"Luzes do Amanhecer"

Fundado em 16/07/1996 publicado 02/02/2006
JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA - ANO XIII - N. 145 * Campo Grande/MS * Fevereiro de 2018.
EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
Rua Colorado n o 488, Bairro Jardim Canadá, CEP 79112-480, Campo Grande-MS.

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            Muitas vezes não encontrou o caminho certo e começa a levantar hipóteses, mas por que procede assim? Se já têm na Doutrina Espírita as noções mais claras sobre a vida e a morte, basta que estude e compreenda os seus postulados e viva em plenitude.

 

CARNAVAL: INFESTAÇÃO ESPIRITUAL

 

            Sem sombra de dúvida o Carnaval é a maior, a mais bela e a mais bem organizada festa popular do mundo, principalmente nas grandes cidades onde a população sofrida passa o ano inteiro aguardando e trabalhando para o sucesso dessa festa em que irá extravasar em alegria o grito contido, renovando as esperanças e fortalecendo-se para enfrentar o ano que acaba de iniciar-se.
            Porém, a organização impecável, sustentada por verbas de origem duvidosa, esconde atrás de suas alas as disputas por turistas, as indicações de hotéis, a prostituição de luxo, os agenciadores de mulheres, as jovens lascivas desejando ganhar a vida em moedas fortes, o exibicionismo na TV de seus corpos nus.
            Dentre os foliões sinceros, misturam-se irmãos imprevidentes que abusam das bebidas, usam drogas excitantes que levam aos descontroles emocionais pelos exageros, pelos abusos do sexo pelo sexo, sem perceberem que do outro lado da vida, estão em curso programas cavernosos arquitetados por entidades cruéis em seus planos nefastos que acodem os indivíduos invigilantes nos seus expedientes malsãos, com as populações física e espiritual misturando-se em plena sintonia...
            Tais indivíduos atraem turbas de Espíritos obsessores, perversos, exploradores e vampirizadores que saem das furnas inferiores com determinações de difundir a maldade, o vício, o crime e de evitarem contato com as hostes do bem, representada por inúmeros Espíritos benfeitores que se dedicam ao socorro espiritual da grande massa em transe carnavalesco.
            O socorro é feito por grupos de entidades caridosas que lutam contra a insanidade dos encarnados. Essas entidades superiores abrem os canais para a subida de Espíritos sofridos e trevosos que veem à superfície com propósitos malignos; entre eles muitos Espíritos arrependidos e cansados são amparados pelas mãos amigas dos benfeitores e não retornam mais às furnas.
            A infestação Espiritual perturbadora, que se vale de sua condição de Espíritos invisíveis, impõem a frustração, o revide, a amargura, o ciúme, a inveja e todas as paixões inferiores e instalam obsessões coletivas de longo curso que entorpecem multidões, incutem moléstias graves, alteram os comportamentos morais, enaltecem o abuso do álcool e das drogas, dizimam vidas e provocam alucinações nas boas pessoas que se ligam aos grandes projetos.
            Depois da grande folia, os foliões enganados têm seus distúrbios afetivos gerados pela ilusão e são tratados pelos Espíritos benevolentes que afirmam que tais foliões de hoje serão os desencarnados tristes de amanhã.

                                 
 Crispim.


Referências Bibliográficas:

  • Entre os Dois Mundos. Divaldo Pereira Franco/ Manoel Philomeno de Miranda.
  • Esculpindo o Próprio Destino. André Luiz Ruiz/Lucius.
  • Obsessão e Desobsessão. Divaldo Pereira Franco/Manoel Philomeno de Miranda.
  • Nas Fronteiras da Loucura. Divaldo Pereira Franco/Manoel Philomeno de Miranda.

 

 

A REENCARNAÇÃO FORTALECE OS LAÇOS DE FAMÍLIA

 

            Os laços de família não sofrem destruição alguma com a reencarnação, como o pensam certas pessoas. Ao contrário, tornam-se mais fortalecidos e apertados. O princípio oposto, sim, os destrói.
            No espaço, os Espíritos formam grupos ou famílias entrelaçados pela afeição, pela simpatia e pela semelhança das inclinações. Ditosos por se encontrarem juntos, esses Espíritos se buscam uns aos outros. A encarnação apenas momentaneamente os separa, porquanto, ao regressarem à erraticidade, novamente se reúnem como amigos que voltam de uma viagem. Muitas vezes, até, uns seguem a outros na encarnação, vindo aqui reunir-se numa mesma família, ou num mesmo círculo, a fim de trabalharem juntos pelo seu mútuo adiantamento. Se uns encarnam e outros não, nem por isso deixam de estar unidos pelo pensamento. Os que se conservam livres velam pelos que se acham em cativeiro. Os mais adiantados se esforçam por fazer que os retardatários progridam. Após cada existência, todos têm avançado um passo na senda do aperfeiçoamento. Cada vez menos presos à matéria, mais viva se lhes torna a afeição recíproca, pela razão mesma de que, mais depurada, não tem a perturbá-la o egoísmo, nem as sombras das paixões. Podem, portanto, percorrer, assim, ilimitado número de existências corpóreas, sem que nenhum golpe receba a mútua estima que os liga.
            Está bem visto que aqui se trata de afeição real, de alma a alma, única que sobrevive à destruição do corpo, porquanto os seres que neste mundo se unem apenas pelos sentidos nenhum motivo têm para se procurarem no mundo dos Espíritos. Duráveis somente o são as afeições espirituais; as de natureza carnal se extinguem com a causa que lhes deu origem. Ora, semelhante causa não subsiste no mundo dos Espíritos, enquanto a alma existe sempre. No que concerne às pessoas que se unem exclusivamente por motivo de interesse, essas nada realmente são umas para as outras: a morte as separa na Terra e no céu.


Allan Kardec

Fonte: O evangelho segundo o espiritismo. 126. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. IV, item 18.

 


MANTENHA-SE NO TRABALHO

 

            Diante de suas deficiências continue lutando, porque somente assim será capaz de suprimi-las, pois a rigor se estamos na indigência e não trabalhamos, o que afinal pode-se esperar?
            Se porventura se julga desassistido, embora não o seja na realidade, trabalhe porque somente assim será capaz de adquirir algo para garantir os seus dias sem luz.
            Se já deseja realizar algo bem simples, mas mesmo diante de um pequeno gesto de impaciência já sente o desânimo, e sem haver sequer começado, desiste alegando que não tem condições de concluir a tarefa que planejou, certamente que está votado a ter mais problemas do que já tem, porque em verdade, se não procura a solução, quando tem condições, imagine no dia de sua maior provação. 
            Por mais que se julgue sem méritos nunca deixe de trabalhar pelo bem, porque seguindo nesse rumo é certo que algo conseguirá, mesmo que sejam migalhas, mas estas podem representar muito para quem nada tem.
            Se porventura vê companheiros que não correspondem às expectativas no que se refere aos bons exemplos, é um bom alerta para que possa examinar-se com mais cuidado, pois que se já tem a clarividência de observar os erros alheios, deve com justa razão melhorar a sua maneira de agir.
Sabendo que os outros se apresentam de maneira deficiente porque não sabem, naturalmente você que conhece deve pelos menos dar o bom exemplo e isso ocorre para que também consiga levar aos outros que estão na retaguarda, talvez a sua espera os ajude a caminhar, portanto, nesses momentos não pode ficar inativo, diante da luta que se desenvolve ao longo do percurso da existência.
            Em seus momentos de reflexões quando avalia o caminho já percorrido, lembre-se que em breve deverá dar contas dos tesouros que recebeu, entre outras coisas o discernimento que já tem, e como a ferramenta indica claramente o que se deve fazer, sabe com certeza que prejuízo acarreta aquele que sabe e não faz, que sabendo reconhecer os erros dos outros, ainda assim não faz o que deve fazer e que julga certo, assim que na contabilidade final pode não ter as justificativas que espera, justamente porque sabe, tem a obrigação de realizar e exemplificar.

Histórias Educativas
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes

 

 

CAMINHO CERTO


Evangelho Segundo o Espiritismo -  Cap. XIX “O Lunático”.

 

            O Senhor sempre indica o caminho certo.
            Porém muitos a semelhança do personagem da parábola, às vezes caem no fogo das paixões desenfreadas, provocadas pela sede de poder, de projeção social, onde são dominados pelo orgulho, pelo egoísmo, pela vaidade. Em determinados momentos assimilam essa maneira equivocada de ver o mundo, criando-lhes sérios problemas para o seu equilíbrio emotivo.
Outros imprevidentes caem na água da indiferença pela dor alheia, no comodismo, no julgamento apressado, porque estão centrados unicamente em seus interesses, assim que enfermo do corpo e do espírito não tem uma direção certa. Não encontram o caminho, isto é, caindo no abismo do erro e da contradição de suas próprias expectativas, embora o Evangelho tenha indicado a direção certa da felicidade.  
Todavia muitos já conhecendo sentem uma enorme dificuldade em colocar em prática a proposta de amor que o Divino Mensageiro legou a toda a Humanidade. Com isso, esqueceram de viver esses princípios que lhe traria as melhores compensações.
            Por conta disso em momentos de crises emotivas, apresentam-se desarvorados em busca de solução para os graves problemas que amontoaram sobre si mesmos, porque esqueceram o principal – que a terapia do trabalho em favor do próximo -, e representam os recursos mais valiosos para viver de maneira equilibrada.
            Porque com isso iluminariam o próprio coração, vendo em cada pessoa alguém que necessita amar, na configuração que se apresentem, sem nada exigir, com os seus pontos de contradição tão própria do estágio em que vive aqui neste plano.
            Mas ao contrário aquele que se propõe a colocar em prática o que aprendera à luz do Evangelho, percebe como o mais avançado roteiro para a vida, principalmente porque encarece a necessidade de ser bom e caridoso. Na realidade  seria um ponto de apoio  para os momentos de crises maiores, embora ainda esteja tão distante desses parâmetros exigidos para uma vida mais completa.
            Aquele que se dispõe a vencer com muito esforço o seu cansaço, falta de iniciativa, o comodismo, com certeza evitaria muitas quedas até desnecessárias.
            Porém aquela criatura de boa vontade roga apoio do alto e encontra o auxilio que necessita. Até o seu semblante muda de aspecto, porque já está convencido que sem o auxilio de Jesus não se caminha na senda libertadora.
            Em toda a parte existe dor e sofrimento, por isso aprenda ajudar também, ainda que de maneira muitos simples, ainda assim sirva, ajudem o próximo atravessar aqueles momentos mais complicados de suas existências.
            Agindo sempre no bem embora enfrente muitas dificuldades, por certo que caminhará  com segurança, na certeza absoluta que mãos carinhosas estão indicando o caminho certo, onde poderá desenvolver o seu potencial de amor.
            Porque todos são chamados a trabalhar na seara bendita do Cristo e esses felizes operários bem hão de sorrir por haver trabalhado no duro labor da edificação intima, ainda que as dificuldades e problemas se agigantem.
             Muitas vezes até acima de suas forças, mas mesmo assim não desistem e lutam para vencer e continuam a espalhar o bem por onde andem e será o caminho certo de construir um mundo cada vez melhor, por isso não se pergunte mais qual a direção a seguir?
            Porque no Evangelho tem o mais sublime roteiro para esta e para outra vida, que está resumido em dois únicos mandamentos: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

 

Lições de Simplicidade
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes

 

 

O SERVIÇO DA PERFEIÇÃO

 

            Um velho oleiro, muito dedicado ao trabalho, certa feita adoeceu gravemente e entrou a passar enormes dificuldades.
            Os parentes, aos quais ele mais servira, moravam em regiões distantes e pareciam haver perdido a memória...
Sem ninguém que o auxiliasse, passou a viver da caridade pública, mas, quando esmolava, caiu na via pública e quebrou uma das pernas, sendo obrigado a recolher-se à cama por longo tempo.
            Chorando, amargurado, fez uma prece e rogou a Deus alguma consolação para os seus males.
Então, dormiu e sonhou que um anjo lhe apareceu, trazendo a resposta pedida.
            O mensageiro do Céu conduziu-o até o antigo forno em que trabalhava, e, mostrando-lhe alguns formosos vasos de sua produção, perguntou:
            — Como é que você conseguiu realizar trabalhos assim tão perfeitos?
            O oleiro, orgulhoso de sua obra, informou:
            - Usando o fogo com muito cuidado e com muito carinho, no serviço da perfeição. Alguns vasos voltaram ao calor intenso duas ou três vezes.
            - E sem fogo você realizaria a sua tarefa?
            - Indagou, ainda, o emissário.
            - Nunca! - Respondeu o velho, certo do que afirmava.
            - Assim também esclareceu o anjo, bondoso -, o sofrimento e a luta são as chamas invisíveis que Nosso Pai Celestial criou para o embelezamento de nossas que, um dia, serão vasos sublimes e perfeitos para o serviço do Céu.
Nesse instante, o doente acordou, compreendeu a Vontade Divina e rendeu graças a Deus.

 

Livro Pai Nosso
Francisco Candido Xavier
Pelo Espírito de Meimei

 

 

CRIAÇÕES FLUÍDICAS

 

1. O PENSAMENTO E AS CRIAÇÕES FLUÍDICAS

            As criações fluídicas nascem do pensamento, entendido como [...] força criadora de nossa própria alma e, por isto mesmo, é a continuação de nós mesmos. Através dele, atuamos no meio em que vivemos e agimos, estabelecendo o padrão de nossa influência, no bem ou no mal.13 Significa também dizer [...] que as nossas idéias exteriorizadas criam imagens, tão vivas quanto desejamos [...].13
            Mantemos, assim, permanente contato com outras mentes, influenciando e sendo influenciados, pois ninguém [...] pode ultrapassar de improviso os recursos da própria mente, muito além do círculo de trabalho em que estagia; contudo, assinalamos, todos nós, os reflexos uns dos outros, dentro da nossa relativa capacidade de assimilação. Ninguém permanece fora do movimento de permuta incessante. Respiramos no mundo das imagens que projetamos e recebemos. Por elas, estacionamos sob a fascinação dos elementos que provisoriamente nos escravizam e, através delas, incorporamos o influxo renovador dos poderes que nos induzem à purificação e ao progresso.17
            O pensamento, ou fluxo energético mental, manifesta-se sob a forma de ondas [...], desde os raios super-ultra-curtos, em que se exprimem as legiões angélicas, através de processos ainda inacessíveis à nossa observação, passando pelas oscilações curtas, médias e longas em que se exterioriza a mente humana, até às ondas fragmentárias dos animais, cuja vida psíquica, ainda em germe, somente arroja de si determinados pensamentos ou raios descontínuos.7 Como alicerce vivo de todas as realizações nos planos físico e extrafísico, encontramos o pensamento por agente essencial. Entretanto, ele ainda é matéria, – a matériamental, em que as leis de formação das cargas magnéticas ou dos sistemas atômicos prevalecem sob novo sentido, compondo o maravilhoso mar de energia sutil em que todos nos achamos submersos e no qual surpreendemos elementos que transcendem o sistema periódico dos elementos químicos conhecidos no mundo.8
            Importa considerar que, independentemente do plano de vida no qual nos situemos [...], o nosso pensamento cria a vida que procuramos, através do reflexo de nós mesmos, até que nos identifiquemos, um dia, no curso dos milênios, com a Sabedoria Infinita e com o Infinito Amor, que constituem o Pensamento e a Vida de Nosso Pai.15 Um pensamento superior, fortemente pensado, permitase- nos a expressão, pode, pois, conforme a sua força e a sua elevação, tocar de perto ou de longe homens que nenhuma idéia fazem da maneira por que ele lhes chega, do mesmo modo que muitas vezes aquele que o emite não faz idéia do efeito produzido pela sua emissão. É esse um jogo constante das inteligências humanas e da ação recíproca de umas sobre as outras. Juntai-lhe a das inteligências dos desencarnados e imaginai, se o conseguirdes, o poder incalculável dessa força composta de tantas forças reunidas. Se pudesse suspeitar do imenso mecanismo que o pensamento aciona e dos efeitos que ele produz de um indivíduo a outro, de um grupo de seres a outro grupo e, afinal, da ação universal dos pensamentos das criaturas umas sobre as outras, o homem ficaria assombrado! Sentir-se-ia aniquilado diante dessa infinidade de pormenores, diante dessas inúmeras redes ligadas entre si por uma potente vontade e atuando harmonicamente para alcançar um único objetivo: o progresso universal.4

2. CARACTERÍSTICAS DAS CRIAÇÕES FLUÍDICAS

            Idéias, elaboradas com atenção, geram formas, tocadas de movimento, som e cor, perfeitamente perceptíveis por todos aqueles que se encontrem sintonizados na onda em que se expressam.14 Ainda mais; criando imagens fluídicas, o pensamento se reflete no envoltório perispirítico como num espelho, ou, então, como essas imagens de objetos terrestres que se refletem nos vapores do ar, tomando aí um corpo e, de certo modo, fotografando-se. Se um homem, por exemplo, tiver a idéia de matar alguém, embora seu corpo material se conserve impassível, seu corpo fluídico é acionado por essa idéia e a reproduz com todosos matizes. Ele executa fluidicamente o gesto, o ato que o indivíduo premeditou.
            Os Espíritos manipulam os fluidos por intermédio do pensamento e da vontade. Formam aglomerações, conjuntos e diferentes edificações nas localidades onde vivem. Mudam-lhes as [...] propriedades, como um químico muda a dos gases ou de outros corpos, combinando-os segundo certas leis. É a grande oficina ou laboratório da vida espiritual. 5 Algumas vezes, essas transformações resultam de uma intenção; doutras, são produto de um pensamento inconsciente. [...] É assim, por exemplo, que um Espírito se faz visível a um encarnado que possua a vista psíquica, sob as aparências que tinha quando vivo na época em que o segundo o conheceu, embora haja ele tido, depois dessa época, muitas encarnações. Apresenta-se com o vestuário, os sinais exteriores – enfermidades, cicatrizes, membros amputados, etc. – que tinha então. [...] Se, pois, de uma vez ele foi negro e branco de outra, apresentar-se-á como branco ou negro, conforme a encarnação a que se refira a sua evocação e à que se transporte o seu pensamento. Por análogo efeito, o pensamento do Espírito cria fluidicamente os objetos que ele esteja habituado a usar. Um avarento manuseará ouro, um militar trará suas armas e seu uniforme, um fumante o seu cachimbo, um lavrador a sua charrua e seus bois, uma mulher velha a sua roca [ou outro objeto]. Para o Espírito, que é, também ele, fluídico,esses objetos fluídicos são tão reais, como o eram, no estado material, para o homem vivo [encarnado]; mas, pela razão de serem criações do pensamento, a existência deles é tão fugitiva quanto a deste.6 e 1
            As formas-pensamento são facilmente percebidas pelos desencarnados, mesmo em se tratando de Espírito moralmente inferior, que as utiliza nos processos obsessivos. As ações desses Espíritos nos atingem, visto que eles não têm qualquer dificuldade em reconhecer o teor dos nossos pensamentos: [...] todos possuímos, além dos desejos imediatistas comuns, em qualquer fase da vida, um “desejo central” ou “tema básico” dos interesses mais íntimos. Por isso, além dos pensamentos vulgares que nos aprisionam à experiência rotineira, emitimos com mais freqüência os pensamentos que nascem do “desejo-central” que nos caracteriza, pensamentos estes que passam a constituir o reflexo dominante de nossa personalidade. Desse modo, é fácil conhecer a natureza de qualquer pessoa, em qualquer plano, através das ocupações e posições em que prefira viver. Assim é que a crueldade é o reflexo do criminoso, a cobiça é o reflexo do usurário, a maledicência é o reflexo do caluniador, o escárnio é o reflexo do ironista e a irritação é o reflexo do desequilibrado, tanto quanto a elevação moral é o reflexo do santo...10
No caso das obsessões, afirma um terrível obsessor: Conhecido o reflexo da criatura que nos propomos retificar ou punir é , assim, muito fácil superalimentá-la com excitações constantes, robustecendo-lhe os impulsos e os quadros já existentes na imaginação e criando outros que se lhes superponham, nutrindo-lhe, dessa forma, a fixação mental. [...] Através de semelhantes processos, criamos e mantemos facilmente o “delírio psíquico” ou a “obsessão”, que não passa de um estado anormal da mente, subjugada pelo excesso de suas próprias criações a pressionarem o campo sensorial, infinitamente acrescidas de influência direta ou indireta de outras mentes desencarnadas ou não, atraídas por seu próprio reflexo.11

REFERÊNCIAS

1. KARDEC, Allan.A gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. 52. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 14, item 14, p. 323.
2. ______. Obras póstumas. Tradução de Guillon Ribeiro. 39. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Primeira Parte, item: Fotografia e telegrafia do pensamento, p. 130.
3. ______. p. 131.
4. ______. p. 133.
5. ______. Revista espírita. Jornal de estudos psicológicos. Ano 1868. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. Poesias traduzidas por Inaldo Lacerda Lima. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Ano XI, junho de 1868, n.º 06, Item: Fotografia do pensamento, p. 239-240.
6. ______. p. 240.
7. XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. Mecanismos da mediunidade. Pelo Espírito André Luiz. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 4 (Matéria mental), item: Pensamento das criaturas, p.48.
8. ______. Item: Corpúsculos mentais, p. 49.
9. ______. Item: Formas-pensamento, p.52.
10. XAVIER, Francisco Cândido. Ação e reação. Pelo Espírito André Luiz. 28. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. 8 (Preparativos para o Retorno), p.135-136.
11. ______. p.136.
12. ______. Libertação. Pelo Espírito André Luiz. 31. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 11 (Valiosa Experiência), p.179-180.
13. ______. Cap. 17 (Assistência fraternal), p. 275.
14. ______. Nos domínios da mediunidade. Pelo Espírito André Luiz. 34. ed. Rio de Janeiro: FEB, 20074. Cap. 12 (Clarividência e clariaudiência), p.132.
15. ______. Pensamento e vida.Pelo Espírito Emmanuel. 17. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Prefácio (Pensamento e vida), p.10.
16. ______. Cap. 1 (O espelho da vida), p.11-12.
17. ______. p. 13.

 

ESDE
2008

 

 

 PSICOGRAFIA

 

Querida Família!

                Junto de amigos que me assistem devo usar a palavra para externar os meus sentimentos desde há muito represado em meu coração.
                Na verdade nunca pensava tomar aquela atitude que nos fizera sofrer tanto, pois não medi as conseqüências no momento e resultou em tão graves dissabores para todos, quero nestas palavras me justificar, pois não encontro outra maneira de tirar esse peso de minha consciência, ainda hoje aquele gesto tresloucado de tirar a minha vida por meras banalidades, como se fosse um sonho que no momento ficamos sensibilizados e que minutos depois, vemos que não tem sentido que a realidade é outra, foi o que ocorreu comigo, dizer que teria premeditado não é verdade, tudo foi questão de momento, no entretanto, isto não nos exonera da gravidade da falta que cometemos. Em outras épocas da humanidade até poderíamos admitir isto, não hoje com tantas informações a respeito de todos os assuntos não é admissível, assim é que esta fatalidade ocorreu e procuro hoje conscientemente ressarcir os prejuízos que me impus, agravado pelos reflexos que causei a toda a família e o abalo que se fez a tantos corações queridos que não esperava de minha parte tal gesto.
                Posso dizer hoje que estou melhorando, dentro do possível, como   não houve premeditação não lesou tão gravemente o meu psiquismo, de forma que o tempo é que irá fazer o trabalho, aliado a vontade firme de mudar essa situação e em voltar a sorrir novamente.
                O avô Paulo tem sido para mim um baluarte, tem me dado tanta  força, se estou melhor agradeço a Jesus e a esse avô maravilhoso que tudo faz para me apoiar na sua abnegação constante, cercando-me de cuidados e atenções, não desmerecendo tantos cooperadores deste sítio que me encontro são todos gentis e atenciosos, de forma que não estou tão mal, como faria supor a minha situação.
Tenho muita saudade dos familiares queridos, principalmente de mãe Ana, que sempre foi uma luz em meu caminho, uma pena que não tenha dado o devido valor, pois fico a imaginar que dificuldade terei em outra oportunidade sem ter essa criatura maravilhosa ao meu lado, que no anonimato de casa tudo fazia para satisfazer meus mínimos caprichos, no entretanto só hoje é que posso avaliar o quanto sou devedor dessa criatura tão simples e tão boa que eu não soube dar o justo valor na época e que hoje me arrependo amargamente e que é uma punição justa à minha insensibilidade.
Lembro sempre de Augusto o camarada discreto e amigo que não tive tempo de falar com ele uma última palavra, deixando o desolado com minha atitude incompreensível, de vez nada tinha realmente do que me queixar, nem do que reclamar, pois gozava de todas as regalias que um jovem pode desfrutar, sem compromissos que se fizesse pesado, e de repente a notícia que detonou como uma bomba, junto a meus amigos e familiares, coisa que nunca houvera passado por minha cabeça e pronto, o último ato, mas já era tarde demais, conquanto o empenho dos médicos e enfermeiros para me restituir a vida, o projétil atingira centro vitais, tornando impossível o retorno a vida física. Lembro a ansiedade de todos, o tumulto sem que eu entendesse a real situação, às vezes chegava a pensar que tudo aquilo que ocorria não era comigo, ou fazia parte de um sonho ou pesadelo, não dizer ao certo, só sei que aquela situação perdurou por vários dias, até que um dia de tanta desolação, comecei a rogar e a pedir ao padrinho José que eu tinha grande afinidade, para que ele me ajudasse naquele momento, que rogasse a Jesus pois que não suportava mais, qual foi a minha surpresa, quando o vi sorrindo ao meu lado e acenando que eu o acompanhasse, o que fiz incontinente, devo lembrar que esse meu tio desencarnou cinco anos antes e que na época me deixara profundamente consternado por muitos dias.
                Disse : Jesus ouviu seus apelos e eis me aqui garoto, para levá-lo para um lugar melhor, onde receberá os cuidados que se fizerem necessários, no momento, o que foi um grande alívio para mim, pois que havia muito tempo que  não sei precisar que estava entregue a mim mesmo, sem acesso a esperança ou qualquer entendimento do que realmente ocorreu e o que estava reservado para mim, só sabia que sofria e sofria muito, vendo meu cérebro dilacerado, sem possibilidade de que alguém me auxiliasse naquele transe tão difícil, mas felizmente surgiu aquela criatura boníssima que me deu todo amparo que realmente precisava.
                Assim, é um pouco de minha breve história, mas também tão sofrida e cheia de lances dramáticos que um pouco de vigilância e bom senso teria evitado, mas sempre foi uma lição ainda que extremamente amarga, mas com certeza me auxiliará e novos cometimentos para o futuro, mas que espero que um dia o Sol novamente brilhara para mim.

 

João

 

 

CASOS DE EVIDÊNCIAS DE REENCARNAÇÃO

 

Antonio Cesar Perri de Carvalho

 

            Durante estada para compromisso doutrinário na Inglaterra, entramos em contato com informações sobre um caso de lembrança de vida passada que tem despertado atenções da mídia britânica.
            Trata-se do menino Cameron Macaulay, de seis anos, residente em Clydebank, Glasgow (Escócia). Este menino passou a comentar sobre uma outra mãe, mais velha, as paisagens de outra localidade que ele chamava Isle of Barra (Escócia), a 160 milhas de distância de sua cidade, e a descrever outra moradia. Seria uma casa branca, com três banheiros, e da janela de seu quarto teria visão para o mar. Sua mãe Norma declarou: “Ele fala de seus antigos parentes, como seu pai faleceu, e de seus irmãos e irmãs”. Norma, de início, pensou que se tratasse da imaginação infantil, mas quando o menino passou a freqüentar a escola, os comentários e informações diferentes de seu contexto de vida começaram a preocupar principalmente seus professores. Estes entraram em contato com a família de Cameron. Os episódios deixaram a família atônita. Continuaram a surgir detalhes e o menino comentava que sua antiga família era religiosa, diferente da atual. Relatou sua mãe Norma: “Ele também falou sobre um grande livro que utilizava para ler, e sobre Deus e Jesus. [...] Nós não somos uma família religiosa, mas sua família de Barra era”. Na seqüência, ocorreram consultas a profissionais da saúde, culminando com a indicação de um deles para que a família de Cameron procurasse um profissional que trabalhasse com casos similares.
            Foi quando fizeram consultas com o psicólogo Jim Tucker, de Virgínia, conforme comentou a Sra. Norma Macaulay: “Ele se especializou em reencarnação e tem pesquisado outras crianças”. Este último profissional assumiu a orientação do caso, recomendando à família que realizasse registros das observações de Cameron, culminando com a viagem, realizada em fevereiro de 2006, à Baía de Cockleshell, próxima a Glasgow. Ao chegarem a Isle of Barra – a localidade citada pelo o grupo familiar, depois de algumas buscas infrutíferas, receberam a indicação do Hotel onde poderia haver uma casa branca junto a uma baía, que teria pertencido à família Robertson. Ao chegarem com Cameron ao local indicado, surpresos, passaram a constatar os informes relatados pelo menino. Colheram dados sobre os antigos proprietários, entre os quais se incluía uma senhora já falecida. Nas pesquisas subseqüentes encontraram fotos que coincidiam com informações dadas por Cameron, sobre um automóvel preto e um cão preto e branco. Outro fato interessante relatado pela mãe: “Quando pergunto-lhe qual era seu nome antes, ele responde: É Cameron. Ainda sou eu”. Esse caso mereceu reportagem de página inteira de autoria da jornalista Yvonne Bolouri, no periódico londrino The Sun – “The boy who lived before”–, Londres, 8/9/2006, p. 38-39), e documentário no programa de TV “Five on Monday”, no dia 18/9/2006.

 

Reformador
Janeiro 2007

 

 

CARNAVAL, VALORES E LIMITES

 

Nadja do Couto Valle

 

            Faz o que eu digo e não o que eu faço” – é confissão, consciente, da própria incoerência, mas também, ainda que não consciente, de quem não segue os valores que proclama, enunciando a verdade de que nosso comportamento é ditado por nossos valores reais, que transparecem em tudo que pensamos, dizemos, escolhemos e fazemos. O processo evolutivo é a aprendizagem/ internalização de valores eternos, que são realidades cósmicas, como bondade, verdade, beleza; afinal, o bom, o verdadeiro e o belo não mudam fundamentalmente1 . A cada faixa etária ou evolutiva corresponde uma faixa de interesses, ligados a valores: se estes mudam, mudam os nossos desejos.
            A educação é considerada um empreendimento moral, viabilizado através do processo de transmissão de valores e, portanto, de aperfeiçoamento de comportamento individual e social. Certas épocas nos desafiam quanto à vivência de nossos valores reais. No Natal: essência-aparência, ser-ter, dar-receber, material-espiritual. No carnaval: essência-aparência, alegria-euforia, consciência-amortecedores de consciência, como a volúpia dos sentidos, potencializada pelos excessos no campo das drogas2 e do sexo, do prazer a qualquer preço, das fantasias – no sentido físico e psicológico. Isto nos remete à questão dos valores no domínio da beleza, chamado Estética. Tais valores são difíceis de avaliar, pois a tendência é a de serem pessoais e subjetivos, afinal – De gustibus non est disputandum, ou seja, gosto não se discute.
Mas quando os Espíritos na Terra incorporarem a ética do Evangelho, automaticamente serão rejeitadas as formas tortuosas, sem equilíbrio, de temática grosseira, como algumas “músicas”, fantasias, hábitos de alimentação e de bebida na época do carnaval, pois ética e estética andam alinhadas. Fica a questão: nesse período, que tipo de comportamento moral se deve ter e estimular?
            É tarefa da Educação ensinar a criança a viver segundo padrões absolutos, a fazer escolhas e a ter firme disciplina, educando o desejo. No carnaval, pais geralmente se preocupam com os filhos, que reproduzem os modelos parentais, segundo as influências e a bagagem de cada qual, como nos ensina Joanna de Ângelis3 : “O lar exerce, sem qualquer dúvida, como ocorre com o ambiente social, significativa influência no ser, cujos ônus serão o equilíbrio ou a desordem moral, a harmonia física ou psíquica correspondente ao estágio evolutivo no qual se encontra.” A educação moral, segundo Emmanuel4 , deve começar cedo, pois até os sete anos, o Espírito está “(...) mais suscetível de renovar o caráter e estabelecer novo caminho, na consolidação dos princípios de responsabilidade, se encontrar nos pais legítimos representantes do colégio familiar (...)”.
            A estética do carnaval influencia a do cidadão comum, o que nos remete à educação para o belo, que pode e deve começar desde o ventre materno. O processo de Educação viabiliza-se por convencimento, persuasão, estruturação da escala de valores, para que as crianças comecem a forjar seus padrões morais, éticos e estéticos. Isto não se faz da noite para o dia, mas habilita-as a resistir ao desequilíbrio, ao exagero – das batidas nos ritmos carnavalescos, pois o cérebro capta o ritmo e o volume alucinantes e a pessoa entra em uma faixa de obnubilação da consciência, fica “fora de si”, e faz coisas que não faz quando “sóbria”; das roupas que transformam crianças, jovens e mesmo adultos em figuras em desproporção; em brinquedos/adereços, da violência estética nas formas umbralinas, distorcidas, contrárias aos cânones estéticos, e ao que podemos chamar de uma ciência das proporções – essas coisas “viciam” a percepção infantil nesses padrões, “hábitos perceptuais” que crianças, jovens e até adultos projetam ao escolherem fantasias, músicas, e até temas de festa de aniversário!
            Neste, como em qualquer outro período, não se recomenda exilar nossas crianças da realidade, abafar alguns desejos que outras crianças realizam, pois assim que houver condições, o desejo reprimido vem à tona com mais força ainda. Se for o caso, escolher fantasias que não evoquem/não reproduzam o mal, figuras do mal, vampiros, monstros etc., e, com paciência e insistência suave, ajudar os filhos a não persistirem em certas escolhas, por rebeldia ou processos obsessivos. A Doutrina Espírita, de liberdade e responsabilidade, recomenda fazermos tudo de acordo com os valores eternos do Evangelho. Limites sem constrangimentos, liberdade sem liberdades, permissão sem permissividade.

Referências
1 - Para os filósofos idealistas, os valores e a ética são absolutos. O bom, o verdadeiro e o belo não mudam fundamentalmente de geração em geração, ou de sociedade para sociedade, porque, em essência, permanecem constantes: não são criações humanas, mas parte integrante da própria natureza do universo.
2 - COUTO VALLE, Nadja do. Bullying, cyberbullying e dependências. Rio de Janeiro: Novo Ser Editora, 2011. Tratamos do assunto nos capítulos 2 e 3,”Alcoolismo na vida individual, social e escolar” e “Dependências com Substância”.
3 - FRANCO, Divaldo. Autodescobrimento: uma busca interior. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador, BA: Livr. Espírita Alvorada, 1995. p.10-11.
4 - XAVIER, Francisco Cândido. O consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 9.ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1982. questão 109.

Revista Cultura Espírita
2012

 

 

SENSUALISMO E SEXUALIDADE: UM ALERTA

 

Marcus de Mario

 

            As mídias impressas e digitais estão repletas de reportagens, crônicas, depoimentos e imagens de pessoas em pensamentos e atitudes eróticas ou pornográficas, num desfile de menosprezo ao corpo e à vida, como se tudo se resumisse a sexo pelo sexo, erotização pela erotização, com o consumo precoce das energias.
            Atrizes de cinema e televisão protagonizam escândalos e separações, com comportamento muitas vezes vulgar, com imensa irresponsabilidade no campo sexual, deixando-se manipular por interesses escusos, levianos, como objetos de prazer e consumo do homem. E não são apenas as atrizes a ter esse tipo de comportamento, pois isso atinge um percentual maior do que supomos no mundo feminino, onde ter mais de um parceiro sexual, protagonizar aventuras amorosas e ser de todos sem ser de ninguém generalizou-se.
            Mas o abuso da sexualidade não é exclusividade das mulheres, pois isso somente acontece porque o homem também participa desse equívoco perante a vida. O homem que, historicamente, sempre abusou da mulher, submetendo-a a seus caprichos e vontades, e que, ainda hoje, a concebe, muitas vezes, apenas como objeto de prazer, como troféu de conquista. É um grande engano pensar que o sexo é tudo, que através dele vamos conquistar a felicidade. Lembremos que o prazer do ato sexual é passageiro, mas as consequências desse ato podem nos acompanhar por muito e muito tempo, inclusive em próximas existências através dos laços da reencarnação.
            Para nossa reflexão, o espírito Humberto de Campos, através da mediunidade psicográfica de Chico Xavier, traz importante entrevista sobre o tema, publicada no livro Estante da Vida, publicação da Federação Espírita Brasileira. Trata-se de revelador diálogo com a atriz norte-americana Marilyn Monroe, que ficou mundialmente conhecida pelo seu comportamento sensual e pelos escândalos protagonizados pela sua conduta sexual sem muito equilíbrio. Na entrevista ela é instigada a dar sua palavra às mulheres encarnadas, quando faz a seguinte advertência: “Diga às mulheres que não se iludam a respeito de beleza e fortuna, emancipação e sucesso. Isso dá popularidade e a popularidade é um trapézio no qual raras criaturas conseguem dar espetáculos de grandeza moral, incessantemente, no circo do cotidiano. (…) A mulher lutou durante séculos para obter a liberdade. Agora que a possui, nas nações progressistas, é necessário aprender a controlá-la. A liberdade é um bem que reclama senso de administração, como acontece ao poder, ao dinheiro, à inteligência”.
            Sem dúvida temos aqui um grande alerta direcionado às mulheres. A conquista da liberdade, pois que os direitos entre homens e mulheres são iguais, conforme orientação dos benfeitores da humanidade, em O Livro dos Espíritos, não significa que a mulher possa dispor do seu corpo e da vida do jeito que quiser, sem maiores compromissos que o prazer e a ascensão social.
            A energia sexual necessita ser canalizada para o bem e o belo, para o voo da alma acima da matéria. Controlar impulsos e desejos é demonstrar disciplina e visão maior do existir. Mais à frente, embora pretextando não ter o equilíbrio e o conhecimento necessários, Marilyn Monroe afirma: “O sexo é uma espécie de caminho sublime para a manifestação do amor criativo, no campo das formas físicas e na esfera das obras espirituais, e, se não for respeitado por uma sensata administração dos valores de que se constitui, vem a ser naturalmente tumultuado pelas inteligências animalizadas que ainda se encontram nos níveis mais baixos da evolução”.
            Essas inteligências animalizadas a que se refere a ex-atriz não se restringem aos espíritos obsessores, vampirizadores. Entre os encarnados também encontramos muitos espíritos inferiores, embrutecidos, enceguecidos pelos impulsos desvairados do sexo sem controle. Portanto, tanto do ponto de vista espiritual, quanto do material, o respeito aos valores que constituem o sexo é fundamental, pois do contrário estaremos nos rebaixando perigosamente, tendo que responder diante da lei divina pelos abusos das nossas energias e todo o cortejo de consequências disso. Erotismo, sensualismo, sexo livre e pornografia não combinam com evolução espiritual.
            Quem ler na íntegra a entrevista, e recomendamos que isso seja feito, vai se deparar com um espírito feminino arrependido, fragilizado e à procura do próprio equilíbrio, tendo muito o que reparar. Pelo menos, ela já reconhece que beleza física não é sinônimo de beleza moral. E nós, já fizemos esse reconhecimento?

 

Referência
 - Marcus de Mario é Educador, Escritor e Consultor Educacional e Empresarial. Colabora no Centro Espírita Humildade e Amor, da cidade do Rio de Janeiro. É programador e apresentador na Rádio Rio de Janeiro, a emissora da fraternidade.

 

Revista O Clarim
2012

 

 

O TEMPO 

 

“Aquele que faz caso do dia, patrão Senhor o faz.” Paulo. (ROMANOS, 14: 6) 

 

            A maioria dos homens não percebe ainda os valores infinitos do tempo.
            Existem efetivamente os que abusam dessa concessão divina. Julgam que a riqueza dos benefícios lhes é devida por Deus.
            Seria justo, entretanto, interrogá-­los quanto ao motivo de semelhante presunção.
Constituindo a Criação Universal patrimônio comum, é razoável que todos gozem as possibilidades da vida; contudo, de modo geral, a criatura não medita na harmonia das circunstâncias que se ajustam na Terra, em favor de seu  aperfeiçoamento espiritual.
            É lógico que todo homem conte com o tempo, mas, se esse tempo estiver  sem luz, sem equilíbrio, sem saúde, sem trabalho?
Não obstante a oportunidade da indagação, importa considerar que muito  raros são aqueles que valorizam o dia, multiplicando­se em toda parte as fileiras dos que procuram aniquilá­lo de qualquer forma.
            A velha expressão popular “matar o tempo” reflete a inconsciência vulgar, nesse sentido.
            Nos mais obscuros recantos da Terra, há criaturas exterminando  possibilidades sagradas. No entanto, um dia de paz, harmonia e iluminação, é muito  importante para o concurso humano, na execução das leis divinas.
            Os interesses imediatistas do mundo clamam que o “tempo é dinheiro”, para, em seguida, recomeçarem todas as obras incompletas na esteira das reencarnações... Os homens, por isso mesmo, fazem e desfazem, constroem e destroem, aprendem levianamente e recapitulam com dificuldade, na conquista da experiência.
            Em quase todos os setores de evolução terrestre, vemos o abuso da oportunidade complicando os caminhos da vida; entretanto, desde muitos séculos, o  apóstolo nos afirma que o tempo deve ser do Senhor.

 

Livro "Caminho, Verdade e Vida"
Pelo Espírito Emmanuel
Francisco Cândido Xavier

 

 

 

EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
Rua Colorado nº 488, Bairro Jardim Canadá, CEP 79112-480, Campo Grande-MS.