REENCARNAÇÃO (PALINGÊNESE)
Não é de hoje que se fala em reencarnação. Voltando nosso olhar para a antiguidade, com a ajuda dos estudiosos da antropologia e da história, vemos que já nas tribos da era paleolítica acreditava-se na esperança do renascimento da alma após a morte física.
Várias religiões da Índia e do Oriente em geral como o Brahmanismo, o Induísmo, o Jainismo, o Budismo são reencarnacionistas. Outros povos e religiões também são reencarnacionistas, como os Celtas, o Zoroatrismo (Mazdeísmo), os Cátharos, tribos da África como os Bongos e Bossongos e várias outras tribos também são reencarnacionistas.
A transmigração da alma em outros corpos, conhecida pelos filósofos e defendida até por Pitágoras, talvez fosse indício dos primórdios da filosofia reencanacionista, embora equivocada quanto à reencarnação de Espíritos humanos em corpos de outras espécies de animais, coisa impossível de acontecer devido à imposição da Lei do Progresso a que todos os seres estão sujeitos.
Também no Velho Testamento encontram-se afirmações de crença na reencarnação como em Jeremias, capítulo 1, versículos 4 a 5:
Assim veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta.
E também do Profeta Jó no capítulo 1, versículos 20 e 21:
Então Jó se levantou, e rasgou o seu manto, e rapou a sua cabeça, e se lançou em terra, e adorou. E disse: Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o SENHOR o deu, e o SENHOR o tomou: bendito seja o nome do SENHOR.
Mas foi no Novo Testamento, com a chancela de Jesus Cristo, nosso Senhor, que a reencarnação ganhou o status de verdade inquestionável com elucidações do próprio Cristo, como vemos, entre outras passagens, no Evangelho de Mateus onde em dois capítulos fica excessivamente claro o ensinamento do Cristo sobre a reencarnação ao dizer no capítulo11, versículos 13 a 15:
“De fato, todos os Profetas e a Lei profetizaram até João. E se o quiserdes aceitar, João é Elias que devia vir. Quem tem ouvidos de ouvir ouça”;
e no capítulo 17 quando os discípulos inquirem-No sobre o porquê dos Escribas dizerem que era necessário que Elias viesse primeiro, ao que Jesus respondeu que Elias havia de vir primeiro e restaurar todas as coisas e completou dizendo que Elias já veio e não o conheceram, mas fizeram-lhe tudo o que quiseram e assim também o Filho do homem há de padecer às mãos deles, referindo-se a Si mesmo, com Mateus concluindo, já no versículo 13:
“Então entenderam os discípulos que Lhes falara de João Batista.”
O “ouça quem tem ouvidos de ouvir”, muito usado por Jesus, significa em outras palavras: entenda, se for capaz, ou se quiser...
Na verdade, o Novo Testamento está eivado de citações sobre a reencarnação, podendo verificar-se nos textos de Mateus, XI:7-15; XVII:10-13; Marcos, VIII:27-28; IX:11-13; Lucas, I:17; VII: 24-28;IX:18-19; João I:13; VII;56-58IX: 1-3; Efésios, I;3-5, entre outros.
Vemos no Evangelho Segundo o Espiritismo, precisamente no capítulo IV, que a reencarnação fazia parte dos dogmas judaicos com o nome de ressurreição, o que com algumas alterações de conceito foi aceito pelo Espiritismo como reencarnação, um dos pilares da Doutrina dos Espíritos.
A diferença marcante é que a ressurreição, tal como era entendida, pressupunha a volta do Espírito num corpo já sem vida, ou seja, num corpo morto, o que a ciência comprova ser materialmente impossível. Impossibilidade que Jesus também confirmou quando foi ver a menina, filha de Jairo, considerada morta, ao dizer:
“Por que fazeis alvoroço e chorais? a menina não morreu, mas dorme.”
E também ao chamar de volta o Espírito de Lázaro, que aos olhos de todos parecia ter morrido. Consideremos que Jesus disse ter vindo, não para derrogar a Lei Deus, mas para que a Lei de Deus se cumprisse, coisa que Ele tinha pressa. É evidente que se a menina, filha de Jairo, ou Lázaro estivessem mortos e voltassem à vida, Jesus estaria derrogando, anulando a Lei de Deus e não dando cumprimento a ela.
Já a reencarnação, esclarecida pela glamorosa Doutrina dos Espíritos é a volta do espírito num corpo novo, especialmente preparado para ele e também por ele, com o corpo espiritual servindo como Modelo Organizador Biológico desse novo corpo, atendendo aos ditames da Lei de Causa e Efeito, que em palavras de outras doutrinas, especialmente de filosofias orientais, é conhecida como doutrina do Carma.
Gustave Geley, grande estudioso (final do Sec.XIX e início do Sec.XX) do psiquismo e da reencarnação, também conhecida no meio das ciências por palingênese, afirmava a um amigo, ser reencarnacionista por três razões fundamentais: a primeira porque sob o aspecto moral, a doutrina palingenésica (reencanacionista) satisfazia-o plenamente; a segunda porque sob o aspecto filosófico, é absolutamente racional; e a terceira porque sob o aspecto científico, é verossímil e, mais ainda, provavelmente verdadeira.
Ainda segundo Geley, a moral reencarnacionista assenta-se em base clara e simples e sua consequência prática impõe o trabalho e o esforço solidário sendo a justiça imanente sempre proporcional ao nível de elevação intelectual e moral do ser, isto é, ao grau do seu livre-arbítrio.
Pelas consequências morais da reencarnação os sentimentos baixos e inferiores como o ódio, a vingança, o egoísmo, a inveja e tantos outros são incompatíveis com a noção de evolução solidária e de justiça imanente. O ser reencarnado, confiante na sanção natural, perdoará facilmente e terá resignação perante as desigualdades naturais ou passageiras e estenderá aos animais sua bondade e piedade, evitando sempre que possível o seu sofrimento e a sua morte.
Muitos negam a reencarnação alegando que não seria justo um novo indivíduo, que não se lembra do acontecido em outras vidas sofrer reflexos na atual. Tal argumento não se sustenta por várias razões, entre elas: o esquecimento de um fato não suprime as consequências desse fato; o esquecimento é relativo e momentâneo; as tendências do Espírito permanecem; as aptidões pelas artes, ciência, religião, também permanecem; durante o repouso pelo sono e sonho o Espírito entra em contato com o mundo espiritual e tem maior capacidade de visão e memória, recebendo informações de seu benfeitor (guardião) quanto ao que deverá enfrentar, com sua ajuda, para saldar dívidas contraídas em vidas pretéritas.
Considere-se ainda que o corpo não é o dono do Espírito e sim o contrário, portanto não é o novo corpo que sofre as consequências dos atos praticados e sim o Espírito, mentor da ação perpetrada outrora.
No aspecto filosófico a reencarnação (palingênese) está de acordo com os conhecimentos científicos atuais contemplados no Evolucionismo (Darwin) e mais recentemente com a Terapia de Vidas Passadas e de pesquisas reencarnacionistas como as realizadas por Stevenson, Barnerje, Drout, Weiss, Rhine e tantos outros e também pelo saudoso compatriota Hernani Guimarães Andrade, dando-nos a chave de inúmeros enigmas de ordem psicológica como as capacidades e faculdades inatas, o talento, o gênio e as desigualdades psíquicas entre compatriotas e parentes criados em condições idênticas.
Geley cita ainda o filósofo Espírita Lèon Denis para arrematar filosoficamente a questão da reencarnação:
“A pluralidade das existências é a única coisa que pode explicar a diversidade dos caracteres, a variedade das aptidões, a desproporção das qualidades morais, numa palavra, todas as desigualdades que nos ferem a atenção... ...sem a Lei da Reencarnação, seria a iniquidade que governaria o mundo.”
Referências:
- A Bíblia Sagrada
- .O Evangelho Segundo o Espiritismo. Allan Kardec.
- Resumo da Doutrina Espírita. Gustave Geley.
- A Reencarnação na Bíblia. Hermínio C. Miranda.
- Você e a Reencarnação. Hernani Guimarães Andrade.
Crispim.
DIANTE DA REALIDADE
Na legenda da vida observa-se que tudo sofre a ação do tempo implacável, tudo evolui, tudo se renova, tudo se aperfeiçoa.
Nada ainda é definitivo. Todas as coisas deste mundo transitório vão passando sem que seja possível deter, às vezes numa velocidade espantosa.
Renova-se a vida a cada manhã, mas sempre de maneira mais aperfeiçoada, trazendo possibilidade para que cada coisa, a seu tempo venha se ajustar ao principio do bem.
Deus, o Pai de bondade, a cada dia oferece-nos os meios para que possamos superar obstáculos. Esse meio se chama trabalho, a fim de que se exercite o corpo físico e a inteligência.
Dotou o Pai, cada um de aptidão, para que pudesse naquela linha de evolução desenvolver o seu potencial, valendo-se dessa sua condição, mas vai depender do esforço que faça para se promover.
Também é certo que aquelas criaturas que nos amam, no mundo físico ou espiritual, sempre estarão ao nosso lado para nos ajudar em nossos momentos de crises e dificuldades, especialmente aqueles que desejam caminhar na senda evolutiva.
Porém, os retardatários quando demonstram total falta de vontade de evoluir, por algum tempo são deixados por sua conta e risco para que reflitam melhor, e muitas vezes o sofrimento os assalta para que tomem uma posição diante da vida.
Mas sempre que demonstrem boa vontade alguém os socorre, apresentando recursos variados para venham superar os obstáculos.
Assim, que preste atenção, pois tem condição de realizar algo a cada dia. Logo muito cedo são lhe creditadas 24 horas para trabalhar, amar e realizar todas aquelas atividades que podem angariar-lhe alguma possibilidade, como também podem desperdiçar esse tesouro chamado tempo.
Todavia, se não se preocupa com o tempo, não pode reclamar de suas possibilidades que serão também reduzidas, se porventura faltar aquele espaço de tempo na hora que mais precise, não reclame. A vida passará do mesmo jeito, pode estar trabalhando de maneira produtiva para ser útil, como pode estar na ociosidade.
Agora, na contabilidade da vida não espere vantagens sem fazer por onde. As conquistas devem ser merecidas, se espera só facilidade para compreender o espírito do Cristianismo, pode estar enganado.
Sem trabalho, ou seja, traduzindo por caridade, será sempre muito difícil avançar. Aliás, para ser mais explícito, porque diante de nossa consciência e na presença dos adversários será impossível que se possa manter a farsa de suposta bondade.
É verdade que pensando bem, somos pessoas formidáveis, modéstia à parte, desde que façam tudo o que queiramos, ofereçam todas as condições que precisamos, além de que concordem sempre com os nossos pontos de vistas, por mais bizarros que sejam. Que pensem ainda muito bem de nossas qualidades imaginárias, além de não nos contrariarem em nada, ainda que nos sirvam sempre sem reclamar, ainda que pratiquemos as atitudes mais arbitrárias e negativas, e mesmo assim nos deem razão.
A verdade é que não se poderá manter essa farsa por longo tempo, porque a própria vida mostrará que não existe essa suposta importância, caindo, portanto, a nossa máscara, ficando completamente desnudo diante da multidão.
Histórias Educativas
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
A VIAGEM
Abre-se um novo dia onde deve fazer uma profunda reflexão, pois o que está fazendo de seus dias aqui neste planeta, de sua vida exuberante?
È certo que depois desses breves momentos que se está vivendo, com tantas vantagens, porém um dia soará a hora de partida e deverá se apresentar diante de sua própria consciência – onde estarão arquivados todos os pormenores de sua caminhada.
Mas, afinal, apresentar-se-á nessa outra margem da vida descuidado, como sempre fora, sem tomar qualquer nota sequer ser consultada, de repente parte rumo ao lar maior.
Mas aquele que nada fez neste mundo em favor de uma causa qualquer, sem haver amado o próximo, mas desfrutando de todas as benesses deste mundo, sem nenhum compromisso com ninguém e de repente, também retornar sem nenhuma providência para fazer essa viagem obrigatória.
Sem aviso prévio só notificado na hora da partida, como se dissesse larga tudo e vem. E não poderá mais contar com tempo algum, para de última hora acrescentar algo de que possa necessitar nessa outra vida, certamente do lugar que estiver e com as posses que tiver deverá partir.
Quantos acontecimentos dessa natureza ocorrem todos os dias. Acidentes ocorrem a toda hora, quantas pessoas saem de casa e não retornam mais encarnadas. Talvez aquele último abraço nos seres queridos, que nem sequer imaginavam que seria última palavra neste mundo.
Talvez até o caso de haver pedido perdão ou para reconhecer que muitas vezes não fizera a obrigação direito, quantas pessoas parte nestas condições? Talvez tivessem que pensar um pouco nisso, afinal há tantos exemplos de acontecimentos que tiveram as causas mais variadas, das mais complexas as mais banais.
Talvez essa notícia venha ocorrer e que saindo de casa a ela não retorne mais como encarnada, depois, como se fala não linguagem popular “sair sem lenço e nem documento” para essa outra margem da vida, é claro que deve haver pensado um dia nessa viagem.
Afinal será a viagem mais certa e mais importante de toda a sua vida, como também não tem volta à vista, pelo menos por enquanto. Nesse dia ninguém poderá subtrair-se, por mais poderoso ou obscuro que seja. Por mais valoroso que seja para o bem da humanidade, ou o mais perverso. O espírito mais resplandecente ou o mais obscuro devem estar preparados para esse retorno à vida espiritual, logo deve preocupar-se. É algo muito sério que poucas pessoas pensam, mas é algo que fatalmente ocorrerá.
Por isso, preste mais atenção no que faz dos seus dias. De repente pode estar de partida e lembre-se que deve ter algo algum mérito que o credencie diante desse mundo em que irá se apresentar.
Talvez uma pequena referência de alguém que tenha a felicidade de haver auxiliado, talvez a mão que tenha estendido algum filho de Deus caído ao longo do caminho num gesto de solidariedade. Uma lagrima que tenha enxugado, pode ser um valor aceitável para lá ficar melhor e não exposto à indiferença dos habitantes de lá. Como aqui fizera, ou pior quando prejudicara os outros. Nesse caso encontrar-se-á face a face com essas suas vitimas de ontem, talvez de alguma forma exija que pague até o ultimo ceitil.
Algo para se pensar com urgência e com antecedência para que não ocorra que não tenha onde morar e ficar ao ficar ao relento.
É também a história de muitos que viveram somente para matéria. Lembre-se a vida não espera a boa vontade de ninguém. Áulus.
Lições De Simplicidade
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
OBSESSÃO: CONCEITO E CAUSAS;
CONCEITO DE OBSESSÃO
Pululam em torno da Terra os maus Espíritos, em conseqüência da inferioridade moral de seus habitantes. A ação malfazeja desses Espíritos é parte integrante dos flagelos com que a Humanidade se vê a braços neste mundo. A obsessão que é um dos efeitos de semelhante ação, como as enfermidades e todas as atribulações da vida, deve, pois, ser considerada como provação ou expiação e aceita com esse caráter. Chama-se obsessão à ação persistente que um Espírito mau exerce sobre um indivíduo.1 Entre os escolhos que apresenta a prática do Espiritismo, cumpre se coloque na primeira linha a obsessão, isto é, o domínio que alguns Espíritos logram adquirir sobre certas pessoas. Nunca é praticada senão pelos Espíritos inferiores, que procuram dominar. Os bons Espíritos nenhum constrangimento infligem. Aconselham, combatem a influência dos maus e, se não os ouvem, retiram-se. Os maus, ao contrário, se agarram àqueles de quem podem fazer suas presas. Se chegam a dominar algum, identificam- se com o Espírito deste e o conduzem como se fora verdadeira criança.4
CAUSAS DA OBSESSÃO
As causas da obsessão variam, de acordo com o caráter do Espírito. É, às vezes, uma vingança que este toma de um indivíduo de quem guarda queixas da sua vida presente ou do tempo de outra existência. Muitas vezes, também, não há mais do que o desejo de fazer mal: o Espírito, como sofre, entende de fazer que os outros sofram; encontra uma espécie de gozo em os atormentar, em os vexar, e a impaciência que por isso a vítima demonstra mais o exacerba, porque esse é o objetivo que colima, ao passo que a paciência o leva a cansar-se. Com o irritar-se e mostrar-se despeitado, o perseguido faz exatamente o que quer o seu perseguidor. Esses Espíritos agem, não raro por ódio e inveja do bem; daí o lançarem suas vistas malfazejas sobre as pessoas mais honestas. [...] Outros são guiados por um sentimento de covardia, que os induz a se aproveitarem da fraqueza moral de certos indivíduos, que eles sabem incapazes de lhes resistirem.9 Assim como as enfermidades resultam das imperfeições físicas que tornam o corpo acessível às perniciosas influências exteriores, a obsessão decorre sempre de uma imperfeição moral, que dá ascendência a um Espírito mau.2
Há Espíritos obsessores sem maldade, que alguma coisa mesmo denotam de bom, mas dominados pelo orgulho do falso saber. Têm suas idéias, seus sistemas sobre as ciências, a economia social, a moral, a religião, a filosofia, e querem fazer que suas opiniões prevaleçam. [...] São os mais perigosos, porque os sofismas nada lhes custam e podem tornar cridas as mais ridículas utopias. Como conhecem o prestígio dos grandes nomes, não escrupulizam em se adornarem com um daqueles diante dos quais todos se inclinam [...]. Procuram deslumbrar por meio de uma linguagem empolada, mais pretensiosa do que profunda, eriçada de termos técnicos e recheada das retumbantes palavras –– caridade e moral.
Cuidadosamente evitarão dar um mau conselho, porque bem sabem que seriam repelidos [...]. A moral, porém, para esses Espíritos é simples passaporte, é o que menos os preocupa. O que querem, acima de tudo, é impor suas idéias por mais disparatadas que sejam. 10
REFERÊNCIAS
1. KARDEC, Allan.A gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. 50. ed. Rio de Janeiro:
FEB, 2006. Cap. 14, item 45, p. 347.
2. ______. Item 46, p. 347-348.
4. ______. O livro dos médiuns. Tradução de Guillon Ribeiro. 80. ed. Rio de
Janeiro: FEB, 2006. Cap. 23, item 237, p. 317.
9. ______. Item 245, p. 324.
10. ______. Item 246, p. 325.
ESDE
2008
PSICOGRAFIA
Nininha
É difícil fazer um juízo correto sobre muitas coisas quando estamos encarnados, porque muitas vezes certas atitudes que a nossa ver estão certas, de acordo com os conhecimentos de outros não condiz com a realidade, o bom senso sempre é guia que deve ser seguida, porque nos dá uma medida intermédia que permite que nunca se chegue a extremos, pois que tomando essa posição evita-se que se laborem em erros, porque os extremos são perigosos, “nem sempre na terra, nem sempre no mar” é uma medida mais aconselhável. Não que com isso não se deva ter opinião, mas essa posição nos preserva de muitos equívocos porque permite avaliar com uma base moderada os diversos assuntos a serem tratados, evitando-se, repetindo, erros lamentáveis comum aos extremistas.
“O amor compre a multidão de pecados” esse assertiva realmente trás a reflexão a misericórdia de Deus, agindo em nosso favor, porque induz o homem a compreender que seus erros do passado podem ser ressarcidos no presente, que não existe conta que não se pague, que tudo tem a sua hora e sua razão de ser. Muitas vezes não se encontra uma justificativa para certos acontecimentos aqui no plano físico, mas ela existe com certeza em outro plano, portanto tudo obedece a uma lógica e uma lei, que tem o objetivo exclusivo de dar ao homem mais condições de aperfeiçoar-se, pois que um dia nasceu ignorando tudo, mas com a oportunidade do Pai chegará, através de sucessivas reencarnações, um dia a perfeição. É uma meta apresentada ao homem para que bem se aperceba da importância dos momentos que está vivendo para o seu próprio crescimento.
Portanto, trabalhe pelo seu auto-aperfeiçoamento, para vencer suas próprias deficiências, mas com a certeza que Deus a tudo assiste, intentando oferecer o melhor a todos, aproveitando todas as situações para quitar as dívidas passadas e pagando tudo, tem ensejo a nova oportunidade para o futuro, objetivando a felicidade integral do homem, ou seja, o espírito eterno, que é o objetivo principal de tudo.
Diga ao Paulo que continuo a rogar por todos, pois que ainda não me desvinculei de todos os liames carnais, pois que esses pormenores demandam tempo. Muitas vezes diversos anos. Ainda sinto certos reflexos de minha última vivência, sinto muita saudade do meu esposo Eliezer, dos filhos queridos e netos que alguns nem conhecera em vida, estes são como avezinhas que se aninharam em nossa família, dando a ele a consistência necessária, porque são fatos importantes que não podem ser esquecidos.
Naturalmente estou muito melhor do que antes, mercê dos cuidado de tantos amigos do lado de cá, que tem aproveitado todas as orações para que seja um ponto de apoio a minha mais breve recuperação.
Sinto muita saudade de todos, quando a saudade se faz demais forte, os benfeitores daqui permitem que tenha acesso a algumas informações, aliviando o meu coração.
Vejo que a vida de todos caminha dentro de uma normalidade com vista ao futuro, porém há momentos difíceis de suportar, pois que revejo muitas cenas da intimidade familiar que trás doces saudades ao meu coração, mas sou orientada para que me resguarde dessas emoções fortes para não perturbar o meu tratamento, que vem se realizando com êxito, porém com o vagar necessário, porque aqui também “a natureza não dá saltos”, mas obedece ao mesmo princípio da seqüência observada ai no plano físico.
Um grande abraço ao esposo, filhos, netos.
Felizberta
TEMPOS DE VALORIZAÇÃO DA VIDA
Quaisquer que sejam as providências tomadas para elucidar a alma humana, no sentido de se promover os cuidados para com a vida, valorizando-a como deve ser, esbarraremos numa muralha intelectual e num vazio moral instigados pela influência das teses materialistas- -ateístas que se insurgem no seio das sociedades.
Não deveremos desconsiderar a força dos projetos de vida imediatistas que se costumam alimentar no anseio tipicamente humano de desenvolver poucos empenhos, ou de usufruir situações mais confortáveis e de tirar todos os proveitos possíveis dos recursos do Planeta, sem que se tenha muito o que ressarcir, o que realizar, em prol desse bem-estar anelado. Enfim, é a teoria do proveito pleno e sem ônus para os beneficiários.
Tais posturas são regidas pelo egoísmo, remanescente do instinto de conservação, que tem nos reinos inferiores à Humanidade a sua fonte geradora. É o egoísmo que faz dilatar essa desenfreada busca do prazer hedonista, do gozo insaciável e gratuito sem qualquer reflexão relativa às conseqüências desses privilégios.
Não estranhemos que semelhantes condutas estejam entranhadas e muitas vezes sustentadas por criaturas que se apresentam como religiosas, como crentes em Deus, ou como lideranças nos campos das instituições de fé ditas cristãs.
O que se passa é que muitos Espíritos hão chegado ao Planeta, nos dias presentes, trazendo responsabilidades assumidas na Imortalidade, nos campos do bem, da renovação espiritual e dos progressos inerentes à alma eterna. Ao se sentirem bem instalados no conforto do corpo físico, valendo-se das possibilidades socioeconômicas de realce ou quando se adornam com os poderes da política terrena, deslustram esses compromissos – que lhes são recordados durante as horas de desdobramentos naturais pelo sono – e mergulham em atuações ególatras discricionárias, absolutistas, sem qualquer pensamento que se volte para o Criador da Vida e Suas leis registradas em nossa consciência.
É indispensável que estejamos atentos para as instruções trazidas pelas Vozes dos Céus, no cerne da Codificação do Espiritismo, concernentes ao poder nefário do egoísmo que se reproduz nas mais várias instituições do mundo, seja no seio da família, da escola, das igrejas ou das oficinas profissionais, fenômeno que só será batido, transformado ou superado por meio do ingente trabalho da educação.
Impraticável conseguir-se o entendimento, por parte das massas terrenas, de questões magnas para a vida como é a do abortamento, da pena de morte, da eutanásia, da fome, dos descalabros antiéticos, sem que os indivíduos tenham, devidamente amadurecida, a consciência de si mesmos como Espíritos imortais e que, por isso mesmo, responsáveis pela sementeira que realizam no solo planetário.
O Espiritismo é chamado agora, por meio do labor dos espíritas, a cooperar em todos os movimentos sociais que enaltecem a vida e todos os elementos a ela vinculados, no campo das providências imediatistas, nas respostas que precisam ser dadas às comunidades, sem qualquer dúvida.
Entretanto, pela força filosófica da Doutrina Espírita, não podem os espiritistas perder de vista o seu caráter educacional, trabalho que é capaz de modificar as disposições morais dos seres, mudando o modus vivendi do homem, proposta que permitirá lancemos na correnteza social criaturas bem formadas, participantes da aristocracia intelecto-moral a que se referiu o ínclito Codificador Allan Kardec, na esteira das suas formosas reflexões acerca dos grupos de governança terrestre.
O que presenciamos, por enquanto, é um formidável embate entre as vozes que projetam luz sobre as mentes, sobre as almas e aquelas que gritam suas alucinadoras propostas de destruição e de morte, testemunhado pelo covarde silêncio de muitos indivíduos que, se conseguem cantar e prestigiar as verdades espirituais em grupo, no conjunto dos confrades do bem, calam-se e omitem-se toda vez que se defrontam com o ensejo de dar seu testemunho da verdade, amedrontados muitas vezes pelo temor do achincalhe ou das desconsiderações de que possam ser alvos.
Estamos convocados pelos Porta-Vozes de Jesus Cristo, que atuam nos altos serviços de espiritualização das idéias no mundo, a dar nosso contributo, a nossa palavra consistente, calcada nos princípios do venerando Espiritismo, sem arrogância, sem presunção e sem medo.
Contudo, somos chamados a dar o nosso testemunho de lucidez, de fortaleza moral e de fraternidade, a fim de que o processo educacional que o Espiritismo apresenta, muito além de receber o reforço na nossa teoria, possa contar com o vigor da vivenciação dos espíritas no meio social.
Estamos nos tempos de exercitar a própria coragem e a boa disposição, nessa audácia que fez com que os primitivos cristãos descessem aos circos tão logo ressoou na voz do Cristo a palavra Amor.
Destemidamente,cabe-nos avançar conjugando os possíveis esforços para que, perante tanto desapreço pela vida humana, atuemos no campo da feliz educação, amparada pela ética do amor a Deus acima de tudo e ao próximo, como a nós mesmos, engolfados pela moral de prestar os indispensáveis serviços em prol da dissolução gradativa do egoísmo, da espiritualização das idéias e do aprofundamento das reflexões em torno da lei de causalidade, do que nenhum de nós estará indene.
A valorização da vida do corpo não pode prescindir do apoio à cultura da alma, da estima que se viva quanto às realidades do Espírito imortal.
Camilo (Mensagem psicografada pelo médium José Raul Teixeira, em 10 de novembro de 2007, na Reunião Ordinária do Conselho Federativo Nacional da Federação Espírita Brasileira, realizada em Brasília, DF. Publicada em Reformador de fevereiro de 2008, p. 26-27.)
O Reformador
2008
EM TI MESMO
“Tens fé? Tem-na em ti mesmo, diante de Deus.” — Paulo.
(ROMANOS, capítulo 14, versículo 22.)
No mecanismo das realizações diárias, não é possível esquecer a criatura aquela expressão de confiança em si mesma, e que deve manter na esfera das obrigações que tem de cumprir à face de Deus.
Os que vivem na certeza das promessas divinas são os que guardam a fé no poder relativo que lhes foi confiado e, aumentando-o pelo próprio esforço, prosseguem nas edificações definitivas, com vistas à eternidade.
Os que, no entanto, permanecem desalentados quanto às suas possibilidades, esperando em promessas humanas, dão a idéia de fragmentos de cortiça, sem finalidade própria, ao sabor das águas, sem roteiro e sem ancoradouro.
Naturalmente, ninguém poderá viver na Terra sem confiar em alguém de seu círculo mais próximo; mas, a afeição, o laço amigo, o calor das dedicações elevadas não podem excluir a confiança em si mesmo, diante do Criador.
Na esfera de cada criatura, Deus pode tudo; não dispensa, porém, a cooperação, a vontade e a confiança do filho para realizar. Um pai que fizesse, mecanicamente, o quadro de felicidades dos seus descendentes, exterminaria, em cada um, as faculdades mais brilhantes.
Por que te manterás indeciso, se o Senhor te conferiu este ou aquele trabalho justo? Faze-o retamente, porque se Deus tem confiança em ti para alguma coisa, deves confiar em ti mesmo, diante dEle.
Livro "Caminho, Verdade e Vida"
Pelo Espírito Emmanuel
Francisco Cândido Xavier
A SALVAÇÃO INESPERADA
Num país europeu, certa tarde, muito chuvosa, um maquinista, cheio de fé em Deus, começando a acionar a locomotiva com o trem repleto de passageiros para longa viagem, fixou o céu escuro e repetiu, com muito sentimento, a oração dominical.
O comboio percorreu léguas e léguas, dentro das trevas densas, quando, alta noite, ele viu, à luz do farol aceso, alguns sinais que lhe pareceram feitos pela sombra de dois braços angustiados a lhe pedirem atenção e socorro.
Emocionado, fez o trem parar, de repente, e, seguido de muitos viajantes, correu pelos trilhos de ferro, procurando verificar se estavam ameaçados de algum perigo.
Depois de alguns passos, foram surpreendidos por gigantesca inundação que, invadindo a terra com violência, destruíra a ponte que o comboio deveria atravessar.
O trem fora salvo, milagrosamente.
Tomados de infinita alegria, o maquinista e os viajores procuraram a pessoa que lhes fornecera o aviso salvador, mas ninguém aparecia. Intrigados, continuaram na busca, quando encontraram no chão um grande morcego agonizante, O enorme voador batera as asas, à frente do farol, em forma de dois braços agitados, e caíra sob as engrenagens. O maquinista retirou-o com cuidado e carinho, mostrou-o aos passageiros assombrados e contou como
orara, ardentemente, invocando a proteção de Deus, antes de partir. E, ali mesmo, ajoelhou-se, ante o morcego que acabava de morrer, exclamando em alta voz:
- Pai Nosso, que estás no céu, santificado seja o teu nome, venha a nós o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na Terra como no céu; o pão nosso de cada dia dá-nos hoje, perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores, não nos deixes cair em tentação e livra-nos do mal, porque teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Assim seja.
Quando acabou de orar, grande quietude reinava na paisagem.
Todos os passageiros, crentes e descrentes, estavam também ajoelhados, repetindo a prece com amoroso respeito. Alguns choravam de emoção e reconhecimento, agradecendo ao Pai Celestial, que lhes salvara a vida, por intermédio de um animal que infunde tanto pavor às criaturas humanas. E até a chuva parara de cair, como se o céu silencioso estivesse igualmente acompanhando a sublime oração.
Livro Pai Nosso
Francisco Candido Xavier
Pelo Espírito de Meimei
O ENTUSIASMO APAGADO
Em fins de 1927, o “Centro Espírita Luiz Gonzaga”, então sediado na residência de José Cândido Xavier, que se fez Presidente da instituição, estava bem frequentado.
Muita gente.
Muitos candidatos ao serviço da mediunidade.
Muitas promessas.
José era irmão do Chico e na residência dele realizavam-se as sessões públicas nas noites de segundas e sextas-feiras.
Em cada reunião, ouviam-se exclamações como esta:
— Quero ser médium psicógrafo!...
— Quero desenvolver-me na incorporação!...
— Precisamos trabalhar muito...
— Não será interessante fundar um abrigo ou um hospital ?
O entusiasmo era grande quando, em outubro do mesmo ano, chegou a Pedro Leopoldo, Dona Rita Silva, sofredora mãe com quatro filhas obsidiadas. Vinham ela e o irmão Saul, tio das doentes, da região de Pirapora, zona do Rio São Francisco, no norte mineiro. As moças, em plena alienação mental, inspiravam compaixão. Tinham crises de loucura completa. Mordiam-se umas às outras. Gritavam blasfêmias. Uma delas chegara acorrentada, tal a violência da perturbação de que era vítima.
O Espírito de Dona Maria João de Deus explicou pela mão do Chico:
— Meus amigos, temos desejado o trabalho e o trabalho nos foi enviado por Jesus.
Nossas irmãs doentes devem ser amparadas aqui no Centro. A fraternidade é a luz do Espiritismo.
Procuremos servir com Jesus.
Isso aconteceu numa noite de segunda-feira.
Quando chegou a reunião da sexta, José e Chico Xavier estavam em companhia das obsidiadas sem mais ninguém.
Livro Lindos Casos de Chico Xavier
Autor Ramiro Gama
MÃE
Não te esqueças, porém, de que nove meses antes que os outros te vissem a face, a tua presença na Terra era o segredo da vida, entre o devotamento materno e o Mundo Espiritual.
Na juventude ou na madureza, lembrar-te-ás da mulher frágil que, sendo moça, envelheceu, de repente, para que desabrochasses à luz, e trazendo o ideal da felicidade como sendo uma taça trasbordante de sonhos, preferiu trocá-los por lágrimas de sofrimento, para que tivesses segurança no berço.
Agradecerás a todos os benfeitores do caminho, mas particularmente a ela, que transfigurou em força a própria fraqueza, a fim de preservar-te.
Quando o mundo te aclame a cultura ou o poder, o renome ou a fortuna, recorda aquela que não apenas te assegurou o equilíbrio, ensinando-te a caminhar, mas também atravessou longos meses de vigília, esperando que viesses a pronunciar as palavras primeiras para melhor escravizar-se à execução de teus desejos.
Muitos disseram que ela estava em delírio, cega de amor, que nada via senão a ti, entretanto compreenderás que ela precisava de uma ternura assim sobre-humana, de modo a esquecer-se e suportar-te as necessidades, até que lhe pudesses dispensar, de todo, o carinho.
Se motivos humanos a distanciam hoje de ti, que isso aconteça tão só na superfície das circunstancias, nunca nos domínios da alma, porque através dos fios ocultos do pensamento, sentir-lhe-ás os braços sustentando-te as esperanças e abençoando-te as horas.
Mensagem de Emmanuel
Autor Desconhecido
COURAÇA DA CARIDADE
“Sejamos sóbrios, vestindo-nos da couraça da fé e da caridade.”
– Paulo. (1ª Epístola aos Tessalonicenses, 5:8.)
Paulo foi infinitamente sábio quando aconselhou a couraça da caridade aos trabalhadores da luz.
Em favor do êxito desejável na missão de amor a que nos propomos, em companhia do Cristo, antes de tudo é indispensável preservar o coração.
E se não agasalharmos a fonte do sentimento nas vibrações do ardente amor, servidos por uma compreensão elevada nos círculos da experiência santificante em que nos debatemos na arena terrestre, é muito difícil vencer na tarefa que o Senhor nos confia.
A irritação permanente, diante da ignorância, adia as vantagens do ensino benéfico.
A indignação excessiva, perante a fraqueza, extermina os germes frágeis da virtude.
A ira freqüente, no campo da luta, pode multiplicar-nos os inimigos sem qualquer proveito para a obra a que nos devotamos.
A severidade demasiada, à frente de pessoas ainda estranhas aos benefícios da disciplina, faz-se acompanhar de efeitos contraproducentes por escassez de educação do meio em que se manifesta.
Compreendendo, assim, que o cristão se acha num verdadeiro estado de luta, em que, por vezes, somos defrontados por sugestões da irritação intemperante, da indignação inoportuna, da ira injustificada ou da severidade destrutiva, o apóstolo dos gentios receitou-nos a couraça da caridade, por sentinela defensiva dos órgãos centrais de expressão da vida.
É indispensável armar o coração de infinito entendimento fraterno para atender ao ministério em que nos empenhamos.
A convicção e o entusiasmo da fé bastam para começar honrosamente, mas para continuar o serviço, e terminá-lo com êxito, ninguém poderá prescindir da caridade paciente, benigna e invencível
Fonte Viva
Francisco Candido Xavier
Pelo Espírito de Emmanuel
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