ESPIRITISMO SEM ESPÍRITOS
Estranho movimento surgiu levantando a tese de que os Centros Espíritas não deveriam realizar reuniões mediúnicas, ficando apenas na incumbência da religião e assim deixar os Espíritos em paz. Tese realmente estranha, porém, não surgiu só agora; desde a época da codificação do Espiritismo com Allan Kardec estudando, pesquisando, perguntando aos Espíritos superiores que estavam ditando a glamorosa doutrina e ao mesmo tempo recebendo inúmeras críticas sobre o que já havia recebido dos Espíritos e definindo a doutrina Espírita.
Queriam aqueles detratores da doutrina demostrar que os Espíritos que se comunicavam eram Espíritos ordinários que não ensinavam nenhuma verdade nova e que eram incapazes, ficando nas banalidades da moral e que a concordância dos ensinos deles era ilusória e insuficiente e como nada ensinavam de novo, não seria necessário que eles, os Espíritos, participassem das reuniões dos encarnados.
Também queriam desvincular o ensino dos Espíritos, pois as instruções deles estariam abaixo da inteligência dos homens, esquecendo-se que esses Espíritos, que por mais elevados que fossem, já foram homens e já superaram os conhecimentos da humanidade e graças a eles não mais acreditamos que os anjos são criaturas privilegiadas e que os demônios são criaturas predestinadas ao mal por toda eternidade.
Esclarece Allan Kardec que os Espíritos podem ser divididos em duas categorias: os que chegaram ao topo da escala da evolução e deixaram definitivamente a vida material e os que ainda por força da reencarnação permanecem ligados à humanidade da Terra, podendo se comunicar conosco.
Apesar da grande dificuldade de se saber se a comunicação é mesmo de um Espírito elevado, o que é importante são as coisas boas que ele diz, podendo vir de qualquer parte do globo. Tendo eles a liberdade de se comunicar independentemente de seu grau de elevação, e por isso o Espiritismo nunca disse que devemos crer cegamente em tudo que dizem, aliás o próprio Espirito de São João asseverou que não acreditássemos em todos eles, mas que víssemos se eles são de Deus.
Resta-nos avaliar a qualidade da comunicação, o valor de suas instruções e não a maneira da linguagem, que muita vez reflete a inferioridade do médium que as transmite, como um hábil escritor se serve de uma pena ruim quando usa as faculdades de um médium pouco letrado.
Trazendo então para nossos dias em que as inúmeras reuniões espíritas mediúnicas são constantes nas Casas Espíritas e que na maioria das vezes são tratamentos espirituais dos irmãos que foram para o mundo espiritual com sérios problemas e obsessões e que têm a oportunidade de solucioná-los nessas reuniões. Como ficariam esses Espíritos sem tais reuniões e mesmo como ficariam as pessoas que se submetem ao tratamento espiritual sem o auxílio dessas reuniões que são realizadas com grande fraternidade e amor pelos incansáveis trabalhadores da glamorosa doutrina dos Espíritos?
Crispim.
Referência bibliográfica: Revista Espírita 1866.
ORAR
Crie o bom e salutar hábito de orar por si mesmo e pelos outros.
O mesmo que pede pelos semelhantes, será o que receberá em primeiro lugar. Sempre inclua em suas preces aqueles que sofrem mais, pois que em verdade estes é que mais necessitam de amparo para superar suas próprias deficiências.
Muitas vezes se esquece de orar pelos infelizes, não sabendo que a oração é um bálsamo e um incentivo para que continuem lutando para vencer seus próprios defeitos.
As pessoas procuram tão distantes a solução para seus problemas, quando na verdade os grandes problemas estão dentro de si mesmos. E a oração é um dos recursos mais poderosos que se tem ao alcance.
Às vezes são mágoas e ressentimentos que se alojaram de há muito nas tessituras mais íntimas do seu coração, e arraigaram-se de tal maneira que somente com muito amor e oração, é que poderão superar essas fraquezas do campo moral.
A oração é um pedido silencioso a Deus diante de crises de sofrimento, pois que é o supremo apelo daquela mãe desesperada, do pai aflito, do filho infeliz, ou do homem que já caiu e não pode mais se levantar.
Mas será esse pedido cheio de amor que o fará visível diante do Pai, e não mediante rogativas para adquirir bens materiais, pois somente do seu coração deve partir sentimento sincero de se melhorar mediante os esforços de cada dia.
Mas faça a sua profissão de fé.
Lembre-se de Jesus.
Antes, cumprir as suas obrigações, perdoar todos aqueles que porventura o tenha ofendido, não guardar nem mágoa nem rancor, ser generoso e caridoso com aqueles que estão em pior situação que a sua, nesse caso pode rogar a Deus, mas coisas simples e necessárias à vida e a coragem moral de superar as dificuldades do caminho.
Porque suas orações serão ouvidas e receberão as respostas na hora certa, mas confie que nada fica esquecido diante de Deus. Obterá a resposta daquele sonho que mais almeja em seu coração, naturalmente que se fez por merecer, no campo dos sentimentos, existe algo muito importante que se chama merecimento, que é a base para ser ouvido pela Divina Misericórdia.
Histórias Educativas
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
A DOR BENFEITORA
A vida sempre traz possibilidade ao espírito que sofre, pois que a encarnação constitui um dos maiores recursos para que se possa pavimentar o próprio caminho.
Ninguém sofre sem causa, a dor representa o azorrague que desperta a criatura para uma realidade maior. Muito a tem por algo terrível, mas se analisar cada caso, verá que ela é extremamente importante e até indispensável ao próprio interessado para possa rever a sua própria condição de espírito endividado diante da lei.
Francisco Otaviano, poeta paulistano, já dizia: “Que passou pela vida e não sofreu, simplesmente passou pela vida não viveu”. Mostrando que o sofrimento é um elemento importante em nossa caminhada, porque nos torna mais humano e solidário.
E mesmo porque todos passam pelo sofrimento de uma forma ou de outra, quer morem em palácios ou choupanas, todos passam por esse considerando da lei e quem se mostrar mais respeitoso com o próximo, com mais facilidade vencerá os obstáculos, porque entendeu o fim providencial do aguilhão…
Sem dúvida nenhuma que requer uma base muito grande de esforço esse despertar, mas nem por isso fica esquecido um til da lei, porque toca ao que é essencial ao despertar para uma nova realidade.
A dor representa um recado para pensar melhor o que faz da vida, porque muitas vezes somente com provas difíceis é que podem derribar a muralha do orgulho, porque ninguém consegue esquecer o bezerro de ouro de suas ilusões passageiras com facilidade, somente com o respaldo da dor
Às vezes até com o coração encharcado de lágrimas atravessam longos trechos do caminho, às vezes para vencer a distância que o separa do próximo e que em ultima análise, será o seu grande benfeitor, porque a riqueza e a posição social criam muitas barreiras entre as pessoas. Enquanto que os recursos de qualquer natureza deviam ser um fator de união entre elas, muitas vezes somente as divide.
Infelizmente muitas pessoas não compreenderam realidade de tal situação e a dor surge para repor cada coisa no seu lugar. Se desperdiçada a oportunidade colocada em suas mãos a lei age no sentido de usar a outra face da lei, como bem explica a linguagem popular, se não for por amor será pela dor.
É isso justamente o que ocorrem quando se comete muitos equívocos, sem atinar que mais tarde terá de ressarcir até o ultimo centavo, a fim de que se restabeleça a ordem em toda a plenitude. .
Pode muitas vezes pensar que sofra sem uma justificativa, aliás, não percebe esse despertar da própria vida e que renasceu para fazer-se melhor.
Lições De Simplicidade
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
AUTORIDADE DA DOUTRINA ESPÍRITA.
CONTROLE UNIVERSAL DO ENSINO DOS ESPÍRITOS
Incontáveis esforços, em todos os tempos, foram dispensados ao estudo das escrituras. Entre acertos e equívocos, a Humanidade construiu verdadeiro labirinto de conceitos e fundamentos, nem sempre claros, ao redor da mensagem límpida e simples daquele que nos governa desde o início. Jesus, evidentemente, jamais esteve alheio aos nossos comportamentos e pretensões e prometeu-nos enviar o Consolador para nos lembrar da sua mensagem e nos revelar outros entendimentos que, à época, não permitiriam sua justa compreensão. Cristo nos diz: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; o Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós”.
Nessa passagem, nosso Mestre nos revela muito mais do que uma análise de superfície poderia indicar: ele nos fala que o Consolador ficará conosco para sempre. Para assim ser, diferentemente das outras revelações morais que nosso mundo foi beneficiário, o Paráclito – Espírito de Verdade, Espírito Santo, ou o Consolador – não poderia estar vinculado a elementos fadados à temporalidade, como personalidades, corpos físicos ou instituições. Deveria vir de modo que não fosse corruptível, que sobressaísse às voluptuosidades humanas, inalcançável às paixões inferiores daqueles a quem deve iluminar. Assim, nada mais salutar que o Consolador prometido por Jesus viesse em forma de Doutrina, imperecível, transformadora, para melhoria do ser humano. Doutrina despojada de pressupostos teóricos da ciência do mundo, ainda carentes de comprovação, mas que vem a nós por meio de fatos incontestes explicados por leis naturais, com o aval do raciocínio e da experiência, dos efeitos à causa. Eis a Doutrina Espírita.
Na introdução de O evangelho segundo o espiritismo, Allan Kardec refere-se à Autoridade da Doutrina, o Consolador prometido. Essa autoridade é aferida por diversos aspectos, do seu conteúdo à forma como foi codificada, dentre os quais, podemos destacar:
Encontramos aí a informação de que a Doutrina Espírita não foi formulada a partir de ideias pré-concebidas ou tendo como base teses que careciam de comprovações. Ao contrário, a revelação se deu a partir dos efeitos notórios que ensejaram a descoberta de suas causas, tão surpreendentes quanto inimagináveis à época. Afirma o Codificador: “Se a Doutrina Espírita fosse de concepção puramente humana, não teria como garantia senão as luzes daquele que a houvesse concebido [...].”
A profundidade e amplitude da mensagem espírita repousa em causas acima da compreensão humana comum, pois, usualmente, as ideias, sistemas e doutrinas têm sua origem em uma única cabeça do que as vê como uma revelação divina. “[...] Quis Deus que a sua lei se assentasse em base inabalável, e foi por isso que não lhe deu por fundamento a cabeça frágil de um só”.
A Doutrina Espírita evidencia não apenas a existência de Espíritos como sendo homens desencarnados, mas abre nossas mentes para toda uma reformulação do que é a própria Humanidade. Tal conhecimento não poderia advir dos homens senão por um superficial exercício de imaginação, visto estes estarem, evidentemente, limitados às suas próprias percepções. Lembra-nos o Espírito André Luiz: “[...]. Coletivamente, não somos duas raças antagônicas ou dois grandes exércitos, rigorosamente separados através das linhas da vida e da morte, e sim a grande e infinita comunidade dos vivos, tão somente diferenciados uns dos outros pelos impositivos da vibração, mas quase sempre unidos para a mesma tarefa de redenção final!” [...].
Esses pensamentos tão elevados reforçam a autoridade que a Doutrina dos Espíritos possui em relação aos conhecimentos mais avançados que nossa sociedade já conseguiu alcançar.
Livro Evangelho Redivivo
FEB
PSICOGRAFIA
Querida Janaína!...
Sinto-me feliz por haver lembrado de mim e graças ao concurso de amigos pude chegar até aqui, pelo menos para agradecer este gesto carinhoso de sua parte.
Naturalmente que sente uma imensa vontade de saber como me encontro hoje e o que realmente aconteceu nesse suposto descuido de minha parte.
Ocorre que muitos acontecimentos da vida se dão em respostas as nossas atitudes do passado, que ainda grande parte das pessoas não entendem, porém devo esclarecer que os fatos mais importantes já são previamente determinados antes de ingressar no corpo denso, isto corresponde aos nossos interesses mais urgentes, visando o nosso equilíbrio futuro, e muitas vezes com o nosso consentimento. Em muitos casos acontece que se vive com muita intensidade a vida da matéria, esquece temporariamente os compromissos, mas a lei vigilante sempre agindo em nosso favor, encarrega-se de promover o nosso retorno quando chega o momento previsto, comigo não foi diferente.
Num primeiro momento não conseguia entender o que realmente havia acontecido, sabia que passara por um perigo, porém não tinha consciência do que realmente aconteceu, pois que continuava vivo, afinal nada havia mudado.
Mais tarde quando compreendi o que realmente aconteceu, o desespero tomou conta do meu coração, como se fosse um pássaro abatido por um tiro certeiro em pleno voo, na plenitude de minhas forças físicas, aliás, uma armadilha do destino, pensava, então, a dor, a inconformação de haver deixado a namorado, os amigos, os pais e familiares, prematuramente. A dor se instalou no meu coração e deixei-me ficar por longo tempo preso à descrença e a revolta, às vezes ficava na vizinhança no lar cabisbaixo e triste, imaginando mil coisas que pudesse minorar minha imensa dor e mágoa, assim que eu vivi longas noites escuras e sombrias em que a esperança não me visitava o coração. Chorei, gritei e um dia que a dor se fazia maior pela saudade, parece que meu coração se abriu e pude finalmente rezar, pedir a Deus com toda a intensidade de minha alma que me perdoasse que precisava pelo menos ter acesso à esperança, coisa que nunca havia feito. Amigos prestimosos se acercaram de minha e ofereceram a sua ajuda e era exatamente esse apoio que mais precisava naquele momento, e compreendi que era um náufrago, mas que nada havia perdido o rumo, mas perderia sim, se continuasse a viagem, porque o meu porto era ali e havia de fato desembarcado, a princípio não entendi muito os costumes do lugar, mas aos poucos fui me adaptando, e reconheci que a viagem não fora tão ruim, como a princípio supunha, até de certo modo cumprira o roteiro programado, então a compreensão foi devagarinho se estabelecendo em meu coração e pude compreender a razão dessa viagem, bem como as suas consequências. Não sei se me fiz entender, mas este retorno compulsório já havia sido programado por nossa vontade, objetivando resolver certas pendências que o tempo trouxe de volta.
Tenho recebido a suas vibrações de paz e carinho através das preces e pensamentos, que tem sido para mim, como se estivesse no deserto preste a desfalecer de sede e de repente alguém chegasse aos meus lábios um pouco de água pura para saciar a sede e em breves instantes senti-me reanimado e esperançoso e voltei os olhos para o futuro cheio de fé e esperança.
Consciente que nossos caminhos se bifurcaram, pois que foi considerado necessário que seguisse o meu roteiro e você o seu, entretanto, devo lembrar que sou muito grato por tudo, e quero que me perdoe se alguma vez magoei o seu coração, porque muitas vezes agimos sem o devido cuidado e sem querer ferimos alguém que era o que menos queríamos.
Portanto, aqui está algumas palavras e quero desejar lhe muita paz e felicidade, pois você realmente merece.
Já é hora de me retirar.
Quero deixar um forte abraço do amigo e irmão sempre reconhecido.
Anderson
EM NOME DE DEUS
Por Carlos Augusto de São José
Camilo, mentor espiritual do médium, ao prefaciar a obra, tece considerações oportunas sobre o autor. Lembra as dores físicas de sua breve existência e o seu obstinado amor pela Doutrina Espírita.
Vale acrescer que José Lopes Neto foi Presidente da Federação Espírita do Paraná com apenas 27 anos de idade, desencarnando antes de completar 40 anos. Foi vidente, psicógrafo, audiente e vibrante orador.
Extremamente sensato e virtuoso, não hesitou em abrir mão de interesses pessoais para criar e educar seus irmãos menores, órfãos que eram. Não contraiu matrimônio, com o propósito de dedicar-se exclusivamente à formação deles, um médico, um advogado e vários professores.
Com essas credenciais, obteve acesso à mediunidade de Raul Teixeira, para escrever Em nome de Deus, precioso contributo para nossas meditações.
Camilo, sempre lúcido em suas colocações, destaca a argúcia do autor que “valeu-se de alguns ditos e crenças populares para esmiuçar, desdobrar e aclarar concepções da alma do povo a respeito de Deus”.
Perfeito! Não se trata de novo e complexo compêndio científico sobre o Criador e a monumental obra da Criação. Muito menos de uma nova versão filosófica sobre o assunto.
Compõe-se o livro de 33 capítulos ligeiros e de fácil compreensão. É excelente para leitura e reflexão em culto cristão-espírita no lar e para estudo em grupo, além de enriquecer com ideias novas o acervo doutrinário dos que se ocupam das tribunas no sacrificial esforço da divulgação.
Aborda com muita propriedade o engano de certas afirmações como “Deus é pai e não padrasto”, mostrando a injustiça cometida, já que há ótimos padrastos e pais indiferentes à sorte dos filhos. Por essa razão, os bons padrastos acabaram estigmatizados.
Outra colocação notável que faz, chama a atenção para o fato de que, às vezes, desejamos trazer Deus para o acanhado universo de nossas limitações, quando o certo é expandirmos nossas potencialidades na direção da “Inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”, como asseverou Jesus, ao nos concitar: “Sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai Celeste”.
Na página “Quando se sabe sofrer com Deus”, conceitos simples e profundos tocam o coração, despertando-nos para outro nível de entendimento, ao dizer:
“Com Deus, o teu padecimento tem sentido educativo.
Com Deus, toda lágrima atende as áreas ressecadas da tua intimidade.
Com Deus, os desastres são os testemunhos que ficaste devendo à existência.
Com Deus, a própria morte se converte em libertação, na procura de novos horizontes ou de novos céus”.
“Nossa felicidade com Deus”, “Deus e a morte”, “O que Deus quer”, “Superação com Deus”, entre outros, dão grandiosa dimensão ao livro.
A literatura espírita faltava uma obra desse gênero! Não lê-la, é perder preciosa oportunidade de crescer mentalmente. É deixar de fortalecer-se ante as magnas questões da Vida.
Disponível na Livraria Mundo Espírita, na Praça Osório, 399, em Curitiba, também podendo ser adquirido através da Livraria virtual www.livrariamundoespirita.com.br.
Autor espiritual: José Lopes Neto
Médium: J. Raul Teixeira
Publicação: Editora Fráter Livros Espíritas
Mundo Espírita
Junho/2007
HERESIAS
“E até importa que haja entre vós hereSiaS, para que os que são sinceros se manifestem entre vós.” — Paulo. (1ª EPÍSTOLA AOS CORÍNTIOS, capítulo 11, versículo 19.)
Recebamos os hereges com simpatia, falem livremente os materialistas, ninguém se insurja contra os que duvidam, que os descrentes possuam tribunais e vozes.
Isso é justo.
Paulo de Tarso escreveu este versículo sob profunda inspiração.
Os que condenam os desesperados da sorte não ajuízam sobre o amor divino, com a necessária compreensão. Que dizer-Se do pai que amaldiçoa O filho por haver regressado a casa enfermo e sem esperança?
Quem não consegue crer em Deus está doente. Nessa condição, a palavra dos desesperados é sincera, por partir de almas vazias, em gritos de socorro, por mais dissimulados que esses gritos pareçam, sob a capa brilhante dos conceitos filosóficos ou científicos do mundo. Ainda que os infelizes dessa ordem nos ataquem, seus esforços inúteis redundam a benefício de todos, possibilitando a seleção dos valores legítimos na obra iniciada.
Quanto à suposta necessidade de ministrarmos fé aos negadores, esqueçamos a presunção de satisfazê-los, guardando conosco a certeza de que Deus tem muito a dar-lhes. Recebamo-los como irmãos e estejamos convictos de que o Pai fará o resto.
Livro "Caminho, Verdade e Vida"
Pelo Espírito Emmanuel
Francisco Cândido Xavier
PELAS OBRAS
“E que os tenhais em grande estima e amor por causa da sua obra.” Paulo (I Tessalonicenses, 5:13)
Esta passagem de Paulo, na Primeira Epístola aos Tessalonicenses, é singularmente expressiva para a nossa luta cotidiana.
Todos experimentamos a tendência de consagrar a maior estima apenas àqueles que leiam a vida pela cartilha dos nossos pontos de vista. Nosso devotamento é sempre caloroso para quantos nos esposem os modos de ver, os hábitos enraizados e os princípios sociais; todavia, nem sempre nossas interpretações são as melhores, nossos costumes os mais nobres e nossas diretrizes as mais elogiáveis.
Daí procede o impositivo de desintegração da concha do nosso egoísmo para dedicarmos nossa amizade e respeito aos companheiros, não pela servidão afetiva com que se liguem ao nosso roteiro pessoal, mas pela fidelidade com que se norteiam em favor do bem comum.
Se amamos alguém tão só pela beleza física, é provável encontremos amanhã o objeto de nossa afeição a caminho do monturo.
Se estimamos em algum amigo apenas a oratória brilhante, é possível esteja ele em aflitiva mudez, dentro em breve.
Se nos consagramos a determinada criatura só porque nos obedeça cegamente, é provável estejamos provocando a queda de outros nos mesmos erros em que temos incidido tantas vezes.
É imprescindível aperfeiçoar nosso modo de ver e de sentir, a fim de avançarmos no rumo da vida Superior.
Busquemos as criaturas, acima de tudo, pelas obras com que beneficiam o tempo e o espaço em que nos movimentamos, porque, um dia, compreenderemos que o melhor raramente é aquele que concorda conosco, mas é sempre aquele que concorda com o Senhor, colaborando com ele, na melhoria da vida, dentro e fora de nós.
Fonte Viva
Francisco Candido Xavier
Pelo Espírito de Emmanuel
EM VISITA Á FAZENDA DO PAI
Em 1946, adoece de novo, gravemente. Gastara demais o corpo.
Achava-se esgotadíssimo, fraco, febril. Os médicos, consultados, dão no como tuberculoso. E em certa manhã ensolarada, vendo-o sentado, muito triste, à porta da casa, Emmanuel, seu dedicado Guia, põe-lhe a mão no ombro e lhe diz:
— Chico, procure reagir, senão você falirá. Sua enfermidade é tanto do corpo como do espírito. Mas não desanime. Vai ficar bom, se Deus quiser.
E, depois de lhe dar uma bela aula sobre os males do desânimo, da tristeza e das mágoas recolhidas, ampliadas pelo nosso pessimismo, diz-lhe:
— Logo, ao dormir, lembre-se de mim. Vou levar seu espírito a um lugar muito lindo e onde será medicado.
De fato, ao dormir, Chico lembra-se do convite de Emmanuel, e, depois de orar, dorme antegozando o auspicioso passeio. Em espírito, vê-se junto ao seu Guia. E, com ele, caminha por um vergel esmeraldado de trevos viçosos, floridos, como jamais vira na terra. Ao fim, sentado num banco envolto em luz alaranjada, está um menino delicado, belo. Emmanuel apresenta-o ao Chico.
E sob a surpresa do médium, o menino, com rara facilidade, como quem pega outra criança, segura-o e o põe ao colo.
Passa as mãos pequenas e luminosas sobre o corpo do Chico. Afaga-o amorosamente, estreitando-o ao peito, e diz-lhe sorrindo:
— Pronto, está medicado.
Chico despede-se do lindo irmãozinho.
E já quase a chegar em casa e enclausurar-se, de novo, no corpo e acordar para a realidade da terra, Emmanuel, abraçando-o, afirma satisfeito:
— Chico, você recebeu hoje um remédio de que necessitava: uma transfusão de fluidos.
Vai acordar, amanhã, melhorado, sem cansaço, sem febre e mais forte, graças a Deus!
No dia seguinte, Chico acordou diferente.
Ressoava-lhe aos ouvidos o que ouvira.
O coração, agradecido ao Senhor guardava a grande Graça. E sentia que tudo desaparecera: cansaço, tristeza, mágoa, medo, febre, tudo. Sim, tudo, porque bem traduzia o que ganhara.
Agora teria de dar também tudo, como está dando, a bem da Grande Causa, que a todos nos irmana e iguala na Fazenda do Pai, que é Deus!
Livro Lindos Casos de Chico Xavier
Autor Ramiro Gama
O EXEMPLO DA ÁRVORE
Dizem que quando a primeira árvore apareceu na Terra, trazia do Pai Celestial a recomendação de alimentar o homem e auxiliá-lo, em nome do Céu, por todos os meios que lhe fosse possível.
Resolvida a cumprir a ordenação do Senhor, certo dia foi visitada por um ladrão, perseguido pela Justiça.
Ele sentia fome e, por isso, furtou-lhe vários frutos.
Em seguida, decepou-lhe muitos galhos, deles fazendo macia cama para descansar e refazer-se.
A árvore não se agastou com o assalto. Parecia satisfeita em ajudá-lo e até se mostrava interessada em adormecê-lo, agitando harmoniosamente as folhas, tangidas pelo vento.
Erguendo-se, fortalecido, o pobre homem ouviu o ruído dos acusadores que o buscavam e, angustiado, sem saber que rumo tomar na várzea deserta, notou que o nobre vegetal, em silêncio, como que o convidava a asilar-se em seus ramos.
Imediatamente, à maneira de um menino, o infeliz escalou o tronco e escondeu-se na copa farta.
Os guardas vieram e, desistindo de encontrá-lo em razão da busca infrutífera, retiraram-se para lugarejo distante.
Foi então que o desventurado desceu para o solo, impressionado e comovido, reparando que se achava à frente de humilde mensageira do Céu.
Roubara-lhe os frutos e mutilara-lhe as frondes; entretanto, oferecera-lhe, ainda, seguro abrigo.
O homem infeliz começou a meditar no exemplo da árvore venerável, incumbida por Deus de cooperar na distribuição do alimento de cada dia na Terra, e, nela reconhecendo verdadeira emissária do Céu, que lhe saciara a fome e lhe dispensara maternal proteção, abandonou o mal em que se havia mergulhado e passou a ser outro homem.
Livro Pai Nosso
Francisco Candido Xavier
Pelo Espírito de Meimei
ORAÇÃO DO PERDÃO
"Eu me liberto do ódio por meio do perdão e do amor. Entendo que o sofrimento, quando não pode ser evitado, está aqui para me fazer avançar em direção à glória.
As lágrimas que me fizeram verter, eu perdoo.
As dores e as decepções, eu perdoo.
As traições e mentiras, eu perdoo.
As calúnias e as intrigas, eu perdoo.
O ódio e a perseguição, eu perdoo.
Os golpes que me feriram, eu perdoo.
Os sonhos destruídos, eu perdoo.
As esperanças mortas, eu perdoo.
O desamor e o ciúme, eu perdoo.
A indiferença e a má vontade, eu perdoo.
A injustiça em nome da justiça, eu perdoo.
A cólera e os maus-tratos, eu perdoo.
A negligência e o esquecimento, eu perdoo.
O mundo, com todo o seu mal, eu perdoo.
Eu perdoo também a mim mesma.
Que os infortúnios do passado não sejam mais um peso em meu coração.
No lugar da mágoa e do ressentimento, coloco a compreensão e o entendimento.
No lugar da revolta, coloco a música que sai do meu violino.
No lugar da dor, coloco o esquecimento.
No lugar da vingança, coloco a vitória.
Serei naturalmente capaz de amar acima de todo desamor,
De doar mesmo que despossuída de tudo,
De trabalhar alegremente mesmo que em meio a todos os impedimentos,
De estender a mão ainda que em mais completa solidão e abandono,
De secar lágrimas ainda que aos prantos,
De acreditar mesmo que desacreditada.
Assim seja. Assim será."
O Aleph
Paulo Coelho
ESCRAVIDÃO E LIBERDADE
Divaldo Franco
Professor, médium e conferencista espírita
Em todas épocas da Humanidade o ser humano, mantendo em predomínio o seu instinto de conservação da vida, procurou submeter o outro, com medo natural de ser-lhe vítima.
Desde priscas eras o bruto, o forte, o déspota, o astuto exerceram a dominação física e, às vezes, mental, sobre o seu próximo.
No período em que vivia exclusivamente sob o controle dos instintos básicos: comer, dormir e reproduzir-se, dominado por estranhos impulsos, sempre buscou ser superior aos seus contemporâneos, lutando com ferocidade pelo próprio bem-estar, mesmo que a prejuízo dos demais, que não lhes merecem consideração.
Esse comportamento foi o gerador das guerras calamitosas, que ainda hoje constituem terrível câncer na sociedade.
A escravidão foi um dos recursos utilizados pelos povos beligerantes que, ao venceram aqueles considerados adversários, pagavam alto preço para continuarem a vida em situações indignas e cruéis.
Alguns povos tornaram-se vítimas de outros por séculos, como no caso dos judeus que foram escravizados pelos egípcios e babilônios, os primeiros por quatrocentos anos.
Na Idade Média, tivemos guerras intérminas, como a dos Trinta Anos, a dos Cem Anos e ódios que ainda permanecem em muitas nações.
O denominado Colonialismo é herança espúria desse sentimento primário que tem explorado os povos submetidos, mantendo-os na miséria, enquanto são levados à exaustão, ao aniquilamento.
A escravidão negra é um desses fenômenos históricos mais lamentáveis.
Quando, após a Revolução Francesa de 1789, ensejou-se o sonho da liberdade, igualmente inata no ser humano, as leis do progresso voltaram-se para essas vítimas e concederam a libertação, sem facultar meios para a sobrevivência, mantendo incontáveis infelizes livres sob as suas degradantes administrações.
Nesse sentido, o Brasil foi o último do Ocidente a conceder o direito de vida, através da Lei Áurea, a quarta elaborada e firmada pela Princesa Isabel.
A verdade é que ainda hoje muitos dos descendentes afro-brasileiros não encontraram oportunidade de viver com a dignidade que as leis lhes permitem.
Libertados os seus ancestrais, esses ficaram em aglomerados miseráveis sem trabalho, nem possibilidade de estudar, estigmatizados e oprimidos.
A célebre Madame Roland, grande revolucionária de França, traída e condenada à guilhotina, antes de ser assassinada, gritou: – Oh! Liberdade, liberdade, quantos crimes se cometem em teu nome!
Essa liberdade dominada pelos poderosos constitui uma vergonha para a cultura e a civilização que estertoram.
Artigo publicado no jornal A Tarde (Bahia), coluna Opinião, 13 de maio de 2021.
TERCERIZAÇÃO
Em praça pública, a senhora de meia-idade, com quatro filhos pequenos, um em seus braços, pede auxílio.
O marido a abandonou, ela está doente, as crianças passando privações.
Um homem passa por ali e se condói.
- Situação terrível! – considera com seus botões.
Abre a carteira, estende-lhe alguns trocados e despede-se, proclamando, enfático:
- Deus a abençoe e proteja minha irmã!
Por instantes, brilhou em seu coração uma réstia de amor, infiltrando-se no egoísmo humano.
Não obstante, consideremos leitor amigo: que amor inoperante! Amor inútil!
Um arrendo de amor, que transferiu para Deus a iniciativa de ajudar de forma efetiva a sofredora senhora.
Ele deveria fazê-lo! Superar a famosa zona de conforto. Conversar com ela, anotar seu endereço, visita-la, conhecer suas carências, mobilizar recursos em seu favor, até mesmo com uma orientação sobre órgãos públicos que poderiam atende-la.
-
É impressionante, caro leitor, como, sem constrangimento, damos encargos ao Pai Celeste:
Se alguém está em dificuldade:
- Deus o ajude!
Se alguém está enfermo:
- Deus há de curá-lo!
Se alguém está atormentado:
- Deus o ampare!
Se alguém tem problemas:
- Deus resolverá.
Até em assuntos de caráter pessoal, o mesmo comportamento:
Se alguém nos faz um favor:
- Deus lhe pague!
Se alguém nos causa prejuízos:
- Deus o Castigue!
Se alguém nos magoa:
- Deus está vendo!
Seríamos bem mais eficientes no propósito de ajudar alguém se, em vez de criar encargos para a divindade, nos colocássemos a serviço do Senhor, medicando o doente, socorrendo o necessitado o ofensor, orando pelos que nos perseguem e caluniam, como ensinava Jesus.
-
Nunca ouvi alguém dizer que, atendendo às solicitações humanas, o Criador materializou-se e resolveu o problema, ou atendeu à sua fome, entregando-lhe uma cesta básica...
Podemos afirmar que o Senhor não faz isso porque não pode?
Obviamente, não. É onipotente.
Não sabe?
Claro que sabe! É onisciente.
Não quer?
Absurdo! Deus é a misericórdia em plenitude.
Então não faz por quê?
Podemos responder a essa pergunta lembrando uma observação de André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier, no livro Ação e Reação: “[...] o Criador atende a criatura por intermédio das próprias criaturas. [...]”1
É fácil entender isso. O grande desafio no atual estágio evolutivo é vencer o egoísmo, a tendência de pensarmos muito em nós mesmos, com alheamento em relação ao próximo.
Estamos na contramão do universo, que é regido pela solidariedade, filha do amor.
Ao deixar à criatura humana o encargo de atender seus filhos, Deus nos oferece os recursos para vencer o egoísmo e, ao mesmo tempo, nos transformarmos em instrumentos da misericórdia divina.
Quando nos preocupamos em fazer algo em favor do próximo, é Deus quem fala por nós, quem nos inspira, quem nos conduz, que nos realiza no esforço do bem...
Dizia o apóstolo Paulo, na exaltação da fé (Romanos, 8:31) “Se Deus é por nós, quem será contra nós?”.
A consciência da proteção divina é o grande apoio, o grande estímulo, oferecendo-nos força e coragem para enfrentar as atribuições do mundo.
Podemos fazer ainda melhor: estarmos com Deus, cumprindo os programas da misericórdia divina.
Basta fazer ao próximo o bem que gostaríamos de receber dele, como ensina Jesus.
REFERÊNCIA:
1 – XAVIER, Francisco C. Ação e reação. Pelo Espirito André Luiz. 30. ed. 3. imp. Brasília. FEB, 2015. cap. Entendimento, p.146.
REFORMADOR
2015
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