Sê caridoso sempre, mesmo naqueles momentos mais difíceis de tua caminhada, dando exemplo de sabedoria e bondade, por onde passes, que Deus vendo o teu gesto nobre, te abençoará. Áulus.
APRENDIZ DA PRIMEIRA HORA
Começar ou recomeçar sempre para fazer melhor a tarefa. O aprendiz que deseje aperfeiçoar-se deve sempre estar disposto a recomeçar, se for o caso. Porque somente o exercício será capaz de dar a segurança necessária para que se possa vencer qualquer atividade no mundo.
Assim será com aquela criança que precisa ser alfabetizada. Apresenta-se lhe, no início, o alfabeto e mediante o conhecimento das letras, de maneira elementar, e depois de conhecê-las bem, começa-se a junção das letras e assim sucessivamente até que possa dominar a linguagem escrita.
Em todos os campos da atividade humana ocorre o mesmo. Sempre começando pelas tarefas mais simples e somente mais tarde, chega-se às mais complexas, porque é a forma segura de superar-se cada etapa, obedecendo a uma ordem de aprendizado; assim poderá ter um satisfatório aproveitamento daquilo que se dispõe a aprender.
Na vida do Espírito é a mesma coisa. Quantos estágios com aproveitamentos variados. Somente alguns é que conseguem realmente vencer todos os degraus com êxito. Porém, aqueles que retardam a marcha não deixam de ser objeto da solicitude do Mestre Amoroso que sempre dispensa tesouro de amor, especialmente àqueles que mais necessitam.
É o amor operando maravilhas para elevar o homem a um mundo melhor.
É o Mestre Abnegado que se dispôs descer até ao nível dos seus tutelados para oferecer-lhes as lições verdadeiras do amor sem limites.
É o Mestre Sábio que se apresentou na face do mundo numa hora crucial da história da Humanidade para ofertar-se numa cruz, anônimo, entre dois ladrões, para dar ao mundo a lição do amor e do perdão.
Muito embora esses mesmos aos quais se dispusera amar mostrassem-se maus, hipócritas e tramando, inclusive, contra a sua própria vida. Nem assim o Mestre de Amor os deixou de amar, porque reconheceu neles crianças inconseqüentes que realmente não sabiam o que faziam, e rogou ainda ao Pai de Bondade que os perdoassem e não lhes imputassem a culpa por mais esse delito.
É o Mestre Valoroso que luta dia e noite para que todos possam receber um pouco de paz em seus corações ansiosos.
É o Mestre da Eloqüência silenciosa falando através do mendigo que bate de porta em porta para abrir a porta do seu coração, que está travado por dentro e somente você será capaz de mover o ferrolho para abrir.
É na figura daquele filho difícil que se apresenta para reclamar atenção redobrada e que muitas vezes lhe negara em outras existências, porque estava distraído com outros valores.
É muitas vezes aquele que se apresenta na imagem daquela criança abandonada que da vida só deseja ter um pouco de afeto e carinho, ou aquele outro que não tem um lugar para voltar após perambular pelas ruas e estradas, sem destino, o dia todo.
É muitas vezes aquela criatura que vive na mais completa solidão entre tantas pessoas, ou aquele outro que vive numa casa luxuosa, mas sente-se perdido no mundo porque não encontra paz em lugar nenhum, ou ainda aquele político de destaque que só procura os seus próprios interesses, mas ao seu lado mesmo, estará alguém para anotar todas suas atitudes e depois lhe dizer claramente que o crime não compensa.
Depois de tanto tempo é imperioso reconhecer que Ele, o Divino Amigo, esteve em toda a parte, chamando a atenção do homem para que desperte para a realidade do Espírito.
Nunca é demais imaginar que pode Ele, de uma hora para outra, transformar corações endurecidos, de tantos anos, também como fez a Zaqueu, mostrar o caminho da redenção.
É Ele mesmo que fala no silêncio da noite aos corações amargurados, que é preciso ter esperança e confiança que uma solução terá para aqueles graves problemas do momento, que talvez seja um teste necessário para que possa progredir com mais rapidez e dizer por fim:
Que o trabalho fortalece o trabalhador.
Que muitos caminhos existem, mas é preciso amar sempre.
Que o amor engrandece aquele que ama.
Que a lei do amor e caridade tem vigência em toda parte, por isso é urgente que se matricule, como aprendiz, ainda hoje, numa escola de amor, onde os valores são marcados pelo bem que se promova àqueles que sofrem mais e pelas lágrimas que tenha a felicidade de enxugar.
Áulus/Otacir Amaral Nunes
Campo Grande/MS
RESPOSTA DO ALÉM
Minha irmã: Valho-me do “correio do outro mundo” para responder à sua carta, cheia da sensibilidade do seu coração de mulher.
Pede-me a senhora o concurso de Espírito desencarnado para a solução de problemas domésticos no setor de educação aos filhinhos que Deus lhe confiou. Conforta-me, sobremaneira, a sua generosidade; entretanto, minha amiga, a opinião dos mortos, esclarecidos na realidade que lhes constitui o novo ambiente, será sempre muito diversa do conceito geral.
É verdade que o túmulo nos fornece renovação em quase todos os preceitos que nos pautavam as atitudes.
Aí no mundo, entrajados no velho manto das fantasias, raros pais conseguem fugir à cegueira do sangue. De orientadores positivos, que deveríamos ser, passamos à condição de servidores menos dignos dos filhos que a Providência nos entrega, por algum tempo, ao carinho e ao cuidado.
Na Europa, trabalhada pelo sofrimento, existem coletividades que já se acautelam contra perigos da inconsciência na educação infantil entre mimos e caprichos satisfeitos. Conhecemos, por exemplo, um rifão inglês que recomenda: - “poupa a vara e estraga a criança”. Mas, na América, geralmente, poupamos os defeitos da criança, para que o jovem nos deite a vara logo que possa vestir-se sem nós. Naturalmente que os britânicos não são pais desnaturados, nem monstros que atormentem os meninos na calada da noite, mas compreenderam, antes de nós, que o amor, para educar, não prescinde da energia e que a ternura, por mais valiosa, não pode dispensar o esclarecimento.
Dentro do Novo Mundo, e principalmente em nosso País, as crianças são pequeninos e detestáveis senhores do lar que, aos poucos, se transformam em perigosos verdugos. Enchemo-las de brinquedos inúteis e de carinhos prejudiciais, sem a vigilância necessária, diante do futuro incerto. Lembro-me, admirado, do tempo em que se considerava herói o genitor que roubasse um guizo para satisfazer a impertinência de algum pequerrucho traquinas e, muitas vezes, recordo, envergonhado, a veneração sincera com que via certas mães insensatas a se debulharem em pranto pela impossibilidade de adquirir uma grande boneca para filhinha exigente. A morte, todavia, ensinou-me que tudo isso não passa de loucura do coração.
É necessário despertar a alegria e acender a luz da felicidade em torno das almas que recomeçam a luta humana, em corpos tenros e, muita vez, enfermiços. Fora tirania doméstica subtraí-las ao sol, ao jardim, à Natureza. Seria crime cerrar-lhes o sorriso gracioso, com os ralhos inoportunos, quando os seus olhos ingênuos nos pedem compreensão. Entretanto, minha amiga, não cogitamos de proporcionar-lhes a alegria construtiva, nem nos preocupamos com a sua felicidade real. Viciamo-las simplesmente.
Começamos a tarefa ingrata, habituando-lhes a boca às piores palavras da gíria e incentivando-lhes as mãos pequenas à agressividade risonha. Horrorizamo-nos quando alguém nos fala em corrigenda e trabalho. A palmatória e a oficina destinam-se aos filhos alheios. Convertemos o lar, santuário edificante que a Majestade Divina nos confia na Terra, em fortaleza odiosa, dentro da qual ensinamos o menosprezo aos vizinhos e a guerra sistemática aos semelhantes. Satisfazendo-lhes os caprichos, dispomo-nos a esmagar afeições sublimes, ferindo nossos melhores amigos e descendo aos fundos abismos do ridículo e da estupidez. Fiéis às suas descabidas exigências, falhamos em setenta por cento de nossas oportunidades de realização espiritual na existência terrestre. Envelhecemo-nos prematuramente, contraímos dolorosas enfermidades da alma e, quase sempre. Só reconhecem alguma coisa de nossa renúncia vazia, quando o matrimônio e a família direta os defrontam, no extenso caminho da vida, dilatando-lhes obrigações e trabalhos. Ainda aí, se a piedade não comparece no quadro de suas concepções renovadas, convertem-nos em avós e escravos submissos.
A morte, porém, colhe nossa alma em sua rede infalível para que nos aconselhemos, de novo, com a verdade. Cai-nos a venda dos olhos e observamos que os nossos supostos sacrifícios não representavam senão amargoso engano da personalidade egoística. Nossas longas vigílias e atritos angustiosos eram, apenas, a defesa improfícua do mentiroso sistema de proteção familiar. E humilhados, vencidos, tentamos debalde o exercício tardio da correção. Absolutamente desamparados de nossa lealdade e de nossa previdência, por se manterem viciados pela nossa indesejável ternura, os filhos do nosso amor rolam, vida afora, aprendendo na aspereza do caminho comum. É que, antes de serem os rebentos temporários de nosso sangue, eram companheiros espirituais no campo da vida infinita, e, necessitavam atender ao resgate, junto de nós outros, adquirindo mais luz no entendimento. Não devíamos cercá-los de mimos inúteis, mas de lições proveitosas, preparando-os, em face das exigências da evolução e do aprimoramento, para a vida eterna.
Desse modo, minha amiga, use os seus recursos educativos, compatíveis com o temperamento de cada bebê, encaminhando-lhes o passo, desde cedo, na estrada do trabalho e do bem, da verdade e da compreensão, porque as escolas públicas ou particulares instruem a inteligência, mas não se podem responsabilizar pela edificação do sentimento. Em cada cidade do mundo pode haver um Pestalozzi que coopere na formação do caráter infantil, mas ninguém pode substituir os pais na esfera educativa do coração.
Se a senhora, porém, não acreditar em minhas palavras, por serem filhas da realidade indisfarçável e dura, exercite exclusivamente o carinho e espere pela lição do futuro, sem incomodar-se com os meus velhos conselhos, porque eu também, se ainda estivesse envolvido na carne terrestre e se um amigo do “outro mundo” me viesse trazer os avisos que lhe dou, provavelmente não os aceitaria.
Irmão X
Do livro “Luz no Lar” de Francisco C. Xavier
APELO AO TRABALHO MAIOR
Em primeiro de dezembro de 1953, de volta a Pedro Leopoldo, recebemos, pela mão do Chico, a seguinte Mensagem do nosso caro companheiro Braga Neto, que oferecemos aos nossos leitores:
............................................................................
Aí vai o nosso apelo ao Trabalho Incessante e Maior.
Hoje entendo que o Espiritismo é muito mais que uma Doutrina para o nosso modo de crer, muito mais que um sistema de indagação da fé... Representa, acima de tudo, uma luz para o coração e para a inteligência, requisitando-nos todas as possibilidades para expressar-se em serviço aos nossos semelhantes que, no fundo, é sempre socorro e assistência a nós mesmos.
Um corpo carnal é um templo vivo, onde nosso espírito consegue furtar-se às escuras reminiscências do passado culposo e, simultaneamente, em que nos cabe aproveitar o presente na estruturação do futuro Por mais que se nos agigante o entendimento no mundo, no estado atual de nossa evolução, não compreendemos a riqueza da reencarnação, em todo o sentido que lhe diz respeito. A existência física é dádiva das mais preciosas, de vez que, por ela, é possível renovar o caminho de nosso espírito para a imortalidade vitoriosa. A Terra é uma escola onde conseguimos recapitular o pretérito mal vivido, repetido lições necessárias ao nosso reajuste. Por isso é imprescindível procurar, enquanto aí, o aproveitamento individual da oportunidade, disputando, em nosso benefício, os louros do aprendiz aplicado aos ensinamentos que recolhe... Muito nos pesa reconhecer valiosos companheiros nossos mergulhados na corrente agitada de velhas discussões que, a rigor não edificam, perdendo-se elevado patrimônio de tempo e de empréstimo ao Senhor. O rótulo não define a substância. O título, entre os homens, nem sempre se reveste do valor que lhe corresponde. Palavras precisam de base para o auxílio a que se destinam. Do que posso agora observar, à distância do turbilhão, destaca-se o reconhecimento das horas perdidas, de mil modos diferentes, no curso de nosso breve aprendizado, na experiência física, que, em não nos pertencendo, já que o tempo é um depósito do Senhor, nos agravam os compromissos. Tudo na face do planeta é pura transformação. Os dias se sucedem uns aos outros, mas não são iguais. A infância de hoje é juventude amanhã, tanto quanto a mocidade de agora é madureza depois. Mais que parece, voa o século e, com ele, se apaga o ensejo de ressurreição espiritual, dentro de nós mesmos, se não soubermos gastar sabiamente o crédito que Jesus nos empresta, em precioso adiantamento, no santuário da confiança.
Aproveitemos, desse modo, a Mensagem do Evangelho por norma de luz, no imo da própria consciência, a fim de que a libertação definitiva surja para nós na vida eterna. Enquanto a perturbação palavrosa se alonga nas linhas da luta a que fomos chamados, saibamos construir em nós mesmos o altar do serviço ao próximo para receber a Divina Vontade, oferecendo-lhe a execução.
Continuemos em nosso antigo passado, buscando dessedentar a própria alma na fonte da humildade e da oração. A subida com Jesus é sacrifício na marcha da renúncia a nós próprios. Na Jerusalém convulsionada do mundo, autoridades e poderes, sacerdotes e doutores, filósofos e cientistas, homens e mulheres ainda se aglomeram ao pé da cruz, indiferentes à sorte do Divino Emissário, hoje personificado em seus princípios, que sofrem menosprezo em quase todas as direções; mas o discípulo sincero não ignora que o Mestre não somente escalou o Monte do testemunho, mas além do Monte, escalou o madeiro de martírio e perdão, para ressurgir triunfante, enfim ...
Não esmoreçamos.
Prossigamos com Jesus, hoje amanhã e sempre.
Braga Neto
Do livro “Lindos Casos de Chico Xavier” de Ramiro Gama.
CULTO CRISTÃO NO LAR
O culto do Evangelho no lar não é uma inovação. É uma necessidade em toda parte, onde o Cristianismo lance raízes de aperfeiçoamento e sublimação.
A Boa Nova seguiu da Manjedoura para as praças públicas e avançou da casa humilde de Simão Pedro para a glorificação no Pentecostes.
A palavra do Senhor soou, primeiramente, sob o teto simples de Nazaré e, certo, se fará ouvir, de novo, por nosso intermédio, antes de tudo, no círculo dos nossos familiares e afeiçoados, com os quais devemos atender às obrigações que nos competem no tempo.
Quando o ensinamento do Mestre vibre entre as quatro paredes de um templo doméstico, os pequeninos sacrifícios tecem a felicidade comum.
A observação impensada é ouvida sem revolta.
A calúnia é isolado no algodão do silêncio.
A enfermidade é recebida com calma.
O erro alheio encontra compaixão.
A maldade não encontra brechas para insinuar-se.
E aí, dentro desse paraíso que alguns já estão edificando, em benefício deles e dos outros, o estímulo é um cântico de solidariedade incessante, a bondade é uma fonte inexaurível de paz e entendimento, a gentileza é inspiração de todas as horas, o sorriso é a senha de cada um e a palavra permanece revestida de luz, vinculada ao amor que o Amigo Celeste nos legou.
Somente depois da experiência evangélica do lar, o coração está realmente habilitado para distribuir o pão divino da Boa Nova, junto da multidão, embora devamos o esclarecimento amigo e o conselho santificante aos companheiros da romagem humana em todas as circunstâncias.
Não olvidemos os impositivos da aplicação com o Cristo, no santuário familiar, onde nos cabe o exemplo da paciência, compreensão, fraternidade, serviço, fé e bom ânimo, sob o reinado legítimo do amor, porque estudando a Palavra do Céu em quatro Evangelhos que constituem o Testamento da Luz, somos, cada um de nós, o quinto Evangelho inacabado, mas vivo e atuante, que estamos escrevendo com os próprios testemunhos, a fim de que a nossa vida seja uma revelação de Jesus, aberta ao olhar e à apreciação de todos, sem necessidade de utilizarmos muitas palavras na advertência ou na pregação.
Emmanuel
Do livro “Instrumentos do Tempo” de Francisco C. Xavier
FÉ E TRABALHO
O amanhã se abre às nossas consciências como um raio de luz que vem nos auxiliar. Meditemos sobre a criação a fim de que possamos sentir a realidade da vida que persiste em encontrar o caminho da perfeição.
O tempo nos mostra os corações enamorados pela fé e necessidade de progresso.
As necessidades se acumulam despertando nos corações os reflexos longamente aturados. Deixemos nos guiar pela prece e pela suave música divina que embala os corações na prática da caridade.
Os tempos nos mostram que teremos sempre a disposição, o dom de realizar obras que se tornem úteis a humanidade, oferecendo orientação a todos aqueles que se deixam levar pela necessidade e incompreensão, frente as tribulações da vida e que necessitam de fé e amparo.
Auxilie para que teu coração se torne um depósito de virtudes e de conquistas no campo íntimo. Sinta-se forte e revolucione o ódio e a incompreensão para que o dia se torne mais produtivo e alegre. Onde o ódio e a incompreensão reinar, desafie o seu coração para que possa combatê-los como justificam as leis de Deus. Vença-os com o seu amor e com a vontade de amar.
Sinta a presença de Jesus a segurar as suas mãos, guiando-o para o amor e caridade. Terá então o bálsamo do consolo e, a fé reabilitará seus pensamentos.
Olhe para os lados e não deixe de observar e de notar a presença de um irmão necessitado. Não feche os olhos, pois poderá perder-se na própria escuridão. A luz é divina – perceba isto na luz que vem do céu, para mostrar que o irmão de todas as cores é o branco que ilumina nossa aura e a torna mais visionária e admirada.
Não pare nunca. Pois cada instante parado é atraso para o próprio crescimento. Olhe sempre para os necessitados. A luz que recebemos para guiar nossos passos é a mesma luz que poderá doar para que os irmãos saiam da escuridão.
O amor e a necessidade se entrelaçarão para o crescimento.
Ezequiel
Mensagem recebida pelo médium João de Deus, Campo Grande/MS
PERDÃO
Perdoar e não perdoar significa absolver e condenar?
Nas mais expressivas lições de Jesus, não existem, propriamente, as condenações implícitas ao sofrimento eterno, como quiseram os inventores de um inferno teológico.
O ensinos evangélicos referem-se ao perdão ou à sua ausência.
Que se faz ao mau devedor a quem já se tolerou muitas vezes? Não havendo mais solução para as dívidas que se multiplicam, esse homem é obrigado a pagar.
É o que se verifica com as almas humanas, cujos débitos, no tribunal da justiça divina, são resgatados nas reencarnações, de cujo círculo vicioso poderão afastar-se, cedo ou tarde, pelo esforço no trabalho e boa-vontade no pagamento.
Na lei divina, há perdão sem arrependimento?
A lei divina é uma só, isto é, a do amor que abrange todas as coisas e todas as criaturas do Universo ilimitado.
A concessão paternal de Deus, no que se refere à reencarnação para a sagrada oportunidade de uma nova experiência, já significa, em si, o perdão ou a magnanimidade da Lei. Todavia, essa oportunidade só é concedida quando o Espírito deseja regenerar-se e renovar seus valores íntimos pelo esforço nos trabalhos santificantes.
Eis por que a boa-vontade de cada um é sempre o arrependimento que a Providência Divina aproveita em favor do aperfeiçoamento individual e coletivo, na marcha dos seres para as culminâncias da evolução espiritual.
Antes de perdoarmos a alguém, é conveniente o esclarecimento do erro?
Quem perdoa sinceramente, fá-lo sem condições e olvida a falta no mais íntimo do coração; todavia, a boa palavra é sempre útil e a ponderação fraterna é sempre um elemento de luz, clarificando o caminho das almas.
Quando alguém perdoa, deverá mostrar a superioridade de seus sentimentos para que o culpado seja levado a arrepender-se da falta cometida?
O perdão sincero é filho espontâneo do amor e, como tal, não exige reconhecimento de qualquer natureza.
O culpado arrependido pode receber da justiça divina o direito de não passar por determinadas provas?
A oportunidade de resgatar a culpa já constitui, em si mesma, um ato de misericórdia divina, e, daí, o considerarmos o trabalho e o esforço próprio como a luz maravilhosa da vida.
Estendendo, todavia, a questão à generalidade das provas, devemos concluir ainda, com o ensinamento de Jesus, que “o amor cobre a multidão dos pecados”, traçando a linha reta da vida para as criaturas e representando a única força que anula as exigências da alei de talião, dentro do Universo infinito.
“Concilia-te depressa com o teu adversário.” – Essa é a palavra do Evangelho, mas se o adversário não estiver de acordo com o bom desejo de fraternidade, como efetuar semelhante conciliação?
Cumpra cada qual o seu dever evangélico, buscando o adversário para a reconciliação precisa, olvidando a ofensa recebida. Perseverando a atitude rancorosa daquele, seja a questão esquecida pela fraternidade sincera, porque o propósito de represália, em si mesmo, já constitui uma chaga viva para quantos o conservam no coração.
Por que teria Jesus aconselhado perdoar “setenta vezes sete”?
A Terra é um plano de experiências e resgates por vezes bastante penosos, e aquele que se sinta ofendido por alguém, não deve esquecer que ele próprio pode também errar setenta vezes sete.
Em se falando de perdão, poderemos ser esclarecidos quanto à natureza do ódio?
O ódio pode traduzir-se nas chamadas aversões instintivas, dentro das quais há muito de animalidade, que cada homem alijará de si, com os valores da auto-educação, a fim de que o seu entendimento seja levado a uma condição superior.
Todavia, na maior parte das vezes, o ódio é o gérmen do amor que foi sufocado e desvirtuado por um coração sem Evangelho. As grandes expressões afetivas convertidas nas paixões desorientadas, sem compreensão legítima do amor sublime, incendeiam-se no íntimo, por vezes, no instante das tempestades morais da vida, deixando atrás de si as expressões amargas do ódio, como carvões que enegrecem a alma.
Só a evangelização do homem espiritual poderá conduzir as criaturas a um plano superior de compreensão, de modo a que jamais as energias afetivas se convertam em forças destruidoras do coração.
Perdão e esquecimento devem significar a mesma coisa?
Para a convenção do mundo, o perdão significa renunciar à vingança, sem que o ofendido precise olvidar plenamente a falta do seu irmão; entretanto, para o espírito evangelizado, perdão e esquecimento devem caminhar juntos, embora prevaleça para todos os instantes da existência a necessidade de oração e vigilância.
Aliás, a própria lei da reencarnação nos ensina que só o esquecimento do passado pode preparar a alvorada da redenção.
Os espíritos de nossa convivência, na Terra, e que partem para o Além sem experimentar a luz do perdão,, podem sofrer com as nossas opiniões acusatórias, relativamente aos atos de sua vida?
A entidade desencarnada muito sofre com o juízo ingrato ou precipitado que, a seu respeito, se formula no mundo.
Imaginai-vos recebendo o julgamento de um irmão de humanidade e avaliai como desejaríeis a lembrança daquilo que possuís de bom, a fim de que o mal não prevaleça de vossa estrada, sufocando-vos as melhores esperanças de regeneração.
Em lembrando aquele que vos precedeu no túmulo, tende compaixão dos que erraram e se fraternos.
Rememorar o bem é dar vida à felicidade. Esquecer o erro é experimentar o mal. Além de tudo, não devemos esquecer de que seremos julgados pela mesma medida com que julgamos.(Perguntas n.º 332 a 341)
Emmanuel
Do livro “O Consolador” de Francisco C. Xavier – Editado FEB
Segundo o Codificador, o Espiritismo possui importante papel de revolver e reformar o mundo. Como ele fará isso?
“ Transformação do mundo se dará através da transformação do individuo, porque o Espiritismo é a melhor metodologia comportamental de que se tem noticia. Como visa, principal e objetivamente, a transformação do homem, dessa mudança interior advirá a transformação da comunidade onde ele se encontra situado a viver e, conseqüentemente, de toda a humanidade. Além desse trabalho de transformar o homem interiormente pela metodologia do esclarecimento e do amor, o Espiritismo também influirá de forma positiva no relacionamento das criaturas, porque demonstrará que a felicidade somente é possível quando objetivamos, de início, a paz do nosso próximo. A decantada felicidade pessoal, individual, é uma quimera apresentada pelo egoísmo: a felicidade a dois resulta, naturalmente, de uma necessidade de intercâmbio de emoções que, à medida em que o tempo se desdobra, demonstra não ser legitima. A felicidade real é somente aquela que pode ser equiparada à tarefa da luz que, ao ser emitida, realiza o seu périplo no mini-universo em que estamos e retorna ao foco gerador, isto é, quando o homem ama, ele emite uma mensagem que se dilata, realiza uma jornada, e sempre retorna ao fulcro gerador. Dessa forma, o Espiritismo modificará a comunidade, convidando o homem a uma revisão de valores, a um reescalonamento de conceitos e, ao mesmo tempo, à sua plena integração no espírito da vida.”
Divaldo Pereira Franco
Do livro “Diálogo com Dirigentes e Trabalhadores Espíritas”, editado pela USE
CASO DA BESTA
Em 1931, quando Chico passou a receber as primeiras poesias do “Parnaso do Além-Túmulo”, um cavalheiro de Pedro Leopoldo, muito impressionado com os versos, resolveu apresentar o Médium e os poemas a certo escritor mineiro, de passagem pela cidade.
O filho de João Cândido vestiu a melhor roupa que possuía e, com a pasta de mensagem debaixo do braço, foi ao encontro marcado.
O conterrâneo do Médium, embora católico romano, apresentou o Chico, entusiasmado:
- Esse é o médium de quem lhe falei.
O Escritor cumprimentou o rapaz e entregou-se à leitura dos versos.
Sonetos de Augusto dos Anjos, poemetos de Casimiro Cunha, quadras de João de Deus...
Depois de rápida leitura, o literato sentenciou:
- Isso tudo é bobagem.
E mirando o Chico, rematou:
- Este rapaz é uma besta.
-Mas, doutor, - disse, agastado, o conterrâneo de Chico rapaz tem convicções e abraça o Espiritismo como Doutrina.
- Pois, então, deve ser uma besta espírita, - declarou o escritor.
Bastante desapontado, o Médium despediu-se.
Em casa, durante a oração, a progenitora apareceu.
- A senhora viu como fui insultado? Perguntou o Chico.
E porque Dona Maria se revelasse alheia ao assunto, o filho contou-lhe o caso.
A entidade sorriu e disse:
- Não vejo insulto algum. Creio até que foi honrado. Uma besta é um animal de trabalho...
- Mas o homem me apelidou por “besta espírita”.
- Isso não tem importância, - exclamou a mãezinha desencarnada. Imagine-se como sendo uma besta em serviço do Espiritismo. Se a besta não dá coices, converte-se num elemento valioso e útil.
Porque o filho silenciasse, a dona Maria acrescentou:
- Você não acha que é bom assim?
- É... pensando bem, é isso mesmo.
E o assunto ficou sem alteração.
Ramiro Gama
Do livro “ Lindos casos de Chico Xavier”
SUICÍDIO
O suicídio é um ato antinatural. Os interesses sadios, os laços afetivos e o próprio instinto de conservação constituem fatores de valorização da vida, proporcionando ao homem energia para a superação das situações difíceis.
Decepções amargas, sensações aguda de abandono, fracasso ou inutilidade, doenças atrozes ou mesmo a falta de sentido para existência podem abalar a vontade e o discernimento, levando os que as experimentam a visualizar o fim do que lhes parece um sofrimento suportável na fuga através da morte provocada, com qual esperam a anulação da consciência, o mergulho definitivo no “não ser”.
As religiões sustentam que a nossa verdadeira natureza é espiritual pelo que a vida não se encerra no túmulo. Todas elas condenam o suicídio como gesto infeliz de rebeldia ante a vontade de Deus e informam que o suicida se transfere para uma situação pior do que aquela da qual ele tentou fugir.
As correntes religiosas não reencarnacionistas classificam o autocídio como falta sem remissão, ficando os que o cometem condenados, eternamente, a padecimentos cruéis, sendo-lhes, em várias delas, interditadas as preces normalmente feitas pelos mortos, supostamente inúteis no seu caso. O razão repele tais afirmativas, por ser incompatível com a idéia de um Criador justo e misericordioso, definido por Jesus como nosso Pai.
A Doutrina Espírita considera também o suicídio um erro grave, cujas conseqüências, sempre dolorosas, jamais, contudo, são eternas nem idênticas para todos, variando conforme as características pessoais do infrator e as circunstâncias – inclusive as pressões espirituais negativas – que o envolveram, levando-o àquela atitude.
Foi exatamente essa a situação constatada pelo Codificador à colher os depoimentos de diversos suicidas, fato, aliás, que se repete em nossos dias nas reuniões mediúnicas dedicadas ao socorro de Espíritos sofredores. Vejam-se, por exemplo, as expressões de uma suicida que foi bondosamente acolhida e esclarecida na Sociedade Espírita de Paris: “Que luz de esperança acabais de fazer despontar em minha alma! É como um relâmpago na noite que me cerca. Obrigada, vou orar... adeus". Que diferença de uma condenação inapelável...
A Doutrina Espírita nos recomenda orar pelos suicidas, auxiliando-os também com nossas vibrações de simpatia e paz, pois que são irmãos nossos que se enganaram dolorosamente, mas que, como nós, permanecem amparados pela bondade divina que os encaminha para a felicidade a que todos estamos destinados.
D. Villela
“O Céu e o Inferno” 2.a Parte, Capítulo 5).
Serviço Espírita de Informações Boletim Semanal, 17/03/2001.
DO CÉU PARA A TERRA
O professor, em curso de mestrado, propôs aos alunos:
- Se fossem morar numa ilha deserta e pudessem levar apenas um livro, qual escolheriam?
Respostas variadas, segundo interesses, concepções e predileções individuais:
- Os Miseráveis, de Victor Hugo.
- O Emílio, de Rosseau.
- O Capital, de Marx.
- A Interpretação dos Sonhos, de Freud
- A Origem das Espécies, de Darwin.
- As Flores do Mal, de Baudelaire.
- Os Diálogos, de Platão.
- O Príncipe, de Maquiavel.
- A Teoria da Relatividade, de Einstein.
O professor sorriu:
- Não seria mais proveitoso um manual de sobrevivência?
O mestre foi, acertadamente, pragmático.
Numa situação dessa natureza importa, sobretudo, a utilidade prática de uma obra literária.
Os livros escolhidos poderiam atender às suas aspirações literárias, mas eram totalmente inúteis em relação ao essencial:
Como sobreviver numa ilha deserta?
Lembrando a singela enquete, pergunto-lhe, prezado leitor.
Se você estivesse na Vida Espiritual, prestes a reencarnar neste vale de lágrimas, e lhe fosse concedido trazer um livro, no que pensaria?
Certamente, com a visão objetiva dos Espíritos desencarnados que superaram regiões umbralinas, o purgatório espírita, haveria de optar, igualmente, por um manual que o ajudasse a sobreviver.
Não me refiro a integridade física. Dela haveriam de cuidar o instinto de defesa da prole, em princípio, nos seus pais, e o instinto de conservação em você, depois.
Refiro-me a uma sobrevivência, digamos espiritual, a integridade dos projetos que certamente fez, porquanto não há de ter sido por mero diletantismo que mergulhou na carne.
Até posso adivinhar o que planejou:
· Disciplina das emoções.
· Reforma íntima.
· Exercício da caridade.
· Harmonização com os desafetos.
· Consolidação de laços afetivos.
· Resgate dos débitos cármicos.
Esse é o material de construção de gloriosa e desejada edificação – O Reino de Deus em nós.
Com ele realizaremos o projeto maior, elaborado pelo Pai Celeste em favor de seus filhos: nossa plena harmonização com os ritmos do Universo, promovidos a prepostos do Senhor.
Futuro promissor, suprema ventura.
Colaborar com o Criador na obra da Criação!
Assim, não tenho dúvidas de que você escolheria um livro que o ajudasse a superar a amnésia imposta pelo processo reencarnatório.
Com ele seria possível retornar o conhecimento dos porquês da vida – de onde viemos, por que estamos na Terra, para onde vamos...
Caminharia com mais segurança, evitando perder-se nos meandros da ilusão, que conduz tanta gente ao fracasso.
Abençoado manual de sobrevivência, roteiro seguro para cumprimento dos sagrados objetivos que o trouxeram à vida física, garantindo-lhe existência feliz e produtiva.
Saiba, caro leitor, que esse livro maravilhoso está a sua disposição.
Graças à iniciativa de prepostos de Jesus, nosso governador celeste, e à lucidez de valoroso missionário, o “milagre” aconteceu.
O livro foi transposto do Céu para a Terra.
O missionário:
Allan Kardec.
O manual:
O Livro dos Espíritos.
Não o perca de vista!
Tenha-o sempre perto!
Leia, consulte, estude, anote suas lições!
Gaste suas páginas!
Abebere-se de seus princípios!
Cumpra suas orientações!...
E haverá de sair-se muito bem!
Terá:
Na Terra – a seara que planejou no Além!
No Além – as bênçãos semeadas na Terra!
Richard Simonetti
Revista Literária Candeia
Obs.: Artigo especial em comemoração aos 144 anos de O Livro dos Espíritos (18 de abril de 1857)
ANTE A REENCARNAÇÃO
Nas tarefas da noite de 27 de maio de 1954, consoante as informações dos nossos Benfeitores Espirituais, e, segundo deduzimos das diversas comunicações obtidas de entidades sofredoras, nosso Grupo achava-se repleto de companheiros desencarnados, sequiosos de reencarnação, muitos deles implorando a volta à carne como único recurso de solução aos problemas que lhes torturavam a alma.
Primeiramente Emmanuel, o nosso instrutor de sempre, incorporou-se ao médium e transmitiu-nos o apontamento que passamos a transcrever:
Meus amigos, a paz do Senhor seja convosco.
Enquanto a Escola Espiritual da Terra prepara as criaturas reencarnadas para o fenômeno da morte, em nosso plano de ação essa mesma Escola prepara as criaturas desencarnadas para o aprendizado da existência no corpo físico.
Atento a este programa, nosso irmão Cornélio tomará hoje o equipamento mediúnico a fim de dirigir-se, por alguns momentos, à grande assembléia de companheiros que se achegam ao nosso recinto, suspirando pelo retorno ao templo de luta na matéria mais densa.
Passemos , desse modo, a palavra ao nosso amigo e que Jesus nos abençoe. Emmanuel
Logo após, o irmão Cornélio Mylward, que foi generoso médico em Minas Gerais e que freqüentemente nos assiste com a sua dedicação fraterna, tomou o campo mediúnico e, em voz grave e pausada, dirigiu aos desencarnados presentes o apelo a seguir:
Sim, disputais novos recursos de esclarecimento e redenção no precioso santuário da carne...
Muitos de vós aguardais para breve essa dádiva, através de petições que não nos é lícito examinar.
Indubitavelmente, na maioria das vezes, nosso regresso ao trabalho no mundo físico exprime verdadeiro prêmio de luz...
Para que obtenhamos tal concessão, porém, é indispensável nosso concurso que a Lei Divina, obedecendo-lhe aos regulamentos que definem o Bem Infinito, em todas as suas manifestações.
É preciso modificar os nossos “clichês” mentais para que a nossa volta à escola terrestre signifique recomposição e refazimento. Essa transformação, contudo, não será levada a efeito apenas à força de preces, meditações e conclusões em torno do passado.
Faz-se imprescindível a dinâmica da ação.
O serviço será sempre o grande renovador de nossa vida consciencial, habilitando-nos à experiência reconstrutiva, sob a inspiração de nosso Divino Mestre e Senhor.
Não conquistarmos o vestuário carnal entre os homens sem aquisição de simpatia entre eles.
É necessário gerar no espírito daqueles nossos associados do pretérito, que se encontram no educandário humano, a atitude favorável à solução dos nossos problemas.
Templos religiosos, estabelecimentos hospitalares, círculos de assistência moral, domicílios angustiados, cárceres de sofrimento, palcos de tortura expiatória... eis nosso vasto setor de concurso fraterno!
Nessas esferas de regeneração e corrigenda, companheiros encarnados e desencarnados, padecentes e aflitos, expressam o material de nossa preparação.
A fim de esquecer velhas provas, aliviemos as provas alheias.
Para desobstruir o caminho de nossa consciência culpada, devemos favorecer a libertação dos que suportam fardos mais pesados que os nossos, porque ajudando aos nossos semelhantes angariaremos o auxílio deles, fazendo-nos, ao mesmo tempo, credores do amparo daqueles Irmãos Maiores que nos estendem próvidos braços da Vida Superior.
Pacifiquemos o espírito, oferecendo mãos amigas aos que peregrinam conosco, e construiremos o trilho de acesso à preciosa luta de que carecemos na própria reabilitação.
Somente a atividade em socorro ao próximo conseguirá renovar-nos a fonte do pensamento, traçando-nos seguras diretrizes, pois sob o guante de nossas lembranças constringentes o esforço da reencarnação redundará impraticável, de vez que nossas reminiscências infelizes são fatores desequilibrantes de nosso mundo vibratório, impedindo-nos a formação de novo instrumento fisiológico suscetível de conduzir-nos à reorganização do próprio destino.
Expurguemos a mente, apagando recordações indesejáveis e elevando o nível de nossas esperanças, porque, na realidade, somos arquitetos de nossa ascensão.
Somente ao preço de uma vontade vigorosa e pertinaz, situada no bem comum, é que lograremos conquistar o interesse dos Grandes Instrutores em prol da concretização de nossas aspirações mais nobres.
Regenerando a química de nossos sentimentos, o que decerto nos custará renunciação e sacrifício, atingiremos mais clara visão para reencontrar os laços de nosso pretérito, e, então, segundo os dispositivos de hereditariedade, que traduz parentesco de inclinações e compromissos, seremos requisitados pelas criaturas que se afinam conosco, tanto quanto, desde agora, estão elas sendo requisitadas por nossos anseios.
Reaproximar-nos-emos, desse modo, de quantos se harmonizam com a experiência em que nos demoramos, e, aderindo-lhes à existência, seremos defrontados pelas provas condizentes com a nossa natureza inferior, comungando-lhes o pão de luta, indispensável à recuperação de nossa felicidade.
Mas, se nos abeiramos de nossos futuros pais e de nossos futuros lares, envoltos na tempestade da incompreensão e da indisciplina, apenas espalharemos, ao redor de nós, desarmonia e frustração, porquanto, em verdade, o nosso caminho na vida será sempre a projeção de nós mesmos.
Purifiquemo-nos por dentro quanto seja possível, olvidando todo o mal!
Lançar sobre os elementos genésicos a energia viciada dos lamentáveis enganos que nos precipitaram à sombra, será prejudicar o corpo que a herança terrena nos reserva, reduzindo-nos as possibilidades de vitória no combate de amanhã.
Só existe, portanto, para nós um remédio eficaz: - o trabalho digno com que possamos erguer o espírito ao plano superior que presentemente buscamos.
Trabalho que nos corrija e nos aproxime de Deus.
Cornélio Mylward
Do livro “Instruções Psicofônicas” de Francisco C. Xavier – Edição FEB
EM FACE DA MORTE
A mais pungente dor moral, pertinaz e profunda, é a que decorre da separação imposta pela morte física.
Nada que se lhe equipare, considerando as injunções que impõe, de tal modo que dilacera os tecidos sutis da alma.
Mesmo quando aguardada ou almejada, constitui surpresa, graças ao convite vigoroso que faz em relação à única realidade de que ninguém se pode eximir: - a imortalidade!
Sorrateira, arrebata os afetos e carrega os adversários, produzindo inusitada emoção que sempre aflige, particularmente quando se tratam dos amores aos quais se tem vinculado o coração.
Enigmática, transfere os seres de um para outro estágio da vida, mas não os aniquila.
Libertação para uns, ensejando felicidade e triunfo, após as caminhadas rudes, faz-se grilheta e cárcere para a consciência que se intoxicou pelos vapores da insensatez ou que cultivou os cardos da criminalidade a que se submeteu, em demorada contrição.
Concessão divina é incompreendida por aqueles que amam a ilusão e se arroga a fatuidade do poder terreno.
A ninguém poupa e a todos iguala, temporariamente, para selecioná-los logo depois, através de títulos morais de que se fazem portadores.
Não te rebeles ante as conjunturas da morte, que te separou, momentaneamente, do ser a quem amas.
Não será definitiva tal circunstância.
Tem paciência e espera, preparando-te para o reencontro que logo mais se dará.
Os teus afetos te aguardam, esperançosos. Não os decepciones com a revolta ou com o desespero injustificado.
Eles vivem como também viverás.
Anteciparam-te na viagem, mas não se apartaram, realmente, de ti.
Não os vê, mas estão ao teu lado...
Se os amas, estão contigo, se os detestas, vinculam-te a ti.
Não os fixes às memórias inditosas, aos impositivos da paixão, às condições da tua dor.
Luariza a saudade, mediante a certeza de reencontrá-los.
Assim, utiliza as tuas horas disponíveis para produzir o Bem, pensando neles, orando por eles, convertendo moedas em pães, flores transitórias em reconforto para outros seres que padecem privações.
Se desejares fazer mais, coloca alguém arrancado dos braços da orfandade ou da miséria, da velhice ou da viuvez, no lugar deles, no lar, e ajuda por amor a eles.
Bendirão teu gesto e acercar-se-ão mais de ti, ajudando-te também.
Essa dor angustiante hebetadora, diminui quando o amor se desdobra em direção do sofrimento humano, por afeição e gratidão dos que morreram, e vivem.
No Calvário, rompendo o silêncio dominador, à hora extrema, Jesus, antes da libertação total, fez-nos o precioso legado de entregar Sua mãe a João e este à aquela, como a legislar que a mais alta expressão do amor é a doação da vida a outras vidas, por tributo de carinho à Sua vida.
Medita e enxuga o pranto da saudade, transformando-o em esperanças de felicidade porvindoura.
Joanna de Ângelis
Mensagem recebida pelo médium Divaldo Pereira Franco.
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