FENÔMENOS DA NATUREZA
Quantos desastres naturais como chuvas torrenciais, tempestades, quedas de raios, tornados, furacões, maremotos ou tsunamis,terremotos, que destroem regiões inteiras e tiram milhares de vidas; será que Deus tem alguma coisa a ver com isso tudo?
Allan Kardec, o ilustre codificador doEspiritismo, questionou os luminares Espíritos que ditaram a glamorosa doutrina dos Espíritos sobre tema tão fascinante, delicado e temeroso, se tais fenômenos são devidos a causas fortuitas, ou têm todos um fim providencial? e eles iniciaram o diálogo dizendo que “Tudo tem uma razão de ser e nada acontece sem a permissão de Deus.”.
Quis ainda saber o notável questionador, se esses fenômenos têm sempre como objetivo o ser humano, e responderam-lhe que às vezes sim, têm o homem como objetivo, mas na maioria dos casos o único objetivo é o restabelecimento do equilíbrio e da harmonia das forças da Natureza.
Allan Kardec concebeu perfeitamente que a vontade divina seja a causa primária, mas sabendo que os Espíritos exercem ação sobre a matéria e executam a vontade de Deus, perguntou se alguns dentre eles teriam influência sobre os elementos para os agitar, acalmar ou dirigir? e teve como resposta:“Mas evidentemente. Nem poderia ser de outro modo. Deus não exerce ação diretasobre a matéria. Ele encontra agentes dedicados em todos os graus da escala dos mundos.”.
Questionou Kardec se poderia haver Espíritos habitando o interior da Terra para promover os fenômenos geológicos e se são seres à parte, ou seriam Espíritos que foram encarnados, como nós;assim, ficou sabendo que não, que eles não habitam lá, mas presidem os fenômenos e os dirigem, de acordo com suas atribuiçõeseque são Espíritos que foram, ou que serão ainda encarnados. “Uns mandam, outros executam. Os que executam coisas materiais sãosempre de ordem inferior, assim entre os espíritos, como entre os homens.”.
Ao perguntar se esses fenômenos são obra de um só Espírito ou de vários reunidos e se têm consciências do que fazem, responderam os famosos doutrinadoresque os Espíritos que produzem os fenômenos reúnem-se em massas inumeráveis e alguns operam com conhecimento de causa e outros não. Os mais atrasados oferecem utilidade ao conjunto antes de gozarem do livre-arbítrio, atuando inconscientemente como agentes. Primeiro executam, depois quando adquirirem mais inteligência, ordenarão e dirigirão as coisas do mundo material e mais tarde ainda, as coisas do mundo moral.
E concluem os sábios Espíritos que “É assim que tudo serve, que tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, que também começou por ser átomo. Admirável lei de harmonia, que o vosso acanhado espírito ainda não pode apreender em seu conjunto!”
Crispim.
Referência bibliográfica:
- O Livro dos Espíritos. Questões 536 a 540. Allan Kardec.
FELIZ NATAL
Chico Xavier
Senhor Jesus!
Conhecemos os teus ensinamentos.
Auxilia-nos a cumpri-los.
Guardamos as tuas palavras.
Ampara-nos, a fim de que venhamos a traduzi-las em trabalho, no serviço aos semelhantes.
Legaste-nos o amor uns aos outros, por legenda da própria felicidade.
Guia-nos à prática dessa lição bendita, de maneira a que o nosso dia-a-dia se faça caminho de fraternidade e luz.
Senhor!.. Disseste-nos:- "dou a vós outros a minha paz" e tens mantido a tua promessa, através de todos os séculos da vida cristã.
Inspira-nos, por misericórdia, o respeito e a fidelidade aos teus designios para que não venhamos a perder a paz que nos deste, com a intromissão de nossos caprichos, na paz que nos vem de Deus.
Assim seja.
TRABALHO
O dia começa.
O compromisso o espera.
Não pode fugir.
É sempre a mesma luta.
É o imperativo da própria vida.
Renasceu para o trabalho renovador e para amar a causa do bem. É necessário lutar por esta causa, ainda que seja com a contribuição de uma pequena parcela. Porque não se pode prescindir do trabalho de amor aos outros.
Por maiores que sejam a dificuldades, cada dia o sol se apresenta no horizonte convidando o homem de boa vontade ao trabalho. No passado, consideravam alguns que o trabalho fosse um castigo, mas é uma força libertadora que dá incentivo para viver.
Cada manhã pode continuar aquele projeto da véspera, mostrando que tem tempo para todas as coisas debaixo dos céus.
É necessário, porém essa decisão firme daquele que está empenhado em promover o bem em qualquer lugar, porque em verdade será o único herdeiro de suas obras.
Por isso, lembre o apóstolo “a cada um de acordo com suas obras”, por esta razão que é imperioso trabalhar mais, amar mais, compreender mais.
É verdade que caminha numa reta que não permite a saída, porque já planejou de há muito esse trabalho, por isso sente imensa dificuldade em libertar-se dos compromissos assumidos.
É verdade que já conseguiu dar alguns passos, mas não é o bastante, está apenas começando o trabalho de autoeducação, para depois então começar o trabalho em favor do próximo.
Mas é necessário mais empenho nessa luta, por isso esteja atento ao trabalho que precisa desenvolver.
Assim, com muita determinação siga em frente, a sua condição exige essa postura. Mas em hipótese alguma pode desanimar, pois que se assim fizer, pode perder o fruto do trabalho que tentou até hoje. É esta a razão para que não recue diante dos obstáculos do caminho. Em frente. Áulus.
Histórias Educativas
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
MAIS LUZ
Conserva o coração em paz. Não se preocupe. Tudo ao seu tempo. Procure cumprir os deveres que a vida impõe, mas espere trabalhando, como aquele herdeiro do céu que tem certeza que fazendo a sua parte terá acesso à herança.
Mantém-se em constante vigilância para que o mal não o surpreenda, mas permanece firme e seguro que certamente terá muito a fazer ainda.
Preencha os seus dias com muito amor. Não creia em felicidade sem antes ter amado muito, especialmente aqueles que não têm com o que lhe retribuir.
A verdadeira caridade é espontânea. Não se deixe levar nem pelo orgulho, nem pelo egoísmo, aliás, são os dois grandes males a combater, como prejudicial à felicidade. Como também diante do insucesso de alguns empreendimentos não se desespere, mas refaça-se e tente outra vez.
Não desperdice a menor possibilidade de praticar o bem, porque pode nessas pequenas atividades abrir a porta para uma concepção mais realista sobre a vida espiritual. Pode apresentar uma série de surpresas, porque ainda é difícil entender certas coisas, caso não alie a vivência ao estudo bem fundamentado, estes dois são o suporte indispensável a uma fé sólida.
Nunca menospreze a ideia de ninguém, por mais absurda que de repente pareça. Talvez seja esse o momento mais apropriado para apresentá-la. Talvez uma versão mais completa do projeto que tenta viabilizar, mostrando e fundamentando o seu ponto de vista, mas também demonstre que em tese pode até concordar com as colocações firmadas por seu interlocutor.
Certamente que muitas pessoas menos avisadas se escandalizariam com tal atitude, porque ainda não são capazes de entender que a Doutrina não veio incentivar a divisão entre as pessoas por questões religiosas.
Mas à medida que desenvolve o estudo, procure falar esclarecendo os princípios em que se apoia a Doutrina, sem, todavia, desconsiderar as colocações formuladas por outros, além que a base da Doutrina está muito bem fundamentada, para atender a lógica e a razão “em qualquer época da Humanidade”.
Por mais que queira, muitas vezes não logrará êxito naquilo que pretende, mas não é questão para desistir, mas pelo contrário, munir-se-á de mais forças para seguir adiante.
A verdade que muitas coisas já se passaram e que outras virão ainda para se estabelecer à base sólida de sua conduta. É claro que pretende realizar alguns sonhos, por isso continue as suas experiências e certamente um dia receberá essa autorização da vida superior, mas prossiga orando e trabalhando.
A vitória é fruto de muitas batalhas, até mesmo antes haver começado a sonhar com ela. O forte é aquele que reconhece as suas fraquezas e pode utilizar-se de todas as possibilidades para superar-se.
Muitas pessoas não compreendem a necessidade imperiosa do estudo, acham muito difícil, mas será à base do conhecimento. Aquele que estuda terá mais possibilidade de entender os conceitos mais abstratos da Doutrina, como também o caminho para se tornar melhor.
Quantas pessoas sofrem por não pensar numa maneira de resolver os seus problemas, às vezes tão simples, mas imaginam que não vale à pena.
Trabalhe e conserve a certeza que conseguirá o seu intento e não terá que esperar muito. Por mais que a processo seja muito sutil, a intenção não deixa de ser verdadeira.
Por isso continue firme e na certeza que precisa cumprir o seu papel. Há muito tempo espera que um dia chegue e se persistir chegará, pois que havia a necessidade que amadurecesse no campo do raciocínio, a fim de oferecer melhores condições aos amigos do mais além.
Não despreze a minúscula possibilidade que lhe é oferecida todo o dia. Nem que seja um sorriso, um aperto de mão, uma palavra amiga, sempre pode oferecer um pouco de alento a alguém que esta passando por provações, e pode contribuir um pouco que seja para restabelecer lhe o ânimo e a vontade de viver.
Cada etapa da vida é importante, com certeza. Tudo na hora certa tem o seu valor. Tudo na vida traz alguma coisa importante, até mesmo aquela minúscula parcela de entendimento que possa passar ao próximo.
Faça alguma coisa a cada dia para somar a sua contribuição a esse tão decantado mundo melhor, que muitos têm no coração, mas tão distante da realidade que se observa no dia a dia.
A mensagem de Jesus é algo atual e pertinente. Aquele que mais se esforça para propagar essa ideia consegue superar as suas crises íntimas.
Por derradeiro cumpra o dever sempre, ainda que esteja sob as condições mais difíceis, pois fazendo a sua parte, coloca-se ao lado da boa causa que é a causa maior de amor aos outros. Áulus.
Lições De Simplicidade
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
JESUS
Jesus, na última ceia, ao despedir-se dos discípulos que compunham o seu colégio apostólico, prometeu-lhes a vinda de um outro consolador. Será o Espiritismo este consolador? Busquemos interpretar-lhe a promessa, de acordo com os ensinamentos da Doutrina Espírita. Diz Jesus: Se me amais, observareis os meus mandamentos, e rogarei ao Pai e ele vos dará outro Paráclito [Consolador], para que convosco permaneça para sempre, o Espírito da Verdade, que o mundo não pode acolher, porque não o vê nem o conhece. Vós o conheceis, porque permanece convosco. Não vos deixareis órfãos [...]. Mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai em meu nome, vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos disse. João, 14:15-17 e 26. 2, 7
Conforme ensina Allan Kardec, Jesus promete outro consolador: o Espírito de Verdade, que o mundo ainda não conhece, por não estar maduro para compreender, consolador que o Pai enviará para ensinar todas as coisas e para relembrar o que o Cristo há dito. Se, portanto, o Espírito de Verdade tinha de vir mais tarde ensinar todas as coisas, é que o Cristo não dissera tudo; se ele vem relembrar o que o Cristo disse, é que o que este disse foi esquecido ou mal compreendido. O Espiritismo vem, na época predita, cumprir a promessa do Cristo: preside ao seu advento o Espírito de Verdade. Ele chama os homens à observância da lei; ensina todas as coisas fazendo compreender o que Jesus só disse por parábolas. Advertiu o Cristo: ‘‘Ouçam os que têm ouvidos para ouvir.’’ O Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos, porquanto fala sem figuras, nem alegorias; levanta o véu intencionalmente lançado sobre certos mistérios. Vem, finalmente, trazer a consolação suprema aos deserdados da Terra e a todos os que sofrem, atribuindo causa justa e fim útil a todas as dores.
Disse o Cristo: ‘‘Bem-aventurados os aflitos, pois que serão consolados.’’ Mas, como há de alguém sentir-se ditoso por sofrer, se não sabe por que sofre? O Espiritismo mostra a causa dos sofrimentos nas existências anteriores e na destinação da Terra, onde o homem expia o seu passado. Mostra o objetivo dos sofrimentos, apontando-os como crises salutares que produzem a cura e como meio de depuração que garante a felicidade nas existências futuras. O homem compreende que mereceu sofrer e acha justo o sofrimento. Sabe que este lhe auxilia o adiantamento e o aceita sem murmurar, como o obreiro aceita o trabalho que lhe assegurará o salário. O Espiritismo lhe dá fé inabalável no futuro e a dúvidapungente não mais se lhe apossa da alma. Dando-lhe a ver do alto as coisas, a importância das vicissitudes terrenas some-se no vasto e esplêndido horizonte que ele o faz descortinar, e a perspectiva da felicidade que o espera lhe dá a paciência, a resignação e a coragem de ir até ao termo do caminho. Assim, o Espiritismo realiza o que Jesus disse do Consolador prometido: conhecimento das coisas, fazendo que o homem saiba donde vem, para onde vai e por que está na Terra; atrai para os verdadeiros princípios da lei de Deus e consola pela fé e pela esperança.3
Em uma comunicação inserida por Kardec em O Evangelho segundo o Espiritismo, o Espírito de Verdade, representando o próprio Cristo, ratifica esse entendimento, quando afirma: Venho, como outrora aos transviados filhos de Israel, trazer-vos a verdade e dissipar as trevas. Escutai-me. O Espiritismo, como o fez antigamente a minha palavra, tem de lembrar aos incrédulos que acima deles reina a imutável verdade: o Deus bom, o Deus grande, que faz germinem as plantas e se levantem as ondas. Revelei a doutrina divinal. Como um ceifeiro, reuni em feixes o bem esparso no seio da Humanidade e disse: “Vinde a mim, todos vós que sofreis.” Mas, ingratos, os homens afastaram-se do caminho reto e largo que conduz ao reino de meu Pai e enveredaram pelas ásperas sendas da impiedade. Meu Pai não quer aniquilar a raça humana; quer que, ajudando-vos uns aos outros, mortos e vivos, isto é, mortos segundo a carne, porquanto não existe a morte, vos socorrais mutuamente, e que se faça ouvir não mais a voz dos profetas e dos apóstolos, mas a dos que já não vivem na Terra, a clamar: Orai e crede! Pois que a morte é a ressurreição, sendo a vida a prova buscada e durante a qual as virtudes que houverdes cultivado crescerão e se desenvolverão como o cedro. [...] Espíritas! amai-vos, este o primeiro ensinamento; instrui-vos, este o segundo. No Cristianismo encontram-se todas as verdades; são de origem humana os erros que nele se enraizaram. Eis que do além-túmulo, que julgáveis o nada, vozes vos clamam: ‘‘Irmãos! nada perece. Jesus-Cristo é o vencedor do mal, sede os vencedores da impiedade.’’ 4
Em outra comunicação, colocada por Kardec como prefácio da obra citada, é ainda o Espírito de Verdade quem assinala: Os Espíritos do Senhor, que são as virtudes dos Céus, qual imenso exército que se movimenta ao receber as ordens do seu comando, espalham-se por toda a superfície da Terra e, semelhantes a estrelas cadentes, vêm iluminar os caminhos e abrir os olhos aos cegos. Eu vos digo, em verdade, que são chegados os tempos em que todas as coisas hão de ser restabelecidas no seu verdadeiro sentido, para dissipar as trevas, confundir os orgulhosos e glorificar os justos. As grandes vozes do Céu ressoam como sons de trombetas, e os cânticos dos anjos se lhes associam. Nós vos convidamos, a vós homens, para o divino concerto. Tomai da lira, fazei uníssonas vossas vozes, e que, num hino sagrado, elas se estendam e repercutam de um extremo a outro do Universo. Homens, irmãos a quem amamos, aqui estamos junto de vós. Amai-vos, também, uns aos outros e dizei do fundo do coração, fazendo as vontades do Pai, que está no Céu: Senhor! Senhor!... e podereis entrar no reino dos Céus.1
Sendo assim, consoante declaração de Emmanuel, o [...] Espiritismo evangélico é o Consolador prometido por Jesus, que, pela voz dos seres redimidos, espalha as luzes divinas por toda a Terra, restabelecendo a verdade e levantando o véu que cobre os ensinamentos na sua feição de Cristianismo redivivo, a fim de que os homens despertem para a era grandiosa da compreensão espiritual com o Cristo.9
O Espiritismo, contudo, [...] não pode guardar a pretensão de exterminar as outras crenças, parcelas da verdade que a sua doutrina representa, mas, sim, trabalhar por transformá-las, elevando-lhes as concepções antigas para o clarão da verdade imortalista. A missão do Consolador tem que se verificar junto das almas e não ao lado das gloríolas efêmeras dos triunfos materiais. Esclarecendo o erro religioso, onde quer que se encontre, e revelando a verdadeira luz, pelos atos e pelos ensinamentos, o espiritista sincero, enriquecendo os valores da fé, representa o operário da regeneração do Templo do Senhor, onde os homens se agrupam em vários departamentos, ante altares diversos, mas onde existe um só Mestre, que é Jesus-Cristo.10
REFERÊNCIAS
1. KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 127. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Prefácio, p. 21.
2. ______. Cap. 6, item 3, p. 140.
3. ______. Item 4, p. 140-141.
4. ______. Item 5, p. 141-143.
7. A BÍBLIA DE JERUSALÉM. Diversos tradutores. São Paulo: Edições Paulinas, 1981. O Evangelho segundo São João. Capítulo 14, versículos 15 a 17 e 26, p. 1404-1405.
9. XAVIER, Francisco Cândido. O consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 27. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007, questão 352, p. 199.
10. ______. Questão 353, p. 200.
ESDE
2008
PSICOGRAFIA
Senhor Jesus!
Nesta manhã quero agradecer a vida e a sua presença aqui na Terra, pois com o seu exemplo abriu o caminho que conduzirá o homem à felicidade. Se muitas vezes outrora vagamos sem destino certo, temos hoje um ponto de apoio para fortalecer a nossa lua contra os nossos sentimentos deseducados, mas muitas vezes não temos tido força para vencer determinados obstáculos que impede de prosseguir, porém guardamos a certeza de que é possível superar tudo e seguir adiante com o Seu amor misericordioso a nos amparar. Somos os homens de ontem, obstinados no erro e na indisciplina, mas queremos de alguma forma vencer essas mazelas que tem infelicitado a nossa caminhada.
Se até hoje gememos sob o peso dos desatinos do passado, foi por nossa própria culpa, pois que já tínhamos o Seu Evangelho a orientar os nossos passos, porém achamos que Sua mensagem sempre era dirigida aos outros e com isso perdemos a melhor parte do banquete, que nos ofereceu com a sua permanência gloriosa na Palestina, muito embora coroada com espinho da renúncia em favor daqueles que intentava esclarecer, mas sabia que a semente devia ser lançada a Terra, ainda que em situação árida do solo do coração humano, que procura fazer da Sua palavra libertadora uma prisão ou uma multidão de fanáticos mais preocupados com o reino de César do que de Deus. Mas a vida prossegue através de inúmeras caminhadas e em cada uma delas se adquire experiências valiosas que se incorpora ao nosso patrimônio espiritual, como em nossos momentos de rebeldia semeamos os espinhos que irão mais tarde alertar nosso coração de que andamos mal. É a providência a apresentar a solução para o problema que nos aflige. Por mais que a luta seja difícil, trás profundos benefícios a nossa alma, porque a dor é uma mestra que ensina formidáveis lições, destinadas principalmente as almas rebeldes, que o bom senso e a lógica não conseguem ensinar, então estas devem ser ministradas de forma mais enérgica para despertar o homem iludido por tantos falsos valores, depois de assimiladas as lições em seu devido sentido, muito se admira de haver cometido tantos erros sem sentido.
Então passa para outro patamar de compreensão da vida. Agora os valores pelos quais lutava são outros. Não cogitam mais de antigas ilusões que lutara com tanto empenho, porque sua visão da realidade é outra. Como se despertasse de um pesadelo e vê que a realidade é bem outra e quem aqueles deslizes não constarão mais de suas cogitações.
Olha o mundo com olhos de amor e vê que a tarefa a realizar exige e não pode perder tempo, mas que tem a possibilidade em suas mãos e lança-se ao trabalho educativo em favor dos outros e sente-se feliz com a felicidade que proporciona ao próximo.
Transforma-se em outro homem, mais consciente de seus compromissos espirituais. Tem outra visão do mundo e das coisas que o cercam. É ponderado e benevolente para com todos. Sensato em suas decisões. Não procura ser mais do que é. Sê caridoso, cordato, simples. A sua vida corre com tranqüilidade sobre a Terra, porque vive pelos outros. Não espera nada para si a não ser a oportunidade de viver e amar, que bendiz cada dia que vive porque nele pode fazer algo que lhe dê paz pelo bem realizado.
Sente-se perfeitamente integrado ao mundo, porém guarda suas maiores esperanças no reino imperecível do Cristo pelo qual se fez servidor de todos e para todos. Seu único móvel na vida é servir, mas servir desinteressadamente a todos.
Áulus
O CRISTO E SUA DOUTRINA
JUVANIR BORGES DE SOUZA
Os princípios essenciais transmitidos por Jesus à Humanidade estão claramente expostos nos Evangelhos, escritos e reescritos por dois de seus discípulos diretos (Mateus e João) e por outros dois, que colheram o que expuseram dos apóstolos diretos e da Mãe Santíssima (Lucas e Marcos).
Além dessas quatro obras essenciais, aprovadas desde os primeiros séculos do Cristianismo pela Igreja primitiva, vários outros Evangelhos foram escritos por diversos autores, entretanto, não tiveram a aceitação e a aprovação da generalidade dos cristãos.
Jesus não deixou qualquer escrito sobre os seus ensinos, transmitidos oralmente aos seus discípulos e ao povo em geral.
Mas os Evangelhos enunciam, com toda clareza, os princípios básicos de sua Doutrina, transmitidos aos que procuraram segui-lo, desde os dias de sua presença entre os homens, até a época atual.
Eis o que se entende claramente de suas lições, reafirmadas posteriormente pelo Consolador que Ele pediu ao Pai fosse enviado aos homens, o qual já se acha presente junto à Humanidade, desde os meados do século XIX:
a) a paternidade universal de Deus, o Criador de tudo o que existe;
b) todas as consequências morais daí resultantes, inclusive a improcedência do politeísmo, até então dominante no mundo ocidental;
c)a eternidade da vida, que permite a cada Espírito a busca da perfeição (“o Reino de Deus”);
d) toda a Religião e toda a Filosofia resumidas numa só palavra: amor.
É do Mestre o ensino profundo, mas de tal simplicidade, que qualquer pessoa o guarda para sempre: “Amar a Deus sobre todas as coisas: e amar o próximo como a si mesmo”. (Mateus, 22:37-39.)
No Evangelho de Mateus (5:44-48),1 encontramos os seguintes ensinamentos do Mestre sobre o amor ao próximo, que se apresenta tão difícil para a imensa maioria dos habitantes deste mundo de expiações e provas:
Amai os vossos inimigos; fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e caluniam; para serdes filhos de vosso Pai que está nos céus, o qual faz erguer-se o seu sol sobre bons e maus, e faz chover sobre justos e injustos. Porque, se não amais senão os que vos amam, que recompensa deveis ter por isso?
É o exemplo do amor que nos dá o próprio Criador, com sua tolerância e compreensão para com todas as suas criaturas, por mais rebeldes que sejam perante suas leis justas e eternas, que têm, em si, os próprios meios para a correção de todos os erros cometidos contra elas.
Em outro ensino popular a uma multidão de ouvintes, Jesus subiu a um monte, acompanhado por seus discípulos, e aí proferiu o célebre e incomparável Sermão da Montanha.
Nele estão expressos, em traços inesquecíveis, os ensinos do Mestre sobre as virtudes humildes, próprias dos Espíritos retos e inclinados ao bem:
Bem-aventurados os pobres de espírito (isto é, os Espíritos simples e retos), porque deles é o Reino dos Céus. – Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. – Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. – Bem-aventurados os que são misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. – Bem-aventurados os limpos de coração, porque esses verão a Deus. (Mateus, 5:1 a 12, Lucas, 6:20 a 25.)2
Percebe-se claramente, na pregação do Mestre, sua preocupação com a simplicidade e pureza do culto e dos sentimentos dirigidos diretamente a Deus.
Deus é Espírito e em espírito e verdade é que deve ser amado, cultuado e adorado, sem o culto exterior comum a quase todas as religiões.
E no que se refere aos nossos semelhantes, as palavras de Jesus são concisas e precisas: “Amai o vosso próximo como a vós mesmos”. (Mateus, 22:39.)
O amor é o sentimento que devemos cultivar por todas as criaturas, independentemente de serem elas boas ou más, ricas ou pobres. A medida para esse amor que devemos estender à generalidade dos nossos semelhantes é aquele sentimento especial que cultivamos em nós mesmos, uma vez que fomos criados por Deus.
Alguns argumentam que não podem amar a quem não conhecem e a quem jamais conhecerão, dentre os bilhões de criaturas que vivem neste mundo e nas múltiplas Esferas Espirituais.
Torna-se necessário esclarecer que o amor ao nosso próximo é um princípio abrangente, uma lei divina aplicável em qualquer tempo, e assim, mesmo que desconheçamos hoje a imensa maioria de nossos semelhantes, o amanhã nos proporcionará novos relacionamentos e conhecimentos com criaturas das mais diferentes condições.
Como a vida é eterna, o princípio é válido para a atualidade, para o passado e para o futuro, em todas as circunstâncias que ela proporciona a cada individualidade.
A doutrina evangélica, resultante dos ensinos e dos exemplos de Jesus, registrados pelos diversos evangelistas, permaneceu através dos séculos como expressão inconfundível do espiritualismo, tão necessário à sustentação do Bem contra os males do mundo atrasado em que vivemos.
A grandeza do Cristianismo e o seu poder moral resultam diretamente dos Evangelhos, da sua fidelidade aos ensinos de Jesus e dos esclarecimentos posteriores do Consolador, o Espiritismo, prometido e enviado pelo Mestre incomparável.
Essa doutrina, que os Evangelhos registram, contém uma parte secreta que vai mais longe que o assinalado na letra.
As parábolas e as ficções utilizadas por Jesus ocultavam concepções e realidades profundas que Ele preferiu deixar para revelações futuras, tendo em vista a dificuldade de entendimento de seus ouvintes e contemporâneos.
A ligação íntima entre os dois mundos – o dos encarnados e o dos desencarnados –, é uma das realidades, com a solidariedade e a comunicação possível entre os homens e os Espíritos, que o Mestre deixou para ser discutida em outra época.
A lei da reencarnação, referida em diversas passagens evangélicas e também no Velho Testamento, foi claramente mencionada na conversa com Nicodemos, quando Jesus afirma:
“Em verdade te digo que, se alguém não renascer de novo, não poderá ver o Reino de Deus. [...]” (João, 3:3-8.)3
Ao que Nicodemos revidou, por não entender a possibilidade de uma nova vida em um novo corpo. Jesus não entrou em detalhes elucidativos, por compreender a dificuldade de entendimento do interlocutor.
Aliás, a incompreensão de há dois mil anos continua na atualidade, já que as próprias religiões ditas cristãs, com milhões de adeptos, negam a divina lei das vidas sucessivas, reafirmada pelos Espíritos superiores, à frente o Espírito de Verdade, trazendo a Terceira Revelação, o Espiritismo, que elucida essa e inúmeras outras questões de caráter religioso e científico, proporcionando à Humanidade uma melhor compreensão da verdade e da vida.
O grande erro das religiões predominantes no mundo resulta de uma falsa interpretação das leis universais, levando a maioria dos homens à acanhada ideia que fazem da Natureza e das formas da vida.
Exemplos desses erros milenares, que subsistem apesar das revelações trazidas pela Espiritualidade superior:
1. A criação da alma no momento do nascimento do ser humano com vida, conforme os ensinos das igrejas cristãs e de outras religiões tradicionais;
2. a existência do inferno eterno para os que praticam o mal, numa evidente negação do amor e da bondade de Deus.
Poderíamos citar diversos outros ensinos religiosos contraditórios, mas bastam esses dois para demonstrar a necessidade da atualização das religiões quanto à verdade e à vida.
O Cristianismo primitivo – a Doutrina que Jesus trouxe à Humanidade –, está exposto nos Evangelhos de seus discípulos.
Mas foi o próprio Cristo que prometeu pedir ao Pai o envio de outro Consolador, para reafirmar os seus ensinos e trazer aos homens o conhecimento de coisas novas.
Já estando no mundo o Consolador, cabe aos homens reconhecê-lo e estudá-lo, pois nele estão o meio e a forma de seguir o Mestre e retificar os transvios e as más interpretações praticados no decurso de dois mil anos.
REFERÊNCIAS
1 DENIS, Léon. Cristianismo e espiritismo. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 4, p. 51.
2 DENIS, Léon. Cristianismo e espiritismo. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 4, p. 52.
3 DENIS, Léon. Cristianismo e espiritismo. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 4, p. 55.
Reformador 2009
O CONSOLADOR
Editada em 1940, nasceu da feliz ideia de espíritas mineiros, frequentadores do Grupo Espírita “Luis Gonzaga”, de Pedro Leopoldo, na reunião de 31 de outubro de 1939. O Grupo foi a primeira instituição das atividades mediúnicas do respeitável psicografo, que nasceu na mencionada cidade, em 1910.
A obra está estruturada no estilo de “O Livro dos Espíritos”, com perguntas e respostas, facilitando o entendimento de questões complexas. Divide-se em três partes: Ciência, Filosofia e Religião, que o autor classifica de “triângulo de forças espirituais” na feição consoladora do Espiritismo.
Emmanuel, na abordagem da primeira parte, deixa claro que a ciência só é útil quando contribui para “a iluminação dos sentimentos, na sagrada melhoria das características morais do homem.”
Com impressionante clareza, define quais seriam os verdadeiros objetivos das pesquisas, descobertas e invenções, com no caso da Biologia em que “seus enigmas profundos soa os mais nobres apelos à realidade espiritual e ao exame das fontes divinas da existência.”
Ao tratar da Química, faz surpreendente revelação ao declarar que no começo da organização planetária, após o desprendimento da Terra da nebulosa solar, os Espíritos sob a orientação do Cristo “encontraram, no protoplasma, o ponto de início para a sua atividade realizadora, tomando-o como base essencial de todas as células vivas dos organismos terrestres.”
Na questão 30, confirma a existência de órgãos no corpo perispiritual. Na imediata, 31, mostra-nos que a reencarnação, “nas primeiras manifestações de vida no embrião humano” apresenta aspectos bem diferentes, de acordo com os graus de evolução dos reencarnantes.
Analisa também a Física, a Psicologia, Sociologia e as ciências abstratas, especializadas, combinadas e aplicadas.
Na segunda parte, sobre a Filosofia, traz-nos textos atraentes a respeito da vida, dos sentimentos, da cultura, da iluminação e da evolução.
Na terceira e última parte – Religião – faz preciosa avaliação sobre o “Velho Testamento”, as Leis e os Profetas. Mostra a grandiosa “missão universalista de Jesus Cristo”, seus sacrifícios, suas dores e suas parábolas.
Aprofunda os ensinamentos trazidos por nosso amado Mestre, dando-nos preciosas explicações sobre passagens ainda não definitivamente compreendidas como “sois deuses”, “trazer paz à Terra”, “transfiguração”, “ressurreição de Lázaro”, “eucaristia”, “negação de Pedro”…
Suas apreciações sobre a “união”, “perdão”, ”fraternidade”, como variações do “amor”, são comoventes e altamente esclarecedoras.
Nos itens IV e V, “Espiritismo” e “Mediunidade”, seus comentários são indispensáveis à nossa formação doutrinária. Exalta a grandiosa “missão do Espiritismo”, destacando a importância inafastavel da fé raciocinada. Adverte “os estudiosos que não desejam a evangelização íntima” e responde às “queixas dos que procuram o Espiritismo sem intenção séria.”
Oportunamente, desenvolve temas sobre a mediunidade mostrando a “necessidade do sentimento para execução da tarefa mediúnica”. Surpreende, quando trata da retirada da mediunidade, por causa do seu mau uso, e condena a prática da mediunidade como “fonte de renda material”.
Ao tratar da mediunidade como “apostolado”, nos faz vibrar positivamente, valorizando nossa Fé, mostrando que toda vitória nesse campo “é a que nasce do entendimento e da aplicação com Jesus Cristo” no trabalho e no sacrifício do coração.
REFERÊNCIA
Autor espiritual: Emmanuel
Médium: Chico Xavier
Editora: Federação Espírita Brasileira
Mundo Espírita
Outubro /2008
LIBERDADE E RESPONSABILIDADE
MARTA ANTUNES DE MOURA
Liberdade significa o direito de agir segundo a própria vontade ou livre arbítrio, desde que pessoas ou instituições não sejam prejudicadas. Daí os orientadores informarem, em O Livro dos Espíritos, que não existe liberdade absoluta, mas relativa: “[…] porque todos precisais uns dos outros, tanto os pequenos como os grandes.”1 Complementam esse pensamento ao afirmarem que o limite da liberdade individual está restrito à liberdade do outro: “[…] Desde que dois homens estejam juntos, há entre eles direitos a serem respeitado e, portanto, nenhum deles gozará de liberdade absoluta.”2 Mesmo a liberdade de pensar que, no primeiro momento, nos dá sensação de ser ampla e infinita, percebemos que os nossos pensamentos fazem vinculações com outros pensamentos, pelos processos naturais das afinidades e sintonias, condições que podem ampliar, ou não, o grau da nossa liberdade.
A adequada compreensão desse teor de ideias ensina-nos como agir corretamente nos diferentes níveis do relacionamento humano: familiar, profissional, social, institucional, religioso etc., visto que a liberdade de pensar, falar e agir, além de ser restritiva em si mesma, desencadeia consequências, boas ou más, no tempo e no espaço, pois, como esclarece o lúcido benfeitor Emmanuel, o pensamento é produto do ser pensante, da sua mente:
A mente é o espelho da vida em toda parte. […]
Nos seres primitivos, aparece sob a ganga do instinto, nas almas humanas surge entre as ilusões que salteiam a inteligência, e revela-se nos Espíritos aperfeiçoados por brilhante precioso a retratar a Glória Divina. Estudando-a de nossa posição espiritual, confinados que nos achamos entre a animalidade e a angelitude, somos impelidos a interpretá-la como sendo o campo de nossa consciência desperta, na faixa evolutiva em que o conhecimento adquirido nos permite operar. Definindo-a por espelho da vida, reconhecemos que o coração lhe é a face e que o cérebro é o centro de suas ondulações, gerando a força do pensamento que tudo move, criando e transformando, destruindo e refazendo para acrisolar e sublimar.3
O atual estágio evolutivo da humanidade terrestre demonstra que o indivíduo já possui um certo domínio sobre os seus atos instintivos e que a sua inteligência está mais aperfeiçoada, decorrente da aquisição de conhecimentos intelecto-morais ao longo das experiências reencarnatórias e nos estágios ocorridos no plano espiritual. Assim, já não se justifica o desconhecimento da utilização de certos princípios, sobretudo os de natureza moral e ético, que regulam as relações interpessoais ─ definidas como a forma de nos relacionamos com o próximo.
Tudo isso nos conduz à certeza de que a liberdade de agir, por mais insignificante que seja a sua manifestação, apresenta consequências, a curto, médio e longo prazos. Surge, então, a necessidade premente de agir com responsabilidade.
A noção de responsabilidade está apoiada nos preceitos éticos e morais que a sabedoria do Evangelho de Jesus sintetiza em suas lições, das quais extraímos apenas dois ensinamentos para a nossa reflexão imediata:
O primeiro é: […] Amarás o Senhor teu Deus de todo teu coração, de toda tua alma, de todo teu entendimento, e com toda a tua força. E o segundo é este: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não existe outro mandamento maior do que este […]. Marcos, 12: 29-3.
Tudo aquilo, portanto, que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles, pois esta é a Lei e os Profetas. Mateus, 7: 12.
Revela um certo grau de maturidade espiritual, o indivíduo que estabelece como norma comportamental associar a liberdade com a responsabilidade, antes de tomar qualquer decisão. Essa forma de agir, moralmente correta, representa o que se conceitua como liberdade de consciência ─ essa voz íntima, lúcida e mansa, que a providência divina marcou todos os seres humanos para auxiliá-los a evoluir.
A liberdade de consciência nos transforma em pessoas melhores, aptas a pôr em prática a lei de justiça, amor e caridade: “[…] A liberdade de consciência é uma das características da verdadeira civilização e do progresso.” 4
A benfeitora Joanna de Ângelis revela o segredo dos bons relacionamentos, a partir de conhecida história popular:
Uma velha fábula conta que, numa já remota era glacial, os porcos-espinhos sentiram-se ameaçados de destruição pelo frio que reinava em toda a parte. Por instinto, uniram-se e conseguiram sobreviver em razão do calor que irradiavam. Não obstante, pelo fato de estarem próximos, uns dos outros, passaram a ferir-se mutuamente, provocando reações inesperadas, quais o afastamento deles. Como consequência da decisão, todos aqueles que se encontravam distantes passaram a morrer por falta de calor. Os sobreviventes, percebendo o que acontecia, reaproximaram-se, agora, porém, conhecedores dos cuidados que deveriam manter, a fim de não se magoarem reciprocamente. Graças a essa conclusão feliz, sobreviveram à terrível calamidade. 5
Joanna acrescenta, como conclusão: “Trata-se de excelente lição para uma feliz convivência, um produtivo relacionamento […].”6
REFERÊNCIAS
- KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Evandro Noleto Bezerra. 4. ed. 9. imp. Brasília: FEB, 2020. Q. 825, p. 357.
- Q. 826, p. 357.
- XAVIER, Francisco Cândido. Pensamento e vida. Pelo Espírito Emmanuel. 19 ed. 1 imp. Brasília: FEB, 2013. Cap. 1, p. 9.
- KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Evandro Noleto Bezerra. 4. ed. 9. imp. Brasília: FEB, 2020. Q. 837, p. 360.
- FRANCO, Divaldo Pereira. Despertar do espírito. Por Joanna de Ângelis. 4 ed. Salvador: LEAL, 2000. Cap. Relacionamentos humanos, 135-136.
- 136.
Editorial do FEB.
Outubro/2020
A SEGURANÇA DO TRABALHO
Atendendo a instruções de Emmanuel, Chico iniciava os trabalhos no “Centro Espírita Luiz Gonzaga” às oito da noite, encerrando os às dez horas, enquanto frequentou sozinho a instituição. Fazia a prece de abertura, orava e, depois, lia páginas de O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, de Allan Kardec, comentando as, em voz alta, para os desencarnados.
Pessoas da família indagavam sobre aquela resolução de “falar sozinho”, entretanto, o médium explicava:
— Há muitos Espíritos frequentando a casa. Chegam desconsolados e tristes e Emmanuel afirma que a obra de evangelização é necessária a todos nós. Não podemos parar...
Certa noite, uma senhora desencarnada em Pedro Leopoldo conversava com o Chico no salão do Centro, em que ele se achava aparentemente sozinho e o diálogo seguia, curioso:
— Tenhamos fé em Jesus, minha irmã... Não desespere. Com a paciência alcançaremos a paz... Sem calma, tudo piora... Com o tempo, a senhora, verá que tudo está certo como está.
A conversação prosseguia assim, quando uma das irmãs do médium, escutando-lhe a palavra, debruçada em janela próxima, perguntou-lhe em voz alta:
— Chico, quem está conversando com você?
— Dona Chiquinha de Paula.
— Que história é esta? Dona Chiquinha já morreu...
— Ah! Você é que pensa... Ela está bem viva.
A irmã do rapaz, alvoroçada, comunicou aos familiares o que ocorria. Chico devia estar maluco. Era preciso medicá-lo, socorrê-lo.
Outras irmãs do Médium, porém, apressaram-se a observar que ele trabalhava, corretamente, todos os dias.
Seria justo dar por louco um irmão que era amigo e útil?
Ficou então estabelecido em família que, enquanto o Chico estivesse firme no serviço, ninguém cogitaria de considerá-lo um alienado mental.
Desse modo, o Chico Xavier costuma dizer que o trabalho de cada dia, com a bênção de Deus, tem sido para ele a melhor segurança.
Livro Lindos Casos de Chico Xavier
Autor Ramiro Gama
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