CRENÇA
Todos nós, graças a Deus, somos livres para crer no que quisermos, ou mesmo não crer em nada; porém tal crença em o nada, conhecida por niilismo, termo que vem do latim nihil, significando “nada” é muito prejudicial à humanidade, porque faz com que o homem concentre seus pensamentos na vida presente, sem preocupação com o futuro, que não espera chegar.
Essa crença estimula sobremaneira o egoísmo, porque o homem pensa só em si, de preferência a tudo, querendo tudo aproveitar, tudo gozar rapidamente, por não saber por quanto tempo ainda existirá.
Tal doutrina, a insensata doutrina da crença em o nada, quebra os laços da fraternidade e da solidariedade que alimentam as relações sociais; e esse sistema não satisfaz nossa razão, nem nossa aspiração e não resolve questões da sobrevivência e individualidade da alma.
O glorioso Allan Kardec analisando a criação de Deus na Revista Espírita de 1857 observa que “Todo efeito tem uma causa.Todo efeito inteligente tem uma causa inteligente. O poder da causa inteligente está na razão da grandeza do efeito. Crer em Deus e na vida espiritual não é, pois, uma crença puramente gratuita, mas o resultado de observações, tão positivas quanto as que fizeram crer na força da gravitação.”
O Espiritismo nos apresenta um futuro condicionalmente lógico e digno das infinitas bondade e justiça de Deus, tendo por si a lógica do raciocínio e a sanção dos fatos.
O iluminado espírito Emmanuel nota que existem no cristianismo diversas formas de crença individual. Havendo católicos que restringem ao Padre sua confiança; evangélicos que se limitam à forma verbal e espíritas que concentram toda sua fé na organização mediúnica, daí a colheita de desilusões acaba sendo natural.
Lembra ainda o preclaro espírito que precisamos considerar que qualquer crença cega, distante do Cristo, pode gerar grande perturbação. Já o discípulo sincero, de certo modo compreende que pode falir na colaboração humana e por isso põe os ensinos do Mestre Jesus acima de tudo, pois é necessário crer sinceramente Nele e segui-Lo para não nos confundir.
Paulo de Tarso em carta aos Romanos (11:23) diz que “e eles, se não permanecerem na incredulidade, serão enxertados, pois Deus é capaz de os enxertar novamente.”
E terminamos com citação de Allan Kardec: “A unificação feita relativamente à sorte futura das almas será o primeiro ponto de contato dos diversos cultos, um passo imenso para a tolerância religiosa em primeiro lugar e, mais tarde, para a completa fusão.”
Referências bibliográficas:
- Céu e Inferno. Allan Kardec.
- O Consolador. Chico Xavier/Emmanuel.
- O Evangelho por Emmanuel (Comentários às Cartas de Paulo). Coordenação Saulo Cesar Ribeiro da Silva.
Crispim.
AOS POBRES
É verdade que muitas vezes as dificuldades bateram a sua porta.
Muitas vezes faltando o necessário para sobreviver, mas de um jeito ou de outro Deus tem agido em seu favor e conseguiu superar as suas necessidades, porque, naquele momento crucial foi justamente quando já venceu tantas provas, pôde perceber que alguém olhava por você. Nunca esteve só.
Mas agora não pode acreditar e deixa que o desânimo tome conta de seu coração? Pelo contrário, alegre-se e olhe para o alto. Se Deus de outras vezes o sustentou, mesmo porque já recebeu provas disso, levante e ande, conforme Jesus dissera ao paralítico.
Assim, coloque entusiasmo em seu coração pelo simples fato de viver; na realidade já é uma grande bênção.
Por isso, todo dia quando o Sol se levanta no horizonte, agradeça a Deus por mais um dia, que certamente lhe trará novas experiências importantes para construir o seu futuro, usando dos recursos que há na sua casa mental para raciocinar e agir.
Porque já tem tantas coisas interessantes agregadas ao seu serviço, que pensando bem, é o melhor prêmio que podia ganhar. As pessoas que o buscam foram escolhidas a dedo, na maioria dos casos, por conta de compromissos do passado, que, para resolver problemas comuns, reencarnaram-se para que todos pudessem usufruir dessa oportunidade.
De maneira que estão em condições razoáveis para que consiga vencer, mesmo porque estão no caminho certo e atendem ao seu pedido à vida superior, a fim de que possa viver novas experiências.
É tudo uma questão de observar com cuidado a equipe familiar com todas as diferenças e diversidade de gostos e pensamentos, é aquele que mais atende aos seus maiores interesses, por isso, preste muita atenção em cada ato de sua vida; tenha muito amor para fazer frente a todas as situações, construindo para o bem.
Assim, que aceite a vida como ela se apresente, mas trabalhe todo o dia para melhorar o seu desempenho diante dela.
Em tudo muito amor à causa do bem. Tudo caminha de acordo com o que mais necessita. Basta que se aplique ao trabalho e agradeça a vida pelo que consiga realizar, mas também rogue forças para prosseguir em frente e cumprir o seu papel. Fique em paz. Áulus.
Histórias Educativas
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
TEMA: A MORTE
É claro que ele havia pensado na morte. Muitas vezes sob as mais diversas condições. Imaginava quando andava pelas ruas da cidade o que seria sem o corpo físico. Até poderia ouvir o que as pessoas falavam sobre suas vidas, seus sonhos, suas esperanças. Como também ler em suas mentes as suas maldades, seus erros, seus crimes hediondos que supunham não que não havia testemunhas no mundo material.
Quanta vez imaginava-se saindo do corpo tão sutilmente que sequer ninguém percebesse o que estava ocorrendo. . Talvez ficar um tempo até perceber que já não pertencia ao mundo dos encarnados.
Aqueles momentos angustiosos que precederam a hora decisiva de sua caminhada. O médico que o atendera ainda muito jovem. Que força o moveria na posição de quem estava ali tentando consertar uma máquina avariada e muitas vezes não tinha condições de fazer absolutamente nada, talvez, depois vê-lo sofrer por algum tempo e sentir que havia perdido o jogo.
Depois daquele dia fatal.
Volta à memória o passo seguinte. O médico que gostaria de salvar aquele homem já maduro, mas com uma boa aparência ainda, mas não conseguiu, depois, diante da difícil tarefa de avisar os familiares do acontecido, e explicar-lhes alguma coisa, como maneira até de consolá-los. Enfim aquele cidadão que estivera junto até o último momento e depois de completar o seu turno voltará para casa e cuidará da sua vida.
Noutro cenário, agora de fato podia refletir melhor naquilo que pensara a vida inteira.
Agora estava presente no velório onde ouviria os comentários dos amigos e dos curiosos eventuais que ali comparecessem, dos médicos que o haviam atendido, as suas impressões sobre aquele acontecimento. Ia mais longe, o que estaria o médico pensando naquele momento crucial para o paciente.
No entanto, ele ali estava com os seus problemas e dilemas, sem atinar qual será o passo seguinte. Os primeiros momentos quando chegam os seus entes queridos são terríveis, ante a realidade dos fatos sem volta e choram a sua ausência prematuramente. Às vezes até se aproxima deles na expectativa de fortalecê-los, talvez até para dizer que não foi nada grave, porque ainda não conseguiu se conscientizar da dura realidade de voltar ao lar maior.
Mas aqueles momentos angustiosos e de expectativas prosseguiam quando muitas vezes podia até perceber a equipe que fazia o trabalho caridoso de retirá-lo do corpo físico. Fio por fio até estava atentos esperando uma deixa da turba que ali comparecia para que pudesse fazer os últimos procedimentos e desligá-lo do corpo material em definitivo.
No entanto, esses momentos são quase sempre de grande perplexidade e de angústia, de paz em alguns casos de espíritos com grande envergadura moral, porque sente que se libertará daquele escafandro chamado corpo que o fazia sofrer tanto para carregá-lo de um lado para outro. Mas felizmente em breve poderia se libertar, porque de maneira absoluta ainda estava ligado ao corpo material enquanto não fizesse os últimos procedimentos.
Não sei quanto tempo se passou, mas continuava refletindo como sempre fizera em toda a minha vida sobre outros casos dessas mortes que ocorrem todos os dias, resultado dos mais variados desfechos e a maioria absoluta não tem a mínima consciência.
No entanto, havia outros que não acreditavam que a vida continuasse quando deixasse o corpo físico, por muito tempo ainda acreditavam que viviam. Pois continuavam sendo eles mesmos, quando muitas vezes ouviam o que as pessoas diziam.
A única coisa estranha que havia é não lhe darem atenção, como se ele não existisse. Depois de muito tempo começa a desconfiar até de conversas que ouvia que ele havia morrido. Levando a fazer as mais diversas conclusões, imaginem porque nem sequer dava ouvido às suas palavras. Nem sequer respondia os seus questionamentos, assim que somente depois de muito tempo conseguem despertar para a realidade.
Outros muito jovens compreendem de imediato o que lhes aconteceu e lamentam haver deixado à vida ainda quando esta prometia muito, tinham tantos projetos em suas mentes, tantos sonhos que gostariam de realizá-los, mas, enfim não adiantava lamentar o tempo perdido naquelas condições.
Mas a realidade um dia se impõe, porque a vida continua com todos os seus desdobramentos e condições estabelecidas pela Divina Providência, compreendendo que ela é uma sequência.
Cada existência quando bem vivido é um passo a frente e nada está perdido, que tudo pode ser realizado aqui e no mais além.
Voltando através da reencarnação tantas vezes quanto necessárias até o dia que seja promovido pelos seus méritos para um mundo mais feliz, onde não seja mais necessário mais voltar ao campo de provas, naturalmente como já se conhece os seus trâmites.
Lições De Simplicidade
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
ÊXTASE
O êxtase, por sua vez, é, segundo o ensino espírita, [...] um sonambulismo mais apurado. A alma do extático é mais independente.
De fato, no [...] sonho e no sonambulismo, o Espírito anda em giro pelos mundos terrestres. No êxtase, penetra em um mundo desconhecido, o dos Espíritos etéreos, com os quais entra em comunicação, sem que, todavia, lhe seja lícito ultrapassar certos limites, porque, se os transpusessem, totalmente se partiriam os laços que o prendem ao corpo. Cerca-o então resplendente e desusado fulgor, inebriam-no harmonias que na Terra se desconhecem, indefinível bem-estar o invade: goza antecipadamente da beatitude celeste e bem se pode dizer que pousa um pé no limiar da eternidade. No estado de êxtase, o aniquilamento do corpo é quase completo. Fica-lhe somente, pode-se dizer, a vida orgânica. Sente-se que a alma se lhe acha presa unicamente por um fio, que mais um pequenino esforço quebraria sem remissão. Nesse estado, desaparecem todos os pensamentos terrestres, cedendo lugar ao sentimento apurado, que constitui a essência mesma do nosso ser imaterial. Inteiramente entregue a tão sublime contemplação, o extático encara a vida apenas como paragem momentânea. Considera os bens e os males, as alegrias grosseiras e as misérias deste mundo quais incidentes fúteis de uma viagem, cujo termo tem a dita de avistar. Dá-se com os extáticos o que se dá com os sonâmbulos: mais ou menos perfeita podem ter a lucidez e o Espírito mais ou menos apto a conhecer e compreender as coisas, conforme seja mais ou menos elevado. Muitas vezes, porém, há neles mais excitação do que verdadeira lucidez, ou, melhor, muitas vezes a exaltação lhes prejudica a lucidez. Daí o serem, freqüentemente, suas revelações um misto de verdades e erros, de coisas grandiosas e coisas absurdas, até ridículas. Dessa exaltação, que é sempre uma causa de fraqueza, quando o indivíduo não sabe reprimi-la, Espíritos inferiores costumam aproveitar-se para dominar o extático, tomando, com tal intuito, aos seus olhos, aparências que mais o aferram às idéias que nutre no estado de vigília. Há nisso um escolho, mas nem todos são assim. Cabe-nos julgar friamente e pesar-lhes as revelações na balança da razão.9
Há, ainda, com relação ao êxtase, uma singularidade. É que, se o extático ficasse entregue a si mesmo, poderia ocorrer a sua desencarnação.3 Por isso [dizem os Espíritos Superiores] é que preciso se torna chamá-lo a voltar, apelando para tudo o que o prende a este mundo, fazendo-lhe sobretudo compreender que a maneira mais certa de não ficar lá, onde vê que seria feliz, consistiria em partir a cadeia que o tem preso ao planeta terreno.3 De toda forma, como assinala Denis, a [...] felicidade dos extáticos, o júbilo que experimentam, contemplando as magnificências do Além, seriam só por si suficientes para nos demonstrar a extensão dos gozos que nos reservam as esferas espirituais, se as nossas grosseiras concepções nos não impedissem muitíssimas vezes de os compreender e pressentir.13
À guisa de ilustração, extraímos da Revista Espírita, de Allan Kardec, o seguinte caso de êxtase, que, segundo a tradição, ocorreu com o famoso compositor italiano de música religiosa, Pergolesi, que viveu no século XVIII. O fato é relatado pelo Sr. Ernest Le Nordez: Sabeis com que piedade aqui celebramos, ainda em nossos dias, a despeito da debilidade da fé, o tocante aniversário da morte do Cristo; a semana em que a Igreja o relembra a seus filhos é bem realmente, para nós, uma semana santa.
Assim, reportando-vos à época de fé em que vivia Pergolesi, podeis pensar com que fervor o povo acorria em massa às igrejas, para meditar as cenas enternecedoras do drama sangrento do Calvário. Na sexta-feira santa Pergolesi acompanhou a multidão. Aproximando-se do templo, parecia-lhe que uma calma, há muito desconhecida para ele, se fazia em sua alma e, quando transpôs o portal, sentiu-se como que envolto por uma nuvem ao mesmo tempo espessa e luminosa. Logo nada mais viu; profundo silêncio se fez em seu redor; depois, ante os seus olhos admirados, e em meio à nuvem, na qual até então lhe parecia ter sido levado, viu desenharem-se os traços puros e divinos de uma virgem, inteiramente vestida de branco; ele a viu pousar seus dedos etéreos nas teclas de um órgão, e ouviu como um concerto longínquo de vozes melodiosas, que insensivelmente dele se aproximava. O canto que essas vozes repetiam o enchia de encantamento, mas não lhe era desconhecida; parecia-lhe que esse canto era aquele do qual não tinha podido perceber senão vagos ecos; essas vozes eram bem aquelas que, desde longos meses, lançavam perturbação em sua alma e agora lhe traziam uma felicidade sem limite. Sim, esse canto, essas vozes eram bem o sonho que ele tinha perseguido, o pensamento, a inspiração que inutilmente havia procurado por tanto tempo. Mas, enquanto sua alma, arrebatada no êxtase, bebia a longos sorvos as harmonias simples e celestes desse concerto angélico, sua mão, como que movida por força misteriosa, agitava-se no espaço e parecia traçar, mau grado seu, notas que traduziam os sons que o ouvido escutava. Pouco a pouco as vozes se afastaram, a visão desapareceu, a nuvem se desvaneceu e Pergolesi viu, ao abrir os olhos, escrito por sua mão, no mármore do templo, esse canto de sublime simplicidade, que o devia imortalizar, o Stab Mater, que desde esse dia todo o mundo cristão repete e admira. O artista ergueu-se, saiu do templo, calmo, feliz e não mais inquieto e agitado. Mas nesse dia uma nova aspiração se apoderou dessa alma de artista: ela ouvira o canto dos anjos, o concerto dos céus. As vozes humanas e os concertos terrestres já não lhe podiam bastar. Essa sede ardente, impulso de um grande gênio, acabou por esgotar o sopro de vida que lhe restava, e foi assim que aos trinta e três anos, na exaltação, na febre, ou melhor, no amor sobrenatural de sua arte, Pergolesi encontrou a morte.12
REFERÊNCIAS
- 3. ______. Questão 442, p. 262.
- 9. ______. p. 273-274.
- 12. ______. Ano XII, fevereiro de 1869, n. 2 (Visão de Pergolese), p. 85-86.
- 13. DENIS, Léon. No invisível. Tradução de Leopoldo Cirne. 24. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 12, p. 161.
ESDE
2008
PSICOGRAFIA
Querida mãe!
Hoje tomei coragem para dirigir lhe a palavra, graças ao apoio de um grupo de amigos que me sustenta e inspira neste momento, caso contrário seria muito difícil.
Estou ciente que cometi muitos erros desnecessários, se é que pode existir erro necessário, mas sentia-me pressionada por um lado pelo meu marido para que não desse a desistência de minha parte na herança e do outro meus irmãos para que pudesse deixar para a senhora, minha mãe, já velha e cansada pela luta. Não sei se por orgulho ou ignorância acabei contrariando as duas partes, meu marido e meus irmãos, porque vendi minha parte para terceiros e gastei todo o dinheiro em futilidades, sem proveito e este gesto veio a provocar um antagonismo entre todos, talvez pela minha maneira leviana e inconseqüente de agir, porém a verdade que sofri muito com isto, mesmo porque não obtive o resultado que esperava, além de criar uma certa animosidade contra mim, porém no fundo nunca quis nada de mal contra ninguém, criando-se com esta minha atitude a fama de “megera”, mas nunca me passou pela cabeça prejudicar quem quer que seja, porém esses sentimentos até hoje me torturam, porque não consegue esquecer toda sorte de opróbrio que contra mim assacaram.
Não queria neste encontro relembrar esse fato triste que teve sua origem uma série de desavenças, gerando um clima incompatível com uma família tão unida do passado, porém quero só lembrar a fase da vida em família que sempre trás doces recordações, que se vivera em família com união e entendimento, mas até hoje não sei como foi mudar tanto a nossa vida, como os belos sentimentos do começo acabaram-se, em tão pouco tempo.
Depois desavenças e mais desavenças, ciúmes, brigas e uma série interminável de intrigas e fuxicos provocaram tanto mal a todos, chegando a um ponto que só se falava mal um do outro, um círculo vicioso de intrigas e ódios, de maus pensamentos.
Daí então que resolvi me ausentar daquele lugar, deixando para sempre aquele clima de intranqüilidade e desconfiança e procurei refazer a minha vida em outro lugar, bem distante daquele lugar onde as pessoas não suspeitavam mal uma das outras, pondo por terra as mais caras afeições, não servia mais para mim, deixando inclusive meu marido e tudo mais e segui o meu caminho.
Procurei um abrigo o mais distante possível daquele lugar cujas discussões intermináveis me amargurava tanto. Arranjei um marido com quem vivi alguns anos, embora não houvesse entre nós um verdadeiro afeto, pelos menos éramos uma companhia um para o outro, até que um dia este também foi acometido de uma doença e veio a morrer. Fiquei só novamente, naquela casa enorme. Algumas vezes pensei voltar, mas não foi possível, não tive coragem para enfrentar aquele clima de desunião e acusações, lá naquela casa deixando-me ficar somente em companhia de uma pessoa que me ajudava em casa. Até que um dia também vim a morrer, com apenas trinta anos de idade e sempre pensei voltar, mas temendo encontrar aquele clima de hostilidade, achei que não devia. Acabei partindo para outra vida com aquele sentimento, desejava voltar e ao mesmo tempo não encontrava forças, de maneira que não foi possível fazer o caminho de volta a minha casa paterna, não sei se por orgulho, e fiquei com esse profundo sentimento a pesar em minha vida que hoje, busco de alguma maneira tirar do meu coração ao dizer a senhora que nunca a esqueci, que sempre a guardei no mais profundo do coração, porém todas os caminhos me levavam a viver distante, não sei se me perdoará, muito embora queira só neste dia ouvir a sua voz, falando minha filha voltou, ela está aqui novamente, e não partirá mais.
Peço a sua bênção e o seu perdão, da filha sempre reconhecida.
Ernestina
NO ALVORECER DO NOVO ANO
Maravilhosa e sublime, abre-se a cortina da vida, mais uma vez, no reflorir do tempo, para dar passagem à manifestação promissora de um Novo Ano.
Estejamos atentos para bem aproveitar mais esta oportunidade que a Divina Providência nos enseja ao serviço do crescimento de nossa estatura espiritual.
Cada dia do Novo Ano do calendário humano representará o acréscimo de um capítulo no percurso de nossa trajetória terrena. Que saibamos grafar, em cada uma de suas páginas, poemas de espiritualidade e de ascensão em nossa escalada evolutiva. Que os lapsos e senões da negligência e do menor esforço, do medo e do egoísmo, da ociosidade e do comodismo, do tédio e do desânimo, dos fascínios e seduções das ilusões e fantasias, das degenerescências do sexo e dos desvarios do orgulho não representem borrões em nossas atitudes e ações, em nossos gestos e atos, enfeiando-nos os registos dos quadros do dia-a-dia, a fim de que possamos compulsar, gratificados, as páginas de mais um capítulo autobiográfico do que fomos e fizemos no curso das horas dos dias de nossa passagem por todo um ano.
Construamos obra salutar! Escrevamos com os nossos suores e lágrimas, com as nossas renúncias e gestos fraternos, com os nossos impulsos generosos e testemunhos de solidariedade as linhas, data após data, do diário que conterá os nossos próprios depoimentos, outorgando-nos a faculdade de podermos usufruir de gratificante tranqüilidade de espírito e de inefável paz de consciência.
Estimulando-nos ao trabalho de renovação espiritual, teremos sempre junto a nós, ao longo de nossa caminhada, como cicerones atentos e leais, os Emissários do Senhor, Amigos certos das horas incertas, encorajando-nos a que perseveremos no bom combate.
Novo Ano – mais uma etapa a vencer! São novas oportunidades que se aproximam. São novas perspectivas de lutas remissoras que se nos ensejam para consecução de nossa marcha ascensional. Novos desafios, na arena da vida, de terçarmos armas pelo nosso renascimento em espírito. Novos esforços pelo Bem. Novas arremetidas para a Luz.
Novo Ano – ponto de recomeço de redobradas porfias pela aquisição crescente de maiores e melhores coisas que edifiquem para a Eternidade! Outras esperanças surgirão. Outros desejos inflamarão nossos corações.
Outras aspirações bafejarão nossas mentes.
Outros sonhos e anseios irromperão dos arcanos indevassáveis do nosso ser.
Novo Ano – sucessão de surpresas! Quem de nós sabe, acaso, o que traz ele para as horas porvindouras?
Por certo, inúmeras coisas se ocultam sob o seu longo manto de 365 dias e entre elas as que nos dizem respeito diretamente.
Em verdade, ignoramos o que cada Novo Ano nos reserva em acontecimentos, mas não podemos nem devemos desconhecer as condições espirituais em que precisamos estar, de permanente sintonia com o Alto, para viver qualquer de suas horas e resolver, segundo os imperativos cristãos, as nossas próprias atitudes.
Indispensável, pois, pensemos apenas o que for bom e, necessariamente, falemos e façamos tão-somente o que se ajustar aos desígnios de Deus.
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Daí, a necessidade de rigorosa vigilância a todas as manifestações de nossos impulsos íntimos, reprimindo umas, selecionando outras, depurando-as sempre para não sermos depois presas fáceis e indefesas de suas conseqüências penosas, se desajustadas aos desígnios da Suprema Vontade do Sempiterno.
É, pois, ante essas perspectivas de amanhã, na vida futura – fruto genuíno das coisas e causas a que hoje damos lugar – que precisamos nos resguardar do fermento dos fariseus e dos ressaibos do homem velho, procurando apresentar-nos a Deus com um coração renovado em Cristo e como obreiros aprovados em todas as experimentações.
Reformador 2009
Passos Lírio
LÉON DENIS E JOANA D’ARC: CONEXÕES
Caíque Assunção (RJ)
Joana d’Arc, mundialmente famosa, também chamada de “Donzela de Orleans”, foi a jovem francesa de origem camponesa, que levou seu país a vencer a Guerra dos 100 anos contra a Inglaterra, entre os séculos XIV e XV. Afi rmando escutar vozes vindas do céu que a mandavam salvar a França e coroar o rei, levantou moralmente as tropas francesas, que expulsaram os britânicos de seu país. Por fi m, o rei francês Carlos VII e a nobreza, temerosos da proximidade da jovem heroína com os camponeses, entregaram-na aos inimigos ingleses, que a queimaram em uma fogueira inquisitorial, no ano de 1430, acusada de praticar bruxaria.
De acordo com a escritora Irène Kuhn, Joana foi esquecida pela História e, somente no século XIX, a França redescobriu esta personagem trágica. Aliás, por essa época, neste mesmo país, a Doutrina dos Espíritos dava seus primeiros passos. Indivíduos que já haviam desencarnado voltaram para dar variadas comunicações mediúnicas, grandes mestres do passado vêm trazer importantes revelações ou incitar o homem ao bem, preparando a Humanidade para uma nova era. Dessa plêiade de espíritos iluminados entre os quais fazem parte Sócrates, Platão, São Luis, Santo Agostinho, São João Evangelista, São Paulo e vários outros, vamos encontrar a própria Joana d’Arc. Ao chegar ao Plano Espiritual, ela jamais descansou, continuando a lutar pela evolução do país que lhe fora lar na sua última trajetória no planeta.
Partindo o mestre lionês, o Grande Codificador, para o mundo dos espíritos, surgia, em seu lugar o iluminado Léon Denis, que tantas obras espíritas edificantes escreveu, também lutando arduamente para que o Espiritismo florescesse. Denis nasceu em Foug, em 1846. Fez conferências por toda a Europa, defendendo a sobrevivência da alma e suas consequências morais. Seus livros ainda são grandes pérolas, de um valor inestimável, em pleno século XXI.
E o que tem a ver ambos os espíritos, separados por séculos? Simples! Joana d’Arc era a mentora de Denis, acompanhando-o em suas ideias, em suas lutas diárias, em suas provações... Em seu livro intitulado Joana d’Arc, suas belíssimas palavras nos tocam o coração:
“A prece, então, irrompeu das profundezas de meu ser; depois, evoquei o Espírito de Joana e logo percebi o amparo e a doçura de sua presença. O ar tremia; tudo à volta de mim parecia iluminar-se; imperceptíveis asas rufi avam na escuridão; desconhecida melodia, baixada dos espaços, embalava-me os sentidos e me fazia correr o pranto. E o Anjo da França ditou-me palavras que, conforme a sua ordem, reproduzo aqui piedosamente: Tua alma se eleva e sente neste instante a proteção que Deus lança sobre ti. Comigo, que a tua coragem aumente, e, patriota sincera, ames e desejes ser útil a esta França tão querida, que, do Alto, como Protetora, como Mãe, contemplo sempre com felicidade. Não sentes em ti nascerem pensamentos de suave indulgência? Junto de Deus aprendi a perdoar mas, esses pensamentos não devem fazer com que, em mim, nasça à fraqueza, e, divino dom!(...) Cristã piedosa e sincera na Terra, sinto no Espaço os mesmos arroubos, o mesmo desejo de oração, mas quero minha memória livre e desprendida de todo cálculo; não dou meu coração, em lembrança, senão aos que em mim não veem mais do que a humilde e devota filha de Deus, amando a todos os que vivem nessa terra de França, aos quais procuro inspirar sentimentos de amor, de retidão e de energia.”
Certamente, a ligação entre Denis e Joana vai muito além da consecução de uma obra, de uma vida dedicada à divulgação do Espiritismo. Sem dúvida alguma, o amor que une ambos perde-se nos séculos passados. Já se conheciam há muito e se amavam... Onde e quando, em que circunstâncias, pouco importante e inútil será qualquer tipo de indagação nesse sentido. O que importa para nós aqui é exaltar o amor que nos une e que jamais se perde, ainda que separados pelo tempo implacável.
* Homenagem pelo nascimento de Léon Denis em 1/1/1846 e de Joana d’Arc em 3/1/1412.
Referências:
- GARÇON, Maurice. Joana D’Arc. Uma santa em armas. In: Biografias.
- Os grandes nomes da Humanidade. Revista História Viva, nº 2 , São Paulo: Duetto-Editorial, p. 64-69.
- DÉNIS, Leon. Joana d’Arc – médium. RJ: FEB, 2008.
- CAMPOS, Humberto de. Crônicas de além-túmulo. RJ: FEB, 2005.
- http://cafehistoria.ning.com/photo/joana-d-arc-santa-padroeira-dafran-a? context=latest.
Revista Cultura Espírita
2013
Léon Denis (Nascimento 1 de janeiro de 1846 - Morte, 12 de Abril de 1927) foi um pensador espírita, médium e um dos principais continuadores do espiritismo após a morte de Allan Kardec, ao lado de Gabriel Delanne e Camille Flammarion. Fez conferências por toda a Europa em congressos internacionais espíritas e espiritualistas, defendendo ativamente a ideia da sobrevivência da alma e suas conseqüências no campo da ética nas relações humanas. É conhecido como sendo o "consolidador do Espiritismo" em toda a Europa, bem como "apóstolo do Espiritismo", dadas as suas qualidades intrínsecas de estudioso do Espiritismo. - https://pt.wikipedia.org/
CASUALIDADE?
Divaldo Franco
Professor, médium e conferencista
Ocorre com frequência múltipla um fenômeno curioso que vem merecendo diversas explicações através do tempo e que muito interessou ao notável psiquiatra suíço Jung.
São encontros inesperados, ocorrências estranhas que se completam, experiências diversas que se apresentam idênticas em pessoas desconhecidas e afeições como antipatias geradoras de problemas e de desafios.
O insigne mestre suíço denominou-o como sincronicidade definindo a perfeita sintonia entre uma e outra pessoa no mesmo acontecimento.
Sem dúvida, é uma fantástica coincidência em perfeita ação sincrônica, todavia, pensamos nos fatores que constituem o modus operandi para que aconteça.
Uma filha muito querida estava em um ônibus com destino a Itapoan. Subitamente entrou no mesmo um jovem alemão em estado de imensa comoção. Informava que estava de volta ao seu país, quando foi assaltado por marginais que lhe tomaram a mochila onde se encontravam seus documentos e dinheiro, inclusive a passagem…
Embora ignore totalmente o idioma de Goete, a moça tentou falar-lhe com dificuldade em inglês, confortando-o. Resolveu ajudá-lo e seguiu-o até ao Aeroporto. Levou-o à polícia para a denúncia, conseguiu autorização para o passaporte e emprestou o dinheiro da passagem ao desconhecido, conseguindo auxiliá-lo na situação perturbadora.
Ele, muito comovido, informou-lhe que voltaria a Salvador, a fim de restituir-lhe o valor e demonstrar-lhe sua gratidão. Anotou alguns dados da sua benfeitora e partiu.
Tratava-se de uma jovem com 20 anos de idade, com boa aparência e muito gentil.
Passaram-se seis meses e certo dia ela recebeu comunicação de que o rapaz estaria de volta. Ela quase não recordava da ocorrência.
Na data anunciada ele chegou, foi recebido pela benfeitora, cumpriu a promessa de restituir-lhe o valor e conversaram. Coincidiu que, nesse período, ela resolveu estudar mais o inglês e, curiosamente, ele teve o mesmo desejo em seu país de o fazer.
Puderam comunicar-se melhor e perceberam possuir afinidades muito agradáveis, no que resultou um namoro, que se transformou mais tarde em matrimônio.
Ela foi residir na Alemanha, tornou-se mãe de duas lindas meninas. Oportunamente, numa breve viagem em que a filha conduzia o automóvel, houve um lamentável acidente no qual a condutora desencarnou.
Pode-se avaliar o sofrimento dos pais, que souberam resistir ao impacto da tragédia…
Para nós, os espíritas, essa casualidade é, em verdade, portadora de uma causalidade. Raramente o acaso é responsável por notáveis acontecimentos.
Tudo quanto nos acontece tem uma causa desconhecida.
A reencarnação aproxima aqueles que são afins e se amam, como afasta outros que se antagonizam.
Editorial- FEBNET
GLORIFICANDO O SANTO NOME
O professor contou, em aula, que, no princípio da vida na Terra, quando os minerais, as plantas e os animais souberam que era necessário santificar o nome de Deus, houve da parte de quase todos um grande movimento de atenção.
Certas pedras começaram a produzir diamantes e outras revelaram ouro e gemas preciosas.
As árvores mais nobres começaram a dar frutos.
O algodoeiro inventou alvos fios para a vestimenta do homem.
A roseira cobriu-se de flores.
A grama, como não conseguia crescer, alastrou-se pelo chão, enfeitando a Terra.
A vaca passou a fornecer leite.
A galinha, para a alegria de todos, começou a oferecer ovos.
O carneiro iniciou a criação de lã. A abelha passou a fazer mel.
E até o bicho-da-seda, que parece tão feio, para santificar o nome de Deus fabricou fios lindos, com os quais possuímos um dos mais valiosos tecidos que o mundo conhece.
Nesse ponto da lição, como o instrutor fizera uma pausa, Pedrinho perguntou:
— Professor, e que fazem os homens para isso?
O orientador da escola pensou um pouco e respondeu:
- Nem todos os homens aprendem rapidamente as lições da vida, mas aqueles que procuram a verdade sabem que a nossa inteligência deve glorificar a Eterna Sabedoria, cultivando o bem e fugindo ao mal. As pessoas que se consagram às tarefas da fraternidade, compreendendo os semelhantes e auxiliando a todos, são as almas acordadas para a luz e que louvam realmente o nome de nosso Pai Celeste.
E, concluindo, afirmou:
— O Senhor deseja a felicidade de todos e, por isso, todos aqueles que colaboram pelo bem-estar dos outros são os que santificam na Terra a sua Divina Bondade.
Livro Pai Nosso
Francisco Candido Xavier
Pelo Espírito de Meimei
A ÁGUA DA PAZ
Em torno da mediunidade, improvisam-se, ao redor do Chico, acesas discussões.
É, não é. Viu, não viu.
E o médium sofria, por vezes, longas irritações, a fim de explicar sem ser compreendido.
Por isso, à hora da prece, achava-se quase sempre, desanimado e aflito.
Certa feita, o Espírito de Dona Maria João de Deus compareceu e aconselhou-lhe:
— Meu filho, para curar essas inquietações você deve usar a Água da Paz.
O Médium, satisfeito, procurou o medicamento em todas as farmácias de Pedro Leopoldo.
Não o encontrou. Recorreu a Belo Horizonte. Nada. Ao fim de duas semanas, comunicou à progenitora desencarnada o fracasso da busca.
Dona Maria sorriu e informou:
— Não precisa viajar em semelhante procura. Você poderá obter o remédio em casa mesmo. A Água da Paz pode ser a água do pote. Quando alguém lhe trouxer provocações com a palavra, beba um pouco de água pura e conserve-a na boca. Não a lance fora, nem a engula.
Enquanto perdurar a tentação de responder, guarde a água da paz, banhando a língua.
O Médium baixou, então, os olhos, desapontado. Compreendera que a mãezinha lhe chamava o espírito à lição da humildade e do silêncio.
Livro Lindos Casos de Chico Xavier
Autor Ramiro Gama
OBREIROS A TENTOS
“Aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecido, mas fazedor da obra, esse tal será bem aventurado em seus feitos." (Tiago, 1 :25)
O discípulo da Boa Nova, que realmente comunga com o Mestre, antes de tudo compreende as obrigações que lhe estão afetas e rende sincero culto à lei de liberdade, ciente de que ele mesmo recolherá nas leiras do mundo o que houver semeado. Sabe que o juiz dará conta do tribunal, que o administrador responderá pela mordomia e que o servo se fará responsabilizado pelo trabalho que lhe foi conferido. E, respeitando cada tarefeiro do progresso e da ordem, da luz e do bem, no lugar que lhe é próprio, persevera no aproveitamento das possibilidades que recebeu da Providência Divina, atencioso para com as lições da verdade e aplicado às boas obras de que se sente encarregado pelos Poderes Superiores da Terra.
Caracterizando-se por semelhante atitude, o colaborador do Cristo, seja estadista ou varredor, está integrado com o dever que lhe cabe, na posição de agir e servir, tão naturalmente quanto comunga com o oxigênio no ato de respirar.
Se dirige, não espera que outros lhe recordem os empreendimentos que lhe competem.
Se obedece, não reclama instruções reiteradas, quanto às atribuições que lhe são deferidas na disposição regimental dos trabalhos de qualquer natureza. Não exige que o governo do seu distrito lhe mande adubar a horta, nem aguarda decretos para instruir-se ou melhorar-se.
Fortalecendo a sua própria liberdade de aprender, aprimorar-se e ajudar a todos, através da inteira consagração aos nobres deveres que o mundo lhe confere, faz-se bem aventurado em todas as suas ações, que passam a produzir vantagens substanciais na prosperidade e elevação da vida comum.
Semelhante seguidor do Evangelho, de aprendiz do Mestre passa à categoria dos obreiros atentos, penetrando em glorioso silêncio nas reservas sublimes do Celeste Apostolado.
Fonte Viva
Francisco Candido Xavier
Pelo Espírito de Emmanuel
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