"Luzes do Amanhecer"

Fundado em 16/07/1996 publicado 02/02/2006
JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA - ANO XV - N. 172 * Campo Grande/MS *Maio de 2020.
EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
Rua Colorado n o 488, Bairro Jardim Canadá, CEP 79112-480, Campo Grande-MS.

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          Esse sofrimento sem consolo por alguém que partiu para o mais além, é porque não compreendeu que é um simples retorno à casa do Pai e este começa no túmulo.

 

 

 

PERDA DE ENTES QUERIDOS

 

            O bondoso Espírito Miramez estudando a doutrina Espírita na sua grande obra “Filosofia Espírita”, diz que o Espiritismo muda a dor em alegria, por saber-se que a vida continua e ninguém morre, pois o que chamamos morte é uma força transformadora de mais vida.
            Precisamos nos acostumar com essa mudança, porque já passamos inúmeras vezes pelo transe de vestir a carne e desvesti-la como trapo velho; e o que devemos fazer é agradecer a Deus pelas oportunidades dadas a nós pelas sucessivas reencarnações.
            Quando um ser querido morre, não o estamos perdendo, e sim ganhando um amigo no plano do Espírito e devemos orar por ele, auxiliando-o em suas provações.Essa dor é sofrida por todos, pobres, ricos, de qualquer raça ou crença, entretanto, os que mais sofrem são os ignorantes a respeito do mundo espiritual, pois já disse Jesus: Conhecereis a verdade e ela vos tornará livres.
            O iluminado Espírito Emmanuel afirma que a dor entranhada na alma inconformada dos que ficam, prejudica muito e intensamente os corações amados que nos precederam na vida Espiritual, e devemos entregar o ser amado a Deus, que no-lo deu, a fim de protege-lo e orientá-lo no mundo Espiritual.
            A nossa consóror Suely Caldas Schubert aponta que a partida de um ente querido, com o fim da existência física, é sem dúvida uma dor que não se traduz em palavras e ainda é o grande mistério e a maior desgraça da vida para grande parte da humanidade.
            O vazio, a saudadee o sofrimento dominam os que ficam, e a confusão de sentimentos, sensações, a dúvida e a incerteza da continuidade da vida,mostram o despreparo diante do fato mais certo da nossa existência na Terra. E isso porque vive-se como se não houvesse a morte, como se fôssemos o autor da vida, com indiferença ante o verdadeiro significado da vida humana; vive-se sem fé em Deus e achando-se que o Criador é cruel e pune seus filhos com castigos eternos.
            Por essas e outras coisas, não é de se estranhar que a morte seja vista com desespero, comosedepois de enterrado ou cremado o corpo, nada mais restasse.
            Mas, a realidade surpreende a todos, e a vida continua estuante além da morte física, atestada infinitas vezes pela doutrina Espírita, mostrando por sua filosofia lógica e experimentalmente que ninguém morre, que o ente querido está vivo, bem vivo, com a diferença que está em outra dimensão, que o encontraremos lá onde está, sabendo que a separação é temporária e que os laços de amor e afeto permanecem e são fortalecidos.


                                                                                                                    
Referências bibliográficas:
- Filosofia Espírita - Volume XIX. João Nunes Maia/Miramez
- Ceifa de Luz. Chico Xavier/ Emmanuel
- A Terra e o Semeador. Chico Xavier/Emmanuel
- Transtornos Mentais. Uma Leitura Espírita. Suely Caldas Schubert.

 

Crispim

 

 

      CONFIE EM DEUS PRIMEIRO

 

            Confie em Deus primeiro.
            Porque ele será o sustento na provação e a luz a iluminar o seu caminho.
            Quanto sentir que as forças se esvaem sob o peso da angústia, lembre-se que acima de tudo, Deus sempre estará presente por onde ande e que tudo caminha para melhor.
            Confie em Deus primeiro.
             Porque ninguém está livre de levar uma queda, mas sempre Deus suscita coragem para levantar-se e sempre suscitará força e energia para seguir em frente.
            Confie em Deus primeiro.
             Acima de toda situação adversa e de toda expectativa negativa, pense em Deus primeiro, porque Ele ser-lhe-á apoio na luta que desenvolve em favor de sua própria libertação.
            Confia em Deus primeiro.
             Quando sua casa mental estiver em chama, enquanto padece as aflições, ore a Deus que o socorro virá de um lugar ou de outro, disso tenha a certeza absoluta.
            Confie em Deus primeiro.
            Quando estiver no tempo de desfalecer diante da enfermidade que acomete seu organismo físico enfraquecido, lembre-se que o seu corpo é o meio para se manifestar no mundo, por isso rogue a Deus, que o socorro virá.
            Confia em Deus primeiro.
            Mesmo naquela sua maior crise de sofrimento, lembre-se que não estará sozinho porque Ele sempre se fará presente, a fim de que cumpra o seu compromisso até o fim.
            Confie em Deus primeiro.
            Mas trabalhe com muito amor pelo bem e pelo progresso dos outros, porque nesse trabalho encontrará o socorro que mais necessita, naquele momento mais cruciais de sua existência, a fim de que construa dentro de si uma fortaleza onde o amor fará moradia para sempre.
            Confie em Deus primeiro.
            Como for, conserve a paz no coração, mesmo diante das provações mais difíceis de suportar, porque também está sob os olhos misericordiosos de Deus, levando paz e esperança para sua própria vida.

 

Histórias Educativas
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes

 

 

PROVA SELETIVA

 

            Nem todos já conseguiram superar as dificuldades para compreender o próximo, mas todos podem ser respeitosos e educados.
            Nem todos podem realizar as grandes obras beneméritas, mas todos podem oferecer o pequeno concurso em socorro às crianças abandonadas.
            Nem todos pode ser aquele padrão do homem de bem, mas podem ser bons pais de família honrados.
            Nem todos podem ser os heróis da beneficência, mas podem prestar pequenos serviços as grandes causas.
            Nem todos já são capazes de perdoar as ofensas, mas podem trabalhar dentro de si o auto-perdão, a fim de que consiga avançar e perdoar as ofensas do próximo, mais ainda não sentir-se ofendido, que será a maior conquista.
            Nem todos podem ser bons e generosos, mas todos podem oferecer o seu óbolo ao bem geral, até na tarefa simples de manter a limpeza da rua frente de sua casa.
            Nem todos detêm conhecimentos superiores, mas todos podem ensinar as primeiras letras do alfabeto para libertar o irmão infeliz do analfabetismo.
            Nem todos podem demonstrar atos de grandeza moral, mas todos podem ser corretos com os semelhantes.
            Nem todos podem conhecer a mensagem de Jesus em sua verdadeira inteireza, mas já podem começa a amar ao próximo como inicio para dar a largada e conhecer a mensagem do Divino Mensageiro.
            Nem todos são tão pobres que não consigam demonstrar solidariedade ao próximo no dia de sua maior aflição.
            Nem todos pode ser o bom exemplo de espírita-cristão, mas todos podem fazer alguma coisa em favor do próximo.
            Nem todos podem agir como a viúva pobre que menciona o Evangelho que doou na quantia simbólica de duas moedas tudo o que tinha, mas podem dar uma migalha do seu afeto sem empobrecer-se, como também a ajuda possível.
            Nem todos podem explicar o Evangelho em público, mas todos podem fazer pequenas leituras aqueles que não conseguem ler, com vista a esclarecer aquelas pessoas com sede de entendimento.
‘           Nem todos podem ser altruístas, mas todos podem estender migalhas aquele que sofrem sem amparo, ainda que não considere o essencial, mas poderá realizar aqui e no mais além as grandes conquistas no campo dos sentimentos. Porque o reino de Deus começa a ser conquistado justamente quando estende a mão ao próximo, por isso caminhe em direção ao próximo, caso contrário poderá perder a grande deixa da história de sua vida.
            Valha-se de todos os recursos para o bem do próximo, porque será esse mesmo que lhe proporcionará a verdadeira alforria e com ele arranjará meios de quitar-se de tantos erros cometidos em existência mal vivida.
            Está aqui para expiar, mas, sobretudo, para aprender e a regra básica de amor e de caridade, porque sem essas ferramentas não conquistará a plena felicidade espiritual.
            Lembre-se que tudo começa com o amor e a caridade e tudo termina com essas virtudes máximas do cristianismo.
            Por fim, todos podem dar algo de si para o bem dos semelhantes sem  nada exigir, porque será a maior conquista do espírito encarnado, assim como ninguém pode chegar ao Pai senão através de Jesus. Ninguém irá a Jesus senão através o próximo, disso deve estar convencido, porque o próximo é a ponte que leva o homem a Jesus e Jesus que leva a Deus.
            Por isso coloque-se em favor da grande causa do bem, porque esse será a sua mais nobre aspiração. Áulus.

 

Lições De Simplicidade
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes

 

 

A IDÉIA POLITEÍSTA NO CONTEXTO DA EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO RELIGIOSO

 

TRADIÇÕES RELIGIOSAS DO POLITEÍSMO
            Em todas as épocas da humanidade Deus jamais deixou de enviar ao Planeta Espíritos missionários com a incumbência de instruir espiritualmente os homens. Neste sentido, [...] as religiões houveram de ser em sua origem relativas ao grau de adiantamento moral e intelectual dos homens: estes assaz materializados para compreenderem o mérito das coisas puramente espirituais, fizeram consistir a maior parte dos deveres religiosos no cumprimento de fórmulas exteriores.1 Nos tempos primevos, como na atualidade, o homem teve uma concepção antropomórfica de Deus. Nos períodos primários da Civilização, como preponderavam as leis da força bruta e a Humanidade era um aglomeração de seres que nasciam da brutalidade e da aspereza, que apenas conheciam os instintos nas suas manifestações, a adoração aos seres invisíveis que personificavam os seus deuses era feita de sacrifícios inadmissíveis [...].21
            De forma abrangente, vamos [...] encontrar, historicamente, as concepções mais remotas da organização religiosa na civilização chinesa, nas tradições da Índia védica e bramânica, de onde também se irradiaram as primeiras lições do Budismo, no antigo Egito, com os mistérios do culto dos mortos, na civilização resplandecente dos faraós, na Grécia com os ensinamentos órficos e com a simbologia mitológica, existindo já grandes mestres, isolados intelectualmente das massas, a quem ofereciam os seus ensinos exóticos, conservando o seu saber de iniciados no círculo restrito daqueles que os poderiam compreender devidamente.20
            Vemos, então, que os habitantes do Planeta concebiam a religião de forma politeísta e antropomórfica, identificando em cada deus reverenciado qualidades supra-humanas. As idéias politeístas e antropomórficas aparecem na Religião, na Filosofia e em outras atividades culturais dos povos antigos.
Destacaremos, a propósito, algumas contribuições registradas pela História.

1 Tradição religiosa chinesa
            Desde as épocas mais distantes, Jesus enviou missionários às criaturas que se organizavam, econômica e politicamente, entre as primeiras comunidades da Terra. 19 É importante considerar, porém, que a tradição religiosa chinesa apresenta uma feição mais filosófica do que religiosa, propriamente dita, daí ser nomeada como ‘‘filosofia religiosa’’ ou ‘‘religião-filosófica’’.
            Taoísmo: originalmente, o termo chinês Tao significava “caminho”, palavra-chave de todas as antigas escolas filosóficas da China, inclusive o Confucionismo.
            Foi somente no séc. IV a.C., através de Lao-Tsu e Chuang- Tsu, que o Taoísmo recebeu impulso decisivo. Como religião, sabe-se que a doutrina começou a se tornar conhecida no séc. I a.C., quando era divulgada por sacerdotes mágicos, os quais, se julgando possuidores de poderes divinos, prometiam aos crentes a restauração da juventude, a aquisição de virtudes sobre-humanas e a garantia da imortalidade da alma.11 A bíblia do taoísmo é o Tao te King, que prega a existência de três caminhos: a) o Tao, ou caminho da realidade íntima (refere-se ao Criador, de onde brota a vida e ao qual toda a vida retorna); b) o Tao, ou caminho do universo, da norma, do ritmo da
natureza, enfim; c) o Tao, ou caminho da vida humana.14 Confucionismo: Emmanuel nos esclarece que Confúcio (ou Kong-Fo-Tsé), fundador do Confucionismo, [...] na qualidade de missionário do Cristo, teve de saturar-se de todas as tradições chinesas, aceitar as circunstâncias imperiosas do meio, de modo a beneficiar o país na medida de suas possibili dades de compreensão. [...] Suas lições estão cheias do perfume de requintada sabedoria moral.18

2 O politeísmo egípcio
            Nos círculos esotéricos, onde pontificava a palavra esclarecida dos grandes mestres de então, sabia-se da existência do Deus Único e Absoluto, Pai de todas as criaturas e Providência de todos os seres [...]. Desse ambiente reservado de ensinamentos ocultos, partiu, então, a idéia politeísta dos numerosos deuses, que seriam os senhores da Terra e do Céu, do Homem e da Natureza. As massas [populares] requeriam esse politeísmo simbólico, nas grandes festividades exteriores da religião. Já os sacerdotes da época conheciam essa fraqueza das almas jovens, de todos os tempos, satisfazendo-as com as expressões exotéricas de suas lições sublimadas. Dessa idéia de homenagear as forças invisíveis que controlam os fenômenos naturais, classificando-as para o espírito das massas, na categoria dos deuses, é que nasceu a mitologia da Grécia, ao perfume das árvores e ao som das flautas dos pastores, em contato permanente com a Natureza.16

 

REFERÊNCIA

1. KARDEC, Allan.O céu e o inferno. Tradução de Manuel Justiniano Quintão.
14. FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA. Curso de estudo aprofundado da Doutrina Espírita: Programa religião à luz do espiritismo. Brasília [DF]: FEB, 2005. Tomo I, Roteiro 2, p. 20.
16. XAVIER, Francisco Cândido. A caminho da luz. Pelo Espírito Emmanuel. 36. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 4 (A civilização egípcia), item: O politeísmo simbólico, p. 43-44.
18. ______. Cap. 8 (A China milenária), item: Confúcio e Lao-Tsé, p. 76.
20. ______. Emmanuel. Pelo Espírito Emmanuel. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 2 (A ascendência do evangelho), item: As tradições religiosas, p. 26.
21. ______. Cap. 15 (A Idéia da imortalidade), item: O antropomorfismo, p. 87. 8 DICIONÁRIO HOUAISS DA LÍNGUA PORTUGUESA. Instituto Antônio Houaiss. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001, p.1333.

 

ESDE
2008

 

 

PSICOGRAFIA

 

            Meu querido filho José!

            Aqui estou com um grupo de amigos para satisfazer a vontade de seu coração. Direi que estou feliz, simplesmente, porque depois de momentos tão difíceis que eu vivera aí no plano físico, de tantas lutas e dificuldades, mas sou muito grato a Deus, porque trouxe muitas experiências e hoje posso avaliar com mais responsabilidade cada ato. Muitas coisas ainda não eu compreendi direito, devido a minha falta de leitura, mas aos poucos vou aprendendo e buscando me ajustar à nova realidade, contando para isso com professores e instrutores especializados.
            Sou grata também a todos os familiares pelas alegrias que me proporcionaram, principalmente naqueles meus últimos tempos no plano físico, buscando dentro do possível me oferecer o melhor.
            Estou orgulhosa de minha neta, pois que apesar de não poder estar presente fisicamente, sempre quando posso vou à casa de cada filho e quando vou a sua casa fico a observar Isabela e fico encantada.
            Não quero hoje relembrar acontecimentos que foram difíceis de superar, nem qualquer coisa triste, mas quero que esse reencontro através da escrita seja em encontro amistoso entre mãe e filho, para viver das alegrias puras, que não haja qualquer outra conotação, por isso só quero lembrar os momentos bons e descontraídos que se viveu, projetando para o futuro novas esperanças, de maneira que os momentos que me dirijo estas palavras seja só de alegria e satisfação. Não sei dizer quanto tempo eu passei alheia a realidade de uma nova vida, mas quero dizer que quando compreendi que a vida verdadeiramente continua, fiquei muito feliz, porque vi nesse fato a possibilidade de reencontrá-los num momento melhor, onde não houvesse mais aqueles incômodos naturais de uma pessoa enferma, conquanto reconheça que os problemas e dificuldades vividos foram muito válidos, para moldar certos princípios necessários para o reequilíbrio emotivo.
            Quero notificar as queridas filhas que a oração é muito importante para a vida de qualquer pessoa e quem sempre se vale desse recurso, aliado a uma conduta equilibrada sempre terá mais paz e segurança, pois que sempre solicita força e coragem para vencer as dificuldades, naturalmente se dá melhor, mas isso deve ser cultivada todo dia, como deve selecionar os pensamentos para se dirigir a Deus, nosso Pai, rogando a Ele que nos dê fortaleza para amar mais, compreender mais, perdoar mais, porque assim a vida irá fluir melhor.
            Tenho recebido as orações e pensamentos carinhosos de todos, principalmente no “Dia das Mães”, porque a oração dirigida uns aos outros são como flocos de algodão que caem sobre as feridas, ou qualquer enfermidade, ou qualquer dificuldade, quando não se obtém uma resposta positiva pelo menos aceitação e força para enfrentar certos problemas que servirão de experiências para o futuro.
            Por fim, agradeço ao querido esposo às alegrias que me proporcionou, que apesar das dificuldades sobrou muitas alegrias no coração do tempo vivido em sua companhia, proporcionando ao conforto na alegria e na tristeza.
            Meu tempo já se esgotou, numa outra oportunidade, talvez possa me expressar melhor.
            Um grande abraço a todos e a Ranulfo e aos filhos e especialmente você meu filho que tem lutado com tanta fé.
            Um grande abraço da mãe sempre reconhecida.
               

Venância

 

 

MÉDIUNS IRRESPONSÁVEIS

            Associou-se indevidamente à pessoa portadora de mediunidade ostensiva a qualidade de Espírito elevado.
            O desconhecimento do Espiritismo ou a informação superficial sobre a sua estrutura deu lugar a pessoas insensatas considerarem que, o fato de alguém ser possuidor de amplas faculdades medianímicas, caracteriza-se como um ser privilegiado, digno de encômios e projeção, ao mesmo tempo possuidor de um caráter diamantino, merecendo relevante consideração e destaque social.
            Enganam-se aqueles que assim procedem, e agem perigosamente, porquanto, a mediunidade é faculdade orgânica, de que quase todos os indivíduos são possuidores, variando de intensidade e de recursos que facultem o intercâmbio com os Espíritos, encarnados ou não.
            Neutra, do ponto de vista moral, em si mesma, a mediunidade apresenta-se como oportunidade de serviço edificante, que enseja ao seu portador os meios de autoiluminar-se, de crescer moral e intelectualmente, de ampliar os dons espirituais, sobretudo, preparando-se para enfrentar a consciência após a desencarnação.
            Às vezes, Espíritos broncos e rudes apresentam admiráveis possibilidades mediúnicas, que não sabem ou não querem aproveitar devidamente, enquanto outros, que se dedicam ao Bem, que estudam as técnicas da educação das faculdades psíquicas, não conseguem mais do que simples manifestações, fragmentárias, irregulares, quase decepcionantes.
            Não se devem entristecer aqueles que gostariam de cooperar com a mediunidade ostensiva, porquanto a seara do amor possui campo livre para todos os tipos de serviço que se possam imaginar.
            Ser médium da vida, ajudando, no lar e fora dele, exercitando as virtudes conhecidas, constitui forma elevada de contribuir para o progresso e desenvolvimento da Humanidade.
            Através da palavra, oral e escrita, quantos socorros podem ser dispensados, educando-se as criaturas, orientando-as, levando-as à edificação pessoal, na condição de médium do esclarecimento?!
            Contribuindo, nas atividades espirituais da Casa Espírita, pela oração e concentração durante as reuniões especializadas de doutrinação, qualquer um se torna médium de apoio.
            Da mesma forma, através da aplicação dos passes, da fluidificação da água, brindando a bioenergia, logra-se a posição de médium da saúde.

            Ser médium da vida constitui forma elevada de contribuir para o progresso e desenvolvimento da Humanidade

            Na visita aos enfermos, mantendo diálogos confortadores, ouvindo-os com paciência e interesse, amplia-se o campo da mediunidade de esperança.
            Mediante o diálogo com os aturdidos e perversos, de um ou do outro plano da vida, exerce-se a mediunidade fraternal da iluminação de consciência.
            Nesse mister, aguça-se a percepção espiritual e desenvolvem-se os pródromos das faculdades adormecidas, que se irão tornando mais lúcidas, a fim de serem usadas dignamente em futuros cometimentos das próximas reencarnações.
Ser médium é tornar-se instrumento; e, de alguma forma, como todos nos encontramos entre dois pontos distantes, eis- -nos incursos na posição de intermediários.
            Ter facilidade, porém, para sentir os Espíritos é compromisso que vai além da simples aptidão de contatá-los.
            Desse modo, à semelhança da inteligência que se pode apresentar em indivíduos de péssimo caráter, que a usam egoística, perversamente, ou como a memória, que brota em criaturas desprovidas de lucidez intelectual, e perde-se, pela falta de uso, também a mediunidade não é sintoma de evolução espiritual.
            Allan Kardec, que veio em nobre missão, Espírito evoluído que é, viveu sem apresentar qualquer faculdade mediúnica ostensiva, enquanto outros indivíduos do seu tempo, que exerceram a faculdade medianímica, por inferioridade moral, venderam os seus serviços, enxovalharam-na, criaram graves empecilhos à divulgação da Doutrina Espírita que, indevidamente, foi confundida com os maus exemplos desses médiuns inescrupulosos e irresponsáveis.
            Certamente, o médium ostensivo, aquele que facilmente se comunica com os Espíritos, quando é dotado de sentimentos nobres e possui elevação, torna-se missionário do Bem nas tarefas a que vai convocado, ampliando os horizontes do pensamento para a imortalidade, para a vitória do ser libertado de todas as paixões primitivas.
            Normalmente, e as exceções são subentendidas, os portadores de mediunidades ostensivas, porque se encontram em provações reparadoras, falham no desiderato, após o deslumbramento que provocam e a autofascinação a que se entregam por invigilância e presunção.
            Toda e qualquer expressão de mediunidade exige disciplina, educação, correspondente conduta moral e social do seu portador, a fim de facultar-lhe a sintonia com os Espíritos Superiores, embora o convívio com os infelizes, que lhe cumpre socorrer.
            O médium irresponsável, porém, não é apenas aquele que, ignorando os recursos de que se encontra investido, gera embaraços e perturbações, tombando nas malhas da própria pusilanimidade, mas também, aqueloutros que, esclarecidos da gravidade do compromisso, se permitem deslizes morais, veleidades típicas do caráter doentio, terminando vitimados pelas obsessões cruéis.
            Todo aquele, portanto, que deseje entregar-se ao Bem, na seara dos médiuns, conscientize-se da responsabilidade que lhe diz respeito, e, educando a faculdade, torne-se apto para o ministério, servindo sempre e crescendo intimamente com os olhos postos no próprio e no futuro feliz da sociedade.

 

            Toda e qualquer expressão de mediunidade exige disciplina, educação, correspondente conduta moral e social do seu portador

 

            (Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, em 9/2/1994, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, BA.)

 

Manoel P. de Miranda

Reformador 2009

 

 

MEMÓRIAS DO PADRE GERMANO

 

Marco Antonio Negrão

 

            O título completo deste livro é Fragmentos das Memórias do Padre Germano. Foi publicado, por primeira vez, pela Federação Espírita Brasileira – FEB, no ano de 1909, traduzido por Manuel Quintão.
            Trata-se de vários ditados do Espírito Padre Germano ao médium sonâmbulo Eudaldo Pagés, do Centro Espírita A Boa Nova, da ex-vila de Grácia, atual bairro em Barcelona, registrados por Amália Domingo Soler que, em abril de 1880, começou a publicá-los, no Jornal Espírita A Luz do Porvir, sob a forma de novela.
            Amália, nascida a 10 de novembro de 1835, na cidade de Sevilha, Espanha, desencarnou a 29 de abril de 1909. Foi figura de grande destaque no seio do Espiritismo espanhol, tendo sua fama ultrapassado as fronteiras da Península Ibérica, alcançando os países americanos de fala castelhana.
            Sua vida foi entrecortada de dores físicas e morais. Tudo suportou com estoicismo.
            Com a idade de dez anos, começou a escrever; aos dezoito dava à publicidade as suas poesias. Os problemas visuais a acompanhariam por toda vida.
            Procurou consolo no seio das religiões tradicionais. Os dogmas não a satisfaziam. Os conceitos da vida no além-túmulo, apregoados por essas religiões, não preenchiam o imenso vácuo que existia em sua alma.
            Um dia, tomou conhecimento do Espiritismo.  A partir daí, passou a compreender que o Evangelho de Jesus é, na realidade, uma fonte de água viva que jorra para a vida eterna.
            Os cognomes de poetisa das violetas e cantora do Espiritismo lhe foram outorgados, pois o seu nome projetou-se de tal forma que ela se tornou, de direito e de fato, uma das mais apreciadas poetisas de seu tempo.
            O trabalho de Amália, no campo da divulgação do Espiritismo, foi de relevante importância, tendo contribuído decididamente para que a Doutrina dos Espíritos passasse a desfrutar de enorme prestígio naquela nação.
            Padre Germano foi um sacerdote da Igreja Católica que viveu, provavelmente, entre os séculos XVIII e XIX, na região norte da Espanha e/ou sudoeste da França, próximo ao litoral do Mediterrâneo. Nessa existência quis, por dever, viver o sacerdócio do Cristo.
            Consagrou- se à consolação dos humildes e oprimidos, ao mesmo tempo que desmascarava os hipócritas e falsos religiosos da Igreja Romana.
            Tal procedimento lhe causou muitos dissabores e perseguições sem trégua, cruéis insultos, perseguições e até ameaças de morte. Vítima dos superiores hierárquicos, assim viveu desterrado em obscura aldeia, ele que, pelo talento, bondade e predicados especiais, poderia ter conduzido a seguro porto, sem perigo de soçobro, a arca de São Pedro.
            O livro compreende trinta e três capítulos, nos quais o Espírito relata situações vividas em seu apostolado sacerdotal, suas observações e os ensinamentos que retirou de cada uma delas.
            O capítulo três é, possivelmente, dos mais emocionantes porque fala do seu amor por uma mulher. O interessante é que a jovem era apaixonada por ele e o declarou nas quatro vezes em que se encontraram, sem que ele, houvesse, de forma alguma, desrespeitado os seus votos sacerdotais.
            Ela chegou a se casar e morreu jovem, em torno dos vinte e quatro anos, vitimada pela peste, sendo ele quem lhe acompanhou os últimos momentos e, na sequência, lhe providenciou a sepultura.
            Declara: Foi junto da sua campa que compreendi o valor da Reforma Luterana, e regando as plantas que lhe davam sombra foi que se me dissiparam as sombras da imaginação.
            Conheci, mais, quão pequena era a igreja dos homens e grande o templo universal de Deus.
            Amor! Sentimento poderoso, força criadora… sois a alma da alma, porque vindes de Deus.
            Sacerdotes sem família são como árvores secas, e Deus não quer a esterilidade do sacrifício e sim o amor universal!

            O livro retrata a postura de um Espírito cônscio de seu dever. Segundo ele, evitou mais de quarenta suicídios. Isso porque, com sua sensibilidade, conseguia libertar jovens que eram internadas em conventos, obrigadas a tomar votos religiosos, simplesmente por não desejarem determinado consórcio que lhes fora arranjado.
            São histórias e mais histórias de um sacerdote que honrou o Evangelho e, sem pensar em si, salvou vidas. Acolheu órfãos e os guiou na jornada terrena.
            As predições que fazia, oriundas de seus entendimentos de medicina, os socorros que prestava, as intervenções, as palavras de consolo, tudo foi criando em torno de si um halo de santidade.
            Ao final da obra, foi inserida história psicografada por Francisco Cândido Xavier, em 1931, de autoria do mesmo Espírito e que, inicialmente, foi publicada nas páginas da revista Reformador, da FEB, durante o ano seguinte, nos fascículos de 16 de fevereiro, 1º e 16 de março

 

Mundo Espírita
 2015

 

O QUE ESTÁ ACONTECENDO NO MUNDO?

 

COLUNISTA GERALDO CAMPETTI

 

            Não será novidade a sensação de estranheza que acomete boa parte da Humanidade terrestre nesse período de ocaso expiatório-provacional e de alvorecer de uma Nova Era de regeneração.
            Nesses momentos, parece-nos faltar superfície para colocarmos os pés e caminharmos seguramente. O horizonte anuvia-se diante das montanhas de calamidades públicas e privadas pelas quais atravessam os errantes na trajetória ascensional. A noite sombria assola os incipientes raios solares do amanhecer, assenhoreando-se dos andarilhos da hora última, titubeantes em indecisões e vãos questionamentos, orquestrados no pragmatismo materialista do incrédulo, ou assentados na hesitação do crente iludido e desesperançado.
            Tudo parece acenar um futuro não muito distante de caos e perdição irremissíveis…
                                                                        *
            O apóstolo Paulo escreveu várias cartas, conhecidas como epístolas, sob a inspiração direta do Espírito Estêvão, que incentivou o convertido de Damasco a redigir as missivas, tendo em vista demanda de ampliar a divulgação da Mensagem de Jesus, uma vez que Paulo não poderia estar fisicamente em vários lugares ao mesmo tempo. As epístolas foram sublime inspiração para “marcar presença” com a palavra orientadora a pessoas e povos carentes de assegurar sua caminhada nas trilhas da fé após a crucificação do Messias de Nazaré, recordando os ensinos do Mestre para que não caíssem no esquecimento (XAVIER/Emmanuel, 2017a).
            Num desses indeléveis registros aos Coríntios, Paulo expressa: “Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados” (PAULO, II Coríntios, 4:8). 
            Para bem entendermos a essência do conteúdo paulino é necessário que busquemos a compreensão do significado das palavras. Ser atribulado é enfrentar aflições, adversidades, agruras, mortificações, sofrimentos morais e acontecimentos desagradáveis ou penosos. Angustiado é sinônimo de aflito, agoniado, ansioso, atormentado, inquieto.
            Ser perplexo é ser tomado de espanto, ficar atônito, indeciso, irresoluto, é hesitar. Desanimado é o mesmo que sem ânimo, desencorajado, desestimulado, desalentado, esmorecido, sem vontade de agir.
            A constatação de ontem e de hoje que o registro epistolar evidencia é de que somos em tudo o que acontece ao nosso redor e em nossa intimidade atribulados e perplexos. Porém, a recomendação do mesmo enunciado é para não sermos angustiados nem desanimados, nunca e em nada, assim deduzimos.
            Os vocábulos parecem próximos no significado, entretanto indicam capitais diferenças conceituais. Ficamos espantados, atônitos diante de tantas ações infensas à moral, observadas cada vez mais frequentemente na atualidade, ou que teimam em se perpetuar ao longo do tempo, desde eras imemoriais quando o homem ainda estagiava em seus primeiros passos no primitivismo da evolução.
            Esse estado de perplexidade, todavia, não deve denotar desânimo, falta de ânimo, de vida e de vontade para pensar, falar e fazer o imprescindível a uma reação ativa, operosa e construtiva perante uma realidade temporariamente avassaladora do mal e de suas múltiplas manifestações e incautas intermediações. Jesus asseverou que veio para nos trazer vida e vida em abundância (JOÃO, 10:10).
            Tudo o que não for real, passará. Apenas os valores constitutivos da verdadeira propriedade, a espiritual, resistirão, posto que permanentes. Espantamo-nos perante atrocidades, crueldades, irresponsabilidades decorrentes da imaturidade espiritual ou da maldade temporária que domina, iludindo boa parcela da Humanidade terrestre. Todavia, não nos cabe o desalento, pois há muito que fazer, notadamente no período de transição em que todos somos convidados e convocados a doar o melhor de nós, realizando o que estiver ao nosso alcance, como a nossa quota de colaboração para as mudanças inadiáveis.
            As aflições, comuns em um mundo de expiações e de provas, onde ainda há o império do mal (KARDEC, 2017), chegarão de fora, em ranger de dentes do tempestuoso inverno a assolar incautos, desprevenidos e imprevidentes quanto ao futuro espiritual. Virão também da intimidade dos seres que não se permitirão sentir acomodados em zona de conforto, quando o Evangelho Redivivo nos convoca ao testemunho pessoal e intransferível do autoenfrentamento para as diligências renovadoras impostergáveis, considerando que os tempos já chegaram, e que não nos cabe procrastinar mais nem um segundo a resolução no rumo do bem e do amor divinos.
            Entrementes, não nos permitiremos agoniar, cedendo a aparentes forças irresistíveis de influências malévolas a nos desviar do caminho a ser seguido em direção à conquista paulatina da felicidade, por esforço próprio e proporcional a nossa capacidade, sem exageros ou exigências descabidas, mas compreendendo que o minuto precioso de cada dia não deve ser desperdiçado por invigilância e ociosidade (XAVIER/André Luiz, 2017).
            E foi Emmanuel, que tanta admiração vertia ao doutor da lei, renovado em Jesus, com sua elegante e assertiva redação, convertendo-se, em nossa opinião, no maior explicador dos evangelhos de todos os tempos, quem acentuou:
            E, ainda hoje, enquanto oram confiantes, exemplificando o amor evangélico, [os leais seguidores de Jesus] reparam o progresso dos ímpios e sofrem a dominação dos vaidosos de todos os matizes. Enquanto triunfam os maus e os indiferentes, nas facilidades terrestres, são eles relegados a dificuldades e tropeços, à frente das situações mais simples.             Apesar da evolução inegável do direito no mundo, ainda são chamados a contas pelo bem que fazem e vigiados, com rudeza, devido à verdade consoladora que ensinam (XAVIER/Emmanuel, 2017b).
            É o que temos sentido, embora ainda não nos reconheçamos como leais seguidores do Cristo. Estamos iniciando os esforços para corrigir mazelas espirituais e conquistarmos virtudes que nos propiciem integração na equipe de trabalho do Divino Amigo.
            Dá a impressão de que os maus prosperam, de que a irresponsabilidade cresce, de que a imoralidade domina, de que o instituto da família desmorona, de que a educação resta abatida, de que o materialismo vence, de que uma crise sem precedentes na história prenuncia um caos jamais visto no mundo inteiro, com todos os seus ais
                                                                      *
            Nunca, como nos tempos atuais, houve tanta necessidade do Evangelho Redivivo ao Espírito sedento de consolo e de esclarecimento, que possa oferecer-lhe paz e serenidade, bom senso e discernimento, para não perder a direção do bem, deixando-se envolver pelas ilusões passageiras do mal.
            Deus, em sua Infinita Misericórdia, utiliza-se do mal decorrente dos erros humanos, alçando-o veementemente para que se manifeste com toda pujança, como instrumento para erradicação em definitivo do próprio mal, que sobra apenas como ausência do bem maior originado da Providência Divina.
            Vivemos os momentos decisivos da renovação em espírito e verdade, da transformação moral, da renovação íntima, da escolha dos valores espirituais, quando Jesus nos chama para o serviço da redenção de nós mesmos pelo auxílio aos irmãos em maiores necessidades que as nossas.
            Atravessamos o período de despedida gradativa do orbe de expiações e provas, em que somos convocados a atuar como trabalhadores da última hora e, simultaneamente, vislumbramos o limiar do mundo de regeneração, para o qual somos convidados como candidatos a servidores da primeira hora.
            Estagiamos no tempo de fazermos a leitura da realidade, termos olhos de ver a Verdade e compreendermos que a Terra, a mãe Gaia, é a escola de iluminação, o hospital de reabilitação e a morada de trabalho e de libertação de nossos Espíritos rumo a Deus, nosso Pai de Infinita Bondade.

Referências:
HOUAISS, Antônio. Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa. Versão multiusuário 2009.3.
KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 131. ed. 8. imp. (Ed. Histórica). Brasília: FEB, 2017. Cap. 3, it. 13-15.
João, 10:10.
Paulo, II Coríntios, 4:8.
XAVIER, Francisco Cândido. Ação e reação. Pelo Espírito André Luiz. 30. ed. 7. imp. Brasília: FEB, 2017. Cap. 7.
_____. Paulo e Estêvão. Pelo Espírito Emmanuel. 45. ed. 11. imp. Brasília: FEB, 2017a. Pt. 2, cap. 7.
_____. Vinha de luz. Pelo Espírito Emmanuel. 1. ed. 10. imp. Brasília: FEB, 2017b. Cap. 102.

 

Editorial- FEBNET

 

 

NÓS, O MUNDO E JESUS

 

Nadja do Couto Valle (RJ)

 

            Houve um tempo em que Papai Noel não existia. Havia, no entanto, Tio, ou São Nicolau, que visitava as crianças no dia 5 de dezembro, e lhes enchia as meias com guloseimas, lá na Hungria, Cracóvia, Bélgica, Holanda, Turquia, Espanha... os pais pediam desculpas pelas travessuras das crianças durante o ano e prometiam bom comportamento. Na tradição católica, o Papai Noel seria Santo Nicolau de Mira, nomeado santo da Igreja durante a Idade Média. Já na tradição americana ele mora em uma casa com a Mamãe Noel no Polo Norte, convivendo com renas, enquanto a tradição britânica o situa nas montanhas da Finlândia.
            A necessidade humana, de tudo e todos, de situar no tempo e no espaço responde por essa figuração imaginativa, contrastando com a Realidade Maior da figura excelsa do Cristo que nos veio trazer a Lei de Deus, que está inscrita em nossa consciência , não havendo, pois, qualquer sustentação para destacarmos personagens dessas e de outras tradições, que suplantam, curiosamente ainda em nossos dias, a Presença de Jesus, evidenciando o contraste, na verdade, o dilema que vive o homem entre a aparência e a Essência.
            É verdade que não nos é possível, em nosso atual nível evolutivo, avaliar a dimensão cósmica do Cristo da Terra, de grandeza multifacética. Engenheiro Sideral, modelou nosso Planeta com suas divinizadas mãos , junto a outros Seres Angélicos, cuidando do movimento do orbe, sob Sua direção, e também de nosso satélite etc., supervisionando a evolução dos seres no palco terreno da evolução.
            Mestre, o único título que acolheu para si, patenteando sempre a superioridade de Deus, como Pai, a Quem reconheceu que é Bom, desrecomendando qualquer atribuição dessa qualidade a Si mesmo. Nesse contexto, foi chamado “Pedagogo da Humanidade” por Clemente de Alexandria . Como Mestre insuperável, instituiu e elevou a relação pedagógica à categoria de missão no desvelamento do ser em seu processo evolutivo, abrindo-nos indutivamente as portas da autoconsciência. Diante dos grandes da Terra nunca se apequenou, e diante dos pequeninos nunca se agigantou. Na relação pedagógica fez-se “igual” a todos os tutelados de Seu Amor na Terra: “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer.”
            E ensinava na praça, nas estradas, nas casas e, do barco, as multidões ... Coerente, pôs em prática tudo o que ensinou.
            Bom Pastor, entra pela porta de nossa consciência, e os que despertam, como ovelhas, “ouvem a Sua voz”, e na imagética desse campo, ensina sobre o pastorear: “(...) as ovelhas ouvem a sua voz [do pastor]. Ele chama as suas ovelhas pelo nome e as leva para fora. Quando sai com todas as ovelhas, ele vai à frente delas e as guia.
            (...) – Eu sou o bom Pastor. Conheço as minhas ovelhas, assim como o meu Pai me conhece. E as minhas ovelhas me conhecem, assim como eu conheço o Pai. Eu dou a minha vida pelas ovelhas. (...)
            Não obstante, ontem, como hoje, o mundo ainda se encharca de iniquidade, injustiça, abandono, vícios, guerras de todos os tipos, indiferença, corrupção, exploração do homem pelo homem, do homem para com a Natureza, leis iníquas, velhice desprotegida, infância abandonada dentre outros flagelos presentes na face da Terra desde antes do tempo de Jesus entre nós... consciências não despertas...
            Mas Jesus continua Seu movimento de renascimento nas consciências ao longo dos tempos, sem cogitar de datas e locais, afinal, essas são informações imprecisas nos apontamentos da Terra. Instituiu o Natal com Sua Paz e a suave humildade na manjedoura, em meio à harmoniosa integração dos elementos da Natureza, com cânticos de pastores e reverentes visitas de magos...

 

Revista Cultura Espírita
5 edição

 

 

TENDE CALMA

 

            “E disse Jesus: Mandai assentar os homens.” — (JOÃO, capítulo 6, versículo 10.)

 

            Esta passagem do Evangelho de João é das mais significativas. Verifica-se quando a multidão de quase cinco mil pessoas tem necessidade de pão, no isolamento da natureza.
            Os discípulos estão preocupados.
            Filipe afirma que duzentos dinheiros não bastarão para atender à dificuldade imprevista.
            André conduz ao Mestre um jovem que trazia consigo cinco pães de cevada e dois peixes.
            Todos discutem.
            Jesus, entretanto, recebe a migalha sem descrer de sua preciosa significação e manda que todos se assentem, pede que haja ordem, que se faça harmonia. E distribuí o recurso com todos, maravilhosamente.
            A grandeza da lição é profunda.
            Os homens esfomeados de paz reclamam a assistência do Cristo. Falam nEle, suplicam-lhe socorro, aguardam-lhe as manifestações. Não conseguem, todavia, estabelecer a ordem em si mesmos, para a recepção dos recursos celestes. Misturam Jesus com as suas imprecações, suas ansiedades loucas e seus desejos criminosos. Naturalmente se desesperam, cada vez mais desorientados, porqüanto não querem ouvir o convite à calma, não se assentam para que se faça a ordem, persistindo em manter o próprio desequilíbrio.

 

Livro "Caminho, Verdade e Vida"
Pelo Espírito Emmanuel
Francisco Cândido Xavier

 

 

VENHA A NÓS O TEU REINO

 

            «Venha a nós o teu reino... » — assim rogou Jesus ao Pai Celestial, sabendo que só o Plano de Deus pode conceder-nos a verdadeira felicidade.
            Mas, o Mestre não se limitou a pedir; ele trabalhou e se esforçou para que o Reino do Céu encontrasse as bases necessárias na Terra.
            Espalhou, com as próprias mãos, as bênçãos da paz e da alegria, a fim de que os homens se fizessem melhores.
            Uma locomotiva não corre sem trilhos adequados.
            Um automóvel não avança sem a estrada que lhe é própria.
            Um prato bem feito precisa ser preparado com todos os temperos necessários.
            Assim também, o auxílio celeste reclama o nosso esforço. Ë sempre indispensável purificar o nosso sentimento para recebê-lo e difundi-lo.
            Sem a bondade em nós, não poderemos sentir a bondade de Deus ou entender a bondade de nossos semelhantes.
            Quando é noite e reclamamos: — «Venha a nós a luz», é necessário ofereçamos a lâmpada ou a candeia, para que a luz resplandeça entre nós.
            Se rogamos a Graça Divina, preparemos o sentimento para entendê-la e manifestá-la, a fim de que a felicidade e a harmonia vivam conosco.
            Jesus trabalhou pela vinda da Glória do Céu ao mundo, auxiliando a todos e ajudando-nos até à cruz do sacrifício, dando-nos a entender que o
            Reino de Deus é Amor e só pelo Amor brilhará entre os homens para sempre.

 

Livro Pai Nosso
Francisco Candido Xavier
Pelo Espírito de Meimei

 

 

O CASO DA BESTA

 

            Em 1931, quando o Chico passou a receber as primeiras poesias do PARNASO DE ALÉMTÚMULO, um cavalheiro de Pedro Leopoldo, muito impressionado com os versos, resolveu apresentar o Médium e os poemas a certo escritor mineiro, de passagem pela cidade.
            O filho de João Cândido vestiu a melhor roupa que possuía e, com a pasta de mensagens debaixo do braço, foi ao encontro marcado.
            O conterrâneo do médium, embora católico romano, apresentou o Chico,  entusiasmado:
            — Este é o médium de quem lhe falei.
            O escritor cumprimentou o rapaz e entregou-se à leitura dos versos.
            Sonetos de Augusto dos Anjos, poemetos de Casimiro Cunha, quadras de João de Deus...
            Depois de rápida leitura, o literato sentenciou:
            — Isso tudo é bobagem.
            E mirando o Chico, rematou:
            — Este rapaz é uma besta.
            — Mas, doutor — disse, agastado, o conterrâneo do Chico —, o rapaz tem convicções e abraça o Espiritismo como Doutrina.
            — Pois, então, deve ser uma besta espírita! — declarou o escritor.
            Bastante desapontado, o médium despediu-se.
            Em casa, durante a oração, a progenitora apareceu.
            — A senhora viu como fui insultado? — perguntou o Chico.
            E porque Dona Maria se revelasse alheia ao assunto, o filho contou-lhe o caso.
            A entidade sorriu e disse:
            — Não vejo insulto algum. Creio até que você foi muito honrado. Uma besta é um animal de trabalho...
            — Mas o homem me apelidou por “besta espírita”.
            — Isso não tem importância.— exclamou a mãezinha desencarnada — Imagine-se
            Como sendo uma besta em serviço do Espiritismo. Se a besta não dá coices, converte-se num elemento valioso e útil.
            Porque o filho silenciasse, Dona Maria acrescentou:
            — Você não acha que é bem assim?
            Chico refletiu e respondeu:
            — É... pensando bem, é isso mesmo.
            E o assunto ficou sem alteração.

 

Livro Lindos Casos de Chico Xavier
Autor Ramiro Gama

 

 

IMPEDIMENTOS

 

            " Pondo de lado todo o impedimento, corramos com perseverança a carreira que nos está proposta" . Paulo (Hebreus, 12:1)

            Por onde transites, na Terra, transportando o vaso de tua fé a derramar-se em boas obras, encontrarás sempre impedimentos a granel, dificultando-te a ação.
            Hoje, é o fracasso nas tentativas iniciais de progresso.
            Amanhã, é o companheiro que falha.
            Depois, é a perseguição descaridosa ao teu ideal.
            Afligirte-ás com o fel de muitos lábios que te merecem apreço.
            Sofrerás, de quando em quando, a incompreensão dos outros.
            Periodicamente encontrarás na vanguarda obstáculos mil, induzindo-te à inércia ou à negação.
            A carreira que nos está proposta, no entanto, deve desdobrar-se no roteiro do bem incessante...
            Que fazer com as pessoas e circunstâncias que nos compelem ao retardamento e à imobilidade?
            O apóstolo dos gentios responde, categórico:
            "Pondo de lado todo o impedimento".
            Colocar a dificuldade à margem, porém, não e desprezar as opiniões alheias quando respeitáveis ou fugir à luta vulgar. É respeitar cada individualidade, na posição que lhe é própria, é partilhar o ângulo mais nobre do bom combate, com a nossa melhor colaboração pelo aperfeiçoamento geral. E, por dentro, na intimidade do coração, prosseguir com Jesus, hoje, amanhã e sempre, agindo e servindo, aprendendo e amando, até que a luz divina brilhe em nossa consciência, tanto quanto inconscientemente já nos achamos dentro dela.

 

Fonte Viva
Francisco Candido Xavier
Pelo Espírito de Emmanuel

 

 

 

EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
Rua Colorado nº 488, Bairro Jardim Canadá, CEP 79112-480, Campo Grande-MS.