"Luzes do Amanhecer"

Fundado em 16/07/1996 publicado 02/02/2006
JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA - ANO XIII - N. 151 * Campo Grande/MS * Agosto de 2018.
EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
Rua Colorado n o 488, Bairro Jardim Canadá, CEP 79112-480, Campo Grande-MS.

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         Considere o momento que passa como o mais importante de sua vida, porque estará tomando contato com aqueles que têm os compromissos mais sérios, a quem Jesus abençoou como sendo a querida família.

 

O MATERIALISMO E O DIREITO

 

         O glorioso codificador da salutar doutrina dos Espíritos, na publicação da Revista Espírita de 1868 reproduz um artigo em protesto contra o materialismo, publicado no jornal Detroit, afirmando tratar-se de uma defesa de notável profundeza e perfeita lógica do espiritualismo, mesmo sem ter falado no Espiritismo.
         Fizemos um singelo resumo do texto, sem abranger sua totalidade, por ser um pouco extenso, e por isso sugerimos aos irmãos espíritas que procurem ler o artigo em sua integridade, pois é um texto que enaltece a razão.
         Pergunta o autor do belíssimo texto por que os materialistas acham que só se pode ser sábio com a condição de não se crer em Deus.Nessa doutrina o homem é reconduzido à dignidade do animal e este é reduzido a um agregado material.
         O materialismo arruína a lei moral e o direito juntamente com a ordem civil e as condições da existência. A primeira razão que sustenta o materialismo está na imperfeição da inteligência humana. A segunda está nas más inclinações do coração humano.
         O materialismo, hoje, apoia-se num caráter novo, o científico, que julga que nada existiria se não fosse objeto de sua doutrina, e como o Espírito não é objeto dela, ele não existe.
         É claro que não é a ciência verdadeira que procede desta maneira e sim a ciência incompleta e presunçosa; será que essa tendência materialista de tantos sábios viria do fato de sua constante ocupação em estudar e manipular a matéria? Talvez tenha um pouco disso, mas deve-se principalmente ao seu hábito da prática exclusiva do método experimental que apenas recolhe fatos, deduzindo suas leis e banindo todas as pesquisas das causas.
         Desconhecem assim a existência dos fatos morais, aos quais não convém o uso do seu instrumento lógico e por insensibilidade passam da ignorância metódica à negação.
         Este método experimental pode estar em erro ao desconsiderar que o homem é um ser duplo, espírito e matéria,que é animada exatamente pelo ser que é desprezado, por ser considerado inexistente.
         O materialismo fisiológico, que prepara o filosófico, é ferido passo a passo pela sua impotência, pois queiram ou não, a vida é um movimento da alma, que move e transporta, por ação ainda desconhecida e inconsciente, os elementos dos corpos vivos.
         Questiona ainda o autor com que direito a ciência natural ignora o que não é objeto dela? Com que autoridade o anatomista declara que a alma não existe porque não a encontrou sob seu bisturi?
         Mas uma coisa é certa: Se o homem existe só pelo seu organismo, essa massa material e automática em que se torna o homem, que usa o seu encéfalo para secretar ideias, será irresponsável por tudo que produzir. Não será preciso que outra massa secrete ideias de justiça ou injustiça, coisas que são aplicáveis a uma força livre, que existe por si mesma, capaz de querer ou não.
         Perde-se aí a liberdade e a vontade de agir; tudo será legítimo, permitido, com pleno poder de expansão. O materialismo é destrutível, não de certa moral, mas de toda moral; não de tal estado civil, mas de todo estado civil, de toda sociedade.
         Podem os cientistas materialistas continuar a afirmar sua filosofia, mas que tenham a hombridade, a honradez e a fineza de declarar que tal filosofia é apenas sua ideia pessoal.

Crispim.

Referência bibliográfica: Revista Espírita 1868. Allan Kardec.
           

 

COISA E TAL

 

            Um dia em minha vida, disse à princesa: vou rapidinho e já volto, vou fazer uma surpresa.
            Saí de casa de fininho para ir ao “Parisguai” comprar o som para o meu possante 98, para a princesa ouvir a sua melodia preferida.
            Mas no caminho fui atropelado por um avião, mas de carne e osso, que torceu o meu pescoço, e fez me ver o Sol mais colorido, senti-me perdido de amor.
            A verdade é que me apaixonei, de repente, sem pensar nas consequências, em poucos dias vivi no paraíso e depois no inferno, pois que ela foi direta, e disse-me: você não foi o primeiro nem será o último, estou noutra jogada, cara.
            O mundo tão belo caiu de repente, a rasteira foi certeira e com ele desabei com a cara no chão, amor próprio ferido, sangue latino ferveu, não adiantou nada, tomei todas, mas ainda caí de joelho na calçada, olhei-me no espelho da vidraça e pensei: Como fui cair nessa cilada? Foi horrível. Como foi acontecer isso comigo? Mas olhando bem dentro dos meus olhos, disse a mim mesmo: cara! Seja homem, tome vergonha na cara.
            Continuei de joelho e fui atrás da minha princesa, honesto, pedi perdão, a boba me disse: perdoo-te, mas não acostuma não, me apaixonei muito mais que antes, e com ela vou continuar o sonho, olhar as estrelas nas noites estreladas, quando não tiver estrelas, eu vou contar histórias de um grande amor. E coisas e tal. Arrumar uma combi de filhos e coisa e tal e ser feliz de verdade. E continuar olhando as estrela e coisa e tal.


Histórias Educativas
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes

 

 

POTE DE POMADA

           
            O companheiro Enézio do Centro Espírita “Maria de Nazaré”, da cidade mineira de Uberaba, veterano trabalhador da seara espírita, muito dedicado a grande causa. Mas especialmente atua na área de remédios fitoterápicos, entre outras atividades, é participante ativo na confecção da pomada “Vovô Pedro” e que também a distribui, trabalho esse que teve origem na cidade de Belo Horizonte.
            Certa feita ele foi procurado por um médico da cidade, já seu conhecido, com um sério problema, pois que sua esposa, já algum tempo havia sido acometida de uma dor de cabeça que não havia remédio que a aliviasse.
            Contou mais ou menos a época em que ela havia começado ter essa dor de cabeça insuportável. Ele já havia recorrido a tratamentos até com outros especialistas mais conhecidos na cidade e usados os remédios  variados, desde os simples até os mais avançados para esse tipo de enfermidade, sem, contudo, encontrar uma solução, isso já o preocupava há algum tempo.
            O companheiro conquanto muito experiente, não conseguiu atinar o que sugerir ao amigo, mas conversa vai e conversa vem, como não tinha outro recurso ofereceu um tubo da pomada “Vovô Pedro”, mas o médico conhecendo a esposa duvidou que ela usasse.
            Despediram-se o médico seguiu o seu caminho e Enézio cuidar dos seus afazeres que são muitos.
            Chegou a seu lar o médico  colocou sobre o criado mudo o tubo de pomada e lá ficou.
            Dois meses depois num encontro eventual se depara com o médico entre outras conversas, em dado instante, perguntou pela saúde da esposa.
            O médico explicou que desde aquele dia em que levou a pomada a mulher sarou de repente daquele mal que a afligia, agora ela está ótima, completou.  Mas com um detalhe para lá de estranho. Ela sequer havia usado a pomada. Despediam-se, mas o Enézio ficou realmente muito preocupado, aliás, perplexo mesmo com aquela situação, mas afinal o que houve? E não sossegava até que se lembrou de perguntar ao Chico o que significava aquilo.
            Na primeira oportunidade que teve de visitar o Chico, contou em detalhe ao Chico o acontecido, a resposta foi também para lá de inusitada, dada por tão ilustre figura do movimento espírita de nosso País.
             Com sua natural simplicidade respondeu:
            - Olha Enézio, aquela dor de cabeça era provocada pelo pai da esposa do seu amigo, que há tempo desencarnou de derrame cerebral. Porém ele ficou vinculado ao lar da filha por laços afetivos e como ela é sensitiva, ele conseguia transmitir o seu estado emotivo a filha, gerando essa dor de cabeça.
            Mas a pomada “Vovô Pedro” além de contar com um componente material do campo fitoterápico, também é um recurso do mundo espiritual para levar o consolo e paz da misericórdia divina. Logo  ao entrar a pomada naquela casa, abriu um campo de vibracional positivo e permitiu que os benfeitores da vida maior, através de uma indução magnética realizassem o trabalho e retirasse o espírito do genitor desencarnado daquele local, desparecendo a causa desapareceu o efeito. A dor de cabeça desapareceu.
            Conclusão: Às vezes é difícil imaginar a força do bem, da Misericórdia Divina que se vale de todos os meios para proporcionar aos filhos amados os recursos mais variados, embora continuemos cegos as grandes realidades do mundo espiritual.

 

Lições De Simplicidade
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes

 

 

O EFEITO DA CÓLERA

 

            Um velho judeu, de alma torturada por pesados remorsos, chegou, certo dia, aos pés de Jesus, e confessou-lhe estranhos pecados.
            Valendo-se da autoridade que detinha no passado, havia despojado vários amigos de suas terras e bens, arremessando-os à ruína total e reduzindo-lhes as famílias a doloroso cativeiro. Com maldade premeditada, semeara em muitos corações o desespero, a aflição e a morte.
            Achava-se, desse modo, enfermo, aflito e perturbado... Médicos não lhe solucionavam os problemas, cujas raízes se perdiam nos profundos labirintos da consciência dilacerada.
            O Mestre Divino, porém, ali mesmo, na casa de Simão Pedro, onde se encontrava, orou pelo doente e, em seguida, lhe disse:
            - Vai em paz e não peques mais.
            O ancião notou que uma onda de vida nova lhe penetrara o corpo, sentiu-se curado, e saiu, rendendo graças a Deus.
            Parecia plenamente feliz, quando, ao atravessar a extensa fila dos sofredores que esperavam pelo Cristo, um pobre mendigo, sem querer, pisoulhe num dos calos que trazia nos pés.
            O enfermo restaurado soltou um grito terrível e atacou o mendigo a bengaladas.
            Estabeleceu-se grande tumulto.
            Jesus veio à rua apaziguar os ânimos.
            Contemplando a vítima em sangue, abeirou-se do ofensor e falou:
            - Depois de receberes o perdão, em nome de Deus, para tantas faltas, não pudeste desculpar a ligeira precipitação de um companheiro mais desventurado que tu?
            O velho judeu, agora muito pálido, pôs as mãos sobre o peito e bradou para o Cristo:
            - Mestre, socorre-me!... Sinto-me desfalecer de novo... Que será isto?
            Mas, Jesus apenas respondeu, muito triste:
            - Isso, meu irmão, é o ódio e a cólera que outra vez chamaste ao próprio coração.
            E, ainda hoje, isso acontece a muitos que, por falta de paciência e de amor, adquirem amargura, perturbação e enfermidade.

 

Livro Pai Nosso
Francisco Candido Xavier
Pelo Espírito de Meimei

 

 

1. NATUREZA DAS COMUNICAÇÕES MEDIÚNICAS

 

            As comunicações que recebemos dos Espíritos podem ser boas ou más, justas ou falsas, profundas ou frívolas, consoante a natureza dos que se manifestam.
Os que dão provas de sabedoria e erudição são Espíritos adiantados no caminho do progresso; os que se mostram ignorantes e maus são os ainda atrasados, mas que com o tempo hão de progredir. Os Espíritos só podem responder sobre aquilo que sabem, segundo o seu estado de adiantamento, e ainda dentro dos limites do que lhes é permitido dizer-nos, porque há coisas que eles não devem revelar, por não ser ainda dado ao homem tudo conhecer.10
            Dessa forma, as manifestações mediúnicas dos desencarnados [...] hão de refletir a elevação, ou a baixeza de suas idéias, o saber e a ignorância deles, seus vícios e suas virtudes [...].1 Da diversidade de qualidades e aptidões dos Espíritos, resulta que não basta dirigirmo-nos a um Espírito qualquer para obtermos uma reposta segura a qualquer questão; porque, acerca de muitas coisas, ele não nos pode dar mais que sua opinião pessoal, a qual pode ser justa ou errônea. Se ele é prudente, não deixará de confessar a sua ignorância sobre o que não conhece; se é frívolo ou mentiroso, responderá de qualquer forma, sem se importar com a verdade; se é orgulhoso, apresentará suas idéias como verdades absolutas.11
            Sendo assim, é sempre oportuno lembrar o conselho do apóstolo João:
            “Não creais em todos os Espíritos, mas examinai se eles são de Deus”. (Primeira Epístola de João: 4:1) A experiência demonstra a sabedoria desse conselho. Há imprudência e leviandade em aceitar sem exame tudo o que vem dos Espíritos. É de necessidade que bem conheçamos o caráter daqueles que estão em relação conosco.11 Reconhece-se a qualidade dos Espíritos por sua linguagem; a dos Espíritos verdadeiramente bons e superiores é sempre digna, nobre, lógica e isenta de contradições; nela se respira a sabedoria, a benevolência, a modéstia e a mais pura moral; ela é concisa e despida de redundâncias. Na dos Espíritos inferiores, ignorantes ou orgulhosos, o vácuo das idéias é quase sempre preenchido pela abundância de palavras. Todo pensamento evidentemente falso, toda a máxima contrária à sã moral, todo conselho ridículo, toda expressão grosseira, trivial ou simplesmente frívola, enfim, toda manifestação de malevolência, de presunção ou arrogância, são sinais incontestáveis da inferioridade dos Espíritos.12  Em quatro categorias principais se podem grupar os matizes que [as comunicações
dos Espíritos] apresentam. Segundo seus caracteres mais acentuados, elas se dividem em: grosseiras, frívolas, sérias e instrutivas.1

2. COMUNICAÇÕES MEDIÚNICAS GROSSEIRAS


            São [...] as concebidas em termos que chocam o decoro. Só podem provir de Espíritos de baixa estofa, ainda cobertos de todas as impurezas da matéria, e em nada diferem das que provenham de homens viciosos e grosseiros. Repugnam a quem quer que não seja inteiramente baldo de toda a delicadeza de sentimentos, pela razão de que, acordemente com o caráter dos Espíritos, elas serão triviais, ignóbeis, obscenas, insolentes, arrogantes, malévolas e mesmo ímpias.2 Os Espíritos inferiores são, mais ou menos, ignorantes; seu horizonte moral é limitado,
perspicácia restrita; eles não têm das coisas senão uma idéia muitas vezes falsa e incompleta, e, além disso, conservam-se ainda sob o império dos prejuízos terrestres, que eles tomam, às vezes, por verdades; por isso, são incapazes de resolver certas questões. E podem induzir-nos em erro, voluntária ou involuntariamente, sobre aquilo que nem eles mesmos compreendem.13
            Pode estabelecer-se como regra invariável e sem exceção que [...] a linguagem dos Espíritos está sempre em relação com o grau de elevação a que já tenham chegado.7 Assim, a linguagem [...] dos Espíritos inferiores ou vulgares sempre algo refletem das paixões humanas. Toda expressão que denote baixeza, pretensão, arrogância, fanfarronice, acrimônia, é indício característico de inferioridade e de embuste, se o Espírito se apresenta com um nome respeitável e venerado.8

3. COMUNICAÇÕES MEDIÚNICAS FRÍVOLAS


            As comunicações frívolas emanam de Espíritos levianos, zombeteiros, ou brincalhões, antes maliciosos do que maus, e que nenhuma importância ligam ao que dizem. Como nada de indecoroso encerram, essas comunicações agradam a certas pessoas, que com elas se divertem, porque encontram prazer nas confabulações fúteis, em que muito se fala para nada dizer. Tais Espíritos saemse às vezes com tiradas espirituosas e mordazes e, por entre facécias vulgares, dizem não raro duras verdades, que quase sempre ferem com justeza. Em torno de nós pululam os Espíritos levianos, que de todas as ocasiões aproveitam para se intrometerem nas comunicações. A verdade é o que menos os preocupa; daí o maligno encanto que acham em mistificar os que têm a fraqueza e mesmo a presunção de neles crer sob palavra. As pessoas que se comprazem nesse gênero de comunicações naturalmente dão acesso aos Espíritos levianos e falaciosos.Delas se afastam os Espíritos sérios, do mesmo modo que na sociedade humana os homens sérios evitam a companhia dos doidivanas. 3 A frivolidade das reuniões [mediúnicas] dá como resultado atrair os Espíritos levianos que só procuram ocasião de enganar e mistificar.15
            Em vão se alega a utilidade de certas experiências curiosas, frívolas e divertidas, para convencer os incrédulos; é a um resultado contrário que se chega. O incrédulo, já propenso a escarnecer das mais sagradas crenças, não pode ver uma coisa séria naquilo de que se zomba, nem pode respeitar o que não lhe é apresentado de modo respeitável; por isso, retira-se sempre com má impressão das reuniões fúteis e levianas, onde não encontra ordem, gravidade e recolhimento. O que, sobretudo, pode convencê-lo, é a prova da presença de seres cuja memória lhe é cara [...]. Mas, pelo fato mesmo de ele ter respeito, veneração e amor à pessoa cuja alma se lhe apresenta, fica chocado e escandalizado ao vê-la mostrar-se em uma assembléia irreverente [...]. As reuniões dessa natureza fazem sempre mais mal que bem, porque afasta da Doutrina maior número de pessoas do que atraem; além de que, prestam-se à crítica dos detratores, que assim acham fundados motivos para zombarias.16

 

4. COMUNICAÇÕES MEDIÚNICAS SÉRIAS


            As comunicações sérias são ponderosas quanto ao assunto e elevadas quanto à forma. Toda comunicação que, isenta de frivolidade e de grosseria, objetiva um fim útil, ainda que de caráter particular, é, por esse simples fato, uma comunicação séria. Nem todos os Espíritos sérios são igualmente esclarecidos; há muita coisa que eles ignoram e sobre que podem enganar-se de boa-fé. Por isso é que os Espíritos verdadeiramente superiores nos recomendam de contínuo que submetamos todas as comunicações ao crivo da razão e da mais rigorosa lógica. No tocante a comunicações sérias, cumpre se distingam as verdadeiras das falsas, o que nem sempre é fácil, porquanto, exatamente à sombra da elevação da linguagem, é que certos Espíritos presunçosos, ou pseudo-sábios, procuram conseguir a prevalência das mais falsas idéias e dos mais absurdos sistemas. E, para melhor acreditados se fazerem e maior importância ostentarem, não escrupulizam de se adornarem com os mais respeitáveis nomes e até com os mais venerados.
            Esse um dos maiores escolhos da ciência, [espírita] prática [...]. 4 Os Espíritos superiores não vão às reuniões fúteis, como um sábio da Terra não vai a uma assembléia de rapazes levianos. O simples bom-senso nos diz que isso não pode ser de outro modo; se acaso, porém, eles aí se mostram algumas vezes, é somente com o fim de dar um conselho salutar, combater vícios, reconduzir ao bom caminho os que dele se iam afastando; então, se não forem atendidos, retiram-se. Forma juízo completamente errôneo aquele que crê que Espíritos sérios se prestem a responder a futilidades, a questões ociosas em que se lhes manifestem pouca afeição, falta de respeito e nenhum desejo de se instruir; e ainda menos que eles venham dar-se em espetáculo para desfastio dos curiosos. Vivos [encarnados], eles não o fariam; mortos [desencarnados], também o não fazem.14

 

5. COMUNICAÇÕES MEDIÚNICAS INSTRUTIVAS


            Instrutivas são as comunicações sérias cujo principal objeto consiste num ensinamento qualquer, dado pelos Espíritos, sobre as ciências, a moral, a filosofia, etc. São mais ou menos profundas, conforme o grau de elevação e de desmaterialização do Espírito. Para se retirarem frutos reais dessas comunicações, preciso é que elas sejam regulares e continuadas com perseverança. Os Espíritos sérios se ligam aos que desejam instruir-se e lhes secundam os esforços, deixando aos Espíritos levianos a tarefa de divertirem os que em tais manifestações só vêem passageira distração. Unicamente pela regularidade e freqüência daquelas comunicações se pode apreciar o valor moral e intelectual dos Espíritos que as dão e a confiança que eles merecem. Se, para julgar os homens, se necessita de experiência, muito mais ainda é esta necessária, para se julgarem os Espíritos.5 O conceito espírita de reunião mediúnica está, necessariamente, associado ao de reunião instrutiva, conforme os seguintes esclarecimentos de Allan Kardec:
            A primeira de todas é que sejam sérias, na integral acepção da palavra. Importa se persuadam todos que os Espíritos cujas manifestações se desejam são de natureza especialíssima; que, não podendo o sublime aliar-se ao trivial, nem o bem ao mal, quem quiser obter boas coisas precisa dirigir-se a bons Espíritos. Não basta, porém, que se evoquem bons Espíritos; é preciso, como condição expressa, que os assistentes estejam em condições propícias, para que eles assintam em vir. Ora, a assembléias de homens levianos e superficiais, Espíritos superiores não virão, como não viriam quando vivos [encarnados]. Uma reunião só é verdadeiramente séria, quando cogita de coisas úteis, com exclusão de todas as demais.9 Qualificando de instrutivas as comunicações, supomo-las verdadeiras, pois o que não for verdadeiro não pode ser instrutivo, ainda que dito na mais imponente linguagem. Nessa categoria, não podemos, conseguintemente, incluir certos ensinos que de sério apenas têm a forma, muitas vezes empolada e enfática, com que os Espíritos que os ditam, mais presunçosos do que instruídos, contam iludir os que os recebem. Mas, não podendo suprir a substância que lhes falta, são incapazes de sustentar por muito tempo o papel que procuram desempenhar. A breve trecho, traem-se, pondo a nu a sua fraqueza, desde que alguma seqüência tenham os seus ditados, ou que eles sejam levados aos seus últimos redutos.6

 

REFERÊNCIAS
1. KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. Tradução de Guillon Ribeiro. 80. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 10, item 133, p. 188-189.
2. ______. Item 134, p.189.
3. ______. Item 135, p.189-190.
4. ______. Item 136, p.190.
5. ______. Item 137, p.190-191.
6. ______. p. 191.
7. ______. Cap. 24, item 263, p. 342-343.
8. ______. Item 267, no 4, p.345.
9. ______. Cap. 29, item 327, p. 443-444.
10. ______. O que é o espiritismo. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 2 (Noções elementares de espiritismo). Item: Comunicação com o mundo invisível, no 35, p. 180-181.
11. ______. no 36, p.181.
12. ______. no 37, p.181-182.
13. ______. no 38, p.182.
14. ______. no 43, p.183-184.
15. ______. no 44, p.184.
16. ______. no 46, p.184-185.

 

ESDE
2008

 

 

PSICOGRAFIA

 

            Querida Maria!...

 

            É com muita emoção que volto a falar contigo depois de tanto tempo ausente, mas somente dos olhos, mas não esqueci a minha querida filha, que sempre trago no coração, pois que por motivos imperiosos não me permitiram uma comunicação antes, mas agora aqui estou para satisfazer a vontade de seu coração.
Quero afirmar que a morte não é uma viagem a um  país sem volta, tanto isto é verdade que aqui estou, graças a Deus,  para afirmar que continuo sendo a mãe de sempre, até mesmo com a esquisitice de sempre, que ainda guardo a mesma preocupação com a família, por um mero incidente no percurso não vai arrefecer um sentimento de tantos anos, cultivado ao sabor de cada dia, isto não invalida, em hipótese nenhuma os esforços que se faz para se manter vivo nas situações mais adversas, aliás, até corrobora para que se tenha um êxito maior.
            Agora quero contar como encontrei esse mundo tão sonhado e ao mesmo tempo tão temido por muitos, que sem exceção, todos cedo ou tarde terão que aqui desembarcar, num retorno compulsório, pois é justamente aqui que reside seu maior interesse, além de que é também aqui que se prestará conta dos talentos que lhe fora oferecido para que no plano físico os transformasse numa fonte de bênção e trabalho, vencendo todos os obstáculos que porventura surja no caminho, visando dar sustentação aquele que passa por provações difíceis de suportar, amparando a quem sofre, enfim dando todo o suporte para que possa garantir a paz, construindo em cada dia o tesouro no coração, que se chama amor, que nem a ferrugem, nem a traça o corroem.
            Não é demais lembrar a querida filha, que foi de grande valia as orações a mim endereçada, constituindo um bálsamo suave para os meus momentos de dificuldades, como se fossem vozes amigas a despertar-me suavemente, razão porque quero deixar meu profundo agradecimento  a todos.
            Com relação ao seu pai não seja impertinente com ele, pois é muito novo e tinha de arranjar uma nova esposa, a fim de que tivesse uma maior motivação para viver, algo por que lutar, pois que todos precisam de uma companhia, e ele não seria diferente. De minha parte estou feliz, porque assim ele tem com que se ocupar, não deixando a mente vazia, o que é muito ruim. De forma que precisa aceitar essa situação com naturalidade. Foi o melhor caminho.
Sei da sua preocupação com relação a minha permanência aqui, sempre ouço suas dúvidas e seus pensamentos, será que minha mãe está bem? Será que tenho orado bastante por ela? A fim de garantir a paz que necessita? Fique tranqüila porque estou bem graças a Deus. No primeiro momento foi muito difícil, entre os quais sito o apego que tinha a família e ao meu cantinho, além de que um certo despreparo para viver a vida espiritual. Que na minha opinião é bom deste já cultivar,  esse desapego, sabendo que somos simples usuários dos bem da terra e que não poderemos transportá-los para cá, de forma que essa educação é importante, a fim de que se evite muitos problemas.
            Quanto a partilha de bens não se preocupe, apesar do tanto tempo vai sair a contento para todos, não se preocupe. Busque manter a paz e a serenidade diante de todas as situações, porque em última análise aí não é nossa verdadeira pátria, e mesmo porque será melhor para você. As atitudes precipitadas têm criado os maiores problemas, evite o primeiro impulso, pense com sabedoria que você é capaz, se não for possível pelos menos conte até dez antes de agir, evitará dores de cabeça.
            Obtive permissão de assistir a formatura do Edimar, pois que  me sinto realmente muito feliz, pois a profissão de médico era o seu sonho, desde menino, agora conseguiu concretizar, portanto posso dizer que estou muito feliz, porque o último filho a se formar, isso é uma bênção.
            Para você ver como não mudei nada, continua a dar conselho e palpite na vida dos outros, parece-me que em qualquer ocasião estou sempre a dar conselhos, opinião, palpite, pois que desde o começo só fiquei a falar dos outros.
Quero enfatizar a necessidade do trabalho no bem, porque sem ele caminha-se muito devagar, quando não pára,  não se pode perder a oportunidade preciosa de escrever a história de nossa vida em base mais segura, ou pelo menos “passar a limpo”, tornando a legível em muitos pontos obscuros, para que em  realidade seja um livro aberto.
            Vejo que meus netos crescem sadios e belos, isto me enche de alegria, vê-los alegres e contentes, correndo pela casa, é uma satisfação imensa.
            Muitas coisas eu gostaria ainda de dizer-lhe, mas o meu tempo já está terminado e preciso me retirar, mas voltarei assim que a situação permita.
            Um grande abraço a você, ao genro e às crianças, que Deus os abençoe sempre, mando um grande abraço ao meu velho.
            Sua mãe sempre reconhecida.

Laura

                                                                                      

       
ABORTO DELITUOSO

 

            Comovemo-nos, habitualmente, diante das grandes tragédias que agitam a opinião.
            Homicídios que convulsionam a imprensa e mobilizam largas equipes policiais...
            Furtos espetaculares que inspiram vastas medidas de vigilância...
            Assassínios, conflitos, ludíbrios e assaltos de todo jaez criam a guerra de nervos, em toda parte; e, para coibir semelhantes fecundações de ignorância e delinqüência, erguem-se cárceres e fundem-se algemas, organiza-se o trabalho forçado e em algumas nações a própria lapidação de infelizes é praticada na rua, sem qualquer laivo de compaixão.
            Todavia, um crime existe mais doloroso, pela volúpia de crueldade com que é praticado, no silêncio do santuário doméstico ou no regaço da Natureza...
            Crime estarrecedor, porque a vítima não tem voz para suplicar piedade e nem braços robustos
com que se confie aos movimentos da reação.
            Referimo-nos ao aborto delituoso, em que pais inconscientes determinam a morte dos próprios filhos, asfixiando-lhes a existência, antes que possam sorrir para a bênção da luz.
                                                            .....................................................
            Homens da Terra, e sobretudo vós, corações maternos chamados à exaltação do amor e da vida, abstende-vos de semelhante ação que vos desequilibra a alma e entenebrece o caminho!
            Fugi do satânico propósito de sufocar os rebentos do próprio seio, porque os anjos tenros que rechaçais são mensageiros da Providência, assomantes no lar em vosso próprio socorro, e, se não há legislação humana que vos assinale a torpitude do infanticídio, nos recintos familiares ou na sombra da noite, os olhos divinos de Nosso Pai vos contemplam do Céu, chamando-vos, em silêncio, às provas do reajuste, a fim de que se vos expurgue da consciência a falta indesculpável que perpetrastes.

Emmanuel

Fonte: XAVIER, Francisco C. Religião dos espíritos. 20. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. p. 17-18.

Reformador
Março 2007

 

 

O JOVEM NOS NOVOS PARADIGMAS DA SOCIEDADE

 

Marcos Leite

 

            Ao ler este título, muitos certamente se perguntarão: o que é mesmo paradigma?  Paradigma é a representação de um modelo, de um padrão a ser seguido. Se dizemos que a sociedade vive um novo paradigma, é porque ela está regida por um novo padrão, ou um novo conjunto de padrões éticos, filosóficos e morais que a norteiam.
            O que acabei de dizer dá margem a outra pergunta: estamos mesmo sob a égide de um novo paradigma? A resposta é sim, e isso é tão óbvio como dois e dois serem quatro. Na educação, na cultura, na arte, indústria, comércio, relações humanas e entre países, enfim, em todas as esferas sociais vê-se que o mundo, de fato, está mudando. Talvez não na velocidade que se imaginaria ou gostaria que fosse a ideal, mas está mudando sim. E isso obriga, necessariamente, o jovem a se posicionar de outra forma.
            Na família, por exemplo, o seu papel está sendo redesenhado através de novas configurações – apenas um genitor, mães solteiras, homossexuais com filhos, etc. Cada vez mais cedo o jovem é instado a assumir uma posição de liderança e aceitação dessas novas condições familiares, nas quais, muitas vezes, ele assume o papel de protagonista. Foi-se o tempo no qual o jovem, até seus vinte, vinte e cinco anos mais ou menos, ficava “escondido” no guarda-chuva afetivo e econômico dos pais, aguardando este período para se posicionar perante o mundo. Hoje a vida exige esse posicionamento bem mais cedo, obrigando-o a se preparar psicologicamente para tanto, desde bem antes.
            No trabalho, o novo paradigma também se faz sentir, a começar pelo fim da fronteira do espaço físico: com o advento da tecnologia, o “lugar” de trabalhar passa a ser qualquer lugar. O conceito de emprego em tempo integral, antes absoluto, já abre espaço para o de tempo parcial, devido à necessidade de se criarem mais postos de trabalho. O nível de exigência para uma boa empregabilidade aumentou bastante, obrigando o jovem a buscar uma maior qualificação para atendê-lo. A competição é cada vez mais ferrenha, e por isso mesmo deve despertar a atenção do jovem no sentido de que ele não se perca, não se petrifique ou despersonalize por causa de uma simples vaga.
            Na educação, o jovem deve romper com o velho paradigma no qual o aluno era apenas uma figura passiva, absorvedora da sabedoria unicamente passada pelo professor, que detinha as verdades absolutas do conhecimento. Hoje o aluno é agente da sua própria aprendizagem, e o professor atua muito mais num papel de orientação da mesma, estimulando-o a querer saber mais e encontrando maneiras de tornar o estudo cada vez mais motivante no dia a dia.
            Por fim, vale a pena lembrar quatro bases presentes em todos os novos paradigmas do mundo contemporâneo, e que devem ser seguidas pelo jovem: tolerância, respeito, estima e solidariedade. Pense no quanto será interessante aplicá-las no seu cotidiano, tanto para o seu bem como para o daqueles que estão ao seu redor. Até a próxima!

SEMATOLOGIA – Transmissão do pensamento dos Espíritos por meio de sinais, tais como:
pancadas, batidas, movimento de objetos.

Referência:
LOUREIRO , C.B. Elucidações kardecistas. 3. ed. Salvador, BA: Livraria Espírita Alvorada, 2002. p.168.

Revista Cultura Espírita
2012

 

 

BASES

 

 “Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se
eu não te lavar, não tens parte comigo.” — (JOÃO, capítulo 13, versículo 8.)

 

            É natural vejamos, antes de tudo, na resolução do Mestre, ao lavar os pés dos discípulos, uma demonstração sublime de humildade santificante.
            Primeiramente, é justo examinarmos a interpretação intelectual, adiantando, porém, a análise mais profunda de seus atos divinos. É que, pela mensagem permanente do Evangelho, o Cristo continua lavando os pés de todos os seguidores sinceros de sua doutrina de amor e perdão.
            O homem costuma viver desinteressado de todas as suas obrigações superiores, muitas vezes aplaudindo o crime e a inconsciência. Todavia, ao contacto de Jesus e de seus ensinamentos sublimes, sente que pisará sobre novas bases, enquanto que suas apreciações fundamentais da existência são muito diversas.
            Alguém proporciona leveza aos seus pés espirituais para que marche de modo diferente nas sendas evolutivas.
            Tudo se renova e a criatura compreende que não fora essa intervenção maravilhosa e não poderia participar do banquete da vida real.
            Então, como o apóstolo de Cafarnaum, experimenta novas responsabilidades no caminho e, desejando corresponder à expectativa divina, roga a Jesus lhe lave, não somente os pés, mas também as mãos e a cabeça.

 

Livro "Caminho, Verdade e Vida"
Pelo Espírito Emmanuel
Francisco Cândido Xavier

 

 

OBSESSÕES ESPIRITUAIS

 

MARTA ANTUNES DE MOURA

 

            A obsessão é comum na nossa Humanidade, condição existente devido a imperfeição espiritual que caracteriza a maioria dos habitantes do mundo em que vivemos. É conceituada pelo Espiritismo como “[…] o domínio que alguns Espíritos exercem sobre certas pessoas. É praticada unicamente pelos Espíritos inferiores, que procuram dominar, pois os Espíritos bons não impõem nenhum constrangimento. […].”1
            A propósito, Allan Kardec afirma, em A Gênese: Os Espíritos maus pululam em torno da Terra, em consequência da inferioridade moral de seus habitantes. A ação maléfica desses Espíritos faz parte dos flagelos que a Humanidade se debate neste mundo. A obsessão, que é um efeito dessa ação, como as doenças e todas as atribulações da vida, deve, pois, ser considerada como provação ou expiação e aceita como tal.2
            Ainda que no momento estejamos passando por um período de transição planetária, no qual já se percebe fortes sinais indicativos de mudanças evolutivas na humanidade terráquea, cujo planeta caminha para o estado de regeneração, a Terra ainda é categorizada como mundo de expiação e provas, visto que o mal predomina.
            Neste sentido, a obsessão está caracterizada como epidemia antiga, ocorrendo desde os tempos imemoriais, que alcança milhares e milhares de pessoas em todas as partes da Terra. É uma enfermidade que, para ser erradicada, necessita da melhoria humana, especialmente a de cunho moral. O ser humano moralizado ou que se empenha em se transformar em pessoa de bem, neutraliza naturalmente as investidas dos Espíritos maus.
            Simples influências espirituais podem conduzir a processos obsessivos graves, transformando-se em enfermidades de longo curso, e, conforme a intensidade em que se manifestam, podem ser de difícil resolução dentro dos espaço-tempo de uma reencarnação. Conforme o caso, pode extrapolar mais de uma reencarnação.
            No painel das obsessões, à medida que se agrava o quadro da interferência, a vontade do hospedeiro perde os contatos de comando pessoal, na razão direta em que o invasor assume a governança. A […] subjugação pode ser física, psíquica e simultaneamente fisiopsíquica.
            A primeira, não implica na perda da lucidez intelectual, porquanto a ação dá-se diretamente sobre os centros motores, obrigando o indivíduo, não obstante se negue à obediência, a ceder à violência que o oprime. […] No segundo caso, o paciente vai [sendo] dominado mentalmente, tombando em estado de passividade, não raro sob tortura emocional, chegando a perder por completo a lucidez […]. Por fim, assenhoreia-se, simultaneamente, dos centros do comando motor e domina fisicamente a vítima, que lhe fica inerte, subjugada, cometendo atrocidades sem nome.3
            Por outro lado, é importante considerar que, além das obsessões provocadas por obsessores, propriamente ditos, existem as manifestações da auto obsessão. Silas, o orientador espiritual, em colóquio com o Espírito André Luiz pontua: “Todos os crimes e todas as falhas da criatura humana se revelariam algum dia, em algum lugar.”4 Acrescentando, à guisa de explicação: “[…] A criação de Deus é gloriosa luz. Qualquer sombra de nossa consciência jaz impressa em nossa vida até que a mácula seja lavada por nós mesmos, com o suor do trabalho ou com o pranto da expiação.” 5
            Os relatos de obsessões severas (vulgarmente denominadas de ”loucuras”), representam casos do domínio intenso e permanente de um ou mais Espíritos, os quais se empenham em conduzir o indivíduo a um estado ruptura mental. Os remorsos provocados por atos cometidos no passado, em outras reencarnações, podem até estar amortizados pelo esquecimento, mas jamais serão deletados da memória integral do Espírito. Nestas condições, é suficiente, às vezes, que um acontecimento comum ─ perda afetiva ou material, por exemplo ─ libere lembranças dolorosas que podem conduzir a pessoa a um estado de desestruturação mental, considerado repentino por que, entre outros fatores, não está subordinado a doenças pré-existentes, enfermidades infecciosas ou traumatismos crânio-encefálicos.
            Cientes desses fatos, Bezerra de Menezes aconselha sermos mais cuidadosos na forma de como conduzimos a nossa existência, procurando agir sempre no bem, por maiores sejam os desafios:
            O fato, pois, da influência dos Espíritos sobre os viventes, é o mesmo da que estes exercem, uns sobre os outros.
Tal influência apresenta diversos graus: vai de simples insinuação à dominação completa da vontade.
            O uso que fazemos do nosso livre arbítrio, na repulsão daquela causa perturbadora, pode ser eficaz ou inútil, conforme a natureza dos nossos sentimentos. Se forem bons, a nossa resistência rechaçará todos os ataques do inimigo. Se forem maus, serão ventos a auxiliarem as correntes do inimigo.
            Cada um de nós forma sua atmosfera moral, dentro da qual somente podem penetrar Espíritos da nossa natureza, que são os únicos que a podem respirar, se nos permitem a expressão.
            Assim, os que modela suas ações, seus pensamentos e seus sentimentos, pelas normas do dever e do bem, não podem chegar senão Espíritos adiantados, jamais maléficos. 6

 

Referências Bibliográficas
1. KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. Trad Evandro Noleto Bezerra. 2 ed. 1 imp. Brasília: FEB, 2013. Cap. XXIII, item 237, p. 259.
2. A gênese. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2 ed. 1 imp. Brasília: FEB, 2013. Cap.XIV, item 45, p. 258.
3. FRANCO, Divaldo P. Nas fronteiras da loucura. Pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda. Salvador [BA]: Alvorada, 1982. Item: Análise das obsessões, p. 15-16.
4. XAVIER, Francisco Cândido. Ação e Reação. Pelo Espírito André Luiz. 30 ed. 2 imp. Brasília: FEB, 2013. Cap. 4, p. 52.
5. ______. p. 52-53.
6. MENEZES, Bezerra. A loucura sob novo prisma. 14 ed. Revisada. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. III, p. 154.

 

Editorial FEB

 

 

O VALOR DA ORAÇÃO

 

            A madrinha do Chico, por vezes, passava tempos entregue a obsessão. Assim é que, nessas fases, a exasperação dela era mais forte. Em algumas ocasiões, por isso, condenava o menino a vários dias de fome.
            Certa feita, já fazia três dias que a criança permanecia em completo jejum. À tarde, na hora da prece, encontrou a mãezinha desencarnada que lhe perguntou o motivo da tristeza com a qual se apresentava.
            — Então, a senhora não sabe — explicou o Chico — tenho passado muita fome. — Ora, você está reclamando muito, meu filho! — disse Dona Maria João de Deus — menino guloso tem sempre indigestão.
            — Mas hoje bem que eu queria comer alguma coisa...
            A mãezinha abraçou-o e recomendou:
            — Continue na oração e espere um pouco.
            O menino ficou repetindo as palavras do Pai Nosso e daí a instantes um grande cão da rua penetrou o quintal. Aproximou-se dele e deixou cair da bocarra um objeto escuro. Era um jatobá saboroso...
Chico recolheu, alegre, O pesado fruto, ao mesmo tempo em que reviu a mãezinha ao seu lado, acrescentando.
            — Misture o jatobá com água e você terá um bom alimento.
            E, despedindo-se da criança, acentuou:
            — Como você observa, meu filho, quando oramos com fé viva até um cão pode nos ajudar, em nome de Jesus.

 

Livro Lindos Casos de Chico Xavier 
Autor Ramiro Gama

 

EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
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