"Luzes do Amanhecer"

Fundado em 16/07/1996 publicado 02/02/2006
JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA - ANO XVI - N. 187 * Campo Grande/MS * Agosto de 2021.
EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
Rua Colorado n o 488, Bairro Jardim Canadá, CEP 79112-480, Campo Grande-MS.

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           Viva feliz e aproveite o tempo que está a sua disposição.


 

 

ÓDIO

 

            Hoje em dia com a evolução surpreendente da comunicação eletrônica e a disseminação global das redes sociais, temos a sensação que a violência cresceu assustadoramente e que o ódio ainda impera neste planeta que nos serve de provas e expiações. Talvez seja apenas impressão, pois há algum tempo as notícias demoravam muito a chegar e também não nos chegavam violências e crimes não detectados pelos canais informativos.
            A benfeitora Espiritual Joanna de Ângelis aponta que o ódio é remanescente das mais sórdidas paixões do primarismo asselvajado, que permanece em luta gigantesca com a razão e o sentimento de amor, inato em todos os seres.             Diz ainda que o ódio é um morbo pestífero que só desaparece mediante a terapia do amor incondicional que o dilui e o enfraquece, lutando no campo de batalha chamado consciência.
            Continua a ilustre benfeitora analisando o funcionamento do ódio como um automatismo violento, como uma labareda voraz que deixa destruição, para que as mãos do amor trabalhem na reconstrução que surgirá dos escombros, permanecendo no mundo como uma loucura que o tempo amorosamente irá desfazendo, fertilizando os embriões da misericórdia que fazem esse amor germinar no solo dos sentimentos.
            O preclaro Espírito Camilo nos diz que o ódio é força cega que enceguece os seus portadores e os leva a precipícios hediondos, sendo o ódio contra si mesmo a maior tragédia da mente humana, e a pessoa odienta, para quem a rodeia, é um foco pestilencial que manda dardos de sua doença aonde quer que vá, elaborando processos de autodestruição que pode ser imediata, de uma vez, ou em longo prazo, avançando para o fim da saúde, da alegria, da família, dos amigos, da vida e de tudo.
            O bondoso Espírito Miramez diz que a razão nos fala que não nos convém a violência, a maldade, o ódio, o ciúme, o orgulho e o egoísmo e que Deus nos fala pelos fios da natureza e nós O ouvimos pela consciência. Lembra ainda que o sofrimento, por vezes é a melhor escola, desde que não nos revoltemos contra os testemunhos.
            O ódio entre mães e filhos e com filhos que maltratam seus pais denota Espíritos que dormem em relação ao amor, ficando nas trevas dos entendimentos superiores. Os sofrimentos por que passam mães e filhos, se os suportarem com paciência, não ficarão em vão e serão recompensados com seus fardos aliviados, pois todo trabalhador é digno do seu salário.
            O instrutor espiritual André Luiz esclarece que o homem é um Espírito eterno habitando temporariamente um corpo terrestre, e que seu corpo espiritual, o perispírito, é uma organização viva a que se amoldam as células materiais e que os laços do amor e do ódio nos acompanham em todo círculo da vida...
            Já o ilustre médium Chico Xavier, orientado por Emmanuel, em resposta a uma entrevista, nos diz que o ódio talvez seja a enfermidade dominante na Terra, entretanto afirma que ele, o ódio, é transitório, como são transitórios todos os desequilíbrios da individualidade na sua condição de Espírito imperecível.

 

Crispim.

 

Referências bibliográficas:
- Jesus e o Evangelho: Divaldo Pereira Franco/Joanna de Ângelis.
- A Carta Magna da Paz; e Revelações da Luz: J. Raul Teixeira/Camilo.
- A Terra e o Semeador: Chico Xavier/Emmanuel.
- Missionários da Luz: Chico Xavier/André Luiz.
- Filosofia Espírita Volume XVIII: João Nunes Maia/Miramez.

 

 

MUITO DISTANTE

 

            Diante da vida muitas vezes estamos ainda bem distante do que é saber, mas especialmente como agir.
            Se porventura somos cultos, a sabedoria só serve para nós.
            Se já temos condição financeira invejável, aplicamos os recursos somente a nosso benefício.
            Se já conhecemos os princípios fundamentais do Cristianismo, eles continuam adormecidos dentro de nós.
            Se Já almejamos agir de maneira digna diante da vida, na hora recusamos agir dentro de padrões aceitáveis.
            Se já conseguimos pensar no bem, não sabemos estender aos outros um pouco de alegrias ou mesmo endereçar-lhes um simples sorriso.
‘           Se já guardamos a certeza no coração, ainda não soubemos como estender aos outros que ainda não têm, porque sempre julgamos que os nossos problemas são maiores e mais complicados.
            Assim, se muitas vezes já podemos vislumbrar qualidades dento de nós, ainda sofremos de um mal terrível, que é a falta de caridade, a fim de que se possamos espalhar essas qualidades enobrecedoras.
            Como muitas vezes somos capazes de nos afirmar espíritas cristãos, mas não realizamos nada ainda. Ou imaginamos que outros absurdos, ou seja, que Jesus está a nossa disposição, sem que se faça nada por merecer a atenção desse Divino Mensageiro de Deus.

 

Histórias Educativas
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes

 

      FÉ E TESTEMUNHO

 

            É extenso o caminho a percorrer. Depois daquela ponte existem ainda muitas outras, desafiando a capacidade criadora dos transeuntes que se dispõem a caminhar.
            Muitos desistem antes de haver começado, porque julgaram sem condições de fazer essa travessia, acomodaram-se ao seu mundo e ficaram no lugar que nasceram. Outros foram capazes de dar alguns passos, porém diante das primeiras dificuldades, desistiram.
            Só ente alguns trabalhadores de corajosos viajantes do bem, foram suficientemente motivados a seguirem em diante.  Apesar das dificuldades, tropeços, má vontade de muitos, tudo enfrentaram com muita determinação ao final de cada etapa, puderam visitar novas paisagens como prêmio a sua dedicação a grande causa. 
            Assim também na vida se são chamados a tomarem determinadas decisões, mas os interessados se apresentam com os mais variados estados de ânimo, com avançar... 
            Ninguém conseguirá transpor a ponte das dificuldades se não decidir fazê-lo, porque tudo implica uma série de exigências. Por isso que muitos se acomodam no seu reduto íntimo e não se dispõe a enfrentar a dureza do caminho. Mas o resultado é o mais que esperado, também não crescem, porque os desafios é que os induzem a melhorar o desempenho diante da vida.
            Feliz é aquele que consegue realizar alguma coisa que não seja somente em função de uma troca, pois que até nessa troca querem levar vantagens. Pouquíssimos que pensam em dividir as vantagens e raros pensam de levar as vantagens aos outros.
            Porque ninguém quer fazer o bem de maneira desinteressada, daí a dificuldade do Cristianismo avançar, esbarra-se no formidável barreira que é o interesse pessoal, e o Cristianismo em sua essência é doação. Aqui, portanto que está a grande questão, porque a maioria deseja realmente muitas vantagens sem esforços.
            Essa abnegação pelos infelizes, ou por aquele não tem com que lhe retribuir que é o grande divisor daqueles que se afirmam discípulos de Jesus. Quem se habilita a levantar bem cedo aos domingos para fazer alguma coisa que não leve nenhuma vantagem material. Pouquíssimas pessoas a isso se dispõem.
            O cristianismo em sua expressão maior é amor, abnegação, caridade, por isso que tem tão poucos seguidores que cumpre o mais sagrado mandamento que é amar ao próximo. Ser cristão é algo muito difícil. Não será para tarefa fácil.
            Se porventura deseja seguir ao Cristo tome a sua cruz e o siga por entre planícies e planaltos, mesmo descalço e com os pés feridos, ainda que não tenha uma pedra para recostar a cabeça.
            Mesmo assim siga adiante cheio de fé e entusiasmo, porque é melhor que sofra lutando por uma grande causa, do que realmente viver uma vida com muitas vantagens no mundo material, mas nula do ponto de vista espiritual. Em breves dias deixará esse suposto mundo de vantagens para enfrentar a dura realidade de ser útil, ainda que nas situações mais difíceis.

 

Lições De Simplicidade
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes

 

 

CONCORDÂNCIA OU UNIDADE DOUTRINÁRIA

 

            Considerando sua característica de universalidade, seria utópico imaginar possível uma doutrina coerente em seus fundamentos caso se negasse os Espíritos superiores como construtores da obra. Nem as mais avançadas tecnologias de comunicação do mundo atual, inexistentes à época de Kardec, fariam com que tantas vozes fossem uníssonas e se manifestassem simultaneamente.
            Diz-nos a lógica que a verdade não pode ser autocontraditória. Sendo uma tese verdadeira, a cada passo que avança em profundidade torna-se obrigatória a confirmação do que já fora estabelecido, e nunca sua negação, em qualquer aspecto que seja. O Espiritismo mantém uma irretocável coerência doutrinária em todos os seus princípios. É uma doutrina de tal forma sólida que naturalmente repele ser o pensamento fruto de qualquer logística humana.

            A única garantia séria do ensino dos Espíritos está na concordância que exista entre as revelações que eles façam espontaneamente, por meio de grande número de médiuns estranhos uns aos outros, e em diversos lugares.
Compreende-se que não se trata aqui das comunicações relativas a interesses secundários, mas das que se referem aos próprios princípios da Doutrina. Prova a experiência que, quando um princípio novo deve ser revelado, ele é ensinado espontaneamente em diversos pontos ao mesmo tempo e de modo idêntico, se não quanto à forma, pelo menos quanto ao fundo [...].

            E mais, pondera o Codificador:

            O princípio da concordância é também uma garantia contra as alterações que, em proveito próprio, pretendessem introduzir no Espiritismo as seitas que dele quisessem apoderar-se, acomodando-o à sua vontade. Quem quer que tentasse desviá-lo do seu objetivo providencial fracassaria, pela razão muito simples de que os Espíritos, em virtude da universalidade de seus ensinos, farão cair por terra qualquer modificação que se afaste da verdade.

            A concordância doutrinária ou unidade dos princípios espíritas, aliada à universalidade dos ensinos espíritas, garante o método mais adequado para a busca do conhecimento das Leis Universais, eternas e verdadeiras. Estabelece a autoridade necessária à Doutrina que, por si só, elimina as teses que não suportem as provas da concordância e da universalidade aceitando-as, às vezes, quando muito, apenas como possibilidades e por curto espaço de tempo.

            Esse controle universal é uma garantia para a unidade futura do Espiritismo e anulará todas as teorias contraditórias. É aí que, no futuro, se encontrará o critério da verdade [...]. Assim sucederá a todas as ideias que, emanando dos Espíritos ou dos homens, não possam suportar a prova desse controle, cujo poder ninguém pode contestar.

            A autoridade doutrinária calca-se, também, pelo eficaz controle da concordância dos seus princípios, em que um único tijolo não pode ser alheio ao conjunto da obra. Isto se chama unidade doutrinária do Espiritismo. Como afirma Kardec:

            Por grande, justa e bela que seja uma ideia, é impossível que congregue, desde o início, todas as opiniões. Os conflitos que daí decorrem são consequência inevitável do movimento que se opera; eles são mesmo necessários para maior realce da verdade e convém que se produzam desde logo, para que as ideias falsas prontamente sejam postas de lado [...]. Todas as pretensões isoladas cairão, pela força das coisas, diante do grande e poderoso critério do controle universal.

Livro Evangelho Redivivo
FEB

 

 

PSICOGRAFIA

 

João e Joana...

 

            Conheci esse casal de irmãos, ambos renasceram com graves problemas de natureza mental, não falavam, apenas se arrastavam.  Porém uma coisa é marcante em cada personalidade. Joana, às vezes se apresentava revoltada, mas se alguém lhe desse qualquer jóia seu semblante se ilumina e começa a sorrir, ou algum roupa de cores vistosas não importava se fosse bijuteria, ou mesmo um relógio que não funcionava mais, o importante era colocar, e mostrava sorrindo; João já era mais sisudo, mas também tinha a sua parte fraca, embora se arrastasse somente, carregava sempre para qualquer lado que fosse um lata que continua os seus pertences, ou seja, sapatos velhos, roupas, pedaço de maneira, ou qualquer coisa sem valor, mas nunca podia ficar sem a tal de lata para carregar os seus pertences.
            Sua mãe já velhinha na época com mais se setenta anos de idade, seguia aqueles filhos desde a infância, a última vez que os vi tinham mais de cinqüenta anos de idade, ficava imaginando as dificuldades dessa mãe durante todos esses anos, renunciou a tudo, porém não se vê nunca qualquer reclamação, assim de compreende somente o quanto à abnegação é tanta aquele mãe.
            Mas desse fato pode se tirar uma lição maravilhosa para o dia a dia de cada pessoa que se cerca dessa situação, visto que parece resultar desse apego do passado a existência presente, porque em verdade as dificuldades de hoje representa a conexão com faltas do passado, para que assim se entenda que a lei de Deus é conseqüente, cada um recebe na medida de suas semeadouras.
            Quem sabe a Joana fora aquela mulher sedutora, que sempre ostentava riqueza, ambição, vaidade, hoje renasce numa situação de muitas dificuldades para que faça uma avaliação mais justa dos verdadeiros valores que tão avidamente se busca aqui neste plano. Embora a sua memória cerebral só registre os arquivos da vida presente, quando voltar a vida espiritual de posse de sua memória integral poderá, com certeza, fazer uma avaliação melhor do que representou realmente aquele seu apego, compreendendo que somente se iludiu com pedrarias e miçangas sem valor, tanto quanto João que vigiava constantemente os seus bens, depois compreender que realmente não passavam de objetivos sem valor nenhum, há de concluir que realmente fora mal sucedido na posse naqueles bens que supunha valioso.
            A mãe esta sim deu passos significativos na senda evolutiva, pois que esteve no lugar certo e junto eles todos os dias das dificuldades daquelas criaturas que muito amara e tudo fizera para os resgatar na indigência moral, levando a sua prova as ultima conseqüências, e assim sagrando-se vencedora. Naturalmente que há que se destacar que são espíritos de escol para superar todos os obstáculos das dificuldades, da pobreza, na miséria, do abandono, da falta de recursos.
            A reflexão: naturalmente que algum momento da vida alguém aqui deve ter se deparado com uma situação dessa natureza, e conservando posição que prejudicaram ou feriram o próximo, talvez para defender supostos valores, que agora dariam tudo para se livrar desse terrível incomodo que se meteram. Talvez quando arrependimento se esconde junto a essas criaturas e hoje a situação é extremamente complicada, porém somente com o ressarcimento do passado é que poderá se contar livre de qualquer situação.

 

 

VIVER É A MELHOR OPÇÃO

 

            Este livro foi escrito com uma única convicção: as informações reunidas nele podem salvar vidas. Não se enquadra, porém, na categoria “autoajuda”. Pelo contrário, mostra o que podemos fazer pelos outros, ou seja, pelas pessoas que estão ao nosso redor, atravessando uma etapa tão difícil da existência a ponto de, em momentos de extrema fragilidade, terem a pretensão de sumir, desaparecer.
            O suicídio atinge gente de todas as idades, credos, nível de renda ou escolaridade. A boa notícia é que ele é prevenível em 90% dos casos. Mas para que se reduzam as estatísticas de autoextermínio (mais de oitocentos mil casos por ano no mundo) é preciso informação, planejamento e, acima de tudo, a coragem de se retirar o véu que há séculos encobre esse tema.
            O autor, André Trigueiro, é jornalista, professor e criador do curso de Jornalismo Ambiental da PUC-Rio. É repórter da TV Globo, editor-chefe do programa Cidades e Soluções, da Globo News e comentarista da rádio CBN.
            Sua pesquisa a respeito do suicídio data de 1999, envolvendo o fenômeno em si e as diferentes estratégias de prevenção.
           Segundo o próprio autor, foi instigado a buscar informações sobre esse problema por uma comunicação recebida através de uma médium, do Espírito Marcelo Ribeiro, que chegou a ter algumas de suas mensagens publicadas por Divaldo Pereira Franco e que, no mundo espiritual, participa ativamente de um grupo de socorro a suicidas.
            O livro é a culminância  de um trabalho que envolveu palestras em centros espíritas, artigos para jornais e revistas, abordagem sobre o tema em rádio e TV.
            Lançado pela Editora Espírita Correio Fraterno, de São Bernardo do Campo, SP, o livro teve a totalidade dos direitos autorais destinados ao Centro de Valorização da Vida (www.cvv.org.br), associação filantrópica sem vinculações políticas ou religiosas que, desde 1962, realiza um serviço voluntário, gratuito, vinte e quatro horas por dia, de apoio emocional e prevenção do suicídio.
            Na primeira parte, o jornalista compartilha dados, estatísticas e conhecimentos científicos que emergem da Academia e dos trabalhos de campo na área da suicidologia.
            Na segunda parte, André seleciona um precioso estoque de informações que têm origem na doutrina dos espíritos, que ele segue e estuda há trinta anos, ampliando os horizontes de investigação para a melhor compreensão de quem somos, de onde viemos, para onde vamos, as razões da dor e do sofrimento, e porque o suicídio não representa em nenhuma hipótese alívio ou libertação.
            Em entrevista a Eliana Haddad, do Jornal Correio Fraterno do ABC, edição de maio/junho 2015, André Trigueiro alerta: O espiritismo oferece um precioso estoque de informações que não deixa dúvidas sobre o equívoco do ato suicida. É preciso deixar isso bem claro sempre.
            Pelo menos uma vez por ano, recomenda-se que a prevenção do suicídio seja tema de pelo menos um seminário ou palestra pública na instituição. A casa espírita tem a função-escola, de promoção do estudo e da instrução de quem se interessa pela doutrina.
            Embora no livro, o autor mostre a visão espírita do assunto, diz ele: Todas as grandes religiões e tradições espiritualistas do Ocidente e do Oriente se manifestam claramente contra o suicídio.
            Há o entendimento de que o autoextermínio afronta as leis de Deus e que não temos o direito de violentar abruptamente as condições que determinam a existência física.
            O espiritismo, entretanto, vai além. Há uma profusão de informações, dados e relatos que reportam a realidade do suicida no plano espiritual – porque em nenhuma hipótese o autoextermínio propicia alívio ou solução para os problemas, muito pelo contrário, os impactos desse ato violento sobre as encarnações futuras, o sentido da dor e do sofrimento, e, principalmente, a confiança em Deus e na Providência Divina.
            Com a primeira impressão esgotada, o livro recebeu o reconhecimento de suicidólogos, psicólogos, psiquiatras, que destacam o talento do jornalista para escrever sobre tão delicado tema.
            O livro merece ser lido pela comunidade espírita com atenção. Ele traz novas questões e abordagens ao que já conhecemos e lemos a respeito na literatura espírita.
            O psicólogo e doutor em administração Jader Sampaio sugere que o livro seja estudado e discutido pelas equipes de atendimento fraterno ou acolhimento da Casa Espírita, considerando o número de pessoas com pensamentos ou tendências suicidas, que a procuram diariamente.
            São cento e noventa páginas de um texto suave, informativo e reflexivo. Um grande alerta, ao apresentar o Brasil ocupando o oitavo lugar no ranking mundial com onze mil, oitocentos e vinte e um óbitos por suicídio/ano, o que dá uma média de trinta e dois casos por dia.
            A obra revela, enfim, o quanto é necessário abrir espaço para se falar sobre o assunto, sempre aludindo à prevenção.

 

Mundo Espírita
Agosto/2015

 

 

DESAFIOS DA EXISTÊNCIA HUMANA

 

Divaldo Franco
Professor, médium e conferencista espírita

 

            O curso da existência humana é caracterizado pelas conquistas do dia a dia.
            A busca daquilo que se chama felicidade é, sem dúvida, ao que todos nós aspiramos.
            A multiplicidade de derroteiros, seja do ponto de vista ético, do sociológico e comportamental, nem sempre permite as escolhas certas para o sucesso.
            Por muito bem projetada que seja o dia, porém, ela é constituída de surpresas perturbadoras, que exigem cuidados especiais, nem sempre utilizados na hora certa.
            É por essa razão que, em existências cor de rosa, perfumadas de bênçãos, de um momento para o outro se altera a paisagem com tribulações inesperadas, situações sufocantes, problemas na área da saúde e do comportamento.
            Sem estar preparado para tais acontecimentos, o indivíduo que supunha que jamais terminaria as lindas opções, se entrega à rebeldia, ao desespero, se não cai nas fugas psicológicas perigosas, usando drogas perversas e se deixando arrastar pelo pessimismo, caindo em efeitos mais nocivos.
            Por outro lado, pessoas que nasceram em redutos de abandono, que sofreram na infância e na juventude, de repente surgem oportunidades saudáveis e compensadoras, transformando as dificuldades em conquistas valiosas e o sofrimento em paz.
            É normal que uma transformação de tal natureza exija uma conduta muito segura, para transformar incertezas em segurança, podendo contribuir para o progresso de si mesmo e o da sociedade.
            É por isso que o conceito foi cunhado: "Não há felicidade que dure para sempre, nem desgraça que um dia não acabe".
            Infelizmente, a escala de valores que se apresenta em todos os lugares é portadora de ambições desmedidas, interesses pelo prazer rápido a qualquer preço, sem oferecer lucidez para o comportamento responsável e a busca por uma vivência equilibrada e honesta.
            A cada instante, o carro da morte conduz milhares de viajantes libertados do corpo, e os sobreviventes pensam na imortalidade do corpo, acreditando-se invulneráveis à desencarnação.
            Esse ledo engano contribui para que as desgraças sejam mais lembradas do que as bênçãos, e os sentimentos viles predominem no menu das aspirações.
            Assim, torna-se indispensável que, seja qual for a situação em que cada um se encontre, exista a reflexão sobre a impermanência do corpo, a rapidez com que a existência passa, e se acumulem valores morais, através de comportamentos compensadores pelo amor e pela fraternidade.
            A existência física é, quase sempre, o que for feito dela.
            Comece agora a sua reflexão e pense no amanhã, apoiando-se nos exemplos de mulheres e homens corajosos que se tornaram modelo de felicidade, por ter construído um mundo melhor para todos.
            Alegre-se com sua existência e faça-a melhor a cada dia, valorizando os bons e ruins momentos da evolução.

 

Artigo publicado no jornal A Tarde (Bahia), coluna Opinião, de 8 de julho de 2021

 

 

PREGAÇÕES

 

“E ele lhes disse: Vamos às aldeias vizinhas para que eu ali também pregue; porque para isso vim. — (MARCOS, capítulo 1, versículo 38.)

 

            Neste versículo de Marcos, Jesus declara ter vindo ao mundo para a pregação. Todavia, como a significação do conceito tem sido erroneamente interpretada, é razoável recordar que, com semelhante assertiva, o Mestre
incluía no ato de pregar todos os gestos sacrificiais de sua vida.
            Geralmente, vemos na Terra a missão de ensinar muito desmoralizada.
            A ciência oficial dispõe de cátedras, a política possui tribunas, a religião fala de púlpitos.
            Contudo, os que ensinam, com exceções louváveis, quase sempre se caracterizam por dois modos diferentes de agir. Exibem certas atitudes quando pregam, e adotam outras quando em atividade diária. Daí resulta a perturbação geral, porque os ouvintes se sentem à vontade para mudar a “roupa do caráter”.
            Toda dissertação moldada no bem é útil. Jesus veio ao mundo para isso, pregou a verdade em todos os lugares, fez discursos de renovação, comentou a necessidade do amor para a solução de nossos problemas. No entanto, misturou palavras e testemunhos vivos, desde a primeira manifestação de seu apostolado sublime até a cruz. Por pregação, portanto, o Mestre entendia igualmente os sacrifícios da vida. Enviando-nos divino ensinamento, nesse sentido, conta-nos o Evangelho que o Mestre vestia uma túnica sem costura na hora suprema do Calvário.

 

Livro "Caminho, Verdade e Vida"
Pelo Espírito Emmanuel
Francisco Cândido Xavier

 

 

OBREIRO SEM FÉ

 

            “....e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras.” (Tiago, 2:18)

 

            Em todos os lugares, vemos o obreiro sem fé, espalhando inquietação e desânimo.
            Devota-se a determinado empreendimento de caridade e abandona-o, de início, murmurando:
            — “Para quê? O mundo não presta.”
            Compromete-se em deveres comuns e, sem qualquer mostra de persistência, se faz demissionário de obrigações edificantes, alegando: .
            Não nasci para o servilismo desonroso.
            Aproxima-se da fé religiosa, para desfrutar-lhe os benefícios, entretanto, logo após, relega-a ao esquecimento, asseverando:
            — “Tudo isto é mentira e complicação.”
            Se convidado a posição de evidência, repete o velho estribilho:
            — “Não mereço! Sou indigno!...”
            Se trazido a testemunhos de humildade, afirma sob manifesta revolta:
            — “Quem me ofende assim.?”
            E transita de situação em situação, entre a lamúria e a indisciplina, com largo tempo para sentir-se perseguido e desconsiderado.
            Em toda parte, é o trabalhador que não termina o serviço por que se responsabilizou ou o aluno que estuda continuadamente, sem jamais aprender a lição.
            Não te concentres na fé sem obras, que constitui embriaguez perigosa da alma, todavia, não te consagres à ação, sem fé no Poder Divino e em teu próprio esforço.
            O servidor que confia na Lei da Vida reconhece que todos os patrimônios e glórias do Universo pertencem a Deus. Em vista disso, passa no mundo, sob a luz do entusiasmo e da ação no bem incessante, completando as pequenas e grandes tarefas que lhe competem, sem enamorar-se de si mesmo na vaidade e sem escravizar-se às criações de que terá sido venturoso instrumento.
            Revelemos a nossa fé, através das nossas obras na felicidade comum e o Senhor conferirá à nossa vida o indefinível acréscimo de amor e sabedoria, de beleza e poder.

 

Fonte Viva
Francisco Candido Xavier
Pelo Espírito de Emmanuel

 

 

Espiritismo para crianças
Marcela Prada
Tema: Louvor a Deus

LOUVANDO A DEUS

 

            Um menino estava no quintal observando as formigas, que andavam em fila e carregavam folhas para o formigueiro.
            Ele perguntou a elas:
            – Por que vocês fazem isso?
            – Estamos louvando a Deus – responderam elas, deixando-o pensativo.
            Depois de observá-las por algum tempo, o menino sentou-se embaixo de uma árvore. Sentiu o frescor de sua sombra, viu os passarinhos acolhidos em seus galhos, comendo suas frutinhas, e perguntou a ela:
            – O que a senhora faz todos os dias, dona árvore?
            – Eu faço isto que você está vendo. Eu louvo a Deus – ela disse.
            – Como a senhora pode estar louvando a Deus? – pensei que as formigas fizessem isso carregando alimento para o formigueiro.
            – Eu não posso sair do lugar, nem moro em um formigueiro. Tenho meu próprio modo de louvar a Deus – esclareceu a árvore.
            O menino, então, entrou em casa e viu sua mãe. Ela cozinhava e cantava. A mãe, vendo o filho, perguntou carinhosamente se ele estava bem. Ele disse que sim e sorriu, pois compreendeu que ela também estava louvando a Deus.
            O garoto foi até seu quarto, pegou seu caderno e fez suas tarefas escolares. Quando terminou, foi brincar e divertir-se com seu irmão. No fim do dia, ajudou a guardar a louça do jantar.
            Na hora de dormir, seu pai veio dar-lhe um beijo de boa noite e perguntou se ele teve um bom dia.
            – Tive, sim, papai – respondeu o menino.
            – Que bom, filho! E o que você fez hoje?
            – Louvei a Deus

 

O Consolador
Revista Semanal de Divulgação Espírita
Agosto/2021

 

 

QUEM FOI ANDRÉ LUIZ ?

 

José Passini

 

            A obra Nosso Lar, de André Luiz, trouxe inegavelmente novos horizontes aos estudos do Espiritismo. Sua publicação, em 1944, pela Federação Espírita brasileira, causou muitas discussões, pois até aquela época havia poucas informações de como se organiza a vida fora do mundo material, na erraticidade, como é dito em O Livro dos Espíritos. Em verdade, já havia informações vagas, conhecidas de bem poucas pessoas, nas obras de Emanuel Swedenborg, engenheiro mineralogista, e do Reverendo Vale Owen. Essas obras traziam algumas informações, mas não recebiam grande atenção nem eram objeto de estudo.
            Com a publicação do livro Nosso Lar, houve um interesse maior em se conhecer como se organiza a vida fora do mundo material, no assim chamado Mundo Espiritual. Realmente, a obra de André Luiz é um divisor de águas. Descortinou novos horizontes, abrindo um entendimento mais amplo, mais concreto do nosso destino após a desencarnação. Mostrou, com muita clareza, que depois de deixar a vida física, o Espírito pode, dependendo dos seus méritos, continuar atuando em organizações sociais ate muito mais perfeitas que na Terra, o encaminhar-se para locais onde impera a dor e o desequilíbrio.             Essa obra foi, inegavelmente, a resposta do Alto às inúmeras interrogações de como se organiza a vida no Além. Uma verdadeira bênção esclarecedora.
            O Autor usa um pseudônimo, conforme esclarece Emmanuel, o diretor espiritual de toda obra de Chico Xavier¹: Por trazer valiosas impressões aos companheiros do mundo, necessitou despojar-se de todas as convenções, inclusive a do nome, para não ferir corações amados, envolvidos ainda nos velhos mantos da ilusão.
            Mas, apesar da ponderação do Benfeitor, não tardou o aparecimento daqueles que, rendendo-se à curiosidade, não respeitando o anonimato de André Luiz, perfeitamente explicado por Emmanuel no seu prefácio, encetaram buscas e levantaram hipótese sobre a identidade do Espírito que se apresentava sob esse pseudônimo, num desrespeito à vontade do Autor e num menosprezo à vontade do Autor e num menosprezo às ponderações de Emmanuel.
            A tese que tem ganhado força é a de que André Luiz foi Carlos Chagas, tendo alguns escritores, algumas editoras e até alguns palestrantes encontrado coragem para não só publicar o nome, mas até ilustrar artigos e palestras com fotos do famoso cientista. Além desses disparates, foram publicadas fotos de uma pintura representando André Luiz, produzida, segundo foi explicado, por alguém que se baseara em descrição de Chico. Aqueles que adotaram a figura como real, a teriam mostrado ao Chico, que teria concordado com a semelhança do Espírito que se apresentava com o nome de André Luiz. Entretanto, essa figura não coincide com a imagem de Carlos Chagas.
            Mas, passemos a fatos que desmentem essa identidade atribuída a André Luiz. Se atentarmos para o diálogo dele com o Ministro Clarêncio, quando pensava em solicitar-lhe trabalho, este lhe diz²: Já sei. Verbalmente pede qualquer gênero de tarefa; mas, no fundo, sente falta dos seus clientes, do seu gabinete, da paisagem de serviço com que o Senhor honrou sua personalidade na Terra. E prossegue referindo-se às atividades desenvolvidas por ele: nos quinze anos de sua clínica, também proporcionou receituários a mais de seis mil necessitados.
            O Ministro Clarêncio deixa muito claro que André Luiz foi médico, clínico e não cientista, pesquisador de renome internacional como o foi Carlos Chagas. Além do mais, ele fala em só quinze anos de atividade, pois André Luiz desencarnou prematuramente em consequência de desregramentos vários, descritos na obra. Carlos Chagas descobriu a doença de Chagas em 1906 e em 1911 já chefiava uma campanha de profilaxia à malária. Trabalhou, portanto, 28 anos, ou seja, de 1906 até a sua desencarnação em 1934.
            André Luiz deve ter desencarnado em 1931, pois em 1939 Lísias Dizia-lhe³: Estamos em agosto de 1939. Seus últimos sofrimentos pessoais não lhe deram tempo para ponderar sobre a angustiosa situação do mundo, mas posso afirmar que as nações do planeta se encontram na iminência de tremendas batalhas. Talvez não saiba ainda que a sua permanência nas esferas inferiores durou mais de oito anos consecutivos.
            Pelas citações acima, chega-se à conclusão que André Luiz desencarnou em 1931, ou pouco antes, conforme a obra Nosso Lar, vitimado por um câncer nos intestinos, depois de uma permanência de quarenta dias em hospital. Carlos Chagas desencarnou em 1934, aos 55 anos, vitimado por um infarto do miocárdio, quando preparava uma conferência que faria no dia seguinte.
            Além do mais, André Luiz teve três filhos: duas moças e um rapaz. Carlos Chagas deixou dois filhos do sexo masculino.
            Carlos Chagas foi filho de um fazendeiro que desencarnou quando ele tinha apenas quatro anos. André Luiz conviveu com seu pai, conforme relato do seu encontro, na colônia Nosso Lar, com Silveira que passava por dificuldades financeiras.
            Será que o caso Humberto de Campos não serve de exemplo? A Federação Espírita Brasileira e Francisco Cândido Xavier , apesar de haverem obtido por decisão judicial, o direito de continuar a publicação de obras com o nome do Espírito Humberto de Campos, decidiram, com a anuência do autor, publicar o que foi escrito posteriormente sob pseudônimo Irmão X. Atitude merecedora de aplauso, pois o que mais interessa é o conteúdo da obra e não o nome do seu autor.
            Uma pergunta, para finalizar: Como pode o sensacionalismo sobrepujar o bom nome, a sobriedade e a veracidade da Doutrina Espírita?

 

Referência:
1 – XAVIER, Francisco Cândido. Nosso Lar. Pelo Espírito André Luiz. Rio de Janeiro: FEB 1978. Novo amigo.
2 – Op. cit. cap. 14.
3 – Op. cit. cap. 24 e 7.

 

 

A FIGUEIRA QUE SECOU

 

            Pedir frutos a uma figueira que fora de época não os pode dar é mais um ensino do Mestre Nazareno para que não exijamos do próximo o que ele ainda não é capaz de oferecer.
            Sabedores de que só podemos dar o que possuímos, e quando oferecemos o que não temos estamos ludibriando e enganando com mentiras ou subterfúgios, faz-se mister que esforços sejam empreendidos para a conquista de nossas verdadeiras posses: conhecimento, aperfeiçoamento da inteligência e o desenvolvimento das virtudes que aguardam serem germinadas na intimidade para que venham a florescer nas massas.
            Para que frutos sejam produzidos, há uma longa estrada a ser percorrida, que perpassa a sementeira: os cuidados com a terra; a espera paciente para o desenvolvimento; a confiança, como condição para que a Lei Natural forje, no calor da terra, A figueira que secou sob o ardente sol e o frescor do orvalho, ou da água irrigada, o desabrochar vencedor da pressão que a terra imprime na semente, fazendo-a renascer em broto exposto ao ar livre, desta feita sob o bafejar do vento e do calor não mais ardente, porém nutriente, possibilitando o crescimento da árvore frondosa que, na época apropriada, oferece as flores e os frutos de sua identidade. Este percurso faz-nos compreender o ensino da figueira seca que, embora frondosa, não dava frutos e foi lançada ao fogo devido à sua inutilidade.
            Do ensino de Jesus depreendemos, na pequenez de nossa compreensão, que não devemos exigir frutos fora de época a quem ainda não é capaz de produzi-los. Necessário se faz, portanto, aguardar pacientemente e, de forma solidária, se possível, ajudando pelo testemunho, caso já se consiga produzir o fruto ensejado.
Assim é a vida de relação, que possibilita o aprendizado mútuo, a ajuda e, sobretudo, o servir.
            Diante, pois, da “figueira seca”, tem-se a oportunidade de oferecer os frutos conquistados, conforme a caridade recomenda: a benevolência; a compreensão paciente; a tolerância baseada na confiança irrestrita de que todos, indistintamente, um dia, seremos árvores frutíferas; o entendimento da Lei de Ação e Reação que oportuniza o aprimoramento na vida de relação; e a convicção de que a existência tem um propósito comum a todas as criaturas: a prática do Bem.
            Trabalhemos para que a nossa vida seja um feito de frutos, conforme Jesus orientou, a fim de que a caridade seja o aval de nossas atitudes e as figueiras secas sejam extirpadas pela regeneração e venham a produzir frutos na Vinha do Senhor, enquanto há tempo.

 

REFORMADOR
2014

 

 

 

EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
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