido. Obreiros da vida eterna. Pelo Espírito André
Luiz. 33. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 6, (Dentro da noite), p.
99.
15. _. p. 101-102.
16. _. p. 102-103.
17. _. p. 104-106.
18. _. O consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 24. ed. Rio de Janeiro: FEB,
2007. Questão 162, p. 101.
19. _. Brasil, coração do mundo, pátria do evangelho. Pelo Espírito Humberto
de Campos. 32. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Prefácio, p. 9.
20. _. Cap. 3 (Os degredados), p. 36-37.
21. _. p. 37.
22. _. Cap. 4, (Os missionários), p. 43-44.
23. _. p. 45.
GLORIFICANDO O SANTO NOME
O professor contou, em aula, que, no princípio da vida na Terra, quando os minerais, as plantas e os animais souberam que era necessário santificar o nome de Deus, houve da parte de quase todos um grande movimento de atenção.
Certas pedras começaram a produzir diamantes e outras revelaram ouro e gemas preciosas.
As árvores mais nobres começaram a dar frutos.
O algodoeiro inventou alvos fios para a vestimenta do homem.
A roseira cobriu-se de flores.
A grama, como não conseguia crescer, alastrou-se pelo chão, enfeitando a Terra.
A vaca passou a fornecer leite.
A galinha, para a alegria de todos, começou a oferecer ovos.
O carneiro iniciou a criação de lã. A abelha passou a fazer mel.
E até o bicho-da-seda, que parece tão feio, para santificar o nome de Deus fabricou fios lindos, com os quais possuímos um dos mais valiosos tecidos que o mundo conhece.
Nesse ponto da lição, como o instrutor fizera uma pausa, Pedrinho perguntou:
— Professor, e que fazem os homens para isso?
O orientador da escola pensou um pouco e respondeu:
- Nem todos os homens aprendem rapidamente as lições da vida, mas aqueles que procuram a verdade sabem que a nossa inteligência deve glorificar a Eterna Sabedoria, cultivando o bem e fugindo ao mal. As pessoas que se consagram às tarefas da fraternidade, compreendendo os semelhantes e auxiliando a todos, são as almas acordadas para a luz e que louvam realmente o nome de nosso Pai Celeste.
E, concluindo, afirmou:
— O Senhor deseja a felicidade de todos e, por isso, todos aqueles que colaboram pelo bem-estar dos outros são os que santificam na Terra a sua Divina Bondade.
Livro Pai Nosso
Francisco Cândido Xavier
Pelo Espírito Meimei
Conflitos sociais graves:
VIOLÊNCIA
doméstica e urbana
MARTA ANTUNES MOURA
Os conflitos sociais representam uma das principais causas de sofrimento no mundo contemporâneo, pelo colapso no atendimento às necessidades humanas básicas, quais sejam: alimentação, habitação, saúde, educação, segurança e transporte. Entretanto, esclarece a Doutrina Espírita, em determinadas circunstâncias estes conflitos podem produzir reações positivas por parte de governantes e de pessoas esclarecidas, formadoras de opinião, desenvolvendo ações efetivas capazes de modificar o curso nefasto dos acontecimentos. “[...] É de notar-se [observa Allan Kardec] que em todas as épocas da História, às grandes crises sociais se seguiu uma era de progresso”.1
A violência doméstica é apontada pelos estudiosos como causa primordial dos severos conflitos sociais existentes no mundo. A violência no lar, por sua vez, originando-se de fatores psicossociais e econômico-sociais, não resolvidos ou mal administrados, produzem um estado generalizado de violência na sociedade. Os fatores psicossociais estão relacionados à visão materialista da vida, em que os indivíduos adotam como normas de conduta uma permissibilidade moral que afeta os usos e os costumes humanos.
Nesta situação, as pessoas se fecham em copas, agindo de forma indiferente aos sofrimentos e às necessidades do próximo: transformam-se em criaturas indolentes e omissas, nada fazendo para impedir ou minimizar o estado de criminalidade e violência reinantes à sua volta. É bom ficarmos atentos, pois esta visão materialista da vida pode nos conduzir ao caos social. Já as causas econômico-sociais dizem respeito às desigualdades humanas decorrentes da má distribuição de renda, permitindo-se que uma minoria viva em abundância e uma maioria de seres humanos sofra os rigores da pobreza e da miséria. Uma sociedade estabelecida sob tais bases está marcada pelos contrastes sociais, estimuladores do desemprego, da violência e do sofrimento superlativo.
É importante considerar, à luz do entendimento espírita, que a existência de conflitos sociais, em si, não representa, necessariamente, fator desencadeador das práticas generalizadas de violência. Uma coisa não tem relação com a outra. Na verdade, “é bem sabido que a maior parte das misérias da vida tem origem no egoísmo dos homens. Desde que cada um pensa em si antes de pensar nos outros e cogita antes de tudo de satisfazer os seus desejos, cada um naturalmente cuida de proporcionar a si mesmo essa satisfação, a todo custo, e sacrifica sem escrúpulo os interesses alheios, assim nas mais insignificantes coisas, como nas maiores, tanto de ordem moral, quanto de ordem material. Daí todos os antagonismos sociais, todas as lutas, todos os conflitos e todas as misérias, visto que cada um só trata de despojar o seu próximo”. 2
A violência doméstica e urbana vem ocorrendo de maneira crescente, porque a criatura humana está espiritualmente doente. “[...] O homem, pois, em grande número de casos, é o causador de seus próprios infortúnios; mas, em vez de reconhecê-lo, acha mais simples, menos humilhante para a sua vaidade acusar a sorte, a Providência, a má fortuna, a má estrela, ao passo que a má estrela é apenas a sua incúria”.3
A violência doméstica é um problema que atinge, em especial, milhares de crianças, adolescentes e mulheres. As vítimas,muitas vezes silenciosas, são submetidas a algum tipo de sofrimento indescritível. Fazem parte da violência doméstica as agressões físicas e psicológicas, sendo as mais comuns os espancamentos, a negligência em relação aos cuidados com os bebês e as crianças, e o abuso sexual. A violência urbana, uma extensão da violência doméstica, tem amedrontado a população em razão dos freqüentes relatos de assaltos, atropelamentos, homicídios e seqüestros. As famílias estão cada vez mais isoladas dentro de suas habitações, construindo muros altos ou colocando
grades elétricas nas residências; instalando mecanismos de vigilância ou de segurança e, mesmo assim, não se sentem a salvo da ação criminosa.
Como espíritas, como cristãos, sabemos que algo precisa ser feito, pois, a “[...] onda crescente de delinqüência que se espalha por toda a Terra assume proporções catastróficas, imprevisíveis, exigindo de todos os homens probos e lúcidos acuradas reflexões”.4 Todavia, é válido ponderar que a simples preocupação nada resolve, “[...] se medidas urgentes e práticas não se fizerem impor, mediante a adoção de política educativa generalizada [...]. Tem-se procurado reprimir a delinquência sem se combaterem as causas fecundas da sua multiplicação. Muito fácil, parece, a tarefa repressiva, inútil, porém, quando não se transforma em fator a mais para a própria violência. A terapêutica para tão urgente questão há de ser preventiva, exigindo dos adultos que se repletem de amor nas ineuxaríveis nascentes da Doutrina de Jesus, a fim de que, moralizando-se, possam educar as gerações novas, propiciando-lhes clima salutar de sobrevivência psíquica e realização íntima”. 5
O terrorismo urbano é um ato de extrema violência aplicado por personalidades extremistas e fanáticas, por meio de ações homicidas. São classificados como atos terroristas os atentados a bomba, os seqüestros, a guerra biológica e outras ações semelhantes. O método básico do terrorismo é a destruição da vida humana em nome de certos princípios ideológicos, políticos ou religiosos.
Segundo o Espiritismo, as ações terroristas, assim como as guerras, acontecem devido à “predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual e transbordamento das paixões. No estado de barbaria, os povos um só direito conhecem – o do mais forte. [...]”6 O assassinato individual ou coletivo é um grande “[...] crime, pois que aquele que tira a vida ao seu semelhante corta o fio de uma existência de expiação ou de missão. Aí é que está o mal”.7 Sendo assim, é natural que o responsável pelos atos de terrorismo e homicídios generalizados seja considerado grande culpado perante a Lei de Deus e necessite de muitas existências “[...] para expiar todos os assassínios de que haja sido causa, porquanto responderá por todos os homens cuja morte tenha causado para satisfazer à sua ambição”. 8
Referências:
1 - KARDEC, Allan: A gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. 49. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. XVIII, item 33, p. 479.
2______. Obras póstumas. Tradução de Guillon Ribeiro. 38. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Primeira parte, cap. “O egoísmo e o orgulho”, p. 250.
3______. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 125. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. V, item 4, p. 108.
4 - FRANCO, Divaldo P. SOS família. Por diversos Espíritos. 2. ed. Salvador: LEAL, 1994. Item: “Delinqüência, perversidade e violência” (Mensagem de Joanna de Ângelis), p. 120.
5 - Idem, ibidem. p. 124.
6 - KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 87. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Questão 742, p. 395. 7Idem, ibidem, questão 746, p. 396. 8Idem, ibidem, questão 745, p. 395.
Cólera e Violência
Segundo a idéia falsíssima de que lhe não é possível reformar a sua própria natureza, o homem se julga dispensado de empregar esforços para se corrigir dos defeitos em que de boa vontade se compraz, ou que exigiriam muita perseverança para serem extirpados. É assim, por exemplo, que o indivíduo, propenso a encolerizar-se, quase sempre se desculpa com o seu temperamento. Em vez de se confessar culpado, lança a culpa ao seu organismo, acusando a Deus, dessa forma, de suas próprias faltas. É ainda uma conseqüência do orgulho que se encontra de permeio a todas as suas imperfeições.
Indubitavelmente, temperamentos há que se prestam mais que outros a atos violentos, como há músculos mais flexíveis que se prestam melhor aos atos de força. Não acrediteis, porém, que aí resida a causa primordial da coléra e persuadi-vos de que um Espírito pacífico, ainda que num corpo bilioso, será sempre pacífico, e que um Espírito violento, mesmo num corpo linfático, não será brando; somente, a violência tomará outro caráter. Não dispondo de um organismo próprio a lhe secundar a violência, a cólera tornar-se-á concentrada, enquanto no outro caso será expansiva. [...]
Hahnemann
Fonte: KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. 3. ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. IX, item 10, p. 206.
LIÇÃO DE SIMPLICIDADE
Um ato de boa vontade conta muito. Uma expressão de alegria. Uma conversa amistosa. Um prato de sopa. Um pequeno favor.
Pequenos gestos de amizade contam muito no equilíbrio das emoções.
Um bom dia, um abraço, um gesto de carinho, alimentam uma grande amizade no círculo familiar.
Muitos se propõem a consertar o mundo, mas não se dispõem a melhorar os fundamentos do próprio lar. O equilíbrio de qualquer pessoa começa porta adentro de sua casa. Por isso, faça de seu lar um santuário de paz e harmonia.
Coloque uma música suave; sempre alegra o ambiente, pode aguçar a sensibilidade para coisas nobres. Sons harmoniosos ajudam sempre. É como se a vida se orientasse por esse diapasão, isto é, determinando um modo de viver.
Um aniversário é uma data festiva. Uma lembrança de um fato feliz. O sucesso do filho do vizinho no colégio é digno de felicitações; participe da felicidade dos outros. Alguém conhecido que passou num concurso. Aplauda-o sem restrições. Aceite as pessoas como elas são, para que tenha o direito de ser o que sonha.
O seu gesto fraterno ajuda a ver também o mundo sob a ótica dos outros. Não fique isolado no seu reduto íntimo, aliás, abra uma porta para o mundo e uma janela para o céu. Ficará mais fácil a compreensão, até dos seus projetos de amor.
Integre-se ao mundo e não se exclua dele. Está neste campo de provas e pode fazer a diferença. E, escondendo-se dentro de si mesmo, certamente que não irá influenciar em coisa alguma.
Acredite no bem, aliás, você tem a obrigação de acreditar, senão sua vida será um caos. Tenha fé em Deus e na Sua justiça.
Apóie os esforços inovadores da juventude, nem que os jovens olhem o mundo de modo completamente diferente daquele que já vivera. Mesmo porque se nada mudar, ninguém encontrará o caminho da evolução.
Mas também ouça a experiência das pessoas mais idosas; elas têm histórias maravilhosas para contar e lições profundamente vividas a serem meditadas. Viva a vida em sua plenitude. Ame as flores e cultive-as no seu jardim. O mundo precisa de cores, de alegria, de corações libertos para amar infinitamente.
O paraíso que todos sonham é construção que está sob nossa responsabilidade. Não creia que algo surgirá do nada, ou que existiu nalgum lugar sem que alguém o tivesse concebido.
Creia sim no milagre do amor e com certeza pode abrir clareiras para os céus, mas não naquele que para ser milagre tem que derrogar as leis da natureza, aliás, coisa que nunca existiu.
Seja sensato nas suas apreciações, mas não exija demais dos outros, especialmente se não tem nada a oferecer com vista a um mundo melhor. Não fica bem essa atitude para ninguém.
Quando encontrar alguém infeliz pelo caminho, não agrave as suas misérias com os seus julgamentos apressados ou com o seu suposto senso de justiça. Da justiça, Deus se encarrega, e a você compete simplesmente amar, porque será a única maneira de se promover diante da vida.
Se encontrar alguém que possa ajudar, ajude sim, com todas as forças que possa e siga o seu caminho, porque talvez, em breve, até possa precisar de uma mão amiga que o socorra também. E, fazendo o bem, poderá até ter crédito para pedir e ser atendido, porém, ajudar não quer dizer carregar a cruz dos outros, aliás, o próprio Jesus recomendou que cada um tomasse a sua cruz e O seguisse.
A lei de justiça tem vigência em toda a parte. Já disse alguém: “É dando que se recebe”, mostrando que a estrada da vida tem duas vias. Aquele que por ela trilhar demonstrará que pode algo dar de si, a fim de que em seus momentos de íntima perplexidade possa receber.
Muitos se perderam pelo caminho da vida, por não exercerem em larga escala a caridade, pois ela é a força que liberta; o egoísmo escraviza e orgulho rebaixa.
Assim, caminhe em paz com sua consciência, porque esta pode indicar a sua derrota pessoal. Não a afronte por nada deste mundo.
Existem testemunhas que estão à espreita para anotar as suas faltas e levarem-nas ao conhecimento do juiz sábio, que se chama consciência, e quando estiver bem com ela, não se importará com as tempestades do caminho, por mais avassaladoras que sejam.
Mensagens - Escritas com “O Coração”
Por Espíritos Diversos
Otacir Amaral Nunes
JUSTIÇA
A justiça de Deus tarda, mas não falta, diz o dito popular, e o grande dicionário Aurélio considera a justiça dos homens como a conformidade com o direito, a virtude de dar a cada um aquilo que é seu e a faculdade de julgar segundo o direito e melhor consciência.
Sem medo de errar podemos dizer que tal conceito sobre a justiça divina peca por ser expresso na curta e obtusa visão humana, que considera apenas uma existência para que a justiça ocorra. Ai está a razão do erro de julgamento, porque vivemos incontáveis reencarnações nas quais a justiça distributiva de Deus é exercida em sua plenitude, haja vista que o Espírito é imortal e é ele quem precisa se aperfeiçoar, progredir em direção a Deus.
Diz também o generoso benfeitor da humanidade que escribas e fariseus praticavam a lei mosaica do olho por olho, dente por dente e quando eram atacados, insultavam, quando perseguidos, revidavam cruelmente, porém com Jesus a justiça virou a virtude de conferir a cada um o que lhe cabe, segundo a melhor consciência.
A virtuosa benfeitora Joanna de Ângelis diz que a justiça tem por objetivo a reparação do dano causado e a correção do infrator tornando-o útil à sociedade em que vive. Declara que quando a justiça se corrompe, o homem tresvaria, e o abuso da autoridade leva aos extremos da insensatez.
Para Joanna, Jesus foi o paladino da justiça equânime, e numa época de arbitrariedades, foi magnânimo, numa época de abuso de poder, falou da renúncia e da arrogância e fez-se humilde, numa época de exploração, ensinou e viveu a generosidade. Propôs o mestre que nossa justiça não fosse a dos fariseus que esgotavam os fracos, exploravam as viúvas e as crianças e ainda lembrou a Pilatos que o verdadeiro poder e a excelente justiça vêm de Deus.
A proposta de Jesus veio por Mateus 5:20: “ Se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus”.
O instrutor clássico do mundo espiritual, André Luiz, lembra aos irmãos espíritas que muitas vezes louvamos a justiça da caridade e agora precisamos saber cultivar a caridade da justiça.
Crispim.
Referências bibliográficas:
- A Justiça Divina. Chico Xavier/Emmanuel.
- Palavras de Vida Eterna. Chico Xavier/Emmanuel.
- Jesus e Atualidade. Divaldo P. Franco/Joanna de Ângelis.
- Sol nas Almas. Waldo Vieira/André Luiz.
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