O primeiro mandamento é amar a Deus e o segundo é amar ao próximo, assim também, nesses dois mandamentos se resume toda a Doutrina Espírita, numa única palavra: caridade. Áulus.
SERVE SEMPRE
Muitas vezes haverá noites escuras, mas também manhãs de sol primaveril, por isso continue lutando por dias melhores, não importa as tempestades do caminho, não importa o sol inclemente, não importa os julgamentos precipitados, é importante sim, que te mantenhas firme e constante no propósito de servir.
A missão do homem de bem na Terra será sempre servir. Por isso se realmente deseja promover o bem, comece ainda hoje a movimentar os teus recursos para que esse projeto de amor seja possível. Mas não te importes também com os espinhos, pois que muitas vezes são exatamente estes que relevam que não estás prestando atenção por onde andas, antes de ser um mal é um benefício, para que não cometas maiores desatinos.
Mais tarde compreenderás que aquele irmão infeliz que te apedreja, na verdade, está expulsando de si o mal que carrega no coração, e sendo alvo certamente algo tens a ver com o desequilíbrio que o atormenta, por isso consideres, que justo como és, certamente, não há de ser em vão essas investidas supostamente gratuitas, quem sabe é mesmo o Divino Amigo que te quer alertar que não estás bem.
Quando aqueles outros zombam de tuas melhores intenções, dos teus esforços mais bem direcionados, colocando defeitos e pintando com cores negras aquilo que representa o voto mais sincero de tua alma, nem por isso descreia do bem, mesmo porque o mundo seguirá o seu curso independente das atitudes dos outros, na verdade quanto ao que te toca, somente cobrarás de ti mesmo, porque a conta do próximo está noutro departamento da vida superior, não te preocupes com isso, pois que a própria lei se encarregará de estabelecer a lógica da vida.
Se porventura encontrares pelos caminhos da vida, irmãos outros cometendo erros absurdos segundo o teu modo de ver o mundo, não te aborreças, mesmo porque ninguém é obrigado a pensar por tua cabeça, ou ver o mundo com a lógica que imprimes a tua vida, pode ser mesmo que tenhas uma trave no teu olho, o que impede ver o mundo na sua correta posição, e com isso fazes um julgamento apressado que carece um pouco de lógica e sabedoria, assim que penses muitas vezes antes de divergir, mesmo porque poderia ser tu mesmo que estás naquela condição de alguém que está sendo julgado também, até mesmo pelo mesmo motivo.
Diante das dificuldades do caminho não acuses aos outros pelas tuas desditas, porque, pensando bem será ele mesmo o culpado de tuas quedas? Penses bem nisso, e recorras ao bom senso, ou a tua própria condição de criatura inteligente e não imputes aos outros a tua suposta infelicidade do momento, quem sabe representa a colheita das sementeiras daninhas que semeaste há bem pouco tempo e não percebes que a própria lei se encarregou de te apresentar a conta, para que a quites antes do Sol se pôr neste mundo para os teus olhos físicos.
É uma indagação oportuna a se fazer.
Se alguém te ferir sem uma justa causa, penses nele não com rancor, mas com o respeito que se devota por alguém muito infeliz - que ele realmente o é, porque em breves dias será compelido a reparar as suas atitudes impensadas, e nesses dias de amargas conclusões, quem sabe necessitará de teu apoio fraterno, desse teu coração que não negas apoio a ninguém, por que já sabes que o mal é uma situação transitória do mundo, que somente o bem por fim triunfará, por isso não julgues, não desperdices as tuas horas com aquele pensamento de justiça intima, porque em verdade tens muitos projetos importantes que precisa dar a última demão, por isso não percas tempo, mas imperturbável segues o teu caminho.
Diante daqueles outros que procurar denegrir os teus projetos acalentados de há muito em teu coração generoso, que representa mesmo a tua maior motivação, não te deixes abater, porque a par de alguns que o procuram desanimar, há de surgir outros que mais te incentivarão a seguir adiante cheio de esperança, mesmo sendo um ponto de apoio para sustentar-te em tuas crises passageiras, porque acima de todas a contradições humanas brilha a suprema justiça, que invariavelmente dará a cada um de acordo com suas obras, independentes das convicções as opiniões de quem quer que seja.
Assim que por maiores que sejam os percalços do caminho, sigas invariavelmente fazendo bem por onde passes, assim como o Sol que ilumina a todos independentemente de suas convicções, não perguntando a ninguém se é desta ou daquela religião, se é da direita ou da esquerda, justo ou injusto, mas serve com abundância de suas luzes, também faças o mesmo porque na verdade estarás pavimentando com pedras preciosas o teu caminho, assim que esses espinhos até terão o seu valor para que caminhe com mais celeridade rumo a mais completa felicidade.
Áulus/ Otacir Amaral Nunes
Campo Grande/MS
REENCARNAÇAO (Entrevista)
Jornalista do "Diário de Notícias", do Rio de Janeiro, entrevistou há 72 anos, na cidade de Pedro Leopoldo, o médium Francisco Cândido Xavier a respeito de vários assuntos, entre eles a Reencarnação. As perguntas sobre palingenesia, respondidas por Emmanuel, foram publicadas na edição de 29 de junho de 1935 daquele vespertino carioca e vêm reproduzidas a seguir:
Repórter - A reencarnação só se verifica depois de um determinado tempo da vida espiritual no além?
Francisco C. Xavier - Não há tempo determinado no intervalo das reencarnações da alma. No espaço compreendido entre elas, o espírito estuda, nos planos em que se encontram as possibilidades do futuro, ampliando seus conhecimentos e adquirindo experiências a fim de triunfar nas provas necessárias.
De um modo geral, são as próprias almas que se reconhecem necessitadas de luz e progresso e pedem seu regresso ao plano carnal. Contudo, em alguns casos como os de entidades cruéis, rebeldes e endurecidas, são os guias esclarecidos que se incumbem de lhes preparar a reencarnação amarga, mas necessária.
Repórter - Os que desencarnam no período infantil são espíritos mais evoluídos, isentos de luta e provação na Terra?
Francisco C. Xavier - Alguns abandonam muito cedo o invólucro material, às vezes pelo motivo de serem obrigados somente a um pequeno resgate diante das leis que nos regem... Em sua generalidade, porém, esses acontecimentos estão enfeixados no quadro das provações precisas.
Os suicidas, por exemplo, depois de se evadirem da oportunidade que lhes foi oferecida para o resgate do seu passado, estão muitas vezes sujeitos a essas penas. Querem viver na Terra novamente, tragar corajosamente o conteúdo amargo do cálix das expiações dos seus erros, porém as experiências costumam fracassar, a fim de compreenderem eles o quanto é sagrado o patrimônio da vida que nos foi concedido por Deus.
Repórter - Por que existem, dentro do próprio Espiritismo, os que aceitam e os que neguem a reencarnação?
Francisco C. Xavier - Semelhante anomalias são devidas aos poderes de preconceitos prejudiciais e obcecantes.
Muitos cérebros e muitas coletividades são, pelos espíritos, encontrados já trabalhados por dogmas incompreensíveis, bastante cristalizados nas mentes.
Nossa tarefa, então, para orientá-los e esclarecê-los no terreno das verdades transcendentais, é muito lenta para que não percamos os benefícios já feitos.
Não duvideis, contudo, de que em futuro próximo alcançaremos a unidade das teorias do espiritualismo hodierno.
Repórter - Sempre existiu no mundo a idéia da reencarnação?
Francisco C. Xavier - A idéia da reencarnação vem das mais remotas civilizações e só ela pode dar ao homem a solução dos problemas do destino e da dor. Todos os grandes filósofos dos tempos antigos a aceitavam e só nos últimos séculos a verdade da preexistência das almas foi obscurecida pelos argumentos sub-reptícios de quantos desejam conciliar inutilmente interesses de ordem divina com as coisas passageiras do egoísmo do mundo.
Extraído do Jornal "O Semeador" de julho/2001
MENSAGEM PARTICULAR
Minha querida mãe Eliana!
Jesus nos ampare!
Estou reunido num grupo de pessoas amigas e junto delas o meu avô Claudionor (1), que pede a benção de Deus em nosso apoio.
Minha doce Eliana, como eu gostaria de carregá-la no colo e poder segurar nas mãos para caminhar outra vez, lembrando o meu tempo de menino, nas idas e vindas do tempo, tirando da memória e do coração todas essas lembranças que muito bem fariam para o nosso coração.
E pensar que estamos juntos e no momento seguinte, separados pelas mãos do destino, que prepara peças que substituem os nossos valores num exato momento em que precisamos vencer as provas do caminho, obrigando-nos ao decúbito , tramando outras ações que modificam a nossa estrutura, atrapalhando a nossa condição familiar, que desde aquele momento se furta no anonimato da saudade que permanece em nosso lugar.
Várias vezes tive a oportunidade de vencer essas tramas do destino, mas não foi o suficiente naquele dia 26 de agosto, onde poderíamos estar juntos com a família toda, em vez de mudar a rota para a viagem passageira para o Recanto do Peroba (2), onde fatalmente eu deixaria que a minha estrada perdesse a sua direção, principalmente nos momentos em que eu mais precisava de prudência e conforto naquela estrada demarcada pelas necessidades de manutenção... Acontece que nem sempre somos os portadores das boas novas e naquele sábado, Deus quis que fosse o final dos meus tempos, impondo-me uma provação que talvez ainda não estivesse preparado para representá-lo nas suas exigências.
Sei que o tempo é uma testemunha de que não precisava de tanta sandice, para os meus assuntos da fazenda, mas a criação sempre exigia um pouco de nós. Não foi o bastante para orientar-me de que deveríamos respeitar as pistas defeituosas, cobrando de nós mesmos mais seriedade e prudência ao volante, principalmente em estradas inacabadas, que requerem mais sobreavisos, do que as conservadas no asfalto seguro, onde o risco é menor.
Aconteceu que num mínimo descuido perdi o controle da direção e o carro, ausente das minhas mãos, derrapou capotando, quase que simultaneamente, colocando-me estirado nas minhas deficiências, que me exigiam cuidados especiais, naquele momento de expressivo desastre... Levantei-me do chão rapidamente e quis prestar-me aos primeiros socorros e gritei por socorro, rogando que naquele momento alguém pudesse ouvir-me...
Aos poucos fui percebendo que falharia como profissional de medicina e meus olhos buscavam por uma viva alma que pudesse socorrer-me! Não senti a dor dos traumatizados, mas percebi que já não havia mais nada a fazer. O meu corpo estava imóvel, e os meus sentidos já não me obedeciam, criando um momento de expectativa quando percebi a presença do meu avô Claudionor, me pedindo para que ficasse em seus braços, até que um torpor me invadiu a mente e penso que naquele momento a noite chegara a pleno meio-dia, obrigando-me a um descanso quase que atravessado, pela necessidade de uma anestesia temporal. Acho que percebia que estava limitado a um esquecimento temporário. As coisas que eu vinha a perceber já não estavam coloridas pelo sol da manhã... Eu estava simplesmente me despedindo da vida, sem dar conta de que já não pertencia mais a este mundo!
Mamãe querida, não sei por quanto tempo fiquei desacordado, mas foi o bastante para que eu percebesse que já não estava mais em casa. Não compreendi e tão pouco me esforçava para atender os meus anseios, porque intimamente eu não queria aceitar o quadro que eu ia lentamente reconhecendo... num leito hospitalar, cercado por pessoas boas e atenciosas, lembrando os hospitais onde trabalhei, exercendo a minha medicina... era forte demais a sensação que eu sentia quando me lembrava da senhora, da Tatiana (3) e do nosso Vítor (4), quem sabe naquele momento eu não quisesse aceitar a realidade. O meu avô trouxe à minha presença a vovó Edman (5), que aos poucos, depois de forte abraço, deu-me a entender que eu já não estava mais em nossa casa e que naquele hospital eu receberia atenção multiplicada pela generosidade dos Benfeitores que me assistiam, porque eu ainda não tinha entendido que havia me transferido de uma vida para a outra, lembrando que a dúvida é persistente e agressiva quando sentimos tanta perfeição em nossa massa corporal, será que naquele momento eu aceitasse que a vida era apenas aquilo e que num momento qualquer, deixamos para trás toda a nossa bagagem que levamos uma vida para arrumar, sem ao menos dar-nos a oportunidade de despedida...
Sei que no momento foi muito difícil e a minha memória não me deixava trabalhar a mente, como se quisesse me separar do mundo real e que me pertencia por excelência. Aos poucos fui recordando de nossa casa, e nesse momento eu senti a necessidade de gritar por vocês, e chorei muito, compreendi que a verdade doía demais e meu corpo precisava de descanso.
Pouco tempo depois o meu avô me deu notícias de casa, dizendo para mim que a nossa querida Maria de Lourdes (6) também tinha desencarnado, há alguns dias e que precisaríamos melhorar rapidamente para que prestássemos algum auxílio para melhorar a sua capacidade de entendimento nesta outra existência, que nos cobra intensamente os requisitos da memória.
Mãezinha, aos poucos, suas vibrações através das preces que me endereçava, mostrava que surtiam algum efeito no meu coração, pois eu começava a reagir!
Sinto que a minha luta foi demasiadamente dura, mas venci as dificuldades e hoje que posso utilizar este lápis venho com a graça de Deus, pedir muita serenidade frente às provações que atravessamos juntos. Penso que há momentos em nossas vidas que precisamos gritar de tristeza, mas há também os que precisamos gritar de alegria, porque estamos vivos...
Ninguém morre e apenas nos transferimos, levando no coração as bênçãos que recebemos do amor e da família, erguendo para o alto a denominação de que somos filhos de Deus.
Hoje posso dizer que estou melhor e que já estou trabalhando no auxílio dos acidentados. Pude receber a atenção plena de nossa família que logo chegaram para afirmar que estamos todos juntos e nas mesmas orações.
O nosso querido João Regasso (7), manda apenas um “alô”, afirmando que a vida é sempre iluminada pelas estrelas do firmamento e que brilham enquanto dormimos, para afirmar a bela presença de Deus.
Deixo o meu coração sempre entrelaçado no coração da querida esposa e filho amado, estendendo o meu carinho para o querido Luiz Carlos (8) e para a nossa querida Regina (9), lembrando que as oportunidades são bênçãos que vem em nosso auxílio, mudando muitas vezes o curso de nossas vidas, que correm como um rio que deságua no mar, estendendo o seu raio de atuação porquanto compreendem que não se acaba o que Deus começou e que nós somos viajantes abençoados, que se completam nas exigências das provas que põe em xeque a nossa fé e o nosso respeito pelas coisas que o Pai da Infinita Misericórdia dá-nos, dando o real merecimento.
Estamos todos juntos e nossas mamães sempre queridas já não estarão mais sofridas, porque cada dia que renasce, cria para nós a certeza de que um dia estaremos mais próximos do amor sem adeus.
Mãezinha Eliana, abraça-me forte e abraça a minha Tatiana, dando-lhe a certeza de que o nosso amor vence a morte e que hoje posso estar do seu lado, rogando a Deus que sempre lhe estenda as suas mãos generosas para que ela possa estar sempre feliz, junto com todos os nossos.Benção!
Feliz Dia das Mães!
Te amo
Alessandro
Alessandro Martins de Souza Silva
Esclarecimentos:
Alessandro Martins de Souza Silva, médico, desencarnou em 26/08/2006, com 31 anos, de acidente de carro.
(1) Avô Claudionor – avô materno do Alessandro
(2) Recanto do Peroba – fazenda de onde o Alessandro vinha, quando aconteceu o acidente.
(3) Tatiana – esposa do Alessandro
(4) Vítor – filho do Alessandro
(5) Vovó Edman – avó materna do Alessandro
(6) Maria de Lourdes – avó da esposa do Alessandro, que desencarnou uma semana após o mesmo.
(7) João Regasso – bisavô materno do Alessandro
(8) Luiz Carlos – sogro do Alessandro
(9) Regina – sogra do Alessandro
Mensagem recebida pelo médium João de Deus, em reunião pública do dia 10/05/2007, no Grupo Espírita da Prece em Campo Grande/MS.
TÉCNICA DE VIVER
Fora daquilo que respeita a vida eterna, as coisas humanas enfastiam de imediato. O raciocínio quer luz e substância.
Há quem atravesse o estágio físico fazendo rodízios entre ocupações sem proveito para atordoar, esquecer, desafogar-se.
Nossa vida tem o valor da nossa técnica de viver. O entendimento da realidade espiritual não nos exclui da obrigação de conhecer simultaneamente a existência e nós.
Quem se distancia da observação em torno do que se passa consigo não enceleira as lições dos fatos. Quem não presta atenção perde a oportunidade.
As ocorrências em que somos envolvidos, naturalmente, carecem de interpretação de nossa parte.
Urge analisar cada instante, cada fase, cada ano de nossos empreendimentos tanto no momento em que venham a ocorrer quanto após a sua realização. Anotar motivação e resultado. Aprender a discernir.
Cogitemos dos significados profundos. Elejamos mais altos padrões de conduta. Mostremos a coragem de anatomizar o próprio comportamento, as nuanças de nossas ações, as repercussões e de nossas escolhas.
Depois de certa altura de aprendizado, a alma deve reconhecer que a vida não pode ser consumida simplesmente. Levada de roldão, através de processos empíricos, sem previsões e sem planos.
A consciência adulta há de criar técnica própria de existir. Técnica conquistada a suor. Suor despendido no noite-e-dia, remodelando a imagem que guardamos de nós, aprimorando o retrato que pretendemos apresentar-nos no Mundo Maior.
A técnica de viver jamais será estática, há de ser sempre mais aperfeiçoada e amadurecida, conforme a visão e o aprendizado. E todas as decisões do espírito se tornam mais seguras, seja na solução a problemas morais, na organização de iniciativas, na compreensão da conduta alheia, na segurança de si mesmo quanto ao presente, ao futuro e às perspectivas da morte e transformações conseqüentes.
Os rótulos transitórios concernentes às religiões, agremiações, classes sociais ou profissões, só por si, não nos mantêm a paz interior, que apenas surge e cresce do conjunto de fatores construtivos de que se nos constitua a existência.
Seja positivo examinando seus passos. Corrija as distorções da figura que você faz de si. Afaste as fobias. Desfaça as prevenções. Evite a reincidência nos enganos.
Entenda você sem excessos contras e prós, imparcialmente, aparando as rebarbas tanto de entusiasmo quanto de pessimismo das suas estruturas sentimentais.
Você pode realizar muito mais por você e pelos outros se retificar as conclusões errôneas que sustenta sobre sua própria pessoa.
Quase todos portamos cicatrizes morais que nos cerceiam os passos mais amplos de vanguarda.
Muitas das suas incapacidades existem apenas na sua mente. Liberte-se da tirania das idéias negativas que você sustenta, nesse ou naquele sentido, contra você.
Somente a auto-interpretação correta nos informa a técnica de viver. Nossa vida é a nossa edificação. Sonhos, ideais, aspirações e palavras são materiais de construção. O trabalho é que conta. E a técnica assegura o êxito do serviço.
O Evangelho de Cristo é suficientemente claro quando nos afirma que, na Vida e no Universo, a lei respeitará sempre o inarredável princípio: “a cada um segundo as suas obras”.
Kelvin Van Dine
Do livro “Técnica de Viver” de Waldo Vieira – Editora CEC
O MÉDIUM E O GUIA
Todos somos guiados por espíritos que respiram em esfera superior à nossa. Eles são nossos guias espirituais, e essa seqüência de assistência se verifica em ordem ascendente e descendente.
Cada criatura humana tem seus acompanhantes espirituais e mais especificamente um responsável que a acompanha desde o nascimento ou, por vezes, a orienta desde eras incontáveis por ligações asseguradas pela simpatia.
De qualquer forma, estamos todos ligados uns aos outros e todos em Deus. Mas quando falamos em guias e anjos de guarda, lembramo-nos logo da mediunidade e é dessa vinculação de um para com o outro que queremos falar.
Cada médium tem seu guia espiritual. Ele deve afinar-se com essa entidade e os meios de ambos se tornarem mais afins é a conduta reta, é a amplitude dos dons de amar, é o trabalho em favor do aperfeiçoamento das qualidades elevadas da vida.
Pedimos que prestes bastante atenção no que falamos, porque o dizemos por experiência própria junto àqueles a quem assistimos. Quando o médium está afinado com a caridade em todos os seus aspectos, quando ele começa a sentir o amor por todas as criaturas, quando reconhece o valor do perdão e sempre ajuda sem interesse da gratidão, esse médium, mesmo que não tenha a faculdade de se comunicar conosco diretamente, sente a nossa aproximação, pela faculdade do amor, que registra na consciência a presença espiritual. Não é pela faculdade desenvolvida do medianeiro o nosso maior interesse. É pelo que ele faz dos dons que possui, de pensar, de falar, de viver e, ainda mais, é pela sua compreensão do valor da auto-educação.
Guias espirituais todos temos, pois isso é uma lei nascida da misericórdia de Deus. Carece saber de respeitamos esses companheiros da espiritualidade maior, não se envergonhando com os nossos feitos. É de importância grandiosa que os convidemos para assistirem o que pensamos e o que falamos e, sentindo as suas presenças, passemos a pensar e a falar com mais segurança. Não podemos ignorar as nossas companhias espirituais. Elas são visíveis. Percebemos os seus pensamentos permeando os nossos, a nos chamar, com a voz interior, para trilharmos a senda da verdade. E o médium espírita não pode se esquecer dessa realidade.
Guia nenhum se afasta do seu tutelado. O assistido é quem muda o comportamento, caindo em vibrações diferentes daquelas que o ajudam. Se o de baixo se esforça para subir, o de cima de empenha em descer, para se dar o encontro. Compreendamos, pois, que do movimento do bem é que surge a luz do entendimento. A comunicação mediúnica dá-se por afinidade de valores, pelo caráter dos ideais. Se queres comunicar-te com o espíritos superiores, eleva as tuas qualidades de forma como ensina o Evangelho de Jesus e alcançarás as vibrações mais puras daqueles que vivem e irradiam o amor.
O médium que já compreendeu sua missão de instrumento dos espíritos da verdade, pode dizer: eu e meu guia espiritual somos um, como dizia Jesus, ao se referir ao pai. Se quisermos que os outros respeitem nossos direitos, é justo que devamos igualmente compreender o nosso dever de gratidão para com aqueles que nos orientam desde o princípio da nossa formação, os nossos benfeitores que não nos perdem de vista, com o carinho de sempre, com um amor que não se agasta, e fios de amizade que não se quebram. É dever de todos nós em todos os passos que percorrermos na vida.
Todos temos nossos guias espirituais. Somente Deus não precisa de assistência de outros deuses, por ser o soberano de toda a criação. Pelo que fazes, poderás notar qual é a ligação mais segura que tens e a qualidade de espíritos que com mais facilidade de te comunicam.
A luz atrai luz e as trevas atraem as trevas. Esta é a lei de justiça divina e humana. Mediunidade não é brincadeira que se encontra espalhada em parques de diversões. É faculdade divina, que fazendo parte da nossa vida, pode nos dar mais segurança ou toldar a nossa visão de luz.
Jesus ordena descer todas as orientações cabíveis aos médiuns, para que eles, pelos seus próprios esforços, alcancem a sua glória. A estabilidade, depois que Deus já abençoou, é conquista de cada ser e a liberdade ou escravidão é conforme o plantio de cada alma.
Médium, podes abrir os canais para perceberes as instruções espirituais dos teus guias pela oração, esquecendo o que é material, entregando-te totalmente ao amor e fazendo da caridade um dever.
Procura melhorar a cada dia que passa, em todos os sentidos e notarás a verdade do que falamos. Se já melhoraste, esforça-te para melhorar ainda mais, e se já melhoraste mais, não percas a seqüência do aprimoramento, para que possas sentir no centro do coração uma luz desabrochar, à qual poderás chamar de Cristo interno. Ele te libertará para sempre das trevas da ignorância. É desnecessário pedires por intermédio de outros médiuns a outros guias espirituais, pois já tens os teus. Basta que te aproximes deles pelo que eles são, marcando a tua conduta pelos sinais do amor e da caridade.
Miramez
Do livro “Segurança Mediúnica” de João Nunes Maia- Editora Fonte Viva
DEPOIMENTO
A mensagem de J.P., que designamos apenas por suas iniciais, em virtude da comovente lição que nos traz, foi recebida na noite de 13 de maio de 1954, no encerramento de nossas tarefas.
Para elucidar certas passagens desta comunicação psicofônica, é forçoso esclarecer que ele nos visitara anteriormente, sendo socorrido pela doutrinação evangélica.
É curioso notar que uma de nossas irmãs, elemento efetivo de nosso Grupo e esposa de um dos nossos companheiros, meses antes da mensagem que aqui transcrevemos, revelava todos os sintomas de uma gravidez aparente e dolorosa, tendo sito tratada espontaneamente, em várias reuniões sucessivas, por um de nossos Benfeitores Espirituais que, carinhosamente, a libertou, através de passes magnéticos, das estranhas impressões de que se via possuída.
Com grande surpresa para nós, viemos então a saber que o Espírito J.P. era o candidato ao renascimento que não chegou a positivar-se.
Cremos sejam necessárias as presentes anotações, não só para que a mensagem seja devidamente aclarada, como também para estudarmos importantes incidentes que podem ocorrer, entre dois mudos, em nossa vida comum.
Com a inflexão de quem chorava intimamente, o visitante assim se expressou, sensibilizando-nos a todos:
13 de maio de 1954!...
Há precisamente sessenta e seis anos eram declarados livres todos os escravos no território brasileiro.
E talvez comemorando o acontecimento, determinam os instrutores desta casa vos fale algo de minha história, de minha escura história, porquanto, em seus últimos lances, ela se encontra de certo modo associada à obra espiritual de vosso Grupo.
J.P. foi meu nome em Vassouras, a fidalga Vassouras do Segundo Império.
Resumirei meu caso, tanto quanto possível, porque, como é fácil perceberdes, não passo ainda de pobre viajante da sombra, em árduo serviço na própria regeneração.
Em março de 1888 fui convidado a participar de expressiva reunião da Câmara Vassourense por meu velho amigo Dr. Correia e Castro.
Cogitava-se da adoção de medidas compatíveis com a campanha abolicionista, então na culminância.
Alguns conselheiros propuseram que todos os fazendeiros do Município instituíssem a liberdade espontânea, a favor do elemento cativo, com a obrigação de os escravos alforriados prosseguirem trabalhando, por mais cinco anos consecutivos, numa tentativa de preservação da economia regional.
Discussões surgiram acaloradas.
Diversos agricultores inclinavam-se à ponderação e à benevolência.
Entretanto, eu era daqueles que pugnavam pela escravatura irrestrita.
Encolerizado, ergui minha voz.
Admitia que o negro havia nascido para o eito.
Nada de concessões nem transações.
O senhor era senhor com direito absoluto; o escravo era escravo com irremediável dependência.
Aderi ao movimento contrário à proposta havida, e nós, os da violência e da crueldade, ganhamos a causa da intolerância porque, então, Vassouras prosseguiu esperando as surpresas governamentais, sem qualquer alteração.
De volta ao lar, porém, vim a saber que a inspiração da providência sugerida partira inicialmente de um homem simples, de um homem escravizado...
Esse homem era Ricardo, servo de minha casa, a quem presumia dedicar minha melhor afeição.
Era meu companheiro, meu confidente, meu amigo...
Inteligência invulgar, traduzia o francês com facilidade. Comentávamos juntos as notícias da Europa e as intrigas da Corte... Muitas vezes, era ele o escrivão predileto em meus documentários, orientador nos problemas graves e irmão nas horas difíceis.
Minha amizade, contudo, não passava de egoísmo implacável.
Admirava-lhe as qualidades inatas e aproveitava-lhe o concurso, como quem se reconhece dono de um animal raro e queria-o como se não passasse de mera propriedade minha.
Enraivecido, propus-me castigá-lo.
E, para escarmento das senzalas, na sombra da noite, determinei a imediata prisão de quem havia sido para mim todo um refúgio de respeito e carinho, qual se me fora filho ou pai.
Ricardo não se irritou ante o desmando a que me entregava.
Respondeu-me às perguntas com resignação e dignidade.
Calmo, não se abateu diante de minhas exigências.
Explicou-se, imperturbável e sereno, sem trair a humildade que lhe brilhava no espírito.
Aquela superioridade moral atiçou-me a ira.
Golpeado em meu orgulho, ordenei que a prisão no tronco fosse transformada em suplício.
Gritei, desesperado.
Assemelhava-me a fera a cair sobre a presa.
Reuni minha gente e as pancadas – triste é recordá-las! – dilaceraram-lhe o dorso nu, sob meus olhos impassíveis.
O sangue do companheiro jorrou, abundante.
A vítima, contudo, longe de exasperar-se, entrara em lacrimoso silêncio.
E, humilhado por minha vez, à face daquela resistência tranqüila, induzi o capataz a massacrar-lhe as mãos e os pés.
A recomendação foi cumprida.
Logo após, porque o sangue borbotasse sem peias, meu carrasco desatou-lhe os grilhões...
Ricardo, na agonia, estava livre...
Mas aquele homem, que parecia guardar no peito um coração diferente, ainda teve forças para arrastar-se, nas vascas da morte, e, endereçando-me inesquecível olhar, inclinou-se à maneira de um cão agonizante e beijou-me os pés...
Não acredito estejais em condições de compreender o martírio de um Espírito que abandona a Terra, na posição em que a deixei...
Um pelourinho de brasas que me retivesse por mil anos sucessivos talvez me fizesse sofrer menos, pois desde aquele instante a existência se me tornou insuportável e odiosa.
A Lei Áurea não me ocupou o pensamento.
E quando a morte me requisitou à verdade, não encontrei no imo de meu ser senão austero tribunal, como que instalado dentro de mi mesmo, funcionando em ativo julgamento que me parecia nunca terminar...
Um homem perdido por séculos, em noite tenebrosa, creio que padece menos que alma culpada, assinalando a voz gritante da própria consciência.
Perdi a noção do tempo, porque o tempo para quem sofre sem esperança se transforma numa eternidade de aflição.
Sei apenas que, em dado instante, na treva em que me debatia, a voz de Ricardo se fez ouvir aos meus pés:
- Meu filho!... meu filho!...
Num prodígio de memória, em vago relâmpago que luziu na escuridão de minha alma, recordei cenas que haviam ficado a distância, quadros que a carne da Terra havia conseguido transitoriamente apagar...
Com emoção indizível, vi-me de novo nos braços de Ricardo, nele identificando meu próprio pai... meu próprio pai que eu algemara cruelmente ao poste de martírio e a cuja flagelação eu assistira, insensível, até o fim...
Não posso entender os sentimentos contraditórios que então me dominaram...
Envergonhado, em vão tentei fugir de mim mesmo.
Em desabalada carreira, desprendi-me dos braços carinhosos que me enlaçavam e busquei a sombra, qual o morcego que se compraz tão-somente com a noite, a fim de chorar o remorso que meu pai, meu amigo, meu escravo e minha vítima não poderia compreender...
No entanto, como se a Justiça, naquele momento, houvesse acabado de lavrar contra mim a merecida sentença condenatória, após tantos anos de inquietação, reconheci, assombrado, que meus pés e minhas mãos estavam retorcidos...
Procurei levantar-me e não consegui.
A Justiça vencera.
Achava-me reduzido à condição de um lobo mutilado e urrei de dor... Mas, nessa dor, não encontrei senão aquelas mesmas criaturas que eu havia maltratado, velhos cativos que me haviam conhecido a truculência... E, por muitos deles, fui também submetido a processos pavorosos de dilaceração.
Passei, porém, a rejubilar-me com isso.
Guardava, no fundo, a consolação do criminoso que se sente, de alguma sorte, reabilitado com a punição que lhe é imposta.
A expiação era serviço que eu devia à minha própria alma.
Se algum dia pudesse rever Ricardo – refletia -, que eu comparecesse diante dele como alguém que lhe havia experimentado as provações.
Lutei muito, repito-vos!...
Sofri terrivelmente, até que, certa noite, fui conduzido por invisíveis mãos ao lar de um companheiro em cuja simpatia recolhi algum descanso.
Aí, de semana a semana, comecei a ouvir palavras diferentes, ensinamentos diversos, explanações renovadoras.
Modificara-se-me os pensamentos.
Doce bálsamo alcançou-me o espírito dolorido.
E, desse santuário de transformação, vim, certa feita, ao vosso Grupo.
Há quase dois anos, tive o conforto de desabafar-me convosco, de falar-vos de meus padecimentos e de receber-vos o óbolo de fraternidade e oração.
Mas porque desejasse associar-me mais intimamente ao lar em que me reformava, atirei-me apaixonadamente aos braços dos amigos que me acolhiam, intentando consolidar mais amplamente a nossa afeição.
Queria renascer, projetando-me em vosso ambiente... Para isso, busquei-vos como o sedento anseia pela fonte ... E tudo fiz para exteriorizar-me; entretanto, eu não possuía forças para mentalizar as mãos e pés!...
Se eu retomasse a carne, seria um monstro e se concretizasse meu sonho louco teria cometido tremendo abuso...
Além disso, estaria na posição de um aleijado, simplesmente regressando do inferno que havia gerado para si mesmo.
Nesse ínterim, contudo, os instrutores de vossa casa me socorreram...
Auxiliaram-me, sem alarde, noite a noite, e, graças ao Senhor, meu propósito foi frustrado.
Mas, se é verdade que não pude retratar-me de novo, no campo da densa matéria, para tentar o caminho de reencontro com Ricardo, recebi convosco, ao contato da prece, o reajuste de minhas mãos e de meus pés.
Orando em vossa companhia e mentalizando a minha renovação em Cristo, minha vida ressurge transformada.
Agora, esperarei o dia de minha volta ao campo normal da experiência humana, a fim de, em me banhando na corrente da vida física, apagar o passado e limpar minhas culpas, através do trabalho, com a minha justa escravização ao dever, para, então, mais tarde, cogitar da suspirada ascensão.
Mas, porque recompus minha forma, aqui estou convosco e vos digo:
- Aleluia!...
- Viva a liberdade!...
Louvo a liberdade que me permite agora pensar em receber o bem-aventurado cativeiro da prova, favorecendo-me por fim o galardão da cura!...
Amigos, eis que nos achamos em 13 de maio de 1954!...
Para minha alma, depois de 66 anos, raia um novo dia...
Para mim, a luz não tarda!... a luz de renascer! E assim me expresso, porque somente na esfera de luta em que vos encontrais como privilegiados tarefeiros, por bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo, é que poderei encontrar o sol da redenção.
Agradeço-vos a todos, recomendando-me feliz às preces de todos os companheiros, preces que constituem vibrações de amor que ainda me empenho em recolher, como sementes de renovação para o dia de amanhã que espero, em Jesus, seja enfim abençoado...
Que o Senhor nos ampare.
J.P.
Do livro “Instruções Psicofônicas” de Francisco C. Xavier- Editora FEB
RENÚNCIA
Fala-nos a Ciência na linguagem dos conhecimentos, propondo ao nosso espírito, momentos de busca em labirintos convencionados pelo nosso próprio psiquismo. Cria a imagem e distorce em nós as virtudes que se adquirem pela paciência e pela fé.
Lembra-nos de processos que envolvem características, em quase todo seu ajustamento; entretanto, leva-nos ao campo da neutralidade quando resolvemos polir os tesouros que se acumulam em nosso derredor, sobre-colocado de lado pela nossa realidade adormecida em projetos distantes do Cristo.
Procuremos, então, diversificar os nossos momentos em trabalho, servindo a todos em parcelas de valor moral, construindo vasos para cultivar as flores do jardim do céu como mensagem de amar verdadeiro.
Abracemos os nossos companheiros propondo auxílio, alimentando a inspiração por ideais a serviço do Cristo. Na longitude dos nossos pensamentos quase sempre percebemos a bênção da caridade a nos disfarçar como trabalhadores, conquanto, às vezes, somos apenas ilustres mensageiros a observar as paisagens do mundo, colhendo somente o belo e o agradável, enquanto nas calçadas, se deixam ao abandono, crianças carentes e velhos abandonados.
Cristo nos mostra as escolas do pensamento para que possamos cultivar que vem do céu, solicitando do nosso espírito a atividade nobre, compreendendo a renúncia pelos bens materiais que excedem ao uso; deixando, ao nosso parecer, verdadeiros caminhos que mostram o auxílio a tarefa propondo aos nossos pés a doce caminhada em busca do reino espiritual.
Acordemos, queridos irmãos, e estendamos as mãos para socorrer, propondo momentos de verdadeira intenção, não mostrando, mas escondendo o gesto, porque Jesus nos requer em silêncio, para que o mundo possa valorizar a renúncia como a virtude de caridade representando o amor.
Ezequiel
Mensagem recebida pelo médium João de Deus, Campo Grande/MS
OS TRÊS CRIVOS
.. Certa feita, um homem esbaforido achegou-se a Sócrates e sussurrou-lhe aos ouvidos: - Escuta, na condição de teu amigo, tenho alguma coisa muito grave para dizer-te, em particular...
Espera! ... ajuntou o sábio prudente. Já passaste o que me vais dizer pelos três crivos?
Três crivos? – perguntou o visitante, espantado.
Sim, meu caro amigo, três crivos. Observemos se tua confidência passou por eles. O primeiro, é o crivo da verdade. Guardas absoluta certeza, quanto aquilo que pretendes comunicar?
Bem, ponderou o interlocutor, - assegurar mesmo, não posso ... Mas ouvi dizer e ... então...Exato. Decerto peneiraste o assunto pelo segundo crivo, o da bondade. Ainda que não seja real o que julga saber, será pelo menos bom o que me queres contar?
Hesitando, o homem replicou:
Isso não ... Muito pelo contrário...
Ah! – tornou o sábio – então recorramos ao terceiro crivo, o da utilidade, e notemos o proveito do que tanto te aflige.
- Útil?! ... aduziu o visitante ainda agitado. – Útil não é ...
Bem – rematou o filósofo num sorriso, - se o que tens a confiar não é verdadeiro, nem bom e nem útil, esqueçamos o problema e não te preocupes com ele, já que nada valem casos sem edificação para nós...
Aí está, meu amigo, a lição de Sócrates, em questões de maledicência...
Irmãos X
Mensagem recebida pelo médium Francisco C. Xavier
PROBLEMAS DA MORTE
Milhares de criaturas regressam do templo da carne, cada dia, no mundo, aos planos da Vida Espiritual.
Raras, porém, abandonam a Terra, com o título do trabalhador que atendeu ao cumprimento das próprias obrigações.
Quase todas deixam o corpo denso pelo suicídio indireto.
Em todos os lugares do Planeta, vemos quem se envenena, metodicamente, pelos raios desvairados da cólera.
Destacamos quem elimine a vida do estômago, superlotando o aparelho gástrico de viandas excitantes ou corrosivas.
Reconhecemos quem se confia a vícios multiformes, criando monstruosos vermes mentais que se encarregam de aniquilar as possibilidades orgânicas.
Identificamos quem anestesia as próprias forças, enregelando-se pela ociosidade sistemática.
Encontramos quem arme laços fatais aos próprios pés, movimentando ambições inferiores nas quais se conduz na vida de cada hora.
Vemos quem se asfixia ao calor das próprias paixões desenfreadas.
Observamos quem se sufoca no pântano dos próprios pensamentos delituosos e escuros.
Preservai o corpo, como quem reconhece no santuário da carne, o mais alto tesouro que o mundo é suscetível de oferecer.
A experiência na Terra não é conferida em vão.
Cada vida possui uma diretriz, um programa, uma finalidade.
Aquele que se ajusta à Divina Vontade incorpora a sua tarefa à obra incessante do Bem Infinito.
Se tendes de doar as próprias energias, sem receio da morte, aprendamos com Cristo à ciência do sacrifício pessoal pelo bem de todos.
Auxiliar constantemente, velar pelos que sofrem, amparar os que se transviam, extinguir as trevas da ignorância e balsamizar as feridas do próximo constituem esforço de renunciação que nos eleva ao Plano Superior.
Muitos se matam na Terra.
Poucos morrem para que outros possam viver dignamente.
Não nos esqueçamos de que enquanto Pilatos, com aparente tranqüilidade, comprava o remorso que o conduziria ao suicídio direto, através da justiça mal aplicada, Jesus expirava no madeiro, entre angústia do próprio coração e o sarcasmo dos que o assistiam, adquirindo, porém, a glória da ressurreição que acendeu no mundo a luz da imortalidade para todos os séculos terrestres.
Emmanuel
Do livro “Harmonização" de Francisco C. Xavier.
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