SOLIDARIEDADE
Foi publicado na Revista Espírita de 1867 um artigo assinado por um Espírito dizendo que tudo vive e respira na natureza, mas só o homem sente e se sente. O homem é aquele filho de Deus que é um ser coletivo, gregário, solidário e que procura, em vão, a felicidade em si mesmo e no que o cerca, porém só vai encontrá-la no próprio homem, ou seja, na humanidade, ao fazer a felicidade do outro.
Os dicionários dizem que solidariedade é um ato de bondade com o próximo, um sentimento de amor ou compaixão, uma união de simpatia; um sentimento que nasce do mais puro amor fraterno, segundo Marlene Nobre.
Já o grande filósofo espírita Léon Denis vai mais longe e assevera que as forças do Universo são solidárias, repercutem, vibram unissonamente e todos os fatos são regulados por uma lei; cada efeito se prende a uma causa, e cada causa engendra um efeito que lhe é idêntico. Daí resulta que o homem é seu próprio juiz, porque segundo o uso ou o abuso de sua liberdade, torna-se feliz ou desditoso.
Emmanuel lembra a fala de Paulo de Tarso aos Romanos ao dizer: ”alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram. ”e considera que ajudar os que se encontram em provações maiores que as nossas é caridade sublime; coisa que deve ser feita sem o ar de superioridade, caso contrário seria como falar de um problema estando fora dele.
Argumenta também o bondoso benfeitor que é mais fácil chorarmos com os choram, que nos alegramos com a alegria dos outros, sem o sentimento de inveja.
O ilustre Espírito Shaolin conta-nos uma fala de Jesus Cristo, nosso Senhor, no livro” Ave Luz” afirmando que a solidariedade é princípio divino no coração humano. Ela é uma argamassa de natureza superior que somente se ajusta em pilares da mesma formação. Quem ajuda por caridade é o homem que o futuro espera, é a alma querendo se tornar anjo para que o mal fique só na história do mundo.
Crispim
Referências bibliográficas:
- Revista Espírita 1867. Allan Kardec.
- Palavras de Vida Eterna. Chico Xavier/Emmanuel.
- O Evangelho por Emmanuel. Chico Xavier/Emmanuel.
- A Alma da Matéria. Marlene Nobre.
- Ave Luz. João Nunes Maia/Shaolin.
A FELICIDADE SE CONQUISTA
Abra um espaço em seu dia para agir em favor dos outros, não viva unicamente pensando somente em seus antigos problemas, mas procure também ser mais solidário, pense nos graves problemas do próximo, certamente que nessa maneira enobrecida de proceder encontrará a solução para aquelas dificuldades que amarguram os seus dias, que até mesmo julgava sem solução.
A verdade é que as próprias leis de Deus são solidárias, no entanto a ninguém premia sem merecimento.
Talvez um dia haja se questionado, mas como conquistar esse merecimento?
Simples, amando o próximo mais próximo, neste gesto iniciará a sua construção interior, porque o amor é o mais nobre sentimento.
Por isso, trabalhe todo o dia para superar as suas deficiências, mesmo porque sem esforço não logrará tornar realidade aquele sonho maior, ainda que encontre pedras no caminho, mas estas não constituirão empecilho, mas para que tenha consciência da necessidade imperiosa do bem que faz e também para que aprenda a servir sob as condições mais severas.
Às vezes é na rispidez da luta que se deparam os candidatos ao trabalho do bem, em verdade são testes para enrijecer a estatura moral no trabalho edificante, todavia alguns nas primeiras dificuldades desistem, depois quando as provações batem à porta não têm forças para superar os obstáculos do caminho. As oportunidades foram abundantes durante muito tempo, mas não souberam aproveitar.
Lembre-se que o trabalho do bem é uma força ativa a beneficiar o operário que se dispõe a enfrentar de sol a sol a dura jornada e somente nessas condições esse trabalhador se fará digno da tarefa que abraçou e fará jus aos frutos do seu trabalho.
Será como o trabalhador do campo, do que planta, disso ceifará.
Muitas pessoas esperam milagres, porém, não existem na forma que pensam, pois que desfrutam durante a vida transitória todas as benesses que foram colocadas em suas mãos, porém de ninguém se compadeceram, ainda mais, depois desta existência querem que Jesus os receba na outra margem da existência de braços abertos.
O trabalhador tem que se fazer digno e somente prova isso na dura rotina do dia a dia, de amor e caridade, sem a qual não lograra êxito. Certamente que se não assume hoje as pequenas tarefas, mais tarde quando tiver que enfrentar as provas de grande envergadura moral é certo que será como aquele arbusto frágil criado à sombra e ao sopro do vento curvar-se-á para o solo.
Assim, a cada dia dê a sua contribuição à vida, que a própria providência encarregar-se-á de dar-lhe o melhor. Se porventura não for o melhor da maneira que pensa, certamente será proporcional ao merecimento que houver conquistado.
Histórias Educativas
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
SUA PARTE
Faça a sua parte sem alarde, mesmo porque e tão pouco que tem a oferecer, mas assim mesmo é capaz de estender algum beneficio a alguém. E isso já deve ser um incentivo para que continue a praticar pequenos atos de bondade, talvez não seja o ideal, mas importa que faça o possível.
Porque a vida em sua base não é constituída de grandes feitos, mas de pequenos gestos realizados com grandeza, por isso que a experiência de viver em qualquer parte pode ser grandiosa. De maneira que pode ser feliz num palácio suntuoso, como também debaixo da ponte, vai depender dos sentimentos que carrega no cofre do coração. Logo não se aborreça nem se preocupe demais, porque para cada dia bastam as suas dores. Não sobrecarregue o seu psiquismo de preocupações sem sentido.
Como também não se entusiasme demais com os tesouros amoedados, porque pode de repente tornar-se uma carga de aflição pesada demais. Muitos companheiros da jornada por conta disso se precipitaram no abismo, pois que a convivência por muito tempo com esses valores torna a maioria das pessoas desumanas e insensíveis, por isso com muita lógica deve fazer essa clara distinção.
Preocupe-se com a sua alma, pois esta que é imortal e preexiste e sobreviveu a tantas quedas clamorosas e sempre continuará reconstruindo roteiros mal interpretados, porém ainda tão pequena, embora tendo um futuro grandioso pela frente.
Não despreze a mínima parcela de fazer o bem, esses pequenos gestos têm um valor inestimável, porque deles dependerá a base para conquistar seu patrimônio espiritual, por isso essa base deve ser sempre preservada, a fim de que mantenha o foco no bem maior.
Já aprendeu a lógica “que não se vindima uva de espinheiros”, assim que também não brinque de viver, porque viver como encarnado é algo muito sério.
Está numa situação que não pode recuar mais, porque já começou o trabalho e já sensibilizou alguns companheiros para a tarefa libertadora e estes se dispuseram a ajudá-lo em conseguir os seus grandes objetivos.
Agora não pode decepcionar aqueles a quem convidou para o trabalho, assim que toda cautela é da máxima importância, a fim de não se deixar desviar pelas ilusões do mundo.
Lembre-se que tantos caíram por tão pouco e pode de repente cair também, esse é uma hipótese que deve ser lembrada sempre.
Tantos que se consideravam imunes a quedas, infelizmente muitos deles também experimentaram os maiores fracassos e lutam tanto até hoje para se levantar, assim que cumpra o seu dever para que não vá pelo mesmo caminho.
Continue com a pequena tarefa, que no caso é bastante, faça a sua parte.
Trabalhe com amor, porque isso fará toda a diferença.
Lembre-se que as tarefas maiores são para aqueles espíritos que estão em missão neste globo, portanto, está muito longe de lá chegar.
Mas é consolador que cumpra a sua tarefa com muito amor e dignidade, porque apoio não lhe faltará de amigos abnegados que lhes darão todo o amparo para que cumpra o seu compromisso até o fim, fazendo simplesmente a sua parte. Áulus.
Lições De Simplicidade
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
MÃEZINHA
Quando o Pai Celestial precisou colocar na Terra as primeiras criancinhas, chegou à conclusão de que devia chamar alguém que soubesse perdoar infinitamente.
De alguém que não enxergasse o mal.
Que quisesse ajudar sem exigir pagamento.
Que se dispusesse a guardar os meninos, com paciência e ternura, junto do coração.
Que tivesse bastante serenidade para repetir incessantemente as pequeninas lições de cada dia.
Que pudesse velar, noites e noites, sem reclamação.
Que cantarolasse, baixinho, para adormecer os bebês que ainda não podem conversar.
Que permanecesse em casa, por amor, amparando os meninos que ainda não podem sair à rua.
Que contasse muitas histórias sobre a vida e sobre o mundo.
Que abraçasse e beijasse as crianças doentes.
Que lhes ensinasse a dar os primeiros passos, garantindo o corpo de pé.
Que os conduzisse à escola, a fim de que aprendessem a ler.
Dizem que nosso Pai do Céu permaneceu muito tempo, examinando, examinando... e, em seguida, chamou a Mulher, deu-lhe o título de Mãezinha e confiou-lhe as crianças.
Por esse motivo, nossa Mãezinha é a representante do Divino Amor no mundo, ensinando-nos a ciência do perdão e do carinho, em todos os instantes de nossa jornada na Terra. Se pudermos imitá-la, nos exemplos de bondade e sacrifício que constantemente nos oferece, por certo seremos na vida preciosos auxiliares de Deus.
Livro Pai Nosso
Francisco Candido Xavier
Pelo Espírito de Meimei
1. EVOCAÇÕES E COMUNICAÇÕES ESPONTÂNEAS DOS ESPÍRITOS
Os Espíritos podem comunicar-se espontaneamente, ou acudir ao nosso chamado, isto é, vir por evocação. Pensam algumas pessoas que todos devem abster-se de evocar tal ou tal Espírito e ser preferível que se espere aquele que queira comunicar-se. Fundam-se em que, chamando determinado Espírito, não podemos ter a certeza de ser ele quem se apresente, ao passo que aquele que vem espontaneamente, de seu moto próprio, melhor prova a sua identidade, pois que manifesta assim o desejo que tem de se entreter conosco. Em nossa opinião isso é um erro: primeiramente, porque há sempre em torno de nós Espíritos, as mais das vezes de condição inferior, que outra coisa não querem senão comunicar-se; em segundo lugar e mesmo por esta última razão, não chamar a nenhum em particular é abrir a porta a todos os que queiram entrar. Numa assembléia, não dar a palavra a ninguém é deixá-la livre a toda gente e sabe-se o que daí resulta.
A chamada direta de determinado Espírito constitui um laço entre ele e nós; chamamo-lo pelo nosso desejo e opomos assim uma espécie de barreira aos intrusos. Sem uma chamada direta, um Espírito nenhum motivo terá muitas vezes para vir confabular conosco, a menos que seja o nosso Espírito familiar.
Cada uma destas duas maneiras de operar tem suas vantagens e nenhuma desvantagem haveria, senão na exclusão absoluta de uma delas. As comunicações espontâneas inconveniente nenhum apresentam, quando se está senhor dos Espíritos e certo de não deixar que os maus tomem a dianteira. Então, é quase sempre bom aguardar a boa vontade dos que se disponham a comunicar-se, porque nenhum constrangimento sofre o pensamento deles e dessa maneira se podem obter coisas admiráveis; entretanto, pode suceder que o Espírito por quem se chama não esteja disposto a falar, ou não seja capaz de fazê-lo no sentido desejado.
Sabemos que o [...] desejo natural de todo aspirante a médium é o de poder confabular com os Espíritos das pessoas que lhe são caras; deve, porém, moderar a sua impaciência, porquanto a comunicação com determinado Espírito apresenta muitas vezes dificuldades materiais que a tornam impossível ao principiante.
Para que um Espírito possa comunicar-se, preciso é que haja entre ele e o médium relações fluídicas, que nem sempre se estabelecem instantaneamente.
Só à medida que a faculdade se desenvolve, é que o médium adquire pouco a pouco a aptidão necessária para pôr-se em comunicação com o Espírito que se apresente. Pode dar-se, pois, que aquele com quem o médium deseje comunicar se, não esteja em condições propícias a fazê-lo, embora se ache presente, como também pode acontecer que não tenha possibilidade, nem permissão para acudir ao chamado que lhe é dirigido. Convém, por isso, que no começo ninguém se obstine em chamar determinado Espírito, com exclusão de qualquer outro, pois amiúde sucede não ser com esse que as relações fluídicas se estabelecem mais facilmente, por maior que seja a simpatia que lhe vote o encarnado. Antes, pois, de pensar em obter comunicações de tal ou tal Espírito, importa que o aspirante leve a efeito o desenvolvimento da sua faculdade, para o que deve fazer um apelo geral e dirigirse principalmente ao seu anjo guardião.
2. MANIFESTAÇÕES DOS ESPÍRITOS NOS GRUPOS MEDIÚNICOS
Nas reuniões mediúnicas, usuais nas casas espíritas, os Espíritos se manifestam de forma espontânea, segundo planejamento estipulado pela direção espiritual do grupo mediúnico. No entanto, é comum evocar a assistência dos benfeitores espirituais, os quais revelam a sua presença por meio de mensagens consoladoras e esclarecedoras. Deixar a manifestação dos Espíritos comunicantes a critério da direção espiritual indica comportamento prudente, evitando a ocorrência de alguns inconvenientes, tais como: o Espírito não pode ou não deve se manifestar; estimular, direta ou indiretamente, a provocação de fenômeno mediúnico, sem maior finalidade.
Emmanuel nos esclarece, a propósito, que nas [...] reuniões doutrinárias [mediúnicas], acima de todas as expressões fenomênicas, devem prevalecer a sinceridade e a aplicação individuais, no estudo das leis morais que regem o intercâmbio entre o planeta e as esferas do invisível. De modo algum se deverá provocar as manifestações mediúnicas, cuja legitimidade reside nas suas características de espontaneidade, mesmo porque o programa espiritual das sessões está com os mentores que as orientam do plano invisível, exigindo-se de cada estudioso a mais elevada porcentagem de esforço próprio na aquisição de conhecimento, porquanto o plano espiritual distribuirá sempre, de acordo com as necessidades e os méritos de cada um. Forçar o fenômeno mediúnico é tisnar uma fonte de água pura com a vasa das paixões egoísticas da Terra, ou com as suas injustificáveis inquietações.
Este benfeitor não aconselha a evocação direta e pessoal de Espíritos nas reuniões mediúnicas, em caso algum. Justifica esta assertiva, explicando assim: Se essa evocação é passível de êxito, sua exeqüibilidade somente pode ser examinada no plano espiritual.Daí a necessidade de sermos espontâneos, por quanto, no complexo dos fenômenos espiríticos, a solução de muitas incógnitas espera o avanço moral dos aprendizes sinceros da Doutrina. O estudioso bemintencionado, portanto, deve pedir sem exigir, orar sem reclamar, observar sem pressa, considerando que a esfera espiritual lhe conhece os méritos e retribuirá os seus esforços de acordo com a necessidade de sua posição evolutiva e segundo o merecimento do seu coração. Podereis objetar que Allan Kardec se interessou pela evocação direta, procedendo a realizações dessa natureza, mas precisamos ponderar, no seu esforço, a tarefa excepcional do Codificador, aliada a necessidades e méritos ainda distantes da esfera de atividade dos aprendizes comuns.
ESDE
2008
PSICOGRAFIA
Qualquer trabalho voltado para o bem é importante, porque trás por si só a força construtiva, pois que a caminhada do espírito realiza-se a cada dia, com esforço constante do interessado. A comunicação nos moldes atuais é um grande avanço no intercâmbio entre os dois planos, permitindo uma aproximação mais segura, de forma que os dois planos interagem de maneira muito clara, permitindo ao espírito encarnado acessar a informações preciosas visando um melhor entendimento das leis morais. Ademais representa ao espírito comunicante a possibilidade de se expressar de maneira objetiva com o plano físico. À medida que a Humanidade evolui os processos se tornam mais confiáveis, pois que hoje se possui mecanismo oferecido pela Doutrina Espírita que permitem intercâmbios seguros nesse sentido. Quer queira, quer não, sempre houve esse intercâmbio nos mais diversos graus, no qual exigia-se grandes esforços para poucos resultados, ou seja, o espírito encarnado era intuído, mas estes processos, muitas vezes, devido ao despreparo do receptor não eram totalmente absorvidos. Em parte dado as imperfeições e ao tumulto do mundo que o homem está mergulhado.
O outro processo utilizado era através do sonho, também muito difícil porque muitas vezes o encarnado estava imerso em seus negócios de maneira que não podia tirar as conclusões reais dessas revelações, e muitas vezes até entendia, mas não dava importância ao fato.
Deve-se ater ao exercício que é a base para quem deseja realmente ser um cooperador do Cristo neste campo, porque somente através de exercícios reiterados é que se pode amadurecer e produzir algo confiável.
Nunca é demais lembrar que tudo obedece a uma ordem, uma seqüência natural. Muitos pretendem afastar obstáculos, com vistas a encurtar o caminho. Quando se busca atalho, muitas experiências necessárias ao aprendizado deixam de ser aproveitadas, vindo redundar em prejuízo no futuro. O “atalho nunca foi caminho” e quem sempre busca atalhos pode um dia se perder.
Portanto, trabalhe e siga em frente. O exercício é essencial para que se possa familiarizar com as freqüências dos espíritos comunicantes. Conhecer as regras mínimas para que as comunicações se dêem com naturalidade, é muito importante para qualquer trabalho, mormente um trabalho de intercâmbio, em que o emissor e o receptor devem estar em perfeita sintonia, para que a mensagem flua com o êxito desejado, pois que muitas vezes por falta exatamente de sintonia entre os dois planos, é que muitas mensagens saem truncadas, como também pode não se realizar.
O contato permanente com o plano espiritual trás profundas modificações em nosso estado mental, porque compreendemos muitos problemas que nos afligem, que tem sua origem em nossas atitudes equivocadas ante as leis naturais que só tendem a nos auxiliar.
Ao final queremos dizer que tudo está correndo dentro da normalidade, que se espera que o trabalho proporcione muita alegria a todos.
Marta
O MENINO JESUS NO TEMPLO
MÁRIO FRIGÉRI
Lucas foi o único evangelista a registrar a presença de Jesus, aos doze anos, assentado no meio dos mestres, no Templo de Jerusalém, ouvindo-os e interrogando-os, conforme relata no capítulo 2 de seu Evangelho. Quase dezenove séculos depois, em Paris, o pintor francês Jean Auguste Dominique Ingres (1780-1867) iria imortalizar na tela a famosa passagem evangélica.
Era o ano de 1862. Mal sabia ele que, no recesso de seu ateliê, enquanto pincelava em silêncio a tela que ficaria mundialmente conhecida como “Jesus entre os Doutores”, estava sendo observado por um Espírito que também fora pintor quando encarnado, chamado Davi, provavelmente o mesmo mestre do classicismo que lhe ensinara, em 1797 – quando Ingres contava apenas 17 anos –, os rudimentos de sua bela arte.
Esse acontecimento ensejaria a publicação de uma bela página na Revista Espírita de junho de 1862.2 Allan Kardec informa, nessa página, que a Sra. Dozon, sua colega da Sociedade Espírita de Paris, recebeu uma comunicação espontânea em casa, em 9 de abril do citado ano, de uma entidade que assinou o nome “Davi, pintor”.
Reportando-se ao tema evangélico “O menino Jesus encontrado por seus pais pregando no Templo, entre os doutores”, disse o Espírito que este foi o motivo de uma tela inspirada a um dos maiores pintores daquele tempo. Nesse quadro, onde brilhava a “[...] luz que Deus dá às almas para as esclarecer e as conduzir às regiões celestes [...]”, o artista executara, inconscientemente, uma ordem da Suprema vontade. E da multidão que o contemplasse depois de pronto, parando emocionada diante dessa figura do Jesus menino, mais de um coração seria conduzido ao pé da cruz.
O comunicante antecipa que tudo merece ser admirado na obra-prima de Ingres: Vós o apreciareis um dia; eu vi as primeiras pinceladas sobre essa tela bendita.Vi surgirem, uma a uma, as figuras, as poses dos doutores; vi o anjo protetor de Ingres, inspirando-o, fazer cair os pergaminhos das mãos de um desses doutores. Meu Deus, aí se encontra toda uma revelação! Essa voz de criança destruirá também, uma a uma, as leis que não são suas. (Op. cit.)
Kardec opina
Nem a médium nem seu marido tinham ouvido falar desse quadro. Dos artistas consultados, nenhum tomara dele conhecimento. O ditado mediúnico poderia ser, portanto, uma mistificação. A melhor maneira de esclarecer a dúvida seria procurar pessoalmente o artista, para saber se ele se ocupara do assunto.
Dessa missão foi incumbido o Sr. Dozon. Ao entrar no ateliê, viu o quadro recém-acabado, com as tintas frescas, ainda desconhecido do público. E o mais notável de tudo é que a revelação espiritual era de uma exatidão admirável: tudo estava ali retratado, exatamente como o Espírito dissera.
Quando o quadro foi exposto numa sala do Boulevard des Italiens, o eminente Codificador do Espiritismo foi vê-lo e admirá-lo, registrando, mais tarde, que ele representava uma das páginas mais sublimes da pintura de seu tempo. “[...] Mas o que dele faz uma obra-prima invulgar [acrescenta] é o sentimento que aí domina, a expressão, o pensamento que brota de todas essas figuras, sobre as quais é possível ler a surpresa, a estupefação, a comoção, a dúvida, a necessidade de negar, a irritação por se ver abatido por uma criança. Tudo isto é tão verdadeiro, tão natural, que começamos a pôr palavras em cada boca.
Quanto à criança, é de um ideal que deixa muito para trás tudo quanto já foi feito sobre o mesmo assunto. Não é um orador que fala aos seus ouvintes; nem mesmo os olha: nele adivinhamos o órgão de uma voz celeste.” (Op. cit.)
Consultado, o pintor revelou “que não tinha composto esse quadro em condições ordinárias; disse tê-lo começado pela arquitetura [...]”, o que não era de seu feitio, e que as várias personagens que o compõem vinham posicionar-se espontaneamente sob o seu pincel, sem que houvesse premeditação de sua parte para esse arranjo.
Reformador
Março 2007
EXPERIENCIAR DEUS
Yasmin Madeira
Allan Kardec, o Codifi cador da Doutrina Espírita, esclarece-nos que a parte mais importante da revelação do Cristo, a pedra angular de toda a Sua doutrina, é o ponto de vista inteiramente novo sob o qual considera a divindade. Já não se trata mais do Senhor dos Exércitos temível, cruel, absolutamente passional apresentado pelo Velho Testamento Hebraico, mas o paizinho cheio de mansidão, misericórdia, justo e bom, que perdoa o pecador arrependido e dá a cada um segundo as suas obras, sem privilégios e vãs promessas de glórias materiais aos seus seguidores.
Toda a doutrina do Cristo se funda na imortalidade da alma e na paternidade divina, o que altera profundamente as nossas relações mútuas, impondo-nos novas obrigações: não são apenas os parentes consanguíneos os que merecem nosso zelo, atenção e amparo: todos somos irmãos. É a Era da Fraternidade Universal!
Kardec, elucidando e desenvolvendo o ensino cristão, abre O Livro dos Espíritos com a questão: Que é Deus? Ressalte-se a total ausência de preconceito, em sua lúcida postura de pesquisador. Não coloca em sua questão “quem é Deus”, nem tampouco “o que é Deus”... Nenhuma indução... “Deus é a Inteligência suprema, causa primária de todas as coisas” proclama, em resposta, a falange do Espírito de Verdade! Não mais o Deus antropomórfi co de longas e brancas barbas, mas a Consciência Cósmica imaterial, imutável, eterna, onipotente, infi nitamente perfeita, única.
A Suprema e Soberana inteligência criadora da vida, de tudo o que existe e das leis que regem os universos material, espiritual, emocional e ético é também a fonte inesgotável do amor que nos sustenta. Há uma rede de energia que fl ui constantemente do pensamento do Criador interligando e nutrindo todos os seres. Essa rede nos vitaliza, permite o pensamento contínuo, orienta nosso progresso e em nossa individualidade nos faz “um” com o Pai e com toda a Sua criação. Traz-nos infi nita paz, harmonia e bem-estar. São nossos equívocos que geram núcleos perturbadores no equilíbrio cósmico e que atraem eventos reparadores, muitas vezes dolorosos e de longo curso.
Quando o homem avança no caminho da evolução, compreende- se como um projeto infi nito de Deus e que o tolo egoísmo, a vaidade, o orgulho obstruem suas ligações íntimas com a Grande Rede. Nossas falas, nossos pensamentos, nossas atitudes, como nos explicou Jesus, constituem as energias que impulsionam ou limitam os processos que geram harmonia, bem-estar e felicidade. O comum de nossa humanidade se utiliza das ferramentas da violência física e mental, da mentira e do erro para conquistar o que deseja, resolver um desafi o ou proteger-se. No entanto, nenhuma ação ou projeto que fi ra as leis de Deus resulta em benefício, pois não encontra sintonia com a Rede sustentadora. Apenas causará desarmonia e fenecerá.
Quando o ser descobre que a Força Suprema da vida e do poder criador pulsa em si e se dinamiza com a mansidão, a misericórdia, o perdão, a caridade, o Amor, enfi m, o “espírito da força será substituído pela força do espírito”. Assim, compreenderá as palavras do Cristo “busca em primeiro lugar o reino de Deus e Sua Justiça e tudo o mais te será dado de acréscimo”...
O mestre lionês nos ensina que sendo Deus a essência divina por excelência, unicamente os espíritos que atingiram o mais alto grau de desmaterialização o podem perceber. Uma maravilhosa experiência de Deus, porém já nos é possível, unida a todo o Amor que pudermos semear em nossas vidas. Diariamente, após as orações, inspire fundo, relaxe o corpo e com os olhos de sua mente visualize a luz divina se derramando sobre você. Perceba seu perispírito, o corpo do espírito, se expandindo em luz. Sem empregar nenhum esforço, acompanhe com sua consciência essa expansão perispiritual que agora parece abranger todo o local em que você se encontra e vai aumentando até você se sentir integrado à Consciência Cósmica. Sinta-se Um com Deus. Deixe a plenitude Divina trabalhar em você ativando novos níveis de consciência. Não há nada a temer, nada a fazer. Você está no colo de sua divina mãe, de seu criador, que é todo Amor, perdão e bondade.
Permita-se usufruir desse momento divino. Sinta-se integrado a miríades de estrelas, galáxias, luzes de todos os matizes... Perceba energias deletérias saindo de você e se desfazendo no espaço... Permaneça o quanto desejar nesse santuário de bênçãos e, quando quiser retornar, visualize seu perispírito se retraindo novamente até identificar-se com seu corpo físico. Cuide-se bem e seja feliz!
Referências:
KARDEC, Allan. A gênese . 43 ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2003.
————. O Livro dos Espíritos. Ed. Especial. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2006.
ROHDEN, Huberto. O sermão da montanha. 8.ed. São Paulo: Alvorada Editora e Livraria Ltda. [s.d.]
Revista Cultura Espírita
2012
ESFORÇO E ORAÇÃO
“E, despedida a multidão, subiu ao monte a fim de orar, à parte. E,
chegada já a tarde, estava ali só.” — (MATEUS, capítulo 14, versículo 23.)
De vez em quando, surgem grupos religiosos que preconizam o absoluto retiro das lutas humanas para os serviços da oração.
Nesse particular, entretanto, o Mestre é sempre a fonte dos ensinamentos vivos. O trabalho e a prece são duas características de sua atividade divina.
Jesus nunca se encerrou a distância das criaturas, com o fim de permanecer em contemplação absoluta dos quadros divinos que lhe iluminavam o coração, mas também cultivou a prece em sua altura celestial.
Despedida a multidão, terminado o esforço diário, estabelecia a pausa necessária para meditar, à parte, comungando com o Pai, na oração solitária e sublime.
Se alguém permanece na Terra, é com o objetivo de alcançar um ponto mais alto, nas expressões evolutivas, pelo trabalho que foi convocado a fazer.
E, pela oração, o homem recebe de Deus o auxílio indispensável à santificação da tarefa.
Esforço e prece completam-se no todo da atividade espiritual.
A criatura que apenas trabalhasse, sem método e sem descanso, acabaria desesperada, em horrível secura do coração; aquela que apenas se mantivesse genuflexa, estaria ameaçada de sucumbir pela paralisia e
ociosidade.
A oração ilumina o trabalho, e a ação é como um livro de luz na vida espiritualizada.
Cuida de teus deveres porque para isso permaneces no mundo, mas nunca te esqueças desse monte, localizado em teus sentimentos mais nobres, a fim de orares “à parte”, recordando o Senhor.
Livro "Caminho, Verdade e Vida"
Pelo Espírito Emmanuel
Francisco Cândido Xavier
O VALOR DA ORAÇÃO
A madrinha do Chico, por vezes, passava tempos entregue a obsessão. Assim é que, nessas fases, a exasperação dela era mais forte. Em algumas ocasiões, por isso, condenava o menino a vários dias de fome.
Certa feita, já fazia três dias que a criança permanecia em completo jejum. À tarde, na hora da prece, encontrou a mãezinha desencarnada que lhe perguntou o motivo da tristeza com a qual se apresentava.
— Então, a senhora não sabe — explicou o Chico — tenho passado muita fome. — Ora, você está reclamando muito, meu filho! — disse Dona Maria João de Deus — menino guloso tem sempre indigestão.
— Mas hoje bem que eu queria comer alguma coisa...
A mãezinha abraçou-o e recomendou:
— Continue na oração e espere um pouco.
O menino ficou repetindo as palavras do Pai Nosso e daí a instantes um grande cão da rua penetrou o quintal. Aproximou-se dele e deixou cair da bocarra um objeto escuro. Era um jatobá saboroso...
Chico recolheu, alegre, O pesado fruto, ao mesmo tempo em que reviu a mãezinha ao seu lado, acrescentando.
— Misture o jatobá com água e você terá um bom alimento.
E, despedindo-se da criança, acentuou:
— Como você observa, meu filho, quando oramos com fé viva até um cão pode nos ajudar, em nome de Jesus.
Livro Lindos Casos de Chico Xavier
Autor Ramiro Gama
Antes de desencarnar ela pediu ao bombeiro para escrever uma CARTA para a mãe e deixou todos em LÁGRIMAS!
MÃE
Fiz o que me pediu. Fui à festa, mãe.
Fui a uma festa e lembrei-me do que me disseste. Pediste-me que eu não bebesse álcool, né mãe.
Então, bebi uma apenas uma “Coca-Cola”.
Senti orgulho de mim mesma e do modo como me disseste que eu me sentiria e que não deveria beber e dirigir. Ao contrário do que alguns amigos me falaram.
Fiz uma escolha saudável e o teu conselho foi correto. Quando a festa finalmente acabou, o pessoal começou a dirigir sem condições. Então, fui para o meu carro, na certeza de que iria para casa em paz, mas eu nunca poderia esperar o que iria acontecer, agora estou deitada na rua e ouvi o polícia dizer:
"O rapaz que causou este acidente estava bêbado”, mãe, a voz parecia tão distante, o meu sangue está escorrendo por todos os lados e eu estou tentando viver com todas as minhas forças, estou tentando não chorar, posso ouvir os paramédicos dizerem: “A garota vai morrer.”
Tenho certeza de que o rapaz não tinha a menor ideia do que iria acontecer enquanto ele estava a toda velocidade, afinal, ele decidiu beber e dirigir e agora tenho que morrer!
Então por que as pessoas fazem isso, mãe? Sabendo que isto vai arruinar vidas? A dor está me cortando como uma centena de facas afiadas.
Diz à minha irmã para não ficar assustada, mãe, diz ao papai que ele seja forte e quando eu for para o céu escreva: “Menina do Pai” na minha sepultura, alguém deveria ter dito àquele rapaz que é errado beber e dirigir. Talvez se os seus pais tivessem dito, eu ainda estivesse viva.
Minha respiração está ficando cada vez mais fraca mãe, e estou ficando com medo, estes são os meus momentos finais e sinto-me tão desesperada. Eu gostaria que tu pudesses abraçar-me, mãe, enquanto estou esticada no chão e morrendo, eu gostaria de poder dizer que te amo, mãe!
Então, te amo muito, minha mãe, adeus…”
Estas palavras foram escritas por um repórter que presenciou o acidente. A jovem, enquanto agonizava, ia dizendo as palavras e o repórter ia anotando, muito chocado. Pois, este repórter iniciou uma campanha. Com este pequeno gesto pode fazer uma grande diferença.
Se esta MENSAGEM chegou até você, compartilhe! E não perca a oportunidade de conscientizar mais e mais pessoas.
Autor desconhecido
https://www.mensagemespirita.com.br/
|