A PREGUIÇA
Quem é que nunca, algum dia, sentiu aquela vontade de apenas ficar numa rede, sem fazer mais nada, deixando o tempo passar e a cabeça vaguear, sem o compromisso de pensar em problemas ou arquitetar ideias? Pois é, é a tal preguiça, que o dicionário diz que é aversão ao trabalho, negligência, indolência, moleza.
É claro, que se uma coisa dessas acontece em momentos de descanso, final de semana em casa, feriados e férias, faz parte do refazimento físico e mental, sem nenhuma culpa em cartório; porém se isso ocorre durante o serviço...cuidado!
A bondosa e sábia benfeitora Joanna de Ângelis diz que o homem que é inteligente e descobre através do Espiritismo os objetivos essenciais da reencarnação, livra-se das coisas superficiais e se liga mais no interesse pessoal nas questões que transcendem, e aí se renova e é feliz, aproveitando “ao máximo os tesouros tempo e oportunidade, valorizando o conhecimento pela sua bem dirigida aplicação”.
Preocupa-se a nobre benfeitora com a maioria aqui da Terra, que dormimos por dormir, por não se ter o que fazer. Outros dormem sob hipnose de mentes que misturam-se com suas mentes e impedem-lhes o estudo, a atenção, o trabalho. Dorme-se em reuniões edificantes e úteis, dormem no transporte, dormem no trabalho e até mesmo quando desencarnam, permanecem em estado de sono com os centros de consciência lesados.
E, amolentados entregam-se à preguiça que trabalha a indumentária que mata no corpo qualquer ideal em desenvolvimento e asfixia toda expressão de luta.
Lembra Joanna, que o espírito encarnado inoperante é prejuízo na economia social e concita-nos a despertar para a vida, exercitando membros e mente, trabalhando diligentemente, pois em qualquer lugar há oportunidades para quem gosta de trabalhar.
Ainda no trabalho, o empreguismo, o repouso, a facilidade, o amolentamento moral, são temperos que fazem a preguiça funcionar como ferrugem destruidora nas engrenagens do espírito, corroendo o homem.
O generoso benfeitor Miramez considera que “o trabalho é a força de Deus junto ao homem, capaz de harmonizar seu mundo interno e assegurar sua capacidade de servir com eficiência”.
São Luís em uma dissertação ditada à médium HermanceDufaux, registrada na Revista Espírita de 1858, conta que um senhor saiu de madrugada e foi à praça onde viu dois homens de braços cruzados, por não terem trabalho. Ele disse ao primeiro para tomar sua enxada e ir para o seu campo onde cortará a urze e revolverá o solo até que noite chegue. -- É trabalho duro, mas terás um bom salário.
O primeiro homem, agradecendo, seguiu com sua enxada para o campo. O segundo homem ouvindo tal convite pediu que também fosse aceito para o trabalho e seguiu também para o campo.
O primeiro homem, logo no começo do trabalho cansou e parou de trabalhar, ficando observando seu companheiro realizar a tarefa dele. À noite chegou o senhor e disse ao segundo homem, que ele trabalhara bem e pagou-lhe o salário. O outro se aproximou querendo também receber o salário, mas o senhor lhe disse: “Mau trabalhador, meu pão não acalmará tua fome, porque deixaste inculta a parte de meu campo que te haviaconfiado”.
Conclui São Luís que a força não foi dada ao homem, e a inteligência ao seu espírito, para que empregasse seus dias na ociosidade, mas para que seja útil aos seus semelhantes. Como as árvores infrutíferas serão cortadas por suas esterilidades, a vida do preguiçoso será posta de lado porque terá sido estéril em boas obras.
O famoso cantor e compositor Beto Guedes em sua música Amor de índio, num lindo poema, canta: “Sim, todo amor é sagrado, e o fruto do trabalho é mais que sagrado, meu amor...”
Crispim.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Revista Espírita 1858. Allan Kardec.
Espírito e Vida. Divaldo P. Franco/Joanna de Ângelis.
Plenitude Mediúnica. João Nunes Maia/Miramez.
NÃO DESANIME E SIGA EM FRENTE
É importante a tomada de posição diante da vida, porque, a rigor, é muito difícil fazer algo consistente sem muito trabalho e diria até muito sacrifício. Imaginem que tantas pessoas talentosas existiram no mundo e existem, no entanto, somente um pouquíssimo número delas consegue fazer alguma coisa que seja importante no contexto geral, porém, mesmo para aquele anônimo a sua tarefa é importante para ele e para o mundo.
A tarefa bem executada às vezes é projeto de milênios, disso não há a menor dúvida.
Por isso não crie problemas para a sua vida. Está a caminho e isso é que importa. Se hoje ainda não pode fazer algo importante, mesmo assim siga adiante na certeza que o seu desempenho será melhor amanhã, se trabalhar bem hoje.
Muitas pessoas esperam milagres; não sabem que eles não existem.
Também você não espere bons resultados sem muito trabalho, porque é do trabalho que nascem os grandes empreendimentos, como também as grandes idéias. Como pretende fazer algo importante, trabalhe com mais entusiasmo. Ofereça os seus recursos para o bem geral.
Se já tem se colocado à disposição para o trabalho do bem, isso é muito importante. Como também já passou por situação aflitiva por conta do bem que tem esperado dos outros.
Talvez não percebesse que ainda é um mero soldado e pode sonhar a ser general um dia, mas, no momento, precisa ser orientado para não mais manter uma atitude incorreta.
Não se limite pela falta de talento, mas com muito trabalho e dedicação pode construir algo. As grandes tarefas no mundo não foram isentas de grandes sacrifícios, por isso trabalhe mais, porque somente com esse empenho terá força para seguir adiante.
Se lhe fora informado que não esperasse milagres, porque eles não existem, trabalhe e confie que encontrará recursos que mais necessite para cumprir o seu compromisso que é de muita luta, e já está vivendo essa situação.
Não esqueça que ainda vai dizer que está vivendo aquele momento da tarefa que jurou realizar em qualquer lugar e a qualquer preço.
Olhos abertos no caminho que se descortina a sua frente. A tarefa ideal apenas começou. Não se exaspere, mas também não se entusiasme demais.
Terá a realidade sonhada com muito trabalho, mas não espere facilidade, a boa fase pode estar começando, por isso mais coragem..
Não desanime e siga em frente cheio de entusiasmo e de confiança em Deus.
Se porventura deseja progredir, trabalhe mais, pois o trabalho o tornará melhor. Por isso mesmo, não espere qualquer progresso sem trabalho, estude porque quem estuda faz melhor a tarefa que escolheu. Siga em frente.
Continue e vá em frente, com muito amor à causa do bem. Áulus.
Histórias Educativas
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
COMO AGIR MELHOR
A proposta de hoje é encontrar meios de agir da melhor maneira nas variadas circunstância do quotidiano.
Diante das dificuldades da vida, muita paciência e ao mesmo tempo diligência para que encontre a solução justa ao problema que o aflige.
Diante da dúvida recorra ao refúgio da oração, por é certo que ela clareia o raciocínio, mas movimente recursos para que possa tomar a decisão mais justa e convincente a sua trajetória evolutiva.
Diante dos problemas rotineiros, se possível simplifica ao máximo as exigências de cada dia a um patamar que tenha condições de resolver, porque caso contrário sempre será uma montanha de problemas a se acumular incessantemente sem solução.
Assim a prudência aconselha que seja imperioso tornar a vida mais dinâmica. Especialmente com mais praticidade, porque deve tirar um tempo para se dedicar a sua condição de espírito em trânsito pelos campos da Terra e através do estudo, da meditação e da prática da caridade em sua mais ampla expressão, adquirindo essa força interior para viver uma vida plena.
Diante da incompreensão dos outros, por mais que tente cumprir a sua parte sempre encontra criticas e reclamações. Aproveite essa situação e administre com sabedoria os seus problemas diários e se possível proceda às correções que se façam necessárias, porque assim fazendo, estará de certa forma, eliminando os problemas que poderá eclodir mais tarde.
Diante dos amigos da caminhada, muito amor e caridade, para não ferir a ninguém, aprendam a conviver com as diferenças, aceitando as pessoas como elas são e não deixando de ser você mesmo.
Diante das situações financeiras adversas, aja de tal forma que as despesas nunca suplantem os seus vencimentos. Porque com isso poderia gerar desequilíbrios, vindo a tirar-lhe a paz que desfruta, porque precisa dessa paz interior para pensar nas coisas mais importantes da vida. Assim que prudência em assuntos financeiros sempre é muito importante. Aliás, o equilíbrio em tudo é fundamental.
Aja sempre com sabedoria em seus compromissos. Não exija dos outros as tarefas que ainda não tem condição de executar, por nesse caso não estaria sequer em condição de dar ordens.
Respeite o próximo na sua condição subalterna para que ele não se deprima e perceba por si mesmo que deve agir de maneira equilibrada e sensata. Tratando com igualdade a todos, mas também respeito os superiores, se eles ali estão porque conquistaram esse espaço por méritos e necessita conviver com todos com harmonia.
Diante dos adversários não o tenha por alguém que lhe possa fazer-lhe algum mal, porque certamente no bem agindo no bem com total energia, logo perceberá ele sinta que não terá recursos para atingi-lo. Além de que, se ele com a possibilidade de declarar os seus defeitos, de certa forma estará ajudando-o a superar as suas deficiências.
Perdoar as ofensas é um passo importante, porque nesse ato estará pedindo perdão para si mesmo, assim tenha consciência de que podem existir momentos em que tenha lesado os outros. E por outro lado, é a oportunidade de lecionar humildade para si mesmo, pode retirar uma lição proveitosa para si e para os outros.
Vive num mundo de provas e expiações, por isso mesmo deve mudar certos fundamentos de sua vida, especialmente a sua maneira de agir, de ser mais respeitoso e manter mais responsabilidade e compromisso com a verdade. Fique sempre com Deus. Áulus.
Lições De Simplicidade
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
A NECESSIDADE DA EDUCAÇÃO
No tempo em que não existia a locomoção fácil na Terra, um grande rei simpatizou com fogoso cavalo de cores claras, da criação de sua casa; mas, ao desejá-lo para os serviços do palácio, foi assim informado pelo chefe das cavalariças:
— Majestade, este animal é vitima de muitas tentações. Basta que se movimente, de leve, para assustar-se e ocasionar desastres. Uma simples folha seca na estrada é razão para inúmeros coices.
O rei ouviu, atencioso, e afirmou que remediaria a situação.
No dia seguinte, mandou atrelá-lo a enorme carroça de limpeza, onde o cavalo se viu tão preso que não pôde fazer outros movimentos, além dos necessários.
Depois de algumas semanas, o monarca determinou fizesse ele o duro serviço dos burros, transportando cargas pesadíssimas.
A princípio, o animal se rebelava, escouceando o ar e relinchando fortemente; entretanto, foi tantas vezes visitado pelos gritos e pelos chicotes dos peões e tantos fardos suportou que, ao fim de algum tempo, era um modelo de mansidão e brandura, sendo colocado no serviço real, com grande
contentamento para o soberano.
Assim acontece conosco, na vida.
Destinados ao trabalho da Vontade de Deus, se vivemos entregues às tentações do mal, desobedientes e egoístas, determina o Senhor que sejamos confiados à luta e à provação, à dificuldade e ao sofrimento, os quais, pouco a pouco, nos ensinam a humildade e o respeito, a diligência e a doçura.
Depois de passarmos pelos variados processos de educação indispensável ao nosso burilamento, seremos então aproveitados, com êxito e segurança, nos serviços gerais da Bondade de Deus, junto de nossos irmãos.
Livro Pai Nosso
Francisco Candido Xavier
Pelo Espírito de Meimei
IMPERFEIÇÕES QUE AFASTAM OS BONS ESPÍRITOS
Na extensa comunidade de almas da Terra avultam, em maioria, as consciências ainda enfermiças, por moralmente endividadas com a Lei Divina; conseqüentemente, a maior parte das organizações medianímicas, no Planeta, não podem escapar a essa regra. Mais de dois terços dos médiuns do mundo jazem, ainda, nas zonas de desequilíbrio espiritual, sintonizados com as inteligências invisíveis que lhes são afins. Sendo assim, não se pode esquecer que a [...] mediunidade é uma energia peculiar a todos, em maior ou menor grau de exteriorização, energia essa que se encontra subordinada aos princípios de direção e à lei do uso, tanto quanto a enxada que pode ser mobilizada para servir ou ferir, conforme o impulso que a orienta, melhorando sempre, quando em serviço metódico, ou revestindo-se de ferrugem asfixiante e destrutiva, quando em constante repouso.
As imperfeições morais são, assim, as portas que permitem o acesso aos maus Espíritos. As que mais se evidenciam são: [...] o orgulho, o egoísmo, a inveja, o ciúme, o ódio, a cupidez, a sensualidade e todas as paixões que escravizam o homem à matéria. [...] A que, porém, eles exploram com mais habilidade é o orgulho, porque é a que a criatura menos confessa a si mesma.
O orgulho tem perdido muitos médiuns dotados das mais belas faculdades e que, se não fora essa imperfeição, teriam podido tornar-se instrumentos notáveis e muito úteis, ao passo que, presas de Espíritos mentirosos, suas faculdades, depois de se haverem pervertido, aniquilaram-se e mais de um se viu humilhado por amaríssimas decepções. O orgulho, nos médiuns, traduz-se por sinais inequívocos, a cujo respeito tanto mais necessário é se insista, quanto constitui uma das causas mais fortes de suspeição, no tocante à veracidade de suas comunicações. Começa por uma confiança cega nessas mesmas comunicações e na infalibilidade do Espírito que lhas dá. Daí um certo desdém por tudo o que não venha deles: é que julgam ter o privilégio da verdade. O prestígio dos grandes nomes, com que se adornam os Espíritos tidos por seus protetores, os deslumbra e, como neles o amor próprio sofreria, se houvessem de confessar que são ludibriados, repelem todo e qualquer conselho; evitam-nos mesmo, afastando-se de seus amigos e de quem quer que lhes possa abrir os olhos. Se condescendem em escutá-los, nenhum apreço lhes dão às opiniões, porquanto duvidar do Espírito que os assiste fora quase uma profanação. Aborrecem-secom a menor contradita, com uma simples observação crítica e vão às vezes ao ponto de tomar ódio às próprias pessoas que lhes têm prestado serviço. Por favorecerem a esse insulamento a que os arrastam os Espíritos que não querem contraditores, esses mesmos Espíritos se comprazem em lhes conservar as ilusões, para o que os fazem considerar coisas sublimes as mais polpudas absurdidades.
Assim, confiança absoluta na superioridade do que obtém, desprezo pelo que deles não venha, irrefletida importância dada aos grandes nomes, recusa de todo conselho, suspeição sobre qualquer crítica, afastamento dos que podem emitir opiniões desinteressadas, crédito em suas aptidões, apesar de inexperientes: tais as características dos médiuns orgulhosos.
Devemos também convir em que, muitas vezes, o orgulho é despertado no médium pelos que o cercam. Se ele tem faculdades um pouco transcendentes, é procurado e gabado e entra a julgar-se indispensável. Logo toma ares de importância e desdém, quando presta a alguém o seu concurso. É necessário, portanto, fugir [...] aos perigos que ameaçam a mediunidade, como sejam a ambição, a ausência de autocrítica, a falta de perseverança no bem e a vaidade com que se julga invulnerável. O medianeiro carrega consigo os maiores inimigos de si próprio.
ESDE
2008
PSICOGRAFIA
Querida mamãe, querido papai!...
Hoje, graças a Deus consegui fazer essa ligação, minha querida mãe e meu querido pai, peço que não chorem tanto, porque eu não morri, mas continuo vivo como antes, o que não podem é continuar a acusar a Deus ou os outros pelo acontecido, por esta suposta ausência, afinal, estou consciente de que esta situação foi a melhor opção para mim, porque vocês não sabiam a enorme encrenca que estava metido, porém, seus corações generosos seriam incapazes de compreender, que eu pudesse estar numa situação comprometedora, pelo excesso de facilidades que tinha, pois nunca tivera preocupação nem de estudar, nem de trabalhar de verdade, e sobrava tempo livre para pensar em tantas coisas que não condiz com as atitudes de um homem de bem, que sempre procurou passar para mim, pois se não tinha uma ocupação definida, sempre encontrava companhias com idênticas tendências e com isso formava um elo muito forte, gerando conflitos de toda ordem, ou porque por falta de manter a cabeça ocupada em coisas úteis, ou por falta de responsabilidade dentro do lar. Naturalmente eu nunca perdi a educação social e tratar bem os outros, mas a verdade que estava destruindo a mim mesmo, sem saber e porque não conseguia me libertar de certas companhias e não tive coragem de contar a vocês, porque sabia da imensa dor que causaria aos seus corações generosos e mesmo porque não podia fugir das garras do maldito vício, que aos poucos ia minando minha saúde, até que naquele dia aconteceu aquele acidente fatal, mas não creia que existia culpado de verdade, nem guarde rancor no coração, porque o meu retorno a vida espiritual, já se fazia urgente, e naquela hora se apresentou a ocasião favorável, a fim de que não viesse a se comprometer mais ainda, perante as leis dos homens e de Deus, de forma que conquanto uma situação dolorosa, mas que no fundo ainda representou um atalho para que um mal maior não acontecesse. Assim que peço mais uma vez, enxuguem as lágrimas, olhem para frente e tenham confiança em Deus, embora reclame minha presença física, isto poderia ser um pesadelo para vocês, se me demorasse mais, assim é que peço que sorriam, otimismo, muita alegria para espantar a tristeza.
Naquele dia pela manhã não saíra de casa, pensei profundamente em minha vida, desde minha infância, na casa da vovó, na adolescência e até na idade adulta, o que fizera realmente? Como o tempo passou depressa, pensei, e conclui que está última fase de minha vida não fora boa, justamente por causa do tal maldito vício, quando me dei por mim, me perguntei, ora, porque estou pensando essas coisas tão sem sentido. E fui colocar uma música para tocar e pensar em outras coisas.
Então mais tarde naquele cruzamento, em que ambos os motoristas foram imprudentes, um porque quis aproveitar o sinal e o outro por se antecipar, não tendo ambos paciência que poderia ter tornado a história diferente, mas tinha chegado a hora do retorno e sempre haveria um pretexto para que tal se desse, de maneira que tudo foi cumprido, conforme o estabelecido.
Fui violentamente arrancado do corpo, em seguida sentia como se flutuasse acima do asfalto, sentia um profundo zumbido nos ouvidos e a vida parece que começou a andar em câmara lenta, gritava para que socorresse os feridos, mas parece que ninguém me ouvia, ou só lentamente fui percebendo o que aconteceu, apesar dos apelos só mais tarde percebi a viatura da polícia estava chegando, e alguns populares socorreram os feridos, diante daquele tumulto que todos falavam, levei um tremendo susto quando me deparei com meu corpo, se fora possível desmaiaria tal o choque que sofrera. Quis gritar mas os meus gritos ficaram sufocados na garganta, tal o impacto que levara. Meu desespero aumentou quando a senhora chegou, minha mãe e gritou: “meu filho morreu”, aquilo foi como uma punhalada no meu peito.
Somente mais tarde, por uma voz conhecida fui convidado para se retirar para um outro local, disse-me, ela. Você precisa de repouso, está muito cansado, realmente estava exausto, aquele dia fora demais de complicado para minha cabeça, de forma que obedeci aquela ordem, mesmo porque não sabia o que fazer. Não sabia onde estava. Às vezes pensava que estava em casa, outro num local desconhecido, só que aquela perturbação perdurou por muitos dias, só aos poucos fui percebendo o que realmente se passou e pude me certificar de muitos pormenores, que de outra feita prometo contar, mas por hora é só, porque meu tempo esgotou, e quero dar esse pequeno aviso e rogar que me perdoe, que não chore mais por mim, eu estou bem.
Um grande abraço do filho que muito os ama e que espera vê-los cada dia melhor e confiantes em Deus e na vida.
Um grande abraço aos pais queridos.
Augusto
OS TRÊS ESTÁGIOS
RICHARD SIMONETTI
Desde Freud, as doutrinas psicológicas aprofundam a idéia de que é preciso cuidar da mente, pôr ordem na casa mental para que sejamos felizes.
De fato, pensamento ajustado é o caminho para que vivamos em paz, ainda que convivendo com problemas e dificuldades, dores e dissabores.
O Espiritismo nos ajuda nesse particular, oferecendo-nos explicações claras e objetivas sobre os porquês da vida, envolvendo família, profissão, sociedade, saúde...
Tudo tem sua razão de ser.
Familiares difíceis são testes de paciência.
Doenças e limitações físicas são válvulas de escoamento de impurezas espirituais.
Dificuldades profissionais são desafios.
Tudo obedece a mecanismos de causa e efeito, em que colhemos hoje o que semeamos ontem.
Se não identificamos nesta existência nada que justifique nossas dificuldades, certamente haverá em vidas anteriores.
Delas não nos recordamos para evitar uma superposição de experiências passível de nos confundir e perturbar.
Em O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo VIII, item 7, Kardec comenta os três estágios em que podemos nos situar, de acordo com o que pensamos.
Há aquele que sequer concebe a idéia do mal.
Não julga, não critica, não cobiça, não inveja, não se exalta, não se mortifica…
É alguém sintonizado com os ritmos do Universo, Espírito superior, capaz de só pensar o Bem, em plena sintonia com as fontes da vida.
Quando um Espírito assim reencarna, nunca passa despercebido, embora sem nenhuma intenção de aparecer, porquanto a virtude é uma luz impossível de não ser observada.
Dizia Mahatma Gandhi, que jamais perdoou seus adversários, porque, segundo ele, nada tinha a perdoar, nunca se sentira ofendido: A nossa natureza está enclausurada a ver só o mal no adversário, a atribuir-lhe sempre o mal, e mesmo o mal que não existe.
O mal que vemos nele depende quase sempre do nosso modo apressado e mesquinho de ver o homem.
Madre Teresa de Calcutá, a extraordinária missionária do Cristo, cuja vida foi um hino à bondade, ao empenho de servir, dizia: Se você julga as pessoas, não tem tempo para amá-las.
Em oração, pedia:
Deus adorado, faça-me dar valor à dignidade de minha mais alta vocação de servir às suas responsabilidades. Jamais permita que eu a desgrace doando frieza, indelicadeza ou impaciência.
Vemos no próximo o que há em nós.
Espíritos bons detêm-se no Bem.
Espíritos maus vêem Mal. Estes estão no outro extremo, no estágio oposto, segundo Kardec. Alguns exemplos:
• O indivíduo empolgado por fantasias eróticas, envolvendo respeitáveis mulheres.
• A esposa que cultiva forte ressentimento contra o marido que dela se separou.
• O subordinado que odeia seu superior, sorrindo-lhe com os lábios, amaldiçoando-o com o pensamento.
• O político que cogita de negociatas para pagar suas despesas de campanha.
• O homem comum que pensa em exercitar o jeitinho brasileiro para tirar vantagem em alguma atividade.
Pessoas assim fixam-se tanto em seus devaneios que acabam influenciadas por Espíritos inferiores que exacerbam seus sentimentos e as levam a um comportamento comprometedor.
Entre esses dois extremos, na exposição de Kardec, situa-se o religioso que leva a sério seus princípios e que, não obstante experimentar ímpetos semelhantes aos citados, sempre os combate com veemência, travando intensa luta íntima.
Não é fácil.
Não dá para afirmar:
– A partir de agora, somente bons pensamentos terão acesso à minha tela mental.
Dizem os Mentores espirituais que contra as gotas de luz do presente há oceanos trevosos do passado.
E o apóstolo Paulo, afirma (Epístola aos Romanos, 7:19):
Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse faço.
Não há mágica capaz de eliminar de pronto esses aspectos negativos de nossa personalidade.
É preciso insistir nos bons propósitos. Diz Jesus (Mateus, 24:13):
Aquele que perseverar até o fim será salvo.
Entenda-se aqui a salvação não no sentido escatológico, de destino final, porquanto, ainda que demande milênios sem conta, seremos todos Espíritos puros e perfeitos, habilitados à felicidade em plenitude, em plena harmonização com a vida universal.
Somos filhos de Deus, que nos criou para a perfeição, e lá chegaremos mais cedo ou mais tarde, porquanto essa é a Sua vontade soberana, que não falha jamais.
A perseverança nos bons propósitos vai nos salvar de nós mesmos, de nossas tendências inferiores, de nossos maus pensamentos, favorecendo um caminhar mais tranqüilo e seguro, rumo à gloriosa destinação.
As técnicas de meditação oriental envolvem um treino de esvaziamento mental para assimilação das energias cósmicas. Para tanto a pessoa deve fixar-se num determinado ponto, a respiração, por exemplo, mantendo o pensamento preso nos movimentos de inspiração e expiração.
Os iniciantes sentem dificuldade, porquanto, como um potro rebelde, o pensamento recusa-se a permanecer aprisionado nos limites de uma imagem.
A solução é o treinamento, a insistência, a perseverança…
O mesmo acontece em relação à natureza de nossos pensamentos.
Temos dificuldade em sustentar apenas o Bem em nosso universo íntimo.
Se perseverarmos, conseguiremos.
Hoje, alguns minutos; amanhã um pouco mais, e sempre mais, até chegarmos à plenitude do tempo.
A auxiliar-nos nesse propósito, o Evangelho.
Estudar as lições de Jesus em profundidade, de forma a que possamos considerar, no desdobramento das horas, ante os pensamentos que surgem:
– Pensaria assim Jesus?
Se a resposta for negativa, será oportuno mudar o pensamento.
Nesse propósito, dois recursos maravilhosos:
• A oração. Buscar Jesus.
Se o pensamento se transvia, a oração o trará de volta ao bom senso.
Em princípio haveremos de chamar por Jesus o tempo todo, exprimindo nossa incapacidade de manter o pensamento reto.
Com perseverança, o chamaremos sempre menos, na medida em que, superando nossas mazelas mentais, estivermos cada vez mais perto dele.
• O Bem. Vivenciar Jesus.
O sacrifício dos interesses pessoais em favor do próximo, a marca inconfundível dos discípulos autênticos, é a tranca inviolável com a qual fechamos nossa intimidade às incursões do mal.
Resumindo, leitor amigo, situemos a casa mental como um jardim que desejamos ver enfeitado de coloridas borboletas, a simbolizarem tranqüilidade e beleza.
O segredo, explica Mário Quintana, não é correr atrás delas. É cuidar do jardim para que elas venham até nós.
Reformador
Março 2007
MORTE OU DESENCARNAÇÃO?
Dalva Silva e Souza (ES)
A morte é um fenômeno natural, uma simples transição de um espaço dimensional para outro, porque, como disse Lavoisier, “nada se perde e tudo se transforma”. Para entender o fenômeno da morte será necessário saber que há um corpo que sobrevive ao fenômeno e tem recebido diferentes nomes: perispírito, psicossoma, corpo espiritual e outros.
O termo perispírito foi criado por Allan Kardec, que afirmou estar a alma envolvida por uma substância vaporosa aos nossos olhos, mas bastante grosseira nas dimensões espirituais1. Quando o corpo físico morre, o perispírito se desprende e, com ele, a consciência que animava aquele corpo, por isso, nos meios espíritas, o termo utilizado para falar da morte é desencarnação, isto é, com a morte do corpo, o espírito sai da carne, mas não deixa de viver.
O corpo físico é o mais transitório, impermanente e ilusório elemento de todas as partes que compõem o ser, pois, a cada segundo, está mudando. O interessante em todas essas mudanças é que a identidade física não se modifica. Esse é o grande desafio que a ciência tenta compreender com profundidade.
Por ocasião da morte, o perispírito se desprende mais ou menos lentamente do corpo, e o espírito não encontra explicação para a situação em que se acha. Crê não estar morto, porque se sente vivo; vê a um lado o corpo, sabe que lhe pertence, mas não compreende que esteja separado dele, até porque o perispírito reproduz a aparência do corpo físico que morreu. Essa situação pode ter duração breve ou prolongada. Assim, quando o ser é libertado do corpo denso, tudo, a princípio, é confuso. Há necessidade de algum tempo para se localizar. A lucidez das ideias e a memória do passado lhe voltam, à medida que se apaga a influência da matéria que acaba de abandonar e que se dissipa a espécie de névoa que lhe obscurece os pensamentos2.
Kardec explica que a perturbação que se segue à desencarnação nada tem de penosa para o homem de bem, que se conserva calmo, como alguém que acompanha as fases de um tranquilo despertar. Para aquele cuja consciência ainda não está pura, contudo, a perturbação é cheia de ansiedade e de angústias que aumentam, à proporção que se compenetra da situação. Desencarnar é, pois, retirar-se do mundo conhecido da matéria e projetar-se num outro cujas leis não conhecemos bem, mesmo com as informações detalhadas que o Espiritismo nos tem oferecido.
Precisamos, pois, preparar-nos para viver esse momento, que chegará inexoravelmente. O estudo mais profundo do Espiritismo e um trabalho consistente de meditação podem levarnos a compreender o que significa estar fora do espaço/tempo que caracteriza o mundo material, preparando-nos para a desencarnação.
Milhares de teorias têm induzido o homem a pensar na morte como uma separação defi nitiva da vida, mas, do que podemos deduzir dos estudos espíritas, todos nós somos vivos/mortos ou mortos/vivos, e é o pensamento que constrói a realidade de cada um3
Se o amor é a força que move o Universo e nos faz fi lhos de Deus, que é amor em toda a parte, atendamos ao preceito evangélico de amar a Deus e ao próximo, para garantir que, ao nos desvestirmos da carne, estaremos revestidos da condição primordial garantidora da verdadeira paz.
Dalva Silva e Souza é escritora e expositora espírita, e Vice-presidente da Federação Espírita do Estado do Espírito Santo.
Referências:
1 - KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 47 ed. Rio de Janeiro: FEB, 1979. q. 93.
2 ____. O céu e o inferno ou a justiça divina segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 25 ed. Rio de Janeiro: FEB, 1978. Capítulo I.
3 - BRANDÃO, Leila; SOUZA, Dalva & GUIDA, Cylene. A morte não é bem assim. Rio de Janeiro: CELD, 2009.
Revista Cultura Espírita
2012
JESUS VEIO
“Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens.” — Paulo. (FILIPENSES, capítulo 2, versículo 7.)
Muitos discípulos falam de extremas dificuldades por estabelecer boas obras nos serviços de confraternização evangélica, alegando o estado infeliz de ignorância em que se compraz imensa percentagem de criaturas da Terra. Entretanto, tais reclamações não são justas.
Para executar sua divina missão de amor, Jesus não contou com a colaboração imediata de Espíritos aperfeiçoados e compreensivos e, sim, “aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens”.
Não podíamos ir ter com o Salvador, em sua posição sublime; todavia, o Mestre veio até nós, apagando temporariamente a sua auréola de luz, de maneira a beneficiar-nos sem traços de sensacionalismo.
O exemplo de Jesus, nesse particular, representa lição demasiado profunda.
Ninguém alegue conquistas intelectuais ou sentimentais como razão para desentendimento com os irmãos da Terra.
Homem algum dos que passaram pelo orbe alcançou as culminâncias do Cristo. No entanto, vemo-lo à mesa dos pecadores, dirigindo-se fraternalmente a meretrizes, ministrando seu derradeiro testemunho entre ladrões.
Se teu próximo não pode alçar-se ao plano espiritual em que te encontras, podes ir ao encontro dele, para o bom serviço da fraternidade e da iluminação, sem aparatos que lhe ofendam a inferioridade.
Recorda a demonstração do Mestre Divino.
Para vir a nós, aniquilou a si próprio, ingressando no mundo como filho sem berço e ausentando-se do trabalho glorioso, como servo crucificado.
Livro "Caminho, Verdade e Vida"
Pelo Espírito Emmanuel
Francisco Cândido Xavier
O ANJO BOM
Dois anos de surras incessantes.
Dois anos vivera o Chico junto da madrinha.
Numa tarde muito fria, quando entrou em colóquio com Dona Maria João de Deus, Chico implorou:
— Mamãe, se a senhora vem nos ver, porque não me retira daqui?
O Espírito carinhoso afagou-o e perguntou:
— Por que está você tão aflito? Tudo, no mundo, obedece à vontade de Deus.
— Mas a senhora sabe que nos faz muita falta...
A Mãezinha consolou-o e explicou:
— Não perca a paciência. Pedi a Jesus para enviar um anjo bom que tome conta de vocês todos.
E sempre que revia a progenitora, o menino indagava:
— Mamãe, quando é que o anjo chegará?
— Espere, meu filho! — era a resposta de sempre.
Decorridos dois meses, o Sr. João Cândido Xavier resolveu casar-se em segundas núpcias. E Dona Cidália Batista, a segunda esposa, reclamou os filhos de Dona Maria João de
Deus, que se achavam espalhados em casas diversas.
Foi assim que a nobre senhora mandou buscar também o Chico. Quando a criança voltou ao antigo lar contemplou a madrasta que lhe estendia as mãos.
Dona Cidália abraçou-o e beijou-o com ternura e perguntou:
— Meu Deus, onde estava este menino com a barriga deste jeito?
Chico, encorajado com o carinho dela, abraçou-a também, como o pássaro que sentia saudades do ninho perdido.
A madrasta bondosa fitou-o bem nos olhos e indagou:
— Você sabe quem sou, meu filho?
— Sei sim. A senhora é o anjo bom de que minha mãe já falou...
E, desde então, entre os dois, brilhou o amor puro com que o Chico seguiu a segunda mãe, até à morte.
Livro Lindos Casos de Chico Xavier
Autor Ramiro Gama
FINADOS
Os Espíritos acodem nesse dia [finados] ao chamado dos que da Terra lhes dirigem seus pensamentos, como o fazem noutro dia qualquer (LE, 321).
De acordo com alguns historiadores, o dia consagrado aos mortos originou-se dos antigos povos da Gália (atual França), os quais, então conhecedores da indestrutibilidade do ser, honravam os Espíritos e não os cadáveres, como, infelizmente, se faz na atualidade.
Esse dia, popularmente chamado de “finados”, é uma tradição mundial, cuja origem se perde na noite dos tempos, e que revela a intuição do homem sobre a imortalidade da alma. Finado é o particípio passado do verbo “finar”, que significa o indivíduo que morreu, findou, faleceu.
Trata-se de uma cultura adotada por todos os povos e quase todas as religiões. Esteve inicialmente muito ligada, na Antiguidade, aos cultos agrários ou da fertilidade. Acreditava-se que os mortos, como as sementes, eram enterrados com vistas à ressurreição. Em vista disso, o primitivo dia de finados era festejado com banquetes e orgias perto dos túmulos, costume disseminado em várias civilizações do passado.
Após a morte do tirano Mausolo, rei de Cária, antiga região da Ásia Menor (377 a 353 a.C.), sua esposa Artemísia determinou a construção de um enorme edifício, ricamente enfeitado, para abrigar o corpo do soberano. Esta construção ou monumento funerário é considerado uma das maravilhas do mundo antigo, dentre as quais despontam as Pirâmides do Egito, que até hoje constituem morada dos restos mortais dos antigos faraós.
Daí surgiu a palavra mausoléu para identificar os sepulcros de grandes proporções.
Entretanto, somente no final do século X é que foi oficializado pela Igreja de Roma o “culto aos mortos”, com o nome de “finados”, destinado precisamente aos Espíritos que estariam no “purgatório”.
Para o Espiritismo, este é um dia como qualquer outro, uma vez que a ida ao cemitério é a representação exterior de um fato íntimo. As pessoas que visitam um túmulo manifestam, por esse costume, que pensam no Espírito ausente, embora muitas o façam apenas para se desincumbir de mais uma “obrigação social” no calendário humano.
Para homenagear o ente querido que partiu antes de nós, não é preciso, necessariamente, ir a cemitérios, via de regra repleto de túmulos caiados, tétricos e poídos, porque lá repousa apenas o envoltório do Espírito (corpo físico).
O que sensibiliza o Espírito não é propriamente a visita à sepultura, mas a lembrança fraterna e a prece sincera daquele que ficou na Terra, o que pode ser feito a qualquer momento e em qualquer lugar. Por isso, o dia de finados não é mais importante, para os desencarnados, do que outros dias. A diferença entre o dia de finados e os demais dias é que, naquele, mais pessoas chamam os Espíritos pelos pensamentos.
O costume de as famílias sepultarem os restos mortais de seus membros em um mesmo lugar é útil do ponto de vista material, entretanto, para as Leis Divinas, essa cultura nenhum valor tem, do ponto de vista moral, a não ser tornar mais concentradas as recordações dos parentes.
O Espírito que atingiu um determinado grau de perfeição, despojado que se encontra das vaidades terrenas, compreende a inutilidade dos funerais pomposos, que servem mais aos que ficam do que aos que partiram.
Muitas vezes, o Espírito assiste ao seu próprio velório, não sendo raro as decepções que experimenta, ao se defrontar com alguns visitantes falando mal do “extinto”, contando piadas ou em conversas sobre negócios regadas a bebida alcoólica, sem qualquer respeito pela memória do recém-desencarnado. Mais decepcionado este fica, ainda, quando assiste às reuniões dos herdeiros, disputando, em brigas acirradas, a divisão dos bens do espólio.
As imagens e evocações das palestras dos presentes incidem sobre a mente do recém-desencarnado, o qual, na maioria das vezes, por ausência de preparo espiritual e desconhecimento das Leis Naturais, embora morto biologicamente, ainda não se desligou, mentalmente, dos despojos, o que lhe traz muito sofrimento, inclusive sensações desagradáveis, perturbações e pesadelos, dificultando ainda mais o seu desenlace (ver, no it. 7.4.7, a diferença entre desencarnação e morte biológica). O fato é que a menção do nome do próprio falecido e de outros mortos transforma-se em verdadeira invocação, atraindo-os ao ambiente em que nos encontramos (consultar cap. 14, da obra Obreiros da vida eterna, do autor espiritual
André Luiz, psicografado por Francisco Cândido Xavier, um caso prático de evocação inconsciente ocorrido num velório).
Qual, então, deve ser a nossa conduta, nessas ocasiões? A mesma postura de respeito que devemos ter para com qualquer pessoa encarnada. Uma prece sincera, um pensamento simples, mas bondoso, endereçado aos entes que partiram, valem mais do que mil coroas de flores e solenidades fúnebres.
Todavia, não nos esqueçamos de que mais importante não é o comportamento nosso na hora da desencarnação de um ente querido, ou no momento de nossa própria morte física, mas sobretudo a conduta que devemos ter durante toda a nossa existência física, pois que, sendo Espíritos imortais, nossa vida é uma constante preparação para a morte, razão pela qual é preciso viver bem para morrer bem.
Do livro: Espiritismo passo a passo com Kardec
Autor: Christiano Torchi
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