OS MESSIAS DO ESPIRITISMO
É sabido que um dia só haverá uma religião, pois todas estarão unidas na mesma crença. Várias revelações prevendo a chegada do novo Messias foram dadas em diversos Centros Espíritas da França e de outros países, sem que fossem publicadas; o que demonstra a simultaneidade e a concordância do ensino dos Espíritos.
A corrupção, tão em voga hoje, também está presente no âmago das religiões e vai provocar sua decadência. Decadência também das religiões que trocam Deus pelo dinheiro e honrarias, mais apegados aos bens materiais do que aos espirituais.
Deus em sua infinita sabedoria envia, de tempos em tempos, seus filhos que estão bem acima dos mortais, para indicar o caminho seguro, como um farol a orientar os navegantes.
Pergunta-se se o Messias anunciado é a mesma personalidade de Jesus Cristo, que veio nos servir de guia e modelo. O Senhor do Universo escolhe entre tantos Espíritos puros, que chegaram à perfeição relativa, aqueles que enviará e que nós chamamos de Cristo.
Se o Messias anunciado pelas revelações não é o mesmo Cristo, com certeza é o mesmo pensamento e é do mesmo grupo de Espíritos que cercam a Divindade e recebem Dela as emanações para dirigirem o futuro dos mundos a que são destinados.
E Jesus anunciou por João: “Rogarei ao Pai e Ele enviará o Espírito de Verdade, que falará em meu nome e restabelecerá todas as coisas.”, isto é, relembrará os ensinamentos, pois sabia, o Cristo, que os homens se desviariam do caminho traçado por Ele.
Estejamos tranquilos, pois o Messias não virá sozinho e sim acompanhado por muitos que ocuparão posições elevadas nas ordens política, religiosa, legislativa para a concordância geral, onde todas as partes estarão animadas da mesma fé, agindo de comum acordo sob o impulso do pensamento Superior.
Crispim
Referência bibliográfica:
- Revista Espírita 1868. Allan Kardec.
MAIS CONFIANÇA
É certo que muitas vezes tem se entregado ao desespero sem razão, porque não teve confiança naqueles nobres amigos que lhe dirigem o destino.
Não sabe, porém, para que o pomar possa produzir frutos em abundância é necessária na época certa, retirar aqueles galhos que dificultam o desenvolvimento da planta, deixando somente aqueles que podem oferecer condições ideias de produzir.
Assim também a sabedoria divina muitas vezes permite que se passe pela provação, a fim de adquirir a experiência indispensável para os dias futuros.
Só conseguirá algo se lutar, porque essa é a lei, a fim de que cada um que quiser auferir algo se faça merecedor pelo empenho que demonstre.
Tudo na vida pode trazer enorme benefício, basta que proceda com sabedoria. A chuva que impede a sua saída à rua é a mesma que vitaliza o solo e oferece condição para que o alimento cresça no campo.
O Sol que bate inclemente é força utilizada em todo o planeta. Assim também no lar que se acolhe existem todos os elementos para que seja feliz, mas muitas vezes não valoriza aqueles que estão ao seu derredor.
Diante de todos os problemas adversos, com um pouco de sabedoria e discernimento poderá construir um dique contra as investidas do mal, mas o dever e a vigilância são indispensáveis, mesmo porque o amor será sempre a base de tudo
É a força poderosa que sedimenta o caminho em seu favor, a luz que ilumina sem empobrecer-se, é a própria vida oferecendo os seus frutos, por isso invista mais no bem, que é a força que produzirá um rio de bênçãos.
Por isso viva feliz o dia de hoje, na certeza absoluta que pode superar todos os obstáculos do caminho, por mais difíceis que pareçam. Áulus.
Histórias Educativas
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
AUTOPIEDADE
Somente quando se passa por grandes sofrimentos é que se aprende a considerar a dor dos outros. Quem não sofre encontra dificuldades de amar o próximo, porque não passou pelas angústias das dificuldades, da dor, do sofrimento, do abandono, da solidão, da falta de pão, da humilhação. Quando alguém fala sobre alguém que sofre, imagina que essas coisas só existem na imaginação das pessoas.
Quando Allan Kardec interroga os espíritos: Qual o mais culpado entre aquele que nunca necessitou de nada e outro que conhece as agruras da vida. Os espíritos respondem que é aquele já que conhece o sofrimento.
Quantas pessoas também, pelo contrário, imaginam que somente elas sofrem que o sofrimento delas é sempre maior do que dos demais. Um pequeno arranhão transforma-se numa tragédia, logo que sua vida é um mar de sofrimentos e só eles passam por essas situações.
Com esse sentimento de autopiedade complicam-se ainda mais. Imaginam que todos devem estar a sua disposição, e quando isso não ocorre, julgam de maneira cruel os outros.
Quando ouvem a mensagem de Jesus exortando a tomar uma decisão mais consistente diante da vida, querem aplicar esses ensinamentos ao próximo e não a si mesmo, que seria o ideal. Comentam até, mas fulano de tal devia ter ouvir isso. Esquecidos que os mais necessitados são eles próprios.
Assim que assumem as situações mais complicadas diante da dor dos outros, porque até querem que veja o mundo de acordo com as suas ideias ou pense por sua cabeça.
Estão sempre descontentes, os problemas que lhe acontecem por conta de sua maneira equivocada de viver, sempre querem colocar a culpa nos outros.
Enquanto perdem tempo em julgamentos se nenhuma base na realidade dos fatos, não assume nenhuma atitude que possa melhorar os seus dias. Depois quando algo grave lhe acontece deploram o mal que sofrem, mas esses desatinos foram atraídos por sua maneira desequilibrada de viver, julgam que são injustiçados. Não se lembram de suas maldades assacadas contra o próximo.
O pior que sofrem e não aprendem com o sofrimento, continuam sempre iguais ao que foram antes, logo o fim que os esperam não pode ser outro, mais sofrimento mesmo, sem resultado nenhum,
Quando voltarem à pátria espiritual os aguarda cruéis remorsos, especialmente porque ouvirá tudo o que disseram contra o próximo. Como também os sofrimentos que causaram aos outros, atitudes levianas em que mal disseram da vida dos outros, criando problemas e sofrimentos a pessoas que não tinha nenhum direito de recriminar.
Naturalmente todos que se transviaram pelo mau caminho terão de voltar para repetir a mesma lição que imprevidentes não assimilaram, mas nesse caso, o que fazer?
Um dia dominaram por conta de sua vontade, mas depois de concluído o seu estágio em que pode fazer as suas escolhas, a lei começa a ter vigência, receberá sim na medida certa do que se fez merecedor.
Esta história pode ser de qualquer um, pois que todos nós navegamos em barcos semelhantes rumo à eternidade, mas aquele que prepara melhor a bagagem e além do colete salva-vidas, pode de repente chegar mais depressa e vencer todas as dificuldades da travessia.
Além de que e muitas companhias de navegação às vezes colocam barcos avariados para fazer a grande travessia com reais perigos para os viajores imprevidentes. Sem contar que muitas vezes estes naufragam com prejuízos para esses viajantes incautos, pois que na mensagem de Jesus teria encontrado o roteiro mais seguro para fazer as melhores escolhas.
Mas a verdade que não considera de uma forma racional a existência, e isto lhe causará sérios transtornos, deixando uma lacuna em branco para outra existência, talvez onde não mais encontre as facilidades desta. Mas enfim cada um faz a sua própria escolha.
Lições De Simplicidade
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
O EXEMPLO DA ÁRVORE
Dizem que quando a primeira árvore apareceu na Terra, trazia do Pai Celestial a recomendação de alimentar o homem e auxiliá-lo, em nome do Céu, por todos os meios que lhe fosse possível.
Resolvida a cumprir a ordenação do Senhor, certo dia foi visitada por um ladrão, perseguido pela Justiça.
Ele sentia fome e, por isso, furtou-lhe vários frutos.
Em seguida, decepou-lhe muitos galhos, deles fazendo macia cama para descansar e refazer-se.
A árvore não se agastou com o assalto. Parecia satisfeita em ajudá-lo e até se mostrava interessada em adormecê-lo, agitando harmoniosamente as folhas, tangidas pelo vento.
Erguendo-se, fortalecido, o pobre homem ouviu o ruído dos acusadores que o buscavam e, angustiado, sem saber que rumo tomar na várzea deserta, notou que o nobre vegetal, em silêncio, como que o convidava a asilar-se em seus ramos.
Imediatamente, à maneira de um menino, o infeliz escalou o tronco e escondeu-se na copa farta.
Os guardas vieram e, desistindo de encontrá-lo em razão da busca infrutífera, retiraram-se para lugarejo distante.
Foi então que o desventurado desceu para o solo, impressionado e comovido, reparando que se achava à frente de humilde mensageira do Céu.
Roubara-lhe os frutos e mutilara-lhe as frondes; entretanto, oferecera lhe, ainda, seguro abrigo.
O homem infeliz começou a meditar no exemplo da árvore venerável, incumbida por Deus de cooperar na distribuição do alimento de cada dia na Terra, e, nela reconhecendo verdadeira emissária do Céu, que lhe saciara a fome e lhe dispensara maternal proteção, abandonou o mal em que se havia mergulhado e passou a ser outro homem.
Livro Pai Nosso
Francisco Candido Xavier
Pelo Espírito de Meimei
APLICAÇÕES DO MAGNETISMO HUMANO
1. TRANSMISSÃO DO MAGNETISMO HUMANO-ESPIRITUAL
São extremamente variados os efeitos da ação fluídica sobre os doentes, de acordo com as circunstâncias. Algumas vezes é lenta e reclama tratamento prolongado, como no magnetismo ordinário; doutras vezes é rápida, como uma corrente elétrica. Há pessoas dotadas de tal poder, que operam curas instantâneas nalguns doentes, por meio apenas da imposição das mãos, ou, até, exclusivamente por ato da vontade. Entre os dois pólos extremos dessa faculdade, há infinitos matizes. Todas as curas desse gênero são variedades do magnetismo e só diferem pela intensidade e pela rapidez da ação. O princípio é sempre o mesmo: o fluido, a desempenhar o papel de agente terapêutico e cujo efeito se acha subordinado à sua qualidade e a circunstâncias especiais.5
A ação magnética pode produzir-se de muitas maneiras:
1.º pelo próprio fluido do magnetizador; é o magnetismo propriamente dito, ou magnetismo humano, cuja ação se acha adstrita à força e, sobretudo, à qualidade do fluido;
2.º pelo fluido dos Espíritos, atuando diretamente e sem intermediário sobre um encarnado, seja para o curar ou acalmar um sofrimento, seja para provocar o sono sonambúlico espontâneo, seja para exercer sobre o indivíduo uma influência física ou moral qualquer. É o magnetismo espiritual, cuja qualidade está na razão direta das qualidades do Espírito;
3.º pelos fluidos que os Espíritos derramam sobre o magnetizador, que serve de veículo para esse derramamento. É o magnetismo misto, semi-espiritual, ou, se o preferirem, humano-espiritual. Combinado com o fluido humano, o fluido espiritual lhe imprime qualidades de que ele carece. Em tais circunstâncias, o concurso dos Espíritos é amiúde espontâneo, porém, as mais das vezes, provocado por um apelo do magnetizador.6
2. UTILIZAÇÃO DO MAGNETISMO HUMANO-ESPIRITUAL NA CASA ESPÍRITA: O PASSE
O magnetismo misto é a forma usual de aplicação do passe na Casa Espírita. O passe é uma atividade espírita sistematicamente desenvolvida nas instituições espíritas por trabalhadores anônimos. É muito comum a faculdadede curar pela influência fluídica e pode desenvolver-se por meio do exercício; mas, a de curar instantaneamente, pela imposição das mãos, essa é mais rarae o seu grau máximo se deve considerar excepcional. No entanto, em épocas diversas e no seio de quase todos os povos, surgiram indivíduos que a possuíam em grau eminente. Nestes últimos tempos, apareceram muitos exemplos notáveis, cuja autenticidade não sofre contestação. Uma vez que as curas desse gênero assentam num princípio natural e que o poder de operá-las não constitui privilégio, o que se segue é que elas não se operam fora da Natureza e que só são miraculosas na aparência.7 A transmissão do passe deve ser considerada como um simples instrumento de auxílio, jamais recurso substitutivo de orientações médicas e psicológicas, porque – como nos informa o Espiritismo – doença e cura se encontram no Espírito. A ação moral desequilibrada do indivíduo afeta o seu perispírito e, como o perispírito do encarnado está intimamente ligado ao seu corpo físico, o desajuste vibratório de um afeta o outro, produzindo, em conseqüência, as doenças. O corpo doente reflete o panorama interior do Espírito enfermo. A patogenia é um conjunto de inferioridades do aparelho psíquico. E é ainda na alma que reside a fonte primária de todos os recursos medicamentosos definitivos. A assistência famarcêutica do mundo não pode remover as causas transcendentes do caráter mórbido dos indivíduos. O remédio eficaz está na ação do próprio Espírito enfermiço.14
Não ignoramos, porém, que muitas pessoas procuram o Centro Espírita apenas em busca da cura ou alívio de seus males físicos, psicológicos e distúrbios espirituais. É dever, pois, dos trabalhadores da Instituição, prestar os necessários esclarecimentos.
2.2 Doação e recepção fluídica durante o passe
No passe ou transmissão fluídica, não basta a existência de alguém com disposição para doar suas energias magnéticas. É necessário que ocorra uma interação entre o doador e o receptor. Estabelecido o clima de confiança, qual acontece entre o doente e o médico preferido, cria-se a ligação sutil entre o necessitado e o socorrista e, por semelhante elo de forças, ainda imponderáveis no mundo, verte o auxílio da Esfera Superior, na medida dos créditos de um e outro. Ao toque da energia emanante do passe, com a supervisão dos benfeitores desencarnados, o próprio enfermo, na pauta da confiança e do merecimento de que dá testemunho, emite ondas mentais características, assimilando os recursos vitais que recebe, retendo-os na própria constituição fisiopsicossomática, através das várias funções do sangue. O socorro, quase sempre hesitante a princípio, corporifica-se à medida que o doente lhe confere atenção, porque, centralizando as próprias radiações sobre as províncias celulares de que se serve, lhes regula os movimentos e lhes corrige a atividade, mantendo-lhes as manifestações dentro de normas desejáveis, e, estabelecida a recomposição, volve a harmonia orgânica possível, assegurando à mente o necessário governo do veículo em que se amolda.12
O processo de socorro pelo passe é tanto mais eficiente quanto mais intensa se faça a adesão daquele que lhe recolhe os benefícios, de vez que a vontade do paciente, erguida ao limite máximo de aceitação, determina sobre si mesmo mais elevados potenciais de cura. Nesse estado de ambientação, ao influxo dos passes recebidos, as oscilações mentais do enfermo se condensam, mecanicamente, na direção do trabalho restaurativo, passando a sugeri-lo às entidades celulares do veículo em que se expressam, e os milhões de corpúsculos do organismo fisiopsicossomático tendem a obedecer, instintivamente, às ordens recebidas, sintonizando-se com os propósitos do comando espiritual que os agrega.13
REFERÊNCIAS
5. ______. Item 32, p. 336-337.
6. ______. Item 33, p. 337.
7. ______. item 34, p. 338.
12. ______. Item: Mecanismo do passe, p. 176-177.
13. ______. Item: Vontade do paciente, p. 177-178.
14. XAVIER, Francisco Cândido. O consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 27. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007, questão 96, p.66.
ESDE
2008
PSICOGRAFIA
Queridos irmãos!
Que Jesus nos abençoe!...
Ele se dispôs a se imolar para que nós outros tivéssemos a oportunidade de empreender também a nossa caminhada rumo a felicidade, pessoalmente materializando-se na Terra para dar a Humanidade a oportunidade de se refazer de seus desalentos, tendo Nele um firme ponto de apoio, especialmente aqueles que sofrem e padecem à míngua de entendimento e de paz, porque em Jesus tem-se a luz que ilumina todos os corações, ainda aqueles mais obstinados no mal, porque Ele se imolando deu-nos o exemplo da renúncia, num mundo que tão poucos estão dispostos a renunciarem a seus privilégios, que em muitos casos lhes custaram tão pouco, mas a eles de apegaram com tal intensidade que fora possível até levaria consigo para a outra vida, mas a verdade é que não podem e isso os frusta e demonstra a inutilidade de certas atitudes que não condizem com os mais elementares princípios que o bom senso recomenda. Não obstante se dizerem cristãos, a verdade é que muita água terá que passar por baixo da ponte para que eles se apercebam da futilidade de seus desejos, que nem sequer podem aumentar “um côvado” a sua estatura, e desejam suplantar uns aos outros, como se isso fosse o mais importante princípios que a vida nos oferece.
Assim atenham-se ao estudo e ao trabalho para que não caiam em complicações, de vez que todos estão igualmente sujeitos a tantas quedas clamorosas, portanto vigiar e orar sempre, para que não venham a cair nos despenhadeiros chamados egoísmo e orgulho, que será tal para todos.
Só tu, puro amor libertarás o homem de todo mal, porque o mal reside na falta de amor, amor cuja fonte por mais que se retire sempre tem, por mais que se ame pode se amar mais ainda;
Só tu, puro apresentas outra face, das faces que tem o nosso querer;
Só tu, puro amor ensejarás novas oportunidades de vivenciar o Evangelho todos os dias, horas, minutos, segundos;
Só tu, puro amor guardarás o nosso coração contra as garras do mal;
Só tu, puro amor sempre será o fanal de luz em nossas vidas, porque sempre iluminarás o caminho de quem o possua;
Só tu, puro amor trarás ao mundo uma nova ordem social, capaz de resolver problemas tão diversos, num mundo com tantos problemas a resolver, pois que não é possível viver sem luz no coração;
Só tu, puro amor iluminarás os desvãos mais escuros da mente, desfazendo os miasmas insalubres de nossas atitudes equivocadas;
Só tu, puro amor chamará para o seio de Jesus toda alma transviada do verdadeiro aprisco.
Um Grande Amigo
Mensagem
A tarefa do amor é a tarefa da solidariedade, preparando o coração para servir, dando algo de si na construção do mundo que fora designado para ser a habitação do homem de bem, que tudo faz para revelar seus recursos em auxílio dos que sofrem, que dispensa tesouros de amor para socorrer a mendicância, que caminha muitas milhas para desfazer mal entendidos, que põe a cruz sobre os ombros feridos e a carrega, porque compreende que esse caminho pedregoso e escarpado que o livrará do mal, que não descura do tempo para as aquisições superiores do conhecimento, que não menciona o nome de Deus em vão, que nunca dá prejuízo a quem quer que seja, que sempre procura ensejo de ser útil, que fica feliz quando ampara a quem sofre, que sempre tem uma palavra de consolo a quem chora, que guarda certeza no futuro, porque conhece os fundamentos da vida e procura os meios de aplicá-los a si mesmo, como forma de se promover; revê seus próprios defeitos, não desprezando uma ocasião sequer de ser útil, que compreende que a felicidade de hoje, fora uma conquista de ontem, como a de hoje será do amanhã, guarda fé no futuro porque tudo tende para o progresso sem fim, que as aquisições de hoje serão os frutos do trabalho do passado, que enfim compreende que a maneira mais fácil de ser feliz é fazendo os outros felizes.
Um Trabalhador
O PRIMEIRO CAPÍTULO
Allan Kardec, o respeitável professor Denizard Rivail, já havia organizado extensa porção das páginas reveladoras que lhe constituiriam O Livro dos Espíritos.
Devotado observador, aliara inteligência e carinho, método e bom senso na formação da primeira obra que lançaria os fundamentos da Doutrina Espírita.
Não desconhecia que a sobrevivência da alma era tema empolgante no século. Entretanto, apontamentos e experimentações, em torno do assunto, alinhavam-se desordenados e nebulosos. Os fenômenos do intercâmbio pareciam ameaçados pela hipertrofia de espetaculosidade.
Saindo de humilde vilarejo da América do Norte, a comunicação com os Espíritos desencarnados atingira os mais cultos ambientes da Europa, originando infrutífero sensacionalismo. Era necessário surgisse alguém com bastante coragem para extrair do labirinto a linha básica da filosofia consoladora que os fatos consubstanciavam, irrefutáveis e abundantes.
Advertido por amigos da Espiritualidade de que a ele se atribuía, em nome do Senhor, a elevada missão de codificar os princípios espíritas, destinados à mais ampla reforma religiosa, pusera mãos ao trabalho, sem cogitar de sacrifícios. E adotando o sistema de perguntas e respostas, conseguira vasta colheita de esclarecimento e de luz.
Guardava consigo preciosas anotações acerca da constituição geral do Universo, surpreendentes informes sobre a vida de além-túmulo e belas asserções definindo as leis morais que orientam a Humanidade.
O material esparso equivalia quase que praticamente ao livro pronto. Contudo, era preciso estabelecer um ponto de partida. O primeiro compêndio do Espiritismo, endereçado ao presente e ao futuro, não podia prescindir de sólidos alicerces. E, debruçado sobre a mesa de trabalho, em nevada noite do inverno de 1856, o Codificador interrogava a si mesmo: – Por onde começar? Pelas conclusões científicas ou pelas indagações filosóficas? Seria justo desligar a Doutrina, que vinha consagrar o antigo ensinamento do Cristo, de todo e qualquer apoio da fé, na construção das bases que lhe diziam respeito?
O conhecimento humano!... – pensava ele – não se modificava o conhecimento humano todos os dias?.. As ilações filosófico-científicas não eram as mesmas em todos os séculos... E valeria escravizar o Espiritismo à exaltação do cérebro, em prejuízo do sentimento?
Atormentado, viu mentalmente os homens de seu tempo e de sua pátria, extraviados na sombra do materialismo demolidor...
A grande revolução que pretendera entronizar os direitos do Homem ainda estava presente no ar que ele respirava. Desde 2 de dezembro de 1851, o governo de Luís Napoleão, que retomava as linhas do Império, permitia prisões em massa, com deliberada perseguição aos elementos de todas as classes sociais que não aplaudissem os planos do poder. Muitos membros da Assembléia haviam sofrido banimento e mais de vinte mil franceses jaziam deportados, muitos deles sem qualquer razão justa. Homens dignos eram enviados a regiões inóspitas, quando não eram confiados, no cárcere, à morte lenta.
O pensamento do missionário foi mais longe...
Recordou-se de Voltaire e Rousseau, admiráveis condutores da inteligência, mas também precursores da ironia e do terror. Lembrou Condorcet, o filósofo e matemático, envenenando-se para escapar à guilhotina, e Marat, o médico e publicista, assassinado num banho de sangue, quando instigava a matança e a destruição.
Valeria a cultura da inteligência, só por si, quando, a par dos bens que espalhava, podia desmandar-se em sarcasmo arrasador e loucura furiosa?
Com o respeito que ele consagrava incondicionalmente à Ciência e à Filosofia, Kardec orou com todo o coração, suplicando a inspiração do Alto. Erguia-se-lhe a prece comovente, quando raios de amor lhe envolveram o espírito inquieto e ele ouviu, na acústica da própria alma, vigoroso apelo íntimo: – “Não menosprezes a fé!... Não comeces a obra redentora sem a Bênção Divina!...”
E o Codificador, nimbado de luz, com a emotividade jubilosa de quem por fim encontrara solução a terrível problema, longamente sofrido, consagrou o primeiro capítulo de O Livro dos Espíritos à existência de Deus.
Pelo Espírito Irmão X
(Mensagem recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier.)
Fonte: Reformador de abril de 1957. Edição do 1o Centenário da Codificação do Espiritismo, p. 25(95).
Reformador
Março 2007
A FAMA DE JESUS
Fabiano Nunes
“Jesus voltou então para a Galileia, com a força do Espírito, e sua fama espalhou-se por toda a região circunvizinha. Ensinava em suas sina gogas e era glorificado por todos.” (Lucas 4:14-5)
Depreende-se da narrativa em O Evangelho segundo Lucas que, em breve período de tempo, a popularidade de Jesus espalhou-se por toda Galileia, e demais regiões da Província da Judéia, sendo aclamado por hebreus dos vários segmentos sócio-religiosos da época.
Não obstante ter vivido toda uma existência na condição de desconhecido judeu camponês1 , Sua rápida notoriedade, visto que se celebrizara em menos de três anos, assombrou autoridades religiosas e políticas do período, não só judias como também romanas. A razão para tão elevada reputação está relacionada – sobretudo – aos Seus feitos formidáveis.
Ainda nos tempos atuais, a temática da reputação fascinante que Jesus, sem esforço direcionado para tal, imprimira, prossegue inspirando a investigação de pesquisadores das mais admiráveis academias.
Geza Vermes2 , insigne professor de estudos bíblicos e judaicos da Universidade de Oxford, explorando cientifi camente as narrativas bíblicas, apresenta formidável análise das várias faces que afamaram Jesus: Messias Nacional, Filho do Deus Altíssimo, Redentor e Cristo; Profeta judeu escatológico; Mestre fascinante; líder carismático e revolucionário.
Porquanto, não apenas Geza Vermes, mas também a maior parte dos mais eminentes estudiosos contemporâneos, aponta a fama de curador e libertador de “demônios” como sendo as grandes responsáveis pela Sua notabilidade1-2. Presentemente, essa aura prossegue preponderando entre as comunidades cristãs em quase a totalidade das denominações religiosas.
O espiritismo, em sua qualidade de Terceira Revelação da Lei de Deus aos homens3 , restaura o cristianismo ao seu sentido verdadeiro: o puramente espiritualista4 . Por conseguinte, Allan Kardec – denominado Codificador da Doutrina Espírita por ter selecionado, organizado e desenvolvido didaticamente em cada uma de suas obras as experimentações científicas, análises críticas, textos, depoimentos espirituais e observações que laborara, oriundas de diversas fontes mediúnicas, concordantes e totalmente desconhecidas entre si5 – apresenta a irrefutável interpretação para a questão acerca da mais importante glória creditada aos feitos de Jesus:
“O maior milagre que Jesus operou, o que verdadeiramente atesta a sua superioridade, foi a revolução que seus ensinos produziram no mundo, malgrado a exiguidade dos seus meios de ação. Com efeito, Jesus, obscuro, pobre, nascido na mais humilde condição, no seio de um povo pequenino, quase ignorado e sem preponderância política, artística ou literária, apenas durante três anos prega a sua doutrina; em todo esse curto espaço de tempo é desatendido e perseguido pelos seus concidadãos; vê-se obrigado a fugir para não ser lapidado; é traído por um de seus apóstolos, renegado por outro, abandonado por todos no momento em que cai nas mãos de seus inimigos. Só fazia o bem e isso não o punha ao abrigo da malevolência, que dos próprios serviços que ele prestava tirava motivos para o acusar.
Condenado ao suplício que só aos criminosos era infligido, morre ignorado do mundo, visto que a História daquela época nada diz a seu respeito. Nada escreveu; entretanto, ajudado por alguns homens tão obscuros quanto ele, sua palavra bastou para regenerar o mundo; sua doutrina matou o paganismo onipotente e se tornou o facho da civilização. Tinha contra si tudo o que causa o malogro das obras dos homens, razão por que dizemos que o triunfo alcançado pela sua doutrina foi o maior dos seus milagres, ao mesmo tempo que prova ser divina a sua missão. Se, em vez de princípios sociais e regeneradores, fundados sobre o futuro espiritual do homem, ele apenas houvesse legado à posteridade alguns fatos maravilhosos, talvez hoje mal o conhecessem de nome.”6
Mais uma vez se destaca a lucidez e o brilhantismo da exegese Kardeciana, desvelando a expressão do Cristo que verdadeiramente importa aos cristãos: Seus exemplos, ensinos e caridade incansável.
Apreende-se, pois, com Allan Kardec, ser condição essencial para nossa jornada em busca do Jesus real que libertemo-nos inteiramente de toda forma de atração pelo personalismo, desvinculando-nos dos atavismos multisseculares que ainda se nos agrilhoam, com o intuito de vivenciarmos o mais perfeito sentido da doutrina do Cristo, definitivamente fixando-nos na alma seus conteúdos fundamentais.
Referências
1 CROSSAN, John Dominic. O Jesus histórico: a vida de um camponês judeu mediterrâneo. Trad. André Cardoso. 2. ed. Rio de Janeiro: Imago, 1994. p.543.
2 VERMES, Geza. As várias faces de Jesus. Tradução Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Record, 2006. 361 p.
3 KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Albertina Escudeiro Sêco. 5. ed., Rio de Janeiro: León Denis Gráfi ca e Editora, 2010. Cap. I, item 6. p. 54.
4 ______. Revista Espírita. Jornal de Estudos Psicológicos. Ano sexto, novembro de 1863. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. p. 476.
5 ______. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Albertina Escudeiro Sêco. 5. ed., Rio de Janeiro: León Denis Gráfi ca e Editora, 2010. Introdução, p. 22-32.
6 ______. A Gênese. Os milagres e as predições segundo o Espiritismo. Tradução de Albertina Escudeiro Sêco. 2. ed., Rio de Janeiro: León Denis Gráfi ca e Editora, 2007. Cap. XV, item 63. p. 373.
Revista Cultura Espírita
2012
INTERPRETAÇÃO DOS TEXTOS SAGRADOS
Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. (II Pedro, 1:20.)
Jesus é o Caminho, a verdade e a vida. Sua luz imperecível brilha sobre os milênios terrestres, como o Verbo do princípio, penetrando o mundo, há quase vinte séculos. Lutas sanguinárias, guerras de extermínio, calamidades sociais não lhe modificaram um til nas palavras que se atualizam, cada vez mais, com a evolução multiforme da Terra. Tempestades de sangue e lágrimas nada mais fizeram que lhes avivar a grandeza. Entretanto, sempre tardios no aproveitamento das oportunidades preciosas, muitas vezes, no curso das existências renovadas, temos desprezado o Caminho, indiferentes ante os patrimônios da verdade e da vida.
O Senhor, contudo, nunca nos deixou desamparados. Cada dia, reforma os títulos de tolerância para com as nossas dívidas; todavia, é de nosso próprio interesse levantar o padrão da vontade, estabelecer disciplinas para uso pessoal e reeducar a nós mesmos, ao contato do Mestre divino. Ele é o Amigo generoso, mas tantas vezes lhe olvidamos o conselho que somos suscetíveis de atingir obscuras zonas de adiamento indefinível de nossa iluminação interior para a vida eterna.
No propósito de valorizar o ensejo de serviço, organizamos este humilde trabalho interpretativo,1 sem qualquer pretensão à exegese.
Concatenamos apenas modesto conjunto de páginas soltas destinadas a meditações comuns.
Muitos amigos estranhar-nos-ão talvez a atitude, isolando versículos e conferindo-lhes cor independente do capítulo evangélico a que pertencem. Em certas passagens, extraímos daí somente frases pequeninas, proporcionando-lhes fisionomia especial e, em determinadas circunstâncias, as nossas considerações desvaliosas parecem contrariar as disposições do capítulo em que se inspiraram.
Assim procedemos, porém, ponderando que, num colar de pérolas, cada qual tem valor específico e que, no imenso conjunto de ensinamentos da Boa Nova, cada conceito do Cristo ou de seus colaboradores diretos adapta-se à determinada situação do Espírito, nas estradas da vida. A lição do Mestre, além disso, não constitui tão somente um impositivo para os misteres da adoração. O Evangelho não se reduz a breviário para o genuflexório. É roteiro imprescindível para a legislação e administração, para o serviço e para a obediência. O Cristo não estabelece linhas divisórias entre o templo e a oficina. Toda a Terra é seu altar de oração e seu campo de trabalho, ao mesmo tempo. Por louvá-lo nas igrejas e menoscabá-lo nas ruas é que temos naufragado mil vezes, por nossa própria culpa. Todos os lugares, portanto, podem ser consagrados ao serviço divino.
Muitos discípulos, nas várias escolas cristãs, entregaram-se a perquirições teológicas, transformando os ensinos do Senhor em relíquia morta dos altares de pedra; no entanto, espera o Cristo venhamos todos a converter-lhe o Evangelho de amor e sabedoria em companheiro da prece, em livro escolar no aprendizado de cada dia, em fonte inspiradora de nossas mais humildes ações no trabalho comum e em código de boas maneiras no intercâmbio fraternal.
Embora esclareça nossos singelos objetivos, noto, antecipadamente, ampla perplexidade nesse ou naquele grupo de crentes.
Que fazer? Temos imensas distâncias a vencer no caminho, para adquirir a verdade e a vida na significação integral.
Compreendemos o respeito devido ao Cristo, mas, pela pró- pria exemplificação do Mestre, sabemos que o labor do aprendiz fiel constitui-se de adoração e trabalho, de oração e esforço próprio.
Quanto ao mais, consola-nos reconhecer que os textos sagrados são dádivas do Pai a todos os seus filhos e, por isso mesmo, aqui nos reportamos às palavras sábias de Simão Pedro: “Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação.”
Emmanuel
Pedro Leopoldo (MG), 2 de setembro de 1948.
Livro "Caminho, Verdade e Vida"
Pelo Espírito Emmanuel
Francisco Cândido Xavier
OS SIMBOLISMOS DA PÁSCOA E O ESPIRITISMO
Marta Antunes de Moura
A palavra Páscoa tem origem em dois vocábulos hebraicos: um, derivado do verbo pasah, quer dizer “passar por cima” (Êxodo, 23: 14-17), outro, traz raiz etimológica de pessach (ou pasha, do grego) indica apenas “passagem”. Trata-se de uma festa religiosa tradicionalmente celebrada por judeus e por católicos das igrejas romana e ortodoxa, cujo significado é distinto entre esses dois grupos religiosos.
No judaísmo, a Páscoa comemora dois gloriosos eventos históricos, ambos executados sob a firme liderança de Moisés: no primeiro, os judeus são libertados da escravidão egípcia, assinalada a partir da travessia no Mar Vermelho (Êxodo, 12, 13 e 14). O segundo evento caracteriza a vida em liberdade do povo judeu, a formação da nação judaica e a sua organização religiosa, culminada com o recebimento do Decálogo ou Os Dez Mandamentos da Lei de Deus (Êxodo 20: 1 a 21). As festividades da Páscoa judaica duram sete dias, sendo proibida a ingestão de alimentos e bebidas fermentadas durante o período. Os pães asmos (hag hammassôt), fabricados sem fermento, e a carne de cordeiro são os alimentos básicos.
A Páscoa católica, festejada pelas igrejas romana e ortodoxa, refere-se à ressurreição de Jesus, após a sua morte na cruz (Mateus, 28: 1-20; Marcos, 16: 1-20; Lucas, 24: 1-53; João, 20: 1-31 e 21: 1-25). A data da comemoração da Páscoa cristã, instituída a partir do século II da Era atual, foi motivo de muitos debates no passado. Assim, no primeiro concílio eclesiástico católico, o Concílio Nicéia, realizado em 325 d.C, foi estabelecido que a Páscoa católica não poderia coincidir com a judaica. A partir daí,a Igreja de Roma segue o calendário Juliano (instituído por Júlio César), para evitar a coincidência da Páscoa com o Pessach. Entretanto, as igrejas da Ásia Menor, permaneceram seguindo o calendário gregoriano, de forma que a comemoração da Páscoa dos católicos ortodoxos coincide, vez ou outra, com a judaica.[1]
Os cristãos adeptos da igreja reformada, em especial a luterana, não seguem os ritos dos católicos romanos e ortodoxos, pois não fazem vinculações da Páscoa com a ressurreição do Cristo. Adotam a orientação mais ampla de que há, com efeito, apenas uma ceia pascoal, uma reunião familiar, instituída pelo próprio Jesus (Mateus 26:17-19; Marcos 14:12-16; Lucas 22:7-13) no dia da Páscoa judaica.[2] Assim, entendem que não há porque celebrar a Páscoa no dia da ressurreição do Cristo. Por outro, fundamentados em certas orientações do apóstolo Paulo (1 Coríntios,5:7), defendem a ideia de ser o Cristo, ele mesmo, a própria Páscoa, associando a este pensamento importante interpretação de outro ensinamento de Paulo de Tarso (1Corintios, 5:8): o “cristão deve lançar fora o velho fermento, da maldade e da malícia, e colocar no lugar dele os asmos da sinceridade e da verdade.”[3]
Algumas festividades politeístas relacionados à chegada da primavera e à fertilidade passaram à posteridade e foram incorporados à simbologia da Páscoa. Por exemplo, havia (e ainda há) entre países da Europa e Ásia Menor o hábito de pintar ovos cozidos com cores diferentes e decorá-los com figuras abstratas, substituídos, hoje, por ovos de chocolate. A figura do coelho da páscoa, tão comum no Ocidente, tem origem no culto à deusa nórdica da fertilidade Gefjun, representada por uma lebre (não coelho). As sacerdotisas de Gefjun eram capazes de prever o futuro, observando as vísceras do animal sacrificado.[1]
É interessante observar que nos países de língua germânica, no passado, havia uma palavra que denotava a festa do equinócio do inverno. Subsequentemente, com a chegada do cristianismo, essa mesma palavra passou a ser empregada para denotar o aniversário da ressurreição de Cristo. Essa palavra, em inglês, “Easter”, parece ser reminiscência de “Astarte”, a deusa-mãe da fertilidade, cujo culto era generalizado por todo o mundo antigo oriental e ocidental, e que na Bíblia é chamada de Astarote. (…) Já no grego e nas línguas neolatinas, “Páscoa” é nome que se deriva do termo grego pascha.[2]
A Doutrina Espírita não comemora a Páscoa, ainda que acate os preceitos do Evangelho de Jesus, o guia e modelo que Deus nos concedeu: “(…) Jesus representa o tipo da perfeição moral que a Humanidade pode aspirar na Terra.”[3] Contudo, é importante destacar: o Espiritismo respeita a Páscoa comemorada pelos judeus e cristãos, e compartilha o valor do simbolismo representado, ainda que apresente outras interpretações. A liberdade conquistada pelo povo judeu, ou a de qualquer outro povo no Planeta, merece ser lembrada e celebrada. Os Dez Mandamentos, o clímax da missão de Moisés, é um código ”(…) de todos os tempos e de todos os países, e tem, por isso mesmo, caráter divino. (…).”[4] A ressurreição do Cristo representa a vitória sobre a morte do corpo físico, e anuncia, sem sombra de dúvidas, a imortalidade e a sobrevivência do Espírito em outra dimensão da vida.
Os discípulos do Senhor conheciam a importância da certeza na sobrevivência para o triunfo da vida moral. Eles mesmos se viram radicalmente transformados, após a ressurreição do Amigo Celeste, ao reconhecerem que o amor e a justiça regem o ser além do túmulo. Por isso mesmo, atraiam companheiros novos, transmitindo-lhes a convicção de que o Mestre prosseguia vivo e operoso, para lá do sepulcro.[5]
Os espíritas, procuramos comemorar a Páscoa todos os dias da existência, a se traduzir no esforço perene de vivenciar a mensagem de Jesus, estando cientes que, um dia, poderemos também testemunhar esta certeza do inesquecível apóstolo dos gentios: “Fui crucificado junto com Cristo. Já não sou eu quem vivo, mas é Cristo vive em mim. Minha vida presente na carne, vivo-a no corpo, vivo-a pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou a si mesmo por mim”. (Gálatas 2.20)[6]
Referências
[1] //pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A1scoa Acesso: 27/03/2013.
[2] J.D. Douglas. O Novo Dicionário da Bíblia. Pág. 1002.
[3] Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Q. 625, pág.
[4] Idem. O Evangelho segundo o Espiritismo. Cap. I, it. 2, pág. 56.
[5] Francisco Cândido Xavier. Pão Nosso. Pelo Espírito Emmanuel. Cap. 176, pág. 365.
[6] Bíblia de Jerusalém. Pág. 2033.
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