ESCALA ESPÍRITA
A classificação dos Espíritos é baseada no grau de adiantamento deles, nas qualidades adquiridas e nas imperfeições que ainda não se despojaram. A passagem de um grau a outro não se faz de maneira brusca, com uma linha divisória nítida, e sim, insensivelmente, como as mudanças das cores do arco-íris.
No geral os benfeitores que ditaram a glamorosa doutrina admitiram três categorias principais, ou três grandes divisões com subdivisões em dez classes. É claro que poderiam existir outras escalas, como as várias escalas da botânica, que apesar de serem diferentes, a botânica nada sofreu com isso.
Como para os Espíritos tudo o que importa é o pensamento, deixaram para nós encarnados definirmos o sistema, o que foi feito pelo preclaro Allan Kardec que propôs a escala que foi aceita pelos imortais.
Na parte inferior da escala ficaram os Espíritos imperfeitos da terceira ordem, caracterizados pela predominância da matéria sobre o Espírito e a propensão para o mal, ignorância, orgulho, egoísmo e todas as paixões derivadas dessas falhas morais. Elestêm a intuição de Deus sem compreendê-Lo.Oscilam da maldade à irreflexão, à malícia, à leviandade e podem aliar a inteligência à maldade e à malícia; quase nada sabem do mundo espiritual e suas ideias são pouco elevadas. Sua linguagem revela-lhes o caráter e, portanto qualquer mau pensamento vindo pelas comunicações mediúnicas é sugerido por Espírito dessa ordem.
Os da segunda ordem caracterizam-se pela predominância do Espírito sobre a matéria e pelo desejo do bem, são os bons Espíritos. Uns têm a ciência, outros a sabedoria, outros a bondade, compreendem Deus e o infinito, gozam da felicidade dos justos e são unidos pelo amor; porém ainda têm que passar pelas provas e expiações para chegarem à perfeição.
Quando encarnados são bondosos e benevolentes com os semelhantes; sem orgulho, sem egoísmo ou ambição, sem ódio, sem rancor, sem inveja e fazem o bem pelo bem. São os bons gênios, gênios protetores, Espíritos do bem e outrora eram considerados divindades, deuses.
Os da primeira ordem não sofrem influência alguma da matéria e têm superioridade intelectual e moral absoluta com relação a todos os Espíritos das demais ordens. Percorreram todos os graus da escala, livrando-se das imperfeições e por isso não precisam mais reencarnar para passar por provas e expiações e desfrutam a vida eterna no seio de Deus onde auxiliam-No na manutenção da harmonia universal como mensageiros e ministros do Senhor dos mundos.
Em O Livro dos Espíritos, a partir da questão número cem até a cento e treze estão descritas todas as característica das três ordens e das dez classes ou subdivisões dos Espíritos, que em resumo citamos:
Primeira ordem Espíritos Puros: classe única;
Segunda ordem Bons Espíritos: Superiores, Sabedoria, Sábios e Benevolentes.
Terceira ordem Espíritos Imperfeitos: Batedores e Perturbadores, Neutros, Pseudossábios, Levianos e Impuros.
Referência bibliográfica: O Livro dos Espíritos. Allan Kardec.
Crispim.
O TESOURO DO TEMPO
Os recursos aí estão a critério de sua escolha. Não relegue ao abandono o tesouro que se lhe colocaram nas mãos, porque representa o seu sustentáculo na hora decisiva de sua jornada.
Por isso, aproveite bem o seu tesouro chamado tempo que corresponde ao seu quinhão que decorre do nascimento até a sua transferência à vida espiritual.
Assim valorize esse tesouro que não se recupera mais, pois que desde o instante que renasceu já começou a contagem regressiva de seu retorno, por isso cada momento perdido é uma chance a mais que perde. Agora, não aproveitando bem esses recursos na hora certa, podem faltar no justo momento que mais precise.
Está neste dia sendo submetido a teste e pode ocorrer que não venha se classificar no certame final, porque você mesmo negligenciou aquele tempo enorme de um minuto.
Os estudos que lhe dariam uma situação de destaque, no entanto, recusou-os por uma razão ou outra, todavia o trabalho de educação interior, ainda poderia realizar às pressas e em seguida utilizar em proveito do próximo, e mais tarde esses recursos seriam colocados a seu crédito.
Até um dia lembrou que muitos estavam à beira do caminho perplexos, mas que fizeram da vida? Perguntava-se: Olhando, porém para trás, concluíram que espalharam somente sombras, enquanto poderiam ter oferecido imenso tesouro de amor àqueles que sofrem ao longo do percurso.
Embora tenha consciência de muita coisa, cada dia é uma experiência que precisa ser bem aproveitada, mesmo porque o tempo urge; pode de repente perder momentos preciosos e que mais tarde podem faltar na hora decisiva da prova final.
Assim, que preste muita atenção em tudo o que faça, porque em verdade foi colocado neste plano nas melhores condições para realizar o seu grande sonho, agora é preciso correr atrás envidando esforços, a fim de se colocar em condições de servir.
O tempo não espera e pode de repente chegar a hora de retorno à casa do Pai e pode estar de mãos vazias, o que seria lamentável. Lembre-se que dependeu de tantas mãos generosas para chegar até aqui e depois não aproveitou os recursos do tempo para adquirir qualidades enobrecedoras que o fizessem melhor.
Agora se encerra mais uma etapa, e a oportunidade ficou à margem do caminho, e não pode mais recuperar, assim o tesouro chamado tempo está perdido e não o encontrará mais. Áulus.
Histórias Educativas
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
DIANTE DOS DESAFIOS
Quando sente as dificuldades se avolumam e percebe que será mais fácil desistir, no entanto, por amor a causa continua a dura batalha para prosseguir na direção certa.
Quando percebe que não logrará alcançar o objetivo a que se propôs, mas com mais esforço prossegue sem desanimar. Porque se já está persuadido que os grandes desafios de amar o próximo como a si mesmo exigem muito daqueles que se propõem a caminhar.
Quando era visível a necessidade colocar o pé na estrada, apesar das dificuldades que se avizinham, mas de outro lado percebia que era melhor prosseguir a ficar inativo, porque já estava convencido de que necessitava com urgência fazer alguma coisa em favor de sua própria paz futura.
Quando por longo tempo tem procurado o caminho, porém por momento surge o desânimo a invadir o seu coração e pareceu aos seus olhos que o sonho vai ficando muito longe de realizar-se. Porém assim mesmo resolve prosseguir porque necessita ficar até o fim, porque depois não quer carregar a consciência de culpa, pois quem sabe no último momento abre-se uma porta para vencer a última barreira e finalmente alcançar o sonho maior de sua vida.
Quando os fatores adversos se acumulam e parece que todos conspiram para que abandone o projeto que tem em mente. Porém de outro lado, já sabe que precisa realizar alguma coisa no campo do amor e da caridade, ainda que se julgue sem talento.
Percebe dentro de si há alguma coisa que o impele a prosseguir, pois deve fazer alguma coisa em favor do semelhante, por mais que compreenda a falta de bagagem para se sustentar numa tarefa de envergadura a que se propõe, mas ainda assim se reserva o direito de tentar.
Quando está convencido de que encontrou o caminho certo, mas as dificuldades são enormes, mesmo nesse caso aceita o desafio porque conta se na obrigação moral de também de dar a sua contribuição ao bem geral. Porque nessa altura não se sente no direito de desistir enquanto tantos tentam lutar por um mundo melhor.
Quando é capaz de perceber as perspectivas animadoras que se alinham no horizonte, mas um enorme problema visita o seu coração que é exatamente compreender por onde começar. Mesmo sem ter uma indicação muito clara sabe o ponto de partida, mas intimamente sabe que deve prosseguir por amor a grande causa do bem e serão os únicos recursos que contará no dia de seu maior testemunho.
Mesmo sentindo sem a menor possibilidade para enfrentar os desafios, mas a reta consciência determinada que deva dar a sua contribuição. Logo esse sonho de um mundo melhor começa justamente onde há boa vontade.
Já compreendeu que até pode faltar talento, mas que não falte a boa vontade. Com isso se dá por satisfeito de haver prosseguindo quando tantos desistiram, mesmo com a possibilidade de estar preparado na hora certa, mas se dispõe a servir porque para ele o que conta mesmo é a boa vontade. Áulus.
Lições De Simplicidade
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
LIVRA-NOS DO MAL, PORQUE TEU É O REINO, O PODER E A GLÓRIA PARA SEMPRE. ASSIM SEJA.
O Senhor livrar-nos-á do mal; entretanto, é preciso que desejemos não errar.
Que dizer de um homem que pedisse socorro contra o incêndio, lançando gasolina à fogueira?
O reino da vida, com todas as suas notas de grandeza, pertence a Deus.
Todo o poder e toda a glória do Universo, todos os recursos e todas as possibilidades da existência são da Providência Divina, mas, em nosso círculo de ação, a vontade é nossa.
Se não ligamos nossos desejos à Lei do Bem, que procede do Céu, representando para nós a Vontade Paterna de Nosso Pai Celeste, não podemos aguardar harmonia e contentamento para o nosso coração.
Nas sombras do egoísmo, estaremos sozinhos, aflitos, perturbados e desalentados, porque egoísmo quer dizer felicidade somente para nós, contra a felicidade dos outros.
Deus permitiu que a vontade seja um patrimônio propriamente nosso, a fim de que possamos adquirir a liberdade e a grandeza, o amor e a sabedoria, por nós mesmos, como filhos de sua infinita bondade.
Por isso, se somos escravos das nossas criações que, por vezes, gastamos muito tempo a retificar, continuamos sempre livres para desejar e imaginar.
E sabemos que qualquer serviço ou realização começa em nossos sentimentos e pensamentos.
Saibamos, desse modo, conservar a nossa vontade à luz da consciência reta, porque, rogando a Deus nos liberte do mal, é preciso, por nossa vez, procurar o caminho do bem.
Livro Pai Nosso
Francisco Candido Xavier
Pelo Espírito de Meimei
CONTRADIÇÕES E MISTIFICAÇÕES
Quando começaram a produzir-se os estranhos fenômenos do Espiritismo, ou, dizendo melhor, quando esses fenômenos se renovaram nestes últimos tempos, o primeiro sentimento que despertaram foi o da dúvida, quanto à realidade deles e, mais ainda, quanto à causa que lhes dava origem. Uma vez certificados, por testemunhos irrecusáveis e pelas experiências que todos hão podido fazer, sucedeu que cada um os interpretou a seu modo, de acordo com suas idéias pessoais, suas crenças, ou suas prevenções.2
1. CONTRADIÇÕES E MISTIFICAÇÕES
Os adversários do Espiritismo não deixam de objetar que seus adeptos não se acham entre si de acordo; que nem todos partilham das mesmas crenças; numa palavra: que se contradizem. Ponderam eles: se o ensino vos é dado pelos Espíritos, como não se apresenta idêntico? Só um estudo sério e aprofundado da ciência pode reduzir estes argumentos ao seu justo valor. Apressemo-nos em dizer desde logo que essas contradições, de que algumas pessoas fazem grande cabedal, são, em regra, mais aparentes que reais; que elas quase sempre existem mais na superfície do que no fundo mesmo das coisas e que, por conseqüência, carecem de importância. De duas fontes provêm: dos homens e dos Espíritos.3
Para se compreenderem a causa e o valor das contradições de origem espírita, é preciso estar-se identificado com a natureza do mundo invisível e tê-lo estudado por todas as suas faces. À primeira vista, parecerá talvez estranho que os Espíritos não pensem todos da mesma maneira, mas isso não pode surpreender a quem quer que se haja compenetrado de que infinitos são os degraus que eles têm de percorrer antes de chegarem ao alto da escada. [...] Podendo manifestar-se Espíritos de todas as categorias, resulta que suas comunicações trazem o cunho da ignorância ou do saber que lhes seja peculiar no momento, o da inferioridade, ou da superioridade moral que alcançaram. A distinguir o verdadeiro do falso, o bom do mau, é a que devem conduzir as instruções que temos dado. Cumpre não esqueçamos que, entre os Espíritos, há, como entre os homens, falsos sábios e semi-sábios, orgulhosos, presunçosos e sistemáticos. Como só aos Espíritos perfeitos é dado conhecerem tudo, para os outros há, do mesmo modo que para nós, mistérios que eles explicam à sua maneira, segundo suas idéias, e a cujo respeito podem formar opiniões mais ou menos exatas, que se empenham, levados pelo amor-próprio, por que prevaleçam e que gostam de reproduzir em suas comunicações.4
Diferindo estes [os Espíritos] muito uns dos outros, do ponto de vista dos conhecimentos e da moralidade, é evidente que uma questão pode ser por eles resolvida em sentidos opostos, conforme a categoria que ocupam [...]. Este é um ponto capital, cuja explicação alcançaremos pelo estudo. Por isso é que dizemos que estes estudos requerem atenção demorada, observação profunda e, sobretudo, como aliás o exigem todas as ciências humanas, continuidade e perseverança. [...]
A contradição, demais, nem sempre é tão real quanto possa parecer. Não vemos todos os dias homens que professam a mesma ciência divergirem na definição que dão de uma coisa, quer empreguem termos diferentes, quer a encarem de pontos de vista diversos, embora seja sempre a mesma a idéia fundamental? Conte quem puder as definições que se têm dado de gramática! Acrescentaremos que a forma da resposta depende muitas vezes da forma da questão. Pueril, portanto, seria apontar contradição onde freqüentemente só há diferença de palavras. Os Espíritos superiores não se preocupam absolutamente com a forma. Para eles, o fundo do pensamento é tudo.1
Se o ser enganado é desagradável, ainda mais o é ser mistificado. Esse, aliás, um dos inconvenientes de que mais facilmente nos podemos preservar. De todas as instruções precedentes ressaltam os meios de se frustrarem as tramas dos Espíritos enganadores. [...] Sobre o assunto, foram estas as respostas que nos deram os Espíritos:
As mistificações constituem um dos escolhos mais desagradáveis do Espiritismo prático. Haverá meio de nos preservarmos deles? Parece-me que podeis achar a resposta em tudo quanto vos tem sido ensinado. Certamente que há para isso um meio simples: o de não pedirdes ao Espiritismo senão o que ele vos possa dar. Seu fim é o melhoramento moral da Humanidade; se vos não afastardes desse objetivo, jamais sereis enganados, porquanto não há duas maneiras de se compreender a verdadeira moral, a que todo homem de bom-senso pode admitir. Os Espíritos vos vêm instruir e guiar no caminho do bem e não no das honras e das riquezas, nem vêm para atender às vossas paixões mesquinhas. Se nunca lhes pedissem nada de fútil, ou que esteja fora de suas atribuições, nenhum ascendente encontrariam jamais os enganadores; donde deveis concluir que aquele que é mistificado só o é porque o merece. O papel dos Espíritos não consiste em vos informar sobre as coisas desse mundo, mas em vos guiar com segurança no que vos possa ser útil para o outro mundo. Quando vos falam do que a esse concerne, é que o julgam necessário, porém não porque o peçais. Se vedes nos Espíritos os substitutos dos adivinhos e dos feiticeiros, então é certo que sereis enganados.5
Porém, há pessoas que nada perguntam e que são indignamente engana das por Espíritos que vêm espontaneamente, sem serem chamados. Elas nada perguntam, mas se comprazem em ouvir, o que dá no mesmo. Se acolhessem com reserva e desconfiança tudo o que se afasta do objetivo essencial do Espiritismo, os Espíritos levianos não as tomariam tão facilmente para joguete.6
A astúcia dos Espíritos mistificadores ultrapassa às vezes tudo o que se possa imaginar. A arte, com que dispõem as suas baterias e combinam os meios de persuadir, seria uma coisa curiosa, se eles nunca passassem dos simples gracejos; porém, as mistificações podem ter conseqüências desagradáveis para os que não se achem em guarda. [...] Entre os meios que esses Espíritos empregam, devem colocar-se na primeira linha, como sendo os mais freqüentes, os que têm por fim tentar a cobiça, como a revelação de pretendidos tesouros ocultos, o anúncio de heranças, ou outras fontes de riquezas. Devem, além disso, considerar-se suspeitas, logo à primeira vista, as predições com época determinada, assim como todas as indicações precisas, relativas a interesses materiais. Cumpre não se dêem os passos prescritos ou aconselhados pelos Espíritos, quando o fim não seja eminentemente racional; que ninguém nunca se deixe deslumbrar pelos nomes que os Espíritos tomam para dar aparência de veracidade às suas palavras; desconfiar das teorias e sistemas científicos ousados; enfim, de tudo o que se afaste do objetivo moral das manifestações. Encheríamos um volume dos mais curiosos, se houvéramos de referir todas as mistificações de que temos tido conhecimento.7
ESDE
2008
PSICOGRAFIA
Querido filho!...
É com emoção que lhe dirijo a palavra, depois de tanto tempo, sem que pudesse esclarecer algumas coisas. Pois que ainda vive nessa noite escura que mergulhou pela inconformação, após minha ausência do plano físico. Entretanto nunca se deve desprezar as leis de Deus, malgrado sempre agem em nosso favor, pois ainda não se compreende a necessidade da morte, como fator importante para evolução. A semelhança da crisálida que se liberta e passa a librar pelo espaço, porém para isso é necessário que abandone a carcaça, assim também é o espírito, quando precisa de voar mais alto, tem que se despir do escafandro que o mantém preso nas profundezas, a fim de que possa sentir a sensação da liberdade.
Assim é o ser humano perante a morte, que as gerações passadas tanto exageram a sua importância como um acontecimento sem retorno, todavia a ciência espírita vem trazer uma compreensão atualizada desse aspecto da vida, ainda tão pouco compreendida, pois as gerações futuras terão um entendimento mais condizente com a realidade dos fatos, porque verão com os olhos do espírito.
Sei que no silêncio de seu quarto, muitas vezes com o coração encharcado de lágrimas tem se perguntando: por que minha mãe partiu tão cedo? Como tudo aconteceu tão de repente sem que pudesse tomar qualquer providência? Mil perguntas formuladas diariamente que não obtiveram respostas.
Quero dizer que a morte não é o fim, como supõe, mas uma nova alvorada rumo ao futuro infinito. É simplesmente uma ausência perante os sentidos físicos e nada mais, porque mais tarde poderá reencontrar aqueles a quem amou verdadeiramente. Enxugue as lágrimas, levante a cabeça e siga em frente, um grande futuro o espera, não se deixe desanimar, não ocupe seu coração com idéias tristes. Isto faz muito mal a saúde e aos seus sentimentos. Mantenha a atitude de uma serena certeza de que o Pai que é bom, que nós damos o nome de Deus, não haveria de criar o homem para depois lançar no esquecimento. A alma imortal é a chama que continua a iluminar depois da grande noite, que se chama morte, que, no entanto não constitui o fim, mas o recomeço de uma nova fase da vida, a se expandir visando dar ao homem mais luz, portanto não se creia só ou abandonado, mas lute com confiança em Deus. Se apegue mais a oração e a meditação em temas que o Evangelho oferece, pois assim compreenderá que poderá auxiliar sim, que nada está perdido e que todo tem sua razão de ser.
A minha ausência do plano físico, conquanto de ocorrido aos nossos olhos tão de repente, não constituiu um imprevisto perante as leis maiores, mas obedeceu a determinações de há muito estabelecida, de que certa forma já adivinhava, razão porque procurei manter meus papéis e documentos sempre organizados para não lhe dar trabalho.
Costuma-se dar exagerado valor a vida física, porque ainda é difícil compreender outra forma de vida, por enquanto. A vida física é importante, mas insignificante perante a eternidade, de acordo com a visão do espírito é pueril agarrar-se desesperadamente a ela. Às vezes comete crimes hediondos para que nessa curta existência se possa ter alegrias e gozos a mais, todavia, ignora-se que os delitos aí praticados repercutirão mais tarde, de maneira muito dolorosa nas tessituras do espírito, pois que na condição de espírito encarnado só está estagiando, não é justo que aí se coloque todas as esperanças. Estágio este que é importante à medida que não se esquece que a vida é eterna. Que deve se lutar no plano físico, sim, mas com os pés no chão e a mente voltada para o alto. Viver como comporta a condição humana, mas iluminada pela certeza que haverá um novo amanhã de luz mais intensa e brilhante, que será tanto maior, quanto mais nos esforcemos no bem.
Que as dores de hoje representam alguns degraus importantes na escala evolutiva, porque não há dor que não limpe alguma coisa, que se precisa confiar e trabalhar, sem solução de continuidade, que tudo se deve fazer para ultrapassar as barreiras do caminho, sempre sem se deixar abater, mas na certeza de que os esforços no bem, representam o tempo melhor empregado de nossa vida.
Que sempre podemos oferecer alguma coisa para o bem de todos, que precisa-se guarda a certeza de que nunca estamos só, mas alguém sempre nos assiste, procurando nos incentivar para o bem, a fim de que possamos conseguir com o otimismo vencer a trajetória.
Meu filho, eu continuarei num outro dia, porque o tempo acabou.
Eulália
SOBRE O CARNAVAL
Nenhum espírito equilibrado em face do bom senso, que deve presidir a existência das criaturas, pode fazer a apologia da loucura generalizada que adormece as consciências, nas festas carnavalescas.
É lamentável que, na época atual, quando os conhecimentos novos felicitam a mentalidade humana, fornecendo-lhe a chave maravilhosa dos seus elevados destinos, descerrando-lhe as belezas e os objetivos sagrados da Vida, se verifiquem excessos dessa natureza entre as sociedades que se pavoneiam com o título de civilização.
Enquanto os trabalhos e as dores abençoadas, geralmente incompreendidos pelos homens, lhes burilam o caráter e os sentimentos, prodigalizando-lhes os benefícios inapreciáveis do progresso espiritual, a licenciosidade desses dias prejudiciais opera, nas almas indecisas e necessitadas do amparo moral dos outros espíritos mais esclarecidos, a revivescência de animalidades que só os longos aprendizados fazem desaparecer.
Há nesses momentos de indisciplina sentimental o largo acesso das forças da treva nos corações e, às vezes, toda uma existência não basta para realizar os reparos precisos de uma hora de insânia e de esquecimento do dever.
Enquanto há miseráveis que estendem as mãos súplices, cheios de necessidade e de fome, sobram as fartas contribuições para que os salões se enfeitem e se intensifiquem o olvido de obrigações sagradas por parte das almas cuja evolução depende do cumprimento austero dos deveres sociais e divinos.
Ação altamente meritória seria a de empregar todas as verbas consumidas em semelhantes festejos, na assistência social aos necessitados de um pão e de um carinho.
Ao lado dos mascarados da pseudo-alegria, passam os leprosos, os cegos, as crianças abandonadas, as mães aflitas e sofredoras. Por que protelar essa ação necessária das forças conjuntas dos que se preocupam com os problemas nobres da vida, a fim de que se transforme o supérfluo na migalha abençoada de pão e de carinho que será a esperança dos que choram e sofrem? Que os nossos irmãos espíritas compreendam semelhantes objetivos de nossas despretenciosas opiniões, colaborando conosco, dentro das suas possibilidades, para que possamos reconstruir e reedificar os costumes para o bem de todas as almas.
É incontestável que a sociedade pode, com o seu livre-arbítrio coletivo, exibir superfluidades e luxos nababescos, mas, enquanto houver um mendigo abandonado junto de seu fastígio e de sua grandeza, ela só poderá fornecer com isso um eloqüente atestado de sua miséria moral .
Psicografado Julho de 1939
Pelo Espírito EMMANUEL
Francisco Cândido Xavier
OS FILHOS DE DEUS
Narram os Evangelhos que, certa feita, o Senhor, vendo a multidão achegar-se para lhe receber a benção, subiu a um monte. Tomado de infinita compaixão pelas misérias humanas, traz sublimes orientações para que alcancemos o equilíbrio e a felicidade eterna. O Mestre nos ofereceu no Sermão da Montanha, dentre outras orientações, a de nos tornarmo pacificadores, e nos faz a sagrada promessa de que os que integrarem em si mesmos essa virtude serão chamados de Filhos de Deus. Não é possível sermos pacificadores sem sermos pacíficos, conquista ao nosso alcance que exige como primeiro passo o desejo.
É natural no ser humano alternarem-se momentos de irritação e paz, que brotam como efeito de circunstâncias indutoras. Allan Kardec nos traz no capítulo IX de O Evangelho segundo o Espiritismo, um perfeito tratado sobre a pacificação do ser humano, situando a paciência como uma caridade moral. Estudiosos do comportamento humano relatam que há pessoas mergulhadas na inconsciência, que são arrastadas pelos eventos da vida, pelo agir daqueles com os quais convivem. Há outras que são autoconscientes, que, ao contrário das anteriores, identificam as emoções quando elas surgem e não agem com base nelas. Estabelecem estratégias para acalmarem a si próprias e não reagem, mas agem com habilidade para superar os desafios e manterem-se em sintonia com a harmonia interior.
Não pense, amiga(o), que tal capacidade está longe de você! Todos nós, se realmente desejarmos, podemos alterar para melhor nossa vida ativando as potencialidades divinas, herança que trazemos em estado latente dentro de nós. No caso da paciência, não a poderemos desenvolver com pessoas angelicais, mas com as que põem à prova nossa determinação de não revidarmos na mesma moeda. No capítulo citado do Evangelho, em esclarecedora reflexão sobre a cólera, um Espírito Protetor identifica o orgulho ferido como um dos principais dinamizadores dessa emoção perturbadora. Identificar nossa dosagem de orgulho e apego como dinamizadores das irritações cotidianas pode nos auxiliar a transmutar o mal-estar que eles nos trazem.
Ocorre que, no caso da raiva e das irritações fomentadas pela existência, precisamos nos preparar para enfrentá-las diariamente, sem aguardar que as situações surjam para que identifiquemos como agir. Nesse caminho encontramos a atividade no bem, o desapego aos resultados imediatos e o autocultivo da paz. Maria Clara, a doce orientadora de nossa casa espírita, nos ensina que, após uma leitura edificante e a prece, utilizemos a consciência como nosso instrumento de observação e imaginemo-nos mergulhando em nosso centro de força cardíaco, esse portal interdimensional que trazemos no centro de nosso tórax. Bem aí, todos nós temos uma fonte inesgotável de paz, de fácil acesso, bastando sintonizar com ela.
Usufrua de alguns momentos por dia com a consciência integrada em seu núcleo de amor, nutrindo-se espiritualmente com sua energia, e a consciência da presença de Deus em você vai surgir. Pouco a pouco, perceberá que suas reações aos desafios diários tornam-se mais e mais pacíficas. Os desafios cotidianos vão se apequenando frente à doçura que a fonte interior de paz nos pode trazer. Cultivando esse exercício, com o tempo você conseguirá visualizar o seu tórax como uma fonte de energias calmas, sempre à sua disposição. Um lugar interdimensional onde você se dessedenta espiritualmente, ativa suas potencialidades divinas e mergulha nas mais deliciosas emoções e sensações.
Em realidade, não é a falta de tempo que nos pode criar obstáculos para cultivarmos a paz em nós e nos tornarmos canais através dos quais a paz de Deus chegue às pessoas e situações. É que a nossa mente, desavisada, cai na teia das distrações e desejos hipnóticos do dia a dia e não conseguimos tempo mental para buscarmos a ascensão, que é a finalidade maior da nossa existência. Fique atento(a), amigo(a) e irmão! Defina quinze, dez ou cinco minutos por dia, o que lhe for possível, e persevere nessa prática ... em breve, as sementes da mudança vão brotar e dar centenas por uma! Cuide-se bem e seja feliz!
Revista Cultura Espírita
2013
TEMPORÁRIA SEPARAÇÃO
Continuando os desequilíbrios do Chico, em janeiro de 1920, João Cândido Xavier, seu pai, pediu ao padre que fosse mais exigente com a criança, no confessionário.
O sacerdote concordou com a sugestão...
Quando o vigário lhe ouvia as referências sobre as rápidas entrevistas com Dona Maria João de Deus, desencarnada desde 1915, falou-lhe francamente:
— Não, meu filho. Isso não pode ser. Ninguém volta a conversar depois da morte. O demônio procura perturbar-lhe o caminho...
— Mas, padre, foi minha mãe quem veio...
— Foi o demônio.
Severamente repreendido pelo vigário, o menino calou-se, chorando muito.
O Sr. João Cândido, católico de Santa Luzia do Rio das Velhas deu razão ao padre.
— Aquilo só podia ser o demônio.
Chico refugiou-se no carinho da madrasta, alma compreensiva e boa.
E Dona Cidália lhe disse:
— Você não deve chorar, meu filho. Ninguém pode dizer que você esteja perseguido pelo demônio. Se for realmente sua mãezinha quem veio conversar com você, naturalmente isso acontece porque Deus permite. É Deus estando no assunto ajudará para que isso tudo fique esclarecido.
À noite desse dia, Chico sonhou que reencontrava a progenitora.
Dona Maria abraçou-o e recomendou:
— Repito que você deve obedecer a seu pai e ao vigário. Não brigue por minha causa. Por algum tempo você não mais me verá, contudo, se Jesus permitir, mais tarde estaremos mais juntos.
Não perca a paciência e esperemos o tempo.
Chico acorda em pranto.
Enxugou os olhos, resignado.
E, por sete anos consecutivos, não mais teve qualquer contacto pessoal com a mãezinha, para somente receber-lhe as mensagens psicografadas em 1927 e revê-la, de novo, pela vidência mais clara e mais segura, em 1931, quando mais familiarizado com o serviço mediúnico, ao qual se entregara de coração.
Livro Lindos Casos de Chico Xavier
Autor Ramiro Gama
CONFORTO
“Se alguém me serve, siga-me.” — Jesus. (JOÃO, capítulo 12, versículo 26.)
Freqüentemente, as organizações religiosas e mormente as espiritistas, na atualidade, estão repletas de pessoas ansiosas por um conforto.
De fato, a elevada Doutrina dos Espíritos é a divina expressão do
Consolador Prometido. Em suas atividades resplendem caminhos novos para o pensamento humano, cheios de profundas consolações para os dias mais duros.
No entanto, é imprescindível ponderar que não será justo querer alguém confortar-se, sem se dar ao trabalho necessário...
Muitos pedem amparo aos mensageiros do plano invisível; mas como recebê-lo, se chegaram ao cúmulo de abandonar-se ao sabor da ventania impetuosa que sopra, de rijo, nos resvaladouros dos caminhos?
Conforto espiritual não é como o pão do mundo, que passa, mecanicamente, de mão em mão, para saciar a fome do corpo, mas, sim, como o Sol, que é o mesmo para todos, penetrando, porém, somente nos lugares onde não se haja feito um reduto fechado para as sombras.
Os discípulos de Jesus podem referir-se às suas necessidades de conforto. Isso é natural. Todavia, antes disso, necessitam saber se estão servindo ao Mestre e seguindo-o. O Cristo nunca faltou às suas promessas.
Seu reino divino se ergue sobre consolações imortais; mas, para atingi-lo, faz-se necessário seguir-lhe os passos e ninguém ignora qual foi o caminho de Jesus, nas pedras deste mundo.
Livro "Caminho, Verdade e Vida"
Pelo Espírito Emmanuel
Francisco Cândido Xavier
DIREITO E DEVER DE VOTAR
Divaldo Franco
Professor, médium e conferencista
Uma das expressões mais elevadas da vivência democrática é o momento do direito e do dever de tornar-se eleito ou eleger-se os cidadãos que devem administrar a sociedade na qual o indivíduo se encontra.
A conquista da democracia de um povo resulta do seu amadurecimento moral, social e espiritual.
Superando os instintos agressivos que permanecem no processo antropológico da evolução, a cidadania, em decorrência da liberdade de pensamento e de ação, faculta o dever, assim como o direito de escolher os líderes que devem comandar os destinos da comunidade.
Em algumas culturas antigas e atuais, esse ministério tem sido exercido por personalidades de alto valor moral e abnegação, sem o interesse imediato de salário e comodidades absurdas que, normalmente, enriquecem aqueles que lutam ferozmente por alcançar os postos de responsabilidade.
Muito distantes do sentimento de amor à pátria e ao povo, sempre exausto e vencido pelas injustiças sociais, muitos modernos candidatos pensam exclusivamente nos interesses dos seus partidos e do enriquecimento pessoal.
Neste momento, a sociedade brasileira experimenta um tremendo desafio de significado histórico, porque definirá os rumos do futuro.
Enquanto o mundo estertora e a nacionalidade brasileira também experimenta dificuldades terríveis, o seu povo está convidado a definir o que será melhor para todos.
Os debates entre os candidatos multiplicam-se e as paixões lamentáveis geram inquietação como ameaças de parte a parte, gerando intrigas perversas e divisões infelizes entre as pessoas, sem o menor respeito pela liberdade de consciência que, neste momento, deve viger em todos.
Trata-se de uma ocasião que exige serenidade e discernimento, a fim de que sejam examinados os programas de governo de cada candidato, sem a perda de tempo dedicado a ofensas e mentiras calamitosas com as quais se influenciam os eleitores, na maioria deles, pouco politizados para esse fim.
Deixando-se dominar pelo que parece mais forte e que oferece mais facilidades morais irresponsavelmente, esses indivíduos definirão nas urnas o êxito, nem sempre do melhor, porém daquele que teve mais audácia, ofereceu absurdas concessões e zombou da faculdade de pensar das massas.
Neste momento, são utilizados recursos espúrios para uns mancharem a reputação dos outros, difamações que não podem ser investigadas e averiguadas e os ódios semeados desempenham os seus papéis em agressões morais e físicas asselvajadas, que deslustram a liberdade de conduta.
Na conjuntura que se encontra estabelecida hoje no Brasil, torna-se necessário que se atue com coragem e paz de espírito.
Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, de 18 de outubro de 2018.
RENOVAÇÃO
Raul Teixeira
Engajados nos iluminativos serviços da Seara de Jesus, faz-se imprescindível que o trabalhador modesto da Oficina de Luz empenhe-se, com todos os esforços para
Ser amigo, abrindo mão da animosidade desgastante;
Ser verdadeiro, deixando de lado a aparência enganadora;
Ser moderado em todas as coisas, rompendo com o estouvamento nefasto;
Ser autêntico junto àquilo em que crê, evitando contatos com a hipocrisia;
Ser altruísta, desapegando-se da tormenta egoística;
Ser trabalhador eficiente, sem atrelar-se à pachorra ou à preguiça que degenera a alma;
Ser manso, desenlaçando-se dos vínculos com a violência;
Ser prudente, sabendo isolar-se das armadilhas da imperícia;
Ser homem de fé, cumprindo com os compromissos na esfera do bem renovador, em todo lugar;
Ser disposto ao estudo sério, desligando-se da praça da ignorância que limita e oprime;
Ser bom, sem pieguismo, desfazendo as nódoas do mal enquistante;
Ser afetuoso, sem jungir-se à inconveniência;
Ser caridoso, cooperando lucidamente com o crescimento dos irmãos do caminho evolutivo;
Ser o cristão verdadeiro, mantendo-se fiel aos ensinos do Mestre, exemplificando com a própria vida o conteúdo que transmite através da palavra.
Somente desse modo, construindo sobre os escombros do homem velho enfermo, a edificação do homem realmente cristianizado, deparar-nos-emos com a realização dos propósitos divinos que são, em última análise, a condução da criatura humana para os Altos da renovação espiritual.
Ivan de Albuquerque
Psicografia de Raul Teixeira, em 30 de setembro de 1984, na Sociedade Espírita Renovação, em Curitiba, Paraná. Em 21.6.2014
|