MÉDIUNS CURADORES
Inúmeras pessoas procuram a cura de seus males nos Centros Espíritas, utilizando-se de médiuns curadores, outras não creem que seja possível a cura espiritual e outras ainda acham que isso é coisa do “diabo”. Essas últimas esquecem-se da advertência de Jesus quando disse a Tomé em João 20:29: “Porque me viste Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram.”. Quanto àquelas que não acreditam, respeitamos suas opiniões e não temos o propósito de convencê-las e deixamos o tempo fazer sua parte no convencimento dessa realidade.
No tempo de Allan Kardec o magnetismo animal ou humano estava firmando-se com as pesquisas de Mesmer, grande estudioso da corrente científica do magnetismo daquela época.
Hoje em dia praticamente não se fala mais em magnetismo animal, que foi muito utilizado na época de Kardec para curar doenças, magnetismo que foi superado pelo magnetismo espiritual que é a união do magnetismo humano, a força fluídica do médium curador acrescida do fluido benfazejo dos bons Espíritos mais a fé sincera, a vontade firme e a pureza de intenção do medianeiro que é transmitida ao doente.
Apresentamos agora um apanhado das ideias de Allan Kardec expressas na Revista Espírita de 1864; portanto todas as afirmações aqui registradas vieram da fonte segura do glorioso codificador da Doutrina dos Espíritos, apontando também ideias de Espíritos recebidos por um dos médiuns de sua equipe, o Sr. Albert.
O médium curador ao elevar sua alma a Deus e humildemente reconhecer que sem o socorro da divindade nada pode, recebe o valoroso socorro através dos bons Espíritos, tornando muito potente o seu magnetismo com a simples imposição das mãos.
O fluido depurado dos bons Espíritos faz toda diferença entre o simples magnetizador e o médium curador, que respeita os ensinamentos de nosso Senhor Jesus Cristo quando disse aos apóstolos para irem curar os enfermos, expulsar os demônios e dar de graça o que de graça receberam. Tudo isso acrescido da fé que transporta montanhas, do desinteresse e da humildade que o médium tem e que o santifica e que indicam que ele deve perseverar na prática do bem, da beneficência.
Os fluidos vindos dos espíritos inferiores podem causar muito mal às pessoas, principalmente aos doentes e somente os fluidos dos Espíritos superiores são depurados e salutares, daí a necessidade da prece e da invocação com muita fé.
Para que essa preciosa faculdade cresça nos médiuns é fundamental seu melhoramento moral, pois o corpo humano impuro pode macular os bons fluidos dos benfeitores que passam pelo médium. O médium curador, trabalhando em prol dos necessitados, pode contribuir para a divulgação do Espiritismo, pois a saúde é preocupação de todos.
O fluido magnético pode alterar propriedades em certas substâncias e até mesmo modificar o estado de alguns órgãos, mas sua ação, boa ou má, dependerá da qualidade do fluido, que pode ser bom ou mau. Nessa ação magnética o fluido pessoal do médium é transmitido pelo próprio perispírito, o corpo espiritual dele.O médium curador pouco dá de si, de seus fluidos, mas sente a passagem do fluido estranho, caracterizando o magnetismo espiritual, diferente do magnetismo animal que vem do homem; e isso não tem nada de maravilhoso, vem sim de uma lei da natureza, até então desconhecida e revelada pelo Espiritismo.
Essa faculdade crescerá e muitos médiuns curadores aparecerão, atuarão e não tardarão a chamar atenção geral, que não será o único fato futuro, vindouro, em que Deus confundirá os orgulhosos e os convencerá de sua impotência.
Referência Bibliográfica:
- Revista Espírita 1864. Allan Kardec.
Crispim
SE JÁ É CAPAZ
Se porventura ouve o mal, faça o bem.
Se já luta com tanta dificuldade para erguer uma obra para o bem do próximo, de outro lado, vê que outros usam de meios não convencionais para adquirir recursos. Não se aborreça e continue trabalhando como sempre, fazendo o bem sem alarde e sem publicidade.
Recorde o que recomendou Jesus, de não saber a esquerda a que faz a direita, conserva essa lição de anonimato naquilo que faz, a fim de que Deus em vendo os seus esforços, também no silêncio o recompense, com mais possibilidade de praticar o bem.
Por isso não meça esforços e continue firme e seguro no caminho que escolheu para trilhar, sem nenhuma pretensão.
Se em muitos lugares pessoas falam de maneira inconsequente sobre o Evangelho e sobre o próprio Cristo, não será você que irá coibir esse mal, mas faça a sua parte com os diminutos recursos que tem, sem reclamar contra quem quer que seja, mesmo porque ainda não é exemplo de nada.
Muitas coisas que não condizem com a sã razão e boa-fé, aliás, que até deslustram os ensinamentos de Jesus, mas por enquanto, não tem capacidade nenhuma para defender com sabedoria e cuidados aqueles princípios que se diz defensor, por isso, continue realizando o seu papel obscuro e sem importância, mesmo porque não tem capacidade para fazer algo melhor.
Se for capaz de observar companheiros que falam sob o seu ponto de vista de maneira inconsiderada sobre os postulados propostos por Jesus, lembre-se que não se conhece nada que tenha falado de maneira consciente em lugar algum.
Nem por isso entristeça-se e lembre-se da fábula do burro que bem pode ilustrar a sua condição, como uma “alimária desclassificada”, mas que tem a graça de estar fazendo alguma coisa, que já é muito importante.
Por isso que cale a boca e continue o seu papel, mesmo porque foi o máximo que conseguiu para que desempenhe a sua função, talvez não na forma que seria de esperar, mas de maneira precária exerce esse trabalho, mais por conta da teimosia do que por qualquer talento, por mínimo que seja, mas já conta alguma coisa.
Assim, não emita nenhum pensamento negativo contra o próximo, mesmo porque não tem condição de dirigir sua própria vida.
Siga em frente satisfeito pelo que conseguiu realizar, não é o ideal, mas já consegue fazer alguma coisa e já está muito bom.
Em frente com alegria e otimismo, porque é o máximo que conseguiu realizar até o momento. Áulus.
,Histórias Educativas
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
CANÇÃO DA MANHÃ
O Sol já desponta no horizonte com seus raios dourados. A vida se reanima depois de haver adormecido durante a noite. Desperta como o gigante que lentamente vai se apresentando no horizonte.
Também desperto para esse dia radioso. Porque estou convencido que devo amar a vida em sua plenitude. É minha alma que canta as maravilhas que os olhos alcançam. Uma suave vibração envolve minha alma.
Se já havia sofrido muitas noites, mas hoje parece que sequer aconteceu algo comigo algum dia no passado, porque sinto uma alegria indescritível dentro de mim, talvez por nenhuma questão especial, mas simplesmente por viver.
Mas simplesmente agradecer a vida que tão pródiga se apresenta. Viver em paz com o mundo, com as pessoas e comigo mesmo. Desejar somente um pequeno espaço para viver nesse departamento da casa do Pai.
Como também ser grato às criaturas que me cercam. Parece que nesta manhã sinto que nunca me dera uma chance para agradecer a beleza da vida, porque sempre vivera segregado dentro de mim mesmo, com os meus problemas, que em verdade eram frutos do egoísmo e do orgulho.
Mas hoje me sinto liberto de todas as amarras de todos os preconceitos, mas compreendo que não eram eles que me oprimiam, mas eu mesmo que criara esses fantasmas para me atormentar. Mas especialmente tantas atitudes impensadas que geraram tantos sofrimentos, mas agora vem acenar com a esperança aquelas criaturas amarguradas que pediam migalhas, mas duros corações lhes impunham deveres que eles mesmos estavam longe de experimentar.
Hoje, porém parece que estou finalmente livre para amar, e até sonhar com a felicidade simples de viver, livre de qualquer preconceito.
Perdoar-me a mim mesmo de qualquer equivoco que me levaram a ter pesadelos que fora provocado por minha invigilância. Mas hoje estou com o coração em festa, porque descobri como posso viver feliz, sem criar necessidades injustificáveis, ou problemas que só existem na cabeça das pessoas desequilibradas, porque Deus fez-nos perfectíveis
Então porque construir gaiolas para nossas cabeças? É necessário que se abra a porta do coração e ame com imenso amor as criaturas. Que a liberdade não seja uma palavra vã, que não seja somente uma ausência de prisão, mas uma liberdade que fora capaz de derrubar preconceitos que só subsiste nas mentes atrasadas.
Até mesmo a dor que um dia fizera morada em meu coração, porém de repente fora transformada em esperança, porque do bem que se pratica surge uma coisa muito simples que é a compreensão e todos sofrem não como castigo, como querem alguns. Todavia como aquele incentivo para que o bem seja dominante em nossas vidas.
Como também não se pode ver somente o lado ruim. Tudo tem sua dualidade. Dia e noite. Certo e errado. Mas o que leva em conta é o amor que se devota aos outros, porque este que o qualifica diante da vida.
Pense no bem que pode realizar, e projete em seu coração esse desejo, a fim de que encontre recursos para materializar essa idéia. Terá mais confiança nos poderes infinitos de Deus, mesmo porque não há porque duvidar da bondade do Criador, que hoje permitiu que estivesse aqui, a fim de gozar dessa alegria indescritível, que por muito tempo ansiava em meu coração. Pois se sentia preso a antigos preconceitos que impediam que pudesse ver a luz.
Até que os ditos pesadelos que certas religiões impõem às pessoas, para torná-las culpadas, a fim de que possam ser mais facilmente manipuladas, não fazem parte de minha vida.
Olharei a todas as criaturas com olhar de bondade, porque justamente esse é a minha obrigação de prestar reverência aquele outro filho de Deus, pois é isso que se deve fazer. Aquele que porventura tenha me ofendido, já esqueci, coloquei a ofensa longe do meu coração, porque nelas percebi uma necessidade enorme de afeto, talvez para se vingar dos outros por serem infelizes. De hoje em diante esses ideais negativos não subsistirão mais até o por do sol.
“Amor e Caridade” será o lema de todo o dia, hei de cultivar essa necessidade suprema do espírito, porque assim estarei mais em condição de compreender a vida em sua plenitude.
Não ousarei levantar os olhos aos céus, sem que meu coração esteja isento de qualquer ressentimento, porque se dirigir ao Pai, direi que meu coração está coberto de paz e esperança e muito grato pela própria vida.
Lições De Simplicidade
Pelo Espírito de Tagore
Otacir Amaral Nunes
A MISSÃO DE MOISÉS
O Espírito Emmanuel nos informa que dos [...] Espíritos degredados na Terra, foram os hebreus que constituíram a raça mais forte e mais homogênea, mantendo inalterados os seus caracteres através de todas as mutações. Examinando esse povo notável no seu passado longínquo, reconhecemos que, se grande era a sua certeza na existência de Deus, muito grande também era o seu orgulho, dentro de suas concepções da verdade e da vida.9 Enquanto a civilização egípcia e os iniciados hindus criavam o politeísmo para satisfazer os imperativos da época, contemporizando com a versatilidade das multidões, o povo de Israel acreditava na existência do Deus Todo-Poderoso, por amor do qual aprendia a sofrer todas as injúrias e a tolerar todos os martírios.Quarenta anos no deserto representaram para aquele povo como que um curso de consolidação da sua fé, contagiosa e ardente. [...] Todas as raças da Terra devem aos judeus esse benefício sagrado, que consiste na revelação de Deus Único, Pai de todas as criaturas e Providência de todos os seres.10
O Judaísmo é uma religião revelada que teve em Moisés o seu missionário. Deus é único e Moisés é o Espírito que Ele enviou em missão para torná-lo conhecido não só dos hebreus, como também dos povos pagãos. O povo hebreu foi o instrumento de que se serviu Deus para se revelar por Moisés e pelos profetas, e as vicissitudes por que passou esse povo destinavam-se a chamar a atenção geral e a fazer cair o véu que ocultava aos homens a divindade.4
Moisés era um judeu, nascido no Egito, e criado por Termutis, irmã do faraó. A religião israelita foi a primeira que formulou, aos olhos dos homens, a idéia de Deus espiritual [e Único]. Até então os homens adoravam: uns, o Sol; outros, a Lua; aqui, o fogo; ali, os animais. Mas em parte alguma a idéia de Deus era representada em sua essência espiritual e imaterial. Chegou Moisés; trazia uma lei nova, que derrubava todas as idéias até então recebidas. Tinha de lutar contra os sacerdotes egípcios, que mantinham os povos na mais absoluta ignorância, na mais abjeta escravidão, e contra esses sacerdotes, que desse estado de coisas tiravam um poder ilimitado, não podendo ver sem pavor a propagação de uma idéia nova, que vinha destruir os fundamentos de seu poder e ameaçava derrubálos.Essa fé trazia consigo a luz, a inteligência e a liberdade de pensar; era uma revolução social e moral. Assim, os adeptos dessa fé, recrutados entre todas as classes do Egito, e não só entre os descendentes de Jacó [patriarca de uma das tribos de Israel], como erroneamente tem sido dito, eram perseguidos, acossados, submetidos aos mais duros vexames e, por fim, expulsos do país, porque infestavam a população com idéias subversivas e anti-sociais. [...] Mas Deus Todo-Poderoso, que conduz com infinita sabedoria os acontecimentos de onde deve surgir o progresso, inspirou Moisés; deu-lhe um poder que homem algum havia tido e, pela irradiação desse poder, cujos efeitos feriam os olhos dos mais incrédulos, Moisés adquiriu uma imensa influência sobre a população que, confiando cegamente em seu destino, realizou um desses milagres [palavra entendida, aqui, como algo fabuloso, grande feito], cuja impressão deveria perpetuar-se de geração em geração, como lembrança imperecível do poder de Deus e de seu profeta. A passagem do mar Vermelho foi o primeiro ato da libertação desse povo. Mas a sua educação estava por fazer; [...] era preciso inculcar-lhes a fé e a moral, ensinando-lhes a pôr a força e a confiança num Deus criador, ser imaterial, infinitamente bom e justo.8
Moisés, como profeta, revelou aos homens a existência de um Deus único, Soberano Senhor e Orientador de todas as coisas; promulgou a lei do Sinai [cadeia montanhosa existente no Oriente Médio, local onde Moisés recebeu as Tábuas da Lei ou Dez Mandamentos] e lançou as bases da verdadeira fé. Como homem, foi o legislador do povo pelo qual essa primitiva fé, purificando-se, havia de espalhar-se por sobre a Terra.7
REFERÊNCIA
4. ______. Item 9, p. 61-62.
7. ______. Item 21, p. 32-33.
8. ______. Revista espírita. Jornal de estudos psicológicos. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. Poesias traduzidas por Inaldo Lacerda Lima. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Ano IV, setembro de 1861, n.º 09, item: Dissertações e ensinos espíritas, p. 414-415.
10. ______. Item: O monoteísmo, p. 68-69.
ESDE
2008
PSICOGRAFIA
O amor é uma ação espontânea da alma direcionada a um alvo, que pode ser um ser um objeto qualquer, porque há aqueles que atribui algo inanimado tesouros de amor, porém muitas vezes esquece as pessoas que vivem ao seu derredor, porém seja como for ele cumpre um estágio até que outra feita possa amar as pessoas. Tudo tem o seu começo e a sua hora, de maneira que preciso paciência para olhar o mundo com amor, sem nos deter nas atitudes mesquinhas de cada um, mas proceder como um ser digno de atenção das coisas boas, nelas devem se empenhar com o máximo de esforços e tomamos as experiências infelizes como lições proveitosas. Isto porque a vida é tão breve para que ocupar de algo que não constrói nada, que não dá alegria, nem paz para ninguém.
Só o amor para com todos devem ser objetivos de nossa maior atenção, mas que este vai trazer a paz, alegria e esperanças as criaturas e nós na condição de encarnado devemos cooperar somente nesse sentido, porque de ordinário o mundo está ainda pleno de dores, de complicações, de crises. Nós não podemos vibrar mais nessa sintonia, se não fizer o bem não faça o mal, se pode plantar uma flor para alegrar o coração de que passa, não perca tempo, faça ainda hoje mesmo, não o deixe para amanhã, porque amanhã pertence a Deus e somente Ele sabe qual será o trabalhador, mas hoje cumpre com o procedimento correto, com a boa idéia para que ao chegar ao fim da jornada não nos alcance também com o coração vazio de bons sentimentos.
O amor é de essência divina. Nele o alfabeto de Deus se revela por inteiro, nada há como mudar, nada, porque nele está inscrito tudo. Nem é necessário responder porque sabe o quanto é importante à vida quando o amor fala mais alto. Quando há manifestação de alegria em toda parte, a vida se torna mais bela, conquanto as coisas permaneçam nos respectivos lugares como dantes, mas é essa misteriosa e doce vibração de paz nos corações felizes, que dá alento a vida que promove o heroísmo do trabalho em favor dos que sofrem.
É o amor que faz a chuva cair sobre a Terra trazendo vida e esperança – é um ato de amor, como também é um ato de amor o Sol que espalha os seus raios luminosos pelos mais longínquos recantos da crosta. Este nunca pergunta quem é digno de recebê-lo, mas por que é um ato de amor, e o amor não pergunta – ama.
Por mais distante que ande o homem do caminho de Deus, ele percebe quando alguém o trata com carinho e bondade, porque é uma vibração especial que enternecesse todos os corações.
Nesta madrugada sai fazer minha peregrinação e cheguei até aqui e o encontrei disposto a receber esta pequena colaboração de minha parte, porém reconheço que sou ainda tão pequena para fazer algo significativo, conquanto me esforce sempre fico muito aquém das expectativas, mas tenho fé que Deus que um dia conseguirei, porque o trabalho persistente realiza milagres, isto é, compreende se as palavras de Jesus “se tiver a fé do tamanho de um grão de mostarda dirá a este monte para que se transporte daqui para acolá e não duvidar em seu coração há de se realizar”.
Preocupa me muito o tempo, que deve ser visto de maneira mais racional, a fim de venha apresentar todas as possibilidades que a vida oferece, o tempo é o tesouro irrecuperável.
Por fim direi que os primeiros raios de sol não tardam, trazendo iluminação e vida a este espaço, depois de uma noite que se manteve muitos contatos com criaturas que lhe são muito caras, porém separadas temporariamente por exigência do homem encarnado e teve de se afastar do foco de sua maior atenção, mas o amor permanece sempre igual. Adeus.
Sibila
PAGAR O CARNÊ
RICHARD SIMONETTI
Certamente você conhece, amigo leitor, a história de Poliana, a jovem orientada pela filosofia do podia ser pior, em livro homônimo de Eleanor H. Porter.
Quando menina, desejava ardentemente uma boneca. Sem recursos, o pai fez um pedido à instituição beneficente.
Poliana aguardou com ansiedade.
Quando chegou um pacote, às vésperas do Natal, mal conteve a emoção. Ao ser aberto, grande foi sua frustração, porquanto, por engano, remeteram-lhe um par de muletas em lugar da sonhada boneca.
Vendo-a desolada e chorosa, o pai convidou:
– Minha querida, vamos fazer o jogo do contente.
– O que é isso, papai?
– É uma brincadeira para você animar-se sempre que algo a aborrecer.
– Como agora?
– Sim.Você tem uma boa razão para estar triste. Recebeu um par de muletas no lugar da boneca. Mas há uma razão ainda melhor para ficar feliz.
– Com um par de muletas?!
– Sim. A felicidade de não precisar usá-las.
Interessante esse jogo, amigo leitor.
Se estamos tristes por não ter vários pares de calçados, lembremos dos que não têm pés…
Se nos incomoda o uso de óculos, recordemos os que não enxergam…
Se nos aborrece a falta de um automóvel, é pensar em gente imobilizada no leito…
Se não ganhamos tão bem quanto desejaríamos, evoquemos os desempregados…
A Doutrina Espírita propõe um jogo mais consistente.
Não se trata de buscar consolo em males alheios, mas de compreender que todos os males guardam justa origem.
Não houve engano dos poderes que nos governam ao remeter o pacote de nosso destino. Nele está um carnê para pagamento parcelado de nossos débitos cármicos junto à Justiça Divina.
No capítulo V, em O Evangelho segundo o Espiritismo, item 12, reportando-se à quarta bem- -aventurança de O Sermão da Montanha (Mateus, 5:4), diz Allan Kardec:
Por estas palavras: Bem-aventurados os aflitos, pois que serão consolados, Jesus aponta a compensação que hão de ter os que sofrem e a resignação que leva o padecente a bendizer do sofrimento, como prelúdio da cura.
Também podem essas palavras ser traduzidas assim: Deveis considerar-vos felizes por sofrerdes, visto que as dores deste mundo são o pagamento da dívida que as vossaspassadas faltas vos fizeram contrair; suportadas pacientemente na Terra, essas dores vos poupam séculos de sofrimentos na vida futura. Deveis, pois, sentir-vos felizes por reduzir Deus a vossa dívida, permitindo que a saldeis agora, o que vos garantirá a tranquilidade no porvir.
Beleza, meu caro leitor!
Kardec explica que o carnê vem com largos descontos!
É só quitar com pontualidade as prestações, ao longo da existência, sem birra e sem fuga, e nos habilitaremos a um futuro de bênçãos.
Isso sem esquecer que o tempo para pagamento total do carnê, ao longo da existência, equivale a mera fração de segundo no relógio da eternidade.
O problema está nas complicações em que nos envolvemos.
Conheci um bancário, bom rapaz, trabalhador, educado, mas, lamentavelmente, um perdulário. É o indivíduo que gasta compulsivamente, bem mais do que o fazem animadas senhoras em liquidação de shopping.
Como todo perdulário, contraiu dívidas acima de suas disponibilidades financeiras. Cansados de suas desculpas, os credores procuraram o gerente do Banco onde trabalhava. Homem de bons princípios, condoeu-se e resolveu ajudar o subalterno em dificuldade.
Foi feita uma composição de dívidas.Com autorização do devedor, seu salário foi bloqueado, em parte, para pagamento mensal dos credores. Em dois anos, o problema estaria resolvido.
Tudo certo, não fosse por pequeno detalhe: ignorando apelos de amigos e familiares, ele continuou com a gastança. Contraiu novas dívidas, complicou ainda mais sua situação e acabou demitido.
Algo semelhante ocorre em relação à jornada humana.
Perdulários do tempo, estamos sempre a ampliar débitos na contabilidade do Destino.
Cada vez que reencarnamos, a Justiça Divina nos permite uma composição da dívida, com os amplos descontos concedidos pela divina misericórdia.
Fazem parte do carnê dores e problemas que, de permeio, limitam nosso poder de compra, isto é, cerceiam nossos impulsos inferiores, a fim de que não ampliemos nossos débitos.
Alguns exemplos:
- O alcoólatra inveterado que cozinhou o fígado e desencarnou prematuramente, como suicida inconsciente, reencarna com lesões no fígado e problemas envolvendo o aparelho digestivo.
- O homem que fugiu de seus compromissos, apelando para o suicídio, tenderá a retornar com graves limitações físicas, a fim de superar os desajustes que provocou em seu corpo espiritual.
- O viciado em sexo virá com graves problemas congênitos, envolvendo os órgãos genitais, a fim de superar suas tendências.
- O problema é que raros cumprem integralmente o planejado e, à maneira do perdulário, comprometem- se em novos débitos:
- O alcoólatra, contido pelas limitações físicas, mas ainda inspirado nas tendências que desenvolveu, envolve-se com drogas.
- O ex-suicida rebela-se com a atual situação e nutre o desejo de nova fuga, com o que apenas agravará seus débitos.
- O viciado do sexo, não obstante as limitações que lhe foram impostas, deixa-se levar por suas tendências e cai em novos desvios.
Com isso, de existência em existência, o Espírito, ao invés de quitar seus débitos, aproveitando a composição misericordiosa da Justiça Divina, vai se complicando.
– Toma juízo, meu filho – diz o pai ao filho rebelde, comprometido em erros e vícios.
É exatamente essa a mensagem que Deus nos passa através do Espiritismo.
– Toma juízo!
O conhecimento espírita nos convida à reflexão, habilitando-nos a quitar o carnê de forma consciente e disciplinada, sem queixas e sem arroubos perdulários que apenas aumentam nosso passivo, na contabilidade do destino.
Reformador 2009
PARÁBOLAS DE JESUS – TEXTO E CONTEXTO
Esta obra fascinante não é um manual de técnicas para interpretação das parábolas. É, antes de tudo, um mergulho no universo de Jesus, onde o autor, que fala com a legitimidade de quem se tornou uma grande autoridade na interpretação dos textos bíblicos, além de ter recebido reconhecimento da comunidade rabínica de Israel, procura desenvolver algumas sensibilidades mínimas e indispensáveis no leitor.
Os primeiros capítulos farão você transcender a condição humana e enxergar a vida e a religiosidade através de uma perspectiva grandiosa.
Exercitaremos a habilidade para entender a linguagem usada por Jesus e conhecermos as armadilhas desse mundo, de modo que não se repitam os mesmos erros e vícios de interpretação até agora cometidos ao longo da história.
Texto é o que está por baixo de sua superfície, Contexto, também são enfocados. Quantas mensagens subliminares exigem atenção do leitor, sem que isso esteja explícito?!
Os evangelistas usavam modelos da tradição hebraica. Esses modelos são os gêneros literários. Muito do conteúdo de um texto está relacionado e limitado pelo gênero em que foi escrito.
Os testamentos estão cheios de poesias. Jesus também falou em poesia, além de parábolas. “A parábola provoca um sentimento e quer que você viva uma experiência. É nesse mar da linguagem figurada que o leitor irá navegar”. (Haroldo Dutra Dias)
No último capítulo da obra, toda caixa de ferramentas será aberta e todas as sensibilidades serão aguçadas.
Experimentaremos todas as cores, aromas e sabores de uma das mais famosas parábolas do Evangelho, a do Bom Samaritano.
Autor: Haroldo Dutra Dias
Editora: FEP
Mundo Espírita
2011
VOLTAR PARA CASA
O novo coronavírus nos impôs alterações em nossa forma de viver. Todos fomos convidados a uma volta para casa.
Para os que acreditamos que a morte seja uma vírgula e não um ponto final, voltar para casa pode ser retornar à pátria espiritual, de onde um dia saímos e para a qual retornaremos.
Esperamos que mais experientes, virtuosos e sábios.
Podemos pensar, também, num olhar mais atento para a nossa morada comum, a casa planetária, tão maltratada e explorada por causa da ganância e egoísmo que ainda nos caracteriza.
Por conta dessas imperfeições destruímos abusivamente, pensamos exclusivamente em nós, burlamos leis, ferimos ecossistemas.
Tudo por conta da nossa sanha de poder e domínio.
Nossa Terra, com sua biodiversidade, culturas diversas e histórias maravilhosas de cada povo, pedia socorro e nos convidou a repensar a relação que temos estabelecido com ela.
Cabe refletirmos na quantidade de lixo que produzimos, no consumo desenfreado, na poluição que geramos, no acúmulo desproporcional de riqueza em detrimento do empobrecimento contínuo de tanta gente.
Uma terceira interpretação é a de valorizarmos mais a nossa habitação, o espaço que nos abriga, todos os dias, com nossa família consanguínea.
Além dos cuidados materiais que esse lugar solicita em termos de limpeza e conservação, é nele que damos e recebemos afeto.
É esse recanto formidável que podemos transformar em lar, criando genuínos laços de amor.
Um quarto viés é pensarmos no corpo físico, morada da alma, da essência espiritual que somos. Zelarmos por ele com uma alimentação saudável, boa ingestão de água, atividades físicas, ocupação útil, descanso necessário.
Também deixando de bombardeá-lo com o tóxico dos maus pensamentos, valorizando o investimento evolutivo e espiritual que a vida nos oferece.
Estarmos num corpo físico é estarmos matriculados numa escola onde temos muito para aprender.
Naturalmente, nenhum aluno consciente deixa de valorizar e preservar uma escola tão sublime como esta.
Por fim, voltar para casa também nos faz pensar na casa mental e emocional. Há muito lixo mental e emocional que guardamos sem reciclar e descartar adequadamente. Por isso adoecemos.
Essa parada forçada em casa é um convite divino para repensarmos o que temos feito da vida, das nossas múltiplas relações, do tempo, da inteligência, do dinheiro, do planeta, da saúde.
Também como temos utilizado os princípios religiosos que abraçamos.
É a possibilidade de um mergulho mais profundo em nós mesmos a fim de mudarmos, corrigirmos o rumo, acertarmos o prumo, voltarmo-nos para o que é essencial.
E essencial é o respeito ao outro, o compartilhar, descobrindo que não somos donos de nada e que toda forma de apego gera sofrimento.
Enfim, que precisamos de mais empatia e compaixão.
Temos em nossas mãos a possibilidade real, de agora em diante, de fazermos do amor a nós mesmos e ao próximo, a regra áurea da vida.
Uma regra com roteiro ensinado e exemplificado por um homem terno e gentil, sábio e amigo, há mais de dois mil anos: Jesus de Nazaré.
Jornal Mundo Maior
Junho 2020
NEGÓCIOS
“E ele lhes disse: Por que me procuráveis? não sabíeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai?“ — (LUCAS, capítulo 2, versículo 49.)
O homem do mundo está sempre preocupado pelos negócios referentes aos seus interesses efêmeros.
Alguns passam a existência inteira observando a cotação das bolsas.
Absorvem-se outros no estudo dos mercados.
Os países têm negócios internos e externos. Nos serviços que lhes dizem respeito, utilizam-se maravilhosas atividades da inteligência. Entretanto, apesar de sua feição respeitável, quando legítimas, todos esses movimentos são precários e transitórios. As bolsas mais fortes sofrerão crises; o comércio do mundo é versátil e, por vezes, ingrato.
São muito raros os homens que se consagram aos seus interesses eternos. Freqüentemente, lembram-se disso, muito tarde, quando o corpo permanece a morrer. Só então, quebram o esquecimento fatal.
No entanto, a criatura humana deveria entender na iluminação de si mesma o melhor negócio da Terra, porqüanto semelhante operação representa o interesse da Providência Divina, a nosso respeito.
Deus permitiu as transações no planeta, para que aprendamos a fraternidade nas expressões da troca, deixou que se processassem os negócios terrenos, de modo a ensinar-nos, através deles, qual o maior de todos. Eis por que o Mestre nos fala claramente, nas anotações de Lucas: — “Não sabíeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai?”
Livro "Caminho, Verdade e Vida"
Pelo Espírito Emmanuel
Francisco Cândido Xavier
INDAGAÇÃO OPORTUNA
“Disse-lhes: — Recebestes vós o Espírito Santo quando crestes?” (Atos dos Apóstolos, 19:2)
A pergunta apostólica vibra ainda em todas as direções, com a maior oportunidade, nos círculos do Cristianismo.
Em toda parte, há pessoas que começam a crer e que já crêem, nas mais variadas situações.
Aqui, alguém aceita aparentemente o Evangelho para ser agradável às relações sociais.
Ali, um indagador procura o campo da fé, tentando acertar problemas intelectuais que considera importantes.
Além, um enfermo recebe o socorro da caridade e se declara seguidor da Boa Nova, guiando-se pelas impressões de alívio físico.
Amanhã, todavia, ressurgem tão insatisfeitos e tão desesperados quanto antes.
Nos arraiais do Espiritismo, tais fenômenos são freqüentes.
Encontramos grande número de companheiros que se afirmam pessoas de fé, por haverem identificado a sobrevivência de algum parente desencarnado, porque se livraram de alguma dor de cabeça ou porque obtiveram solução para certos problemas da luta material; contudo, amanhã prosseguem duvidando de amigos espirituais e de médiuns respeitáveis, acolhem novas enfermidades ou se perdem através de novos labirintos do aprendizado humano.
A interrogação de Paulo continua cheia de atualidade.
Que espécie de espírito recebemos no ato de crer na orientação de Jesus? O da fascinação? O da indolência? O da pesquisa inútil? O da reprovação sistemática às experiências dos outros?
Se não abrigamos o espírito de santificação que nos melhore e nos renove para o Cristo, a nossa fé representa frágil candeia, suscetível de apagar-se ao primeiro golpe de vento.
Fonte Viva
Francisco Candido Xavier
Pelo Espírito de Emmanuel
O INESPERADO BENFEITOR
A venda de José Felizardo, onde o Chico era empregado, vivia repleta.
Entre os que a frequentavam estava um homem rude, de nome Honorato, que era perito em provocar a antipatia dos outros.
Dizia palavrões. Embriagava-se.
Por qualquer “dá cá uma palha” exibia um punhal.
Chico também não simpatizava com ele. E quando estava à beira de uma discussão desagradável com o pobre beberrão, lembrou-se da prece e calou-se.
Em plena oração, viu Dona Maria João de Deus, que o advertiu:
— Meu filho, evite contendas. Hoje esse homem pode ser antipático aos seus olhos.
Amanhã, talvez poderá ser um benfeitor em nossas necessidades.
Meses passaram.
Num domingo, José e Chico Xavier foram, de manhãzinha, ao campo em busca de ervas medicinais para socorro a irmãos doentes. Andaram muito à procura do vela-me, da carqueja e dos grelos de samambaia. Quando se dispunham ao regresso, larga nuvem de neblina desceu sobre a região. Por muito que se esforçassem não reencontraram o trilho de volta. Por mais de duas horas erraram no mato agreste. Muito aflitos, oraram juntos, pedindo socorro. Os amigos espirituais pareciam ausentes e o nevoeiro aumentava cada vez mais. Continuaram andando, fatigados, quando viram uma casinha à pequena distância. Bateram à porta e a porta abriu-se.
Uma voz alegre e acolhedora gritou lá de dentro:
— Oh! Chico, você aqui?
Era o Honorato, que os abraçou com satisfação, oferecendo-lhes alimento e guiando-os Ao caminho de retorno.
Quando o benfeitor se despediu, deixando-os tranquilos, a progenitora desencarnada apareceu ao médium e disse-lhe:
— Compreendeu, Chico?
E o Chico, impressionado, respondeu:
— Compreendi, sim. A senhora tem razão.
Livro Lindos Casos de Chico Xavier
Autor Ramiro Gama
ALGO MAIS
Um crente sincero na Bondade do Céu, desejando aprender como colaborar na construção do Reino de Deus, pediu, certo dia, ao Senhor a graça de compreender os Propósitos Divinos e saiu para o campo.
De início, encontrou-se com o Vento que cantava e o Vento lhe disse:
— Deus mandou que eu ajudasse as sementeiras e varresse os caminhos, mas eu gosto também de cantar, embalando os doentes e as criancinhas.
Em seguida, o devoto surpreendeu uma Flor que inundava o ar de perfume, e a Flor lhe contou:
— Minha missão é preparar o fruto; entretanto, produzo também o aroma que perfuma até mesmo os lugares mais impuros.
Logo após, o homem estacou ao pé de grande
Árvore, que protegia um poço d’água, cheio de rãs, e a Árvore lhe falou:
— Confiou-me o Senhor a tarefa de auxiliar o homem; contudo, creio que devo amparar igualmente as fontes, os pássaros e os animais.
O visitante fixou os feios batráquios e fez um gesto de repulsa, mas a Árvore continuou:
— Estas rãs são boas amigas. Hoje posso ajudá-las, mas depois serei ajudada por elas, na defesa de minhas próprias raízes, contra os vermes da destruição e da morte.
O devoto compreendeu o ensinamento e seguiu adiante, atingindo uma grande cerâmica.
Acariciou o barro que estava sobre a mesa e o Barro lhe disse:
— Meu trabalho é o de garantir o solo firme, mas obedeço ao oleiro e procuro ajudar na residência do homem, dando forma a tijolos, telhas e vasos.
Então, o devoto regressou ao lar e compreendeu que para servir na edificação do Reino de Deus é preciso ajudar aos outros, sempre mais, e realizar, cada dia, algo mais do que seja justo fazer.
Livro Pai Nosso
Francisco Candido Xavier
Pelo Espírito de Meimei
ORAÇÕES DE BOA NOITE
Querido Deus, o dia terminou. Algumas coisas deram certo, outras não. Mas, eu sei que tudo foi conforme a Tua vontade, porque sei que Tu sabes mais do que eu daquilo que preciso. Prepare o meu amanhã e me deixe ser mais feliz do que fui hoje. Amém!
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