MEDO
O magnífico dicionário Aurélio define medo como o sentimento de grande inquietação ante a noção de um perigo real ou imaginário, de uma ameaça; susto, pavor temor, terror.
A Psicologia nos diz que quando alguma coisa acontece e tira-nos da chamada zona de conforto, aumenta a nossa fragilidade, nossa vulnerabilidade, gerando medo, raiva e angústia, sentimentos que fazem parte de nossa natureza humana; mas é exatamente a saída da zona de conforto que vai nos proporcionar o crescimento.
Crescimento que vem com o processo de autoconhecimento, expresso na vontade de crescer e sermos mais colaborativos, gentis e melhores; com o reconhecimento de nossos medos, raivas, ideias fixas, pensamentos repetitivos, tensões e inércia, que não nos deixa fazer nada para resolver os problemas. Crescimento que nos faz aceitar com acolhimento as adversidades, seguir em frente e não desistir, apesar do medo, independentemente das recaídas...
O sábio e bondoso Espírito Emmanuel nos diz que na parábola dos talentos, o servo negligente atribui ao medo a causa do insucesso em que se infelicita, narrado por Mateus (25:25): “...e tendo medo, escondi na terra teu talento...”
Continua o generoso Espírito argumentando que há muitas pessoas que como o servo invigilante dizem-se sem recursos para transitar no mundo e ficam ociosos alegando medo da ação, medo de trabalhar, medo de servir, medo de fazer amigos, medo de desapontar , medo de sofrer, medo da incompreensão, medo da alegria, medo da dor; e na vida têm medo da morte e na morte, confessam o medo da vida.
Porém, acalenta-nos Emmanuel que por mais sombra que seja nossa estrada, podemos enriquece-la com o esforço no bem, porque o medo não serviu de justificativa no acerto de conta do servo com seu Senhor. Lembra-nos ainda que não foi o Pai excelso que nos instilou o espírito do medo, mas conferiu-nos largamente a fortaleza moral, o amor e a moderação.
Na sombra da ignorância geramos em nosso prejuízo o clima do medo, onde os monstros do egoísmo e da discórdia, do desespero e da crueldade se desenvolvem e tanto quanto a cultura de várias enfermidades prolifera na podridão.
Alerta-nos ainda o benfeitor que não nos percamos nas ideias destruidoras do medo, que arruína os melhores impulsos, haja vista que se usarmos os talentos que Deus nos deu, a fortaleza moral, o amor e a moderação, seguiremos adiante na Terra e além dela, com a luz do coração e a paz da consciência.
Diz-nos a esclarecida e gentil Joanna de Ângelis, em espírito, que não poucas vezes torna-se inevitável a instalação mortificadora da consciência de culpa, que inconscientemente induz ao medo e que a timidez apresenta uma tendência natural para a alienação ao convívio social, a pensamentos pessimistas para si mesmo e para os outros, o que se transforma em raiva e pavores imprevisíveis.
A Psicologia relaciona alguns tipos básicos de medo: medo da morte, da velhice, da doença, da pobreza, da crítica, do abandono, da rejeição e da perda de um afeto querido; medo que se não for detectado, reconhecido e vencido, transforma-se em algoz das almas e calamidade social.
Observa ainda a bondosa benfeitora espiritual que a quase indiferença de algumas autoridades do mundo em relação aos seus governados, gera medo de cada qual ser a próxima vítima, refugiando-se no silêncio e no temor que assalta ameaçador.
Na solidariedade fraterna e na terapia do amor em relação ao medo, quanto mais se ama mais amor se tem a oferecer, e a compaixão, que é diluidora do medo, torna o ser humano mais digno e saudável, pois o amor é o antídoto eficaz para a superação do medo e sua consequente eliminação.
Jesus quando disse aos apóstolos “...não vos preocupeis com o amanhã...”, não estava sendo imprevidente, pois dizia também que não estávamos sozinhos, que há um Deus Pai que provê a tudo; estava apenas eliminando o desespero que vem junto com a previdência humana; em outras palavras, dizia que para sermos previdentes, não há necessidade de sermos preocupados.
Referências bibliográficas:
- Opinião Espírita. Chico Xavier/Emmanuel.
- Fonte viva. Chico Xavier/Emmanuel.
- O Evangelho por Emmanuel-Comentários às Cartas de Paulo. Chico Xavier/Emmanuel.
- Diretrizes para o Êxito. Divaldo Pereira Franco/Joanna de Ângelis.
- Conflitos Existenciais. Divaldo Pereira Franco/Joanna de Ângelis.
- Cristo. Pietro Ubaldi.
Crispim
LIBERDADE DE EXPRESSÃO
Pode, perfeitamente!Dar o melhor de si, sem abdicar da alegria muito natural do ser humano.
Agir sempre no bem, sem exigir de ninguém certificado de bons antecedentes.
Valorizar cada dia que vive com gestos generosos, sem cair no fanatismo cego e sem base.
Ser benevolente com todos, sem ser irresponsável.
Ser disciplinado, mas também respeitar a liberdade dos outros.
Ser coerente com os seus propósitos, mas sempre guardar prudência com as sua opiniões.
Porém, não deve deixar que os outros perturbem o seu coração e nem por isso julgar-se num patamar inacessível ao mundo comum, mas onde as pessoas de condições simples possam conviver num ambiente de descontração e sem lhes criar expectativas inúteis, mas a todos usar bondade e benevolência.
Equilíbrio e serenidade deve ser a quota de todo o dia, pois que sempre agindo nesse diapasão é certo que granjeará a simpatia de todos, mas especialmente pelo que pode estimular aos outros para o bem e para o progresso.
Viva e deixe os outros viverem.
Histórias Educativas
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
FÁCIL E DIFÍCIL
Fácil será sempre declarar os defeitos alheios, mas difícil sempre será reformar aqueles que mais depõem contra a sua maneira de ser.
O homem muitas vezes se faz de cego diante dos seus defeitos, vivendo muito tempo iludido, porém um dia terá de despertar e verá em resumo do que ele tenha feito na vida. Muitas vezes sem condições de reparar o mal causado a outrem, depois até deplora haver cometido determinados deslizes, mas tarde demais.
Nesse momento de amargas conclusões deve naturalmente haver pensado naquelas atitudes de ontem, quando fizera julgamentos apressados sobre alguém que sequer conhecia direito, no entanto estava ali talvez para lecionar uma lição para que não caísse no mesmo erro que censura.
Mas naqueles momentos de cegueira julga-se no direito até de fazer o que fez, ou seja, aumentar mais o sofrimento do próximo, que se sentia inseguro diante das atitudes praticadas. Mas inconsciente ajudou na acusação de alguém que naquele momento só rogava um pouco de compreensão, mas cruel e sarcástico, alegrava-se de fazer o pior possível.
No entanto aquele homem no momento se encontrava sob execração pública, não podia avaliar o seu sofrimento, nem a sua dor. Porque estava embriagado com o seu suposto senso de justiça, mas excitava os outros a fazer o maior malefício possível aquele outro filho de Deus.
Hoje se encontra naquela condição, mas agora deseja apoio para superar seus deslizes, mas deve lembrar que há bem pouco se alegrava em denegrir a imagem do próximo. Agora chegou a sua vez, mas porque pensa que tem direito de impedir que jogue pedra no seu telhado, ou que toque trombeta dando conta de suas maldades, porque tornou a vida do próximo um inferno, sem a menor compaixão?
Aliás, procurou expor as chagas do semelhante, e não agiu como espírita cristão que se dizia ser, mais e mais se esforçava para acusar o outro, sem saber o que fizera de fato. Porém falando pela cabeça dos outros, mas diante de tal sociedade queria se fazer paladino dos bons princípios, mesmo já sabendo que não era nada daquilo que pregava.
A roda da vida girou e agora se vê na contingência de receber a contrapartida do que fizera, mas teme pela sua reputação. Porém espera-se que pelo menos nesse momento assuma uma postura, tal como reclamava quando estava em causa o problema do próximo. Espera-se que tenha uma atitude digna e não se coloque como vítima, porque você não é, aliás, sempre foi algoz, por isso prova do mesmo veneno que espalhou sem consideração a ninguém.
Mesmo porque fora você que começou, aliás, inoculou no coração dos outros o mal, além de assumir uma atitude incompatível com a dignidade humana. Agora agüente firme essa condenação, sem reclamar das farpas que recebe, porque em verdade é a justiça que bate a sua porta para cobrar o que lhe é devido.
Por isso a postura daquele que sabe e deve devolver até o último centavo, isto sem reclamar, porque no fundo que deve até mais, mas a misericórdia está sendo branda para que consiga resolver essa grande questão do seu destino. Não esqueça e preste atenção, porque essa oportunidade é única, e por isso deve aproveitá-la, a fim de que o problema fique definitivamente resolvido.
Por isso valorize esses momentos para lecionar a si mesmo, mais tolerância e respeito aos outros que passam por provação, somente assim terá aproveitado para ressarcir os seus deslizes. Áulus.
Lições De Simplicidade
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
AS CRENÇAS RELIGIOSAS HINDUS E A MITOLOGIA GREGA
1.1 As crenças religiosas hindus
As organizações hindus são de origem anterior à própria civilização egípcia e antecederam de muito os agrupamentos israelitas, de onde sairiam mais tarde personalidades notáveis como as de Abraão e Moisés. As almas exiladas naquela parte do Oriente muito haviam recebido da misericórdia do Cristo, de cuja palavra de amor e de cuja figura luminosa guardaram as mais comovedoras recordações, traduzidas na beleza dos Vedas e nos Upanishads. Foram elas as primeiras vozes da filosofia e da religião no mundo terrestre, como provindo de uma raça de profetas, de mestres e iniciados, em cujas tradições iam beber a verdade os homens e os povos do porvir, salientando-se que também as suas escolas de pensamento guardavam os mistérios iniciáticos, com as mais sagradas tradições de respeito.17
Bramanismo: durante a época védica, na vasta solidão dos bosques, nas margens dos rios e lagos, anacoretas ou rishis passavam os dias no retiro.
Intérpretes da ciência oculta, da doutrina secreta dos Vedas, eles desenvolveram misteriosos poderes, transmitidos de século em século, de que gozam ainda os faquires e os iogues. Dessa comunidade de pessoas solitárias nasceu o Bramanismo, a mais colossal das teocracias. Krishna, um brâmane educado pelos ascetas e anacoretas nas distantes regiões do Himalaia, foi o grande reformador da religião hindu. Renovou as doutrinas védicas, apoiando-se nas idéias da “trindade universal” (mais tarde renascida na trindade católica), da imortalidade da alma e dos renascimentos sucessivos.
Se considerarmos o Bramanismo somente pelas fórmulas ritualísticas, por suas prescrições ingênuas, cerimonial pomposo, ritos complicados, fábulas e imagens, seremos levados a nele não ver mais que um acervo de superstições. Seria, porém, erro julgá-lo unicamente pelas suas aparências exteriores. No Bramanismo, como em todas as religiões antigas, cumpre distinguir duas coisas: a) o culto e o ensino vulgar (manifestações exotéricas), repletos de fantasias e simbolismos que tanto cativam o povo. A esta ordem de idéias liga-se o dogma da metempsicose ou renascimento das almas culpadas em corpos de animais, insetos ou plantas; b) o ensino secreto (esotérico) que fornece explicações sobre a alma, seus destinos e sobre as leis divinas universais.7
Hinduísmo: esta religião tem origem no sincretismo dos ensinamentos védicos.
Prega a existência de um número significativo de deuses, embora considere Bramah o primeiro ‘‘grande deus’’, de onde provêm outros milhares de deuses.
O Hinduísmo acredita na reencarnação: a alma pode passar de um corpo para outro, aperfeiçoando-se; ou melhor, aquele que praticou boas ações renasce após a morte noutra forma superior, ou terá, em caso contrário, que renascer inúmeras vezes pra alcançar a moksha (espécie de libertação das novas reencarnações), porque nascer outra vez é ter outro sofrimento. Para os hinduístas existe uma lei fatal: a lei do Karma que governa o destino dos seres humanos.10
1.2 A mitologia grega e os cânticos órficos
A palavra mitologia vem de mito cujo significado [...] abriga a noção de narrativa tradicional de conteúdo religioso. Entende-se, assim, por mitologia, em primeiro lugar o conjunto de narrativas desse tipo tal como se apresentam em um ou mais povos; em segundo lugar, o estudo das concepções mitológicas encaradas como um dos elementos integrantes da vida social. A narrativa mitológica envolve, basicamente, pretensos acontecimentos relativos a épocas primordiais, ocorridos antes do surgimento dos homens (história dos deuses) ou com os “primeiros” homens (história ancestral). Contudo, o verdadeiro objeto do mito não são os deuses nem os ancestrais, mas a apresentação de um conjunto de ocorrências fabulosas [concernentes ao legendário ou às narrativas criadas pela imaginação] com que se procurou dar sentido ao mundo e às relações entre os seres.13
Os cânticos órficos fazem parte da tradição religiosa ocidental. Segundo a mitologia, Zeus teve nove filhas, denominadas musas, que dominavam a ciência universal e presidiam as artes liberais. Uma dessas musas, Calíope, patrona da poesia lírica e épica, e da eloqüência, desposou Eagro, o deus-rio, de quem teve Orfeu, célebre cantor, músico e poeta. As belezas da harmonia e do conteúdo dos cantos e poesias órficos retratam, na gnose helênica (gnose=conhecimento sublime ou divino), o dualismo entre o bem e o mal, e as noções de corpo e alma.12, 15
É importante registrar que foi o pensamento mítico e a gnose helênica que forneceram os elementos para a construção da Filosofia grega, a qual, por sua vez, representa a base da organização social e cultural dos povos do Ocidente.
A mitologia grega e os cânticos de Orfeu, enquanto ligados à experiência religiosa, são característicamente politeístas e antropomórficos, nos apresentando uma comunidade de deuses e deusas, detentores de poderes supra-humanos, e distribuídos numa organização hierarquicamente estruturada: chefia de um deus maior e todo-poderoso (Zeus ou Júpiter) ao qual estavam submetidos os demais deuses: os principais, os subalternos a estes, as divindades infernais e os heróis ou semideuses.
REFERÊNCIA
7. DENIS, Léon. Depois da morte. Tradução de João Lourenço de Souza. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Parte primeira (Crenças e negações), cap.
10. ENCICLOPÉDIA BARSA. Volume 7, item: Hinduísmo e Bramanismo, pág. 310.
12. ENCICLOPÉDIA MIRADOR INTERNACIONAL. São Paulo: Companhia Melhoramentos de São Paulo, 1995, volume 10, p. 5358.
13. ______. Volume 14, p. 7762.
15. GUIMARÃES, Ruth. Dicionário da mitologia grega. São Paulo: Cultrix, 2004, p. 239-240.
17. ______. Cap. 5 (A Índia), item: A organização hindu, p. 49-50.
ESDE
2008
PSICOGRAFIA
Meu querido filho José!
Aqui estou com um grupo de amigos para satisfazer a vontade de seu coração. Direi que estou feliz, simplesmente, porque depois de momentos tão difíceis que eu vivera aí no plano físico, de tantas lutas e dificuldades, mas sou muito grato a Deus, porque trouxe muitas experiências e hoje posso avaliar com mais responsabilidade cada ato. Muitas coisas ainda não eu compreendi direito, devido a minha falta de leitura, mas aos poucos vou aprendendo e buscando me ajustar à nova realidade, contando para isso com professores e instrutores especializados.
Sou grata também a todos os familiares pelas alegrias que me proporcionaram, principalmente naqueles meus últimos tempos no plano físico, buscando dentro do possível me oferecer o melhor.
Estou orgulhosa de minha neta, pois que apesar de não poder estar presente fisicamente, sempre quando posso vou à casa de cada filho e quando vou a sua casa fico a observar Isabela e fico encantada.
Não quero hoje relembrar acontecimentos que foram difíceis de superar, nem qualquer coisa triste, mas quero que esse reencontro através da escrita seja em encontro amistoso entre mãe e filho, para viver das alegrias puras, que não haja qualquer outra conotação, por isso só quero lembrar os momentos bons e descontraídos que se viveu, projetando para o futuro novas esperanças, de maneira que os momentos que me dirijo estas palavras seja só de alegria e satisfação. Não sei dizer quanto tempo eu passei alheia a realidade de uma nova vida, mas quero dizer que quando compreendi que a vida verdadeiramente continua, fiquei muito feliz, porque vi nesse fato a possibilidade de reencontrá-los num momento melhor, onde não houvesse mais aqueles incômodos naturais de uma pessoa enferma, conquanto reconheça que os problemas e dificuldades vividos foram muito válidos, para moldar certos princípios necessários para o reequilíbrio emotivo.
Quero notificar as queridas filhas que a oração é muito importante para a vida de qualquer pessoa e quem sempre se vale desse recurso, aliado a uma conduta equilibrada sempre terá mais paz e segurança, pois que sempre solicita força e coragem para vencer as dificuldades, naturalmente se dá melhor, mas isso deve ser cultivada todo dia, como deve selecionar os pensamentos para se dirigir a Deus, nosso Pai, rogando a Ele que nos dê fortaleza para amar mais, compreender mais, perdoar mais, porque assim a vida irá fluir melhor.
Tenho recebido as orações e pensamentos carinhosos de todos, principalmente no “Dia das Mães”, porque a oração dirigida uns aos outros são como flocos de algodão que caem sobre as feridas, ou qualquer enfermidade, ou qualquer dificuldade, quando não se obtém uma resposta positiva pelo menos aceitação e força para enfrentar certos problemas que servirão de experiências para o futuro.
Por fim, agradeço ao querido esposo às alegrias que me proporcionou, que apesar das dificuldades sobrou muitas alegrias no coração do tempo vivido em sua companhia, proporcionando ao conforto na alegria e na tristeza.
Meu tempo já se esgotou, numa outra oportunidade, talvez possa me expressar melhor.
Um grande abraço a todos e a Ranulfo e aos filhos e especialmente você meu filho que tem lutado com tanta fé.
Um grande abraço da mãe sempre reconhecida.
Venância
JESUS E OS EVANGELHOS
JUVANIR BORGES DE SOUZA
Jesus, o Cristo de Deus, Espírito puro, conforme a Revelação dos Espíritos superiores, Governador Espiritual da Terra, cuja formação acompanhou desde sua origem, é o divino missionário designado pelo Criador para orientar e acompanhar o progresso deste orbe, desde o princípio.
Em determinada fase de sua evolução, quando este mundo já se transformara em habitação, escola, e em experiências vivenciais para milhões de Espíritos imperfeitos, que aqui passaram a encarnar e reencarnar, em busca do progresso, lei natural para a evolução de todas as criaturas de Deus, o Cristo, que sempre assistiu e acompanhou, através de seus missionários, a toda a população, dividida em povos e raças diversificadas, julgou útil e necessária a sua presença pessoal junto aos homens, para retificar erros e caminhos, desvios e crenças diversas adotados pelas populações terrenas.
Essa resolução do Cristo, de extrema importância para todos os habitantes deste mundo, efetivou- -se há cerca de dois mil anos.
A vinda do Mestre ao nosso mundo material, que fora anunciada pelos profetas, a seu serviço, com cerca de oito séculos de antecedência, constituiu-se num fato marcante, gerando nova fase evolutiva na vida da Humanidade.
Antes da presença de Jesus, todos os povos, com exceção do povo judeu, no seio do qual se apresentou o Mestre, cultivavam o politeísmo, ou seja, a crença e o culto da pluralidade de deuses.
Os ensinos do Mestre, não somente reafirmaram a existência de um único Deus, o Criador do Universo infinito e de tudo o que existe, como deixaram lições e exemplos que jamais seriam esquecidos pela Humanidade.
A simplicidade e a bondade com que agia, nas circunstâncias mais difíceis, como nas inúmeras curas que realizou e nas perseguições que sofreu injustamente, marcaram indelevelmente sua presença entre os homens.
As criaturas mais simples, os sofredores e os doentes aceitaram e compreenderam com relativa facilidade as lições do Mestre.
O contrário ocorreu com os orgulhosos, com as classes dirigentes e com os chefes religiosos da sociedade hebraica de então, que se opuseram às lições e aos exemplos trazidos por aquele Ser superior aos habitantes deste mundo, tão necessitado de renovação.
Felizmente para todos nós, apesar das incompreensões dos que se opuseram ao Mestre, acabou prevalecendo o Bem, representado pelos seus ensinos.
Mas no decorrer dos séculos e dos milênios, os interesses humanos impuseram acréscimos e distorções interpretativas ao legado do Filho de Deus.
Entretanto, nosso Governador Espiritual não só previu as dificuldades que a ignorância e os interesses oporiam à sua obra redentora, como estabeleceu, para o futuro, a renovação de seus ensinos, com o acréscimo do conhecimento de coisas novas, para gáudio e regozijo dos que lutam pela evolução e progresso contínuos.
A promessa de Jesus de que pediria ao Pai a vinda de outro Consolador, para relembrar seus ensinos e trazer o conhecimento de coisas novas, é a comprovação de que o Mestre sabia que sua obra seria distorcida por interesses humanos.
Sua promessa foi cumprida com a vinda do Espiritismo, a Terceira Revelação dos Espíritos superiores, tendo à frente o Espírito de Verdade.
É interessante notar que Jesus não deixou nada escrito, no período de sua vivência entre os homens.
Seus ensinos, dirigidos aos discípulos e ao povo em geral, eram ouvidos e retransmitidos oralmente, de acordo com o entendimento de cada um.
Somente muitos anos após seu sacrifício no Gólgota, surgiram as diversas narrativas que se transformaram nos Evangelhos, escritos por alguns de seus discípulos, como Mateus, João e Filipe, e por outros seguidores dos ensinos do Mestre, mas que não o conheceram diretamente, colhendo com os seus discípulos e com Maria, a Mãe Santíssima, as informações que se transformaram em outros Evangelhos, como é o caso de Marcos e Lucas.
Além dos quatro Evangelhos considerados autênticos e fiéis às tradições cristãs (Mateus, Marcos, Lucas e João), aceitos pela Igreja sem oposições e contestações, cerca de vinte outros foram escritos e citados por diversos cristãos, e tiveram origem nos três primeiros séculos do Cristianismo.
Os Evangelhos denominados sinópticos, escritos em hebraico por Mateus, Marcos e Lucas, expressam o pensamento cristão- -hebraico dos apóstolos e primeiros cristãos.
Já o Evangelho de João foi escrito sob forma e influência diferentes.
João, conhecido como o discípulo amado, recebeu de Jesus, já pregado à cruz, o encargo de cuidar de sua mãe, Maria. Enquanto viveu a Mãe Santíssima, João a assistiu e protegeu.
Após algum tempo, João resolveu deixar a Judeia, indo residir e trabalhar na difusão de seus ideais cristãos na cidade de Éfeso, juntamente com Maria.
Foi nesse novo ambiente, já nos fins do século I, que João escreveu seu Evangelho, que tem característicos diferentes dos anteriores.
São de Emmanuel, no livro (O Consolador, Ed. FEB, questão 284), as seguintes palavras, que bem caracterizam a diferença entre os sinópticos e o Evangelho de João, conhecido como místico:
[...] As peças nas narrações evangélicas identificam-se naturalmente, entre si, como partes indispensáveis de um todo, mas somos compelidos a observar que, se Mateus, Marcos e Lucas receberam a tarefa de apresentar, nos textos sagrados, o Pastor de Israel na sua feição sublime, a João coube a tarefa de revelar o Cristo Divino, na sua sagrada missão universalista.
Assim, podemos perceber que, enquanto os Evangelhos sinópticos receberam a influência direta do pensamento dos primeiros cristãos e dos apóstolos do Cristo, todos com sua formação cristã- -judaica, o Evangelho de João reflete o Cristianismo, na sua fase inicial, sob a influência da filosofia grega de Sócrates e Platão, que considerava o Cristo como o verbo, o logos, o portador das verdades eternas que vêm de Deus, o Criador.
Todos os Evangelhos mostram Jesus como o divino Missionário de Deus, o Espírito puro e poderoso que veio a este mundo para dar a todos o exemplo de uma vida simples, mas de uma grandeza incomparável, de sacrifícios e abnegação, na qual se encontram todas as perfeições.
A Doutrina, que Jesus ensina e exemplifica, é toda de amor e luz.
Dirigia-se, de preferência, aos pobres, aos humildes e sofredores e às inteligências subjugadas pelos sofrimentos e provações, mas seu objetivo era sempre o de ajudar a todos os irmãos menores da retaguarda, em um mundo de expiações e provas, como o nosso.
Em todas as circunstâncias, colocava o Mestre, ao alcance de todos, a realidade da imortalidade do Espírito e a existência de Deus, o Criador do Universo infinito.
Os apóstolos escolhidos pelo Mestre para a continuação de sua missão, apesar de o haverem compreendido e nele depositarem sua fé e esperança, tinham conhecimentos limitados e não puderam corresponder integralmente ao que deles se esperava.
Seu trabalho essencial, além dos que se ocuparam com a elaboração dos Evangelhos, foi o de formar, nas diversas cidades, grupos de cristãos, aos quais transmitiam os princípios que com Ele haviam aprendido.
Os Evangelhos sinópticos e os que, escritos nessa época, foram proscritos pela Igreja refletem o tumultuado mundo judaico de então, com as muitas discussões que caracterizam os primeiros tempos do Cristianismo, após o sacrifício de Jesus.
O Consolador prometido e enviado por Jesus, que já se encontra na Terra, visa restaurar, em toda a sua pureza, os ensinos e os exemplos deixados pelo Mestre Incomparável.
Reformador 2009
VOLTEI
“Antes da passagem, tudo me parecia infinitamente simples!”
“Voltei” descreve as experiências que surpreenderam o autor em processo de desencarnação. Frederico Figner adota o pseudônimo de irmão Jacob pelas mãos abençoadas de Chico Xavier. Figner, nascido em 1866, na Boêmia, antiga Tchecoeslováquia, era negociante próspero, dono de estabelecimento comercial e industrial no Rio de Janeiro e era espírita atuante , por ocasião da gripe “espanhola”, em 1918, amparava doentes em seu próprio lar, mesmo adoentado e febril, passava grande parte do seu tempo na Federação Espírita Brasileira, como vice-presidente, atendendo a doentes e necessitados que lá iam, em grande número, buscar recursos para situações aflitivas.
Como propagandista da Doutrina, manteve sempre uma seção no “Correio da Manhã” que era lida no país todo. Promoveu a publicação de muitos livros, custeando as edições. Perdeu a filha primogênita em 1920 e desencarnou em 1947 com oitenta anos. Dois anos mais tarde, em 1949, esta obra primorosa é editada pela FEB.
Toda essa experiência e dedicação não foram suficientes para habilitá-lo a um desenlace tranquilo. Narra todo o processo complexo da desencarnação, ao qual todos seremos submetidos, com uma riqueza de detalhes impressionante. O medo, a insegurança, as dores decorrentes do desligamento são minuciosamente mostradas, mesmo tendo sido um dos mais atuantes líderes do Movimento Espírita da época. Afirma, com justa razão, que o fenômeno é complexo, merecedor de especiais considerações.
Enfatiza que durante a desencarnação a preocupação deve ser de todos. O Espírito em transe deve colaborar com equilíbrio e confiança em Deus. Aqueles que acompanham os cortejos fúnebres e os cerimoniais devem manter uma postura de caridade, primando pela oração sincera. O autor teve a oportunidade de perceber e descrever os efeitos negativos causados pelos comentários menos dignos. Elogios incabíveis, posturas agressivas ou debochadas são altamente prejudiciais ao desencarnante. As dificuldades registradas, para vencer as “ondas de forças” que se criavam ao longo dos veículos e grupos, induzia a desarmonia. Ante a necrópole, é orientado pelo bondoso Bezerra de Menezes a “deixar aos mortos o cuidado de enterrar os mortos”, enfatizando que enterros muito concorridos impõem diversas perturbações à alma.
O narrador prossegue descrevendo sua passagem pelas regiões umbralinas que sufocam a esfera dos homens, onde habitam entidades perturbadas e de aspectos comovedores. A contemplação de tais seres era lamentável, a tal ponto afligente, que não foi autorizado descrever o que viu nesse particular. Depois comenta a chegada nas regiões de repouso, onde encontraria a paz necessária junto aos amigos que o antecederam na grande romagem.
Surpreso, continua relatando de forma precisa as situações e os fatos presenciados na esfera dos Espíritos. Mais tarde, ante a aceitação humilde das próprias limitações e a mudança de comportamento, encontrou a luz que lhe faltava.
O irmão Jacob destaca a importância de não sermos apaixonados pela ideia elevada, mas sim realizadores dela no mundo.
Exalta a verdadeira reforma íntima atestando que só os conquistadores de si mesmos, no supremo Bem ao próximo, ganham posição de realce e domínio nas paragens do infinito.
Referência:
Autor espiritual: Irmão Jacob
Psicografia: Francisco Cândido Xavier
Editora: Federação Espírita Brasileira
Mundo Espírita
2009
FAKE NEWS – O que o Espiritismo tem a ver com isso?
COLUNISTA GERALDO CAMPETTI
Agora é moda. Ou seria modismo?!…
O novo é inovador, transformador. Assim é a Boa-Nova, a mensagem do Evangelho de Jesus, oportuna. O Espiritismo também é sempre atual em seu conteúdo.
Ao contrário, o modismo vem e passa, alardeia e some, confunde e desaparece… É comum surgir uma ou outra “novidade” que pretende revolucionar o mundo, como se a roda fosse descoberta a cada momento!
As informações são veiculadas a mancheias e surgem de inúmeros lugares e de replicadores, sem que se saiba ao certo a fonte original. Muito menos se consegue verificar a originalidade ou fidelidade da informação: verdadeira ou falsa?
Um princípio básico do jornalismo é que a fonte deve ser inúmeras vezes checada, conferida, antes de a matéria ser publicada, para se ter certeza de sua origem e autenticidade.
Hoje se fala tudo sobre qualquer coisa, sem nenhum compromisso com o conteúdo, fatos e pessoas. Interessa mais o furo, ser o primeiro a disseminar a novidade. A pressa em compartilhar, postar, divulgar é impressionante e lamentável.
Já ouviram falar em fake news, as tais notícias falsas? Agora, todo mundo está falando sobre isso, no Brasil e no mundo inteiro. Se você não sabe o que é, fique antenado, pois isso é a febre contagiante dos tempos líquidos em que vivemos.
Fala-se o que não se deve, espalha-se o que não se poderia. Notícias falsas, informações incompletas, dados manipulados, meias-verdades, polêmicas, tendenciosidades, extremismos, formação de opiniões…
O que está por detrás da divulgação de mensagens ou notícias falsas? Enganar, iludir, apenas se divertir?!…
*
O Evangelho de Jesus e o Espiritismo têm algo a ver com tudo isso?
Nada melhor que os próprios autores responderem. O que parece novo, não é tão novo assim. Isso porque falsas notícias, inverdades sempre existiram. É que agora, com o poder de impulsão pelas redes sociais, tudo parece ser instantâneo, em tempo real, e a acessibilidade às informações está cada vez mais fácil na sociedade pós-moderna da informação, da ciência e da tecnologia em que estamos imersos.
O cuidado com o trato das fake news não é de agora. Jesus e o Espiritismo já nos apontam como nos comportar diante de tais situações. Vamos conferir algumas expressões que alertam sobre o assunto:
1) Não acrediteis em todos os Espíritos, mas provai se os Espíritos são de Deus, porque são muitos os falsos profetas, que se levantaram no mundo (João, Epístola I, cap. 4: 1).
2) A boca fala do que está cheio o coração (Lucas, 12: 34).
3) Guardai-vos dos falsos profetas que vêm ter convosco cobertos de peles de ovelha e que por dentro são lobos rapaces. Conhecê-los-eis pelos seus frutos. Podem colher-se uvas nos espinheiros ou figos nas sarças? Assim, toda árvore boa produz bons frutos e toda árvore má produz maus frutos. Uma árvore boa não pode produzir frutos maus e uma árvore má não pode produzir frutos bons. Toda árvore que não produz bons frutos será cortada e lançada ao fogo. Conhecê-la-eis, pois, pelos seus frutos (Mateus, 7:15 a 20.)
4) Tende cuidado para que alguém não vos seduza; porque muitos virão em meu nome, dizendo: “Eu sou o Cristo”, e seduzirão a muitos. Levantar-se-ão muitos falsos profetas que seduzirão a muitas pessoas; e porque abundará a iniquidade, a caridade de muitos esfriará. Mas aquele que perseverar até o fim se salvará. Então, se alguém vos disser: “O Cristo está aqui, ou está ali”, não acrediteis absolutamente; porquanto falsos cristos e falsos profetas se levantarão e farão grandes prodígios e coisas de espantar, ao ponto de seduzirem, se fosse possível, os próprios escolhidos (Mateus, 24:4, 5, 11 a 13, 23 e 24; Marcos, 13:5, 6, 21 e 22.)
5) Deve-se publicar tudo o que os Espíritos dizem? (Allan Kardec, RE, nov. 1859)
6) Antes de falar qualquer coisa, passe pelos três crivos, ou pelas três peneiras: se é bom, verdadeiro e útil (Atribuído a Sócrates).
7) Na dúvida, abstém-te, diz um dos vossos velhos provérbios. Não admitais, portanto, senão o que seja, aos vossos olhos, de manifesta evidência. Desde que uma opinião nova venha a ser expendida, por pouco que vos pareça duvidosa, fazei-a passar pelo crisol da razão e da lógica e rejeitai desassombradamente o que a razão e o bom senso reprovarem. Melhor é repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea (Erasto. LM, cap. 20, it. 230).
*
É natural nos questionarmos sobre qual deve ser nossa postura diante das informações possivelmente falsas.
Recomendável que o discernimento oriente nossas ações. Assim, oportuno lembrar que, perante as possíveis fake news, devemos:
a) ser cautelosos quanto a novidades e notícias bombásticas;
b) adotar a dúvida, como segurança informacional, sem julgamentos;
c) levantar rigorosamente a fonte da informação;
d) avaliar se o conteúdo é verdadeiro, bom, útil e pertinente; e
e) evitar retransmitir conteúdos duvidosos ou suspeitos por quaisquer meios nas redes sociais: Facebook, Twitter, WhatsApp, e-mail, textos, palestras, conversas, dentre outros.
Lembremo-nos de que somos divulgadores, influenciamos e somos influenciados o tempo todo na vida. E, consequentemente, somos responsáveis pelos nossos pensamentos, palavras e ações onde estivermos e aonde formos.
Pensemos no bem! Falemos sobre o bem! Ajamos no bem! Assim, o mundo será melhor para todos nós.
Referências:
DEVE-SE publicar tudo o que dizem os Espíritos? Revista Espírita, nov. 1859. Disponível em: http://www.febnet.org.br/blog/geral/colunistas/deve-se-publicar-tudo-quanto-dizem-os-espiritos/>. Acesso em: 14 dez. 2017.
KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 131. ed. 8. imp. (Ed. Histórica). Brasília: FEB, 2017. Cap. 21, it. 1-3.
_____. O livro dos médiuns. Tradução de Guillon Ribeiro. 81. ed. 5. imp. Brasília: FEB, 2016. (Ed. Histórica). Cap. 20, it. 230.
Editorial- FEBNET
PADECER
“Nada temas das coisas que hás de padecer.” — (APOCALIPSE, capítulo 2, versículo 10.)
Uma das maiores preocupações do Cristo foi alijar os fantasmas do medo das estradas dos discípulos.
A aquisição da fé não constitui fenômeno comum nas sendas da vida.
Traduz confiança plena.
Afinal, que significará “padecer”?
O sofrimento de muitos homens, na essência, é muito semelhante ao do menino que perdeu seus brinquedos.
Numerosas criaturas sentem-se eminentemente sofredoras, por não lhes ser possível a prática do mal; revoltam-se outras porque Deus não lhes atendeu aos caprichos perniciosos.
A fim de prestar a devida cooperação ao Evangelho, é justo nos incorporemos à caravana fiel que se pôs a caminho do encontro com Jesus, compreendendo que o amigo leal é o que não procura contender e está sempre disposto à execução das boas tarefas.
Participar do espírito de serviço evangélico é partilhar das decisões do Mestre, cumprindo os desígnios divinos do Pai que está nos Céus.
Não temamos, pois, o que possamos vir a sofrer.
Deus é o Pai magnânimo e justo. Um pai não distribui padecimentos. Dá corrigendas e toda corrigenda aperfeiçoa.
Livro "Caminho, Verdade e Vida"
Pelo Espírito Emmanuel
Francisco Cândido Xavier
A LIÇÃO DA BONDADE
Quando Jesus entrou vitoriosamente em Jerusalém, montado num burrico, eis que o povo, alvoroçado, vinha vê-lo e saudá-lo na praça pública.
Muitos supunham que o Mestre seria um dominador igual aos outros e bradavam:
- Glória ao Rei de Israel!...
- Abaixo os romanos!...
- Hosanas ao vencedor!...
- Viva o Filho de David!... Viva o Rei dos Judeus!...
E atapetavam a rua de flores.
Rosas e lírios, palmas coloridas e folhas aromáticas cobriam o chão por onde o Salvador deveria passar.
O Mestre, contudo, sobre o animalzinho cansado, parecia triste e pensativo. Talvez refletisse que a alegria ruidosa do povo não era o tipo de felicidade que ele desejava. Queria ver o povo contente, mas sem ódio e sem revolta, inspirado pelo bem que ajuda a conservação das bênçãos divinas.
O glorificado montador ia, assim, em silêncio, quando linda jovem se destacou da multidão, abeirou-se dele e lhe entregou uma braçada de rosas, exclamando:
— Senhor, ofereço-te estas flores para o Reino de Deus.
O Cristo fixou nela os olhos cheios de luz e indagou:
— Queres realmente servir ao Reino do Céu?
— Oh! sim... — disse a moça, feliz.
— Então — pediu-lhe o Mestre —, ajuda-me a proteger o burrico que me serve, trazendo-lhe um pouco de capim e água fresca.
A jovem atendeu prontamente e começou a compreender que, na edificação do Reino Divino, Jesus espera de nós, acima de tudo, a bondade sincera e fiel do coração.
Livro Pai Nosso
Francisco Candido Xavier
Pelo Espírito de Meimei
UMA BOA LIÇÃO
Adoecera um dos irmãos do grupo. Reumatismo complicado e renitente.
Um amigo ensinou a aplicação de uma erva que somente se desenvolve em cavernas do subsolo.
Chico e José Xavier, tendo por acompanhante um belo cão que lhes pertencia, de nome Lorde, vão a uma grande lapa, das muitas que existem nas cercanias de Pedro Leopoldo; em caminho começam a conversar.
Falavam a respeito de certos amigos e comentavam:
— Beltrano não serve.
— Fulano é muito esquisito.
— Sicrano é imprestável.
Quando as críticas iam inflamadas, o Espírito de Dona Maria João de Deus aparece ao Chico e aconselha:
— Vocês não devem falar mal de ninguém. Todos necessitamos uns dos outros. Julgar pelas aparências é péssimo hábito. Sempre chega um momento na vida em que precisamos de amparo de criaturas que supomos desprezíveis.
O médium transmitiu ao irmão quanto ouvira e calaram-se ambos.
Chegaram à caverna e José, segurando Lorde por uma corda, desceu à frente. Depois de longa busca, encontraram a erva medicinal. Contudo, quando se voltavam para o retorno, perderam a noção do caminho sob as grandes abóbadas de pedra. De vela acesa, procuraram debalde a saída.
Gritaram, mas receberam o eco da própria voz.
Quando a luz se mostrava quase extinta, recordaram-se da prece.
Oraram.
Dona Maria João de Deus apareceu ao médium e considerou:
— Temos agora a prática do ensinamento a que nos reportamos na estrada. Vocês podem saber muita coisa, mas agora precisam do cão. Soltem o Lorde e sigam-lhe os passos. Ele sabe o caminho da volta.
Assim fizeram. E acompanhando o animal, venceram o labirinto em alguns minutos.
Lá fora, à luz do dia, entreolharam-se surpresos, meditaram na lição recebida e renderam graças a Deus.
Livro Lindos Casos de Chico Xavier
Autor Ramiro Gama
ERGAMO-NOS
“Levantar-me-ei e irei ter com meu pai..” (Lucas, 15:18)
Quando o filho pródigo deliberou tornar aos braços paternos, resolveu intimamente levantar-se.
Sair da cova escura da ociosidade para o campo da ação regeneradora.
Erguer-se do chão frio da inércia para o calor do movimento reconstrutivo.
Elevar-se do vale da indecisão para a montanha do serviço edificante.
Fugir à treva e penetrar a luz.
Ausentar-se da posição negativa e absorver-se na reestruturação dos próprios ideais.
Levantou-se e partiu no rumo do Lar Paterno.
Quantos de nós, porém, filhos pródigos da Vida, depois de estragarmos as mais valiosas oportunidades, clamamos pela assistência do Senhor, de acordo com os nossos desejos menos dignos, para que sejamos satisfeitos? Quantos de nós descemos, voluntariamente, ao abismo, e, lá dentro, atolados na sombria corrente de nossas paixões, exigimos que o Todo Misericordioso se faça presente, ao nosso lado, através de seus divinos mensageiros, a fim de que os nossos caprichos sejam atendidos?
Se é verdade, no entanto, que nos achamos empenhados em nosso soerguimento, coloquemo-nos de pé e retiremo-nos da retaguarda que desejamos abandonar.
Aperfeiçoamento pede esforço.
Panorama dos cimos pede ascensão.
Se aspiramos ao clima da Vida Superior, adiantemo-nos para a frente, caminhando com os padrões de Jesus.
― Levantar-me-ei, disse o moço da parábola.
― Levantemo-nos, repitamos nós.
Fonte Viva
Francisco Candido Xavier
Pelo Espírito de Emmanuel
|