"Luzes do Amanhecer"

Fundado em 16/07/1996 publicado 02/02/2006
JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA - ANO XIII - N. 144 * Campo Grande/MS * Janeiro de 2018.
EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
Rua Colorado n o 488, Bairro Jardim Canadá, CEP 79112-480, Campo Grande-MS.

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         Não esqueça que hoje é um dia de trabalho importante, porque agora pode estar dando o primeiro passo rumo à felicidade que tanto sonha.

 

APROVEITE CADA SEGUNDO

 

            Abra um espaço em seu dia para agir em favor dos outros, não viva unicamente pensando somente em seus antigos problemas, mas procure também ser mais solidário, pense nos graves problemas do próximo, certamente que nessa maneira enobrecida de proceder encontrará a solução para aquelas dificuldades que amarguram os seus dias.
 A verdade é que as próprias leis de Deus são solidárias e a ninguém premiam sem merecimento.
            Como conquistar esse merecimento?
            Simples, amando o próximo mais próximo, neste gesto iniciará a sua construção interior, porque o amor é o mais nobre sentimento.
            Por isso, trabalhe todo o dia para superar as suas deficiências, mesmo porque sem esforço não logrará tornar realidade aquele sonho maior, ainda que encontre pedras no caminho, mas estas não constituirão empecilho ao seu anseio de felicidade, mas para que se faça merecedor do amparo do alto, mas é imperiosa a consciência da necessidade do bem que faz e também para que aprenda a servir sob as condições mais severas.
Esta é a rispidez da luta que se deparam os candidatos ao trabalho renovador , todavia se diante da primeira dificuldade desistem, depois quando a provação bater à porta não terão forças para superar os obstáculos do caminho. As oportunidades foram abundantes durante muito tempo, mas se não as aproveitarem?
            O trabalho do bem é uma força ativa a beneficiar o operário que se dispõe a enfrentar de sol a sol a dura jornada.Logo esse trabalhador se fará digno da tarefa que abraçou.
            A verdade é que o agricultor colherá do que plantar. Muitas pessoas esperam milagres, porém não existem na forma que pensam. Desfrutam durante a vida transitória todas as benesses do Pai, depois desta existência ainda querem que Jesus os receba na outra margem da existência.
            O trabalhador tem que se fazer digno, e somente prova isso na dura rotina do dia-a-dia, sem a qual não logrará êxito. Certamente, mais tarde, quando tiver que enfrentar as provas de grande envergadura moral é certo que será como aquele arbusto frágil criado à sombra e ao menor sopro do vento se curvará para o solo.
            Assim, a cada dia dê a sua contribuição à vida, que a própria providência encarregar-se-á de dar-lhe o melhor. Se porventura não for o melhor da maneira que pensa, certamente será proporcional ao merecimento que houver conquistado.

 

MENSAGENS - HISTÓRIAS EDUCATIVAS
Espíritos Diversos
Otacir Amaral Nunes

 

O JOVEM APRENDIZ

 

            Aquele jovem ansioso tinha um grande sonho ser um sábio de renome, por isso, desde a sua juventude se aplicava ao estudo, sempre mantinha aquele sonho de se tornar uma pessoa culta que soubesse mais tarde ensinar também.
            Depois dos estudos elementares, muito lutou para aprender devido a sua condição tão simples, mas com muita aplicação aliada aos seus esforços foi vencendo as barreiras, conviveu com muitos professores de diversas áreas, sempre com objetivo de se tornar um grande professor.
            Um dia ouviu falar que em outra província havia um grande sábio, com quem muitas pessoas importantes já estagiaram, quando soube disso, ficou muito entusiasmado, como tinha completado o curso colégio local, começou a sonhar de se tornar também discípulo desse sábio.
            No começo daquele ano, reuniu os seus recursos e se deslocou para aquela localidade, a fim de encontrar-se com o grande sábio. Assim que seguiu ansioso por aquela estrada poeirenta na expectativa do momento de chegar àquela cidade, onde supunha seria o começo do maior sonho de sua vida.
            Chegando a essa cidade, por sinal, muito movimentada, descobriu que o endereço ficava num bairro afastado do centro. Pensou, tanto melhor. Precisava de silêncio e paz para se concentrar nas suas atividades, finalmente numa manhã muito clara chegou à casa do sábio.
            Enquanto esperava observava o movimento intenso nas dependências daquele educandário, alias, de uma vista privilegiada, pois que onde estava que era um lugar mais alto, e podia observar que em toda a parte havia trabalho, ali ninguém parava.
            Depois das apresentações no departamento de recepção, fora notificado que na manhã seguinte, começaria as aulas teóricas, mais tarde, depois de assimilado o conteúdo. Sucederiam as aulas práticas, onde os alunos poderiam aferir os conhecimentos e teorias apresentadas, cujas aulas eram ministradas pelo famoso sábio e outros auxiliares.
            Devido o seu empenho, o sábio que tudo observa com criterioso discernimento, percebeu logo que era um aluno de grande potencial, depois de dois meses, num final de tarde, fora informado que no dia seguinte seria ministrada a primeira lição prática junto à natureza.
            Dormiu naquela ansiosa expectativa, afinal, como seria essa aula.
            No dia seguinte, depois que reuniu todos os apetrechos que necessitava, fora informado que seria uma marcha de doze quilômetros, seis de ida e seis de volta, através de uma floresta densa, uma região árida, depois passava também por um profundo vale, cachoeiras, riachos e a volta por outro caminho.
            Além da mochila pesada, porque levava muita coisa, além da alimentação para o dia, alguns pertences, como subindo na parte mais elevada era bastante frio, pois que onde estava era o sopé da montanha.
Finalmente pé na estrada, era um lugar inóspito, devido também a inexperiência do aluno, logo de saída levou um tremendo tombo. Ficou muito envergonhado diante do professor, um vexame, inclusive esfolou o rosto, o sábio impassível assistiu a tudo sem a menor reação, como se dissesse isso faz parte do aprendizado, algo normal para aquele homem experimentado.
            Nessa história que estava se dando mal era o candidato a sábio. Sem perceber passou a mão numa árvore com espinhos, diversos deles se espetaram em sua mão e em seu braço, o sábio como da outra vez, tudo observou sem se perturbar e sem dirigir-lhe uma palavra sequer, esperando que ele resolvesse o seu problema. Como se dissesse: você que se espinhou, agora se vire.
            Era o aprendizado, a viagem prosseguia cheia de armadilhas e transtornos ao aluno inexperiente, sem muita alegria e já cansado, mais um tombo, aperta os dedos entre as pedras. Depois floresta, denso capinzal que segura os seus pés, subida, ladeira íngreme, riacho, cai sentado numa poça de água, mais um tombo, seu pé fica preso numa fenda de rocha, com dificuldades o retira, mas a caminhada prosseguia sem interrupção, somente parava quando o aluno fazia uma trapalhada.
            Todavia, tinha amor próprio estava cansado, mas não iria reclamar de nada, poderia o sábio pensar que ele era um fraco. Isso nunca, o sábio não lhe dirigia palavra alguma, escorregou mais uma queda, o sábio continuava a olhá-lo como alguém que necessitasse daquela experiência, o mestre sem se comover com nada, a caminhada prosseguia, finalmente chegaram a lugar alto que tinha uma esplêndida vista.
            Finalmente o grande sábio disse uma palavra: “Voltar”, por outro caminho, estava exausto, aliás, moído, mas não podia demonstrar qualquer fraqueza, mais dificuldades, quedas, mas, melhor do que a ida. Por fim já noite voltaram ao educandário, o Mestre calmo e sereno com estivesse saindo para a caminhada.
            Cansadíssimo tomou banho porque estava irreconhecível, devido à lama que estava ate pelo seu rosto e deitou-se, o corpo doía todo, mas o que mais doía era sua decepção. Mas o que fora fazer naquele fim de mundo, única palavra que ouviu, foi “voltar”, estava todo machucado, com os pés feridos, revoltado. Sua raiva não durou muito, adormeceu...
            Dia seguinte. Parece o que mais o revoltava, é que nunca recebera nenhuma palavra de incentivo durante toda a caminhada, um gesto de solidariedade, uma explicação sobre alguns assuntos transcendentes que tanto esperava dele.             Nenhuma palavra, apesar de tudo procurava se manter como um aluno disciplinado diante de tudo que sofrera naquele dia, não falou uma única palavra, um incentivo, não se conteve no seu mundo indevassável.
            Num intervalo das aulas aparecendo um momento propicio, dirigiu-se reverente ao sábio: o senhor me perdoe, mas não consigo compreender o motivo daquela aula prática de ontem, não conseguiu ouvir uma palavra sua, uma lição, um pensamento, alguma coisa, parece-me que não teve um objetivo.
            - Mas, está enganado, jovem aprendiz, você aprendeu uma lição maravilhosa para a vida, tantas vezes você caiu e com o esforço próprio se levantou, em todas as dificuldades procurou uma resposta, e uma solução. Cair e levantar-se com os próprios meios, é a maior lição que pode aprender em toda a sua vida, mas teve a coragem de prosseguir quando o mundo olhava o seu esforço impassível diante de suas dificuldades. Não era eu que devia falar, mas você que precisava demonstrar a sua maturidade.
            Não perdeu seu tempo não, uma lição  ficará pelo resto da vida, porque é muito comum e mais do que se pensa que as pessoas diante dos problemas que elas mesmas criaram, revoltadas culpam os outros. Os ingratos querem atribuir os seus fracassos a Deus, mas você que é um aluno valoroso procurou resolver os seus próprios problemas, sem sequer recorrer ao professor, jovem aprendiz você está no caminho certo.
            Como terminasse a preleção, com gesto amistoso retirou-se de sua presença.
            Aquele jovem dirigiu ao quintal, ficou uma profunda reflexão, talvez esteja resumida uma grande experiência, pois que no fundo compreendeu o alcance daquele momento. Olhou para aquelas paredes vetusta daquele educandário, mais confiante começou a pensar, é realmente uma grande lição, e uma suave paz visitou o seu coração, “aprendiz, o importante e ter a coragem de levantar-se”. Ficou gravada na sua mente.
            Afinal era isso mesmo, uma grande lição. Talvez para descontrair, lembrando de suas quedas pelo caminho disse como se fizesse uma pilhéria para si mesmo. “Com mais algumas valiosas lições dessas, com certeza ele acaba comigo”. Adeus.

MENSAGENS - LUZES DA RIBALTA
Pelo Espírito Áulus.
Otacir Amaral Nunes

 

FÉ E PERSEVERANÇA

 

            Três rapazes suspiravam por encontrar o Senhor, a fim de fazer-lhe rogativas.
            Depois de muitas orações, eis que, certa vez, no campo em que trabalhavam, apareceu-lhes o carro do Senhor, guiado pelos anjos.
            Radiante de luz, o Divino Amigo desceu da carruagem e pôs-se a ouvi-los.
            Os três ajoelharam-se em lágrimas de júbilo e o primeiro implorou a Jesus o favor da riqueza. O Mestre, bondoso, determinou que um dos anjos lhe entregasse enorme tesouro em moedas, O segundo suplicou a beleza perfeita e o Celeste Benfeitor mandou que um dos servidores lhe desse um milagroso ungüento a fim de que a formosura lhe brilhasse no rosto.
            O terceiro exclamou com fé:
            — Senhor, eu não sei escolher... Dá-me o que for justo, segundo a tua vontade.
            O Mestre sorriu e recomendou a um dos seus anjos lhe entregasse uma grande bolsa.
            Em seguida, abençoou-os e partiu...
            O moço que recebera a bolsa abriu-a, ansioso, mas, oh! desencanto!... Ela continha simplesmente uma enorme pedra.
            Os companheiros riram-se dele, supondo-o ludibriado, mas o jovem afirmou a sua fé no Senhor, levou consigo a pedra e começou a desbastá-la, procurando, procurando...
            Depois de algum tempo, chegou ao coração do bloco endurecido e encontrou aí um soberbo diamante. Com ele adquiriu grande fortuna e com a fortuna construiu uma casa onde os doentes pudessem encontrar refúgio e alivio, em nome do Senhor.
            Vivia feliz, cuidando de seu trabalho, quando, um dia, dois enfermos bateram à porta. Não teve dificuldade em reconhecê-los. Eram os dois antigos colegas de oração, que se haviam enganado com o ouro e com a beleza, adquirindo apenas doença e cansaço, miséria e desilusão.
            Abraçaram-se, chorando de alegria e, nesse instante, o Divino Mestre apareceu entre eles e falou:
            — Bem-aventurados todos aqueles que sabem aproveitar as pedras da vida, porque a fé e a perseverança no bem são os dois grandes alicerces do Reino de Deus.

 

Livro Pai Nosso
Francisco Candido Xavier
Pelo Espírito de Meimei

 

 

3. FUNÇÕES DO PERISPÍRITO

 

            Durante a encarnação, o Espírito conserva o seu perispírito, sendo-lhe o corpo apenas um segundo envoltório mais grosseiro, mais resistente, apropriado aos fenômenos a que tem de prestar-se e do qual o Espírito se despoja por ocasião da morte. O perispírito serve de intermediário ao Espírito e ao corpo. É o órgão de transmissão de todas as sensações. Relativamente às que vêm do exterior, pode-se dizer que o corpo recebe a impressão; o perispírito a transmite e o Espírito, que é o ser sensível e inteligente, a recebe. Quando o ato é de iniciativa do Espírito, pode dizer-se que o Espírito quer, o perispírito transmite e o corpo executa.10
            Temos, desse modo, algumas funções básicas do perispírito, tais como:
            Função Instrumental. Como se [...] depreende de seu próprio conceito, a função primordial do perispírito é servir de instrumento à alma, em sua interação com os mundos espiritual e físico. 24 Projeção energética da alma, aglutina em si a energia cósmica matriz, consolidando, já, uma estrutura de natureza física, que, a refletir, sempre, a fonte, serve como seu elemento de ligação com o meio que o cerca, de modo que não só possa nele agir, influenciando, como também, dele receber influência, em regime de trocas e aproveitamentos, em sua gloriosa caminhada evolutiva.24
            Função Individualizadora. O perispírito serve à [...] sua individualização e identificação. A alma é única e diferenciada, e o perispírito, como seu envoltório perene, mostra-a, refletindo-a, assegurando-lhe a identidade exclusiva. [...]Essa identidade, que diz de suas qualidades positivas e negativas, transmite-se, quando em estado de encarnação, ao corpo físico, que, entretanto, nem sempre a reflete inteiramente.25
            Função Organizadora. Esta função não se refere apenas à forma, aos aspectos anatômicos ou às peculiaridades [...] fisionômicas do ser em gestação, mas, principalmente, com os diversos sistemas de sustentação psicofiológicas que regerão sua vida.26 Ensina Emmanuel que, na [...] câmara uterina, o reflexo dominante de nossa individualidade impressiona a chapa fetal ou o conjunto de princípios germinativos que nos forjam os alicerces do novo instrumento físico, selando-nos a destinação para as tarefas que somos chamados a executar no mundo, em certa quota de tempo.19
            Função Sustentadora. Garante vitalidade ao corpo físico, sustentando-o desde a sua formação até o completo crescimento, durante todo o tempo programado para a sua encarnação. Essa ação, durante a programação de cada indivíduo, garante e conserva a integridade do corpo físico, como explica Léon Denis: insensível [...] às causas de desagregação e destruição que afetam o corpo físico, o perispírito assegura a estabilidade da vida em meio da contínua renovação das células.15 Sendo um dos elementos constitutivos do homem, o perispírito desempenha importante papel em todos os fenômenos psicológicos e, até certo ponto, nos fenômenos fisiológicos e patológicos. Quando as ciências médicas tiverem na devida conta o elemento espiritual na economia do ser, terão dado grande passo e horizontes inteiramente novos se lhes patentearão. As causas de muitas moléstias serão a esse tempo descobertas e encontrados poderosos meios de combatê-las.12
            Concluímos, assim, que o [...]nosso estado psíquico é obra nossa. O grau de percepção, de compreensão, que possuímos, é fruto de nossos esforços prolongados. [...] O nosso invólucro fluídico, sutil ou grosseiro, radiante ou obscuro, representa o nosso valor exato e a soma de nossas aquisições.16 Assim cria o homem para si mesmo o bem ou o mal, a alegria ou o sofrimento. [...] Em si mesmo está gravada sua obra, visível para todos no Além. É por esse admirável mecanismo das coisas, simples e grandioso ao mesmo tempo, que se executa, nos seres e no mundo, a lei de causalidade ou de conseqüência dos atos [lei de causa e efeito], que outra não é senão o cumprimento da justiça.17

 

REFERÊNCIAS
10. ______. Obras póstumas. Tradução de Guillon Ribeiro. 39. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Primeira parte (Manifestações dos espíritos), item 9 (O perispírito com princípio das manifestações), p. 49.
12. ______. Item 12, p. 50.
15. ______. No invisível. Tradução de Leopoldo Cirne. 24. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. 1ª Parte, Cap. 3 (O Espírito e a sua Forma), p. 47.
16. ______. p. 51.
17. ______. p. 52.
19. ______. Pensamento e vida. Pelo Espírito Emmanuel. 17. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 11, p. 55.
24.______. Cap. 3 (Funções do perispírito), p. 59.
25. ______. p. 60.

 

ESDE
2008

  

PSICOGRAFIA

 

            Eu nasci no ABC paulista, na região industrial, sempre atento aos avanços científicos e desejoso de constituir uma família. Esse era meu objetivo, aliás que não consegui levar avante, porque problemas inúmeros não permitiram, primeiro porque era deficiente físico, depois porque em acidente fatal me tirou a vida, quando contava 21 anos de idade, em São José dos Campos.
            Como justificar esta vida tão breve e de tão poucos resultados, que não tivera o tempo necessário para maturar as idéias e experiências, objetivando a evolução. Naturalmente difícil de entender, porque houve, diríamos assim, essa ruptura ao meu ver, antes da hora aprazada.
            Nesse caso, temos que recorrer a vida pregressa, porque nela encontraremos, com certeza, a resposta para tão angustiante problema, que muitas vezes transcende a nossa capacidade de entender, mas vamos ao caso. Já em muitas existências, fora dotado de recursos consideráveis para projetar o futuro com mais segurança, pois que tinha uma base formada para demonstrar os talentos, no entretanto, em cada existência havia uma desculpa, de maneira a justificar as minhas atitudes, nessa existência, dizia faltava-me a instrução, noutra os fatores vários não permitiram que realizasse meus intentos, havia sempre desculpa para tudo, mas na erraticidade, após demorados estudos, compreendi que realmente havia fracassado muitas vezes, por preguiça, por facilidades demais, por negligência, razão porque escolhi essa curta existência para conscientizar-me de certas necessidades, de ter a minha frente a transitoriedade da vida, pois que estava cheio de sonhos e esperanças, mas era tolhido em minhas possibilidades, seja pelos obstáculos naturais de minha deficiência orgânica, seja mesmo pela minha falta de capacidade, de sorte que nessa última existência foi só para me conscientizar do valor do tempo, pois que nunca dera o mínimo importância para este fator, e nesta senti tudo o que precisava fazer e compreender no que falhara, pois que minhas condições de saúde foram sempre precária desde o nascimento, não obstante minha vida cheia de sonhos de progredir, de realizar, de aproveitar a vida no que ela nos oferece, no entretanto fui tolhido em seus desejos, essa era a prova. Naturalmente meus pais, eram antigos comparsas do passado, que também sofreram a provação da perda de um filho prematuramente, de forma a sedimentar no seu psiquismo mais profundo, o amor aos filhos, coisas que nas últimas existências não cultivaram, e sentindo a dor da perda do filho único, conquanto deficiente era muito querido aos seus corações, para que de outra feita possam avaliar com mais cuidado o relacionamento entre pais e filhos, visto que o filho querido do presente, representa afeto mais grato ao seu coração do passado distante, de maneira que este processo lavrado por nossa atitude inconseqüente do passado, representa um marco importante na caminhada evolutiva. Muitos argumentam que foi de pouca valia essa vida tão efêmera, mas a verdade que ela lançou profundas raízes para o futuro, porque todos sentiram a dor da perda, dos pais pela ausência do filho querido, e do filho por não ter tido o tempo para concretizar os sonhos longamente acalentados em seu coração, assim que tudo obedeceu a um plano traçado por nossas vontades, ainda que quando encarnado não tivera realmente de fazer uma análise mais completa, porque faltavam outros elementos para compor o quadro completo do quebra-cabeça, mas que a existência aqui na Terra se processou dentro de um rigoroso plano, visando dar a cada um as melhores condições, porém que do ponto de vista terreno, faltou as possibilidades, no entretanto fora cumprido um programa muito importante, de maneira a compreender as existências futuras, com esses incidentes que transcorreu, neste breve espaço de tempo. A solução é esperar,  para que novos sucessos ocorram, objetivando dar seqüência aos acontecimentos que se processaram nessa breve existência, sacrifício e renúncia, que por certo será um anteparo contra os desregramento e negligência no futuro, que por certo não conseguiram compreender a extensão e as conseqüências.


            Edemar

 

ENGANOS E TRIBULAÇÕES

 

            O engano constitui fenômeno psicológico ínsito no processo evolutivo.
            Há uma inevitável tendência existencial para processos enganosos nos diferentes reinos da Natureza.
            Vegetais disfarçam-se para atrair presas que lhes possibilitem a manutenção, enganando-as de maneira hábil.
            Insetos igualmente mudam a aparência de forma que enganam a outros, dando prosseguimento à cadeia alimentícia.
            Animais diversos, por instinto, adquiriram o hábito de acomodar- se em posturas magistrais que enganam os predadores, assim mantendo a prole e a própria vida, quando não atacam aqueles que lhes constituem o recurso nutritivo preservador da existência.
            O ser humano, em face da arte e ciência de pensar, engana outro da mesma espécie bem como de diferentes categorias da escala evolutiva, propositalmente ou não.
            Inconscientemente o indivíduo deixa-se enganar por sintomas diversos do organismo, que lhe propiciam prazer ou insatisfação, passando a atender-lhes os impositivos, submetendo-se-lhes de maneira tácita, sem maiores preocupações.
            Fugas psicológicas facilitam a existência de muitos homens e mulheres que se deslocam dos problemas, transferindo-os de tempo e lugar, embora saibam que eles retornarão logo depois com as cobranças compatíveis.
            Enfermidades são escamoteadas por terapias inócuas ou ilusórias, enganando os pacientes que resolvem por adiar as soluções, por se considerarem incapazes de fazê-lo neste momento, que é o adequado.
            Da mesma forma, deixam-se enganar por soluções falsas de ocorrências que lhes dizem respeito, na tentativa de evitar-se preocupações e aborrecimentos.
            Os enganos multiplicam-se na área dos sentimentos, quando têm lugar os arroubos de paixões de vária ordem, dando a impressão de que se tratam de atitudes definidoras dos rumos do futuro.
            De igual maneira, as reações emocionais enganam as criaturas, facultando a vivência de condutas irrefletidas que parecem favoráveis ao bem-estar, mas que não passam de recursos momentâneos que não resolvem os desafios da existência.
            Relacionamentos afetivos apressados ou pagos enganam a sede de amor real e tentam preencher o vazio interno, sem que resolvam as necessidades da emoção ou da razão.
Ilusões bem elaboradas pela mente ociosa enganam a realidade que se tenta postergar, avançando-se sem rumo nem discernimento.
            Promessas variadas são cultivadas no plano mental, enganando a consciência do Eu, que deveria estar vigilante para alcançar os objetivos do processo evolutivo.
            O hábito do engano é tão corriqueiro, que mesmo diante de decisões impostergáveis e ocorrências inadiáveis, tenta-se enganar a vida, evitando-se o enfrentamento com a realidade, como nos casos da desencarnação, dos desafios existenciais que fazem parte do programa de crescimento interior.
            A consciência tem como finalidade desenvolver no Espírito o senso crítico em relação às ocorrências do cotidiano existencial, iluminando-as e ajudando- as na fixação de natureza profunda, de forma que, selecionadas pelas qualidades fundamentais de que se revistam, contribuam para a sua felicidade.
            Quando se alcança a autoconsciência, valores novos enriquecem os sentimentos e direcionam a  vontade sempre em sentido ascensional, despertando interesses não habituais, com os quais a vida se torna relevante e significativa.
            Nessa fase, em que se viaja da consciência geral para a autoconsciência, a escala de valores éticos sofre significativa alteração, mudando do conteúdo convencional, simples e oportuno, para outros duradouros e representativos das aspirações de auto-iluminação e liberdade.
            Os enganos habituais, que fazem parte do esquema do desculpismo em relação à responsabilidade, cedem lugar ao enfrentamento dos fatos conforme se apresentam, ensejando a vivência compatível com as conquistas da inteligência e do sentimento de nobreza.
            Enquanto isso não sucede, os enganos deixam de ser naturais para transformar-se em condutas indignas, estimulando atitudes de astúcia e de perversidade,mediante as quais o egoísmo predomina a serviço das ambições desarrazoadas.
            A mentira, a calúnia, a difamação, a farsa tomam o aspecto de máscaras enganosas de que se utilizam os indivíduos frágeis moralmente para suportar a luta sem quartel, na qual se encontram, sem as estruturas emocionais e morais necessárias para o bom desempenho.
            Utilizando-se da astúcia, ao invés de competir, lutando com empenho pessoal para conquistar os títulos de sabedoria, enganam-se, investindo contra os demais, que supõem impedimentos para a sua comodidade, utilizando-se desses recursos nefários, comprometendo- se perante a própria assim como a Consciência Cósmica.
            Esse tipo de comportamento feito de enganos, ao próprio agente engana, porque traz próximas e futuras tribulações que lhe tornam a existência um fardo insuportável de ser carregado.
            Engana-se todo aquele que pressupõe lograr o triunfo de qualquer natureza através de métodos escusos.
            A vitória aparente de que desfruta pode ser considerada a de Pirro, insignificante e destituída de representatividade, abrindo espaços emocionais para os conflitos que surgem no momento próprio.
            É inevitável a ação do mecanismo de desenvolvimento espiritual do ser humano, que sempre se manifesta por impositivo da Lei Divina.
            Pode-se ignorar por momentos, enganando-se, mediante a idéia de que tudo se regularizará espontaneamente, e que o problema de agora será auto-resolvido, mas o automatismo da evolução coloca-o na via de acesso e termina por alcançar o infrator que lhe foge da presença.
            O engano automático, pois, que se observa em a Natureza, não pode ser transformado em atitude moral que prejudique as demais pessoas, na condição de egoísmo avassalador injustificável, para usufruir-se autobenefícios.
            Por isso medram tribulações múltiplas nas paisagens humanas, que se avolumam e desarticulam multidões. É Lei da Vida a convivência social, e para que ela frutifique abençoada, a honradez, a veracidade, a vigência do sentimento de respeito e de amor fazem-se impositivas.
            Evita enganar-te conscientemente, assumindo posturas equivocadas, que disfarçam os objetivos que deves alcançar, lutando com sinceridade pela tua transformação moral para melhor, e pela renovação dos teus sentimentos que devem fluir do âmago do ser que és.
            Da mesma forma, não enganes a ninguém através de ardis e de condutas que te projetam a patamares que ainda não alcançaste, sendo autêntico mas não agressivo na forma de conduzir-te, de  apresentar-te, de viveres...
            Quem busca a libertação espiritual dos vícios e dependências nefastas não se pode permitir o ópio dos enganos cujo efeito logo passa, devolvendo a realidade da qual se pretende fugir.

 

Joanna de Ângelis
(Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, no dia 11 de maio de 2006, na residência de Euda Kummer, em Mannheim, Alemanha.)

 

Reformador
Janeiro 2007

 

ESPERANÇA RENOVADA


Ano Novo – Novos Tempos
Ana Guimarães

 

            É tocante observarmos como as pessoas se vestem de novas perspectivas sempre que um novo ano acena com promessas. Parecem acreditar que, pelo fato de virarmos o calendário para um novo dia, tudo o mais deixará de existir e começaremos vida nova; o que passou é passado sem valor para o futuro.
            Todavia sabemos que, enquanto o tempo passa, passam igualmente as fantasias e promessas, a realidade se desnuda diante dos olhos, e o sofrimento de ontem se apresenta tão rude quanto antes. No entanto é preciso prosseguir sonhando, sem tirar os pés do chão. Sonhar faz parte do ser humano, da sua fisiologia, do seu psiquismo.
            Hoje percebemos o caos em que mergulha a sociedade: um abismo tumultuoso de paixões desencadeadas e malversação de valores, onde a mente se perverte e o homem se esquece de Deus.
Entretanto Ele prossegue vigilante. Não permite a perda de nenhuma de Suas ovelhas. Sim, Jesus, o Maestro ínclito da grande sinfonia de libertação da alma humana, não nos abandona nos braços da ilusão. Sustenta-nos com ternura na marcha evolutiva.
            Neste Ano Novo, não façamos promessas sem intenção de cumpri-las. Permitamos sim, uma nova estratégia que nos faculte a lucidez para separar o joio do trigo e, em consequência, a construção dos objetivos nobres que irão nortear nossos passos.
            Com o Espiritismo, torna-se fácil uma terapia emergencial para encontrarmos a felicidade nos painéis da própria alma: leves exercícios de disciplina, o culto da oração, leitura edificante, conversação sadia, convivência harmoniosa são alguns dos aspectos preconizados para a saúde do espírito.
            Aproveitemos, destarte, o milagre da hora que passa, a chance do momento luminoso para distendermos as possibilidades infinitas que nos concede a Divina Providência, na construção do bem maior, minimizando as paixões destruidoras.
            Não há mais tempo para se gastar com utopias; se postergarmos, não sabemos quando haverá nova chance. Já deveríamos ter aprendido com as próprias experiências que temos vivido envoltos em européis fantasiosos, sem valor real. É possível que o despertar seja doloroso, todavia ainda é o melhor remédio.
            Conscientes de que Espiritismo é autodoação e fé, é sacrifício pessoal, prossigamos intimoratos. Esquecendo os desejos que nos retardaram a marcha, tenhamos consciência de que, com Jesus, todo fardo é leve, inclusive o nosso, e temos todas as condições de carregá-lo, com êxito.
            Alegremo-nos, é um novo dia e, porque brilha o sol, recordemos: este é o nosso momento de construir uma nova era, de distender as balizas das realizações, para que o mundo se enfeite de luz e os corações felicitados se recordem de Deus, e que O glorifiquemos pelas nossas ações.
            Feliz Ano Novo!

 

Revista Cultura Espírita
2012

 

PERIGOS DOS MÉDIUNS

 

            A mediunidade em si mesma é una, ou seja, é uma só, porém em suas formas é multifária, isto é, apresenta muitas modalidades diferentes em seus meios e seus efeitos, e cada uma delas com suas características próprias, mas continuam mediunidade.
            A doutrina Espírita fala-nos que ela se deve a uma disposição orgânica e qualquer um que receba ou transmita mensagem do mundo Espiritual está usando a mediunidade. Essa faculdade não está livre dos perigos inerentes a ela, que poderá perder-se, alterar-se ou ser fontes de graves desilusões.
            A experiência prova que ela não é dada apenas para quem possui a elevação moral ou intelectual das almas de escol e sim para todos, independentemente do uso bom ou mal que se poderá fazer dela e na elevação moral é que se encontram as diferenças. É de conhecimento que há médiuns potentes e que deixam a desejar as qualidades morais, como os há os que sem grandes conhecimentos transmitem mensagens de elevado conceito moral e intelectual.
            A pessoa que fracassa sem conseguir o dom do intercâmbio espiritual, malgrado seu desejo e seus esforços, não se deve achar indigna da benevolência dos bons Espíritos, nem tirar conclusões desfavoráveis a seu respeito. Pela mesma razão aquele que recebe esse dom não deve dele se prevalecer, pois não é nenhum sinal de mérito pessoal e sim um instrumento dado pela misericórdia Divina para o médium pagar seus débitos com o trabalho em prol do seu semelhante. O mérito então não está na posse da faculdade mediatriz, que a todos é dada, e sim no uso que dela se pode fazer.
            Essa distinção é fundamental para a compreensão de que a qualidade do médium não está na facilidade das comunicações, mas unicamente em sua aptidão para receber as boas comunicações. Aí as condições morais em que o médium se encontra são poderosase também é aí que estão os maiores perigos.
            Os Espíritos vivem em vários níveis de evolução e quando pensamos que estamos a sós, na verdade estamos cercados por todos os lados de Espíritos de quaisquer níveis, do bem e do mal, de ciência e de ignorância. Uns que passam por nós, outros que nos espreitam os movimentos e que conforme sua natureza nos inspiram a prática do bem ou do mal.Outros ainda, levados por nossa incúria, vingam-se fazendo-nos o mal.
            Eles nos excitam pelas nossas inclinações e tendências e pela nossa disposição em ouvi-los. Por isso aquele que tem firme os princípios morais, com facilidade livra-se desses Espíritos, que vão procurar quem lhes escute.
            Essas questões mostram-nos que os médiuns, como todas as pessoas sofrem a influência oculta dos Espíritos bons ou maus, que são atraídos ou repelidos em conformidade das simpatias do próprio Espírito encarnado, aproveitando os maus Espíritos de todas as falhas para se introduzirem, à revelia, em todos os atos de sua vida particular.
            Tais Espíritos passam seus pensamentos de maneira inteligível e provocam e interferem nas comunicações aumentando suas influências até se assenhorarem do médium invigilante, afastando os demais Espíritos que poderiam lhes desmascarar, assumindo os nomes e até mesmo a linguagem para iludir o médium.
            Se o médium lhes der crédito, os Espíritos bons se afastam, porque notam a sintonia do médium com os maus, mas os maus não conseguem manter indefinidamente essa situação sendo desmascarados pelo observador experiente.
            Diz o dito popular: “diga-me com quem anda e lhe direi quem é” sendo claro que isso vale para os Espíritos, pois os bons não darão instruções elevadas e sérias a um médium que convive com espíritos levianos, a menos que não tenham outro médium disponível ou queiram dar uma lição ao médium.
            A boa moral do médium e suas boas intenções não garantem que ele só receba comunicações dos bons, pois devido às suas imperfeições, já que a perfeição ainda está longe de nós, os Espíritos levianos, embusteiros, mentirosos e pseudossábios intrometem-se em suas comunicações. A fraqueza de caráter também permite que essa ingerência ocorra. Aí está o maior perigo para os médiuns.
            Os Espíritos levianos e os pseudossábios falam do que sabem e do que não sabem com a mesma segurança e podem alterar-lhes a pureza e levar o médium e a quem se dirigem a erros e dizem:”aceitai nossas palavras e não as julgueis”. Já os bons Espíritos aconselham, não impõem e calam-se ou falam do seu desconhecimento quando não sabem.


                                                                                                          Crispim.


Referências bibliográficas:

  • Revista Espírita 1859. Allan Kardec.
  • O livro dos Médiuns. Allan Kardec.

 

 

VIDAS SUCESSIVAS

 

            Não te maravilhes de te haver dito: “Necessário vos é nascer de novo.” - Jesus. (João, 3: 7.)

 

            A palavra de Jesus a Nicodemos foi suficientemente clara.
            Desviá-la para interpretações descabidas pode ser compreensível no sacerdócio organizado, atento às injunções da luta humana, mas nunca nos espíritos amantes da verdade legítima.
            A reencarnação é lei universal.
            Sem ela, a existência terrena representaria turbilhão de desordem e injustiça; à luz de seus esclarecimentos, entendemos todos os fenômenos dolorosos do caminho.
            O homem ainda não percebeu toda a extensão da misericórdia divina, nos processos de resgate e reajustamento.
Entre os homens, o criminoso é enviado a penas cruéis, seja pela condenação à morte ou aos sofrimentos prolongados.
            A Providência, todavia, corrige, amando... Não encaminha os réus a prisões infectas e úmidas. Determina somente que os comparsas de dramas nefastos troquem a vestimenta carnal e voltem ao palco da atividade humana, de modo a se redimirem, uns à frente dos outros.
            Para a Sabedoria Magnânima nem sempre o que errou é um celerado, como nem sempre a vítima é pura e sincera. Deus não vê apenas a maldade que surge à superfície do escândalo; conhece o mecanismo sombrio de todas as circunstâncias que provocaram um crime.
            O algoz integral como a vítima integral são desconhecidos do homem; o Pai, contudo, identifica as necessidades de seus filhos e reúne-os, periodicamente, pelos laços de sangue ou na rede dos compromissos edificantes, a fim de que aprendam a lei do amor, entre as dificuldades e as dores do destino, com a bênção de temporário esquecimento.

 

Livro "Caminho, Verdade e Vida"
Pelo Espírito Emmanuel
Francisco Cândido Xavier

 

O FENÔMENO E DOUTRINA

 

            Até hoje, os fenômenos mediúnicos que se desdobraram à margem do apostolado do Cristo se definem como sendo um conjunto de teses discutíveis, mas os ensinamentos e atitudes do Mestre constituem o maciço de luz inatacável do Evangelho, amparando os homens e orientando-lhes o caminho.
            Existe quem recorra à idéia da fraude piedosa para justificar a transformação da água em vinho, nas bodas de Caná.
            Ninguém vacila, porém, quanto à grandeza moral de Jesus, ao traçar os mais avançados conceitos de amor ao próximo, ajustando teoria e prática, com absoluto esquecimento de si mesmo em benefício dos outros, num meio em que o espírito de conquista legitimava os piores desvarios da multidão.
Invoca-se a psicoterapia para basear a cura do cego Bartimeu.
            Há, todavia, consenso unânime, em todos os lugares, com respeito à visão superior do Mensageiro Divino, que dignificou a solidariedade como ninguém, proclamando que “o maior no Reino dos Céus será sempre aquele que se fizer o servidor de todos na Terra”, num tempo em que o egoísmo categorizava o trabalho à conta de extrema degradação.
Fala-se em hipnose para explicar a multiplicação dos pães.
            O mundo, no entanto, a uma voz, admira a coragem do Eterno Amigo que se consagrou aos sofredores e aos infelizes sem qualquer preocupação de posse terrestre, conquanto pudesse escalar os pináculos econômicos, numa época em que, de modo geral, até mesmo os expositores de virtude viviam de bajular as personalidades influentes e poderosas do dia.
            Questiona-se em torno do reavivamento de Lázaro.
            Entretanto, não há quem negue respeito incondicional ao Benfeitor Sublime que revelou suficiente desassombro para mostrar que o perdão é alavanca de renovação e vida, num quadro social em que o ódio coroado interpretava a humildade por baixeza.
            Debate-se, até agora, o problema da ressurreição dele próprio.
            No entanto, o mundo inteiro reverencia o Enviado de Deus, cuja figura renasce, dia a dia, das cinzas do tempo, indicando a bondade e a concórdia, a tolerância e a abnegação por mapas da felicidade real, no centro de cooperadores que se multiplicam, em todas as nações, com a passagem dos séculos.
            Recordemos semelhantes lições na Doutrina Espírita.
            Fenômenos mediúnicos serão sempre motivos de experimentação e de estudo, tanto favorecendo a convicção, quanto nutrindo a polêmica, mas educação evangélica e exemplo em serviço, definição e atitude, são forças morais irremovíveis da orientação e da lógica, que resistem à dúvida em qualquer parte.

 

Livro Mediunidade e Sintonia
Pelo Espírito Emmanuel
Francisco Cândido Xavier

 

 

EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
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