"Luzes do Amanhecer"

Fundado em 16/07/1996 publicado 02/02/2006
JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA - ANO XIII - N. 148 * Campo Grande/MS * Maio de 2018.
EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
Rua Colorado n o 488, Bairro Jardim Canadá, CEP 79112-480, Campo Grande-MS.

Luzes_do_Amanhecer_148.pdf
Click Aqui - Para Baixar


 

          Compreender e perdoar, talvez sejam as atitudes mais difíceis, porém as mais meritórias daquele que se diz cristão.

 

OS DIAS VIVIDOS

 

            É sempre uma oportunidade que se tem a cada manhã, pois que um dia mais se abre na contabilidade da vida para que exercite o amor no coração em plenitude.
            No entanto, quantos companheiros de jornada perdem o dia por bagatela, quando deveriam lutar por ideais nobres? Às vezes chega tarde à compreensão dessa importância dos dias preciosos que se vivem neste campo abençoado do Pai Misericordioso, quando já não pode mais fazer nada, porque o prazo de sua permanência de provas já acabou.
            Infelizmente muitas pessoas até dizem é preciso matar o tempo. Literalmente não sabem o que estão falando, como se não fosse algo importante para escrever uma página luminosa de seu destino, para estender a mão a quem sofre, ou mesmo ler uma história maravilhosa, onde estão contidas informações preciosas daqueles que viveram antes e valorizaram os dias vividos, ou até mesmo para corrigir algumas falhas de ontem.
            Quando no espaço de um minuto podem-se fazer coisas importantíssimas para si e para os outros.
            O tempo é tesouro que pode dar às pessoas oportunidades na vida. Por isso não o deixe se esgotar, sem proveito.             A vida sempre oferece a oportunidade grandiosa de ser útil.
            Por isso, não negligencie, tenha sempre à mão alguma coisa para fazer. A cada dia uma tarefa que precisa construir com muito amor e carinho.
            Muitos são os chamados, mas tão poucos aproveitam a oportunidade. Deixam que o tempo implacável passe sem que façam algo em seu próprio benefício.          Outros, no entanto, vão sempre adiando as tarefas, passa a vida e esse dia que não chega nunca.
            Cada dia um passo à frente deve ser a meta. Não deixe que os problemas do mundo o absorvam de tal maneira que perca o caminho. Está em provas nesse campo de Deus, mas a cada momento irá se deparar com algo que precisa cumprir em seu proveito e dos outros.
            A cada dia escreva uma página edificante. É isso justamente que mais conta na esteira da vida, que tenha sido útil, que tenha aproveitado cada dia para se melhorar, que hoje de alguma forma estará contribuindo para um futuro melhor.
Lembre-se que o futuro é uma história que está escrevendo hoje, por isso pense bem no que faz com a vida, porque pode ser argumentos a favor ou contra, por isso preste muita atenção antes de agir e siga em frente.

 

                                   Histórias Educativas
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes

 

 

NUNCA JULGUE NINGUÉM (05/2018)

 

            Ninguém tem o direito de julgar ninguém, mesmo porque ninguém o constituiu juiz em momento algum. Hoje resolve fazer julgamento apressado contra o próximo, sem sequer conhecer o processo nem as suas razões.
            De outro lado não se  lembra que suas contas estão atrasadas no cartório e necessita que tome providências, depois vem julgar os outros. Se tivesse um pouco de discernimento antes de falar uma única palavra ou apresentar um julgamento contra alguém, primeiro consultava a sua consciência do que fizera até o hoje nessa a pobre vida que tem vivido até agora.
            Lembre que o Divino Amigo recomendou que não julgasse, porque de um lado não tem o direto julgar ninguém não será você quem irá pagar a conta dele, e assim abre perspectiva para o supremo juiz de sua consciência o julgue com a mesma medida. Neste momento faça uma análise para ilustrar os seus argumentos do que faz no mundo sem interesse material, depois sim apresente as suas razões. 
            Depois pode ser que até se envergonhe de não haver se compadecido de ninguém, porque ainda essa má vontade com os outros tenha também transmitido aos filhos esses péssimos exemplos. Agora se julga infeliz, porque é certo que recolhe do que semeou no caminho alheio. Porque é verdade tem um talento natural para destacar as maldades dos outros, mas esquece as suas atitudes negativas que lança ao mundo, por isso também será responsável diante da vida maior.
            Por isso lembre-se em verdade das maldades dos outros, mas também se lembre das suas que não são nem um pouco lisonjeira para quem sempre julga sem piedade o próximo, esquecido que com a medida que medir lhe medirá também. É a justiça agindo para que se restabeleça o equilíbrio entre as partes.

Lições De Simplicidade
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes

 

 

A NECESSIDADE DO ESFORÇO

 

            Conta-se que, no principio da vida terrestre, o alimento das criaturas era encontrado como oferta da Divina Providência, em toda parte.
            Em troca de tanta bondade, o Pai Celeste rogava aos corações mais esforço no aperfeiçoamento da vida.
            O povo, no entanto, observando que tudo lhe vinha de graça, começou a menosprezar o serviço.
            O mato inútil cresceu tanto, que invadia as casas, onde toda a gente se punha a comer e dormir.
            Ninguém desejava aprender a ler.
            A ferrugem, o lixo e o mofo apareciam em todos os lugares.
            Animais, como os cães que colaboram na vigilância, e aves, como os urubus que auxiliam nas obras de limpeza, eram mais prestativos que os homens.
            Vendo que ninguém queria corresponder à confiança divina, o Pai Celestial mandou retirar as facilidades existentes, determinando que os habitantes da Terra se esforçassem na conquista da própria manutenção.
            Desde esse tempo, o ar e a água, o Sol e as flores, a claridade das estrelas e o luar continuaram gratuitos para o povo, mas o trabalho forçado da alimentação passou a vigorar como sendo uma lei para todos, porque, lutando para sustentar-se, o homem melhora a terra, limpa a habitação, aprende a ser sábio e garante o progresso.
            Deus dá tudo.
            O solo, a chuva, o calor, o vento, o adubo e a orientação constituem dádivas dEle à Terra que povoamos e que devemos aprimorar, mas o preparo do pão de cada dia, através do nosso próprio suor e da nossa própria diligência, é obrigação comum O a todos nós, a fim de que não olvidemos o nosso divino dever de servir, incessantemente, em busca da Perfeição.

Livro Pai Nosso
Francisco Candido Xavier
Pelo Espírito de Meimei

 

 

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA MANIFESTAÇÃO DO FENÔMENO MEDIÚNICO AO LONGO DO TEMPO

 

            Consoante os esclarecimentos do Espírito André Luiz, articulando, [...] ao redor de si mesma, as radiações das sinergias funcionais das agregações celulares do campo físico ou do psicossomático [perispirítico], a alma encarnada ou desencarnada está envolvida na própria aura ou túnica de forças eletromagnéticas, em cuja tessitura circulam as irradiações que lhe são peculiares. Evidenciam-se essas irradiações, de maneira condensada, até um ponto determinado de saturação, contendo as essências e imagens que lhe configuram os desejos no mundo íntimo, em processo espontâneo de auto-exteriorização, ponto esse do qual a sua onda mental se alonga adiante, atuando sobre todos os que com ela se afinem e recolhendo naturalmente a atuação de todos os que se lhe revelem simpáticos.32
            Desse modo, pode-se dizer que a aura é [...] a nossa plataforma onipresente em toda comunicação com as rotas alheias, antecâmara do Espírito, em todas as nossas atividades de intercâmbio com a vida que nos rodeia, através da qual somos vistos e examinados pelas Inteligências Superiores, sentidos e reconhecidos pelos nossos afins, e temidos e hostilizados ou amados e auxiliados pelos irmãos que caminham em posição inferior à nossa. Isso porque exteriorizamos, de maneira invariável, o reflexo de nós mesmos, nos contatos de pensamento a pensamento, sem necessidade das palavras para as simpatias ou repulsões fundamentais. É por essa couraça, [...] espécie de carapaça fluídica, em que cada consciência constrói o seu ninho ideal, que começaram todos os serviços da mediunidade na Terra, considerando-se a mediunidade como atributo do homem encarnado para corresponder-se com os homens liberados do corpo físico.
            Essa obra de permuta, no entanto, foi iniciada no mundo sem qualquer direção consciente, porque, pela natural apresentação da própria aura, os homens melhores atraíram para si os Espíritos humanos melhorados, cujo coração generoso se voltava, compadecido, para a esfera terrena, auxiliando os companheiros da retaguarda, e os homens rebeldes à Lei Divina aliciaram a companhia de entidades da mesma classe, transformando-se em pontos de contacto entre o bem e o mal ou entre a Luz e a Sombra que se digladiam na própria Terra.
            Pelas ondas de pensamento a se enovelarem umas sobre as outras, segundo a combinação de freqüência e trajeto, natureza e objetivo, encontraram-se as mentes semelhantes entre si, formando núcleos de progresso em que homens nobres assimilaram as correntes mentais dos Espíritos Superiores, para gerar trabalho edificante e educativo, ou originando processos vários de simbiose em que almas estacionárias se enquistaram mutuamente, desafiando debalde os imperativos da evolução e estabelecendo obsessões lamentáveis, a se elastecerem sempre novas, nas teias do crime ou na etiologia complexa das enfermidades mentais. A intuição foi, por esse motivo, o sistema inicial de intercâmbio, facilitando a comunhão das criaturas, mesmo a distância, para transfundi-las no trabalho sutil da telementação, nesse ou naquele domínio do sentimento e da idéia, por intermédio de remoinhos mensuráveis de força mental, assim como na atualidade o remoinho eletrônico infunde em aparelhos especiais a voz ou a figura de pessoas ausentes, em comunicação recíproca na radiotelefonia e na televisão.27
            Essas considerações, em torno da aura e da intuição, trazem uma explicação científica para a revelação histórica de que as [...] crenças na imortalidade da alma e nas comunicações entre os vivos [encarnados] e os mortos [desencarnados] eram gerais entre os povos da antigüidade.5 Tais crenças, portanto, tiveram origem no exercício natural e empírico da mediunidade (mediunismo primitivo)24 – no qual a intuição, como foi visto, constituiu o sistema inicial de intercâmbio.
            As primeiras manifestações mediúnicas apresentam-se sob a forma do animismo tribal, com a personalização das forças da natureza. É o que se denomina fetichismo. Os fetiches básicos do homem primitivo eram a Terra-Mãe e o Céu-Pai.25 O fenômeno mediúnico é, desse modo, conhecido [...] desde as primeiras idades do mundo [...].2 Desse fato originou-se a crença na pluralidade dos deuses, uma vez que [...] chamando deus a tudo o que era sobre-humano, os homens tinham por deuses os Espíritos.2
            Com o desenvolvimento mental do ser humano, fundem-se a experiência e a imaginação, dando nascimento à mitologia popular, com as suas divindades repletas de magia (os deuses do Olimpo grego, por exemplo). Em seguida, e ainda nessa fase primitiva das manifestações mediúnicas, aparece a primeira expressão religiosa antropomórfica da humanidade: o culto dos ancestrais (manes, deuses-lares, deuses locais).26 Na verdade, os povos antigos transformaram os Espíritos em [...] divindades especiais. As Musas [deusas mitológicas] não eram senão a personificação alegórica dos Espíritos protetores das ciências e das artes, como os deuses Lares e Penates simbolizavam os Espíritos protetores da família.1
            Rompendo a fase do mediunismo primitivo, seguem-se os períodos do mediunismo oracular e do mediunismo bíblico.25 Os oráculos predominam no início do processo civilizatório. Deles partem orientações diversas que abrangem as relações sociais, políticas e religiosas dos grandes povos da antigüidade. 26 No mediunismo bíblico, entretanto, o fenômeno mediúnico adquire nova dimensão, afastando-se do politeísmo até então reinante, para representar a manifestação do Deus Universal e Supremo.14
O fenômeno mediúnico continua a sua trajetória evolutiva e só atinge a culminância com a Doutrina Espírita, que define a mediunidade como condição natural do ser humano e a enfoca sob os aspectos racional e científico.25

 

REFERÊNCIAS
2. KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 91 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Questão 668, comentário, p. 363.
14. ______. Cap. 26, (A mediunidade gloriosa), p. 386.
24. PIRES, J. Herculano. O espírito e o tempo. 7. ed. Sobradinho, DF: EDICEL, 1995. 1a parte. p. 16-17.
25. ______. Cap. 11, p. 29.
26. ______. p. 30-31.
27. XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. Evolução em dois mundos. Pelo Espírito André Luiz. 22. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Primeira parte, cap. 17 (Mediunidade e corpo espiritual), item: Mediunidade inicial, p. 164-165.
32. ______. Mecanismos da mediunidade. Pelo Espírito André Luiz. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Mensagem introdutória de Emmanuel (Mediunidade), Cap. 10 (Fluxo mental), item: Campo da aura, p. 89-90.

 

ESDE
2008

 

 

 PSICOGRAFIA

 

            Querida mamãe!...

            Se fosse possível matar a saudade...mas aqui estou para lhe dizer o quanto a amo, e quanto a senhora foi importante para minha vida, desde aquele dia que me aceito como filho, quando ainda estava no plano espiritual, que me aceitou tão decididamente que até me emocionou, porque julguei a dádiva tão grande, que não me julguei merecedor, mas a verdade que desde aquele dia, ouve entre nós uma profunda sintonia, passaram-se os meses para que me formasse, e num lindo dia de sol renasci no plano físico, cercado de cuidados e atenções, por momento esqueci a história, mas conservei a gratidão em meu coração, de ver a minha protetora, sentia me profundamente seguro em seus braços fortes e voluntariosos, com o falar doce e decidido, acalentou meus dias e orientou-me desde os primeiros passos na vida, dando-me amparo para o corpo e com sua fé fortalecendo o meu espírito, de forma que cresci forte e amparado, sempre sob seu olhar vigilante, por onde eu andasse seguia-me os passos com suas orações que era como um bálsamo para minha alma. A vida se transcorria feliz, cada dia uma descoberta, cada dia uma alegria, eram as boas notas no colégio, era o aniversário do amigo, era o dia das mães, todo era um mundo de festa e permanente alegria, porque perto da senhora era difícil não ser feliz, veio a adolescência, a época de sonhos e esperanças, sempre suas judiciosas observações a me orientar para ser um homem de bem, vivia como a coisa mais preciosa que pudesse ter encontrado, mas um dia, o céu se escureceu em nossas vidas, pois que recebi aviso urgente que deveria retornar ao mundo espiritual, porque terminara meus dias, em cumprimento a determinação superior, e o acidente foi o meio de me retirar de circulação. Caminhava pela calçada quando um carro desgovernado atropelou-me, num golpe brusco e fatal.
            Quando a senhora soube do acontecido, senti a dor da sua dor, aquele momento foi como fino punhal a atravessar-me o coração, a senhora desconsolada e sem ter acesso a esperança, e eu consciente, sem que pudesse  fazer nada para consolar seu coração, conquanto valesse-me de amigos experientes do mundo espiritual, seu coração estava interditado aos meus apelos, porque a dor se afigurava por demais de intensa, tal era empatia entre nós. Assim passaram-se longos dias, no silêncio sem esperança, da espera inútil, de um lado a dor em seu coração, e no outro a aflição não poder confortá-la, mas Deus, como Pai, sempre abre um canal, para que se possa acessar recursos que permite suportar a dor. Foi quando amigos prestativos do mundo maior, autorizaram que a senhora viesse me ver aqui do outro lado, numa noite de sono tranqüilo, depois de dias tormentosos, então conhecendo o lugar que eu estava, que não me havia saído tão mal como era de supor, então seu coração se asserenou, porque compreendeu que das mãos carinhosas de nosso Pai não ia sair algo ruim, mas a lei foi cumprida, em benefícios de ambos, único jogo que os dois ganharam, um a experiência e outra a compreensão, de forma que hoje integrados perfeitamente entre estes dois planos, aproveitei o ensejo para dirigir algumas lembranças carinhosas a quem sou tão devedor e que espero de futuro retribuir de alguma coisa do muito que recebi.
            Do seu filho sempre reconhecido.

            Ernesto

 

 

COMO VIVER A VIDA


            Se ainda não sou aquele tronco de árvore frondosa, firmemente apoiado no solo para suportar o peso da responsabilidade, de socorrer a quem sofre, de perdoar sempre, de esquecer as ofensas, de pagar o mal com o bem, de fortalecer o fraco, de ter fé a ponto de transportar montanhas, ampara-me,  pelos menos,  para na condição do graveto exposto a tempestade  suportar com coragem a adversidade do caminho, ainda que tenha que me curvar até ao chão, mas conserva a esperança em meu coração para que não venha sucumbir às influências do mal.
            Não é possível que tenha esquecido as mais elementares obrigações de solidariedade para com o próximo, que não compreenda a dor de quem sofre ao seu lado, não será verdade o que estou ouvindo, será que o mundo está caminhando para trás, será que os valores mais sagrados que a Humanidade conquistou, vai ser esquecido, que ninguém ouve o lamento dos sofredores, que a viúva infeliz não pode receber o conforto mínimo,  para que sua vida seja menos penosa, será que o pequeno órfão não terá direito ao pão e ao abrigo familiar, será que existirão velhinhos esquecidos por seus filhos insensíveis,   a ponto de ignorar suas obrigações  a quem tudo devem, será que o homem não pode dedicar-se um minuto do seu dia para fazer o bem, será necessário, enfim que desencarne para compreender a enormidade dos erros que cometera, será mesmo que o homem nunca entenderá os ensinamentos de Jesus, que lhe traçou o roteiro definitivo, para que ele não venha a se iludir com os pretensos valores aqui do plano físico, será enfim que passará pela vida sem atender aos apelos da solidariedade para com o infeliz.  Se realmente desprezar todos os momentos de ser útil a alguém, em verdade lamento muito, porque não compreendeu o que representa realmente a mensagem de Jesus para o mundo e para si mesmo, dirigida a Humanidade a dois mil anos.

 

 

MÃE

 

            Quando Jesus ressurgiu do túmulo, a negação e a dúvida imperavam no círculo dos companheiros.
            Voltaria Ele? perguntavam, perplexos. Quase impossível.
            Seria Senhor da Vida Eterna quem se entregara na cruz, expirando entre malfeitores?
Maria Madalena, porém, a renovada, vai ao sepulcro de manhãzinha. E, maravilhosamente surpreendida, vê o Mestre, ajoelhando-se-lhe aos pés. Ouve-lhe a voz repassada de ternura, fixa-lhe o olhar sereno e magnânimo. Entretanto, para que a visão se lhe fizesse mais nítida, foi necessário organizar o quadro exterior. O jardim recendia perfumes para a sua sensibilidade feminina, a sepultura estava aberta, compelindo-a a raciocinar. Para que a gravação das imagens se tornasse bem clara, lavando-lhe todas as dúvidas da imaginação, Maria julgou a princípio que via o jardineiro. Antes da certeza, a perquirição da mente precedendo a consolidação da fé. Embriagada de júbilo, a convertida de Magdala transmite a boa nova aos discípulos confundidos. Os olhos sombrios de quase todos se enchem de novo brilho.
            Outras mulheres, como Joana de Cusa e Maria, mãe de Tiago, dirigem-se, ansiosas, para o mesmo local, conduzindo perfumes e preces gratulatórias.
            Não enxergam o Messias, mas entidades resplandecentes lhes falam do Mestre que partiu.
            Pedro e João acorrem, pressurosos, e ainda vêem a pedra removida, o sepulcro vazio e apalpam os lençóis abandonados.
            No colégio dos seguidores, travam-se polêmicas discretas. Seria? não seria? Contudo, Jesus, o Amigo Fiel, mostra-se aos aprendizes no caminho de Emaús, que lhe reconhecem a presença ao partir do pão e, depois, aparece aos onze cooperadores, num salão de Jerusalém.
            As portas permanecem fechadas e, no entanto, o Senhor demora-se, junto deles, plenamente materializado.
            Os discípulos estão deslumbrados, mas o olhar do Messias é melancólico. Diz-nos João Marcos que o Mestre lançou-lhes em rosto a incredulidade e a dureza de coração. Exorta-os a que o vejam, que o apalpem. Tomé chega a consultar-lhe as chagas para adquirir a certeza do que observa. O Celeste Mensageiro faz-se ouvir para todos. E, mais tarde, para que se convençam os companheiros de sua presença e da continuidade de seu amor, segue-os, em espírito, no labor da pesca. Simão Pedro regista-lhe carinhosas recomendações, ao lançar as redes, e encontra-o nas preces solitárias da noite.
            Em seguida, para que os velhos amigos se certifiquem da ressurreição, materializa-se num monte, aparecendo a quinhentas pessoas da Galiléia.
            No Pentecostes, a fim de que os homens lhe recebam o Evangelho do Reino, organiza fenômenos luminosos e linguísticos, valendo-se da colaboração dos companheiros, ante judeus e romanos, partos e medas, gregos e elamitas, cretenses e árabes. Maravilha-se o povo. Habitantes da Panfília e da Líbia, do Egito e da Capadócia ouvem a Boa Nova no idioma que lhes é familiar.
            Decorrido algum tempo, Jesus resolve modificar o ambiente farisaico e busca Saulo de Tarso para o seu ministério; entretanto, para isso, é compelido a materializar-se no caminho de Damasco, a plena luz do dia. O perseguidor implacável, para convencer-se, precisa experimentar a cegueira temporária, após a claridade sublime; e para que Ananias, o servo leal, dissipe o temor e vá socorrer o ex-verdugo, é imprescindível que Jesus o visite, em pessoa, lembrando-lhe o obséquio fraternal.
            Todos os companheiros, aprendizes, seguidores e  beneficiários solicitaram a cooperação dos sentidos físicos para sentir a presença do Divino Ressuscitado.
            Utilizaram-se dos olhos mortais, manejaram o tato, aguçaram os ouvidos...
            Houve, contudo, alguém que dispensou todos os toques e associações mentais, vozes e visões. Foi Maria, sua Divina Mãe. O Filho Bem-amado vivia eternamente, no infinito mundo de seu coração. Seu olhar contemplava-o, através de todas as estrelas do Céu e encontrava-lhe o hálito perfumado em todas as flores da Terra. A voz dele vibrava em sua alma e para compreender-lhe a sobrevivência bastava penetrar o iluminado santuário de si mesma. Seu Filho seu amor e sua vida – poderia, acaso, morrer? E embora a saudade angustiosa, consagrou-se à fé no reencontro espiritual, no plano divino, sem lágrimas, sem sombras e sem morte!...
            Homens e mulheres do mundo, que haveis de afrontar, um dia, a esfinge do sepulcro, é possível que estejais esquecidos plenamente, no dia imediato ao de vossa partida, a caminho do Mais Além. Familiares e amigos, chamados ao imediatismo da luta humana, passarão a desconhecer-vos, talvez, por completo. Mas, se tiverdes um coração de mãe pulsando na Terra, regozijar-vos-eis, além da escura fronteira de cinzas, porque aí vivereis amados e felizes para sempre!

 

Fonte: XAVIER, Francisco C. Luz no lar. 10. ed. Rio de Janeiro:
FEB, 2006. Cap. 7, p. 28-31.
Pelo Espírito Irmão X

 

 

CORAÇÃO MATERNAL

 

            Mãe, que te recolhes no lar atendendo à Divina Vontade, não fujas à renúncia que o mundo te reclama ao coração.
            Recebeste no templo familiar o sublime mandato da vida.
            Muitas vezes, ergues-te cada manhã, com o suor do trabalho, e confias-te à noite, lendo a página branca das lágrimas que te manam da alma ferida.
            Quase sempre, a tua voz passa desprezada, como vazio rumor, no alarido das discussões domésticas, e as tuas mãos diligentes servem, com sacrifício, sem que ninguém lhes assinale o cansaço...
            Lá fora, os homens guerreiam entre si, disputando a posse efêmera do ouro ou da fama, da evidência ou da autoridade... Além, a mocidade, em muitas ocasiões, grita festivamente, buscando o mentiroso prazer do momento rápido...
Enquanto isso, meditas e esperas, na solidão da prece com que te elevas ao Alto, rogando a felicidade daqueles de quem te fizeste o gênio guardião.
            Quando o santo sobe às eminências do altar, ninguém te vê nas amarguras da base, e quando o herói passa, na rua, coroado de louros, ninguém se lembra de ti, na retaguarda de aflição.
            Deste tudo e tudo ofereceste; entretanto, raros se recordam de que teus olhos jazem nevoados de pranto e de que padeces angustiosa fome de compreensão e carinho.
            No entanto, continuas amando e ajudando, perdoando e servindo...
Se a ingratidão te relega à sombra na Terra, o Criador de tua milagrosa abnegação vela por ti, dos Céus, através do olhar cintilante de milhões de estrelas.
            Lembra-te de que Deus, a fonte de todo o amor e de toda a sabedoria, é também o Grande Anônimo e o Grande             Esquecido entre as criaturas.
            Tudo passa no mundo...
            Ajuda e espera sempre.
            Dia virá em que o Senhor, convertendo os braços da cruz de teus padecimentos em grandes asas de luz, transformará tua alma em astro divino a iluminar para sempre a rota daqueles que te  propuseste socorrer.

 

            Fonte: XAVIER, Francisco C. Luz no lar. 10. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 47, p. 120-121. Pelo Espírito

 

Meimei
Reformador
Março 2007

 

 

ESPIRITISMO E RENOVAÇÃO DO COMPORTAMENTO

 

            Uma página apenas de O Evangelho segundo o Espiritismo, sem desconsiderar todo o conjunto de informações presentes em toda a obra da Codificação Espírita e no próprio Evangelho de Jesus, é capaz de nortear nossas ações no sentido de atender à proposta de renovação do comportamento, objetivo principal da presença do Espiritismo no planeta.
            Basta que alarguemos a visão em torno do que citou o Espírito Lázaro na mensagem selecionada por Kardec e colocada no item 7, do capítulo 17, da obra citada no parágrafo anterior. A mensagem tem o título de O Dever e constitui precioso documento norteador de nossas ações no cotidiano. Mas nos fixaremos em trecho parcial do primeiro parágrafo para atender ao objetivo da presente abordagem.
            Diz o Espírito autor: “O dever é obrigação moral, diante de si mesmo primeiro, e dos outros em seguida. (...)”. Referido trecho é suficiente para nossas reflexões.
            Observemos que a expressão obrigação moral, diante de si mesmo já abre, por si só, um universo de responsabilidades: o dever da higiene, dos cuidados com a saúde e a alimentação, com o repouso, com o trabalho, com a honestidade, com o crescimento intelecto-moral, no desenvolvimento do conhecimento e das virtudes, e mesmo a resistência e superação dos estados de abatimento ou desânimo, de indiferença ou omissão nas variadas questões humanas e suas esperadas e necessárias decisões do cotidiano.
            Note o leitor que a simples observação do compromisso moral perante si mesmo já abre a cada um de nós uma renovação no comportamento, com a necessidade da vigilância e da auto-observação. Mas não é só. O Espírito amplia sua afirmação com a obrigação moral para com as outras pessoas, logo em seguida. Isso aumenta o universo das cogitações. Afinal, pensar na obrigação moral perante terceiros já traz a indicação imediata, por exemplo, da honestidade, da solidariedade, do perdão, da caridade em toda sua extensão – não apenas como doação de coisas – e das ações de crescimento intelecto-moral em favor das pessoas que convivem conosco ou à nossa volta e em nossos relacionamentos. E o espírito ressalta, claro, que o dever é lei da vida, como se pode constatar a todo instante.
            O texto de Lázaro é muito precioso porque igualmente ele destaca que o dever é muito difícil de ser cumprido, porque normalmente é sufocado – quando das indicações da consciência – pelas paixões e pelos interesses, pois que entregue ao livre-arbítrio de cada um. E, convenhamos que nossos interesses ainda se caracterizam pelo egoísmo e pelas paixões que desequilibram a harmonia social. Mas o melhor mesmo está na conclusão do pensamento de Lázaro que comenta sobre o crescimento da noção consciencial, por força da evolução, que amplia igualmente a exata noção do dever, com a afirmação de que a obrigação moral não cessa jamais.
            Esta conclusão extraordinária leva à extrema necessidade da renovação do comportamento que, igualmente, não deixa de ser um dever perante a vida. Pelo menos em gratidão a Deus, esforcemo-nos, pois, em renovar o comportamento. As lições sábias da revelação espírita, que se desdobram de forma inesgotável, trazem esse convite permanente. Se aceito e colocado em prática, estaremos nos libertando das mazelas morais, impeditivas da felicidade produtiva que nos aguarda a todos, na ascensão a estágios mais avançados de progresso. Renovar o comportamento é compreender os objetivos do Espiritismo.

            Orson Peter Carrara é escritor e palestrante espírita.
           Nota do autor: as transcrições utilizadas na presente abordagem foram extraídas da 365ª. edição do IDE-Araras-SP, de junho de 2009, com tradução de Salvador Gentile, páginas 172 e 173.

 

Revista Cultura Espírita
2012

 

 

HONRAI A VOSSO PAI E A VOSSA MÃE


Editorial Redação
oclarim@oclarim.com.br
01/05/2017

 

            Com este título, Allan Kardec aborda a questão sobre paternidade e maternidade no Capítulo XIV de O Evangelho Segundo o Espiritismo. Por que honrar pai e mãe? O que devemos depreender deste mandamento?
“O mandamento: ‘Honrai a vosso pai e a vossa mãe’ é um corolário da lei geral de caridade e de amor ao próximo, visto que não pode amar o seu próximo aquele que não ama a seu pai e a sua mãe; mas o termo honrai encerra um dever a mais para com eles: o da piedade filial. Quis Deus mostrar por essa forma que ao amor se devem juntar o respeito, as atenções, a submissão e a condescendência, o que envolve a obrigação de cumprir-se para com eles, de modo ainda mais rigoroso, tudo o que a caridade ordena relativamente ao próximo em geral. Esse dever se estende naturalmente às pessoas que fazem as vezes de pai e de mãe, as quais tanto maior mérito têm, quanto menos obrigatório é para elas o devotamento. Deus pune sempre com rigor toda violação desse mandamento.
            “Honrar a seu pai e a sua mãe não consiste apenas em respeitá-los; é também assisti-los na necessidade; é proporcionar-lhes repouso na velhice; é cercá-los de cuidados como eles fizeram conosco na infância.”
É, portanto, um exercício de gratidão; não somente aos responsáveis por gerar para nós um corpo físico que nos possibilite reencarnar e prosseguir na marcha evolutiva, mas principalmente àqueles que nos direcionaram, nos encaminharam para os caminhos seguros e sempre se dedicaram, quase que em regime de exclusividade, para nos fornecer bem-estar, segurança e bons cuidados.
            Há, no entanto, relações entre pais e filhos abaladas por razões diversas. Surgem cobranças e atribuem-se responsabilidades de que as tarefas paternal e maternal não foram cumpridas com excelência, criando-se rusgas e marcas que ecoam por toda uma existência. Continua Kardec:
            “Alguns pais, é certo, descuram de seus deveres e não são para os filhos o que deviam ser; mas a Deus é que compete puni-los e não a seus filhos. Não compete a estes censurá-los, porque talvez hajam merecido que aqueles fossem quais se mostram. Se a lei da caridade manda se pague o mal com o bem, se seja indulgente para as imperfeições de outrem, se não diga mal do próximo, se lhe esqueçam e perdoem os agravos, se ame até os inimigos, quão maiores não hão de ser essas obrigações, tratando-se de filhos para com os pais! Devem, pois, os filhos tomar como regra de conduta para com seus pais todos os preceitos de Jesus concernentes ao próximo e ter presente que todo procedimento censurável, com relação aos estranhos, ainda mais censurável se torna relativamente aos pais; e que o que talvez não passe de simples falta, no primeiro caso, pode ser considerado um crime, no segundo, porque, aqui, à falta de caridade se junta a ingratidão.”
            Devemos ter sempre em mente que uma família terrena nem sempre é composta por espíritos que criaram um passado fraterno. Em um mundo de expiações e provas, é natural que na família se reencontrem espíritos com débitos pretéritos que precisam ser quitados. Ressalte-se, porém, que o simples fato de os pais terem aceitado – biologicamente ou não – receber seus filhos em uma nova encarnação já mostra uma predisposição, ou melhor, um planejamento no mundo espiritual, para que o conflito seja extinto, ou ainda parcialmente resolvido. Neste ponto já encontramos um enorme mérito dos pais que não pode ser de maneira alguma descartado.
            Procuremos, pois, honrar verdadeiramente nosso pai e nossa mãe. Quando um deles não está presente, honremos nossa mãe que se desdobra também para ser pai; ou nosso pai que consegue transformar-se em uma mãe. Nossos dois pais, nossas duas mães, nossos avós, tios, irmãos mais velhos. A ligação biológica é a que menos importa...
Neste mês em que as mães são lembradas e justamente exaltadas, lembremos desta mensagem e não permitamos que as relações sejam lindas apenas na teoria, na troca de mensagens e presentes. Exercitemos verdadeira gratidão a todas as mães e todos os pais de nossas vidas, honrando-os diariamente!

 

Revista O Clarim
2017

 

 

QUEM ERA ESSE HOMEM?

 

Divaldo Franco
Professor, médium e conferencista


            Nestes dias borrascosos, quando as dificuldades para uma existência digna se apresentam, ante o tumulto, o desespero e a violência desregrada, a ausência de autoridade moral em inúmeros setores da sociedade, desconfiança e sofrimentos, é inevitável que se recorde de um Homem que, em período já remoto, mas em circunstâncias equivalentes, soube e pôde viver dentro da nobre diretriz do amor…
            Num lar modesto, em uma aldeia sem grandes possibilidades de cultura e de enriquecimento moral, Ele manteve desde a infância uma conduta irreprochável, enfrentando a ignorância e os costumes atrasados, sem educação nem fraternidade, no qual predominava o poder pela força, pelas armas, pela astúcia e o crime…
            Viveu modestamente como auxiliar de carpinteiro, profissão que aprendera com o pai e, repentinamente, aos vinte e oito ou trinta anos, iniciou o mais extraordinário ministério de amor e dignidade que a História registrou.
            Utilizando-se dos recursos da época, atraiu apenas doze companheiros para a mais notável construção do pensamento filosófico, utilizando-se da ética do amor e do respeito ao próximo.
            Ao povo simples e sofredor, esquecido pelas autoridades governamentais e necessitado de pão e de trabalho para manter-se, apresentou um projeto de felicidade que tem resistido a todas as alterações do tempo e da cultura, preservando os conteúdos originais e desafiadores que ainda hoje constituem normativas de equilíbrio para milhões de vidas humanas.
            Vivendo entre miseráveis, não se fez mais um deles, e atraindo os ricos mais sensíveis e representantes do poder religioso temporal, não se permitiu assemelhar-lhes, permanecendo acima de todos aqueles com os quais dialogava. Portador de uma paciência rica de misericórdia e ternura, não facultou que ninguém se Lhe afastasse, deixando de levar algo da sua grandeza em forma de esperança e de paz.
            Utilizando-se de historietas a respeito do quotidiano, imprimiu na humanidade regras de comportamento e de sabedoria jamais ultrapassadas.
            Discursando com palavras comuns e sem retoques, fez literatura ímpar, qual aconteceu no sermão em um monte, que se tornou página de incomparável beleza poética, sociopsicológica, política e humanística, que atravessou os séculos produzindo harmonia nas mentes e nos corações.
            Perseguido, em razão da Sua honestidade, caluniado e cercado por inimigos poderosos, não reagiu, nem os amaldiçoou em momento algum. Pelo contrário, no momento máximo da jornada, quando crucificado, perdoou aos seus perseguidores, justificando-lhes o desconhecimento da verdade…
            …E voltou de além da morte para auxiliar todos naqueles e nos tempos do futuro… Esse homem é Jesus, a Quem suplicamos que volte outra vez.
 
Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 22-03-2018.

 

Livro "Caminho, Verdade e Vida"
Pelo Espírito Emmanuel
Francisco Cândido Xavier

 

 

EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
Rua Colorado nº 488, Bairro Jardim Canadá, CEP 79112-480, Campo Grande-MS.