"Luzes do Amanhecer"

ANO II - Nº 17 – Campo Grande – MS – Junho de 2007
EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
Rua Colorado n o 488, Bairro Jardim Canadá, CEP 79112-480, Campo Grande-MS.


                "Não há fé inabalável senão aquela que não encarar a razão face a face, em todas as épocas da Humanidade" Allan Kardec


                Socorre o aflito; ampara o fraco; veste o desnudo; dá o pão a quem tem fome; sê benevolente com todos, ora pelos que o perseguem e caluniam, assim, não teráa tempo de ser infeliz. Áulus.

LIÇÃO DE SIMPLICIDADE

                Um ato de boa vontade conta muito. Uma expressão de alegria. Uma conversa amistosa. Um prato de sopa. Um pequeno favor.
                Pequenos gestos de amizade contam muito no equilíbrio das emoções.
                Um bom dia. Um abraço. Um gesto de carinho. Alimentam uma grande amizade no círculo familiar.
                Muitos se propõem a consertar o mundo, mas não se dispõem a melhorar o próprio lar. O equilíbrio de qualquer pessoa começa porta adentro de sua casa. Por isso faça de seu lar um santuário de paz e harmonia.
                Coloque uma música suave; sempre alegra o ambiente, pode aguçar a sensibilidade para coisas nobres. Sons harmoniosos ajudam sempre. É como se a vida se orientasse por esse diapasão, isto é, determinando um modo de viver.                 Um aniversário é uma data festiva. Uma lembrança de um fato feliz. O sucesso do filho do vizinho no colégio é digno de felicitações; participe da felicidade dos outros. Alguém conhecido que passou num concurso. Aplauda-o sem restrições. Aceite as pessoas como elas são, para que tenha o direito de ser o que sonha.
                O seu gesto fraterno ajuda a ver também o mundo sob a ótica dos outros. Não fique isolado no seu reduto íntimo, aliás, abra uma porta para o mundo e uma janela para o céu. Ficará mais fácil a compreensão , até dos seus projetos de amor. Integre-se ao mundo e não dele se exclua. Está neste campo de provas e pode fazer a diferença. E, escondendo dentro de si mesmo, certamente que não irá influenciar em coisa alguma.
                Acredite no bem, aliás, você tem a obrigação de acreditar, senão sua vida será um caos. Tenha fé em Deus e na Sua justiça.
                Apóie os esforços inovadores da juventude, nem que eles olhem o mundo de modo completamente diferente daquele que já vivera. Mesmo porque se nada mudar, ninguém evoluirá. Mas também ouça a experiência das pessoas mais idosas; elas têm histórias maravilhosas para contar e lições profundamente vividas a serem meditadas. Viva a vida em sua plenitude. Ame as flores e cultive-as no seu jardim. O mundo precisa de cores, de alegria, de corações libertos para amar infinitamente. O paraíso que todos sonham é construção que está sob nossa responsabilidade. Não creia que algo surgirá do nada, ou que existiu nalgum lugar, sem que alguém o tivesse concebido.
                Creia sim no milagre do amor que pode abrir clareiras para os céus, mas não naquele que para ser milagre tem que derrogar as leis da natureza, aliás, coisa que nunca existiu.
                Seja sensato nas suas apreciações, mas não exija demais dos outros, especialmente se não tem nada a oferecer com vista a um mundo melhor. Não fica bem essa atitude para ninguém.
                Quando encontrar alguém infeliz pelo caminho, não agrave as suas misérias com os seus julgamentos apressados ou com o seu suposto senso de justiça. Da justiça Deus se encarrega, e a você compete simplesmente amar, porque será a única maneira de se promover diante da vida.
                Se encontrar alguém que possa ajudar, ajude sim, com todas as forças que possa e siga o seu caminho, porque, talvez, em breve até possa precisar de uma mão amiga que o socorra também. E, fazendo o bem, poderá a até ter crédito para pedir e ser atendido, porém ajudar não quer dizer carregar a cruz dos outros, aliás, o próprio Jesus recomendou que cada um tomasse a sua cruz e O seguisse. A lei da justiça tem vigência em toda a parte. Já disse alguém. “É dando que se recebe”, mostrando que a estrada da vida tem duas vias, quem por ela pode trilhar demonstrando que pode algo dar de si, para que em seus momentos de íntima perplexidade possa receber.
                Muitos se perderam pelo caminho da vida, por não exercerem em larga escala o exercício do amor, pois não compreenderam que o amor liberta, e o egoísmo escraviza, e que o orgulho rebaixa.
                Assim, caminhe em paz com sua consciência, porque esta pode indicar a sua derrota pessoal. Não a afronte por nada deste mundo.
                Existem testemunhas que estão à espreita para anotar a suas faltas e levarem-nas ao conhecimento do juiz sábio que se chama consciência, e quando estiver bem com ela, não se importará com as tempestades do caminho, por mais avassaladoras que sejam.


Áulus /Otacir Amaral Nunes
Campo Grande/MS

MENSAGENS PARTICULARES

                Victor Lefuble

                Moço, prático do porto de Havre, falecido aos 20 anos de idade.
                Morava com a mãe, mercadora, a quem prodigalizava os mais ternos e afetuosos cuidados, sustentando-a com o produto do seu rude trabalho. Nunca o viram freqüentar tabernas nem entregar-se aos tão freqüentes excessos da profissão, por não querer distrair a menor partícula de salário do fim piedoso que lhe destinava.
                Todo o seu lazer consagrava-o à genitora para poupá-la de fadigas. Atingido havia muito por enfermidade, da qual, sabia, havia de morrer, ocultava-lhe os sofrimentos para não a inquietar e para que ele não quisesse privá-lo do serviço. Na idade das paixões, eram precisos a esse moço um grande cabedal de qualidades morais e poderosa força de vontade para resistir às perniciosas tentações do meio em que vivia. Possuído de sincera piedade, a sua morte foi edificante.
                Na véspera da morte, exigiu da mãe que fosse repousar, dizendo-lhe Ter, também, ele, necessidade de dormir.
                Ela teve naquele ínterim uma visão; achava-se, disse, em grande escuridão, quando viu um ponto luminoso que crescia pouco a pouco, até que o quarto ficou iluminado por brilhante claridade, da qual se destacava radiante a figura do filho, elevando-se no Espaço infinito. Compreendeu que o seu fim estava próximo, e, com efeito, no dia seguinte, aquela alma bem formada havia deixado a Terra, murmurando uma prece.
                Uma família espírita, conhecedora da conduta correta dele, interessando-se pela mãe que ficara sozinha, teve a idéia de o evocar pouco tempo após a morte; mas ele se manifestou espontaneamente e deu a seguinte comunicação.
                “Desejais saber como estou agora: feliz, felicíssimo! Devem ser levados em conta os sofrimentos e angústias, que são a origem das bênçãos e da felicidade do além túmulo. A felicidade! Ah! Não compreendeis o que significa essa palavra. As venturas terrenas das que experimentamos ao regressar para Jesus, com a consciência pura, com a confiança do servo cumpridor do seu dever, que espera cheio de alegria a aprovação d’Aquele que é tudo”.
                Ah! Meus amigos, a vida é penosa e difícil, quando se não tem em vista a finalidade dela; mas eu vos digo, em verdade, que quando vierdes para junto de nós, se seguirdes a lei de Deus, sereis recompensados além, mas muito além dos sofrimentos e dos méritos que porventura julgardes ter adquirido para a outra vida. Sede bons e caritativos, dessa caridade tão desconhecida dos homens, e que se chama benevolência. Socorrei os vossos semelhantes, fazendo por outrem mais que por vós mesmos, uma vez que ignorais a miséria alheia e conheceis a vossa.
                Socorrei minha mãe, pobre mãe, único pesar que me vem da Terra. Ela deve passar por outras provas e preciso é que chegue aos céus.
                Adeus, vou vê-la.


Victor
Do livro “ O Céu e o Inferno” de Allan Kardec

 

CAMINHO PARA A FELICIDADE

                Conserve seu coração livre de ódio e sua mente livre da ansiedade.
                Viva simplesmente, espere pouco, dê muito.
                Encha sua vida de amor.
                Esqueça-se e pense nos outros, faça o que gostaria que lhe fizessem.
                Não fale mal de ninguém, critique os seus próprios atos, fazendo cuidadosos exames em suas ações diárias.
                Experimente isso por uma semana, e se surpreenderá com os resultados benéficos.
                Faça cada manhã, antes de iniciar o dia, esta oração.
                “Senhor,
                No silêncio desta prece,
                Venho pedir-te a paz, a sabedoria e a força.
                Quero sempre olhar o mundo
                Com os olhos cheios de amor
                Quero ser paciente, compreensivo, prudente
                Quero ver além das aparências
                Teus filhos, como tu mesmo os vês,
                E assim, Senhor, ver somente o bem em cada um deles,
                Fechar meus ouvidos a todas as calúnias
                Guardar minha língua de todas as maldades,
                Para que só de bênçãos encha minha alma,
                Que eu seja tão bom e tão alegre
                Que todos aqueles que se aproximarem de mim
                Sintam a tua presença,
                Reveste-me de tua beleza, Senhor,
                E que no decurso deste dia,
                Eu te revele a todos.”


Autor Desconhecido

MEDIUNIDADE

                Treinar, educar-se, aprender, reaprender, às vezes tropeçar, cair, mas reacertar, levantar, continuar, servir sempre, sem nenhuma idéia de melindre pessoal diante da crítica que porventura apareça - essa criatura vai aprimorando a mediunidade “.


Emmanuel
Do Livro “Entrevistas” de Francisco Cândido Xavier

 

SEJA VOLUNTÁRIO


                Seja voluntário na evangelização infantil.
                Não aguarde convite para contribuir em favor da Boa Nova no coração das crianças. Auxilie a plantação do futuro.
                Seja voluntário no Culto do Evangelho.
                Não espere a participação de todos os companheiros do Lar para iniciá-lo. Se preciso, faça-o sozinho.
                Seja voluntário no templo espírita.
                Não aguarde ser eleito diretor para cooperar. Colabore sem impor condições, em algum setor, hoje mesmo.
                Seja voluntário no estudo edificante.
                Não espere que os outros lhe chamem a atenção. Estude por conta própria.
                Seja voluntário na mediunidade.
                Não aguarde o desenvolvimento mediúnico, sistematicamente sentado à mesa de sessões. Procure a convivência dos Espíritos superiores, amparando os infelizes.
                Seja voluntário na assistência social.
                Não espere que lhe venham puxar o paletó, rogando auxílio. Busque os irmãos necessitados e ajude como puder.
                Seja voluntário na propaganda libertadora.
                Não aguarde riqueza para divulgar os princípios da fé. Dissemine, desde já, livros e publicações doutrinárias.
                Seja voluntário na imprensa espírita.
                Não espere de braços cruzados a cobrança da assinatura. Envie o seu concurso, ainda que modesto, dentro das suas possibilidades.
                Sim, meu Amigo. Não se sinta realizado.
                Cultive espontaneidade nas tarefas do bem.
                “A sementeira é grande e os trabalhadores poucos.”
                Vivemos os tempos da renovação fundamental.
                Atravessemos, portanto, em serviço, o limiar da Era do Espírito!
                Ressoam os clarins da convocação geral para as fileiras do Espiritismo.
                Há mobilização de todos.
                Cada qual pode servir a seu modo.
                Aliste-se enquanto você se encontra válido.
                Assuma iniciativa própria.
                Apresente-se em alguma frente de atividade renovadora e sirva sem descansar.
                Quase sempre, espírita sem serviço é alma a caminho de tenebrosos labirintos do Umbral.
                Seja voluntário na Seara de Jesus, Nosso Mestre e Senhor!


Cairbar Schutel
Do livro “O Espírito de Verdade” de Waldo Vieira

LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA

                Todo o homem estabelece leis e normas para combater o ódio e a violência, entretanto, procura na própria mente a importância do valor moral, que, em processos obscuros, atravessam faixas vibratórias de pequena realização frente ao amor de Deus.
                A ciência se nos mostra a aliança verdadeira, quando procuramos combater as causas que infiltram maiores tendências que segregam o homem no caminho do vício e da iniqüidade; conquanto, nas margens da religião quase sempre encontramos em Jesus as verdadeiras inspirações que aprimoram o Espírito, nas lutas que tombam os fortes e levantam os fracos, proporcionando em cada reta, um novo horizonte nas estradas do progresso individual, determinando em si as escolas de vibrações superiores às condições psíquicas de cada um, enobrecendo e construindo pontes para unir o amor e a caridade nos processos que exigem união e compreensão dentro das determinações do nosso Mestre Jesus.
                Procuremos tolerar o erro e construir os nossos pensamentos dentro das leis mais favoráveis ao reajustamento emotivo que contribui para o amor Cristão.
Somente as lições extraídas dos sentimentos cristãos embelezam os colégios, distribuindo na sua essência o real valor da moral abnegada para o socorro do próximo.
                Procurar pela voz do coração é tolerar o irmão nos momentos de necessidade, onde quase sempre, o Espírito se prende às baixas determinações da matéria, em conflito com as idéias do Cristo.
                Amor nos leva a meditar nas mensagens que vêm em nosso socorro, como a luz que embeleza cada manhã, permitindo-nos o regresso suave para o trabalho que se nos exige quase sempre a calma e a tolerância para com todos.
                Confiemos nos sentimentos para que possamos tolerar e compreender todos os momentos de depressão, exaltando, entretanto, o amor puro e disciplinado.
                Amemos e perdoemos, levando ao irmão necessitado a voz do auxílio e a mão da caridade.
                Deus nos requisita sempre, elevando-nos aos nobres pensamentos para que possamos juntos combater a violência, doando de nós todos os processos leves e aprofundados nas pesquisas da mente em favor do próximo. Amor... é o tema quase sempre do dia-a-dia, no entanto, no quesito que se refere amar a Jesus sempre deixamos para depois, em resposta à reflexão carinhosa que se espelha em nossa tela mental.
                A essência da boa vontade consiste em acharmos no irmão desprotegido toda a nossa própria segurança, elevada ao mais alto grau de pureza, para que possamos dar ao semelhante toda a caridade, enobrecida pelo sentimento.


Ezequiel
Mensagem recebida pelo médium João de Deus, Campo Grande/MS

MORTOS AMADOS

                Na Terra, quando perdemos a companhia de seres amados, ante a visitação da morte sentimo-nos como se nos arrancassem o coração para que se faça alvejado fora do peito.
                Ânsia de rever sorrisos que se extinguiram, fome de escutar palavras que emudeceram.
                E bastas vezes tudo o que nos resta no mundo íntimo é um veio de lágrimas estanques, sem recursos de evasão pelas fontes dos olhos.
                Compreendemos, sim, neste Outro Lado da Vida, o suplício dos que vagueiam entre as paredes do lar ou se imobilizam no espaço exíguo de um túmulo, indagando por quê...
                Se varas semelhantes sombras de saudade e distância, se o vazio te atormenta o espírito, asserena-te e ora, como saibas e como possas, desejando a paz e a segurança dos entes inesquecíveis que te antecederam na Vida Maior.
                Lembra a criatura querida que não mais te compartilha as experiências no Plano Físico, não por pessoa que desapareceu para sempre e sim à feição da criatura invisível mas não de todo ausente.
                Os que rumaram para outros caminhos, além das fronteiras que marcam a desencarnação, também lutam e amam, sofrem e se renovam.
                Enfeita-lhes a memória com as melhores lembranças que consigas enfileirar e busca tranqüilizá-los com o apoio de tua conformidade e de teu amor.
                Se te deixas vencer pela angústia, ao recordar-lhes a imagem, sempre que se vejam em sintonia mental contigo, ei-los que suportam angústia maior, de vez que passam a carregar as próprias aflições sobretaxadas com as tuas.
                Compadece-te dos entes amados que te precederam na romagem da Grande Renovação.
                Chora, quando não possas evitar o pranto que se te derrama da alma; no entanto, converte quando possível as próprias lágrimas em bênçãos de trabalho e preces de esperança, porquanto eles todos te ouvem o coração na Vida Superior, sequiosos de se reunirem contigo para o reencontro no trabalho do próprio aperfeiçoamento, à procura do amor sem adeus.


Emmanuel
Do livro “Na Era do Espírito” de Francisco Cândido Xavier - FEB

 

PETIÇÃO DO SERVO

                Senhor! Em verdade, não posso ser a lâmpada que clareia o caminho, mas se me amparas, consigo ser a candeia singela capaz de orientar o rumo de algum viajante transviado na floresta da vida.
                Não posso ser a fonte que dessedenta quantos atravessem as estradas do mundo, no entanto, se me auxilias, consigo ser a concha de água limpa, suscetível de socorrer um doente relegado ao abandono.
                Não posso ser a árvore benfeitora que se entrega ao faminto em plenitude de bondade, entretanto, se me ajudas posso ser a migalha de amor que suprima a penúria de um companheiro desfalecente de angústia.
                Não posso ser a casa acolhedora que albergue todos os deserdados da Terra, entregues às surpresas amargas da noite, mas, se me apóias, consigo ser a mão que se estende ao amigo menos feliz, para doar-lhe o calor de tua bênção e dizer-lhe ao coração abatido "Deus te abençoe."
                Senhor, reconheço-me pequenino servo de "Tua causa", no entanto, contigo a esperança brilhará em minha alma e, com semelhante amparo, seguirei à frente, trabalhando e servindo, no bendito anonimato de minha pequenez, a fim de louvar -te sempre e esperar, agindo e abençoando, a construção da Terra mais feliz.

Des Touches

ROMANCE DA VIDA

                No campo, em que o luar engrinalda a escumilha
                O par freme de amor, a noite dorme e brilha.

                Ele, o poeta aldeão, era humilde pastor;
                Ela, a fidalga, expunha a mocidade em flor.

                Ao longe da mansão, quantos beijos ao vento!...
                Quantas juras de afeto à luz do firmamento!

                Em certa noite, a eleita envia antigo pajem
                Que entrega ao moço ansioso, imprevista mensagem.

                “Perdoe” - a carta diz - se não lhe fui sincera
                Desposarei agora o homem que me espera.

                Nunca deslustrarei o nome de meus pais.
                Nosso amor foi um sonho... Um sonho. “Nada mais”.

                Chora o moço infeliz, sem ninguém que o conforte,
                Surdo à razão, anseia arrojar-se na morte.

                Corre à choça de taipa. A gesto subitâneo,
                Arma-se em desespero e arrasa o próprio crânio.

                Foi-se o tempo...E, no Além, o menestrel suicida
                Era um louco implorando um novo corpo à vida

                Um dia, a castelã, no refúgio dourado,
                Morre amargurada, aflita, as lições do passado.

                Pendem alvos jasmins do féretro suspenso,
                Filhos clamam adeus em volutas de incenso.

                Largando-se, por fim, dos enfeites de prata,
                Sente-se agora a dama envilecida e ingrata.

                Lembra o campo de outrora e o pobre moço aldeão.
                Pede para revê-lo e rogar-lhe perdão.

                Encontra-o, finalmente, em vasta enfermaria,
                Demente, cego e mudo em angústia sombria.

                Ela suporta em pranto a culpa que a reprova,
                Quer voltar para a Terra e dar-lhe vida nova.

                A eterna Lei de Amor no amor se lhe revela,
                Retorna no corpo denso em aldeia singela.

                Hoje, mãe a sofrer, fina-se, pouco a pouco,
                Carregando no colo um filho mudo e louco.

                E enquanto o enfermo espraia o olhar triste e sem brilho
                Ela vive a rogar: “Não me deixes, meu filho!..”

                O romance prossegue e os momentos se vão...
                Bendita seja a dor que talha a perfeição.

Alphonsus de Guimarães
Do livro “Na Era do Espírito” de Francisco C. Xavier- Editora FEB

 

EM DEFESA DA V IDA

                Enfoque Espírita Quanto ao Aborto

                1) Viver é o primeiro de todos os direitos naturais do homem.
                Ninguém tem o direito de atentar contra a vida do seu semelhante, nem de fazer o que quer que possa comprometer-lhe a existência
                2) A matéria é o instrumento de que o espírito se serve e sobre o qual, ao mesmo tempo, exerce a sua ação.
                O espírito encarna para cumprir desígnios divinos e, ao mesmo tempo, vai-se desenvolvendo intelectual e moralmente, através das provas e expiações que a vida terrena lhe enseja.
                Pela reencarnação, a justiça divina concede ao espírito realizar, em novas existências, aquilo que não pode fazer ou concluir nas existências anteriores.
                3) A ligação do espírito à matéria com que irá formar seu corpo físico se dá desde a concepção e é feita através do perispírito, o seu corpo espiritual, fluídico.
                4) É crime a provocação do aborto, em qualquer período da gestação, porque impede uma alma de passar pelas provas a que serviria de instrumento o corpo que se estava formando. Quem induz ou obriga ao aborto ou o executa é legalmente responsável espiritualmente.
                5) O aborto só é aceitável quando o nascimento da criança puser em perigo a vida de sua mãe.
                6) O aborto eugênico é um erro porque o corpo, deficiente ou não, é sempre valioso instrumento para a evolução do espírito.
                7) O aborto não se justifica nem mesmo na gestação ocasionada por estupro. Espiritualmente, o reencarnante é filho de Deus e não do estuprador, que apenas contribuiu para a formação do seu corpo físico. É inocente da ação agressora. Não deve ser responsabilizado por ela nem vir a sofrer em conseqüência dela. Muito menos perder seu direito à vida.
                Se, depois de nascida a criança, a mãe não puder ou não quiser criá-la, poderá oferecê-la à adoção. Muitos desejam perfilhar uma criança.
                8) Além dos prejuízos físicos e psíquicos que costuma trazer à gestante, o aborto delituoso acarreta, ainda, conseqüências espirituais.
                Exemplo: - O espírito que sofreu o abortamento pode ficar imantado à gestante em clima de mágoa e angústia ou desejando se vingar da agressão que não o deixou viver.
                Ficar lesada no perispírito, na região correspondente ao centro reprodutor não usado corretamente.
                Perda de oportunidade de receber como filho um espírito amigo e benévolo que viria ajudá-la na encarnação, ou alguém a quem devia ajuda e recomposição por erros anteriores.
                9) Quem já praticou aborto, ou foi por ele responsável, e quer se recuperar ante as leis divinas, não reincida mais nessa prática e procure fazer o bem.
                Exemplo: Favorecer a vida de outras crianças, ajudar outros a viverem.
                “O amor (caridade) cobre uma multidão dos pecados”. ( I Pedro, 4:8.)

Do livro “Deixem-me Viver”, Autores Diversos

 

DIVALDO PEREIRA FRANCO. Responde as questões a seguir:

                As reuniões mediúnicas devem ser públicas? Por quê?

                O Codificador recomenda pequenos grupos, graças às dificuldades que há nos grandes grupos, de sintonia vibratória e harmonia do pensamento.
                Uma reunião mediúnica de caráter público é um risco desnecessário, porque vêm pessoas portadoras de sentimentos os mais diversos, que irão perturbar, invariavelmente, a operação da mediunidade. Afirmam os Benfeitores que uma reunião mediúnica é um grave labor, que se desenvolve no campo perispíritico, e se a equipe não tem um conhecimento especializado, é compreensível que muitos problemas sucedam por negligência da mesma. A reunião mediúnica não deve ser de caráter público, porque teria feição especulativa, exibicionista, destituída de finalidade superior, atitudes tais que vão de encontro negativamente aos postulados morais da Doutrina.
                Mesmo nas reuniões mediúnicas privativas deve-se manter um número ideal de membros, não excedente a 20, para que se evitem essas perturbações naturais nos grupamentos massivos. Onde haja um grupo mediúnico com grande número, que seja dividido em dois trabalhos separados (porque, em Movimento Espírita, na ordem do bem, dividir é multiplicar o beneficio daqueles que se repartem). Igualmente é necessário que as pessoas sejam afins entre si no grupo. Por motivos óbvios, se estamos uma reunião mediúnica e não somos simpáticos a um indivíduo. Toda a comunicação que por este venha, logo os recalques e conflitos põem-nos carapuças, acreditando serem indiretas a nós dirigidas. Se, por acaso, outrem não nos é simpático, quando ele entra em transe ficamos bombardeando-o: Imagine o fingido: vê se eu vou acreditar nele! Formamos, assim, uma antena emissora de dificuldades para o companheiro que está sendo agredido pela nossa mente, porque desde que o indivíduo é médium, ele não o é exclusivamente dos Espíritos desencarnados, mas também dos encarnados.
                O êxito de uma reunião mediúnica depende da equipe que ali comparece e não apenas dos médiuns. Os Mentores programam, mas aquela equipe em funcionamento responderá pelos resultados.
Nunca é demais recomendar que as sessões mediúnicas sejam de caráter privado.


Divaldo Pereira Franco
Do livro“Diretrizes de Segurança” , Editora FRATER

                Na Terapia da desobsessão, é bom que o obsidiado freqüente trabalho mediúnicos?

                “ O ideal será que ele não participe dos trabalhos mediúnicos. Se estiver no estado em que registra as idéias sadias e as perturbadoras, o trabalho mediúnico pode ser-lhe seriamente pernicioso. Porque, se o obsessor incorporar, poderá ameaça-lo diretamente, criando nele condicionamento, que depois vai explorar de Espírito a Espírito. Como a necessidade não é do corpo físico do enfermo, ele pode estar em qualquer lugar e os Mentores trarão as Entidades perturbadoras.
                Ele não deve faltar às sessões de esclarecimento doutrinário, para que aprenda a libertar-se das agressões dos Espíritos maus e, ao mesmo tempo, crie condições para agir com equilíbrio por si mesmo”.

 

Divaldo Pereira Franco
Do livro “ Diretrizes de Segurança”, Editora FRATER

 

O FUMO ACARRETA SEQÜELAS DOLOROSAS E IRREPARÁVEIS

                A literatura espírita e não espírita nos fornece fartas informações a respeito do uso do fumo, comprovadamente nocivo ao corpo físico, produzindo moléstias que levam o indivíduo à morte, mediante, quase sempre, sofrimento atroz. Isso no que se refere ao corpo somático, porquanto atinge a nossa alma, ensejando em próxima encarnação, ficar o novo corpo marcado com seqüelas que podem surgir desde a infância, nesta nova experiência de vida.
                Não vamos nos ater a explicações que fogem ao nosso conhecimento, tendo em vista não sermos médico.                 Limitamo-nos, portanto, a uma exposição simples e firmada no que temos lido. Nada mais!.
                Não se trata aqui de qualquer recriminação e nem de julgamento, mesmo porque temos o livre-arbítrio. Por conseguinte, cabe a nós apenas dizer alguma coisa de útil em torno do assunto e, se possível, oferecermos algo que possa produzir a recuperação do fumante, nosso irmão em Cristo.
                A nossa preocupação em relação ao próximo é sempre a de prestar-lhe algum auxílio, na medida de nossas possibilidades. Partindo desse princípio de solidariedade, tratamos de encontrar alguma coisa que possa ser proveitosoaaos que, de fato, desejam se desvencilhar de tão nefando vício que, a exemplo da bebida alcoólica, descontrolada, sem equilíbrio, também produz males incalculáveis. Este último vício, quando alcança determinado ponto, transforma-se em doença irreversível.
                Quanto ao fumo, mais propriamente, o cigarro, o querido médium Francisco Cândido Xavier ensina como deixar de fumar.
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                Conta-se que uma distinta dama carioca fumava sem parar. Os cigarros vinham um após o outro.
                Fumava e se queixava do vício exagerado. O Chico tomava café e ouvia. Até que a uma interpelação da própria fumante, esclareceu.
                “ - É, minha filha, o problema do fumo é muito delicado e difícil de solucionar, assim como todos os costumes que temos firmemente arraigados em nosso psiquismo. Não podemos fazer a expulsão abrupta dos nossos vícios, pois aí estaremos ameaçados pela sua volta repentina e inesperada”. E Chico prosseguiu:
                “- No caso do fumo nós temos que pensar assim: o cigarro é tão bom, ele nos acompanhou durante tantos anos, ajudou-nos em nosso nervosismo, foi nosso companheiro dedicado na solução de tantas dificuldades. Mas nós temos que falar e acreditar em nossas palavras, pois se nós fumamos durante muitos anos, se estamos querendo libertar-nos dele, é porque nós não estamos precisando mais do fumo. E se o espírita já sente este desejo como imperiosa necessidade, naturalmente o cigarro também colaborará nessa libertação. E para ajudar, poderemos tomar Calladium da 5a. dinamização, 3 gotas 5 vezes por dia. O remédio igualmente nos auxiliará a proceder à mais rápida liberação da vontade de fumar. Porém este desejo tem que ser firme e valioso, pois na natureza nada se faz com violência, e até os vícios têm que ser tratados com respeito e educação, para poderem ser mais facilmente debelados”.


Transcrito da “Revista Internacional de Espiritismo” janeiro/95- Milton Luz

 

QUANTO PUDERES

                Quanto puderes, não te afaste do lar, ainda mesmo quando te pareça inquietante fornalha de fogo e aflição.
                Quanto te seja possível, suporta a esposa incompreensiva e exigente, ainda mesmo quando surja aos teus olhos por empecilho à felicidade.
                Quando estiver ao teu alcance, tolera o companheiro áspero ou indiferente, ainda mesmo quando compareça, ao teu lado, por adversário de tuas melhores esperanças.
                Quanto puderes, não abandones o filho impermeável aos teus bons conselhos, ainda mesmo quando se te afigure acabado modelo de ingratidão.
                Quanto te seja possível, suporta o irmão que se fez cego e surdo aos teus mais elevados testemunhos no bem, ainda mesmo quando se destaque por inexcedível representante do egoísmo e da vaidade.
                Quanto estiver ao teu alcance, tolera o chefe atrabiliário, o colega leviano, o parente desagradável, ou o amigo menos simpático, ainda mesmo quando escarneçam de tuas melhores aspirações.
                Apaga a fogueira da impulsividade que nos impele aos atos impensados, ou à queixa e avancemos para diante arrimados à tolerância, porque se hoje não conseguimos realizar a tarefa que o Senhor nos confiou a ela tornaremos amanhã com maiores dificuldades para a necessária recapitulação.
                Não vale a fuga que complica os problemas, ao invés de simplificá-los.
                Aceitemos o combate em nós mesmos, reconhecendo que a disciplina antecede a espontaneidade.
                Não há purificação sem burilamento, como não há metal acrisolado sem cadinho esfogueante.
                A educação é obra de sacrifício no espaço e no tempo, e atendendo à Divina Sabedoria - que jamais nos situa uns à frente dos outros sem finalidade de serviço e reajustamento para a vitória do amor - amemos nossas cruzes por mais pesadas e espinhosas que sejam, nelas recebendo as nossas mais altas e mais belas lições.


Emmanuel
Mensagem recebida pelo médium Francisco C. Xavier

 

O DIA COMEÇA AO AMANHECER

                Compadece-te da criança que segue ao teu lado.
                O dia começa ao amanhecer.
                Pai, mãe, irmão ou amigo, ampara-lhe a vida, com o teu próprio coração, se pretendes alcançar a Terra maior.
                Lembra-te das vozes amigas que te induziram ao bem, das mãos que te guiaram para o trabalho e para o conhecimento.
                Por que não amparar, ainda hoje, aqueles que serão, amanhã, os orientadores do mundo?
                Em pleno santuário da natureza, quantas árvores generosas são asfixiadas no berço? Quanta colheita prematuramente morta pelos vermes da crueldade?
                A vida é também um campo divino, onde a infância é a germinação da Humanidade.
                Já meditaste nas esperanças aniquiladas ao alvorecer? Já refletiste nas flores estranguladas pelas pedras do sofrimento, ante o sublime esplendor da aurora?
                Provavelmente dirás: “Como impedirei o sofrimento de milhares?”
                Ninguém te pede, porém, para que te convertas num salvador apressado, carregado de ouro e poder.
                Basta que abras o coração com chave da bondade, em favor dos meninos de agora, para que os homens do futuro te bendigam.
                Quando a escola estiver brilhando em todas as regiões e quando cada lar de uma cidade puder acolher uma criança perdida - ninho abençoado a descerrar-se, aconchegante, para a ave estrangeira - teremos realmente alcançado, com Jesus, o trabalho fundamental da construção do Reino de Deus.


Meimei
Do livro “Caridade” de Francisco Cândido Xavier

NA OBRA ASSISTENCIAL

                Pelo menos uma vez por semana, cumprir o dever de dedicar-se à assistência, em favor dos irmãos menos felizes, visitando e distribuindo auxílios a enfermos e lares menos aquinhoados.
                Quem ajuda hoje, amanhã será ajudado.
                Prestar serviço espiritual e material nas casas assistenciais de internação coletiva, sem perceber remunerações e sem criar constrangimento às pessoas auxiliadas.
                Só impõe restrições ao bem quem se acomoda com o mal.
                Na casa assistencial de caráter espírita, alimentar a simplicidade doutrinária, desistindo da exibição de quaisquer objetos, construções ou medidas que expressem supérfluo ou luxo.
                O conforto excessivo humilha as criaturas menos afortunadas.
                Viver em familiaridade respeitosa com todos, desde o servo menor até o dirigente mais responsável e categorizado, nos lares e escolas, hospitais e postos de socorro fraterno.
                A humildade assegura a visita contínua dos Emissários do Senhor.
                Jamais reter, inutilmente, excessos no guarda-roupa e na despensa, objetos sem uso e reservas financeiras que podem estar em movimento nos serviços assistenciais.
                Não há bens produtivos em regime de estagnação.
                Converter em socorro ou utilidades, para os menos felizes, relíquias e presentes, jóias e lembranças afetivas de familiares e amigos desencarnados, ciente de que os valores materiais sem proveito, mantidos em nome daqueles que já partiram, representam para eles amargo peso na consciência.
                Posse inútil, grilhão mental.
                Seja qual for o pretexto, nunca permitir que as instituições espíritas venham a depender econômica, moral ou juridicamente de pessoa ou organização meramente política, de modo a evitar que sejam prejudicadas em sua liberdade de ação e em seu caráter impessoal.
                A obra espírita cristã não se compadece com qualquer cativeiro.
                Sempre que os movimentos doutrinários, em particular os de assistência social, envolvam a aceitação de muitos donativos, apresentar periodicamente os quadros estatísticos dos recebimentos e distribuições, como satisfação justa e necessária aos cooperadores.
                O desejo de acertar aumenta o crédito de confiança.
                Organizar a diretoria e o corpo administrativo das instituições assistenciais exclusivamente com aqueles companheiros que se eximam de perceber ordenados, laborando apenas com finalidade cristã, gratuitamente.
                O trabalho desinteressado sustenta a dignidade e o respeito nas boas obras.


André Luiz
Do livro “Conduta Espírita” de Waldo Vieira – Editora FEB

 

DISCÍPULO DE PERTO

                Efraim, filho de Atad, tão logo soube que Jesus se rodeava de pequeno colégio de aprendizes diretos para a enunciação das Boas Novas, veio apressado em busca de informes precisos.
                Divulgava-se, com respeito ao Messias, toda sorte de comentários.
                O povo se mantinha oprimido. Respirava-se, em toda parte, o clima de dominação. E Jesus curava, consolava, bendizia... Chegara a transformar água em vinho numa festa de casamento.
                Não seria ele o príncipe esperado, com suficiente poder para redimir o Povo de Deus? Certamente, ao fim do ministério público, dividiria cargos e prebendas, vantagens e despojos de subido valor.
                Aconselhável, portanto, disputar-lhe a presença. Ser-lhe-ia discípulo chegado ao coração.
                De cabeça inflamada em sonhos de grandeza terrestre, procurou o Senhor que o recebeu com a bondade de sempre, embora tisnada de indefinível melancolia.
                O Cristo havia entrado vitorioso em Jerusalém, mas achava-se possuído de imanifesta angústia. Profunda tristeza transbordava-lhe do olhar, adivinhando a flagelação e a cruz que se avizinhavam.
                Sereno e afável, pediu a Ifraim lhe abrisse o coração.
                - Senhor! – disse o rapaz, ardendo de idealismo – aceita-me por discípulo, quero seguir-te, igualmente, mas desejo um lugar mais próximo de teu peito compassivo! ... Venho disputar-te o afeto, a companhia permanente! ... Pretendo pertencer-te, de alma e coração...
                Jesus sorriu e falou, calmo:
                - Tenho muitos seguidores de longe; aspirarás, porventura, à posição do discípulo de perto?
- Sim, Mestre! – exclamou o candidato, embriagado de esperança no poder humano – que fazer para conquistar semelhante glória?
                O Divino Amigo, que lhe sondava os recônditos escaninhos da consciência, esclareceu,
pausadamente:
                - O aprendiz de longe pode crer e descrer, abordando a verdade e esquecendo-a, periodicamente, mas o discípulo de perto empenhará a própria vida na execução da Divina Vontade, permanecendo, dia e noite, no monte da decisão.
                O seguidor de longe provavelmente entreter-se-á com muitos obstáculos a lhe roubarem a atenção, mas o companheiro de perto viverá em suprema vigilância.
                O de longe se sente com liberdade para buscar honrarias e prazeres, misturando-os com as suas vagas esperanças no Reino de Deus, mas o de perto sofrerá as angústias do serviço sacrificial e incessante.
                O de longe dispõe de recursos para encolerizar-se e ferir; o de perto armar-se-á, através dos anos, de inalterável paciência para compreender e ajudar.
                O de longe alegará dificuldades para concentrar-se na oração, experimentando sono e fadiga; o de perto, contudo, inquietar-se-á pela solução dos trabalhos e caminhará sem cansaço, em constante vigília.
                O de longe respirará em estradas floridas, demorando-se na jornada quanto deseje; o de perto, porém, muita vez seguirá comigo pelo atalho espinhoso.
                O de longe dar-se-á pressa em possuir; o de perto, no entanto, encontrará o prazer de dar sem recompensa.
                O de longe somente encontra alegria na prosperidade material; o de perto descobre a divina lição do sofrimento.
                O de longe padecerá muitos melindres; o de perto servirá com humildade, obscuro e feliz.
                O de longe adiará os seus testemunhos de fé e amor perante o Pai; o de perto, entretanto, estará pronto a aceitar o martírio, em obediência aos Celestes Desígnios, a qualquer momento.
                Após longa pausa, fixou em Ifraim os olhos doces e indagou:
                - Aceitarás, mesmo assim?
                O candidato, algo confundido, refletiu, refletiu e exclamou:
                - Senhor, os teus ensinos me deslumbram!... Vou à Casa de Deus agradecer ao Santo dos Santos e volto, dentro de uma hora, a fim de abraçar-te o sublime apostolado, sob juramento.
                Jesus aceitou-lhe o amplexo efusivo e ruidoso, despediu-se dele, sorrindo, mas Ifraim, filho de Atad, nunca mais voltou.


Irmão X
Do livro “Pontos e Contos” de Francisco C. Xavier – Editora FEB

 

MEDIUNIDADE

                Desenvolvimento

                382- Qual a verdadeira definição da mediunidade?

                A mediunidade é aquela luz que seria derramada sobre toda carne e prometida pelo Divino Mestre aos tempos do Consolador, atualmente em curso na Terra.
                A missão mediúnica, se tem os seus percalços e as suas lutas dolorosas, é uma das mais belas oportunidades de progresso e de redenção concedidas por Deus aos seus filhos misérrimos.
                Sendo luz que brilha na carne, a mediunidade é atributo do Espírito, patrimônio da alma imortal, elemento renovador da posição moral da criatura terrena, enriquecendo todos os seus valores no capítulo da virtude e da inteligência, sempre que se encontre ligada aos princípios evangélicos na sua trajetória pela face do mundo.


                383 – É justo considerarmos todos os homens como médiuns?

                Todos os homens têm o seu grau de mediunidade, nas mais variadas posições evolutivas, e esse atributo do espírito representa, ainda, a alvorada de novas percepções para o homem do futuro, quando, pelo avanço da mentalidade do mundo, as criaturas humanas verão alargar-se a janela acanhada dos seus cinco sentidos.
                Na atualidade, porém, temos de reconhecer que no campo imenso das potencialidades psíquicas do homem existem os médiuns com tarefa definida, precursores das novas instituições humanas. É certo que essas tarefas reclamam sacrifícios e se constituem, muitas vezes, de provações ásperas; todavia, se o operário busca a substância evangélica para a execução de seus deveres, é ele o trabalhador que faz jus ao acréscimo de misericórdia prometido pelo Mestre a todos os discípulos de boa-vontade.
                A mediunidade não deve ser fruto de precipitação nesse ou naquele setor da atividade doutrinária, porquanto, em tal assunto, toda a espontaneidade é indispensável, considerando-se que as tarefas mediúnicas são dirigidas pelos mentores do plano espiritual.


                385 – A mulher ou o homem, em particular, possuem disposições especiais para o desenvolvimento mediúnico?

                No capítulo do mediunismo não existem propriamente privilégios para os que se encontram em determinada situação; porém, vence nos seus labores quem detiver a maior porcentagem de sentimento. E a mulher, pela evolução de sua sensibilidade em todos os climas e situações, através dos tempos, está, na atualidade, em esfera superior à do homem, para interpretar, com mais precisão e sentido de beleza, as mensagens dos planos invisíveis.


                386 – Qual a mediunidade mais preciosa para o bom serviço à Doutrina?

                Ninguém deverá forçar o desenvolvimento dessa ou daquela faculdade, porque, nesse terreno, toda a espontaneidade é necessária; observando-se, contudo, a floração mediúnica espontânea, nas expressões mais simples, deve-se aceitar o evento com as melhores disposições de trabalho e boa-vontade, seja essa possibilidade psíquica a mais humilde de todas.
Não existe mediunidade mais preciosa uma que a outra.
Qualquer uma é campo aberto às mais belas realizações espirituais, sento justo que o médium, com a tarefa definida, se encha de espírito missionário, com dedicação sincera e fraternidade pura, para que o seu mandato não seja traído na improdutividade.


                387 – Qual a maior necessidade do médium?

                A primeira necessidade do médium é evangelizar-se a si mesmo antes de se entregar às grandes tarefas doutrinárias, pois, de outro modo poderá esbarrar sempre com o fantasma do personalismo, em detrimento de sua missão.


                388 – Nos trabalhos mediúnicos temos de considerar, igualmente, os imperativos da especialização?

                O homem do mundo, no círculo de obrigações que lhe competem na vida, deverá sair da generalidade para produzir o útil e o agradável, na esfera de suas possibilidades individuais.
Em mediunidade, devemos submeter-nos aos mesmos princípios. O homem enciclopédico, em faculdade, ainda não esqueceu, senão em gérmen, nas organizações geniais que raramente surgem na Terra, e temos de considerar que a mediunidade somente agora começa a aparecer no conjunto de atributos do homem transcendente.
A especialização na tarefa mediúnica é mais que necessária e somente de sua compreensão poderá nascer a harmonia na grande obra de vulgarização da verdade a realizar.


                389 – A mediunidade pode ser retirada em determinadas circunstâncias da vida?

                Os atributos medianímicos são como os talentos do Evangelho. Se o patrimônio divino é desviado de seus fins, o mau servo torna-se indigno da confiança do Senhor na seara da verdade e do amor. Multiplicados no bem, os talentos mediúnicos crescerão para Jesus, sob as bênçãos divinas; todavia, se sofrem o insulto do egoísmo, do orgulho, da vaidade ou da exploração inferior, podem deixar o intermediário do invisível entre as sombras pesadas do estacionamento, nas mais dolorosas perspectivas de expiação, em vista do acréscimo de seus débitos irrefletidos.


Emmanuel
Do livro “O Consolador” de Francisco C. Xavier. Editora FEB

 

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ANO II - Nº 17 – Campo Grande – MS – Junho de 2007
EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
Rua Colorado n o 488, Bairro Jardim Canadá, CEP 79112-480, Campo Grande-MS.