PENSAMENTOS ESPÍRITAS
Inúmeras pessoas, em conversas descontraídas, afirmam com segurança, pareceres do tipo: tal artista é muito sensível, talvez tenha sido mulher em outra vida... ou ainda dizem que ao conhecer certa pessoa - parece que já a conhecia há muito tempo, talvez em outra vida. Afirmam, sem perceberem, ou sem saberem que estão revelando pensamentos Espíritas, pensamentos que vão muito além disso; muito além da reencarnação.
A glamorosa doutrina trazida pelos Espíritos superiores que a ditaram a Allan Kardec trouxe a certeza da continuidade da vida, que ocorre sempre no mundo material e no mundo espiritual, mundo este, revelado pela própria doutrina, que garante a evolução do ser criado simples, ignorante, mas tendo a perfeição como seu destino.
A doutrina Espírita está baseada, suportada em princípios claros, lógicos, começando por afirmar a existência de Deus como a Inteligência suprema e soberana, a causa primária de todas as coisas, assim como a pré-existência e imortalidade dos Espíritos, definidos como os seres inteligentes da criação. Os princípios continuam com a comunicabilidade entre eles, os Espíritos e entre os seres encarnados, os homens e mulheres e vão amparar a pluralidade dos mundos habitados e a pluralidade das existências, a reencarnação citada no início, que é a negação do materialismo e do panteísmo.
O Espiritismo atesta que a alma para alcançar a perfeição precisa passar por inúmeras existências sucessivas, no mesmo meio, e para que não se perca nas profundezas do infinito deve permanecer no ciclo de atividade terrestre, encarnando ora como homem, ora como mulher, existindo entre os dois sexos senão uma diferença material, acidental e temporária, igualando assim os direitos, independentemente do sexo assumido, pois o Espírito precisa aprender tudo para chegar à perfeição a que está destinado pelo Criador.
Tais princípios são tão naturais, que pessoas que não têm conhecimento dessa doutrina esclarecedora, conhecem naturalmente cada princípio, acreditando que há um Deus Todo poderoso, infinitamente bom e justo, criador de tudo que existe; acreditando que pessoas já viveram anteriormente em outros corpos; acreditando que a Terra não é o único planeta habitado; acreditando que já viram ou já ouviram falar de Espíritos que já deixaram a vida material e comunicaram-se, avisando que permanecem vivos.
Por essas razões, por esses pensamentos, que se coadunam com a digna doutrina dos Espíritos, é que as pessoas ao tomarem conhecimento dessa elucidativa doutrina aceitam-na sem quaisquer dúvidas, pelo fato de vir, a doutrina, ao encontro de seus pensamentos. Esse é o Espiritismo, aceito pela clareza de seus ensinamentos.
Crispim.
Referências bibliográficas:
- O Livro dos Espíritos. Allan Kardec.
- Revista Espírita 1867. Allan Kardec.
O POSSÍVEL
Quando o sentimento de amar a todas as criaturas será o motivo das alegrias mais ternas da existência?
Quando o homem irá se distanciar do foco chamado egoísmo para pensar mais nos outros?
Hoje, porém é como se desse o primeiro passo para vencer o apego milenar que tem atormentado as criaturas desde épocas remotas. Mas parece que de repente se descobre o que procurava há muito tempo, ou seja, de alguma forma participar desse mundo que está a sua frente.
Mas somente fará parte de um mundo solidário quando decidir a caminhar com o esforço necessário, ou seja, superando as suas deficiências e buscando em igualdade de condições com os outros filhos de Deus que estão ao seu lado, seja lá na condição que se encontre.
Às vezes se pergunta, mas como fazer o possível, com os olhos focados no futuro? Simples, natural. Não lesar ninguém. Não perturbar o sossego do próximo. Ser gentil com os vizinhos. Amável com todos. Nunca descurar do trabalho para educar os seus sentimentos e acolher o próximo com simplicidade.
Mas afinal depois daquele horizonte, o que espera o homem que lutou para melhorar seu desempenho diante da vida? Porém esqueceu que sempre procurou e sentiu que suas forças eram fracas e não lograria o objetivo pretendido.
É verdade que muita coisa passou por debaixo da ponte. Muitas histórias repetidas, outras que sequer tiveram um final feliz. Mas de tudo o que ficou, talvez saudades ou lembranças, algumas é verdade triste de recordar, mas enfim, a vida que se processa para atingir um final.
Pode encerrar a jornada com uma chave de ouro se quiser, mas a convicção é que tudo atingirá o seu objetivo. Porém, nem sempre da forma que supunha, mas enfim o possível, o razoável, o necessário para continuar a caminhada e chegar ao final.
A verdade é que se amou tanto quanto possível, será bem melhor o final. Pois se amou o desvalido, o enfermo, o mendigo, sempre fazendo o possível, não há duvida que sempre terá motivos para ser feliz, pois quem ama tanto quanto possível, sempre recebe mais.
Histórias Educativas
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
É HORA DE TRABALHAR
A atividade no bem é semelhante a uma usina de força, gerando energia em todos os sentidos. Educando os sentimentos, educando para que possa servir mais, educando-se e educando também os outros.
Todavia, bem poucos compreendem a importância do trabalho como a trajetória mais completa, quando este trabalho é feito com amor. Estimule o trabalho da mente, como também estimule o trabalho do corpo, demonstrando mediante atitude que até o sangue circula com maior regularidade, evitando até o desgaste na máquina humana.
O estimulo dessa força poderosa tem gerado muita alegria, alegria pela abundancia da colheita, alegria porque estimula o cérebro e uma atividade que traz o pão para a mesa e estimulo à vida.
Assim que não inúmeros os benefícios do trabalho.
O trabalho no bem se reveste de uma maior grandeza e consiste em estender a mão aquele companheiro infeliz de jornada. Naquele momento passando por provações difíceis, e na condição de anjo estende lhe a mão, ajudando-o a superar aquele momento de crise, ajudando a transpor um obstáculo.
Esse trabalho tem uma grande amplitude se estende em inúmeras direções. Desde o pequeno estimulo que dá aquela criatura anônima passa, até mesmo ao mais sagrado dever de solidariedade àqueles que muito devem. Assumindo uma programação que abrange todos aqueles que atende ao próximo e lhe dá o nome simples de “caridade”, que é a força poderosa pela qual o espírito sincero consegue se movimentar.
Às vezes começa o trabalho do bem com tarefa simples, para mais tarde, sentindo-se com mais força assumir uma de maior envergadura, porque até na prática do bem a prudência é fundamental.
O candidato a esse nobre trabalho começa com pequenas tarefas, com isso avalie as suas forças, e à medida que sente que está conseguindo pegar mais peso, naturalmente compreende que começa a ter maior responsabilidade.
E assim aos poucos vai se adaptando ao trabalho do bem. É a meta principal do homem o qual deve se revestir de coragem e discernimento para o trabalho de amor ao próximo, Naturalmente que não é nada fácil, porque é preciso se compenetrar da maior seriedade e confiança para assumir e levar adiante o trabalho.
Alguns alegam que é muito difícil, naturalmente direi que é, mas quem deseja um futuro melhor sabe que não há outro caminho. Logo deve estar disposto a fazer a sua parte, ainda que sob as condições mais severas, mesmo assim continue a trabalhar, porque já compreendeu a essa altura que é a melhor coisa que pode fazer.
Especialmente quando compreende esse nobre ideal de servir. Entende com mais clareza que não há outro caminho. Já sente a alegria por servir, deixa aos poucos àquelas dificuldades que sentia no começo para trás. Fazia o bem por dever moral, agora faz com alegria, quando consegue estender a mão a alguém conta como um dia feliz, pois que recebe o estimulo para viver o próprio bem que espalha.
Assim aos poucos vai compreendendo que esta é a fonte das maiores esperanças, que realiza o bem por absoluta necessidade. Já sente que é a melhor doar de si do que receber. Está num permanente de grande aprendizado.
Cada dia é um ensejo que se apresenta para se aperfeiçoar. É um ponto de vista que melhora, é mais uma orientação para definir-se com mais clareza. É exemplo que patrocina. É um gesto de carinho que é capaz de prodigalizar, sem nada exigir. É a hora finalmente de trabalhar.
Lições De Simplicidade
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
A REVELAÇÃO ESPÍRITA É CONTÍNUA E PROGRESSISTA
O ensino dos Espíritos é contínuo e as Leis que eles revelam estão registradas na própria Natureza. Dessa forma, torna-se impossível eliminar a Doutrina Espírita de nosso meio, visto ser ela o Consolador (o Espírito de Verdade) que Jesus enviou para ficar conosco eternamente, não podendo, portanto, estar submetida às fragilidades da matéria. Para calar a voz dos Espíritos seria necessário destruir a sua única ferramenta de comunicação com os homens: a mediunidade. E para eliminar a mediunidade do mundo, necessário seria eliminar toda a Humanidade, o que, por lógica, é impossível.
Um homem pode ser enganado, pode enganar-se a si mesmo; já não será assim, quando milhões de criaturas veem e ouvem a mesma coisa: é uma garantia para cada um e para todos. Além disso, pode fazer-se que desapareça um homem, mas não se pode fazer que desapareçam as coletividades; podem queimar-se os livros, mas não se podem queimar os Espíritos. Ora, ainda que se queimassem todos os livros nem por isso a fonte da Doutrina deixaria de conservar-se menos inesgotável, pela razão mesma de não estar na Terra, de surgir em toda parte e de poderem todos dessedentar-se nela. Na falta de homens [encarnados] para difundi-la, haverá sempre os Espíritos, que atingem a todos e aos quais ninguém pode atingir.
De mesma sorte, não estando este processo de revelação do conhecimento universal submetido às questões da matéria, não se faz passível de nenhum controle humano estabelecido sob a égide das paixões inferiores, tal como feito com as escrituras e a igreja no pretérito. As vozes que ensinam não são controláveis pelos homens porque não tiveram sua origem no plano físico.
[...] É uma vantagem de que não havia gozado ainda nenhuma das doutrinas surgidas até hoje. Se o Espiritismo, portanto, é uma verdade, não teme o malquerer dos homens nem as revoluções morais, nem as perturbações físicas do globo, porque nada disso pode atingir os Espíritos.
Não é essa, porém, a única vantagem que resulta da sua excepcional posição. O Espiritismo nela encontra poderosa garantia contra as cismas que pudessem ser suscitados, quer pela ambição de alguns, quer pelas contradições de certos Espíritos [...].
Não estando submetida aos desejos de um ou mais homens, sendo-lhes impossível o domínio, a Doutrina Espírita substitui a autoridade das funções, cargos ou excentricidades de um ser pela autoridade moral de um conjunto de princípios incorruptíveis.
RACIONALIDADE DA FÉ
A fé espírita, as certezas que o Espiritismo traz a todos os que se dedicam ao seu estudo sério, são oriundas da experiência e da lógica. Kardec nos afirma que “Fé inabalável é somente a que pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da Humanidade”.79 Sendo Doutrina de livre pensamento, de livre análise, de livre estudo, pode encarar todas as provas que a racionalidade desapaixonada impuser. Isso a fortalece pois não há compromissos com o erro e, caso alguma inverdade seja descoberta, imediatamente será descartada. A razão, assim, age a favor da Doutrina Espírita, servindo de eficiente vacina contra os equívocos humanos.
O primeiro controle é, incontestavelmente, o da razão, ao qual é preciso submeter, sem exceção, tudo o que venha dos Espíritos. Toda teoria em notória contradição com o bom senso, com uma lógica rigorosa e com os dados positivos que se possui, deve ser rejeitada, por mais respeitável que seja o nome que traga como assinatura. Esse controle, porém, em muitos casos ficará incompleto, em razão da insuficiência de conhecimentos de certas pessoas e da tendência de muitos a tomar a própria opinião como juízes únicos da verdade [...].
A racionalidade inerente ao Espiritismo reforça toda a sua autoridade científica e filosófica. Fortalece-o a cada passo, visto que, à medida que avança, acautela-se das posições imediatistas e elimina conclusões tão desalinhadas quanto precipitadas.
Dessa maneira, os Espíritos superiores fornecem os meios dos homens alcançarem a sabedoria maior, estimulando-os ao progresso e ao conhecimento sem que lhes furtem o esforço necessário ao amadurecimento.
Os Espíritos Superiores procedem em suas revelações com extrema sabedoria.
Não abordam as grandes questões da Doutrina senão gradualmente, à medida que a inteligência está apta a compreender verdades de ordem mais elevada e quando as circunstâncias são propícias à emissão de uma ideia nova. É por isso que eles não disseram tudo desde o começo, e ainda não o disseram até hoje, jamais cedendo à impaciência de pessoas muito apressadas que querem colher os frutos antes que amadureçam. Seria, pois, supérfluo querer avançar o tempo designado a cada coisa pela Providência, porque, então, os Espíritos realmente sérios negariam o seu concurso. Os Espíritos levianos, porém, pouco se preocupando com a verdade, respondem a tudo; é por isso que, sobre todas as questões prematuras, há sempre respostas contraditórias.
SÍNTESE DA AUTORIDADE DA DOUTRINA ESPÍRITA
a) Não está submetida à vontade humana, visto ser de origem divina.
b) Não é dependente das qualidades de nenhum indivíduo, visto que resulta do trabalho coletivo dos Espíritos.
c) Os ensinamentos espíritas são contínuos e progressistas.
d) Os princípios espíritas têm por base as leis naturais.
e) O Espiritismo utiliza a razão para o seu desenvolvimento ante o avanço da Humanidade.
f) O Espiritismo é a fonte segura do progresso e abarca todos os interesses humanos nos seus aspectos filosóficos, científicos e religiosos ou morais.
g) Cabe ao espírita o esforço permanente do estudo, prática e divulgação dos princípios espíritas.
Livro Evangelho Redivivo
FEB
PSICOGRAFIA
É com tristeza que vejo o tempo passar, os rios sobem e descem em suas periódicas enchentes, trazendo profundas alterações no solo, mudando muitas vezes o seu curso. O homem construiu hidroelétricas, barragens, pontes, para facilitar o progresso em todo o lugar. Há movimento e a prosperidade chega em toda parte.
Cada manhã os pássaros já cantam anunciando um novo dia, só eu permaneço no mesmo local, lembrando o passado, sem iniciativa para fazer coisa alguma, por isso cheguei aqui, para pedir orientação e ouvir a lei que “os são não precisam de médicos, mas sim os doentes”. Certamente que me incluo nesse final da frase, porque na verdade estou doente da alma, pois não consigo perdoar aqueles que me traíram. Não podia imaginar que algo tão indigno pudesse partir deles, pois os julgava acima de qualquer suspeita e foram preparar essa grande traição para mim, pois que assassinaram meu marido por interesses financeiros e minha dor foi tão grande, que permaneço até nesse estado de choque, sem poder tomar uma decisão. Dizem que foi resultado de um profundo abalo e até hoje não consegui me recuperar, ou seja, em condições de voltar a viver, isto é, ter iniciativa e tocar a vida como sempre fiz. De fato estou doente. Preciso de ajuda a fim de apaziguar meu coração e dar mais combustível a vida para continuar vivendo. Preciso voltar ao meu ritmo normal do quotidiano, porém acho tão difícil recomeçar tudo, mas interiormente sei que devo fazer alguma coisa logo. Aproveitar o ensejo, pois que finalmente alguém se dispôs a me ajudar, depois de tantos anos.
Preciso me situar melhor, mas no fundo mesmo, o grande obstáculo é a falta de perdão, porque não posso ver essa gente como doentes que realmente são, pois hoje consigo antever as aflições que irão vivenciar, mas meu coração prefere assistir ao seu sofrimento a ter um gesto de piedade dessas infelizes, que escolheram o caminho mais tortuoso para seguir, carregando após si muitos outros, inclusive meu esposo e a mim e meus filhos tomaram outros caminhos. Parece que hoje vai se esgotar todos os argumentos, que há muito carrego no coração, que tem sido o tormento de todos os dias. Essa insatisfação com a vida. Volto os olhos para o passado, revejo a tragédia que fora vítima, e para frente não tenho coragem de olhar, pois que estou preso àquela cena do passado. Mas agora preciso tomar uma decisão, sinto isto no meu coração que vive um momento decisivo em minha caminhada. Chega de olhar esse rio interminavelmente, quero viver o mundo, já sofri demais. Agora quero ter a felicidade de recomeçar, ainda que tenha que colocar tijolo por tijolo, a fim de construir algo estável, que ofereça segurança e paz, alegria e consolo, porque os amigos que se dispuseram a me auxiliar acenam com essa possibilidade, sei que estou num momento crucial da vida. Sei que devo dar esse passo, tantas vezes ensaiado, mas muitas vezes na hora de decisão, recuei, mas agora estou decidida porque não quero continuar na situação que estou.
Assim que quero agradecer o apoio recebido de todos, pois esse apoio foi de fundamental importância para uma nova arrancada.
Um grande abraço.
Zilda
DAS COISAS QUE OUVI E SENTI DE JESUS
Sugestão de Leitura
De: Ana Paula Vecchi
Espírito: Natanael
Editora: EME
Natanael, o autor espiritual desta obra, foi um judeu e doutor da lei que viveu no tempo de Jesus e, assim como sua esposa Séphora, se apaixonou por sua doutrina. Agora, ele vem encantar a todos com suas narrativas sobre a época em que o Mestre viveu na Terra ensinando e exemplificando o amor e a mansuetude. Seus relatos encantadores nos transportam em pensamento para aquelas terras que tiveram o privilégio de serem pisadas pelo governador de nosso planeta. Por meio da psicografia de Ana Paula Vecchi, histórias são contadas por Natanael e, através delas, também nós assistiremos às pregações de Cristo, despertando aquilo que há de melhor em nós, enchendo nosso coração de esperança, nutrindo um grande desejo de seguir seus passos e de nos transformar em novas criaturas pela prática da solidariedade. Aprenderemos histórias de sucesso espiritual e de fracasso humano. Sentiremos emoção e esperança.
O Consolador
Agosto/2015
INTOLERÂNCIA E RADICALISMO
Divaldo Franco
Professor, médium e conferencista espírita
“Houve na Roma antiga um templo dedicado a Jano, que durante um milênio somente fechou as suas portas nove vezes, correspondentes aos períodos em que a República esteve em paz. O deus singular era representado com duas faces, o que o tornou conhecido como bifronte, atributo conseguido de Saturno, a quem favorecera, e que o dotara com a capacidade de perpetrar o passado e o futuro, conforme narra a mitologia, ao se referir ao mais antigo rei do Lácio conhecido.”
Joanna de Ângelis – Florações evangélicas
Há no ser humano a predominância dos instintos básicos, particularmente a ira, que se transforma em cólera, desde quando estimulada pelos desejos não realizados.
Desde muito cedo revela-se essa particularidade nos indivíduos ególatras, que transpiram intolerância, sempre se acreditando certos e corretos em detrimento dos demais, mesmo quando portadores de melhores conceitos e mais coerentes conhecimentos.
Graças a eles a intolerância sempre marchou com vitalidade entre as pessoas, mesmo algumas bem equipadas de conhecimentos. São os rebeldes de todos os tempos, inspiradores de lutas e revoltas, produzindo inquietação no grupo social em que se encontram.
Dessa intolerância doentia ao radicalismo é um passo audacioso que envolve a mente dominada pelas paixões sórdidas e perversas.
Manifestam-se esses lamentáveis episódios no ódio de raças e etnias, de costumes e tradições, especialmente nas comunidades religiosas em que se refugiam esses fracos morais porque destituídos de valores éticos.
Neste momento, há uma onda de horror pela intolerância e decorrência do radicalismo religioso dos talibãs, que enfrentam a sociedade e as nações com as suas retrógradas condutas, tornando leis indiscutíveis os textos da Sharia.
Sharia, segundo o Google, é “a lei muçulmana ou islâmica, tanto em relação à justiça civil e criminal, quando regulando a conduta individual, pessoal e moralmente. O corpo das leis baseado nos costumes fundamenta-se no Alcorão e na religião do Islã”.
A leitura distorcida pelas mentes que odeiam permite a prática dos crimes mais hediondos, conforme os que vêm sendo praticados no Afeganistão, após a reconquista de Cabul, na semana passada.
Cenas indescritíveis são apresentadas pelos fanáticos assassinos, ante as suas vítimas indefensas, que entregam os seus filhos aos soldados americanos e à massa humana no aeroporto em tentativa de fuga…
Cristãos passam a ser mártires de forma odienta pelos infrenes conquistadores, que reduzem a mulher à insignificância e a mutilações descabidas, terminando na morte cruel.
A humanidade necessita despertar como um todo neste período de crise, de modo a merecer a denominação de civilizada, preservando os direitos humanos.
Artigo publicado no jornal A Tarde (Bahia), coluna Opinião, 26 de agosto de 2021.
ENTRA E COOPERA
“E ele, tremendo e atônito, disse: Senhor, que queres que eu faça? Respondeu-lhe o Senhor: — Levanta-te e entra na cidade e lá te será dito o que te convém fazer.” — (ATOS, capítulo 9, versículo 6.)
Esta particularidade dos Atos dos Apóstolos reveste-se de grande beleza para os que desejam compreensão do serviço com o Cristo.
Se o Mestre aparecera ao rabino apaixonado de Jerusalém, no esplendor da luz divina e imortal, se lhe dirigira palavras diretas e inolvidáveis ao coração, por que não terminou o esclarecimento, recomendando-lhe, ao invés disso, entrar em Damasco, a fim de ouvir o que lhe convinha saber? É que a lei da cooperação entre os homens é o grande e generoso princípio, através do qual Jesus segue, de perto, a Humanidade inteira, pelos canais da inspiração.
O Mestre ensina os discípulos e consola-os através deles próprios. Quanto mais o aprendiz lhe alcança a esfera de influenciação, mais habilitado estará para constituir-se em seu instrumento fiel e justo.
Paulo de Tarso contemplou o Cristo ressuscitado, em sua grandeza imperecível, mas foi obrigado a socorrer-se de Ananias para iniciar a tarefa redentora que lhe cabia junto dos homens.
Essa lição deveria ser bem aproveitada pelos companheiros que esperam ansiosamente a morte do corpo, suplicando transferência para os mundos superiores, tão-somente por haverem ouvido maravilhosas descrições dos mensageiros divinos. Meditando o ensinamento, perguntem a si próprios o que fariam nas esferas mais altas, se ainda não se apropriaram dos valores educativos que a Terra lhes pode oferecer. Mais razoável, pois, se levantem do passado e penetrem a luta edificante de cada dia, na Terra, porquanto, no trabalho sincero da cooperação fraternal, receberão de Jesus o esclarecimento acerca do que lhes convém fazer.
Livro "Caminho, Verdade e Vida"
Pelo Espírito Emmanuel
Francisco Cândido Xavier
DESTRUIÇÃO E MISÉRIA
“Em seus caminhos há destruição e miséria.” Paulo (Romanos. 3:16)
Quando o discípulo se distancia da confiança no Mestre e se esquiva à ação nas linhas do exemplo que o seu divino apostolado nos legou, preferindo a senda vasta de infidelidade à própria consciência, cava, sem perceber, largos abismos de destruição e miséria por onde passa.
Se cristaliza a mente na ociosidade, elimina o bom ânimo no coração dos trabalhadores que o cercam e estrangula as suas próprias oportunidades de servir.
Se desce ao desfiladeiro da negação, destrói as esperanças tenras no sentimento de quantos se abeiram da fé e tece vasta rede de sombras para si mesmo.
Se transfere a alma para a residência escura do vício, sufoca as virtudes nascentes nos companheiros de jornada e adquire débitos pesados para o futuro.
Se asila o desespero, apaga o tênue clarão da confiança na alma do próximo e chora inutilmente, sob a tormenta de lágrimas destrutivas.
Se busca refúgio na casa fria da tristeza, asfixia o otimismo naqueles que o acompanham e perde a riqueza do tempo, em lamentações improfícuas.
A determinação divina para o aprendiz do Evangelho é seguir adiante, ajudando, compreendendo e servindo a todos.
Estacionar é imobilizar os outros e congelar-se.
Revoltar-se é chicotear os irmãos e ferir-se.
Fugir ao bem é desorientar os semelhantes e aniquilar-se.
Desventurados aqueles que não seguem o Mestre que encontraram, porque conhecer Jesus .Cristo em espírito e viver longe dele será espalhar a destruição, em torno de nossos passos, e conservar a miséria dentro de nós mesmos.
Fonte Viva
Francisco Candido Xavier
Pelo Espírito de Emmanuel
VOCÊ JÁ SERVIU DE PONTE, CHICO?
Bem ensina Emmanuel: — “A Natureza é sempre o celeiro abençoado de lições maternais. Em seus círculos de serviço, coisa alguma permanece sem propósito, sem finalidade justa”.
Nela vemos o ensino de tudo; qualquer elemento, qualquer coisa, o quadro de uma paisagem, a árvore, o rio, a fonte, o próprio estrume, tudo nos dá lições, quando vestidos com a virtude da humildade, sem visões estreitas, lemos o Livro de Deus.
Falávamos ao Chico sobre esses assuntos ao passarmos sobre uma ponte. E ele lembrou Casimiro Cunha, em sua maravilhosa CARTILHA DA NATUREZA, que ele psicografou, dizendo:
“Ponte silenciosa,
No esforço fiel e ativo,
É um apelo à lei de amor,
Sempre novo, sempre vivo.”
“Vendo-a nobre e generosa,
Servindo sem altivez,
Convém saber se já fomos
Como a Ponte alguma vez”.
Lembrou-se também de haver Emmanuel lhe perguntado, um dia: — Você já serviu de ponte alguma vez, Chico? E que ele silenciara.
Mas, dias depois, viajando com um sacerdote, de Pedro Leopoldo para Belo Horizonte, num ônibus, recordara da pergunta de seu querido Guia, e servira de ponte. Com uma hora de boa conversa, repartiu com o irmão e companheiro de viagem o que já havia ganho. Sentiu que fora ponte, para que o servo do Cristo, em tarefa testemunhal, ganhasse a outra margem do conhecimento novo com o Amigo Celeste e se sentisse maravilhado.
Quantas vezes podemos ser pontes e deixamos passar a oportunidade...
Que a lição nos sirva.
Abençoada lição de Emmanuel e Casimiro Cunha!
Livro Lindos Casos de Chico Xavier
Autor Ramiro Gama
A PREGUIÇA
Espiritismo para crianças
Marcela Prada
Tema: Lei do Trabalho
Quando pequenos, eu e meu irmão éramos muito preguiçosos. Inventávamos pretextos para não fazermos nossas tarefas escolares nem colaborarmos nos serviços domésticos. As atividades físicas também não nos atraíam. Não queríamos ir à escola. Desperdiçávamos o tempo, entediados, indispostos, sem fazer nada.
Nossos pais evidentemente se aborreciam com isso e esperavam o momento certo de nos incentivarem a nos reformularmos.
Certo dia, depois do almoço, quando eu e meu irmão já íamos iniciar outro longo repouso, minha mãe nos chamou para acompanhá-la numa pequena caminhada pela nossa rua.
Nós não queríamos ir, mas ela não nos deu opção e, mesmo a contragosto, tivemos de acompanhá-la.
Quando passamos em frente de um terreno baldio, minha mãe pediu ao meu irmão que dissesse o que ele via ali.
Meu irmão, mesmo sem entender a intenção de minha mãe, descreveu o terreno como sendo um local feio, cheio de lixo, com mau cheiro, insetos, metais enferrujados e cacos de vidro, sem nada que se aproveitasse.
Continuamos a caminhada e minha mãe pediu que eu reparasse se algum outro terreno estava como aquele. Nós andamos um pouco mais e depois voltamos para casa.
Quando chegamos eu respondi que não. Apenas o terreno baldio estava em más condições. Todos os outros eram ocupados por casas, com jardins, garagens, quintais... Um deles tinha um até uma horta e um pomar.
Mamãe, então, com o olhar sério, nos perguntou:
– Por que vocês acham que se acumularam tantas porcarias no terreno baldio?
– Ora, mamãe, porque ele está vazio! – nós respondemos quase juntos.
– Pois é! – disse minha mãe – é fácil perceber o que acontece com um terreno que fica vazio, sem ser trabalhado, sem propósito nenhum. O que vocês talvez não estejam percebendo é que a mesma coisa acontece com a vida das pessoas. Quem não tem um bom propósito, não trabalha em alguma tarefa útil, abre espaço para que se instale em sua mente e em seus dias tudo o que é inútil e prejudicial, como vícios, maldades, ignorância e mal-estar. Ao contrário, o homem que é trabalhador transforma, com o passar do tempo e com o seu esforço, sua vida num terreno lindo, bem aproveitado e feliz.
Minha mãe não precisou dizer mais nada. Eu e meu irmão nos entreolhamos e entendemos bem o que ela queria dizer-nos.
Depois disso, nós passamos a não recusar mais as tarefas que nos cumpria realizar.
Muitas vezes, em nossas vidas, ficávamos com preguiça, mas a lembrança daquele terreno baldio e dos ensinamentos de minha mãe sempre nos incentivou a preenchermos nossos dias com boas realizações.
Adaptação do texto “A Ociosidade” do livro “E Para o resto da vida...” de Wallace Leal V. Rodrigues.
O Consolador
Revista Semanal de Divulgação Espírita
Agosto/2021
ORAÇÃO À
PÁTRIA BRASILEIRA
Pátria brasileira! bençoada pela fulgurante luz das estrelas do Cruzeiro do Sul, estás programada pelo Senhor da Vida para que sejas, em futuro não distante, o centro de irradiação do Evangelho restaurado.
Enquanto a humanidade sofre a noite terrível que se abate sobre a Terra, e tu experimentas, solo verdejante, a sombra dominadora do descalabro moral dos homens, na Consciência Cósmica que te gerou, estão definidos os desafios e rumos para que logres as tuas conquistas em futuro próximo.
Dormem, nas montanhas em que te apoias e na intimidade das águas oceânicas do Atlântico, que te banha de norte a sul, tesouros inimagináveis que te destacarão mais tarde no concerto econômico das grandes nações.
Embora a conspiração deste momento contra as tuas matas grandiosas, sobreviverás às ambições desconcertantes de madeireiros, pecuaristas e agricultores desalmados, e dos conciliábulos nefandos que lutam pela destruição da tua Amazônia, que permanecerá como o último pulmão da Terra, sustentando a sociedade que hoje se encontra sem rumo.
Padeces, na conjuntura atual, a sistemática desagregação dos valores ético-morais, políticos e emocionais, os mesmos que abalam o mundo, mas esses transitórios violadores do dever passarão, enquanto persistirá a tua destinação histórica, Pátria do porvir!
Conseguiste libertar-te da mancha cruel da escravidão em etapas contínuas, que culminaram no gesto audaz da tua filha, que não teve pejo de, na ausência do pai, pôr fim ao abuso da exploração impiedosa do negro, também teu filho, no eito terrível e hediondo da perversidade.
Logo depois, já livre do jugo da pátria-mãe que te humilhava, pondo-te em subalterna situação, aspiraste por voos mais altos, que um dia se transformaram em liberdades democráticas que sorriram para ti, e o teu pavilhão verde, azul e amarelo tremulou, numa república, que a partir de então podia compartilhar do banquete internacional realizado pelos povos livres da Terra.
É certo que ainda estertoras, neste momento de desafios, quando a cultura cambaleia, a ética desfalece, a moral se perverte e os direitos humanos esquecidos são postos à margem pelos dominadores ignorantes de um dia.
Tu, porém, sobreviverás a toda essa desdita, Brasil!
Compreende, neste momento, a desenfreada manobra dos manipuladores da opinião pública e a daqueles que te dilapidam os valores, transferindo-os para os paraísos fiscais da ignomínia e da insensatez, porque esse hediondo crime contra tua economia e os milhões de vidas, será de duração efêmera. Eles morrerão deixando tudo em contas secretas, em aplicações de que jamais se utilizarão...
Enquanto isso ocorre, gemem no teu solo os filhos da miséria, ocultos nos escombros do abandono.
As tuas vielas, ruas e avenidas nos pequenos burgos do interior, nas metrópoles, veem e sofrem inermes, a desenfreada correria da violência que se atrela ao selvagem potro da morte, dizimando vidas, taladas em pleno alvorecer.
Paga, porém, em paciência e compaixão o preço da tua destinação histórica, na tua condição de futura pátria da paz e do Evangelho de Jesus.
Isto passará, e logo depois da noite sombria, uma aurora de esperanças irá colocar-te no lugar que te está reservado, quando poderás oferecer lições de misericórdia e de solidariedade ao mundo que não perdoa, tu que te apresentas em forma de um grande coração, simbolizando a afabilidade e a doçura.
Oro por ti, Brasil, e por vós, brasileiras e brasileiros, na condição de filho que também sou da terra iluminada pela constelação do Cruzeiro do Sul.
Deodoro*
(Mensagem psicofônica recebida pelo médium Divaldo Pereira Franco, na sessão da noite de 16 de novembro de 2005, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.)
______________________
*Marechal Deodoro da Fonseca. (Nota dos Editores da mensagem.)
Brasil
Desde o Nilo famoso, aberto ao sol da graça,
Da virtude ateniense à grandeza espartana,
O anjo triste da paz chora e se desengana,
Em vão plantando o amor que o ódio despedaça,
Tribos, tronos, nações... tudo se esfuma e passa.
Mas o torvo dragão da guerra soberana
Ruge, fere, destrói e se alteia e se ufana,
Disputando o poder e denegrindo a raça.
Eis, porém, que o Senhor, na América nascente,
Acende nova luz em novo continente
Para a restauração do homem exausto e velho.
E aparece o Brasil que, valoroso, avança,
Encerrando consigo, em láureas de esperança,
O Coração do Mundo e a Pátria do Evangelho.
Olavo Bilac
Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Parnaso de além-túmulo. 17. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. p. 412. Edição Comemorativa – 70 anos
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2006
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