"Luzes do Amanhecer"

Fundado em 16/07/1996 publicado 02/02/2006
JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA - ANO XII - N. 141 * Campo Grande/MS * Outubro de 2017.
EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
Rua Colorado n o 488, Bairro Jardim Canadá, CEP 79112-480, Campo Grande-MS.

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         Praticar a caridade sempre ajuda a valorizar a própria vida.

 

EDUCAÇÃO INFANTIL

            A educação, para Joanna de Ângelis, é a base para a vida em comunidade, por meio de legítimos processos de aprendizagem que fomentam as motivações de crescimento e evolução do indivíduo.
            Ela vai além de formar hábitos e desenvolver o intelecto, porque a criança não é um adulto miniaturizado, nem uma cera plástica, facilmente moldável. É um espírito recomeçando, com o esquecimento momentâneo do que fez de positivo ou negativo em vidas passadas, buscando a felicidade.
            As tendências, aptidões e percepções vêm como lembranças inconscientes que renascem como impressões reticentes, dominantes, ou como limitações, frustrações, repulsas, agressividades e psicoses. Impositivos muitas vezes dolorosos que restringem e cerceiam, obedecendo às leis divinas para correção e disciplina do rebelde, que apesar de ser infantil, é espírito relapso, ligado fortemente ao erro em grandes fracassos morais sucessivos.
            A instrução faz parte da educação, onde o intelecto viceja e precisa da liberdade, que lhe é primordial para que as conquistas sejam incorporadas, repelindo as experiências negativas e gozando as positivas como bem-estar, mas com responsabilidade.
            Educar é fornecer exemplos, pois a criança copia mais facilmente as lições que lhes sejam apresentadas antes que as teorias com que é informada. Daí vem o grave problema gerado pelo exemplo dos pais que desperdiçam o tempo que deveriam dedicar aos filhos, em frente aos computadores ou celulares, abusando das comunicações virtuais da Internet e que causam graves desastres emocionais nos seus fãs; assim o individualismo toma conta da sociedade.
            Cabe aos educadores e aos pais como os principais educadores, os conhecimentos da psicologia infantil, das leis da reencarnação, da compreensão do afeto com os problemas naturais do processo educativo.
            Temos na família o resultado do longo processo evolutivo do espírito na extensa trajetória, vencida pelas sucessivas reencarnações. No mundo espiritual, depois de consultados o mapeamento das responsabilidades pessoais, aos pais são apresentados os futuros filhos que lhes formarão a família consanguínea.
            Por essas e outras é que os filhos são responsabilidades sérias, que não podem ser descartadas sem as consequências correspondentes.
            Nosso Senhor Jesus mostrou o tamanho e a magnitude da vida infantil ao repreender seus discípulos, molestados pelas criancinhas, ao asseverar, para espanto deles, no dizer de Mateus: 19:14: “Deixai vir a mim os pequeninos e não as impeçais, porque delas é o reino dos céus.”.


                                                                                                                      Crispim.


Referências Bibliográficas:
- Diretrizes de Segurança. Divaldo Pereira Franco. Joanna de Ângelis.
- Constelação Familiar. Divaldo Pereira Franco. Joanna de Ângelis.

 

 

A VELHICE


            Que os velhos sejam sóbrios, respeitáveis, sensatos, fortes na fé, na caridade e na perseverança. (Epístola do apóstolo Paulo a Tito, 2:2.)

 

MARTA ANTUNES MOURA

 

            Parece contraditório, mas a  população idosa do Planeta está envelhecendo. Segundo o prestigioso U. S. Bureau of Census, cerca de três milhões de americanos têm atualmente 85 anos ou mais. É o segmento da população dos Estados Unidos que revela maiores taxas de crescimento, abrangendo o surpreendente valor de 274% entre 1960 e 1994, período no qual a população idosa duplicou e a população total cresceu somente 45%. No Brasil a situação é semelhante. O relatório nacional sobre envelhecimento da população brasileira – documento elaborado sob a coordenação do Ministério das Relações Exteriores e com efetiva participação de representantes oficiais dos Estados e da sociedade civil – indica que os brasileiros com idade acima de 60 anos, que representavam, em 1940, 4% da população, passaram para 9% no ano 2000. Além disso, tem aumentado o número de pessoas com idade acima de 80 anos, que totalizava 166 mil, em 1940, e quase 1 milhão e 800 mil em 2000 (representando 12,6% da população idosa e 1% da população total).
            Divaldo Pereira Franco entende que a “questão da idade é mais psicológica do que real. Certamente [afirma], do ponto de vista fisiológico, o organismo, à medida que o tempo avança, tende a diminuir a sua flexibilidade, o seu equilíbrio, a harmonia das funções. Entretanto, preservadas suas atividades pelo trabalho e equilíbrio emocional, logra manter-se sem maiores danos. É possível conservar a memória ativa, adquirir novos conhecimentos e realizar abençoadas experiências”.1             Destacamos as palavras-chave “trabalho” e “equilíbrio emocional”.
            As orientações dos modernos tratados de gerontologia especificam que o trabalho é de suma importância para o idoso. Foi-se o tempo em que a pessoa idosa era considerada “inativa” porque obteve aposentadoria, ou “incapaz” por ser velha, sendo, em geral, relegada a segundo plano nas relações familiares e sociais. Entende--se, hoje, que a manutenção da sanidade física e mental da pessoa idosa inclui, necessariamente, uma atividade laboral, remunerada ou voluntária, física ou intelectual, que lhe cause satisfação e que possa ser exercida de acordo com suas possibilidades.
            Neste sentido, o Estatuto do Idoso, em vigor desde 1o de janeiro de 2004, determina que o poder público fica responsável por criar programas de profissionalização para idosos e estimular projetos sociais voltados para maiores de 60 anos. Além disso, também deve criar estímulos para que as empresas privadas admitam trabalhadores idosos (artigo 28).             “[...] é indispensável que a nossa vontade abrace espontaneamente o trabalho por alimento de cada dia”,2 esclarece Emmanuel. Entretanto, não basta trabalhar por trabalhar, ou, consoante a afirmação do autor de Ave, Cristo!:
            “Não vale, contudo, agir por agir. As regiões infernais vibram repletas de movimento. Além do trabalho-obrigação que nos remunera de pronto, é necessário nos atenhamos ao prazer de servir.
            Nas contingências naturais do desenvolvimento terrestre, o espírito encarnado é compelido a esforço
incessante [...].
            Cativo, embora, às injunções do plano de obscura matéria em que transitoriamente respira, pode, porém, desde a Terra, fruir a ventura do serviço voluntário aos semelhantes todo aquele que descerre o espelho da própria alma aos reflexos da Esfera Divina.
            O trabalho-ação transforma o ambiente.
            O trabalho-serviço transforma o homem”.3
            O equilíbrio emocional é outro ponto fundamental. Por preconceito ou desinformação, há quem confunda a fragilidade física dos idosos com desequilíbrio psíquico. Uma coisa não guarda relação com a outra. Em países desenvolvidos há programas sérios, governamentais e não-governamentais, destinados à promoção e à preservação da saúde física e mental dos mais velhos. “No Japão, a idade avançada é símbolo de status. [...]
            Na comemoração do sexagésimo aniversário de um homem, ele veste colete vermelho que simboliza o renascimento para uma fase avançada da vida.[...] Nos Estados Unidos [...] o envelhecimento é considerado indesejável. Embora todo mundo queira viver por muito tempo, quase ninguém quer ser velho, palavra que tem conotação de fragilidade física, mentalidade estreita, incompetência e perda de atratividade.
            Eufemismos como senhor de idade e idade de ouro são respostas ao preconceito de idade – preconceito ou discriminação, geralmente contra pessoas mais velhas, com base na idade”.4
            A Doutrina Espírita nos ensina que o equilíbrio espiritual se obtém pelo conhecimento aliado à
prática da caridade. Qualquer um de nós, independentemente da idade ou saúde, tem condições de fazer o bem, preservando, assim, o próprio equilíbrio. O modelo a seguir, ainda segundo Emmanuel,
é simples: “[...] inspirados na lição do Senhor, os vanguardeiros do bem substituem os vales da imundície pelos hospitais confortáveis; combatem vícios multimilenários, com orfanatos e creches; instalam escolas, onde a cultura jazia confiada aos escravos; criam institutos de socorro e previdência, onde a sociedade mantinha a mendicância para os mais fracos. E a caridade, como gênio cristão na Terra, continua crescendo com os séculos, através da bondade de um Francisco de Assis, da dedicação de um Vicente de Paulo, da benemerência de um Rockfeller ou da fraternidade do companheiro anônimo da via pública, salientando, valorosa e sublime, que o Espírito do Cristo prossegue agindo conosco e por nós”.5
            Considerando que o Centro Espírita é escola de formação espiritual e moral, um núcleo de estudo, de fraternidade, de oração e trabalho, deve, nesse contexto, desenvolver ações de atendimento aos idosos, amparando-os na velhice.
Velhos ou moços, o que importa é o que realizamos de bom e de útil na vida. São, pois, atuais estas orientações transmitidas por Jesus a Simão Pedro, registradas por Humberto de Campos: “[...] se fôssemos contar o tempo, na ampulheta das inquietações humanas, quem seria o mais velho de nós? A vida, na sua expressão terrestre, é como uma árvore grandiosa. A infância é a sua ramagem verdejante. A mocidade se constitui de suas flores perfumadas e formosas. A velhice é o fruto da experiência e da sabedoria. Há ramagens que morrem depois do primeiro beijo do sol, e flores que caem ao primeiro sopro da primavera.O fruto, porém, é sempre uma bênção do Todo-Poderoso. A ramagem é uma esperança; a flor uma promessa; o fruto é realização. Só ele contém o doce mistério da vida, cuja fonte se perde no infinito da Divindade!...”6

Referências:
1 - FRANCO, Divaldo P. Laços de família. Por autores diversos. Org. Antonio Cesar Perri de Carvalho. São Paulo: USE, 1994. p. 53.
2 - XAVIER, Francisco C. Pensamento e vida. Pelo Espírito Emmanuel. 16. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 7, p. 35.
3 - Idem, ibidem. p. 36-37.
4 - PAPALIA, Diane E.; OLDS, Sally W. Desenvolvimento humano. Traduzido por Daniel Bueno. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. Cap. 16, p. 492.
5 - XAVIER, Francisco C. Roteiro. Pelo Espírito Emmanuel. 11. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. 16, p. 73.
6_____. Boa nova. Pelo Espírito Humberto de Campos. Ed. Especial. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 9, p. 75.

 

Reformador
Setembro/2006

 

 

NÃO INVENTE DESCULPAS

 

            Olhe o exemplo dos bons, isso sempre indica um bom caminho, e muita vez necessita ver o bom exemplo deles para se animar, ou mesmo sentir os benefícios que o bem faz, porque espírito imperfeito às vezes imagina que é muito difícil praticar o bem, ou qualquer atitude generosa, porque está sempre interessado em seu bem-estar.
 Somente depois de muito tempo, que vai com muita dificuldade compreender que os recursos que mais necessita estão na mão do próximo.
            Esse novo momento causa uma revolução dentro de você, porque é algo que vem colocar por terra a teoria que alimenta sobre a sua importância,
            Mas haverá um choque em seus sentimentos, a menos que transfira a sua importância para o próximo, é algo que precisa trabalhar muito dentro de si. Afinal o egoísmo e o orgulho sempre determinam as suas metas. Agora a situação é outra, deve mudar os seus pontos de vista?. É entender que precisa amar ao próximo, é algo num primeiro momento impossível. Prefere o comodismo, tenta reagir, sente dificuldades, quer uma justificativa para continuar como antes; esse tipo de vida era mais fácil, mas aquela ideia começa a lutar dentro de você, de um lado o orgulho e o egoísmo, de outro a realidade dos bons exemplos que observa, alguns momentos querendo ficar na defensiva, alegam compromissos inadiáveis, depois se arrepende.
Volta, se recrimina, depois sim, dá razão as suas atitudes de sempre. E repete outra vez: Eu não sou santo! Como a dizer isso não me convém. Tenho uma boa justificativa.   É uma coisa muito comum. Mas as ideias continuam a realizar o seu trabalho.
 Sente-se inquieto, mas se não fica do mesmo jeito, já se permite a dúvida. Está começando a refletir, naturalmente com muita relutância. Há uma revolução interna, muitas vezes já não se adapta aqueles antigos padrões, porque percebe que não tem mais razão de ser.
  As ideias continuam trabalhando dentro de você e às pressas vão removendo montanhas de problemas que se foram acumulando. Agora um momento em redor de si mesmo, mas o que vão pensar de mim? É difícil enfrentar mais esse obstáculo. Sempre fora considerado uma pessoa bem equilibrada. Mas aquele tipo de conversa já não lhe agrada mais. Já sabe de cor aquele argumento que muitas vezes choca os mais elementares princípios morais.
            Tenta fazer o bem, a princípio dá certo alguma coisa, alegra-se, mas de repente surgem problemas, deixa tudo. Chega! Não estou preparado para isso. A vida prossegue, de repente surge um problema grave na família, não encontra uma solução a vista. Procura consultar um especialista que só lhe dá muita insegurança.
            Aliás, o atendimento fora precário. Precisa pensar algo, uma coisa para ficar bem consigo mesmo; é difícil encontrar uma explicação mais lógica para responder a questão. A fé vai aos poucos sedimentando, pela lógica não há outra saída. Esse fora a frente e abre caminho. Quem sabe, isso muitos já tentaram compreender, quem sabe eu consiga desta feita também. Segue um trecho do caminho, mais tarde volta, já mais convicto, outras vezes desiste, mas volta, até que um dia abraça a causa e torna-se um trabalhador do bem.
            O tempo passa, nesse momento está completamente integrado à equipe que trabalha na Seara Bendita, cujos componentes tornam-se grandes amigos, quando não há atividade sente uma falta enorme do convívio desses amigos, pois que é essa tarefa que lhe dá paz e tranquilidade.

Mensagens - Histórias Educativas
Diversos Espíritos
Otacir Amaral Nunes

 

Oração

            Senhor Jesus!

            Queremos nesta manhã rogar-te a paz, para que possamos realizar dentro de nós o trabalho educativo de nossas emoções, convergindo para o nosso íntimo, o amor que liberta, e a esperança que incentiva para o bem, principalmente os que recebem influências positivas e que se dispõe a ajudar os que sofrem e padecem. Por seus ideais de amar e construir, com os esforços sentidos no bem e a ele sempre se dirija com amor e segurança a fim de que encontre a solução desejada para seus problemas e faz com que se afeiçoem ao trabalho, sem o qual é difícil ser verdadeiramente feliz, nesta vida muito menos na outra.
           

 

 

OS TALISMÃS


MEDALHA CABALÍSTICA

 

            O Sr. M... havia comprado em segunda mão uma medalha que lhe pareceu notável por sua singularidade. Era do tamanho de um escudo de seis libras; tinha o aspecto da prata, embora um pouco acinzentada. Sobre ambas as faces estão gravadas, em baixo-relevo, uma porção de sinais, entre os quais se nota planetas, círculos entrelaçados, um triângulo, palavras ininteligíveis e iniciais em caracteres vulgares; depois, outros em caracteres bizarros, lembrando o árabe, tudo disposto de modo cabalístico, conforme o gênero utilizado pelos mágicos.
            Tendo o Sr. M... interrogado a senhorita J..., médium sonâmbula, a respeito dessa medalha, foi-lhe respondido que era composta de sete metais, havia pertencido a Cazotte e tinha o poder especial de atrair os Espíritos e facilitar as evocações. O Sr. De Caudemberg, autor de uma série de comunicações que, como médium, dizia ter recebido da Virgem Maria, disse-lhe que era uma coisa maléfica, destinada a atrair os demônios. A senhorita Guldenstubé, médium, irmã do barão de Guldenstubé, autor de uma obra sobre pneumatografia, ou escrita direta, garantiu que a medalha possuía uma virtude magnética e poderia provocar o sonambulismo.
            Pouco satisfeito com essas respostas contraditórias, o Sr. M... apresentou-nos a medalha, pedindo nossa opinião pessoal a respeito e, ao mesmo tempo, solicitando interrogássemos um Espírito superior a propósito de seu real valor, do ponto de vista da influência que pudesse ter. Eis a nossa resposta:
            Os Espíritos são atraídos ou repelidos pelo pensamento, e não pelos objetos materiais, que nenhum poder exercem sobre eles. Em todos os tempos os Espíritos superiores têm condenado o emprego de sinais e de formas cabalísticas, de modo que todo Espírito que lhes atribuir uma virtude qualquer, ou que pretender oferecer talismãs como objeto de magia, por isso mesmo revelará a sua inferioridade, quer quando age de boa-fé e por ignorância, em conseqüência de antigos preconceitos terrestres de que ainda se acha imbuído, quer quando, como Espírito zombeteiro, se diverte conscientemente com a credulidade alheia. Quando não traduzem pura fantasia, os sinais cabalísticos são símbolos que lembram crenças supersticiosas na virtude de certas coisas, como os números, os planetas e sua concordância com os metais, crenças que foram geradas nos tempos da ignorância e que repousam sobre erros manifestos, aos quais a Ciência fez justiça, ao revelar o que existe sobre os pretensos sete planetas, os sete metais, etc. A forma mística e ininteligível desses emblemas tinha por objetivo a sua imposição ao vulgo, sempre inclinado a considerar maravilhoso tudo aquilo que é incapaz de compreender.             Quem quer que tenha estudado racionalmente a natureza dos Espíritos não poderá admitir que, sobre eles, se exerça a influência de formas convencionais, nem de substâncias misturadas em certas proporções; seria renovar as  práticas do caldeirão das feiticeiras, dos gatos negros, das galinhas pretas e de outros sortilégios. Não podemos dizer a mesma coisa de um objeto magnetizado que, como se sabe, tem o poder de provocar o sonambulismo ou certos fenômenos nervosos sobre o organismo. Nesse caso, porém, a virtude do objeto reside unicamente no fluido de que se acha momentaneamente impregnado e que assim se transmite, por via mediata, e não em sua forma, em sua cor e nem, sobretudo, nos sinais de que possa estar sobrecarregado.
            Um Espírito pode dizer: “Traçai tal sinal e, à vista dele, reconhecerei que me chamais, e virei”; nesse caso, todavia, o sinal traçado é apenas a expressão do pensamento; é uma evocação traduzida de modo material. Ora, os Espíritos, seja qual for a sua natureza, não necessitam de semelhantes artifícios para se comunicarem; os Espíritos superiores jamais os empregam; os inferiores podem fazê-lo visando fascinar a imaginação das pessoas crédulas que querem manter sob dependência. Regra geral: para os Espíritos superiores a forma nada é; o pensamento é tudo. Todo Espírito que liga mais importância à forma do que ao fundo, é inferior e não merece nenhuma confiança, mesmo quando, vez por outra, diga algumas coisas boas, porquanto essas boas coisas freqüentemente são um meio de sedução.
            Tal era, de maneira geral, nosso pensamento a respeito dos talismãs, como meio de entrar em relação com os Espíritos. Evidentemente que se aplica também àqueles que a superstição emprega como preservativos de moléstias ou acidentes.
            Entretanto, para edificação do proprietário da medalha, e para um melhor aprofundamento da questão, na sessão de 17 de julho de 1858 pedimos a São Luís, que conosco se comunica de bom grado sempre que se trata de nossa instrução, que nos desse sua opinião a respeito. Interrogado sobre o valor da medalha, eis qual foi sua resposta:
            “Fazeis bem em não admitir que objetos materiais possam exercer qualquer influência sobre as manifestações, quer para as provocar, quer para as impedir. Temos dito com bastante freqüência que as manifestações são espontâneas e que, além disso, jamais nos recusamos a atender ao vosso apelo. Por que pensais que sejamos obrigados a obedecer a uma coisa fabricada pelos seres humanos?
            P. – Com que finalidade foi feita essa medalha?
            Resp. – Foi fabricada com o objetivo de chamar a atenção das pessoas que nela gostariam de crer; porém, apenas por magnetizadores poderá ter sido feita, com a intenção de magnetizar e adormecer um sensitivo. Os signos nada mais são que fantasia.
            P. – Dizem que pertenceu a Cazotte; poderíamos evocá-lo, a fim de obtermos alguns ensinamentos a esse respeito?
            Resp. – Não é necessário; ocupai-vos preferentemente de coisas mais sérias.”

 

REVISTA ESPÍRITA
SETEMBRO
 1858

 

 ESCOLHAS DAS PROVAS

 

1. A ESCOLHA DAS PROVAS: EM QUE CONSISTE

            Segundo o Espiritismo, as tribulações da existência física não são impostas por Deus ao ser humano, uma vez que o próprio Espírito, na erraticidade, antes de reencarnar, [...] escolhe o gênero de provas por que há de passar e nisso consiste o seu livre-arbítrio.1 Contudo, nada [...] ocorre sem a permissão de Deus, porquanto foi Deus quem estabeleceu todas as leis que regem o Universo. [...] Dando ao Espírito a liberdade de escolher, Deus lhe deixa a inteira responsabilidade de seus atos e das conseqüências que estes tiverem.
            Nada lhe estorva o futuro; abertos se lhe acham, assim, o caminho do bem, como o do mal. Se vier a sucumbir, restar-lhe-á a consolação de que nem tudo se lhe acabou e que a bondade divina lhe concede a liberdade de recomeçar o que foi mal feito. Demais, cumpre se distinga o que é obra da vontade de Deus do que o é da do homem.2 Assim – dizem os Espíritos Superiores –, se[...] um perigo vos ameaça, não fostes vós quem o criou e sim Deus. Vosso, porém, foi o desejo de a ele vos expordes, por haverdes visto nisso um meio de progredirdes, e Deus o permitiu.2 Ensinam, ainda, os Instrutores da Humanidade que nem todas as tribulações experimentadas pelo Espírito encarnado foram por ele previstas:
            [...] não escolhestes e previstes tudo o que vos sucede no mundo, até às mínimas coisas. Escolhestes apenas o gênero das provações. As particularidades correm por conta da posição em que vos achais; são, muitas vezes, conseqüências das vossas próprias ações. Escolhendo, por exemplo, nascer entre malfeitores, sabia o Espírito a que arrastamentos se expunha; ignorava, porém, quais os atos que viria a praticar. Esses atos resultam do exercício da sua vontade, ou do seu livre-arbítrio. Sabe o Espírito que, escolhendo tal caminho, terá que sustentar lutas de determinada espécie; sabe, portanto, de que natureza serão as vicissitudes que se lhe depararão, mas ignora se se verificará este ou aquele êxito. Os acontecimentos secundários se originam das circunstâncias e da força mesma das coisas. Previstos só são os fatos principais, os que influem no destino. Se tomares uma estrada cheia de sulcos profundos, sabes que terás de andar cautelosamente, porque há muitas probabilidades de caíres; ignoras, contudo, em que ponto cairás e bem pode suceder que não caias, se fores bastante prudente. Se, ao percorreres uma rua, uma telha te cair na cabeça, não creias que estava escrito, segundo vulgarmente se diz.3

2. CRITÉRIOS UTILIZADOS NA ESCOLHA DAS PROVAS


            Para proceder à escolha das provas por que há de passar, o Espírito se orienta pela [...] natureza de suas faltas [...].6 Desse modo, escolhe aquelas que o levem à expiação dessas faltas [...] e a progredir mais depressa. Uns, portanto, impõem a si mesmos uma vida de misérias e privações, objetivando suportá-las com coragem; outros preferem experimentar as tentações da riqueza e do poder, muito mais perigosas, pelos abusos e má aplicação a que podem dar lugar, pelas paixões inferiores que uma e outros desenvolvem; muitos, finalmente, se decidem a experimentar suas forças nas lutas que terão de sustentar em contacto com o vício.6 Se, ao contrário, apegados ainda aos desejos inferiores, os Espíritos escolhem um gênero de vida que lhes possibilite a satisfação desses desejos, nem por isso se afastarão dos efeitos dos seus atos. A prova vem por si mesma e eles a sofrem mais demoradamente. Cedo ou tarde, compreendem que a satisfação de suas paixões brutais lhes acarretou deploráveis conseqüências, que eles sofrerão durante um tempo que lhes parecerá eterno. E Deus os deixará nessa persuasão, até que se tornem conscientes da falta em que incorreram e peçam, por impulso próprio, lhes seja concedido resgatá-la, mediante úteis provações.7
            Neste ponto é oportuno esclarecer que, embora, à primeira vista, possa parecer natural que o Espírito escolha provas menos dolorosas, tal fato não se dá com freqüência, porque, logo [...] que este se desliga da matéria, cessa toda ilusão e outra passa a ser a sua maneira de pensar.8 Com efeito, sob [...] a influência das idéias carnais, o homem, na Terra, só vê das provas o lado penoso. Tal a razão de lhe parecer natural sejam escolhidas as que, do seu ponto de vista, podem coexistir com os gozos materiais. Na vida espiritual, porém, compara esses gozos fugazes e grosseiros com a inalterável felicidade que lhe é dado entrever e desde logo nenhuma impressão mais lhe causam os passageiros sofrimentos terrenos. Assim, pois, o Espírito pode escolher prova muito rude e, conseguintemente, uma angustiada existência, na esperança de alcançar depressa um estado melhor, como o doente escolhe muitas vezes o remédio mais desagradável para se curar de pronto.9 De igual modo, o Espírito pode, às vezes, enganarse, e [...] escolher uma [prova] que esteja acima de suas forças e sucumbir. Pode também escolher alguma que nada lhe aproveite, como sucederá se buscar vida ociosa e inútil. Mas, então, voltando ao mundo dos Espíritos, verifica que nada ganhou e pede outra que lhe faculte recuperar o tempo perdido.11 Desse modo, a [...] doutrina da liberdade que temos de escolher as nossas existências e as provas que devamos sofrer deixa de parecer singular, desde que se atenda a que os Espíritos, uma vez desprendidos da matéria, apreciam as coisas de modo diverso da nossa maneira de apreciá-los. Divisam a meta, que bem diferente é para eles dos gozos fugitivos do mundo. Após cada existência, vêem o passo que deram e compreendem o que ainda lhes falta em pureza para atingirem aquela meta. Daí o se submeterem voluntariamente a todas as vicissitudes da vida corpórea, solicitando as que possam fazer que a alcancem mais presto. Não há, pois, motivo de espanto no fato de o Espírito não preferir a existência mais suave. Não lhe é possível, no estado de imperfeição em que se encontra, gozar de uma vida isenta de amarguras.Ele o percebe e, precisamente para chegar a fruí-la, é que trata de se melhorar. 10

 

3. A PRERROGATIVA DA ESCOLHA DAS PROVAS E SUAS LIMITAÇÕES

            A escolha das provas, como manifestação do livre-arbítrio, entretanto, não tem caráter absoluto, uma vez que Deus [...] pode impor certa existência a um Espírito, quando este, pela sua inferioridade ou má-vontade, não se mostra apto a compreender o que lhe seria mais útil, e quando vê que tal existência servirá para a purificação e o progresso do Espírito, ao mesmo tempo que lhe sirva de expiação.5
            Assim, pode-se dizer que as [...] leis inflexíveis da Natureza, ou, antes, os efeitos resultantes do passado, decidem a sua reencarnação. O Espírito inferior, ignorante dessas leis, pouco cuidadoso de seu futuro, sofre maquinalmente a sua sorte [...]. O Espírito adiantado inspira-se nos exemplos que o cercam na vida fluídica, recolhe os avisos de seus guias espirituais, pesa as condições boas ou más de sua reaparição neste mundo, prevê os obstáculos, as dificuldades da jornada, traça o seu programa e toma fortes resoluções com o propósito de executá-las. Só volta à carne quando está seguro do apoio dos invisíveis, que o devem auxiliar em sua nova tarefa.12
            Por outro lado, quando, em sua origem, o Espírito é ainda inexperiente para escolher adequadamente as provas da sua existência, Deus lhe supre a inexperiência, traçando-lhe o caminho que deve seguir [...]. Deixa-o, porém, pouco a pouco, à medida que o seu livre-arbítrio se desenvolve, senhor de proceder à escolha e só então é que muitas vezes lhe acontece extraviar-se, tomando o mau caminho, por desatender os conselhos dos bons Espíritos.4
            Ainda a propósito da questão da escolha das provas, são bastante elucidativos os comentários do instrutor Druso, trazidos por André Luiz no seguinte relato:
            Há trinta anos, desfrutei o convívio de dois benfeitores, a cuja abnegação muito devo neste pouso de luz. Ascânio e Lucas, Assistentes respeitados na Esfera Superior, integravam-nos a equipe de mentores valorosos e amigos... Quando os conheci em pessoa, já haviam despendido vários lustros no amparo aos irmãos transviados e sofredores. Cultos e enobrecidos, eram companheiros infatigáveis em nossas melhores realizações. Acontece, porém, que depois de largos decênios de luta, nos prélios da fraternidade santificante, suspirando pelo ingresso nas esferas mais elevadas, para que se lhes expandissem os ideais de santidade e beleza, não demonstravam a necessária condição específica para o vôo anelado. Totalmente absortos no entusiasmo de ensinar o caminho do bem aos semelhantes, não cogitavam de qualquer mergulho no pretérito, por isso que, muitas vezes, quando nos fascinamos pelo esplendor dos cimos, nem sempre nos sobra disposição para qualquer vistoria aos nevoeiros do vale... Dessa forma, passaram a desejar ardentemente a ascensão,sentindo-se algo desencantados pela ausência de apoio das autoridades que lhes não reconheciam o mérito imprescindível. Dilatava-se o impasse, quando um deles solicitou o pronunciamento da Direção Geral a que nos achamos submissos.O requerimento encontrou curso normal até que, em determinada fase, ambos foram chamados a exame devido. A posição imprópria que lhes era característica foi carinhosamente analisada por técnicos do Plano Superior, que lhes reconduziram a memória a períodos mais recuados no tempo. Diversas fichas de observação foram extraídas do campo mnemônico, à maneira das radioscopias dos atuais serviços médicos no mundo e, através delas, importantes conclusões surgiram à tona... Em verdade, Ascânio e Lucas possuíam créditos extensos, adquiridos em quase cinco séculos sucessivos de aprendizado digno, somando as cinco existências últimas nos círculos da carne e as estações de serviço espiritual, nas vizinhanças da arena física; no entanto, quando a gradativa auscultação lhes alcançou as atividades do século XV, algo surgiu que lhes impôs dolorosa meditação... Arrebatadas ao arquivo da memória e a doer-lhes profundamente no espírito, depois da operação magnética a que nos referimos, reapareceram nas fichas mencionadas as cenas de ominoso delito por ambos cometido, em 1429, logo após a libertação de Orleães, quando formavam no exército de Joana d´Arc... Famintos de influência junto aos irmãos de armas, não hesitaram em assassinar dois companheiros, precipitando-os do alto de uma fortaleza no território de Gâtinais, sobre fossos imundos, embriagando-se nas honrarias que lhes valeram, mais tarde, torturantes remorsos além do sepulcro.
            Chegados a esse ponto da inquietante investigação, pela respeitabilidade de que se revestiam, foram inquiridos pelos poderes competentes se desejavam ou não prosseguir na sondagem singular, ao que responderam negativamente, preferindo liquidar a dívida, antes de novas imersões nos depósitos da subconsciência. Desse modo, em vez de continuarem insistindo na elevação a níveis mais altos, suplicaram, ao revés, o retorno ao campo dos homens, no qual acabam de pagar o débito a que aludimos. – Como? – indagou Hilário, intrigado. – Já que podiam escolher o gênero de provação, em vista dos recursos morais amealhados no mundo íntimo – informou o orientador –, optaram por tarefas no campo da aeronáutica, a cuja evolução ofereceram as suas vidas. Há dois meses regressaram às nossas linhas de ação, depois de haverem sofrido a mesma queda mortal que infligiram aos companheiros de luta no século XV. – E o nosso caro instrutor visitou-os nos preparativos da reencarnação agora terminada? – inquiri com respeito. – Sim, por várias vezes os avistei, antes da partida. Associavam-se a grande comunidade de Espíritos amigos, em departamento específico de reencarnação, no qual centenas de entidades, com dívidas mais ou menos semelhantes às deles, também se preparavam para o retorno à carne, abraçando, assim, trabalho redentor em resgates coletivos. – E todos podiam selecionar o gênero de luta em que saldariam as suas contas? – perguntei, ainda, com natural interesse. – Nem todos – disse Druso, convicto. – Aqueles que possuíam grandes créditos morais, qual acontecia aos benfeitores a que me reporto, dispunham desse direito. Assim é que a muitos vi, habilitando-se para sofrer a morte violenta, em favor do progresso da aeronáutica e da engenharia, da navegação marítima e dos transportes terrestres, da ciência médica e da indústria em geral, verificando, no entanto, que a maioria, por força dos débitos contraídos e consoante os ditames da própria consciência, não alcançava semelhante prerrogativa, cabendo-lhe aceitarsem discutir amargas provas, na infância, na mocidade ou na velhice, através de acidentes diversos, desde a mutilação primária até a morte, de modo a redimir-se de faltas graves.13
            Levando-se em conta tudo o que foi exposto, pode-se concluir que a prerrogativa de o Espírito escolher as provas da existência carnal está sempre em consonância com as suas condições de fazer uma escolha correta, com vistas aos próprios interesses espirituais.

 

REFERÊNCIAS
1. KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 91 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Questão 258, p. 195.
2. ________. Questão 258-a, p. 195.
3. ________. Questão 259, p. 196.
4. ________. Questão 262, p. 197.
5. ________. Questão 262-a, p. 198.
6. ________. Questão 264, p.198.
7. ________. Questão 265, p. 198-199.
8. ________. Questão 266, p. 199.
9. ________. Comentário, p. 199.
10. _______. p. 199-200.
11. ________. Questão 269, p. 202.
12. DENIS, Léon. Depois da morte. Tradução de João Lourenço de Souza. 26 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. XLI, p. 247.
13. XAVIER, Francisco Cândido. Ação e reação. Pelo Espírito André Luiz. 28 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 18, p. 247-249.

ESDE

 

UMA SEGUNDA CHANCE

 

            O filho busca o pai no aeroporto. Entre sorrisos, se abraçam. Entram no carro.
            Enquanto rodam pela estrada, o pai vai observando os detalhes da paisagem e, ao contemplar um menino tentando se equilibrar na bicicleta, viaja no tempo e confessa:
            Como o tempo passa rápido…  ainda ontem você era uma criança. Agora… ei-lo um homem feito. Já não sou eu quem o busca, é você quem dirige o carro e me conduz. Sabe, filho, acho que deveria ter trabalhado menos para ver você crescer.
            E, num quase desabafo, completa: Gostaria de ter uma segunda chance.
            O rapaz sorri e, tranquilo, fala, como quem deseja acalmar a angústia paterna:
            Tudo bem, pai. Você tem uma segunda chance.
            E, apontando a esposa grávida, que os aguarda em frente à casa, onde acaba de estacionar o carro, complementa:             Ele vai se chamar Gabriel.
                                                            *   *   *
            As cenas demonstram ternura. Nenhuma reprovação.
            Às vezes, amargamos a existência, fixados no passado, porque, em nossa infância, nossos pais não estiveram tão presentes quanto teríamos almejado.
            Podemos chegar a culpá-los pelos nossos eventuais fracassos do agora. No entanto, se ausências ocorreram é de nos perguntarmos o que preocupava nossos pais, naquela época. Quase sempre, nos esquecemos das lutas insanas, das horas dedicadas ao trabalho para nos prover o pão, o agasalho, o conforto de uma casa, o pagamento da faculdade, as viagens de estudo e de lazer.
            Sim, talvez pudéssemos ter abdicado de tantas coisas e teríamos preferido que eles estivessem ao nosso lado.
            Contudo, lhes dissemos isso em algum momento ou simplesmente exigíamos mais e mais, em nossos sonhos de adolescentes e jovens?
            Que os pais fazem falta aos filhos é verdade inconteste. Entretanto, que não os culpemos por tudo, inclusive pela nossa incapacidade de compreender, de desculpar e perdoar as suas possíveis faltas.
            Todos os pais conscientes procuram fazer o melhor para os seus filhos. Se falham, não o fazem de forma intencional.
Enquanto inexperientes em muitas questões, detinham as preocupações da manutenção do lar, o provimento de todas as nossas necessidades, a instrução, a educação.
            Nesse rol, vez ou outra, podem ter esquecido das manifestações mais ternas do afeto.
            No entanto, por que nós, filhos que desejávamos o abraço, a presença, não lhes dissemos, não pedimos?
            Importante que se viva o momento presente, que manifestemos nossa profunda gratidão por quem nos deu tanto.
            Se nos descobrimos ainda carentes do que desejamos na infância e não tivemos, usufruamos o mais possível, agora, da presença dessas criaturas que nos deram e mantiveram a vida.
            E, se estivermos para nos tornarmos pais, ofereçamos a eles a excelente oportunidade de serem avós, permitindo-lhes um tempo mais longo com os netos, tempo que talvez tenham querido mas não puderam ter conosco. A segunda chance.
            A chance de demonstrar o grande amor que trazem em seu coração, chance de serem pais pela segunda vez.
            Ofereçamos a eles essa infinita alegria de conviver, de amar, de levar os netos a passear, de os ensinar a se equilibrarem na bicicleta, de irem ao cinema, saírem de carro…
            Tantas pequenas grandes coisas que fazem a felicidade e massageiam a alma.
            Façamos isso.

Redação do Momento Espírita
Revista O Mundo Espírita
Agosto/2016

 

PSICOGRAFIA

 

Querido filho!

            É muito difícil para mim relembrar tudo que passei, os momentos de tristezas, a doença que nos mantinha impotente diante da dor, do mal estar que nos tirava todo o bom senso e esperávamos dos Céus um milagre, mas foi assim justamente que entendi muita coisa, pois muitas vezes somente as situações difíceis é que nos alertam para que sejamos consoladores no futuro, que venhamos a ter consciência dos compromissos que assumimos e não perder as possibilidades que nós são oferecidas, portanto a vida é uma grande experiência que precisamos ver bem aproveitada, a fim de que dê seus frutos, e passe a constituir-se num campo de progresso e aprendizado, não desperdice as oportunidades  por pequenas que sejam para fazer o bem, pois que são esses momentos que não se repetirão qualquer que seja a situação. Não perca a esperança e siga em frente, pois o que é para nosso bem,  passemos também para os outros.
            Estou por demais preocupada com a minha filha, pois ela anda fazendo coisas erradas com a saúde, com os filhos, pois que não compreende que deixa de levar as coisas mais dentro da normalidade, porque ela não esta tão mal quanto pensa.
            Claro que todos precisamos lutar e esperar também, de vez que nada cairá dos céus sem que façamos algo por merecer. Todos os fatos atendem sua seqüência que precisamos compreender, longe,  portanto, que queiramos fazer algo por alguém que eles não estejam dispostos a fazer por si mesmo, e este é uma das razões principais que acarreta uma série de problemas e desavenças.
Muitas vezes acostumamos aqueles que vivem sob nossa dependência a um determinado ritmo, depois queremos que seja com outro passo, sem que para isso tenhamos ensaiado essa outra condição, sem esclarecer devidamente qual deve ser o compasso dali para diante, com isso agora não é lógico darmos outra conotação aos acontecimentos.

            Estou aqui mais uma vez para alertar quanto ao perigo das drogas que rondam as escolas, pois que tem filhos pelos quais deve zelar e que devem ser bem orientados, a fim de que não venha a se surpreender quando não tenha mais jeito, ou seja quando o mal  esteja instalado na mente e no coração do adolescente e seu rastro trágico e devastador já tenha atingido limites difíceis de controlar, que tanto mal tem causando e profundos prejuízos ao espírito, e nesse sentido que são minhas palavras para que se mantenha sempre alerta, para que não  se surpreenda depois quando o incêndio já tenha destruído quase toda a floresta, e depois se ponha a lamentar que se tivesse tomado esta ou aquela providência não teria acontecido tal coisa, assim ponha-se em guarda e sempre pense bem para não chorar depois.

 

Meu filho e neto!

            Depois de muito tempo volto para falar ao seu coração, pois que sempre ouvi suas preces e gostaria de dizer que sempre está em meu coração.
            Quando de há muito estamos domiciliado na vida espiritual, muitos valores que aí são considerados importantes aqui às vezes não é dado o mesmo apreço, porque muitas são as diversidade de conceito e também das necessidades, pois que é um plano inteiramente diferente, porquanto sejamos nós mesmos, porém  os objetivos são outros. O que quero dizer que, quando há muito tempo deixamos a veste carnal, para coisas daí não temos a devida sensibilidade para discorrer sobre elas, mas o objetivo é agradecer todo emprenho que tem demonstrado para se balizar pelo bem, conquanto reconheçamos as grandes dificuldades que tem, mas o caminho é esse, basta lutar e seguir em frente que o resultado virá com o tempo.             Disciplina e persistência são fundamentais para o sucesso. Vai em frente que Deus o abençoe.

Judith

 

 

ALLAN KARDEC

 


            Nascido em Lyon (França), a 3 de outubro de 1804, de uma família antiga que se distinguiu na magistratura e na advocacia, Allan Kardec (Hippolyte Léon Denizard Rivail) não seguiu essas carreiras. Desde a primeira juventude, sentiu-se inclinado ao estudo das ciências e da filosofia.
            Educado na Escola de Pestalozzi, em Yverdun (Suíça), tornou-se um dos mais eminentes discípulos desse célebre professor e um dos zelosos propagandistas do seu sistema de educação, que tão grande influência exerceu sobre a reforma do ensino na França e na Alemanha.
            Dotado de notável inteligência e atraído para o ensino, pelo seu caráter e pelas suas aptidões especiais, já aos catorze anos ensinava o que sabia àqueles dos seus condiscípulos que haviam aprendido menos do que ele. Foi nessa escola que lhe desabrocharam as idéias que mais tarde o colocariam na classe dos homens progressistas e dos livre-pensadores.
            Nascido sob a religião católica, mas educado num país protestante, os atos de intolerância que por isso teve de suportar, no tocante a essa circunstância, cedo o levaram a conceber a idéia de uma reforma religiosa, na qual trabalhou em silêncio durante longos anos com o intuito de alcançar a unificação das crenças. Faltava-lhe, porém, o elemento indispensável à solução desse grande problema. (1)
            “Em 6 de fevereiro de 1832, firmava-se o contrato de casamento. Amélie Boudet tinha nove anos mais que o Prof. Rivail, mas tal era a sua jovialidade física e espiritual, que a olhos vistos aparentava a mesma idade do marido. Jamais essa diferença constituiu entrave à felicidade de ambos”. (2)
            O Espiritismo veio, a seu tempo, imprimir-lhe especial direção aos trabalhos.
Concluídos seus estudos, voltou para a França. Conhecendo a fundo a língua alemã, traduzia para a Alemanha diferentes obras de educação e de moral e, o que é muito característico, as obras de Fénelon, que o tinham seduzido de modo particular. (...)
             (...) Pelo ano de 1855, posta em foco a questão das manifestações dos Espíritos, Allan Kardec se entregou a observações perseverantes sobre esse fenômeno, cogitando principalmente de lhe deduzir as conseqüências filosóficas. Entreviu, desde logo, o princípio de novas leis naturais: as que regem as relações entre o mundo visível e o mundo invisível. Reconheceu, na ação deste último, uma das forças da Natureza, cujo conhecimento, haveria de lançar luz sobre uma imensidade de problemas tidos por insolúveis, e lhe compreendeu o alcance, do ponto de vista religioso.
“Suas obras principais sobre esta matéria são: O Livro dos Espíritos, referente à parte filosófica, e cuja primeira edição apareceu a 18 de abril de 1857; O Livro dos Médiuns, relativo à parte experimental e científica (janeiro de 1861); O Evangelho segundo o Espiritismo, concernente à parte moral (abril de 1864); O Céu e o Inferno, ou A Justiça de Deus segundo o Espiritismo (agosto de 1865); A Gênese, os Milagres e as Predições (janeiro de 1868); a Revista Espírita, jornal de estudos psicológicos, periódico mensal começado a 1° de janeiro de 1858. Fundou em Paris, a 1° de abril de 1858, a primeira Sociedade espírita regularmente constituída, sob a denominação de Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, cujo fim exclusivo era o estudo de quanto possa contribuir para o progresso da nova ciência. Allan Kardec se defendeu, com inteiro fundamento, de coisa alguma haver escrito debaixo da influência de idéias preconcebidas ou sistemáticas. Homem de caráter frio e calmo, observou os fatos e de suas observações deduziu as leis que os regem.
            “Foi o primeiro a apresentar a teoria relativa a tais fatos e a formar com eles um corpo de doutrina, metódico e regular.”
            “Demonstrando que os fatos erroneamente qualificados de sobrenaturais se acham submetidos a leis, ele os incluiu na ordem dos fenômenos da Natureza, destruindo assim o último refúgio do maravilhoso e um dos elementos da superstição.”
            “Durante os primeiros anos em que se tratou de fenômenos espíritas, estes constituíram antes objeto de curiosidade, do que de meditações sérias. O Livro dos Espíritos fez que o assunto fosse considerado sob aspecto muito diverso. Abandonaram-se as mesas girantes, que tinham sido apenas um prelúdio, e começou-se a atentar na doutrina, que abrange todas as questões de interesse para a Humanidade.”
            (...) Trabalhador infatigável, sempre o primeiro a tomar da obra e o último a deixá-la, Allan Kardec sucumbiu, a 31 de março de 1869, quando se preparava para uma mudança de local, imposta pela extensão considerável de suas múltiplas ocupações. Diversas obras que ele estava quase a terminar, ou que aguardavam oportunidade para vir a lume, demonstrarão um dia, ainda mais, a extensão e o poder das suas concepções.
            Morreu conforme viveu: trabalhando. Sofria, desde longos anos, de uma enfermidade do coração, que só podia ser combatida por meio do repouso intelectual e pequena atividade material. Consagrado, porém, todo inteiro à sua obra, recusava-se a tudo o que pudesse absorver um só que fosse de seus instantes, à custa das suas ocupações prediletas. Deu-se com ele o que se dá com todas as almas de forte têmpera: a lâmina gastou a bainha.
            O corpo se lhe entorpecia e se recusava aos serviços que o Espírito lhe reclamava, enquanto este último, cada vez mais vivo, mais enérgico, mais fecundo, ia sempre alargando o círculo de sua atividade.
             Nessa luta desigual não podia a matéria resistir eternamente. Acabou sendo vencida: rompeu-se o aneurisma e Allan Kardec caiu fulminado. Um homem houve de menos na Terra; mas, um grande nome tomava lugar entre os que ilustraram este século; um grande Espírito fora retemperar-se no Infinito, onde todos os que ele consolara e esclarecera lhe aguardavam impacientes a volta! (...)” (1)

            MISSÃO DE ALLAN KARDEC “(...) nascia Allan Kardec, aos 3 de outubro de 1804, com a sagrada missão de abrir caminho ao Espiritismo, a grande voz do Consolador prometido ao mundo pela misericórdia de Jesus-Cristo.” “Consolador da Humanidade, segundo as promessas do Cristo, o Espiritismo vinha esclarecer os homens, preparando- -lhes o coração para o perfeito aproveitamento de tantas riquezas do Céu.”
            (...) “A tarefa de Allan Kardec era difícil e complexa. Competia-lhe reorganizar o edifício desmoronado da crença, reconduzindo a civilização às suas profundas bases religiosas.” (...)
            “(...) Allan Kardec, apagando a própria grandeza, na humildade de um mestre-escola, muita vez atormentado e desiludido, como simples homem do povo, deu integral cumprimento à divina missão que trazia à Terra, inaugurando a era espírita-cristã, que, gradativamente, será considerada em todos os quadrantes do orbe como a sublime renascença da luz para o mundo inteiro.”(...) (3)

(1) KARDEC, Allan. Biografia de Allan Kardec. Obras Póstumas. 38. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Pg. 15-22.
(2) WANTUIL, Zêus. Grandes Espíritas do Brasil. 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. Pg. 52.
(3) WANTUIL, Zêus & THIESEN, Francisco. Limiar do mundo invisível. Allan Kardec. 4. ed.Rio de Janeiro: FEB, 1996. Vol. II. Cap. II.

ESDE

 

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