"Luzes do Amanhecer"

Fundado em 16/07/1996 publicado 02/02/2006
JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA - ANO XIII - N. 155 * Campo Grande/MS * Dezembro de 2018.
EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
Rua Colorado n o 488, Bairro Jardim Canadá, CEP 79112-480, Campo Grande-MS.

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        Não se exaspere quando as tarefas estejam complicadas, mas prossiga, remova os obstáculos, porque o aprendizado às vezes é longo e difícil, mas é o caminho que o levará ao sucesso.

 

FILHO PRÓDIGO

 

            Ajude-o a olhar o mundo com olhos de amor, porque já sofreu demais, sem atinar que muitas vezes estava agindo contra si mesmo, quando feria o próximo.
            Se muitas vezes em seus momentos de insanidade, quando se deixou dominar- pela cólera, não sabia, pobre criatura, que estava provocando sua própria ruína.
            É verdade que muitas vezes sentiu que se afastava do foco do incêndio das paixões, a fim de que não sofresse mais, porém cego às evidências de seus resultados, deixava-se levar pelos impulsos do momento para sofrer depois. Somente hoje pode compreender que muitas vezes a lógica demonstrava que não podia agir daquela maneira, especialmente quando se deixava dominar pelo orgulho, pela vaidade e pela ambição.
            Quantos momentos de total descontrole emocional, em que buscava um consolo para seu coração atormentado, sem consultar a razão, mas finalmente como a chuva de verão e pôde vislumbrar um mundo mais venturoso.
            É verdade que em muitos momentos de sua vida, não observou a regra mais simples de amor ao próximo, mas sequer desejou movimentar recursos para suprir ideias que ignorava, mas o resultado já podia avaliar que fora um completo fracasso.
            Outras vezes deixou de considerar os bons exemplos, tomando atitudes equivocadas, sem seguir uma lógica mais simples.
            Quanta vez deixou se dominar pelo orgulho, não percebia o papel ridículo que estava fazendo, mas também passaram esses momentos de insensatez, em que via de maneira irreal e ilusória o mundo que o cercava, em verdade eram os seus pensamentos.
            Em quantos momentos poderia ter feito alguma coisa útil, buscando avaliar com mais cuidado o que estava fazendo da vida, mas seus pensamentos vagavam em outra direção.
            Equívocos em que deplorava, muitas vezes sem saber o rumo certo, porque foi capaz de raciocinar com sabedoria naqueles de momentos de incompreensão.
            Os dias escoaram-se em noites escuras sem encontrar solução para os problemas que ensombraram as suas noites sem sono.
            Somente hoje voltou como aquele filho pródigo, sem entrar no clima da realidade, mas cabisbaixo e envergonhado, volta ao antigo lar para pedir perdão, quantas atitudes equivocadas, quando estava tudo a favor, mas não lembrou de consultar o coração diante de suas reais necessidades, pois que cansou de sofrer e volta ao antigo lar com o coração apreensivo, sem jeito sobe a rampa que dá acesso ao lar verdadeiro.

Histórias Educativas
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes


PÉROLAS ESPIRITUAIS

 

            A proposta de Jesus ao mundo é de exclusivo interesse dessa imensa platéia chamada Humanidade.
            Assim que quando manda “amar os inimigos, fazer bem aos que nos tem ódio, e orar pelos que nos perseguem e caluniam”. Está estabelecendo uma ponte para que não nos percamos na onda do desequilíbrio emotivo e esqueçamos o foco dos nossos reais interesses.
            Mesmo porque aquelas pessoas que por qualquer motivo nos põem à prova, com certeza são  aquelas criaturas que no passado também ferimos. Ás vezes espoliamos dos seus mais caros afetos, prejudicamos em seus interesses materiais, ou qualquer dano que de alguma forma ou de outra tenhamos participado.
            Portanto, desta feita deve-se manter a prudência para não agravar essa e situação complicada do passado, ou não se resolver absolutamente nada. Porque a bem da verdade ninguém é inocente nessas crises de sofrimentos porque passa, de constrangimento moral, das misérias, das dificuldades. Muitas vezes são os inimigos de outras épocas a quem lesamos e hoje simplesmente estão cobrando a conta atrasada e a maneira mais fácil de resolver essa questão é pagar até o último centavo, neste caso, finalmente estaremos livre.
            Quando ensina a prudência de que quando “formos convidados para um banquete”, lá chegando tomássemos os primeiros assentos para não ferir o nosso orgulho. Pois ocupando os primeiros lugares o dono da festa querendo honrar outra pessoa, pedisse para que ocupássemos um lugar mais ao fundo.
            Evitando dessa forma algum constrangimento porque muitas vezes não temos ainda as condições morais para sentar-nos num lugar de destaque, porque certamente não estamos preparados para lá estar. E Ele, o divino Amigo, tentando preservar-nos de uma queda, sugeriu-nos que ocupássemos os últimos lugares.
            Porque caso o dono da casa decida honrar por merecimento a alguém para que tome um assento mais a frente com base nos recursos que já houvesse conquistado e mesmo porque não teríamos condições de sustentar aquela posição, em tudo se observa uma sabedoria admirável é uma previdente alternativa.
            Se alguém exige que ande uma milha, ande duas, isto quer dizer que se alguém chegou a tomar determinadas atitudes é porque de uma forma ou de outra, devemos alguma coisa a alguém. Assim ele sugerindo que andássemos duas milhas, é para que aquela questão fosse completamente resolvida.
            Quando encarece necessidade de amar ao próximo como a si mesmo, coloca como um parâmetro o amor e que deve amar ao próximo como a mais alta possibilidade ao Espírito encarnado. Porque é a atitude de mais alta distinção de nossa parte e nossa mais alta conquista nestes campos da Terra, porque é o patamar mais elevado com que Jesus propõe e acima de todas as considerações humanas.
            Assim quando sugere aquele que quiser ser o primeiro, faça-se o servidor de todos, ou aquele que quiser ser o maior, faça-se escravo, é uma medida de extrema prudência. Porque as ilusões das alturas do mundo material, dos valores amoedados, do poder das ilusões da fama, são extremamente perigosas, pois que é a maneira mais fácil de cair.
            Enquanto se colocar na condição da humilde servidor, coloca-se numa posição de que não tem como cair, pois que se coloca rente ao chão, e será o maior recurso para garantir-nos quanto às quedas espetaculares que dificultam a nossa ascensão ao um mundo mais feliz.
            Assim que têm todas as circunstâncias do caminho Jesus indica à base de conduta mais adequada a felicidade a todos os seus tutelados as bases mais confiáveis em que se podem apoiar todos àqueles que aspiram a uma vida mais feliz.
            A um companheiro muito experiente nas lides espíritas alguém lhe perguntou um dia se ele nunca havia caído. Respondeu que nunca havia caído, porque nunca havia se levantado.
            Fique com Deus.

Lições De Simplicidade
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes

 

A TENTAÇÃO DO REPOUSO

 

            Num campo de lavoura, grande quantidade de vermes desejava destruir um velho arado de madeira, muito trabalhador, que lhes perturbava os planos e, em razão disso, certa ocasião se reuniram ao redor dele e começaram a dizer:
            — Por que não cuidas de ti? Estás doente e cansado...
            — Afinal, todos nós precisamos de algum repouso ...
            — Liberta-te do jugo terrível do lavrador!
            — Pobre máquina! A quantos martírios te submetes!...
            O arado escutou... escutou... e acabou acreditando.
            Ele, que era tão corajoso, que nem sentia o mais leve incômodo nas mais duras obrigações, começou a queixar-se do frio da chuva, do calor do Sol, da aspereza das pedras e da umidade do chão.
            Tanto clamou e chorou, implorando descanso, que o antigo companheiro concedeu-lhe alguns dias de folga, a um canto do milharal.
            Quando os vermes o viram parado, aproximaram-se em massa, atacando-o sem compaixão.
            Em poucos dias, apodreceram-no, crivando-o de manchas, de feridas e de buracos.
            O arado gemia e suspirava pelo socorro do lavrador, sonhando com o regresso às tarefas alegres e iluminadas do campo...
            Mas, era tarde.
            Quando o prestimoso amigo voltou para utilizá-lo, era simplesmente um traste inútil.
            A história do arado é um aviso para nós todos.
            A tentação do repouso é das mais perigosas, porque, depois da ignorância, a preguiça é a fonte escura de todos os males.
            Jamais olvidemos que o trabalho é o dom divino que Deus nos confiou para a defesa de nossa alegria e para a conservação de nossa própria saúde.

Livro Pai Nosso
Francisco Candido Xavier
Pelo Espírito de Meimei

 

QUALIDADES QUE O MÉDIUM ESPÍRITA DEVE DESENVOLVER
PARA OBTER ASSISTÊNCIA DOS BONS ESPÍRITOS

 

            Faz-se mister que todos os Espíritos, vindos ao planeta com a incumbência de operar nos labores mediúnicos, compreendam a extensão dos seus sagrados deveres para a obtenção do êxito no seu elevado e nobilitante trabalho. 12 Todos os médiuns, para realizarem dignamente a tarefa a que foram chamados a desempenhar no planeta, necessitam identificar-se com o ideal de Jesus, buscando para alicerce de suas vidas o ensinamento evangélico, em sua divina pureza; a eficácia de sua ação depende do seu desprendimento e da sua caridade, necessitando compreender, em toda a amplitude, a verdade contida na afirmação do Mestre: “Dai de graça o que de graça receberdes.”13
            Quem conhece as condições em que os bons Espíritos se comunicam, a repulsão que sentem por tudo o que é de interesse egoístico, e sabe quão pouca coisa se faz mister para que eles se afastem, jamais poderá admitir que os Espíritos superiores estejam à disposição do primeiro que apareça [...]. O simples bom senso repele semelhante idéia. [...] Quem, pois, deseje comunicações sérias deve, antes de tudo, pedi-las seriamente e, em seguida, inteirar-se da natureza das simpatias do médium com os seres do mundo espiritual. Ora, a primeira condição para se granjear a benevolência dos bons Espíritos é a humildade, o devotamento, a abnegação, o mais absoluto desinteresse moral e material. 1
            O médium espírita, em especial, deve: Esquivar-se à suposição de que detém responsabilidades ou missões de avultada transcendência [...].7 Como também deve buscar [...] silenciar qualquer prurido de evidência pessoal na produção desse ou daquele fenômeno. [...] Estar atento para não envaidecer-se, [...] ainda quando provenha de círculos bem-intencionados, recusar o tóxico da lisonja. [...] 8 A primeira necessidade do médium é evangelizar-se a si mesmo antes de se entregar às grandes tarefas doutrinárias, [...]. 10 O médium tem obrigação de estudar muito, observar intensamente e trabalhar em todos os instantes pela sua própria iluminação. 11
            Para que ocorra uma educação desejável, é necessário o estudo da própria faculdade, assim como da Doutrina Espírita, a fim de identificar-se o mecanismo das forças de que se dispõe, bem como dos valores éticos e instrutivos do Espiritismo, que devem ser incorporados ao dia-a-dia, gerando conquistas morais que libertam o médium das paixões inferiores e atraem os Seres Espirituais interessados no progresso da Humanidade. Adicione-se a disciplina como fator relevante, graças ao contributo da qual se fixam os hábitos salutares no exercício da faculdade, para que se colimem os fins específicos dessa função a que denominam de natureza extra-sensorial. [...] Certamente, esta não é uma tarefa para ser realizada de um golpe, em momento de empatia ou de entusiasmo, antes decorre de um processo de autocontrole de largo curso, que se logra mediante exercício constante, gerador do clima emocional harmonioso que favorece o silêncio mental indispensável. Ninguém estabelece que o médium deva ser um espírito perfeito para atingir esse estado; no entanto, é desejável que ele se esforce por melhorar-se sempre, galgando mais altos degraus da evolução, aspirando por mais significativas conquistas morais.21
            Por isso é que não basta a mediunidade para a concretização dos serviços que nos competem. Precisamos da Doutrina do Espiritismo, do Cristianismo Puro, a fim de controlar a energia medianímica, de maneira a mobilizá-la em favor da sublimação espiritual na fé religiosa, [...].16 O Espiritismo, simbolicamente, é Jesus que retorna ao mundo, convidando-nos ao aperfeiçoamento individual, por intermédio do trabalho construtivo e incessante.17

REFERÊNCIAS
1. KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 127. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 26, item 8, p. 416-417.
7. XAVIER, Francisco Cândido. Conduta espírita. Pelo Espírito André Luiz. 31. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 4 (Do médium), p. 27.
8. ______. p. 28-29.
9. ______. p. 29-30.
10. ______. O consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 27. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Questão 387, p. 215.
11. ______. Questão 392, p. 218.
12. ______. Emmanuel. Pelo Espírito Emmanuel. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006 Cap. 11 (Mensagem aos médiuns), p. 65.
13. ______. Item Necessidade da exemplificação, p. 67-68.
16. ______. Nos domínios da mediunidade. Pelo Espírito André Luiz. 34. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 15 (Forças Viciadas), p.163.
17. ______. Cap. 18 (Apontamentos à margem), p. 208.
21. FRANCO. Divaldo Pereira. Temas da vida e da morte. Pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda. 6. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. Educação Íntima, p. 130-131.

 

SÚPLICA DE NATAL

Amado Jesus:
na excelsa manjedoura
que te esconde a glória sublime,
ouve a nossa oração!
Ajuda-nos
a procurar a simplicidade
que nos reúne ao teu amor...
Auxilia-nos
a renascer dentro de nós mesmos,
buscando em Ti a força
para sermos, em Teu Nome,
irmãos uns dos outros!
Mestre do Eterno Bem,
sustenta as nossas almas
a fim de que a alegria
de servir e ajudar
nos ilumine a senda,
não somente na luz
de teu Santo Natal,
mas em todos os dias,
aqui, agora e sempre..

 

ESDE
2008

 

 

NATAL

 

            Em belíssima mensagem, intitulada A Manjedoura, Emmanuel, nos transmite importantes ensinamentos quando afirma: As comemorações do Natal conduzem-nos o entendimento à eterna lição de humildade de Jesus, no momento preciso em que a sua mensagem de amor felicitou o coração das criaturas, fazendo-nos sentir, ainda, o sabor de atualidade dos seus divinos ensinamentos. A Manjedoura foi o Caminho. A exemplificação era a Verdade. O Calvário constituía a Vida. Sem o Caminho, o homem terrestre não atingirá os tesouros da Verdade e da Vida.1
            As comemorações do Natal é oportunidade para fazermos sincera reflexão a respeito da mensagem que Jesus nos transmitiu há mais de dois mil anos. E, neste processo, uma indagação surge, naturalmente: Por que temos tanta dificuldade em vivenciar os ensinamentos do Mestre?
            Ainda que estejamos anos-luz da angelitude, constatamos que já conquistamos suficientes recursos intelectuais e morais para assimilar o Evangelho, vivenciando as suas lições. Além do mais, a Doutrina Espírita nos oferece um apoio inestimável. Em outras palavras, temos os meios disponíveis para nos transformarmos, efetivamente, em criaturas melhores.             Contudo, permanecemos marcando o passo, sem avançar muito.
            Sabemos que Jesus é o Cristo Consolador, feliz expressão de Allan Kardec, registrada em o Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo seis,  pois ele mesmo, Jesus, nos faz um convite irrecusável: “Vinde a mim todos os cansados e sobrecarregados, e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrarei descanso para as vossas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” (Mateus, 11: 28-29)2
            Espíritas, estamos conscientes de que o Mestre Nazareno é o ser mais perfeito que Deus ofereceu à Humanidade para servir de guia e modelo: “Para o homem, Jesus representa o tipo de perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo, e a doutrina que ensinou é a mais pura expressão de sua lei […].”3
            É possível, então, que nos falte, mesmo, é a vontade firme de mudar a direção que estamos dando à nossa vida, vontade disciplinadora  que possa nos libertar dos aflitivos séculos de conduta viciada, sempre geradora de sofrimentos nas inúmeras reencarnações reparadoras, pois somente a “[…] vontade é suficientemente forte para sustentar a harmonia do Espírito.”4
            Assim, nunca é demais recordar: “As lembranças do Natal, porém, na sua simplicidade, indicam à Terra o caminho da Manjedoura… Sem ele, os povos do mundo não alcançarão as fontes regeneradoras da fraternidade e da paz. Sem ele, tudo serão perturbação e sofrimento nas almas, presas no turbilhão das trevas angustiosas, porque essa estrada providencial para os corações humanos é ainda o Caminho esquecido da Humildade.”

 Referências
1 - XAVIER, Francisco Cândido. Antologia mediúnica do natal. Por diversos Espíritos. 6. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap.  21 (Mensagem de Emmanuel), p.57.
2 - O NOVO TESTAMENTO, Tradução de Haroldo Dutra Dias. Brasília: Conselho Espírita Internacional, 2010, 77-78.
3 - KARDEC, Allan. O livro dos Espíritos.Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 201º, questão 625-comentário, p. 405.
4 - XAVIER, Francisco Cândido. Pensamento e vontade. Pelo espírito Emmanuel. 16. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap.2, p. 15.

 

 

PSICOGRAFIA

 

Querido Emanuel!...

            Sou muito grata a você, por tudo que tem feito até hoje por nossos filhos, pois que tem sido o pai exemplar e amigo de todos, para suprir a ausência da mãe, que quando são pequenos faz tanta falta, porque sei bem avaliar isso, pois que passei por essa prova, e você tem sido o pai e a mãe, por todos esses anos, dando amparo e assistência a todos eles, naturalmente não é tarefa fácil, pois que além do trabalho árduo do dia a dia, chega em casa, tantos problemas domésticos o aguarda, mas com paciência e sabedoria resolve um a um, ficando tudo em perfeita harmonia. Compreendo o seu gesto nobre de não querer casar-se, porque oportunidade não faltou, pois segundo o que pensa, não daria uma madrasta a seus filhos, razão porque ficara sozinho tantos anos. É deveras nobre essa atitude, porque realmente apesar de todas as dificuldades conseguiu suprir a presença feminina na mente e no coração dos nossos filhos, tanto quanto as noções do dever, e do respeito ao próximo, o que é muito importante na formação moral de qualquer um, além de que são mais fraternos, evitando assim uma série de problemas, no tocante a relacionamento do dia a dia, por outro lado imprimiu em seus corações, desde cedo, a responsabilidade de cada um deve Ter, de forma que tem sido muito importante esse tipo de orientação, pois que em seus corações aqueles princípios que os tornarão responsáveis perante o mundo aonde forem chamados a viver.
            Recentemente, obtive permissão para visitá-los, por ocasião do aniversário de quinze anos de Adélia, e fiquei maravilhada e emocionada, quando ela lembrou de sua mãe, dizendo que gostaria muito que ela lá estivesse, para testemunhar a sua alegria, e eu lá estava de fato, assistindo a tudo até o fim.  Conclui que valeu a pena ter renascido entre pessoas tão maravilhosas, que tem noção exata do dever.
            Nos últimos meses que eu vivera no plano físico, apesar de todos aqueles dias difíceis de minha doença, em muitos momentos as dores eram tão intensas que parecia desmaiar, além das dificuldades financeiras, de manter naqueles momentos uma luta tão desigual, tentado não me deixar sucumbir, mas mesmo assim se tivesse de renascer, faria tudo de novo, sem mudar uma vírgula, porque tive a felicidade de conviver com pessoas tão especiais.
            Olha Emanuel deve cuidar da saúde, porque já não é mais jovem, e depois desses anos todos, dessa luta diária para manter o lar equilibrado, têm trazido algumas conseqüências que precisa tratar a tempo, pois que  tem muito a lutar ainda para dar a sua missão por cumprida.
            Não é demais lembrar os filhos adolescentes, pois que toda a vigilância é pouca, de vez que não é fácil segurar os jovens, nesses momentos que estão despertando para a vida e com o entusiasmo podem cometer muitos erros, naturalmente não estou aqui, querendo ensinar a maneira de conduzir a sua vida, que sem a fez com brilhantismo, mas é a preocupação de mãe, que apesar de viver em outro plano, estamos ligados, por laços formidáveis, que qualquer alteração aí, sinto imediatamente que algo aconteceu e quando possível eu dou a minha contribuição.
            Estou construindo um lar do lado de cá, para quando do seu retorno possa Ter um espaço garantido, tudo feito de acordo com o seu gosto, inclusive o jardim. Quem sabe um dia você poderá me visitar em sonho. Mas por enquanto estou lançando as bases, com o material que muitas vezes você manda para cá, com suas atitudes enobrecedoras, vai aos poucos pavimentando o caminho que é de muita importância para todos.
            O tempo já terminou. Quero agradecer ao querido esposo toda a dedicação, afinal por tudo que tem feito, e que Deus o abençoe junto aos queridos filhos.
            Por fim quero dar um grande abraço em cada um dos meus queridos filhos, e dizer que mamãe os ama muito.
            Da mãe sempre reconhecida.

            Leontina

 

 

UM CONTO DE NATAL

MARTA ANTUNES MOURA

 

            As comemorações do Natal, a maior festa da Cristandade, nos fazem lembrar Um Conto de Natal (A Christmas Carol), escrito em 1843 pelo inglês Charles Dickens (1812-1870), inicialmente editado na forma de romance-folhetim – uma história publicada em capítulos semanais ou mensais. Trata-se de um dos mais belos e conhecidos textos natalinos da literatura ocidental que, por certo, presta homenagem e reverência a Jesus, nosso Mestre e Senhor, o guia e modelo da Humanidade.
            O enredo foi filmado várias vezes, televisionado, adaptado para o teatro, para crianças, transformado em desenho animado e histórias em quadrinhos. Sabe-se que o nome original do Tio Patinhas, conhecido personagem de Walt Disney, era Uncle Scrooge, ou seja, Tio Scrooge. Um Conto de Natal traz lições inesquecíveis, com o sabor de infância, em que os natais eram embalados pelo amor dos nossos pais, pelo aconchego familiar, pela bênção da presença dos amigos.
            A história começa com o relato do encontro de dois amigos e ex-sócios em uma fria noite de Natal: Ebenezer Scrooge, encarnado, e Jacob Marley, desencarnado há algum tempo. Scrooge é um negociante bem-sucedido, porém ganancioso. Um velho solitário, avarento e egoísta que no dia-a-dia da existência ignora completamente as necessidades e o sofrimento do próximo: Nenhum mendigo lhe pedia um xelim, nenhuma criança se aproximava para lhe perguntar as horas, nenhum homem ou mulher lhe solicitou, uma única vez, informação sobre qualquer coisa. Até os cachorros dos cegos pareciam conhecê-lo e, quando ele se aproximava, arrastavam seus donos para dentro do primeiro portão ou pátio que aparecia, sacudindo o rabo, como se dissessem: – Meu caro patrão, é melhor não ter olhos do que ter olhos maus. Mas Scrooge não estava nem aí! Ele até preferia que fosse assim; o que ele mais gostava neste mundo era passar através da multidão sem precisar demonstrar qualquer simpatia humana.1
            Jacob Marley representa o primeiro dos quatro visitantes do além-túmulo que têm como missão despertar o sovina Scrooge para os sentimentos de bondade, fraternidade e solidariedade. Na verdade, uma chance que é concedida por Benfeitores espirituais tendo em vista o reajuste espiritual de Ebenezer perante a lei de Deus. Marley apresenta-se, então, à visão mediúnica do perplexo Scrooge, como uma criatura terrivelmente amargurada, conseqüência da vida egoísta que vivera na última existência física. Mostra-se ao amigo tal como era: os mesmos aspectos fisionômicos, os trejeitos, a linguagem, a vestimenta e até os costumeiros óculos de lentes redondas. Algo de horrendo, entretanto, cercava o Espírito, que se locomovia com dificuldade e envolvido em pesada corrente, cujos elos representavam oportunidades perdidas de fazer o bem. Agora, sob o peso de cruciantes remorsos, permanecia preso no mesmo local de trabalho. Sofria e lamentava o tempo dedicado em acumular posses materiais:
            A busca da fraternidade e do bem comum é que deveria ter sido o meu negócio.A caridade, a misericórdia, a tolerância, a paciência, a bondade, tudo isso era parte do meu negócio e eu não sabia.Meus assuntos financeiros eram apenas uma gota d’água no enorme oceano dos meus negócios!2
            Neste sentido, é sempre útil jamais esquecer esta orientação de Vicente de Paulo:
            A caridade é a virtude fundamental sobre que há de repousar todo o edifício das virtudes terrenas. Sem ela não existem as outras. Sem a caridade não há esperar melhor sorte, não há interesse moral que nos guie; sem a caridade não há fé, pois a fé não é mais do que pura luminosidade que torna brilhante uma alma caridosa.3
            A história tem como propósito despertar o homem para o sofrimento do próximo. Abrir-lhe os olhos e os ouvidos para a realidade de miséria e violência que existe no mundo, não muito distante de si. Demonstrar, por último, o quanto o egoísmo é pernicioso. Neste contexto, o autor monta uma trama, muito bem elaborada, que envolve Espíritos encarnados e desencarnados. Aliás, merece destaque a forma como a comunicação dos Espíritos foi inserida no texto. A manifestação mediúnica representa a linha mestra, a força que alimenta o enredo, habilmente desenvolvido em cinco capítulos, desta pequena grande obra de 137 páginas, escritas no formato bolso. A história oferecida por Dickens é tão envolvente que o fato mediúnico é aceito com naturalidade, desconhecendo-se qualquer crítica a respeito, no passado e no presente.
            Os exemplos morais vivenciados pelos Espíritos, encarnados e desencarnados, fazem o público apaixonar-se pelos personagens e especular sobre o destino deles. Há acontecimentos, reviravoltas sem fim, os quais, ao longo da história, atiçam a curiosidade, despertam emoções e estimulam continuamente a imaginação do leitor para, no final, fazê-lo refletir sobre a própria conduta moral e sobre o que tem feito para amenizar as dores e as necessidades do próximo.
            A história foi extraída do cotidiano por um mestre na arte de escrever que soube, num momento de feliz inspiração, denunciar grandes chagas da sociedade: a velhice abandonada, os órfãos desamparados, o trabalho-escravo que subjuga crianças e adolescentes, o desemprego, etc.
            Um Conto de Natal continua sendo leitura imprescindível para todas as gerações. E quem sabe? talvez no Natal deste ano possamos celebrar a decisão de viver o princípio da generosidade total, que o renovado Scrooge soube, finalmente, incorporar em sua existência.

Referências:
1 - DICKENS, Charles. Um conto de natal. Tradução de Ademilson Franckini e Carmen Seganfredo. Porto Alegre: L e PM, 2003. p. 16.
2 - Idem, ibidem. p. 37-38.
3 - KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 127. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. XIII, item 12, p. 247.

 

Reformador
2007

 

 

MEU MELHOR NATAL

ANA GUIMARÃES

 

            Lá se vai mais um ano... Como corre o tempo! Ou será que nós é que corremos contra ele? Não sei, todavia parece-me que, de uns tempos para cá, tudo caminha mais rápido, e os ponteiros do relógio não nos dão tréguas, engolindo os minutos com incrível rapidez.
            Entretanto percebo: à medida que a vida corre, as criaturas se tornam mais ricas de experiências, sejam elas positivas ou negativas, não importa; experiências representam sempre aprendizado.
            Logo que iniciamos nossas tarefas espíritas nesta cidade, trazíamos uma bagagem de experiências vividas em pequena comunidade, lidando com crianças de famílias de baixa renda. Eram crianças tímidas, medrosas, que, vagarosamente, aprendiam a confiar e a aceitar nossa proximidade. Trabalho agradável e feliz.
            Agora, o desafio era outro, a casa espírita era próxima à favela da Apoteose. Logo apareceu um número significativo de crianças, em nada semelhantes àquelas que conhecíamos. Crianças agressivas, violentas, desdenhosas, acostumadas a enfrentamentos que desconhecíamos e a um ritmo de vida jamais imaginado.
            Seria nosso primeiro Natal com aquelas crianças; difícil encontrar um meio de controlá-las. Não aceitavam diretrizes, eram irrequietas, buliçosas e complicadas. Depois de muito pensar, resolvemos apresentar um teatro de fantoches, quiçá conseguíssemos fazê-las se interessar pela estória e, assim, ouvir-nos falar um pouco sobre Jesus.
            Chegou o grande dia. Era véspera de Natal e todos estavam emocionados e expectantes. Começamos a receber nossas “ferinhas”, pois, apesar dos pesares, eram queridas. Sentaram-se diante do palco improvisado e começou a apresentação: os pequenos bonecos se movimentavam e falavam tentando chamar a atenção da plateia. Debalde se esforçavam os jovens. A meninada era terrível.
            — Tia! — exclamou uma jovem com lágrimas nos olhos – não dá para continuar.
            — É verdade — acentuou um rapaz —, eles vão quebrar tudo.
            – Jesus! Veja se você pode fazer alguma coisa! Fomos até o salão, onde a balbúrdia era geral, e pedimos silêncio que, por acaso, aconteceu. Aproveitando aquele raro momento de tranquilidade, entramos, sorrateiramente, por detrás da cortina e, pegando o boneco, iniciamos a improvisação de uma conversa com a plateia que começava a se agitar novamente, depois de curta trégua.
            — Estou tão cansado — dizia o boneco —, preciso da ajuda de alguém. Vivo tão sozinho, não tenho pai nem mãe, moro na rua e passo tanta fome!
            Fez-se um silêncio expectante entre a criançada que começou a prestar atenção.
            — É Natal! — continuava o boneco — Será que Jesus ouve as crianças abandonadas? Queria que Ele me ouvisse e me mandasse um pedaço de bolo, um cachorro, um amigo e, quem sabe, uma casa para morar.
            Entusiasmado com o silêncio e a atenção dos garotos, o boneco estendeu a mão e suplicou:
            — Você pode me dar a sua mão e ser meu amigo? Estabeleceu-se a maior confusão, todos queriam pegar a mão do boneco; alguém a agarrou e começou a puxá-la.
            — Por favor — gritava o fantoche —, estão machucando minha mãozinha, soltem, por favor.
            Naquele momento, um adolescente que se sentava na última cadeira e permanecia sério se levantou e, com a autoridade da força, afastou as crianças aproximando-se do palco, pegou, com extrema delicadeza, a mão do fantoche e falou com voz emocionada e inesquecível:
            — Não fica com medo. Eu vou proteger você, vou ser seu amigo. Eu também não tenho família, vamos fi car juntos, está bem? Eu, às vezes, sinto medo, mas não digo para ninguém. Agora vou cuidar de você.
            Desnecessário falar da emoção que a cena causou a todos, porém vale a pena recordar que o trabalho do bem, na casa espírita, produz frutos de suave e doce sabor. Aproxima-nos das pessoas e faz-nos descobrir que, por trás de máscaras de violência e agressividade, muita vez, se escondem corações que precisam, apenas, de um pouco de afeto para desabrochar em perspectivas mais amenas.
            Daquelas crianças do passado, muitas se perderam nos meandros insondáveis das experiências malsãs, entretanto houve uma pequena percentagem que se esquivou para uma vida equilibrada e honesta, entre elas, o adolescente que protegeu o boneco. No final da festa, ele falou com um sorriso feliz: “Foi o melhor Natal da minha vida”.
É tão pouco o que oferecemos, mas, com Jesus, o pouco vira muito. Então, amigos e irmãos, um bom Natal para todos e, se surgir uma chance, estenda a mão amiga a alguém que, aos seus olhos, parecer tão sozinho e triste. De repente... pode ser o Senhor Jesus.

Revista Cultura Espírita
2012

 

 

REUNIÕES CRISTÃS


            “Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas da casa onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus e pôs-se no meio deles e disse-lhes: Paz seja convosco.” (JOÃO, capítulo 20, versículo 19.)

            Desde o dia da ressurreição gloriosa do Cristo, a Humanidade terrena foi considerada digna das relações com a espiritualidade.
            O Deuteronômio proibira terminantemente o intercâmbio com os que houvessem partido pelas portas da sepultura, em vista da necessidade de afastar a mente humana de cogitações prematuras. Entretanto, Jesus, assim como suavizara a antiga lei da justiça inflexível com o perdão de um amor sem limites, aliviou as determinações de Moisés, vindo ao encontro dos discípulos saudosos.
            Cerradas as portas, para que as vibrações tumultuosas dos adversários gratuitos não perturbassem o coração dos que anelavam o convívio divino, eis que surge o Mestre muito amado, dilatando as esperanças de todos na vida eterna.             Desde essa hora inolvidável, estava instituído o movimento de troca, entre o mundo visível e o invisível. A família cristã, em seus vários departamentos, jamais passaria sem o doce alimento de suas reuniões carinhosas e íntimas. Desde então, os discípulos se reuniriam, tanto nos cenáculos de Jerusalém, como nas catacumbas de Roma. E, nos tempos modernos, a essência mais profunda dessas assembléias é sempre a mesma, seja nas igrejas católicas, nos templos protestantes ou nos centros espíritas.
            O objetivo é um só: procurar a influenciação dos planos superiores, com a diferença de que, nos ambientes espiritistas, a alma pode saciar-se, com mais abundância, em vôos mais altos, por se conservar afastada de certos prejuízos do dogmatismo e do sacerdócio organizado.

Livro "Caminho, Verdade e Vida"
Pelo Espírito Emmanuel
Francisco Cândido Xavier

 

 

A HISTÓRIA DA CHAVE

 

            Com a saída do chefe da casa e dos filhos mais velhos para o trabalho e com a ausência das crianças na escola, Dona Cidália era obrigada, por vezes, a deixar a casa, a sós, porque devia buscar lenha, à distância. Aí começou uma dificuldade. Certa vizinha, vendo a casa fechada, ia ao quintal e colhia as verduras.
            A madrasta bondosa preocupou-se.
            Sem verduras não haveria dinheiro para o serviço escolar.
            Dona Cidália observou... Observou... E ficou sabendo que lhes subtraía os recursos da horta; entretanto, repugnava-lhe a ideia de ofender uma pessoa amiga por causa de repolhos e alfaces.
            Chamou, então, o Chico e lembrou.
            — Meu filho, você diz que, às vezes, encontra o Espírito de Dona Maria. Peça-lhe um conselho. Nossa horta está desaparecendo e, sem ela, como sustentar o serviço da escola?
            Chico procurou o quintal à tardinha e rezou e, como das outras vezes, a mãezinha apareceu. O menino contou-lhe o que se passava e pediu-lhe socorro.
            D. Maria então lhe disse:
            — Você diga à Cidália que realmente não devemos brigar com os vizinhos que são sempre pessoas de quem necessitamos. Será então aconselhável que ela dê a chave da casa à amiga que vem talando a horta, sempre que precise ausentar-se, porque, desse modo a vizinha, ao invés de prejudicar os legumes, nos ajudará a tomar conta deles.
            Dona Cidália achou o conselho excelente e cumpriu a determinação.
            Foi assim que a vizinha não mais tocou nas hortaliças, porque passou a responsabilizar-se pela casa inteira.


Livro Lindos Casos de Chico Xavier 
Autor Ramiro Gama

 

 

O MUSEU DO RIO DE JANEIRO


Divaldo Franco
Professor, médium e conferencista

 

            Todos nós, brasileiros, lamentamos profundamente o esperado incêndio do museu histórico do Rio de Janeiro, responsável por 200 anos de brasilidade, sob vários aspectos.
            Narra a imprensa que a questão de segurança vinha sendo debatida desde há muito, sem que as necessárias providências fossem tomadas com seriedade, o que facultou a terrível catástrofe.
            Enquanto as labaredas consumiam parte da nossa história, não nos foi possível ficar indiferentes àquela consumpção decorrente da irresponsabilidade humana. Recordo-me de quando Hitler em 1933 celebrou com os seus asseclas a queima dos livros escritos por judeus, iniciava, dessa forma, a futura cremação de seres humanos nos seus campos de trabalhos forçados e câmaras de gás…
            Visitando Dachau, lembro-me de uma frase de grande poeta ali exposta: “Quando se queimam livros, mais tarde se queimarão seres humanos”. Era uma profecia macabra que se fez real e chocou a humanidade.
            A história de uma nação é a sua alma, são os seus feitos, suas glórias e quedas, suas experiências vitoriosas ou infelizes, páginas vivas que contribuirão em favor do seu e do futuro do povo.
            Milhões de documentos valiosos transformaram-se em cinza, e hoje permanece o esqueleto carbonizado do edifício grandioso, que um dia foi residência da família real que governou o País.
            Nunca mais será possível recuperar-se qualquer peça, porque nenhuma providência foi tomada, mesmo durante o incêndio, para ser salva.
            Os que viram o fogaréu ficaram imobilizados…
            Tive ocasião de visitar Oradour, cidade francesa que os nazistas destruíram durante a Segunda Guerra Mundial, por falso motivo de receber e esconder partisans (guerrilheiros patriotas), não deixando vivas sequer as plantas. A cidade fora cercada e aniquilada com todos os seus habitantes e animais. Posteriormente, o general Charles de Gaulle, ao tornar-se presidente da França, tornou-a patrimônio da humanidade através da Unesco, como lição viva da barbárie humana.
            Quantos extraordinários documentos desapareceram para sempre, fotografias, pinturas, trabalhos científicos e peças de arte foram consumidos, deixando-nos ignorantes da própria história.
            As futuras gerações estarão órfãs desde agora de poderosas e legítimas fontes de informações a respeito do belo país em que renasceram.
            O Brasil, dizem muitos notáveis periodistas, é “um país sem história”, o que se torna lamentável, considerando-se a sua grandeza e o seu destino espiritual e cultural.
            Que a infeliz ocorrência pelo menos sirva de advertência às autoridades responsáveis por outros patrimônios vivos desta grandiosa pátria do Cruzeiro do Sul, fadada à construção de uma sociedade justa e plenamente feliz.

 

Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 06-09-2018.

 

 

NATAL

“Glória a Deus nas Alturas, paz na Terra e boa vontade para com os homens.” (Lucas, 2:14)

            As legiões angélicas, junto à Manjedoura, anunciando o Grande Renovador, não apresen taram qualquer palavra de violência.
            Glória a Deus no Universo Divino.
            Paz na Terra. Boa vontade para com os Homens.
            O Pai Supremo, legando a nova era de segurança e tranquilidade ao mundo, não declarava o Embaixador Celeste investido de poderes para ferir ou destruir.
            Nem castigo ao rico avarento.
            Nem punição ao pobre desesperado.
            Nem desprezo aos fracos.
            Nem condenação aos pecadores.
            Nem hostilidade para com o fariseu orgulhoso.
            Nem anátema contra o gentio inconsciente.
            Derramava-se o Tesouro Divino, pelas mãos de Jesus, para o serviço da Boa Vontade.
            A justiça do “olho por olho” e do “dente por dente” encontrara, enfi m, o Amor disposto à sublime renúncia até à cruz.
            Homens e animais, assombrados ante a luz nascente na estrebaria, assinalaram júbilo inexprimível ...
            Daquele inolvidável momento em diante a Terra se renovaria.
            O algoz seria digno de piedade.
            O inimigo converter-se-ia em irmão transviado.
            O criminoso passaria à condição de doente.
            Em Roma, o povo gradativamente extinguiria a matança nos circos. Em Sídon, os escravos deixariam de ter os olhos vazados pela crueldade dos senhores. Em Jerusalém, os enfermos não mais seriam relegados ao abandono nos vales de imundície.
            Jesus trazia consigo a mensagem da verdadeira fraternidade e, revelando-a, transitou vitorioso, do berço de palha ao madeiro sanguinolento.
            Irmão, que ouves no Natal os ecos suaves do cântico milagroso dos anjos, recorda que o Mestre veio até nos para que nos amemos uns aos outros.
            Natal! Boa Nova! Boa Vontade! ...
            Estendamos a simpatia para com todos e comecemos a viver realmente com Jesus, sob os esplendores de um novo dia.


XAVIER, Francisco Cândido. Fonte viva. Pelo Espírito Emmanuel. 36.ed. 2ª. reimpressão. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 180,p. 431-432.

 

 

EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
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