GUARDEMOS O ENSINO
“Ponde vós estas palavras em vossos ouvidos.” – Jesus. (LUCAS, 9:44.)
Muitos escutam a palavra do Cristo, entretanto, muito poucos são os que colocam a lição nos ouvidos.
Não se trata de registrar meros vocábulos e sim fixar apontamentos que devem palpitar no livro do coração.
Não se reportava Jesus à letra morta, mas ao verbo criador.
Os círculos doutrinários do Cristianismo estão repletos de aprendizes que não sabem atender a esse apelo. Comparecem às atividades espirituais, sintoniz ando a mente com todas as inquietações inferiores, menos com o Espírito do Cristo.
Dobram joelhos, repetem fórmulas verbalistas, concentram-se em si mesmos, todavia, no fundo, atuam em esfera distante do serviço justo.
A maioria não pretende ouvir o Senhor e, sim, falar ao Senhor, qual se Jesus desempenhasse simples função de pajem subordinado aos caprichos de cada um.
São alunos que procuram subverter a ordem escolar.
Pronunciam longas orações, gritam protestos, alinhavam promessas que não podem cumprir.
Não estimam ensinamentos. Formulam imposições.
E, à maneira de loucos, buscam agir em nome do Cristo.
Os resultados não se fazem esperar. O fracasso e a desilusão, a esterilidade e a dor vão chegando devagarzinho, acordando a alma dormente para as realidades eternas.
Não poucos se revoltam, desencantados …
Não se queixem, contudo, senão de si mesmos.
“Ponde minhas palavras em vossos ouvidos”, disse Jesus.
O próprio vento possui uma direção. Teria, pois, o Divino Mestre transmitido alguma lição, ao acaso?
Vinha de Luz
Psicografia Francisco Cândido Xavier
Pelo Espírito Emmanuel
REFLITA NAS NECESSIDADES ALHEIAS
Talvez de pronto não entenda os tesouros que detém em suas mãos e reclame ainda por tão pouco, como também se aborrece por algo tão supérfluo que perfeitamente pode passar sem ele, mas de outro lado, são milhares de pessoas querendo o necessário para sobreviver somente.
Quando não atinge o objetivo a que se propõe, julga-se a mais infeliz das criaturas. Nunca pensou que pode tentar outra vez. Talvez não tenha chegado a hora dessa conquista, mas também pondere, são tantos os que sequer tiveram as possibilidades de ter o mínimo do que já tem, nem por isso imaginaram o mundo acabando-se, mas contrariamente a tudo, ainda se julgam felizes.
Algumas vezes é surpreendido pelos seus anseios íntimos, e por conta disso se diz deprimido com o mundo em que vive, mas pensando bem, quem sabe chegou a hora de pensar com mais responsabilidade nesse contexto em que vive?
Muitas vezes sente-se amargurado por haver só encontrado incompreensão quando pensava dar o melhor de si e, encerra o seu dia aborrecido e triste levando essa carga de aflição para casa. Com isso, desarmoniza o seu santuário doméstico sem atinar que estará de certa forma envenenando sem necessidade o seu reduto íntimo.
Se muitas vezes no ambiente de trabalho, onde ganha o pão de cada dia, está sempre procurando defeitos nos companheiros de jornada, ou traçando crítica menos feliz à instituição que lhe garante a estabilidade financeira, talvez na expectativa de ressaltar alguma qualidade que ainda não se fez detentor, não sabe que estará de certa forma, incentivando para que os outros façam igualmente contra você, mesmo porque estará invadindo a privacidade dos seus semelhantes.
Se realmente pensasse melhor, e desejando progredir na vida trabalhasse mais, estudasse mais, certamente que poderia abrir muitas portas, porque é o jeito certo de agir, sem prejudicar os outros, todavia, muitos agem em sentido contrário, ferindo os interesses dos outros e com isso estará em primeiro lugar fazendo o maior mal a si mesmo.
Se já acorda de mau humor, de mal com a vida, esta atitude mental não o ajudará em nada, pelo contrário, será talvez indesejável por estar dessa maneira equivocada quanto à maneira certa de encarar a vida.
Por isso, aja em sentido correto, coloque um sorriso no rosto e seja amistoso com os outros, por mais que esteja passando por problemas, mesmo porque eles não têm culpa de seu estado emotivo, além de tudo essa atitude desequilibrada não irá ajudá-lo a superar os seus desafios.
Como também não se julgue sem recursos para enfrentar os problemas. Mas se não os tiver, pode conquistá-lo por uma atitude positiva, não tendo que se justificar cada momento, isso não ajuda também. Por isso mesmo, a cada manhã comece um novo dia, podendo levar alegria e esperança por onde passe, na certeza que Deus também, através dos outros, estará trabalhando e ajudando a encontrar uma solução, porque Ele sempre esteve conosco, mas só depende de você estar com ele.
Pense nisso e assuma uma postura de otimismo diante da vida que leva; concluirá que ela sempre foi uma fonte de possibilidades, mas infelizmente mal aproveitada por você. Porém, firme o propósito de hoje em diante reconhecer que pode avançar muito mais, certamente que se abrirão perspectivas animadoras em que poderá ser muito feliz. Áulus.
Mensagens - Folhas Esparsas
Pelo Espírito de Áulus.
Otacir Amaral Nunes
O HOMEM QUE NÃO GUARDAVA SEGREDO
Havia um homem que conheci na minha infância, parente longe dos meus pais, pelos quais tinha um grande afeto, pessoa boa, cordata, pai de família, três filhos, trabalhador, mas tinha um grave defeito e que admitia, como tantos que todos têm.
Mas este sempre lhe causara sérios aborrecimentos.
Talvez fosse influenciado por um espírito zombeteiro, pois, se sabia qualquer conversa inconveniente para o bom relacionamento das pessoas, ou mesmo que alguém fizesse um julgamento sem pensar, ou até inocente, ele não se continha, não descansava enquanto não passasse adiante, gerando conflitos, confusões e até inimizades entre as pessoas, e aquelas que o conheciam tinham o maior cuidado em conversar com ele.
Era grande amigo dos meus pais, amizade que vinha desde a juventude, mas não tinha jeito, segundo ele, quando sabia qualquer fofoca, não tinha paz enquanto não passasse até para o interessado, gerando constrangimentos entre vizinhos e amigos. Por conta disso criara mal estar em amizade de vizinhos de muitos anos, e ele também era desacatado por isso, levando a pecha de fofoqueiro.
Realmente era um problema sério, fora disso, uma pessoa honesta, educada, bem falante.
Segundo ele, quando sabia qualquer conversa alusiva a algum defeito de alguém ou problemas vários, ficava inquieto enquanto não passasse adiante essa conversa que às vezes feria o brio das pessoas, mas não tinha jeito mesmo.
Às vezes de manhã chegava à casa de meus pais, naturalmente que o convidavam para entrar e tomar café; recusava-se. – Não. É só um momento. De pé na soleira da porta começava a reportagem sobre a vida alheia, relatava tim-tim por tim-tim, depois falava: já estou atrasado, eu tenho que trabalhar e logo saia apressado. A impressão que se tinha é que saia dali com a sensação do dever cumprido.
A conversa era assim: -- sabe que fulano falou isso de sicrano? -- até imitava os gestos daqueles interlocutores; às vezes interferia na fofoca, concordando ou não, se fosse eu, não falaria isso de fulano, é uma pessoa de bem.
Às vezes dava razão ao maldizente, outras vezes à vítima, mas nem por isso deixava barato. Toda a cidade sabia das conversas. Às vezes falava baixinho como para que os outros não ouvissem. Depois se justificativa: -- estou contando o caso como ouvi, nada mais, não gosto dessas coisas, mas como são meus amigos de muitos anos, tenho confiança que fica aqui a nossa conversa. Mas nesse caso o fulano de tal tem razão...
A verdade é que numa oratória de fazer inveja, ali despejava promessas, segredos, confidências, maldades, era notório como sabia descrever os defeitos dos outros nos mínimos detalhes.
Depois que contava os malefícios do próximo, -- olha fulano, eu vim aqui contar esses casos, porque eu tenho vocês em grande consideração, alias tenho muito trabalho, mas sem tirar isso da minha mente não consigo fazer nada.
Quantas vezes ele era destratado por essas conversas infelizes. Mas não se emendava. Não sabia o mal que causava às pessoas, mas não tinha jeito.
Às vezes até fazia uma “mea culpa”, sei que está errado o que estou fazendo, mas se não contar essas coisas, eu sequer consigo dormir.
Mas, a verdade é que semeava a discórdia entre as pessoas, às vezes aumentava um pouco para dar mais emoção. Às vezes falava: -- estava lá em casa, mas não aguentei mais e vim contar o que está acontecendo com fulano, só vim mesmo para contar isso e nem vou sentar.
Hoje, lembrando-me desse fato da vida desse homem, resolvi colocar no papel. Fora deste grave defeito, era uma pessoa agradável, homem educado, respeitoso, bonachão; talvez fosse o único, enquanto que podem haver tantos outros, talvez piores.
Mas, enfim, ficou essa lembrança carinhosa desse homem que não guardava segredos, mas não deixe de lembrar as palavras de Jesus, “vê o argueiro no olho de seu irmão, primeiro tira a trave que está no seu, para ver direito”.
Que Deus o abençoe onde esteja.
Mensagens - Folhas Esparsas
Por Espiritos Diversos.
Otacir Amaral Nunes
A COLHEITA
Se hoje cabisbaixo e só reclama carinho e apreço, como se o mundo estivesse conspirando contra a sua felicidade, julgando de maneira cruel tantos benfeitores de seu caminho, considere que talvez tenha chegado a hora da colheita de ontem.
O caos nunca foi orientação para ninguém. Assim, organize-se e viva melhor. Muitas pessoas de tanto pensar mal no mundo, não percebem que bem perto de sua casa existem tantas pessoas fazendo o bem, somente elas não percebem.
O mundo em que vive, também tem as suas regras.
A mente está sempre aberta e atenta a tudo o que acontece, a fim de não ser surpreendida por surpresas desagradáveis.
Apesar de tudo, ainda não percebeu que até hoje só tinha privilégios, se fosse tão pobre que não tivesse o pão de cada dia, e com muito esforço viesse pedir a comiseração dos outros, a fim de obter o alimento daquele momento e se só recebesse reprovação. Se tivesse com a clara desvantagem daquele que ofende, que noite e angústia seriam as suas companhias, sem que pudesse conciliar o sono.
Se tivesse ainda sob o impacto de alguém que partira para outra dimensão da existência, e tivesse que enfrentar doloroso processo obsessivo em familiares queridos que de jeito nenhum aceitam a hipótese da continuação da vida e se entregam ao desespero.
Se alguém ao seu lado pedisse o pão e não tivesse a quem recorrer, nem conquistá-lo pelo trabalho, certamente que seu semblante de repente se cobriria de dor e sofrimento.
No entanto, hoje se desespera por alguém que somente lhe feriu o orgulho, ou não foi valorizado como queria, no entanto, de outro lado goza de saúde e bem-estar, claramente não compreendeu o que é realmente viver.
Se já sentiu a dor da separação de alguém que ama, porque julgou outra a direção que devia seguir, não podendo retê-la ao seu lado, e muito gostaria de ter um momento sequer que fosse de compreensão, mas sem razão fecha a porta para que sua dor seja menor, mas nunca se lembra daqueles dias e noites preciosas que vivera ao seu lado, sem valorizar o amor e a compreensão que lhe propiciara todo o reconforto que fora capaz.
Se realmente já tem tantas possibilidades de demonstrar pelo menos o seu reconhecimento àquele que lhe proporciona todas as vantagens, num gesto de carinho e gratidão, agora a própria vida nega-lhe esse apoio a fim de que cresça, afinal está mais que na hora, de se tornar adulto, afinal o tempo passou de ser o filho mimado de outrora.
Se já desfrutou de tantas vantagens em que a vida só o favoreceu, sem que se privasse nunca nem do supérfluo, neste momento estará a sua espera uma dívida imensa, que deve desde já preparar-se para quitá-la e por agora seja servidor também que chega a hora do ajuste de sua própria consciência.
Ponha-se de pé e reaja, porque chegou a hora da colheita.
Mensagens - Histórias Educativas
Por Espíritos Diversos
Otacir Amaral Nunes
Psicografia
Querido filho Nestor!...
É gratificante vê-lo imbuído de novos propósitos, visando à paz no lar, além de que tentando levar adiante o trabalho pelo pão de cada dia, sabendo que para isso é preciso realmente “suar a camisa”. Compreendeu que é preciso dar bons exemplos para aos filhos, além de todo apoio para a esposa, para que ela possa cumprir suas obrigações.
Esta é uma atitude louvável de sua parte, pois que as pessoas no plano físico, encontram-se com objetivos determinados, formando famílias com espíritos afins. Esses laços de amizade e simpatia devem ser cultivados, à semelhança das plantas, que sem cuidados especiais não vingam, portanto é necessário cercá-las de cuidados, oferecendo ao solo árido, o fertilizante, a calagem, de forma a corrigir suas distorções, além dos inseticidas, a fim de proteger a planta tenra, contra as investidas dos seus inimigos naturais; em muitos casos, é imprescindível a irrigação, pois faltando água a planta fenece.
Para que as plantas se desenvolvam sadias, é necessário manter a limpeza, além de poda corretiva, extraindo da planta as vergônteas indesejáveis ou desnecessárias ao seu desenvolvimento.
Na família também é assim, como a planta, é necessário proceder como o fruticultor: primeiro utilizar os ensinamentos de Jesus para sedimentar a terra de nossos corações. O amor e a caridade que formarão a base de tudo. Juntar o bom senso e a benevolência que passam a ser o fator tempo, além de que deve estar sempre atento para que não deixe que o mal prospere.
Mal representado nas ervas daninhas, porque, em muitos casos, perdemos a colheita por causa de pequenos cuidados, sem os quais a família não se concretiza em bases sólidas, pois falta, às vezes um pouco mais de atenção em certos setores da casa, ou porque se quer viver o seu mundo, isolado dentro do próprio lar, sem se importar com os demais, de forma que mil razões existem para ficarmos atentos aos mínimos detalhes, a fim de não comprometermos toda a estrutura familiar, que será muito lamentável.
Portanto, a prudência do fruticultor, para que a colheita seja farta e abundante, corrigindo aqui, apoiando ali, usando todo tato e psicologia para não criar um clima pesado dentro do lar, incompatível com a necessidade de paz que deve existir no santuário doméstico.
Siga em frente, porque já venceu batalha mais difícil, nem se deixe abater, mas persista no propósito de levar, com tato e habilidade, de vencida mais esta pequena etapa de sua vida, conquanto sempre existam pedras no caminho, mas também existem recursos para removê-las, utilizando a alavanca do otimismo e do trabalho construtivo. Tudo se ajeita, só não pode desanimar, isto equivale “a entregar os pontos”, sem mesmo saber o poder do “inimigo”, coisa que nunca deve acontecer.
Outra coisa que gostaria de lembrar, voltando à história do fruticultor. Imagine só, se faltar a saúde, ficando impossibilitado de dar continuidade a todas as atividades. Claro que se deve trabalhar, administrar os negócios, mas também cuidar da saúde, porque senão o empreendimento todo perderá força, pois faltará o seu principal componente, comprometendo de vez o projeto, portanto, muito cuidado. Vá em frente. Força e otimismo. Assim vencerá.
Por hoje é só, voltarei quando puder.
Belmiro
AMIGOS PARA SEMPRE II
Relações no além-túmulo: simpatias e antipatias
Allan Kardec indaga aos Instrutores da Humanidade se os Espíritos das diferentes ordens se acham misturados uns com os outros. Os Benfeitores esclarecem assim: [...] eles se vêem, mas se distinguem uns dos outros. Evitam-se ou se aproximam, conforme à simpatia ou à antipatia que reciprocamente uns inspiram aos outros, tal qual sucede entre vós. Constituem um mundo do qual o vosso é pálido reflexo. Os da mesma categoria se reúnem por uma espécie de afinidade e formam grupos ou famílias, unidos pelos laços da simpatia e pelos fins a que visam: os bons, pelo desejo de fazerem o bem; os maus, pelo de fazerem o mal, pela vergonha de suas faltas e pela necessidade de se acharem entre os que se lhes assemelham. Tal uma grande cidade onde os homens de todas as classes e de todas as condições se vêem e encontram, sem se confundirem; onde as sociedades se formam pela analogia dos gostos; onde a virtude e o vício se acotovelam.3 Note-se que nem todos os Espíritos têm acesso a esses diferentes grupos ou sociedades. Assim é que os bons podem ir [...] a toda parte e assimdeve ser, para que possam influir sobre os maus. As regiões, porém, que os bons habitam estão interditadas aos Espíritos imperfeitos, a fim de que não as perturbem com suas paixões inferiores.4 Cabe, desse modo, aos bons Espíritos [...] combater as más inclinações dos outros, a fim de ajudá-los a subir. É sua missão.5 Para isso, exercem sobre os Espíritos imperfeitos uma autoridade irresistível, porque alicerçada
na superioridade moral.2
Os Espíritos se comunicam entre si pelo fluido universal, que estabelece entre eles constante intercâmbio, uma vez que é o veículo de transmissão dos seus pensamentos, como para nós o ar é o meio pelo qual se propaga o som. Constitui esse fluido [...] uma espécie de telégrafo universal, que liga todos os mundos e permite que os Espíritos se correspondam de um mundo a outro.6 Essa a razão por que os Espíritos não podem, reciprocamente, dissimular os seus pensamentos, particularmente os Espíritos imperfeitos em relação aos Espíritos
Superiores, uma vez que, para estes, [...] tudo é patente.7
Além da simpatia geral, fundamentada na semelhança entre eles existente, os Espíritos se ligam uns aos outros por afeições particulares, tal como sucede entre os encarnados, sendo, porém, mais forte o laço afetivo no plano espiritual, uma vez que [...] não se acha exposto às vicissitudes das paixões.8 A simpatia que atrai um Espírito para outro resulta da perfeita concordância de seus pendores e instintos. Se um tivesse que completar o outro, perderia a sua individualidade.15 Desse modo, a afeição mútua que dois seres se consagraram na Terra continua a existir no mundo espiritual [...] desde que originada de verdadeira simpatia. Se, porém, nasceu principalmente de causas de ordem física, desaparece com a causa. As afeições entre os Espíritos são mais sólidas e duráveis do que na Terra, porque não se acham subordinadas aos caprichos dos interesses materiais e do amor-próprio.12
Não obstante essas considerações, é importante ressaltar que inexiste [...] união particular e fatal, de duas almas. A união que há é a de todos os Espíritos, mas em graus diversos, segundo a categoria que ocupam, isto é, segundo a perfeição que tenham adquirido. Quanto mais perfeitos, tanto mais unidos. Da discórdia nascem todos os males dos humanos; da concórdia resulta a completa felicidade.13 Assim, é inexata a expressão metades eternas, usada para designar certos Espíritos simpáticos, unidos por uma grande afeição, uma vez que, se [...] um Espírito fosse a metade de outro, separados os dois, estariam ambos incompletos.14
O Espírito Emmanuel, por sua vez, utiliza-se do termo almas gêmeas, para designar dois Espíritos mais intimamente ligados nas experiências evolutivas, ressaltando, contudo, que não se trata, no caso, das referidas metades eternas.21 E acrescenta que o amor das almas gêmeas não constitui restrição ao amor universal, [...] porquanto, atingida a culminância evolutiva, todas as expressões afetivas se irmanam na conquista do amor divino. O amor das almas gêmeas, em suma, é aquele que o Espírito, um dia, sentirá pela Humanidade
inteira.20
Por outro lado, podem os Espíritos, se imperfeitos, sentir recíproca antipatia e, mesmo, ódio.9 Esses sentimentos são conseqüência das relações de inimizade do passado. A lembrança dos atos maus praticados durante a existência corpórea induz os Espíritos a se afastarem uns dos outros, constituindo-se, assim, obstáculo a que entre eles reine simpatia.11 Essa animosidade se mantém [...] enquanto se não purificam.10
Pode-se dizer que a [...] simpatia ou a antipatia têm as suas raízes profundas no espírito, na sutilíssima entrosagem dos fluidos peculiares a cada um e, quase sempre, de modo geral, atestam uma renovação de sensações experimentadas pela criatura, desde o pretérito delituoso, em iguais circunstâncias. Devemos, porém, considerar que toda antipatia, aparentemente a mais justa, deve morrer para dar lugar à simpatia que edifica o coração para o trabalho construtivo e legítimo da fraternidade.18 Isso porque o [...] amor é uma força
inexaurível, renova-se sem cessar e enriquece ao mesmo tempo aquele que dá e aquele que recebe.16 Movidos pelo amor, os Espíritos [...] constituem também agrupamentos separados, famílias que se foram pouco a pouco formando através dos séculos, pela comunidade das alegrias e das dores.17 Essas famílias [...] se fortalecem pela purificação e se perpetuam no mundo dos Espíritos, através das várias migrações da alma [...].1 Quem pode descrever os sentimentos ternos, íntimos, que unem esses seres, as alegrias inefáveis nascidas da fusão das inteligências e das consciências, a união das almas sob o sorriso de Deus?17
Em suma, o [...] amor é a lei própria da vida e, sob o seu domínio sagrado, todas as criaturas e todas as coisas se reúnem ao Criador, dentro do plano grandioso da unidade universal.19
REFERÊNCIAS
1. KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon
Ribeiro. 127. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 14, item 8, p. 265.
2. ______. O livro dos espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 84. ed. Rio de
Janeiro: FEB, 2003. Questão 274, p. 204.
3. ______. Questão 278, p. 205.
4. ______. Questão 279, p. 205-206.
5. ______. Questão 280, p. 206.
6. ______. Questão 282, p. 206.
7. ______. Questão 283, p. 206.
8. ______. Questão 291, p. 208.
9. ______. Questão 292, p. 209.
10. ______. Questão 293, p. 209.
11. ______. Questão 294, p. 209.
12. ______. Questão 297, p. 210.
13. ______. Questão 298, p. 210.
14. ______. Questão 299, p. 210.
15. ______. Questão 301, p. 211.
16. DENIS, Léon. O problema do ser, do destino e da dor. 30. ed. Rio de Janeiro:
FEB, 2006 Cap. 25, p. 364.
17. ______. p. 366.
18. XAVIER, Francisco Cândido. O consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 27.
ed. Rio de Janeiro: 2007, questão 173, p. 106.
19. ______. Questão 322, p. 184.
20. ______. Questão 326, p. 187.
21. ______. (Nota à primeira edição), p. 233.
PRECE PERANTE AS AFLIÇÕES DA VIDA
Deus Onipotente, que vês as nossas misérias, digna-te de escutar, benevolente, a súplica que neste momento te dirijo. Se é desarrazoado o meu pedido, perdoa-me; se é justo e conveniente segundo as tuas vistas, que os bons Espíritos, executores das tuas vontades, venham em meu auxílio para que ele seja satisfeito.
Como quer que seja, meu Deus, faça-se a tua vontade. Se os meus desejos não forem atendidos, é que está nos teus desígnios experimentar-me e eu me submeto sem me queixar. Faze que por isso nenhum desânimo me assalte e que nem a minha fé nem a minha resignação sofram qualquer abalo.
CÂNTICOS DE LOUVOR
Quando a vida começava no mundo, os pássaros sofriam bastante.
Pousavam nas árvores e sabiam voar, mas como haviam de criar os filhotinhos? Isso era muito difícil.
Obrigados a deixar os ovos no chão, viam-se, quase sempre, perseguidos e humilhados.
A chuva resfriava-os e os grandes animais, pisando neles, quebravam-nos sem compaixão.
E as cobras? Essas rastejavam no solo, procurando-os para devorá-Los, na presença dos próprios pais, aterrados e trêmulos.
Conta-se que, por isso, as aves se reuniram e rogaram ao Pai Celestial lhes desse o socorro necessário.
Deus ouviu-as e enviou-lhes um anjo que passou a orientá-las na construção do ninho.
Os pássaros não dispunham de mãos; entretanto, o mensageiro inspirou-os
a usar os biquinhos e, mostrando-lhes os braços amigos das árvores, ensinou-os a transportar pequeninas migalhas da floresta, ajudando-os a tecer os ninhos no alto.
Os filhotinhos começaram a nascer sem aborrecimentos, e, quando as tempestades apareceram, houve segurança geral.
Reconhecendo que o Pai Celeste havia respondido às suas orações, as aves combinaram entre si cantar todos os dias, em louvor do Santo Nome de Deus.
Por essa razão, há passarinhos que se fazem ouvir pela manhã, outros durante o dia e outros, ainda, no transcurso da noite.
Quando encontrarmos uma ave cantando, lembremo-nos, pois, de que do seu coraçãozinho, coberto de penas, está saindo o eterno agradecimento que Deus está ouvindo nos céus.
Livro Pai Nosso
Francisco Cândido Xavier
Pelo Espírito Meimei
CILÍCIO
RICHARD SIMONETTI
O dicionário define cilício como sacrifício ou mortificação a que alguém se submete, voluntariamente, atendendo a um propósito qualquer.
A jovem grávida sacode o marido, às duas da matina.
– Meu bem, acorde!
Ele, bocejando:
– Que houve? Está se sentindo mal?!
– Não. Só quero fazer uma pergunta.
– Fale.
– Você me ama?
– Claro! Sabe disso!
– Jura?
– Juro!
– Quero uma prova.
– Que prova?
– Um sacrifício…
– Está bem. Faço qualquer coisa por você.
– Estou com vontade de comer melancia.
– Em plena madrugada?!
– É desejo de grávida. Se eu não comer melancia, nosso filho poderá nascer com aquela mancha vermelha no rosto.
– Angioma.
– Vai comprar?
– Mas, querida, onde vou encontrar melancia a esta hora?
– O Ceasa já está funcionando.
– Sim, mas fica do outro lado da cidade...
– Prefere o angioma?
Há, não raro, um componente de ignorância e fantasia no cilício, sugerindo, por exemplo, que a não satisfação de súbito desejo, envolvendo um alimento qualquer, possa marcar o filho que a gestante asila no ventre.
Pior acontecia na Idade Média, quando os cristãos, inspirados na ignorância, levavam a extremos a afirmativa de Jesus, contida no Sermão da Montanha (Mateus, 5:4): Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.
Entendendo esse consolo como uma compensação pelos sofrimentos, o ideal seria sofrer bastante na Terra para garantir recompensas maiores no Céu.
Tal concepção, amplamente difundida, gerou comportamentos absurdos, com destaque para as Cruzadas, guerras de conquista sustentadas pelos reis cristãos na Europa, sob a piedosa alegação de que estavam libertando o solo sagrado da Palestina, em poder dosárabes.
– Deus o quer! – era o grito de guerra.
Envolveram-se milhares de fiéis ingênuos, dispostos ao tormentoso cilício dessa aventura, com a fantasia de que todo cruzado teria passaporte para o paraíso.
A idéia do cilício como autoflagelação sugeria um comportamento alienado.
Havia os que se internavam em lugares ermos, totalmente isolados, com o propósito de fugir dos males da sociedade.
Outros, buscando uma vida natural, punham-se a pastar nos campos, como se fossem muares. Era comum açoitarem o próprio corpo para se livrarem do pecado.
Muitos se propunham ao mutismo absoluto, passando anos sem pronunciar uma palavra.
Há uma experiência emblemática a respeito do assunto.
Em meados do século VI, nas proximidades de Antioquia, na Síria, um piedoso cristão chamado Simeão instalou-se no alto de elevada coluna por ele construída.
Inteiramente entregue à devoção, era atendido em suas necessidades por amigos e discípulos que o visitavam, diariamente, muitos dos quais imitariam, mais tarde, seu exemplo.
No exíguo espaço, dezoito metros acima do solo, submetido às intempéries e ao desconforto, passou os restantes trinta anos de existência sem jamais descer.
Algum tempo após sua morte foi canonizado, recebendo o título beatífico de São Simeão, o Estilita.
Se hoje alguém tentasse realizar a mesma proeza, certamente seria internado em manicômio; mas, na Idade Média, tais aberrações eram comuns, consideradas atos de extrema piedade.
Não obstante o progresso alcançado, subsiste a idéia do cilício, da mortificação, em favor da depuração, como passaporte para o Céu.
Ainda hoje há quem se proponha a longos jejuns por depurativos espirituais, carregando uma cruz, a imitar o sacrifício do Cristo, ou subindo escadarias de igrejas de joelhos, por penitência.
As próprias rezas, envolvendo intermináveis e cansativas repetições, nos rituais religiosos, representam uma forma amena de cilício.
No capítulo V, item 26, de O Evangelho segundo o Espiritismo, diz um anjo guardião:
[...] Se quereis um cilício, aplicai-o às vossas almas e não aos vossos corpos [...] fustigai o vosso orgulho, recebei sem murmurar as humilhações; flagiciai o vosso amor-próprio; enrijai-vos contra a dor da injúria e da calúnia [...]. Aí tendes o verdadeiro cilício [...] porque atestarão a vossa coragem e a vossa submissão à vontade de Deus.
Fica bem claro que o verdadeiro cilício está no esforço ingente de nossa renovação, combatendo imperfeições e mazelas, renunciando às ambições, aos vícios, ao orgulho, à vaidade, causas geradoras de nossos males.
Existem cilícios inconscientes, dos quais raras pessoas estão livres.
São os problemas físicos e psíquicos, doenças e tensões, intranqüilidade e insegurança, angústia e tristeza.
Não se trata de uma iniciativa ingênua ou mal orientada, mas de uma imposição da própria consciência, como resultado de um comportamento comprometedor.
As ciências psicológicas têm avançado bastante nesse particular, demonstrando que os males do paciente guardam origem em complexos de culpa.
Essas idéias aproximam-se dos princípios espíritas. Falta apenas, aos psicólogos, avançar no tempo e descobrir que esses cilícios estão vinculados às nossas iniciativas infelizes em vidas anteriores. São reações de nossa consciência aos comprometimentos com o vício, o erro, o crime…
Na legislação penal humana, há as penas alternativas para crimes leves e criminosos primários.
Alguém que exercita comportamento inconveniente em praça pública, que comete uma agressão ou outras infrações simples, ao invés de sofrer a privação da liberdade, assume o compromisso de realizar serviços comunitários por determinado período.
A justiça humana imita a Justiça Divina.
Sejam os nossos males determinados pelo que estamos fazendo ou pelo que fizemos, de comprometimentos do presente ou do passado, é preciso lembrar uma afirmativa importante do profeta Oséias, citada por Jesus (Mateus, 9:13): Misericórdia quero, e não sacrifício. A mesma idéia está contida, também, no Sermão da Montanha, quando Jesus afirma (Mateus, 5:7): Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
Deus não quer que mortifiquemos o corpo, que nos isolemos da vida social, que carreguemos complexos de culpa conscientes ou inconscientes, a nos infelicitarem.
O Senhor espera apenas que cultivemos a misericórdia.
Poderíamos defini-la como a capacidade de nos compadecermos das misérias alheias, fazendo algo por amenizá-las.
O supremo cilício é lutar contra a tendência ao acomodamento, à inércia, para uma participação efetiva em favor do semelhante.
Os que cultivam o bem do próximo instalam o Bem no próprio coração, libertando-se de temores e dúvidas, fantasias e superstições.
Uma creche filantrópica deixou admirada a repórter que preparava matéria sobre instituições de atendimento a crianças carentes de periferia. Tudo bem organizado, limpo, funcionários atenciosos e dedicados, trabalho impecável.
E comentava com a dirigente: – Soube que a senhora é o cérebro e o coração desta entidade, dando-lhe essa feição acolhedora e eficiente. Falam de sua dedicação e desprendimento.
– Ah! É um exagero inspirado na bondade dos que trabalham comigo.
Sou apenas uma peça nesta engrenagem. E saiba que não tenho mérito nenhum. Estou aqui cumprindo pena alternativa.
A repórter espantou-se:
– Pena alternativa?! Não posso imaginar a senhora praticando delitos…
– Hoje, não minha filha. Mas no passado fui uma criminosa.
Falo como espírita. Na vida anterior pratiquei várias vezes o aborto delituoso, acumulando desajustes que nesta vida se manifestaram desde a juventude, na forma de indefinível angústia, que resvalou para a depressão. Sofri muito.
Conhecendo o Espiritismo, tive notícia de meu passado e a Bondade Divina concedeu-me, por abençoada alternativa, dirigir esta instituição. Estou resgatando meus débitos sem tristezas, exercitando amor pelas crianças.
Ah! Abençoada Misericórdia Divina! Oferece-nos a moeda do amor, substituindo dor, no resgate de nossos débitos!
Em tempo, leitor amigo.
O marido disposto ao cilício de comprar uma melancia na madrugada não a encontrou.
A esposa passou vontade, mas, para decepção dos que defendem a tese, a criança nasceu de cara limpa, sem angioma.
O SONO DA ALMA: PERIGOSA TENTAÇÃO
Leda Maria Flaborea
No Monte das Oliveiras, o crepúsculo anunciava a chegada da noite, momento sublime convidando à meditação. Jesus, na companhia de Simão Pedro, João e Tiago, alcançou o monte para viver a derradeira hora com os discípulos amados. Sabia que ali mesmo seria preso e condenado ao calvário.
Solicitou o Mestre aos companheiros que permanecessem em oração e vigilância, junto com ele, para que tivesse a glorificação de Deus no supremo testemunho. Afastou-se e, colocando-se em prece, a pequena distância, pôde ser observado em toda sua sublimidade por aqueles corações que O ouviam e amavam.
Narra Lucas¹ que, sem motivo que pudesse ser explicado, os três adormeceram no decurso da oração, enquanto Jesus orava fervorosamente, mesmo diante de tão grande dor que se avizinhava.
Essa passagem evangélica remete-nos a duas reflexões que devem ser expostas por estarem ligadas à nossa condição atual de eternos aprendizes da Sabedoria Divina. A primeira é uma chamada à conscientização das tarefas que estão sob nossos cuidados. Diz Emmanuel² que o aprendiz do Evangelho deve ser “o campo de trabalho do Reino, onde se esforçará operoso e vigilante, compreendendo que o Cristo prossegue em serviço redentor para o resgate total das criaturas – ‘Nenhuma das ovelhas de meu Pai se perderá’”.
Todavia, não ignoramos a presença de inúmeros companheiros – e quantas vezes nós próprios! – com atividades alicerçadas nos ensinamentos cristãos, que permanecem dormindo nas conveniências pessoais, geralmente ligadas a interesses mesquinhos, nas vaidades efêmeras. Os chamamentos transitórios nos iludem e fazem com que o tempo seja gasto em futilidades. Malbaratamos as oportunidades valiosas que nos são oferecidas para nosso crescimento espiritual e permanecemos voltados apenas para as questões pessoais que nos afetam o cotidiano.
Com propriedade, ainda, lembra Emmanuel² que “falam do Cristo, referem-se à sua imperecível exemplificação, como se fossem sonâmbulos inconscientes do que dizem e do que fazem, para despertarem tão só no instante da morte corporal, em soluções tardias”.
Somos os discípulos de hoje que esquecem o mandato do qual somos portadores, que se inquietam pela rápida execução dos seus desejos e caprichos, procurando aproveitar cada momento da existência como se fosse o último, acreditando que os dias correm depressa demais, para tantos prazeres materiais a serem experimentados.
Olvidam que a vida é eterna e que o tempo no corpo físico, ante essa eternidade, é quase nada. E ao despertarem no mundo espiritual, os obreiros distraídos, sob a cobrança da própria consciência, choram e clamam pelo reencontro da paz do Cristo. “A minha paz vos dou. Não a paz do mundo, mas a minha paz.”
Assim, como Jesus, ao ver os discípulos dormindo, lhes disse: “Por que estais dormindo? Levantai-vos e orai para que não entreis em tentação”, também o discípulo invigilante ouve, nos refolhos da sua consciência, a voz do Senhor dizendo a Pedro: “Então, nem por uma hora pudeste velar comigo?”³ E se não conseguimos, ainda, permanecer uma hora com o Cristo, na prática dos Seus ensinamentos, como pretender a união com Ele para sempre?
Somos os Lázaros modernos a quem o Cristo chama: Acorda! Levanta! Sai!
Acorda para a consciência de que és um ser espiritual, imortal, criado por Deus para viver na plenitude do Seu Amor.
Levanta dessa ociosidade que te prende às algemas materiais, que te limita a mente e te engessa no passado.
Sai do egoísmo que te bitola a visão do cosmo e que te faz imaginar que és o centro do Universo. Sai do teu “eu” fantasioso e amplia a mente para tudo que esteja ao teu redor, seja estrela, seja homem.
Abandona a velha estrutura que te mantém atado a valores antigos de cor, religião, posição social, e entrega-te a Deus, como ser cósmico que és, ser divino com luz própria e infinitas capacidades de voar para a felicidade plena.
Uma segunda reflexão – Sobre a narrativa de Lucas e Mateus encontramos – com grande beleza – em Humberto de Campos.4 Diz o querido instrutor espiritual que após o episódio do Horto das Oliveiras, onde dormira com seus companheiros – não atendendo ao pedido de Jesus para a oração e vigilância – no momento em que o coração amoroso do Mestre mais necessitava de assistência e afeto, João, o filho de Zebedeu, implorava, em lágrimas, que Ele perdoasse seu descuido da hora extrema.
“Certa noite, após as reflexões costumeiras, sentiu ele que um sono brando lhe anestesiava os centros vitais. Como numa atmosfera de sonho, verificou que o Mestre se aproximava. (...) Precedendo suas palavras do sereno sorriso dos tempos idos, disse-lhe Jesus:
– João, a minha soledade no horto é também um ensinamento do Evangelho e uma exemplificação! Ela significará, para quantos vierem em nossos passos, que cada Espírito na Terra tem de ascender sozinho ao calvário de sua redenção, muitas vezes com a despreocupação dos entes mais amados no mundo. Em face dessa lição, o discípulo do futuro compreenderá que sua marcha tem que ser solitária, uma vez que seus familiares e companheiros de confiança se entregam ao sono da indiferença! Doravante, pois, aprendendo a necessidade do valor individual no testemunho, nunca deixes de orar e vigiar.”4
Assim, necessário se faz que, enquanto nos encontrarmos no corpo físico, não durmamos em espírito, desatentos aos convites de Jesus. É fundamental para nossa proteção e sustentação que nos levantemos e nos esforcemos, porque é “no sono da alma que se encontram as mais perigosas tentações, através de pesadelos e fantasias”.²
Bibliografia:
1. Lucas, 22:46.
2. XAVIER, F. C. – Caminho, Verdade e Vida – pelo Espírito Emmanuel – 17ª ed., FEB – Rio de Janeiro/RJ – lições 87 e 88, 1997.
3. Mateus, 26:40.
4. XAVIER, F. C. – Boa Nova – pelo Espírito Humberto de Campos – 25ª ed., FEB, Rio de Janeiro/RJ – Cap. 27, 1999. O Consolador
Revista Semanal de Divulgação Espírita
Ano 10 - N° 477 - 7 de Agosto de 2016 |