A TAREFA DE CADA UM
Cada criatura é chamada a cumprir um papel que atenda o sentido coletivo e individual. O agricultor que semeia o trigo no campo está cumprindo um objetivo particular, mas como ele não vai consumir tudo o que produz e nem necessite só de trigo, haverá necessidade de que outros trabalhadores plantem outros grãos, a fim de que nesse constante interagir possa ter todo o necessário.
Assim, tudo na vida, sempre uns complementando as necessidades dos outros, a fim de que coletivamente sirvam e se completem, porém a tarefa de cada um é intransferível, disso não padece dúvida, como também ninguém pode ignorar que vive num contexto de múltiplas ideias proporcionado pela condição humana.
Nesse constante agir e interagir a fim de que possam exercer uma atividade que desenvolva suas inteligências, como também supram as suas necessidades, ajudando como também sendo ajudado.
Tudo caminha para um supremo bem. Por isso, ajude o progresso, porque disso também colherá, mesmo porque a própria vida é sempre solidaria, planta-se hoje, colhe-se amanhã.
As tarefas se completam no lento caminhar da humanidade, por isso mesmo, persista no bem sempre, sem jamais exigir dos outro aquilo que não pode dar, mesmo porque não é correto pregar sem exemplificar.
No ato silencioso de auxiliar o próximo, está também construindo o seu patrimônio imperecível. Sem exigir, mas trabalhando por suprir as suas próprias deficiências, sem jamais menosprezar qualquer possibilidade de cumprir um papel, seja ele grande ou pequeno, mas revestido do maior sentimento de amor ao próximo.
É a tarefa de cada um e de todos, por isso, ame sempre, ainda que seja sob as condições mais difíceis do caminho.
Em frente. Áulus
Histórias Educativas
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
POR TODOS OS MEIOS
É verdade que muitas vezes não sabe como começar a tarefa, mas sente a necessidade de começar algo, pois bem, depois que se disponha a vencer com os meios que esteja em suas mãos, seja pelas palavras expedindo bons pensamentos centrados em alguma coisa útil. Conte histórias edificantes, relembre as boas experiências, em suma, destaque sempre o bem, porque o bem deve ser a base da mensagem que levará aonde vá.
Porque muitas vezes existem tantas pessoas que passam a destacar o mal. Sua preocupação é destacar as grandes tragédias, as estripulias dos maus políticos, a insuficiência dos seus vencimentos, as dificuldades de relacionamento, a miséria do próximo, as asperezas da luta, a situação complicada do vizinho, enfim de sua boca só sai algo negativo e sem nenhuma utilidade para ninguém.
Esse tipo de conversa deprime o próximo, às vezes já com imensos problemas e com isso povoa a mente dele de coisas ruins. Se porventura ele vibra nessa mesma sintonia negativa, naturalmente que cada um encontrará o seu igual e ficam amigos. Depois cada um volta para o seu lar, carregando esse gosto amargo, como só falam sobre o mal.
De outro lado a própria vida começa a vibrar nesse sincronismo, como aquele que vivesse na escuridão e não admite que exista luz em algum lugar, com isso deixa de viver melhor e pior ainda, criando uma imagem negativa na mente de outras pessoas.
Combata dentro de si essas ideias, associe a outras pessoas que tenha um projeto de vida melhor, apesar de todas as dificuldades de um planeta de provas e expiações, mas existem muitas coisas interessantes para aplicar os seus dias.
Não é possível que viva fora da realidade do mundo, mas é necessário olhar com otimismo a vida, porque debaixo da luz do Sol podem-se viver momentos felizes se quiser e isso também não se pode negar.
Outros ainda se entregam ao comodismo, quando alguém pretende realizar algo sempre são do contra, somente pensam nas dificuldades, nos problemas que poderão surgir, colocam obstáculo em tudo.
Porque isso não vai dar certo, porque isso está errado, mas nunca contribui de maneira construtiva com ninguém. Ainda depois até reclamam do mundo, mas pensado bem, o que fizeram para o bem dos outros? Até mesmo para si, não foram capazes de praticar um gesto de solidariedade aquele próximo mais próximo, não socorreram ninguém, não enxugaram uma lágrima, nada fizeram que justificasse a sua presença no mundo.
Continuam falando mal do mundo e do governo. E sua vida foi uma tragédia sem fim que eles próprios escreveram, quando poderiam ser felizes e descontraídos, sempre estavam insatisfeitos por bagatelas, ou criavam problemas para se fazerem notados, de tantos repetirem o mal se tornam instrumentos do mal, que chegam à velhice vivem a margem da sociedade.
Depois mesmo na miséria não tem um gesto de bondade até com aqueles que tentam ajudá-los. Quando alguém se dispõe a fazer-lhes o bem, fazem exigências e mais exigências e esses também desistem de atendê-los. Porque se torna impossível à convivência com eles, vivem somente falando mal do próximo, até aquelas pessoas generosas que tudo fazem por eles, são taxados por adjetivos mais vis e ainda dizem que estão sendo explorados.
Num caso particular desses, chegara a ponto que sumiram todos os que tentaram ajudá-lo, ao final morreu abandonado, nem sequer os parentes quiseram saber dele, foi enterrado como indigente numa cova rasa, sem nome somente o coveiro participou desse último adeus ao mundo.
Lições De Simplicidade
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
A ALEGRIA NO DEVER
Quando Jesus estava entre nós, recebeu certo dia a visita do apóstolo João, muito jovem ainda, que lhe disse estar incumbido, por seu pai Zebedeu, de fazer uma viagem a povoado próximo.
Era, porém, um dia de passeio ao monte e o moço achava-se muito triste.
O Divino Amigo, contudo, exortou-o a cumprir o dever.
Seu pai precisava do serviço e não seria justo prejudicá-lo.
João ouviu o conselho e não vacilou.
O serviço exigiu-lhe quatro dias, mas foi realizado com êxito.
Os interesses do lar foram beneficiados, mas Zebedeu, o honesto e operoso ancião, afligiu-se muito porque o rapaz regressara de semblante contrafeito.
O Mestre notou-lhe o semblante sombrio e, convidando-o a entendimento particular, observou:
- João, cumpriste o prometido?
- Sim - respondeu o apóstolo.
- Atendeste à Vontade de Deus, auxiliando teu pai?
- Sim - tornou o jovem, visivelmente contrariado -, acredito haver efetuado todas as minhas obrigações.
Jesus, entretanto, acentuou, sorrindo calmo:
- Então, ainda falta um dever a cumprir - o dever de permaneceres alegre por haveres correspondido à confiança do Céu.
O companheiro da Boa Nova meditou sobre a lição e fez-se contente.
A tranqüilidade voltou ao coração e à fisionomia do velho Zebedeu e João compreendeu que, no cumprimento da Vontade de Deus, não podemos e nem devemos entristecer ninguém.
Livro Pai Nosso
Francisco Candido Xavier
Pelo Espírito de Meimei
O PAPEL DA MULHER
Sendo delineada mais graciosamente que o homem, a mulher denota, naturalmente, uma alma mais delicada; é assim que nos meios semelhantes, em todos os mundos, a mãe será mais bonita que o pai, porquanto é a ela que a criança vê primeiro; é para o semblante angelical de uma jovem mulher que a criança volta incessantemente o olhar; é para a mãe que a criança enxuga as lágrimas e fixa o olhar ainda fraco e incerto. A criança tem, pois, uma intuição natural do belo.
A mulher, sobretudo, sabe fazer-se notar pela delicadeza de seus pensamentos, pela graça de seus gestos, pela pureza de suas palavras; tudo que dela vem deve harmonizar-se com sua pessoa, que Deus fez bela.
Seus longos cabelos, derramando-se em ondas sobre o colo, são a imagem da doçura e da facilidade com que sua cabeça, diante das provações, dobra-se sem se partir. Refletem a luz dos sóis, como a alma feminina deve refletir a mais pura luz de Deus. Jovens mulheres, deixai flutuar vossos cabelos, pois que Deus para isso os criou. Parecereis, ao mesmo tempo, mais naturais e graciosas.
A mulher deve ser simples no vestir: já saiu bela demais das mãos do Criador para ter necessidade de adereços. Que o branco e o azul se confundam sobre vossos ombros. Deixai também flutuar vossos vestidos; que se veja vossa roupagem estendendo-se para trás qual se fora extenso tapete de gaze, qual nuvem discreta a assinalar vossa presença.
Entretanto, para que servem os adereços, os vestidos, a beleza, os cabelos ondulantes ou flutuantes, amarrados ou presos, se o sorriso tão doce das mães e das amantes não brilharem em vossos lábios? Se vossos olhos não semearem a bondade, a caridade, a esperança nas lágrimas de alegria que deixam correr, nos lampejos a jorrarem desse braseiro de amor desconhecido?
Mulheres, não temais deslumbrar os homens pela beleza, pela graça e pela superioridade; mas que saibam eles, a fim de se vos tornarem dignos, que devem ser tão ricos de caráter quanto sois belas, tão sábios quanto sois boas, tão instruídos quanto sois ingênuas e simples. É necessário saberem que vos devem merecer, que sois o prêmio da virtude e da honra, não dessa honra que se recobre de capa e de escudo, que brilha nas lutas e torneios, que pisa a fronte do inimigo que caiu. Não; mas da honra segundo Deus.
Homens, sede úteis; e quando os pobres abençoarem vosso nome, as mulheres serão em tudo semelhantes a vós; então formareis um todo: sereis a cabeça e elas o coração; sereis o
pensamento benfazejo e elas as mãos liberais. Uni-vos, pois, não apenas pelo amor, mas para o bem que podeis fazer a dois. Que esses bons pensamentos e ações, realizados por dois corações que se amam, sejam os elos dessa corrente de ouro e diamantes que chamamos casamento. Então, quando tais elos forem bastante numerosos, Deus vos chamará para junto dele e continuareis a reunir ainda novos elos, que se juntarão aos precedentes. Mas não se trata, como na Terra, de elos de metal pesado: no Céu eles serão de fogo e luz.
Revista Espírita
1958
MAGNETISMO:
Conceito e Aplicação
1.1 Magnetismo
Trata-se de uma propriedade da matéria, presente em algumas substâncias. O nome “magnetismo” vem de Magnésia, cidade da Ásia Menor (atual Turquia), onde existia um minério chamado magnetite, conhecido como pedra-ímã ou pedra magnética, e que possuía a propriedade de atrair objetos ferrosos. O magnetismo, conhecido pelos chineses desde a Antigüidade, era por eles aplicado nas bússolas que usavam em seus deslocamentos, já que as agulhas magnéticas sempre se orientam no sentido do eixo terrestre Norte-Sul-Magnético, que é próximo do eixo terrestre Norte-Sul-Geográfico.12
Possuímos, na Terra, as chamadas substâncias magnéticas naturais e ainda aquelas que podem adquirir semelhantes qualidades artificialmente, como sejam mais destacadamente o ferro, o aço, o cobalto, o níquel e as ligas que lhes dizem respeito, merecendo especial menção o ferro doce, que mantém a imanização apenas no curso de tempo em que se acha submetido à ação magnetizante, e o aço temperado, que se demora imanizado por mais tempo, depois de cessada a ação referida, em vista de reter a imanização remanente.10
O Espiritismo nos esclarece que o magnetismo é um fluido, ou energia radiante, originário do fluido cósmico universal. Sob forma de princípio vital, o fluido magnético é também chamado de fluido elétrico, animalizado ou fluido nervoso.2 Na verdade, o fluido vital, magnético ou animalizado, é um fluido intermediário existente entre o Espírito, propriamente dito, e a matéria.3
Sobre o magnetismo, nos esclarece o Espírito Emmanuel: O magnetismo é um fenômeno da vida, por constituir manifestação natural em todos os seres. Se a ciência do mundo já atingiu o campo de equações notáveis nas experiências relativas ao assunto, provando a generalidade e a delicadeza dos fenômenos magnéticos, deveis compreender que as exteriorizações dessa natureza, nas relações entre os dois mundos, são sempre mais elevadas e sutis, em virtude de serem,aí, uma expressão de vida superior.11
O magnetismo se expressa de diferentes formas: há o fluido animal, o espiritual, o vegetal, o mineral, etc. Sendo assim, no Codificador do Espiritismo: A vontade desenvolve o fluido, seja animal, seja espiritual, porque, como sabeis agora, há vários gêneros de magnetismo, em cujo número estão o magnetismo animal e o magnetismo espiritual que, conforme a ocorrência, pode pedir apoio ao primeiro. Um outro gênero de magnetismo, muito mais poderoso ainda, é a prece que uma alma pura e desinteressada dirige a Deus.5
1.2 Fluido magnético
O fluido magnético pode ser considerado sinônimo de fluido vital, ou, no mínimo, efeito deste. Para uns, o princípio vital é uma propriedade da matéria, um efeito que se produz achando-se a matéria em dadas circunstâncias. Segundo outros, e esta é a idéia mais comum, ele reside em um fluido especial, universalmente espalhado e do qual cada ser absorve e assimila uma parcela durante a vida, tal como os corpos inertes absorvem a luz. Esse seria então o fluido vital que, na opinião de alguns, em nada difere do fluido elétrico animalizado, ao qual também se dão os nomes de fluido magnético, fluido nervoso, etc.2 O fluido magnético de uma pessoa pode envolver outra, influenciando-a. Atua também sobre as células do organismo – particularmente as sangüíneas e os histocitárias [localizados nos tecidos] – determinando-lhes o nível satisfatório, a migração ou a extrema mobilidade, a fabricação de anticorpos ou, ainda, a improvisação de outros recursos combativos e imunológicos, na defesa contra as invasões bacterianas e na redução ou extinção de processos patogênicos, por intermédio de ordens automáticas da consciência profunda [Espírito].9
O fluido magnético [...], condensado no perispírito, pode fornecer princípios reparadores ao corpo; o Espírito, encarnado ou desencarnado, é o agente propulsor que infiltra num corpo deteriorado uma parte da substância do seu envoltório fluídico.1 Dessa forma, a energia magnética transmitida por alguém atua no perispírito do beneficiário e, daí, chega ao corpo físico. Os princípios reparadores penetram o perispírito e o corpo físico, passando por vias específicas que o Espírito André Luiz denomina “centros de força”. O nosso perispírito possui sete principais centros de força principais, que se conjugam nas ramificações dos plexos do sistema nervoso: coronário, cerebral, laríngeo, cardíaco, esplênico, gástrico e genésico.
O fluido magnético [...] age de certo modo como agente químico, modificando o estado molecular dos corpos; nada há, pois, de admirável que possa modificar o estado de certos órgãos; mas igualmente se compreende que sua ação, mais ou menos salutar, deve depender de sua qualidade; daí as expressões “bom ou mau fluido; fluido agradável ou penoso”. Na ação magnética propriamente dita, é o fluido pessoal do magnetizador que é transmitido, e esse fluido, que não é senão o perispírito, sabe-se que participa sempre, mais ou menos, das qualidades materiais do corpo, ao mesmo tempo que sofre influência moral do Espírito. É, pois, impossível que o fluido próprio do encarnado seja uma pureza absoluta, razão por que sua ação curativa é lenta, por vezes nula, por vezes nociva, porque pode transmitir ao doente princípios mórbidos.6
1.3 Magnetizador e médium curador
Magnetizador é uma pessoa que, manipulando o fluido magnético, produz efeitos mais ou menos patentes. Em geral, o magnetizador, propriamente dito, é considerado sinônimo de médium curador, porque ambos são pessoas capazes de veicular fluidos vitais. Entretanto há diferenças fundamentais, entre um e outro, segundo a concepção espírita. Pelo fato de um fluido ser bastante abundante e enérgico para produzir efeitos instantâneos de sono, de catalepsia, de atração ou de repulsão, não se segue absolutamente que tenha as necessárias qualidades para curar; é a força que derruba, e não o bálsamo que suaviza e restaura; assim, há Espíritos desencarnados de ordem inferior, cujo fluido pode mesmo ser maléfico, o que os espíritas a todo instante têm ocasião de constatar. Só nos Espíritos superiores o fluido perispiritual está despojado de todas as impurezas da matéria; está, de certo modo, quintessenciado; por conseguinte, sua ação deve ser mais salutar e mais imediata; é o fluido benfazejo por excelência. Visto que não pode ser encontrado entre os encarnados, nem entre os desencarnados vulgares, faz-se mister pedi-lo aos Espíritos elevados, como se vai procurar nas regiões distantes os remédios que não encontramos em nossa terra. O médium curador pouco emite de seu próprio fluido; sente a corrente do fluido estranho que o penetra e ao qual serve de “conduto”; é esse fluido que magnetiza, e aí caracteriza o magnetismo espiritual e o distingue do magnetismo animal: um vem do homem; o outro, dos Espíritos.7 Entre o magnetizador e o médium curador há, pois, esta diferença capital: o primeiro magnetiza com o seu próprio fluido, e o segundo com o fluido depurado dos Espíritos; donde se segue que estes últimos dão o seu concurso a quem querem e quando querem; que podem recusá-lo e, por conseguinte, tirar a faculdade daquele que dela abusasse ou a desviasse de seu fim humanitário e caritativo, para dela fazer comércio. Quando Jesus disse aos apóstolos: “Ide! Expulsai os demônios, curai os enfermos”, acrescentou: “Dai de graça o que de graça recebestes”.8
Existindo no homem em diferentes graus de desenvolvimento, em todas as épocas, a vontade tem servido tanto para curar quanto para aliviar. É lamen tável sermos obrigados a constatar que, também, foi fonte de muitos males, mas é uma das conseqüências do abuso que, muitas vezes, o ser faz do livre-arbítrio.5 Os médiuns curadores possuem um gênero de mediunidade que [...] consiste, principalmente no dom que possuem certas pessoas de curar pelo simples toque, pelo olhar, mesmo por um gesto, sem o concurso de qualquer medicação. [...] Evidentemente, o fluido magnético desempenha aí importante papel; porém, quem examina cuidadosamente o fenômeno, sem dificuldade reconhece que há mais alguma coisa. A magnetização ordinária é um verdadeiro tratamento seguido, regular e metódico; no caso que apreciamos, as coisas se passam de modo inteiramente diverso. Todos os magnetizadores são mais ou menos aptos a curar, desde que saibam conduzir-se convenientemente, ao passo que nos médiuns curadores a faculdade é espontânea e alguns até a possuem sem jamais terem ouvido falar de magnetismo. A intervenção de uma potência oculta, que é o que constitui a mediunidade, se faz manifesta, em certas circunstâncias, sobretudo se considerarmos que a maioria das pessoas que podem, com razão, ser qualificadas de médiuns curadores recorre à prece, que é uma verdadeira evocação.4
REFERÊNCIAS
1. KARDEC, Allan. A gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. 52. ed. Rio de
Janeiro: FEB, 2007. Cap. 14, item 31, p. 336.
2. ______. O livro dos espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 91. ed. Rio de
Janeiro: FEB, 2007. Introdução II, p. 18.
3. ______. Questão 65, p. 93.
4. ______. O livro dos médiuns. Tradução de Guillon Ribeiro. 80. ed. Rio de
Janeiro: FEB, 2007. Segunda parte, cap. 14, item 175, p. 225-226.
5. ______. Revista espírita. Jornal de estudos psicológicos. Ano 1864. Tradução
de Evandro Noleto Bezerra. Poesias traduzidas por Inaldo Lacerda
Lima. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Ano VII, janeiro de 1864, n.º 01, item:
Médiuns curadores, p.21.
6. ______. p. 22-23.
7. ______. p. 23.
8. ______. p. 24.
9. XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. Evolução em dois mundos.
Pelo Espírito André Luiz. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Segunda
parte, cap. 15 (Passe Magnético), p. 255.
10. ______. Mecanismos da mediunidade. Pelo Espírito André Luiz. 26. ed. Rio
de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 8 (Mediunidade e eletromagnetismo), item:
Campo magnético essencial, p. 75.
11. XAVIER, Francisco Cândido. O consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 27.
ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007, questão 26, p.34.
12. http://geocities.yahoo.com.br/jcc5000/oqueemagnetismo.htm
ESDE
2008
PSICOGRAFIA
Amigos !!
Quem deseja construir uma casa com as portas voltadas para o céu, deve em primeiro lugar, Ter consciência que se dispões a tal trabalho, deve saber que tem responsabilidades correspondentes, com as quais a tarefa não terá o desenvolvimento que se deseja, porque falta o mais importante que é o amor desinteressado e constância no trabalho, a abnegação, porque só assim dará seqüência para que possa ser ajudado também. Longe de pensar que os problemas serão resolvidos de uma só feita, obedece a sua lógica que muitas vezes não corresponde aquela que se imagina, porque o rio só alcança seus objetivos por que sabe contornar os obstáculos, tantas vezes quantas forem necessárias, atravessa planícies e vales, charcos e túneis para que por fim atinja o grande oceano.
Assim também o homem para alcançar seus objetivos precisa atravessar momentos difíceis de suportar. As vezes são pessoas muito queridas que nos apedrejam, talvez porque não nos compreendam, ainda assim quando recebemos a ingratidão, não revidemos com as mesmas pedras, mas usemos de amor e compreensão, mesmo com aqueles que tentamos auxiliar, ainda assim nunca descreia do bem, nem mude sua rota, porque além do horizonte existe a complementação do plano traçado, que por hora não conseguimos divisar, mas representa um ponto de referência ao trabalho bem executado a chamar aatenção dequantos se dispõe a amparar e amar, aos que ainda não chegaram a esse grau de compreensão, porque se já está num patamar mais elevado de entendimento é necessário que também a sua compreensão seja maior, para compatibilizar ao seu grau de evolução, porque além dessas migalhas que se consegue espalhar é necessário a reforma interior, a fim de dar mais consistência ao objetivo colimado e a tarefa que pretende realizar, de auxiliar os que sofrem ainda mais que nós, assim com muita fé, com muita determinação é possível sim, alcançar o objetivo que se propõe, pois que terá a secundá-lo uma multidão de amigos com o mesmo propósito, ou seja de apoiar aqueles nossos irmãos retardatários que esperam nós algo mais, porque já temos um grau de compreensão maior, isto nos indica que devemos auxiliar os que podem menos, porque só assim a evolução será possível, pois que deve lembrar também que se hoje está no estágio que está e se tem o que tem foi porque alguém o auxiliou, por que sozinho ninguém caminha, por esta razão o Evangelho nos informa que “todos somos devedores uns dos outros”, não há verdade maior, no tocante ao grau de compromissos que temos uns para com os outros, pois que de outra forma, se ninguém fosse essa mútua solidariedade, também não haveria aquele que ofereceu o apoio no momento que mais precisou, agora é necessário a sua parte, pois que a solidariedade é uma lei soberana, do apoio uns aos outros, portanto segue em frente, com fé e coragem vencerá.
Ambrósio
Querida Maria Antonieta!
Eu bem quisera escrever uma carta de amor a Maria Antonieta, dizer a ela que estou sempre perto de seu coração, que a ausência física não significa o fim de um amor cultivado por tantos anos, ao calor das dificuldades e problemas, no entretanto sobreviveu a tudo e passei pela vida incólume aos desatinos de tantos, pois que Deus permitiu que retornasse antes de você para cá, a fim de construir uma casa para continuar nosso romance, de vez que daí trouxe o plano de construção que o elaborei no dia a dia, em cada gesto e em cada palavra, pois este foi o material que permitirá construir um ninho de amor do lado de cá, um jardim com as flores prediletas, só que embelezada por uma nova primavera a florir e reflorir nosso jardim, que foi objeto de tantas conversas e tantos planos, pois estou aqui com essa incumbência de construir “um ninho de amor” iluminado por uma permanente primavera, a exalar perfumes fé, esperança e alegria, num por de sol indescritível, pois que sei que tudo que tínhamos construído não foi em vão, porque o plano conquanto não concluído no plano físico, foi lançado a pedra fundamental, que os demais construirão, pois que eles fazem também parte do plano, a ser construído por equipes sucessivas de trabalhadores se revezando, de forma a dar consistência preciosa ao trabalho do amor, “quando dois ou mais estiverem reunidos em seu nome Ele ali estará” esta máxima se aplica ao trabalho construtivo do amor dos trabalhadores de boa vontade, quanto a casa dos sonhos está bem adiantada e espero concluí-la em breve. Adeus...
Hermínio
CRISTIANISMO PRIMITIVO
E DOUTRINA ESPÍRITA
“As raposas têm tocas e as aves dos céus, ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.” (Mt., 8:20.)
Severino Celestino Da Silva
Todas as correntes religiosas cristãs se qualificam como seguidoras dos princípios morais e dos ensinamentos implantados por Jesus. No entanto, a maioria de seus adeptos não se dá ao trabalho de conhecer os outros princípios religiosos que buscam Jesus. Assim, recebem as informações incompletas, preconceituosas e destorcidas, ensinadas pelos diversos dirigentes e responsáveis por suas religiões.No que concerne ao Espiritismo, boa parte dos seus adeptos, embora aceitando os princípios da Doutrina e acompanhando a sua literatura, principalmente a de origem mediúnica, não se dedica ao estudo sistemático das obras básicas da Codificação e as que lhe são complementares e subsidiárias. O preconceito é a ausência de conceito, por isso o Mestre nos orienta, em João, 8:32, que busquemos a verdade, pois só assim nos libertaremos.
Ao refletirmos sobre o conteúdo do capítulo 8, versículo 20 do evangelho de Mateus, citado acima, encontramos motivos para um balanço reflexivo ao longo da história. Este balanço passa pela avaliação do que Jesus realmente pregou e do que se tem praticado, em seu nome, ao longo desses dois mil anos.
Jesus demonstra neste versículo como deveriam ser os seus seguidores: tomar como ensino fundamental que o reino dele não é deste mundo e ter, antes de tudo, desprendimento e desinteresse total por tudo o que é efêmero, principalmente os bens materiais.
Jesus não fundou igrejas ou nenhum outro tipo de edificação com finalidade de prática religiosa. A sua religião foi o amor caracterizado na simplicidade dos profundos ensinamentos, no atendimento e assistência ao necessitado em qualquer lugar.
Segundo Mateus, “Jesus percorria toda a Galiléia, ensinando em suas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino e curando toda e qualquer doença ou enfermidade do povo.
A sua fama espalhou-se por toda a Síria, de modo que lhe traziam todos os que eram cometidos por doenças diversas e atormentados por enfermidades, bem como endemoninhados, lunáticos e paralíticos. E Ele os curava”. (Mt., 4:23 e 24.)
Observemos a sua maneira de assistir e ajudar os sofredores e comparemos com o que praticam hoje, aqueles que se intitulam seus seguidores. Será que estão seguindo e praticando realmente as obras de Jesus? Podemos descobrir, sem muita dificuldade, o quanto se encontram distantes do ensino do Mestre. O que chamam de religião é algo destoado ao longo da história pela imposição de dogmas e conceitos que não sintonizam com a mensagem do
Evangelho do Mestre.
Muitas correntes religiosas costumam afirmar que a Doutrina Espírita não é uma religião. Sa-bemos que no aspecto característico constitucional, a Doutrina Espírita possui tríplice aspecto: filosófico, científico e religioso. Por isso, o Espiritismo não é uma religião constituída nos moldes da maioria das religiões dogmáticas e ritualistas tradicionais. O seu aspecto religioso não possui hierarquia nem dogmas. Não possui rituais nem sacerdotes, nem pastores, nem dízimos, nem sacrifícios de animais, nem despachos, nem andores, nem cromoterapia, nem amuletos, nem queima de incensos, nem velas ou qualquer outro tipo de simpatia ou ritual.
O Espiritismo adota em sua totalidade os ensinamentos de Jesus buscando-os em sua essência e unindo-os ao “Fora da caridade não há salvação”, preconizado por Allan Kardec.
Quando analisamos as recomendações de Jesus, o Cristo, no evangelho de Mateus, capítulo 25 versículos 34 a 36, sobre o “Juízo Final”, verificamos o quanto estes ensinamentos são compatíveis com a Doutrina Espírita. “Vinde, benditos de meu Pai, recebei por herança o Reino preparado para vós desde a fundação do mundo. Pois tive fome e me destes de comer. Tive sede e me destes de beber. Era forasteiro e me recolhestes. Estive nu e me vestistes, doente e me visitastes, preso e viestes me ver.”
Esta é a grande receita de Jesus para os que querem segui-lo praticando os seus ensinamentos. A Doutrina Espírita está perfeitamente sintonizada com estes conceitos e orientações de Jesus na sua conduta de assistência aos necessitados do caminho. Através de suas creches, hospitais, sanatórios, asilos, abrigos, distribuição de enxovais e gêneros alimentícios, busca o Espiritismo a execução destas recomendações de Jesus.
As orientações feitas por Ele quando da escolha dos seus discípulos traz o verdadeiro roteiro a ser seguido: “Curai os doentes, purificai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios. De graça recebestes, de graça dai. Não leveis ouro, nem prata, nem cobre nos vossos cintos, nem alforjes para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem cajado, pois o operário é digno do seu salário”. (Mt., 10:8-10.)
Estes versículos representam a base do Cristianismo nascente. A essência prática e o entendimento destes princípios parecem esquecidos nas estradas do tempo. A Doutrina Espírita chega ao século XIX com o objetivo de ressuscitar estes conceitos de Jesus e lembrar o que Ele deixou como roteiro para a prática do seu Evangelho. Está o Espiritismo lado a lado com estes ensinamentos e solicita dos cristãos, de todas as correntes religiosas, que se voltem para o resgate da mensagem original de Jesus.
A receita é pura, simples, cristalina e autêntica. Sem véus nem subterfúgios. Pois que Jesus deu o maior exemplo nascendo em uma manjedoura e tendo como leito de morte uma cruz, além de não ter, durante sua passagem entre nós, onde reclinar a cabeça.
Tudo que praticou foi de forma singela, simples e amorosa. Chorou sobre Jerusalém por não poder juntar os seus filhos e deixou para nós a responsabilidade de nos unirmos e praticar os seus preceitos em essência e espiritualidade.
A Doutrina Espírita chega e nos traz de volta a condição para ressuscitarmos a mensagem de Jesus. Trabalhemos, pois, com ela e busquemos o resgate e a conquista do retorno à cristalinidade da mensagem vivida por todos os que praticavam o Cristianismo Primitivo.
Sê conosco Jesus!
Reformador
Março 2007
AS MULHERES DO EVANGELHO
Nas páginas do Evangelho, que relatam a sublime caminhada de Jesus pelas terras da Palestina, há dois mil anos, é marcante a presença da figura feminina, ensejando formosos ensinos do Mestre, exemplos de fé e perseverança das mulheres citadas e esclarecimentos oportunos para todos os cristãos.
Não obstante a estrutura social israelita não favorecesse à mulher maior presença e atividade em público, cita o evangelista Lucas que algumas mulheres seguiam Jesus e os apóstolos em suas andanças, prestando-lhe, certamente, apoio logístico e assistência com os seus bens (Lc 8:1/3). Demonstravam-lhe, assim, a mais vívida gratidão, porque as havia curado de espíritos malignos e enfermidades, como, entre outras, Maria Madalena, Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, e Suzana. Listamos algumas passagens em que é evidente a compreensão e compaixão de Jesus para com a mulher sofredora.
Uma adúltera perseguida pela turba justiceira encontrou em Jesus a defesa, aparentemente silenciosa a princípio, que se fez eloquente e decisiva ao sentenciar: Aquele que dentre vós estiver sem pecado, seja o primeiro que lhe atire pedra. E, ao vê-la isentada, pelo afastamento de todos, disse-lhe compreensivo: Nem eu tampouco te condeno; vai, e não peques mais (Jo 8: 1/11).
Da pecadora que, arrependida, lhe regava os pés com suas lágrimas, os enxugava com os seus cabelos e os ungia com o unguento que levara, assegurou o Mestre a Simão, o fariseu hospedeiro, que seus muitos pecados lhe eram perdoados, porque muito amou. (Lc 7: 36/50). Seu amor, seu arrependimento e desejo de recuperação, era veementemente demonstrado naquele ato singelo.
Mas aquele a quem pouco se perdoa, é que pouco ama, disse ainda Jesus. Pouco ama quem ainda não percebeu o quanto tem recebido da bondade divina; não reconhece estar em erro, nem manifesta qualquer vontade de recuperação, nada faz para compensar o mal que tenha causado. Como poderá alcançar o perdão, redimir-se perante a lei divina?
A mulher hemorrágica, movida pela fé ardente, aproximando-se de Jesus, pensava intimamente: Se eu apenas lhe tocar as vestes, ficarei curada. E, quando o fez, agiu como uma bomba aspirante, captando a virtude curadora de Jesus, mesmo em estando ele em meio à multidão, que o envolvia e pressionava (Ver Cap. XV, item 11, de A gênese, de Allan Kardec). E logo se lhe estancou a hemorragia e sentiu no corpo estar curada de seu flagelo. Jesus percebeu o acontecido: Quem me tocou? Porque senti que de mim saiu poder. E, quando a mulher se revelou, lhe disse: Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz, e fica livre do teu mal (Mc 5: 25/34, Lc 8:43/48).
Mas, na sinagoga, compadecido da mulher que, há dezoito anos andava encurvada, sem se poder endireitar, Jesus agiu como uma bomba calcante: impondo as mãos sobre ela e, com seus fluidos salutares, vontade firme e autoridade moral, libertou-a do assédio de um “espírito de enfermidade” (Lc 13:10/13).
Estando Jesus pela região de Tiro e Sidon, uma mulher cananeia lhe pediu ajuda para sua filha que estava terrivelmente endemoniada. Apesar da oposição dos discípulos, ela, com rogos insistentes, seguia Jesus pelo caminho, demonstrando a grande confiança que tinha de que ele lhe poderia curar a filha. Quando o Mestre informou que só fora até ali em busca das “ovelhas perdidas da casa de Israel”, com humildade ela reconheceu não ter maior merecimento, mas perseverou no pedido, argumentando com inteligência: “Sim, senhor, porém os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos”, conseguindo, enfim, o atendimento pleiteado (Mt 15:21/28).
Cenas instrutivas encontramos no Evangelho, com Marta e Maria, irmãs de Lázaro. Jesus amava essa família e várias vezes esteve com eles em Betânia, onde moravam. Ali, certa vez, se encontrava hospedado e Maria, assentada aos seus pés, ouvia-lhe os ensinamentos. Marta, que se agitava de um lado para outro, ocupada em muitos serviços, pediu a Jesus que ordenasse a Maria fosse ajudá-la, mas ele respondeu: Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário, ou mesmo uma só coisa; Maria escolheu a boa parte e esta não lhe será tirada. (Lc 10: 33/42). Serve o episódio para nos alertar quanto ao equilíbrio que devemos manter entre os afazeres necessários à vida corpórea e os interesses do espírito, atendendo a uns sem descurarmos dos outros. Em outra oportunidade, Maria teve, novamente, o destaque e a aprovação de Jesus por seu agir. Foi após a ressurreição de Lázaro e pouco antes da última páscoa do Senhor. Lázaro e suas irmãs recepcionavam Jesus com uma ceia e Maria ungiu com bálsamo de nardo puro, mui precioso, os pés de Jesus e os enxugou com os seus cabelos. A casa toda se encheu do perfume. Judas Iscariotes, um dos discípulos, comentou que teria sido melhor vender o caro perfume e doar seu valor aos pobres, ao que lembrou Jesus: os pobres sempre os tendes convosco, mas a mim nem sempre me tendes (Jo 12-1/8).
Jesus afastara de um homem o espírito que o deixava mudo e deu explicações sobre como exercem os invisíveis a ação perturbadora. Admirando-lhe a capacidade e o valor de seu ensino, uma mulher, que estava entre a multidão, exclamou: Bem aventurada aquela que te concebeu e os seios que te amamentaram! Esse jeito popular de aplaudir e exaltar a quem se admira, ainda é encontrado em alguns povos (Lc 11:27/28). Jesus respondeu: “Antes bem-aventurados são os que ouvem a palavra de Deus e a guardam”, porque o que nos confere mérito espiritual não são os feitos de outros, mas os nossos próprios atos. A cada um é dado segundo as suas obras.
No gazofilácio, onde se recolhiam as ofertas destinadas aos serviços do templo e as oferendas, pobre viúva depositara duas pequenas moedas. Sua doação foi imediatamente destacada por Jesus aos olhos dos discípulos, esclarecendo que os outros haviam ofertado do que lhes sobrava, enquanto ela, da sua pobreza deu tudo quanto possuía, todo o seu sustento. Da sábia observação de Jesus, aprendemos que o valor de uma dádiva é tanto maior quanto a mais se renuncia para poder doar (Mc 12:42, Lc 21:2/4).
Caminhando para o Gólgota, sob o peso da cruz, seguido por grande multidão de povo e de mulheres, as quais batiam no peito, e o lamentavam, Jesus ainda encontrou forças para alertá-las e aconselhar: Filhas de Jerusalém, não choreis por mim; chorai antes por vós mesmas e por vossos filhos. E visualizando o futuro, quando a cidade de Jerusalém seria sitiada e invadida pelos romanos, continuou: Porque dias virão em que se dirá: bem-aventuradas as estéreis, que não geraram nem amamentaram. Nesses dias dirão aos montes: Caí sobre nós, e aos outeiros: Cobri-nos. Porque, se ao madeiro verde fazem isto, que será no lenho seco (Lc 23: 27/32)? Jesus era madeiro verde, a “videira verdadeira”, estava pleno de vitalidade espiritual. Se sofria, era para o cumprimento de sua santa missão. E o fazia exemplificando serenidade, não violência. Quando ressurgisse glorioso, testemunharia a imortalidade. Os que o observavam e ainda não tinham aderido à sua mensagem vivificadora, eram lenho seco, sem maior vivência espiritual. Prosseguiriam errando no seu agir comum, acarretando para si mesmos merecidas dores e sofrimentos.
Examinando as mulheres do Evangelho, é preciso destacar, ainda, a admirável figura da samaritana, que mereceu de João quase todo o capítulo 4 do seu relato e à qual dediquei o capítulo 2 de meu livro Na luz do Evangelho. Já ao início do seu diálogo com Jesus, notamos que, apesar de estranhar que ele, sendo judeu, dirija a palavra a ela, uma samaritana, pois usualmente não eram amigáveis as relações entre judeus e samaritanos, essa mulher de mente ampla não se nega à conversação. Ao ouvir Jesus falar que lhe poderia dar “água viva”, comenta, observadora, que ele não tem com que tirar água do poço, que é fundo, mas demonstra estar aberta para novas possibilidades, indagando, curiosa, onde teria ele a água que lhe oferece. Anuncia-lhe o Mestre que a água que der passará a jorrar na pessoa como fonte para a vida eterna. É que o conhecimento espiritual, quando adquirido, faz-se base inicial de compreensão que abrirá, para a pessoa, perspectivas admiráveis e cada vez mais amplas quanto à vida imortal. A samaritana ainda não alcança o inteiro sentido da afirmativa de Jesus, mas, raciocinando de modo prático, pede para receber daquela água e, assim, não ter mais sede, nem precisar ir ao poço para buscar o líquido precioso. Jesus, então, revela algo de suas possibilidades espirituais, demonstrando conhecer-lhe a vida, mesmo nunca a tendo encontrado antes. Por esse sinal, ela lhe percebe a qualidade de “profeta”, de ser um porta-voz do Alto. E, ante alguém com poderes especiais, essa samaritana, revelando admirável desprendimento, não solicita nada material, mas pede que lhe esclareça quanto a algo espiritual: a adoração a Deus. E Jesus ensina não haver um lugar físico especial para isso, pois Deus é espírito e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade, isto é, em ação espiritual e sincera. Eu sei que há de vir o Messias, chamado Cristo; quando ele vier nos anunciará todas as coisas...
A afirmativa que a samaritana faz parece soar como tímida e indireta pergunta: És o Messias? Deve ter sido por isso que Jesus, que geralmente se ocultava, para se proteger de eventuais adversários, a ela se revela confiante: Sou eu, o que fala contigo. Chegam os apóstolos e o diálogo se interrompe, mas, fraterna, a samaritana pensa nos outros de sua comunidade e vai até eles, procurando interessá-los para que também conhecessem Jesus e ouvissem sua mensagem. E conseguiu bom êxito, pois, atraídos pelo seu testemunho, muitos samaritanos saíram da cidade e foram ter com Jesus, e muitos acreditaram nele.
Quando Jesus foi crucificado, com exceção de João, os demais apóstolos lá não estavam, haviam se escondido, receosos de perseguição. Mas seguiam-no, fiéis, as mulheres que, desde a Galiléia, o acompanhavam e serviam, e, além destas, muitas outras que haviam subido com ele para Jerusalém (Mc 15:40/41 e 45, e Lc 23:49). Elas viram quando Jesus foi colocado no túmulo cedido por José de Arimateia e se retiraram para preparar aromas e bálsamos necessários ao preparo do corpo para o sepultamento, o que fariam no domingo de manhã (Lc 23:55/56). Foram elas as primeiras que deram com o túmulo vazio, ali viram os mensageiros espirituais, deles ouvindo a notícia feliz: Ele não está aqui, mas ressuscitou, e levaram aos apóstolos o primeiro alerta sobre a ressurreição de Jesus, embora os apóstolos não lhes dessem crédito, porque tais palavras lhes pareciam um como delírio” (Lc 24:1/11). Madalena, que viu o Mestre ressurgido e com ele falou, conseguiu atrair Pedro e João ao túmulo para que constatassem que não estava mais ali (Jo 20: 1/18) e, certamente, transmitiu a eles a orientação que Jesus lhes mandara dizer. Depois, o próprio Mestre começou a aparecer e se materializar ante apóstolos e discípulos, em várias ocasiões e locais, ao longo de quarenta dias, até que se despediu, elevando-se à vista de todos e se desmaterializando, deixando, porém, consolidada neles a certeza da sua imortalidade e de que continuaria a assisti-los pessoalmente e pela presença do Paráclito, através dos tempos.
Como vemos, do começo ao fim de sua sublime missão, Jesus contou com a presença e cooperação de muitas mulheres, que o entenderam e seguiram fiéis, ficando imortalizadas nas páginas dos evangelistas e na lembrança e respeito de todos nós.
Therezinha Oliveira é expositora e escritora espírita.
Revista Cultura Espírita
2012
O TEMPO
Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz. – Paulo. (Romanos, 14:6.)
A maioria dos homens não percebe ainda os valores infi- nitos do tempo.
Existem efetivamente os que abusam dessa concessão divina. Julgam que a riqueza dos benefícios lhes é devida por Deus. Seria justo, entretanto, interrogá-los quanto ao motivo de semelhante presunção.
Constituindo a Criação universal patrimônio comum, é razoável que todos gozem as possibilidades da vida; contudo, de modo geral, a criatura não medita na harmonia das circunstâncias que se ajustam na Terra, em favor de seu aperfeiçoamento espiritual.
É lógico que todo homem conte com o tempo, mas, se esse tempo estiver sem luz, sem equilíbrio, sem saúde, sem trabalho?
Não obstante a oportunidade da indagação, importa considerar que muito raros são aqueles que valorizam o dia, multiplicando-se em toda parte as fileiras dos que procuram aniquilá-lo de qualquer forma.
A velha expressão popular “matar o tempo” reflete a inconsciência vulgar, nesse sentido.
Nos mais obscuros recantos da Terra, há criaturas exterminando possibilidades sagradas. No entanto, um dia de paz, harmonia e iluminação é muito importante para o concurso humano, na execução das leis divinas.
Os interesses imediatistas do mundo clamam que o “tempo é dinheiro”, para, em seguida, recomeçarem todas as obras incompletas na esteira das reencarnações... Os homens, por isso mesmo, fazem e desfazem, constroem e destroem, aprendem levianamente e recapitulam com dificuldade, na conquista da experiência.
Em quase todos os setores de evolução terrestre, vemos o abuso da oportunidade complicando os caminhos da vida; entretanto, desde muitos séculos, o Apóstolo nos afirma que o tempo deve ser do Senhor.
Livro "Caminho, Verdade e Vida"
Pelo Espírito Emmanuel
Francisco Cândido Xavier
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