"Luzes do Amanhecer"

ANO II - Nº 14 – Campo Grande – MS – Março de 2007
EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
Rua Colorado n o 488, Bairro Jardim Canadá, CEP 79112-480, Campo Grande-MS.


                "Não há fé inabalável senão aquela que não encarar a razão face a face, em todas as épocas da Humanidade" Allan Kardec


                Ninguém está desamparado, mesmo aquele que a seus olhos se apresenta como malfeitor, visto que nós outros já estivemos em crise, com certeza, em outras situações e hoje graças a Deus superamos os nossos próprios desequilíbrios.

“MEA CULPA”

                Quanta vez, Senhor, rogava-te o amparo, mas reservava-me o direito do comodismo, enquanto que exigia até o sacrifício de carregar-me às costas, pois segundo me ensinaram - era o Salvador.
                Quanta vez, Senhor, negara o socorro àquele que batera a minha à porta, porém intentando desobrigar a minha consciência de ceder-lhe um pedaço de pão, escudado-me na indiferença, inventando desculpas para me justificar, mas não sabia que podia ser você mesmo, Senhor, a pedir–me o pão aos seus tutelados que sofrem.
                Quanta vez, Senhor, deitara-me em leito macio, esquecido que lá fora há sofrimento e dor, e na miséria tantos que sofrem e enquanto sobravam-me recursos, quando... Senhor, esperavas que os socorressem, afinal, para quem muito fora dado, devia pelo menos dar o bom exemplo.
                Quanta vez, Senhor, podia estender a mão a alguma mãe desesperada, talvez, um pequeno auxílio ao seu filhinho que sofria e neguei com veemência e escarnecia ainda, zombando de sua dor, com palavras ferinas, dizia, “faça como eu, trabalhe!” E retirava-me negligente a minha mansão confortável, onde era atendido por servidores solícitos.
                Quanta vez, Senhor, podia ter feito alguma coisa de bem pelos outros, mas estava preocupado com frivolidades de uma vida sem responsabilidades, não sabia que em breve acabariam meus pobres dias sobre a terra, e ver-me-ia diante de minha própria consciência, indagando-me: que fizeste mordomo infiel dos bens que te confiei? Quando devia arar a terra para ter uma colheita farta e pelo esforço de cada dia iluminar o meu próprio caminho, cavara a terra e enterrara os meus talentos, no entanto se por alguma coisa mínima não era contrariado em meus interesses egoístas, questiona ainda a bondade do Senhor que tudo me concedera, e ainda, julgava-O, um Senhor de rija condição que recolhe onde não semeara.
                Quanta vez fora injusto por não ter tido a coragem de assumir a condição de responsável diante da dor do próximo, porque era melhor inventar desculpas, ou evasivas que me isentasse de responsabilidade, não sabia, pobre de mim, que a vida cobraria os seus recursos, malbaratados por minha omissão quando devia agir no bem.
                Quanta vez fora perdulário com os valores que me confiara para satisfazer minhas paixões, mas extremamente avaro com subalternos que me serviam dia e noite.
                Agora que tenho que me penitenciar de tantos erros, porque fora um doente obstinado e rebelde que se recusava à benção do remédio, porque julgava amargo demais, mas que pronto debelariam as doenças graves de minha alma -chamadas egoísmo e orgulho - para logo depois exigir dos outros, o que não fizera por ninguém.
                Quanta vez fora omisso ante a dor do próximo, pois que com pequeno valor podia fazer muito.
                São tantas questões que me atormentam a mente e o coração, que já pressinto que somente muitas provas dolorosas serão capazes de abrir a porta para reparar esse terrível engano de uma existência mal vivida.
                Quanta vez censurara a conduta alheia em público, mas na intimidade fazia algo ainda pior, pois que hoje a consciência cobra. Os homens podem esperar, mas ela, a consciência, a juíza reta e íntegra editara na hora justa o relatório de tudo que praticara, e nesse momento, Senhor, que a tristeza e a vergonha se fizeram dolorosas demais, porque me reconhecera perdulário dos valores extraordinários que recebera às mãos, que negligentemente os desperdiçara.
                Mas agora depois de tantos anos, onde dores superlativas se me fizeram companhias assíduas, por longos e dolorosos dias sem luz e sem esperança, volto mais uma vez para deplorar minha atitude e rogo, Senhor, a benção de retornar, mediante uma nova encarnação para ressarcir, porque em verdade fizera tudo contra o que estabelecera, mas também posso avaliar que serão dias de provações difíceis de atravessar, a fim de que possa refletir melhor no imenso débito que contraíra, e que somente através desse processo doloroso de reparação é que poderei quitar-me diante da própria vida, ou seja, como falara o Cristo, “não sairá daqui enquanto não pagar até o último centavo”. Ainda que essa outra existência seja extremamente eivada de sofrimentos e dores, ainda assim concede-me a bênção de voltar... Para recomeçar tudo, como aquele aluno que reprovara e por certo muito sofrerá por haver de repetir antigas lições, especialmente por sentir que antigos companheiros mais diligentes demandaram planos mais felizes, e que somente ele ficara na retaguarda, não obstante já saber que somente assim poderá ser promovido à classe seguinte, ou seja, quando houver assimilado todo o conteúdo da prova, sem reclamar das dificuldades. Mas como for, concede-me, Senhor, o direito de voltar em outro corpo e resolver as questões maiores de minha caminhada evolutiva.

Rafael Sânzio/ Otacir Amaral Nunes
Campo Grande/MS

 

SE REALMENTE PRETENDE SERVIR

                A mensagem que endereça a alguém pode ser que sirva, em primeiro lugar, para si mesmo. Porque amiúde vê os próprios defeitos nos outros, e imaginando que com a sua clarividência privilegiada estará fazendo grandes descobertas, inclusive, pode estar, sem saber, falando de suas próprias deficiências.
                Por isso preste atenção, a fim de não cometer erros de avaliação, de vez que pode ser induzido a encaminhar de maneira equivocada a sua mensagem.
                Quando escrever algo pensa naturalmente nos outros, imagina levar uma sugestão a alguém, mas em resumo, esse alguém pode ser você mesmo.
                Todos são chamados a grande tarefa do bem, mas bem poucos compreendem o seu imperativo e a sua oportunidade. Não sabem que existem muitos empecilhos que ainda o mantém de olhos vendados diante do sofisma das paixões, dificilmente raciocina com lógica. Por esta razão que ocorre alguma coisa da maneira que não espera.
                Se realmente está aqui para servir, por que põe tanto obstáculo no caminho dos outros?
                Por que em vez de julgar, não resolve ser mais solidário com o próximo. Ajude-o, talvez essa atitude seja mais eficaz que o julgamento sistemático do próximo. O grande erro da Humanidade, é que deseja o homem que os outros pensem por sua cabeça, quando isso não ocorre, não sabe compreender que algo está errado de verdade.
                Qualquer decisão que opine sobre este ou aquele assunto, nunca será definitiva, porque a rigor, não sabe a verdade integral, que por enquanto está oculta aos olhos do homem, somente com a revelação desta é que poderia realmente marcar posição, levantar a ponta do véu que oculta as verdades integrais, mas de acordo com a sua evolução só poderá saber até determinados limites.
                Em nenhum momento ficará isento de responsabilidade de servir. Muitos chamados, poucos escolhidos. É a filtragem natural, e que deve ao longo do tempo ser oferecida com uma justa medida, como também para que venha colher o fruto do seu trabalho.
                Ninguém sonegará o pão ao trabalhador, sem graves e inevitáveis conseqüências.
                Quantos se deixam levar por idéias falsas, que não souberam ou não puderam de momento entender, somente mais tarde compreenderão no erro que laboraram. É possível que muita coisa passe sem perceber o seu devido valor, mas nem por isso serão menos verdadeiras.
                Qualquer que esteja nesse precioso trabalho indagará ainda que tudo caminha dentro de uma base segura, e somente o amor e caridade serão capazes de o manter nesse patamar.
                Quando ouves outras opiniões, não se escandalize, considera que já pensou assim, já cometeu até erros maiores, e muitas vezes teve a compreensão dos outros, a fim de que não desistisse de lutar e compreender que muito deve a esses outros.
                Sem sombra de dúvida que muito tem a reciclar, para que se coloque em condições de servir de verdade. Mas contente-se com o que já pode realizar. Qualquer alteração na meta pode comprometer todo o conjunto do trabalho.
                Deve obedecer ao roteiro sem alterar qualquer dispositivo, a não ser quanto seja absolutamente necessário.
                Quantos são chamados à tarefa do bem, mas alegam que não tem condições, que tem outros afazeres que consideram mais importantes, inclusive, destacam mil motivos para não abraçar a tarefa que lhe daria muita felicidade. Não sabe que a felicidade tem o valor exato do amor que devota aos outros. Naturalmente que o trabalho é difícil, mas como se poderá conquistar algo de durável sem trabalho. Tem que se fazer merecedor do quinhão que espera, e somente o trabalho no bem de maneira desinteressada é que poderá angariar recursos que permita ascender a um mundo melhor.
                Exemplos não faltam. Veja a vida dos apóstolos, justamente, aqueles que conheceram Jesus de mais perto.                 Somente João Evangelista não morreu de maneira violenta, os demais todos morreram pela causa.
                E você que não se exige nada mais, do que a boa vontade e essa decisão de fazer o que lhe compete. Somente isso será capaz de angariar–lhe recursos consideráveis que permitirão superar as próprias dificuldades.
                Em frente com muita decisão.
                Um passo a frente. Existem muitas histórias de pioneiros que superaram os maiores obstáculos e venceram, deixando aos outros um caminho aberto à realidade da própria vida.
                Assim que pode acontecer que alguém dependa de uma possibilidade também, para caminhar pelos caminhos de Deus.
                Em qualquer lugar verá a marca daqueles abnegados trabalhadores do primeiro momento que continuam a ajudar o progresso.
                Pode considerar esses exercícios até repetitivos, mas são importantes para que aprenda a manter e comunhão de pensamentos com os amigos da espiritualidade de maneira permanente.
                Continue apesar das dificuldades. Os grandes empreendimentos são frutos de imensos sacrifícios, e você que deseja estudar o seu mundo moral com o êxito esperado, não pode prescindir desse espírito de abnegação no propósito de vencer.
                Muitos baterão a porta e não entrarão, porque não souberam pavimentar o seu trabalho com mais amor. Mas simplesmente acharam que tinham direito por isso ou aquilo, mas não é desse jeito que funciona, mas somente em função do trabalho que se realiza em favor do próximo. As posições são conquistadas pelo amor desinteressado ao próximo.
                Assim que se mantenha em condições de servir. Não importa os percalços do caminho. Não importa que muitas vezes não alcançasse o seu objetivo. Não importa se um dia tenha sofrido. Não importa que não vejam com óculos de aumento as suas virtudes. Não importa se ainda não é perfeito. Por todas essas posições poderá conquistar com mais amor ao próximo. Tudo é possível, desde que tenha muita boa vontade e muito amor no coração.


Áulus /Otacir Amaral Nunes
Campo Grande/MS

 

A TAREFA RECUSADA

                Atanásio, o devotado orientador espiritual de grande grupo doutrinário, admitido à presença de nobre mentor dos planos elevados, explicou-se, comovido:
                - Nobre amigo, venho até aqui vos solicitar providência inadiável.
                - Diga, irmão – respondeu carinhoso o interpelado - , a Bondade Divina nunca nos faltará com recursos necessários aos serviços justos.
                - É que o nosso grupo na esfera do Globo – esclareceu o mensageiro, evidenciando sublimes esperanças – precisa estabelecer tarefa curativa, com a cooperação dos companheiros encarnados. Nossos trabalhos são visitados diariamente por enormes fileiras de criaturas necessitadas de amor e consolação. Como não ignorais, generoso amigo, há na Terra corações esterilizados pelo sofrimento, espíritos endurecidos pelas desilusões, almas cristalizadas na amargura... Permiti-me integrar alguns dos irmãos na posse dos bens de curar. Semelhante concessão seria motivo de enorme contentamento entre os operários espirituais da casa de serviço confiada ao meu coração.
                A entidade superior refletiu alguns instantes e considerou:
                - A tarefa , tal qual você a solicita, não pode dispensar a contribuição de cooperadores humanos. E dispõe você de auxiliares dispostos às dificuldades e tropeços do princípio e sinceramente interessados em servir o Senhor, na atividade de assistência aos que padecem?
                Atanásio deixou perceber enorme confiança a lhe vibrar nos olhos muito lúcidos e sentenciou:
                - Oh!!! Temos numerosos cooperadores, dos quais devo esperar a melhor compreensão. É incrível não se rejubilem todos com dádiva tão honrosa! Entenderão o sagrado objetivo, colocando sobre todas as atividades os divinos interesses do Senhor.
                - Pois bem, aceitando-lhe as afirmativas, não tenho qualquer objeção aos seus bons desejos.
                E, num gesto significativo, o nobre mentor determinou que se lhe apresentassem dois companheiros de trabalho.
                Dirigindo-se a ambos, observou generosamente:
                - Abel e Jonas, ficam vocês incumbidos de se encaminharem à Terra, junto a Atanásio, na qualidade de portadores dos recursos necessários ao estabelecimento de tarefa curativa no grupo doutrinário que lhe recebe a orientação.                 Como responsável pela providência, indicará ele quais os irmãos a quem se deverão entregar as dádivas do nosso plano.
                Após ligeira confabulação afetuosa, voltou o orientador, esperançoso e otimista, em companhia de ambos os embaixadores das novas bênçãos.
                Chegados ao grupo terrestre, desdobravam-se os serviços de uma das sessões semanais. Ao término dos trabalhos, o velho Augusto Pena, que dirigia a assembléia, comentou sob a inspiração direta do condutor espiritual da casa:
                - Meus amigos, findas as preleções evangélicas, cumpre-me recordar a necessidade premente de instituirmos serviços de assistência fraternal, em nossa tenda de atividades espirituais. Em vista de trazer o Senhor tantos famintos, enfermos e aflitos às nossas portas, creio chegado o instante de multiplicarmos energias para atender ao trabalho justo de socorro imediato àqueles que o Mestre nos envia. Entretanto, neste particular, não temos organizações mediúnicas definidas.                 Esta realidade, porém, não nos exime da obrigação de entender as sagradas palavras “batei e abrir-se-vos-á”.                 Necessitamos, por nossa vez, bater à porta da realização, não com impertinência, mas com o sincero desejo de atender aos propósitos divinos. Não devemos tentar a colheita de fruto que não amadureceu; mas, devemos adubar a árvore, proteger-lhe as flores e oferecer-lhe condições adequadas à frutificação. Estou certo de que as faculdades curadoras não chegarão milagrosamente; contudo, precisamos começar nosso esforço, oferecendo sentimentos e possibilidades ao Senhor Jesus. Se é verdade que ainda não dispomos de elementos para subtrair a inquietação ao aflito ou a doença ao enfermo, é possível, pelo menos, amá-los e ajudá-los. Uma faculdade superior é a síntese de grande conjunto de experiências e note-se que me refiro à faculdade superior, porquanto, no terreno comum, as faculdades naturais pertencem a todos. Ora, um médico de valor não se forma em alguns dias e é indispensável recordar que o Senhor nos concedeu na Terra não uma esfera de purificação, mas também vasta universidade de trabalho, onde toda criatura pode preparar-se para o Mais Alto, desde que não desdenhe a luz da boa-vontade.
                Depois de longa pausa, na qual observava o efeito de suas palavras, o orientador concluiu;
                -Desejaria, pois, conhecer quais os companheiros que estarão dispostos a iniciar semelhante serviço. O trabalho constará de aproximação afetuosa, aqui no grupo, de todos os doentes ou necessitados, no sentido de se lhes proporcionar o conforto possível. Distribuiremos passes magnéticos, remédios, água efluviada e, sobretudo, conversações sadias. Creio que a palestra sã, inspirada em Jesus, pode ser muito mais eficaz nos enfermos do que a própria medicação. Esses trabalhos, porém, deverão ser ininterruptos. Precisamos de companheiros que perseverem no bem, sem idéia de vantagens, consolações próprias ou recompensas individuais. Convencido estou de que a Celestial Bondade virá ao encontro dos que insistirem fielmente nas obras do amor, coroando-lhes o espírito de serviço com os mais sublimes patrimônios para a eternidade.
                Silêncio inesperado seguiu-se ao apelo do orador.
                Necessitando sondar o ânimo da assembléia, o velhinho começou a interrogar individualmente:
                - A senhora. D. Joaquina, que me diz?
                A interpelada exibiu sorriso vago e respondeu
                - Ora, Sr. Pena, quem sou eu? Não presto para coisa alguma.
                - Qual a sua opinião, Sr. Tavares?
                Mas o Sr. Tavares, fazendo desagradável carantonha, explicou-se, sem preâmbulos:
                - Sou um miserável, meu amigo, sou indigno e nem mereço a atenção da pergunta.
                - Como interpreta o plano de serviço, Sr. Ferreira? – inquiriu Pena a outro amigo.
                - Sou um desgraçado pecador – replicou o interpelado -, não tenho qualidades para pensar nisso.
                O velhinho prosseguiu, sem desânimo:
                - E a senhora, D. Bonifácia?
                - Eu? Eu? – exclamou aflita uma velhota que se mantinha em funda concentração – não posso, não posso ... Sou uma ré de outras existências, minha misérias são intermináveis...
                - Sr. Antonino – continuou o velho, paciente - , que me fala exposto?
                - Sou muito imperfeito, sou um criminoso! Respondeu Antonino, amedrontado - , sou indigno de assistir alguém em nome de Jesus.
                E, no mesmo diapasão, não houve ali quem aceitasse a incumbência espiritual. Alguns estavam ocupados com o trabalho, outros com a família. A maioria declarava-se miserável. Ninguém possuía dez minutos por dia, nem um centímetro de bondade para o serviço proposto. Todos se afirmavam absorvidos por preocupações ou totalmente indignos.
                O doutrinador decepcionado encerrou o assunto, prometendo voltar ao caso em breves dias.
                Na esfera invisível, todavia, o quadro era mais comovente. Enquanto Abel e Jonas sorriam. Atanásio fazia o possível por dissimular as lágrimas.
                - Como vemos – disse Abel ao orientador, com grande bondade -, parece que a casa ainda não se encontra disposta a receber a tarefa. Todos os componentes se declaram ocupados, miseráveis, imperfeitos e criminosos.
                - Sim, sim – tentou Atanásio, triste -, meus companheiros, por vezes, são demasiadamente humildes.
                Nesse instante, porém, fez-se visível, entre os três, a nobre figura do benfeitor espiritual que determinara a concessão, exclamando:
                - Não sofra, meu caro Atanásio; mas também não fuja à verdade dos fatos. Seus tutelados são fracos, porém não humildes. Onde está a humildade, há disposição para servir fielmente a Jesus. O verdadeiro humilde, embora conheça a insuficiência própria, declara-se escravo da vontade do Senhor, para atender-lhe aos sublimes desígnios, seja onde for. Aqui, como acontece com a maioria das instituições terrestres, todos querem colher, mas não desejam semear. Gozam direitos e regalias; no entanto, fogem a deveres e eximem-se a qualquer compromisso sério. E por exibirem títulos falsos, antes de conhecerem as responsabilidades e os esforços que lhes são conseqüentes, terminam sempre as lutas pessoais entre sombra e confusão!...
                Vendo que Atanásio chorava, mais comovedoramente, o elevado mentor concluiu:
                - Não se inquiete, contudo, desse modo, meu caro amigo. Por termos sido frágeis, ignorantes ou piores no passado, o Mestre Divino nunca nos abandonou. As afirmativas de seus tutelados não são filhas da humildade, nem demonstram firmeza de conhecimento de si mesmos; mas, enquanto a tarefa permanece adiada por eles, continuemos trabalhando.


Irmão X
Do Livro “Pontos e Contos” de Francisco C. Xavier.

 

SÓ POR HOJE

                Só por hoje, procurarei viver o dia que passa apenas, sem procurar resolver ao mesmo tempo os problemas da minha vida inteira. Por 12 horas, apenas, poderei executar qualquer coisa que me encheria de pavor se tivesse de realizá-la pelo resto de minha vida.
                Só por hoje, sentir-me-ei feliz. Farei verdadeira aquela frase de Abhran Lincoln: “Muita gente se sente feliz só porque se convence de que o é”.
                Só por hoje, procurarei fortalecer minha inteligência. Aprenderei qualquer coisa de útil. Lerei qualquer coisa que exija esforço, pensamento e concentração.
                Só por hoje, procurarei me ajustar aos fatos, em vez de procurar ajustar tudo que existe aos meus próprios desejos.
                Só por hoje, exercitarei minha alma de três maneiras: procurarei fazer um benefício a alguém, sem contar a quem quer que seja. Farei pelos menos duas coisas que não desejo fazer - só por exercício - e hoje se alguma coisa me magoar, não o revelarei a ninguém.
                Só por hoje, procurarei mostrar a melhor aparência possível, vestir-me-ei bem, falar baixo, agir delicadamente, não fazer críticas, e não tentarei corrigir nem dar ordens a ninguém, a não ser a mim próprio.
                Só por hoje, estabelecerei um programa de ação. É possível que eu não o siga à risca, mas tentarei. Livrar-me-ei de duas pragas: a pressa e a indecisão.
                Só por hoje, dedicarei uma meia hora a mim próprio, para silêncio e repouso. Durante essa meia hora, procurarei divisar uma perspectiva mais clara para minha vida.
                Só por hoje, não hei de ter medo. Especialmente, não hei de ter medo de apreciar a beleza e de acreditar que aquilo que eu der ao mundo, o mundo me devolverá.

Autor Desconhecido

 

NÃO TE PRECIPITES

                Disciplina o teu coração, quando enfrentares as provações da vida; e inclinando-te mais a compreender os problemas que se te apareçam sem solução, do que antecipar os acontecimentos, culpando esse ou aquele companheiro...
                Não te precipites com tuas palavras, nem se apresse o teu coração para condenar os caminhos que te pareçam impercorríveis, diante das dificuldades que possam surgir.
                Se estiveres em alguma parte e sentires a opressão dos pobres e a violência em lugar de Justiça; não te imponhas ao sacrifício, porquanto, no que mais te pareças estranho, Deus, aconselha-te a orar em silêncio.
                Visita o lar onde há dor, pranto e luto, porque as tristezas melhoram o coração, no concurso do companheirismo.
                Ouve as palavras sábias, nem te apresses a sair da presença daqueles que militam o evangelho a serviço de Jesus.
                Lembra o acordo de consciência, quando promessas de dívidas deixam de ser cumpridas por companheiros infelizes, evitando a discussão inútil.
                Ama teu perseguidor, endereçando-lhe preces de perdão, olvidando todo pensamento de “Justiça Íntima”, porque o entendimento do bem acalma a ira e domina o Espírito.
                Estimula o trabalho em favor do próximo, lembrando os benefícios da natureza a nutrir nossas forças quando estamos combalidos...
                Portanto, antes que se escureçam as luzes da vida e tornem surgir as trevas da morte, recorda-te de que a Terra foi ungida de amor e esperança para todos que à habitam, disciplinando-te nas lições de fraternidade; pois Deus na sua glória, levantará sobre toda obra edificada uma cortina de verdade para clamar sua Justiça!


Ezequiel
Mensagem recebida pelo médium João de Deus, Campo Grande/MS
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FILOSOFIA

                FUGA - Tanto mais só, mais longe de mim me sinto.
                PSIQUÊ – Não sei se procuro fugir de mim mesmo, ou a mim mesmo me encontrar, para ser o que realmente sou.
                ÂNSIA – desejo partir. Não vou, apenas, por não querer chegar...
                AHASVERUS – Tudo me foi negado, mesmo o sofrimento...
                Padeceria minha mãe vendo-me sofrer!
                NOTURNO – que importam as traições na Terra?
                Continuam cintilando as estrelas!
                INTIMIDADE – De tanto levar a cruz, minha alma tomou-lhe o peso...
                QUO VADIS? – Para trás, o infinito...
                Para frente, o incomensurável...
                Que vim fazer no mundo?
                ANTÍDOTO - Envenenaram-me a alma.
                Como soro nasceu-lhe a poesia.
                CONSOLO – Como me dói o corpo! Como me dói!
                Que bom! Tanto mais dói, menos sinto as dores da alma...
                CONFESSIONÁRIO – Por que volto, Senhor, se volto sempre para não voltar?
                EGO SUM.- Milhares de pedrinhas no mosaico da calçada.
                Anônimo, que és no mundo?
                DESILUSÃO – Senti-me em ti.
                Eras apenas um espelho...
                PESA-ME, SENHOR – Grande amigos, poucos...
                Pequenos inimigos – tantos!
                Como sou imperfeito!
                SAUDADES – diferentes estas noites se junho...
                Ontem, balões, fogueiras, sonhos....
                Hoje, da janela dos latos edifícios, alguns foguetes lacrimejam fogo...
                TRAÇO COMUM – Deixei de ser vulgar:
                Compreendi ter a vulgaridades dos homens...
                PRIMEIRO ATO – alvorada!
                Cortina rubra no palco da vida.
                Começa o espetáculo!
                FERVOR – Não importa o ídolo, é preciso fé.
                Não importa o sonho, é preciso amor.
                PERPETUAÇÃO – da coesão dos átomos meiguice de um olhar, escrevem uma história, a eternidade....
                CICLO VITAL – De o pueril cantar de um choro ao senil chorar de uma canção.
                MISTÉRIOS – Por que, em vez de sorrir, chora a criança no berço?
                Por que, em vez de chorar, ri a caveira na campa?
                COMPENSAÇÕES – Há os que sofrem por serem geralmente alegres.
                Há os que se alegram por serem geralmente sofredores.
                DESTINO – chegaram todos, os feios e os suarentos vieram de trem, os simples e empoados de lotação, os afetados e perfumados de carro.
                Todos chegaram, mas chegaram tristes...
                DRAMA – Este cão te lambe as chagas, mendigo...
                Foi o mesmo que açoitaste, opulento!
                ROMANCE – Ele, como uma pedra afagada pela corrente...
                Ela, como a corrente que afagava tantas pedras...
                SAPIENS – Homens!...
                Estudam Confúcio, devotam-se a Cristo, lêem Rousseau, recitam Tagore, apreciam Rafael, ouvem Chopin, encantam-se com as estrelas e depois se matam...
                FORÇA HIDRÁULICA – Nem Niágara, nem Paulo Afonso.
                Apenas uma lágrima de mulher...
                COSMO SILENTE – No silêncio das estrelas a sinfonia do Universo!
                CIRCULO VICIOSO – Branca nuvem, dourado pó.
                Em lama se retornaram...
                IDENTIDADE – Quanta gente estranha, quanta gente...
                Não a conheço mais, em suas fisionomias, vejo os milenares anseios da humanidade.
                DESIGUALDADE - Quanta pequenez faz sofrer e quanta grandiosidade não faz sorrir!


Ruy Afrânio Peixoto

PEQUENO APÓLOGO

                Com respeito à luz do Evangelho que nos compete estender, a favor de nós mesmos, contou velho sábio antiga lenda que buscaremos sintetizar.
                A certo país vergastado de forme, concedeu o Divino Pomicu1tor valiosas sementes de amor e redenção, cujo trato esmerado traria a toda gente benefícios essenciais.
                As sementes, no entanto, robustas e enceleiradas, revelavam-se tão belas que provocaram aluviões de anseios e idéias, palavras e teorias naqueles corações e necessidades.
                Em êxtase, a multidão consagrou-lhes tempo e cuidado no que se referia à pura contemplação.
                Botânicos eminentes vieram de muito longe examinar-lhes a contextura, escrevendo enormes tratados quanto às virtudes de que se faziam portadoras. Geneticistas de prol auscultaram-lhes os princípios, destacando-lhes a nobreza.                 Pintores exímios fixaram-lhes a imagem preciosa, escultores imitaram-lhes a forma divina, poetas cantaram-lhes a beleza, oradores dedicaram-lhes primorosos discursos e longas turbas de crentes agradecidos ajoelharam-se ante o excelso legado, em adoração mística e perene...
                Enquanto isso, passou o tempo multiplicando os casos de inanição e morte.
                Vendo que a nação operosa e fiel desfalecia à míngua de socorro e alimento, mandou o Eterno Amigo que viessem ao campo lavradores humildes que as plantassem ao preço de fadiga e suor, para que o pão e a fé restaurassem a vida.
                No apólogo singelo notamos a aflição da palavra excessiva, sem exemplo que ajude.
                Saibamos, pois, na Terra cultivar o Evangelho em nossos próprios atos, porque somente assim, à custa de trabalho e esforço constante, faremos rebrilhar a palavra do Cristo, valorizando o verbo perante o mundo enfermo que roga a paz e luz.


Emmanuel
Do livro “Caminho Espírita" de Francisco C. Xavier
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O PROGRESSO E A REENCARNAÇÃO

                A Humanidade progride, por meio dos indivíduos que pouco a pouco se melhoram e instruem. Quando estes preponderam pelo número, tomam a dianteira e arrastam os outros. De tempos a tempos, surgem no seio dela homens de gênio que lhe dão o impulso; vêm depois, como instrumentos de Deus, os que têm autoridade e, nalguns anos, fazem-na adiantar-se de muitos séculos.
                O progresso dos povos também realça a justiça da reencarnação. Louváveis esforços empregam os homens de bem para conseguir que uma nação se adiante, moral e intelectualmente. Transformada, a nação será mais ditosa neste mundo e no outro, concebe-se. Mas, durante a sua marcha lenta através dos séculos, milhares de indivíduos morrem todos os dias. Qual a sorte de todos os que sucumbem ao longo do trajeto? Privá-la-á, a sua relativa inferioridade, da felicidade reserva aos que chegam por último? Ou também relativa será a felicidade que lhes cabe? Não é possível que a justiça divina haja consagrado semelhante injustiça. Com a pluralidade das existências, é igual para todos o direito a felicidade, porque ninguém fica privado do progresso. Podendo, os que viveram ao tempo da barbaria, voltar, na época da civilização, a viver no seio do mesmo povo, ou de outro, é claro que todos tiram proveito da marcha ascensional.
                Outra dificuldade, no entanto, apresenta aqui o sistema da unicidade das existências. Segundo este sistema, a alma é criada no momento em que nasce o ser humano. Então, se um homem é uma alma mais adiantada do que outro. Por que esse favor? Que merecimento tem esse homem. Que não viveu mais do que outro, que talvez haja vivido menos, para ser dotado de uma alma superior? Esta, porém, não é a dificuldade principal. Se os homens vivessem um milênio, conceber-se-ia que, nesse período milenar, tivessem tempo de progredir. Mas, diariamente morrem criaturas em todas as idades; incessantemente se renovam na face do planeta, de tal sorte que todos os dias.
                Aparece uma multidão delas e outra desaparece. Ao cabo de mil anos, já não há naquela nação vestígios de seus antigos habitantes. Contudo, de bárbara, que era, ela se tomou policiada. Que foi o que progrediu? Foram os indivíduos outrora bárbaros? Mas, esses morreram há muito tempo. Teriam sido os recém-chegados? Mas, se suas almas foram criadas no momento em que eles nasceram, essas almas não existiam na época da barbaria e forçoso será então se admitir que os esforços que se despendem para civilizar um povo têm o poder, não de melhorar almas imperfeitas, porém de fazer que Deus crie almas mais perfeitas.
                Comparemos esta teoria do progresso com a que os Espíritos apresentaram. As almas vindas do tempo da civilização tiveram sua infância, como todas as outras, mas já tinham vivido antes e vêm adiantadas por efeito do progresso realizado anteriormente. Vêm atraídas por um meio que lhes é simpático e que se acha em relação com o estado em que atualmente se encontram. De sorte que, os cuidados dispensados à civilização de um povo não têm como conseqüência fazer que, de futuro, se criem almas mais perfeitas; têm, sim, o de atrair as que já progrediram, quer tenham vivido no seio do povo que se figura, ao tempo da sua barbaria, quer venham de outra parte. Aqui se nos depara igualmente a chave do progresso da Humanidade inteira. Quando todos os povos estiverem no mesmo nível, no tocante aos sentimentos do bem. A Terra será ponto de reunião exclusivamente de bons espíritos, que viverão fraternalmente unidos. Os maus sentindo-se aí repelidos e deslocados irão procurar em mundos dos inferiores, o meio que lhes convém, até que sejam dignos de volver ao nosso, então transformado. Da teoria vulgar ainda resulta que os trabalho de melhoria social só às gerações presentes e futuras aproveitam, sendo de resultados nulos para as gerações passadas, que cometeram o erro de vir muito cedo e que ficam sendo o que podem ser, sobrecarregadas com o peso de seus atos de barbaria. Segundo a doutrina dos Espíritos, os progressos ulteriores aproveitam igualmente as I
                Gerações pretéritas, que voltam a viver em melhores condições e podem assim aperfeiçoar se no foco da civilização.


Comentários sobre a pergunta nº 789 de “O Livro dos Espíritos” de Allan Kardec

 

NÃO SE ESQUEÇA DO PRINCIPAL!

                Conta a lenda que certa mulher pobre, com uma criança no colo, passando diante de uma caverna, escutou uma voz misteriosa que lá dentro lhe dizia:
                “- Entre e apanhe tudo o que você desejar, mas não se esqueça do principal”.
                Lembre-se, porém, de uma coisa: Depois que você sair, a porta se fechará para sempre. Portanto, aproveite a oportunidade, mas não se esqueça do principal ““.
                A mulher entrou na caverna e encontrou muitas riquezas. Fascinada pelo ouro e pelas jóias, pôs a criança no chão e começou a juntar, ansiosamente, tudo o que podia no seu avental.
                A voz misteriosa falou novamente
                "– Você só tem oito minutos".
                Esgotados os oitos minutos, a mulher carregada de ouro e pedras preciosas, correu para fora da caverna e a porta se fechou...
                Lembre-se, então, que a criança ficara lá e a porta estava fechada para sempre!
                A riqueza durou pouco e o desespero, sempre.
                O mesmo acontece, às vezes, conosco. “Temos uns oitenta anos para viver, neste mundo, e uma voz sempre nos adverte” .
                “- Não se esqueça do principal!”
                O principal representa: os valores espirituais, a oração, a vigilância, a família, os amigos, a vida! Mas a ganância, a riqueza, os prazeres materiais nos fascinam tanto que o principal vai ficando sempre de lado... Assim, esgotados o nosso tempo aqui, e deixamos de lado o essencial”“.
                “Os tesouros da alma!”
                Que jamais nos esqueçamos, que a vida, neste mundo, passa rápido, que a morte chega de inesperado e quando a porta desta vida se fechar para nós, de nada valerão lamentações.
                Portanto, que jamais nos esqueçamos do principal!


Rezen

 

MENSAGEM PARTICULAR

                MINHA QUERIDA IRMÃ...

                Eu estou aqui para abraçá-la no amor de nossa família, neste momento, tão unida no amor de Deus para garantir a nossa paz, nestes momentos de grandes sofrimentos.
                Minha querida Norma, no amor de Deus existem caminhos que ainda não estamos aptos a compreender, porque a vida ainda não nos deu a oportunidade de aprender, principalmente quando achamos que estamos vivendo relativamente bem.
                Ocorre que nem sempre as coisas estão bem e o próprio destino se encarrega de trazer notícias ruins, aquelas que relutamos por não aceitar mesmo que a realidade mostre uma grande diferença, trazendo-nos o desconforto da tristeza e da dor.
                Sei que o nosso Camilo está sofrendo também com esta situação, quase que difícil de acreditar, onde se transformam as alegrias de casa em crises de sofrimento.
                Estou notificando que estou presente em casa, desde o primeiro instante aonde vimos a nossa menina Cinthia ser brutalmente acidentada naquelas circunstâncias que levou a dor para nossa família.
                Ninguém pode imaginar o quanto é difícil perder uma filha, principalmente na sua mocidade, enquanto os números passam a ser créditos numa estatística triste que demonstra que as nossas ruas ainda continuam sendo um palco para os acidentes que violam as leis da felicidade, trazendo para muitos lares a tristeza sem fim de uma tragédia que muda os costumes e transformam as alegrias em sofrimento sem fim, daqueles que ficam chorando de dor, despedindo-se cada momento, em toda sua vida, daquele filho que morre e acaba esquecido na estatística de uma corte... Acontece, e os acidentes como aquele que vitimou a nossa menina, continuam acontecendo levando dor e sofrimento para as famílias que prova o gosto amargo do sofrimento e da saudade.
                Jovens e crentes de que a vida nunca acaba, partem para as baladas e esquece-se do retorno para casa, aí então nasce para os pais o começo de um sofrimento. Sei que é preciso dizer para você, seja forte e muito segura na sua crença, porque ninguém morre, e nós continuamos vivos. Eu como você sabe, em 88 e agora a nossa Cinthia que está em tratamento intensivo sob os cuidados de nossa vovó Julieta e também de nossa querida Marlene, garantindo para a nossa menina um breve despertar, com a graça e na bondade de Deus.
                Minha irmãzinha, nunca se esqueça de pedir a Jesus para que ampare a todos aqueles que estão em sofrimento, principalmente para o condutor do veículo, que também não foi responsável pela tragédia... Jovens não pressentem o perigo e acho que a Divina providência marcou para aquele dia 2 de dezembro um acerto de contas, de um passado distante e que agora se torna presente em nossas vidas, enquanto o lar, desmoronando em seus alicerces, precisa se erguer para o resto da família.
                O pouco que conseguimos de lucidez de Cinthia, foi o direcionamento para a família pedindo perdão pela ida sem a perspectiva de um retorno para casa, lembrando que é preciso preces também, para o Vanderson, que também está internado com problemas de lucidez... O caminho de reabilitação é árduo para aqueles que deixam as suas casas e não voltam mais, entretanto a luz do amor de Deus renasce uma oportunidade para todos, garantindo que sempre amanhece um dia novo em nossas vidas.
                O sofrimento aos poucos vai dando lugar para o conforto da crença, e Jesus nos garantiu a vida eterna, razão porque estou vivo e cuidando de minha menina que deixei aos 8 anos de idade...
Estou vivo, e no íntimo do ser e deixo meu coração sempre pedindo a Deus para que possam compreender e compreendendo aceitem a situação com amor no coração, de seu irmão Jorge.

Jorge Luiz Grincevicus.
Mensagem recebida pelo Médium João de Deus em reunião pública.

                Acidente ocorrido no dia 02/12/2006, às 6:00 horas da manhã, nas confluências da Avenida Afonso Pena com a Avenida Ernesto Geisel, Campo Grande/MS. O veículo caíra no Córrego Prosa, com sete pessoas. Desencarnou 02/12 Wagner Machado dias, dia 03/12 Luciano Antonio da Silva, dia 09/12 Vanderson da Silva Brito e Cinthia Renata G. Barros dos Santos em 05/02/2007, os demais sobreviveram.
Muito embora houvesse sido solicitada a mensagem a Cinthia quem se manifestou foi Jorge tio da jovem.
                1- Camilo – Pai da jovem Cinthia
                2- Julieta – Bisavó
                3- Marlene- Amiga da genitora de Cinthia
                4- Vanderson - Amigo

 

GOETHE (Poeta alemão)

                Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, em 25 de março de 1856.

                1. Evocação.
                - Estou convosco.
                2. Qual a vossa situação como Espírito: errante ou reencarnado?
                - Errante.
                3. Sois mais feliz do que quanto vivo?
                - Sim, pois estou desvencilhado do corpo grosseiro e vejo o que não via antes.
                4- Parece-me que em vida não tínheis uma situação infeliz. Onde, pois, a superioridade de vossa situação atual?
                - Acabo de dizê-lo: vós, adeptos do Espiritismo, deveis compreender tal situação.
                5. Qual a vossa opinião sobre o Fausto?
                - É uma obra que tinha por objetivo mostrar a vaidade e o vazio da Ciência humana e, por outro lado, naquilo que havia de belo e de puro, exaltar o sentimento do amor, castigando-o no que encerrava de desgraçado e mau.
                6. Foi por uma espécie de intuição do Espiritismo que descrevestes a influência dos maus Espíritos sobre o homem? Como fostes levado a fazer uma tal descrição?
                - Eu tinha recordação quase exata de um mundo onde via exercer-se a influência dos Espíritos sobre os seres materiais
                7. Tínheis, então, a recordação de uma existência precedente?
                - Sim, por certo.
                8. Poderíeis dizer se essa existência se passou na Terra?
                - Não, porque aqui não se vêem os Espíritos agindo. Foi mesmo num outro mundo.
                9. Mas, então, já que podíeis ver os Espíritos em ação, deveria ser um mundo superior a Terra. Como e que viestes depois para um mundo inferior? Caístes? Tende a bondade de explicar.
                - Era um mundo superior até um certo ponto, mas não como o entendeis. Nem todos os mundos têm a mesma organização, sem que, por isto, tenham uma grande superioridade. Aliás, sabeis muito bem que entre vós eu cumpria uma missão, que não podeis ocultar, pois ainda representais as minhas obras. Não houve queda, desde que servi, e ainda sirvo para a vossa moralização. Eu aplicava aquilo que podia haver de superior naquele muito precedente para melhorar as paixões dos meus heróis.
                10. Sim; vossas obras ainda são representadas. Agora mesmo o Fausto acaba de ser transposto para ópera.                 Assististes à sua representação?
                - Sim.
                11. Podeis dar-nos a vossa opinião sobre a maneira porque o Sr. Gounod interpretou o vosso pensamento através da música?
                - Gounod evocou-me sem o saber. Compreendeu-me muito bem. Com músico alemão eu não teria feito melhor. Talvez ele pense como músico francês.
                12. Que pensais de Werther?
                - Agora lhe reprovo o desenlace.
                13. Não teria esta obra feito muito mal, exaltando as paixões?
                - Fez e causou desgraças.
                14. Foi a causa de muitos suicídios. Sois por isso responsável?
                - Desde que houve uma influência maléfica espalhada por mim, é exatamente por isso que sofro ainda e de que me arrependo.
                15. Parece-me que em vida tínheis grande antipatia aos franceses. Ainda o tendes hoje?
                - Sou muito patriota.
                16. Ainda vos ligais mais a um pais do que a outro?
                - Amo a Alemanha por seu pensamento e por seus costumes quase patriarcais.
                17. Quereis dar-nos a vossa opinião sobre Schiller?
                - Somos irmãos pelo Espírito e pelas missões. Schiller tinha uma grande e nobre alma, de que eram reflexos as suas obras. Fez menos mal do que eu. É-me superior, porque era mais simples e mais verdadeiro.
                18. Poderíeis dar-nos a vossa opinião sobre os poetas franceses em geral, comparando-os aos alemães? Não se trata de vão sentimentos de curiosidade, mas de nossa instrução. Consideramos os vossos sentimentos muito elevados para nos dispensarmos de pedir imparcialidade e para pordes de lado qualquer preconceito nacional.
                - Sois curiosos, mas quero satisfazer-vos. Os franceses modernos escrevem muitas vezes belos poemas, mas empregam mais palavras bonitas de que boas idéias; deveriam aplicar-se mais ao sentimento do que à mente. Falo em geral, mas faço exceções em favor de alguns: um grande poeta pobre, entre outros.
                19. (Um nome é sussurrado na assembléia), é deste que falais?
                - Pobre, ou que simula tal.
                20. Gostaríamos de obter uma vossa dissertação sobre assunto de nossa escolha, para nossa instrução. Teríeis a bondade de nos ditar alguma coisa?
                - Fá-lo-ei mais tarde, por outros médiuns. Evocai-me outra ocasião

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Revista Espírita, janeiro de 1859

 

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ANO II - Nº 14 – Campo Grande – MS – Março de 2007
EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
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