A FELICIDADE E A JUSTIÇA DIVINA
Em duas obras da doutrina Espírita, a Gênese e principalmente O Céu e o Inferno, estão expostas as razões de toda a justiça divina; obras que como as demais devem ser lidas para se ter a real dimensão e grandeza da criação de Deus.
Disse Allan Kardec que todas as religiões admitiram o princípio da felicidade ou infelicidade da alma depois da morte, ou seja, das penas e gozos futuros, que estão na generalizada doutrina do céu e do inferno; a diferença entre elas é quanto a natureza e gozos e as condições que determinam umas e outras.
As soberanas leis de Deus são justas e exatas, não comportando exceções, o que faz com que a duração da pena seja a mesma da causa que a criou, cessando naturalmente com o arrependimento sincero e a reparação.
Sobre nosso posicionamento futuro no mundo espiritual a glamorosa doutrina Espírita acata o ensinamento que o nosso divino Senhor Jesus Cristo deu a seus discípulos e que na verdade foi dirigido a todos os Espíritos encarnados e desencarnado e chegou a nós claramente entendível: a cada um será dado por suas obras.
Com tal ensinamento sabemos que ninguém vai colher no canteiro de outrem, pois, o Criador deu-nos duas mãos, uma para colhermos tudo aquilo que semeamos ao longo de todas as nossas existências e outra para plantarmos o que deveremos colher no futuro. Em nossa atual reencarnação estamos então, colhendo tudo que semeamos outrora; daí a necessidade de aceitação de qualquer consequência desfavorável, haja vista, que são frutos de nossa própria semeadura.
O ilustre codificador da salutar doutrina dos Espíritos perguntou aos luminares que a ditaram onde estariam gravadas as leis de Deus e eles foram suscintos ao dizer que estão gravadas em nossa consciência, o que fez o grande filósofo Espírita Léon Denis dizer que não temos outro juiz, nem outro carrasco que não seja nossa consciência.
A reencarnação é a maior prova da justiça distributiva de Deus, que não aceita intermediários e atua diretamente sobre o infrator, e com o entendimento do funcionamento da justiça divina, que realmente não erra, temos as melhores condições de fazer bom uso de nosso livre-arbítrio, o que irá nos elevar espiritualmente, já que foi exatamente seu mau uso que nos trouxe o sofrimento por que passamos.
Por tudo isso, não há outro caminho para a felicidade, a não ser o caminho único de fazer o bem sempre, estar sempre ao lado bem, promover sempre o bem, não esquecendo o ensinamento do Cristo, que receberemos por nossas obras.
Crispim.
Referências bibliográficas:
- O Livro dos Espíritos. Allan Kardec.
- A Gênese. Allan Kardec.
- O Céu e o Inferno. Allan Kardec.
CADA MINUTO É MUITO IMPORTANTE
Espalhar o bem no caminho alheio, porque desse gesto de solidariedade é que partirão as melhores esperanças com vista a um amanhã melhor, porque a rigor só terá daquilo que dá.
Procure assimilar o resultado de suas ações sempre, pois tudo que colhe hoje, é porque já plantou ontem. Muitas vezes não percebe que pode conviver com forças antagônicas sem destruir os melhores sentimentos.
Outros estão ao seu redor e às vezes esperam pequenos gestos de solidariedade para se sentirem vivos, por mais que sejam insignificantes, mas quando praticados com amor pode representar um passo à frente.
Naturalmente que fazendo o bem, estará caminhando, talvez somente cumprindo o essencial, mas se conhece os fundamentos da lei e não a pratica, isto pode ser a origem da maioria dos fracassos e sofrimentos.
Muitas vezes aqueles que ainda não conseguiram vencer o comodismo, volta e meia se veem diante de antigos problemas que semearam, invigilantes, no caminho do próximo.
Conscientize-se que cada minuto é muito importante ao seu progresso e ao seu futuro, por isso mesmo empregue bem o seu tempo, porque o tempo mal empregado hoje, pode fazer uma enorme falta ao seu futuro, justamente para concluir aquele projeto que é o maior sonho de sua vida.
Está a caminho e por isso está munido de todos os recursos, para que possa fazer a travessia da existência com êxito.
Afirma o apóstolo Pedro (Epístola 4:8) que “o amor cobre a multidão de pecados”, mas aquele que não se agasta e cumpre os seus compromissos, certamente que dará passos significativos na senda do progresso.
Assim, que faça todo o bem que possa e siga o seu caminho em paz. Mais além certamente que lembrará esses dias vividos, mas exatamente aquele último minuto que foi da máxima importância para o seu futuro.
Vá em paz e confie em Deus.
Histórias Educativas
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
NA ROTA CERTA
Deus coloca na mão do homem tudo aquilo que possa ser útil, de acordo com a sua evolução moral. Assim que a verdade bem compreendida a lei e ninguém poderá se queixar dos males que sofrem. Ou das vantagens que não possui. Porque a vida guarda a dimensão de suas necessidades mais imperiosas.
Assim que cada um tem a justa medida de que realmente precisa para se manifestar com proveito no mundo. Porque a grande maioria sabe, antes de nascer qual o grande desafio que deve enfrentar, com vista ao seu futuro…
Dessa forma que pede determinado gênero de prova para que assim possa resolver problemas que existem na pauta de suas metas principais. Que podem ser relativas a ressarcimento a erros e faltas cometidas no passado, como também lançar bases para o futuro.
Às vezes expia mediante provas dolorosas o mal que perpetrara contra o próximo, reparar certos desatinos que por qualquer motivo deixam para trás, como também são lhe indicadas novas metas em atenção ao seu aperfeiçoamento moral. Assim que pode resultar da encarnação do espírito auferir enormes benefícios quando bem aproveitas as oportunidades que surjam.
Sempre a misericórdia agindo em seu favor. Mas nesses testes que é submetido a duras provações e espírito pode falir, porque quando aqui chega através da reencarnação, vendo-se naquele ambiente semelhante ao de outrora, às vezes com as mesmas pessoas, inclusive, não consegue superar suas antipatias ou a cumplicidade com certos vícios e com isso cai desastradamente.
Daí tantas encarnações passageiras que quase de nada valeram ao espírito como experiência. Mas como for sempre a encarnação é uma grande oportunidade para o Espírito que se propõe a caminhar. E muitos pedem e anseiam por este momento.
Dessa maneira precisa valorizar esta existência, porque é a grande chance que tem para melhor o seu destino.
Por maiores que sejam as dificuldades, não se deixe abater nem pela aridez da luta nem pelas limitações, pois que nasceu com todos os requisitos para que bem pudesse cumprir o seu papel com êxito.
É verdade que tudo caminha dentro de uma lógica irretorquível, muito embora algumas pessoas não entendam essa situação. Imagina que a sua vida é a pior de todas e mais uma série de disparates de quem não percebe as sábias providências divinas em seu favor.
É por isso continue lutando e fazendo a sua parte no contexto da vida que escolheu. Note a prova é aquele que mais lhe convém, agora não recuse o remédio que é o único que pode dar um basta as suas atitudes equivocadas do passado e de alguma forma curá-la de suas mazelas?
Pode alegar que não sabia extensão da prova para recolocá-la na luta compatível com dignidade que espera. Após tantas existências mal vividas e que teria que voltar para ressarcir tantos erros cometidos e esta será essa existência a mais vantajosa de quantas tenha vivido até o momento.
Nessa altura se põe a lamentar a rota escolhida, sem razão, é este tipo de prova que atende aos seus legítimos interesses, porque esta manifestação de desagrado.
Porque pensar que o mundo está contra as suas expectativas, quanto tudo converge para o seu interesse maior. É inconcebível que aja dessa maneira.
Não dificulte, mas coloque-se em condição de servir com sabedoria, porque somente assim compreenderá que tudo caminha dentro de uma base sólida com todas as possibilidades de superar as suas deficiências, agora é preciso lutar. Não espere do outro aquilo que pode e deve fazer por si mesmo.
Assim que se apresenta a vida com suas turbulências e suas conquistas também, porque o resultado será a sua herança. Procure agir sempre no bem, por maiores que sejam as dificuldades do caminho.
O bem tudo supera e oferece mais recursos àquele que se comporta com dignidade diante da vida.
Ninguém em verdade pode prescindir do trabalho de amor ao próximo e a Deus, porque está nesta escola para aprender as lições maravilhosas, porém o tempo vai passando e pode muito bem fazer a sua parte. E com isso poupar vínculos com sofrimentos, por isso olhe os problemas em seu redor com a intenção de resolvê-los, porque somente assim criará forças para superar em definitivo as grandes questões do seu destino. Áulus.
Histórias Educativas
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
NOTÍCIAS HISTÓRICAS
Publicanos
Assim eram chamados, na antiga Roma, os cavalheiros arrendatários das taxas públicas, encarregados da cobrança dos impostos e das rendas de toda natureza, quer na própria Roma, quer nas outras partes do Império. Assemelhavam-se aos arrendatários gerais e arrematadores de taxas do antigo regime na França e que ainda existem em algumas regiões.
Os riscos que eles corriam faziam com que se fechassem os olhos para as riquezas que muitas vezes adquiriam e que, da parte de muitos, eram fruto de exações e de lucros escandalosos. O nome publicano se estendeu mais tarde a todos os que administravam o dinheiro público e aos agentes subalternos.
Hoje esse termo se emprega em sentido pejorativo para designar os financistas e os agentes pouco escrupulosos de negócios. Diz-se às vezes: “Ávido como um publicano, rico como um publicano”, com referência a uma fortuna de má procedência.
De toda a dominação romana, o imposto foi o que os judeus aceitaram com mais dificuldade e o que causou mais irritação entre eles. Dele resultaram várias revoltas, fazendo-se do caso uma questão religiosa, por ser considerado contrário à lei. Formou-se até um partido poderoso, em cuja chefia estava um certo Judá, apelidado o Gaulonita, que estabelecera como princípio o não pagamento do imposto. Os judeus tinham, portanto, horror ao imposto e, em consequência, a todos os que se encarregavam de arrecadá-lo. Daí a aversão que votavam aos publicanos de todas as categorias, entre os quais podiam encontrar-se pessoas muito estimáveis, mas que, em virtude de suas funções, eram desprezadas, assim como as pessoas de suas relações e confundidos na mesma reprovação. Os judeus de destaque consideravam um comprometimento ter intimidade com eles.
Não há dificuldades em compreendermos a aversão do povo judeu para os que lhes cobravam impostos, não raro abusivos. Esta aversão e o desejo de se desobrigar de tal submissão fica claro neste breve diálogo entre os fariseus e Jesus:
Dize-nos, pois, que te parece: é lícito pagar o tributo a César, ou não?
Jesus, porém, conhecendo a sua malícia, disse: Por que me experimentais, hipócritas?
Mostrai-me a moeda do tributo. E eles lhe apresentaram um dinheiro.
E ele diz-lhes: De quem é esta efígie e esta inscrição?
Disseram-lhe eles: De César. Então ele lhes disse: Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.
Portageiros
Eram os arrecadadores de baixa categoria, incumbidos principalmente dos direitos de entrada nas cidades. Suas funções correspondiam mais ou menos à dos empregados de alfândega e recebedores de direitos de barreira. Compartilhavam da repulsa dirigida aos publicanos em geral. Essa a razão por que, no Evangelho, encontra-se frequentemente o nome de publicano associado à expressão gente de má vida. Tal qualificação não implicava a de debochados ou vagabundos; era um termo de desprezo, sinônimo de gente de má companhia, indignas de conviver com pessoas distintas.
Fariseus
(Do hebreu parasch = divisão, separação) – A tradição constituía parte importante da teologia dos judeus. Consistia numa compilação das interpretações sucessivas dadas sobre o sentido das Escrituras e tornadas artigos de dogma. Entre doutores, constituía assunto de discussões intermináveis, na maioria das vezes sobre simples questões de palavras ou de formas, no gênero das disputas teológicas e das sutilezas da escolástica da Idade Média. Daí nasceram diferentes seitas, cada uma das quais pretendia ter o monopólio da verdade, detestando-se cordialmente entre si, como acontece quase sempre. Entre essas seitas, a mais influente era a dos fariseus, que teve por chefe Hillel, doutor judeu nascido na Babilônia, fundador de uma escola célebre, onde se ensinava que só se devia depositar fé nas Escrituras. Sua origem remonta a 180 ou 200 anos antes de Jesus Cristo. Os fariseus foram perseguidos em diversas épocas, especialmente sob Hircano — soberano pontífice e rei dos judeus —, Aristóbulo e Alexandre, rei da Síria. No entanto, como este último lhes restituiu as honras e os bens, os fariseus recobraram seu poder e o conservaram até a ruína de Jerusalém, no ano 70 da Era Cristã, quando então o seu nome desapareceu, em consequência da dispersão dos judeus.
Os fariseus tomavam parte ativa nas controvérsias religiosas. Servis observadores das práticas exteriores do culto e das cerimônias, cheios de um zelo ardente de proselitismo, inimigos dos inovadores, afetavam grande severidade de princípios, mas, sob as aparências de meticulosa devoção, ocultavam costumes dissolutos, muito orgulho e, acima de tudo, excessiva ânsia de dominação.
Para eles, a religião era mais um meio de chegarem a seus fins, do que objeto de fé sincera. Da virtude só guardavam a ostentação e as exterioridades, embora exercessem, com isso, grande influência sobre o povo, a cujos olhos passavam por santas criaturas. Essa a razão por que eram muito poderosos em Jerusalém.
Acreditavam, ou, pelo menos, fingiam acreditar na Providência, na imortalidade da alma, na eternidade das penas e na ressurreição dos mortos (cap. 4, it. 4). Jesus, que prezava sobretudo a simplicidade e as qualidades do coração, que, na lei, preferia o espírito que vivifica, à letra, que mata, se aplicou, durante toda a sua missão, a lhes desmascarar a hipocrisia, transformando-os, em consequência disso, em seus inimigos obstinados. É por isso que eles se ligaram aos príncipes dos sacerdotes para amotinar o povo contra Jesus e eliminá-lo.
Fariseu, no sentido conotativo, representa pessoa que se apresenta segundo a aparência, adotando comportamentos que impressionam os olhos humanos, que projetam imagem social para chamar a atenção. Condição completamente diferente do indivíduo humilde, que se mostrar tal como é: alguém que se esforça em se transformar para melhor, como aprendiz do Evangelho.
Livro Evangelho Redivivo
FEB
PSICOGRAFIA
Quando o sofrimento bate a porta de alguém este torna se mais humano, porque compreende a inutilidade de certos preconceitos e ilusões, muitas vezes imaginando-se superior aos demais, ou por questão de nascimento ou de conta bancária. Vê-se que todos são feitos da mesma argila e sujeitos as mesmas enfermidades, somente que os distingue é aceitação da sua origem e não se incomoda da situação que se encontra, como conquista que já conseguiu superar, ou de alguém que estacionou no caminho da evolução e somente através da dor será capaz de despertar para uma realidade mais completa.
Assim que a dor precede a uma profunda mudança em seu comportamento, permitindo uma compreensão mais cristã da vida, que, aliás, nivela todos os homens. Verifica-se que aquele orgulho não tem razão de ser, que esse detalhe de sua personalidade causou-lhe um imenso mal e que somente a dor foi capaz de desalojar do seu coração, pois que a dor batendo reiteradas vezes demonstrou que ele precisa mudar o caminho que não era por onde imaginava.
Quantos compreendem somente na hora derradeira que é necessário perdoar, que vivera tanto tempo sem uma finalidade mais objetiva, que precisa reformar seus sentimentos, mas foi preciso uma vida inteira para dar um passo, aliás, somente um passo.
Se não temos olhos de ver, conforme lembra Jesus, somente a dor é capaz de realizar esse trabalho. Porque quando se vive bem, a dor alheia não dói, mas quando chega a nossa vez e passam-se amargas provações então se compreende que a dor é um poderoso argumento para fazer muita gente mudar de vida.
Quantas vezes ouvimos histórias que uma pessoa que parecia invulnerável a qualquer tipo de mudança, mas uma grande tragédia ou um grande perigo de que fora protagonista mudou radicalmente seu modo de vida. É o dito tratamento de choque. E quantos não precisam de um tratamento de choque para rever os seus conceitos e os seus princípios. É considerável o número que estão nesse caso e por aí de deduz que a dor acompanhará ainda por muito tempo o homem aqui no plano físico, como maneira de forçá-lo a se posicionar melhor perante a vida e cultivar o sentimento de simplicidade, que é muito importante para que encontre a paz que precisa. Quem vive com simplicidade, evolui com mais rapidez no mundo que vive, pois que não cria para si necessidades absurdas, nem ambiciona o que não lhe pertence e busca viver dentro da configuração que Deus lhe deu, ou seja, dentro dos recursos possíveis, e viver sem reclamar não será uma espécie de felicidade? Pedir ao mundo somente o necessário para viver não será liberdade? Viver a cada dia intensamente como se fosse o último, não ferindo, nem lesando ninguém não será compreensão da lei do amor? Não será amando e compreendendo a todos indistintamente, não será um indicativo que está melhorando? Conseguindo perdoar até as pessoas que lhes malquerem não será ser cristão? Muito mais trabalho e buscando auxiliar aqueles que sofrem mais, não será uma compreensão do espírito de solidariedade? A cada estágio uma promoção, a cada hora um passo rumo ao perfeito entendimento do que seja amor, ou numa expressão mais simples, a cada primavera uma lição de vida, em que se pode avaliar o ciclo dos acontecimentos, sem descurar as obrigações de reformar-se, como a primavera se renova a cada ano para oferecer ao mundo e ao homem um espetáculo de renascimento de energias acumuladas durante o inverno.
De tudo se pode tirar uma lição, basta que tenha olho de ver e ouvidos de ouvir.
A compreensão virá com a observação dos acontecimentos que se desenrolam perante as nossas vistas, pois que são lições ao nosso alcance, basta que se tenha o necessário discernimento para entender. Nem sempre isso é possível para quem não se dispõe a se posicionar melhor perante a vida.
APSIV-94
ALGO MAIS
De: Francisco Cândido Xavier
Espírito:Emmanuel
Editora: IDEAL
Desde muito tempo, recebemos perguntas e considerações quais estas, desde muito tempo.
“Conhecemos os princípios religiosos que nos regem, mas não poderíamos dialogar com os amigos espirituais sobre algo mais? Na era do progresso tecnológico em que nos achamos na Terra, que seria justo acrescentar aos nossos conhecimentos para assegurar a nossa própria segurança íntima? Se as máquinas, em grande parte, estão substituindo os homens, em que ponto da vida se fixam os homens, de modo a não ser simples máquinas? Aspiramos a saber, um tanto mais, além das conquistas ditas científicas, para não perdermos o sentido espiritual da vida. Em que nos firmamos, a fim de não ser arrastados pelo materialismo, à sombra da negação até de nós mesmos? Conhecemos as Escrituras Sagradas e lhes reconhecemos o valor, entretanto, desejávamos obter os apontamentos possíveis do Mundo Espiritual quanto à confirmação de nossa fé em Deus e na imortalidade da alma, para que a nossa tranquilidade não seja conturbada pelo peso das afirmações materialistas, com base nas conquistas da ciência…”
De semelhantes solicitações, nasceu este livro despretensioso.
Agradecendo a honrosa atenção com que nos acolhes, insistimos em destacar que por muito amplos se façam os avanços da ciência no mundo, a nossa paz, em qualquer tempo, está alicerçada na observação e na prática dos ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Emmanuel.
O Consolador
Agosto/2015
A VISITA DE JESUS
Colunista Marta Antunes de-Moura
O escritor russo Leon Nicolalevitch Tolstoi (1928-1910) relata a seguinte história que, ao longo dos tempos, emociona as sucessivas gerações:
Um aldeão russo, muito devoto, pedia constantemente em suas orações que Jesus viesse visitá-lo na sua humilde choupana. Na véspera de Natal sonhou que o Senhor iria aparecer-lhe, e, teve tanta certeza da visita que, mal acordou, levantou-se começou a por a casa em ordem para receber o hóspede tão esperado. Uma violenta tempestade de granizo e neve acontecia lá fora e o aldeão continuava com os afazeres domésticos, cuidando também da sopa de repolho, que era o seu prato predileto. De vez em quando ele observava a estrada, sempre à espera.
Decorrido algum tempo, o aldeão viu que alguém se aproximava, caminhando com dificuldade em meio a borrasca de neve. Era um pobre vendedor ambulante, que conduzia às costas um fardo bastante pesado. Compadecido, saiu de casa e foi ao encontro do vendedor. Levou-o para a choupana, pôs sua roupa a secar ao calor da lareira e repartiu com ele a sopa de repolho. Só o deixou ir embora depois de ver que ele já tinha forças para continuar a jornada.
Olhando de novo através da vidraça, avistou uma mulher na estrada, coberta de neve. Foi buscá-la e a abrigou na choupana. Fez com que sentasse próxima à lareira, deu-lhe de comer, embrulhou-a em sua própria capa… Não a deixou partir enquanto não readquiriu forças suficientes para a caminhada.
A noite começava a cair… E nada de Jesus! Já quase sem esperanças, o aldeão foi novamente à janela e examinou mais uma vez a estrada coberta de neve. Distinguiu uma criança e percebeu que ela se encontrava perdida e quase congelada pelo frio… Saiu mais uma vez, pegou a criança, levou-a para a cabana. Deu-lhe de comer e não demorou muito para que a visse adormecida ao calor da lareira.
Cansado e desolado, o aldeão sentou-se e acabou por adormecer também junto ao fogo. Mas, de repente, uma luz radiosa iluminou tudo! Diante do pobre aldeão, surgiu risonho o Senhor, envolto em túnica branca.
— “Ah! Senhor! Esperei-o durante o dia inteiro e não aparecestes, lamentou-se o aldeão!…” E Jesus Senhor lhe respondeu:
— “Já por três vezes, hoje, visitei a tua choupana: o vendedor ambulante que socorreste, aquecestes e destes de comer, era eu. A pobre mulher a quem destes a capa, era eu. E essa criança que salvastes da tempestade também sou eu. O bem que a cada um deles fizestes, a mim mesmo o fizestes!”
Trata-se de uma bela história que nos dá a oportunidade de refletir a respeito dos benefícios da Lei de Amor pela prática da caridade, ensinada por Jesus como sendo o Maior ou o Grande Mandamento: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, com toda a tua força e de todo o teu entendimento; e a teu próximo como a ti mesmo. (Lucas, 10: 27) 2 Orientação messiânica que Allan Kardec pondera a respeito: “ Caridade e humildade, tal o único caminho da salvação. Egoísmo e orgulho, tal o da perdição. […], Não podendo amar a Deus sem praticar a caridade para com o próximo, todos os deveres do homem se encontram resumidos nesta máxima: Fora da caridade não há salvação. 3
O personagem da história de Tolstoi demonstra irrestrita certeza de que Jesus o visitaria. Assim, após as preces, organiza-se para a recepção do amado visitante: limpeza e arrumação da moradia, preparo do alimento favorito, aquecimento da residência etc. Tudo isso, porém, não o impede de agir com compaixão e solidariedade ao atender pessoas necessitadas de auxílio que, aparentemente, surgiram por acaso naquele dia: socorre prontamente o pobre vendedor que se encontrava subjugado pela nevasca, providencia a secagem de suas vestes e lhe oferece um prato de sopa; atende gentilmente uma mulher desabrigada, oferecendo-lhe alimento e segurança no lar; por último, socorre amorosamente uma criança perdida, quase congelada de frio, prestando-lhe os cuidados imprescindíveis à sobrevivência.
As ações do humilde aldeão demonstram como deve ser o comportamento do verdadeiro cristão, que jamais deve se afastar do propósito auxiliar o próximo, de acordo com as próprias possibilidades. Em nenhum momento aquele cristão especula como e porque aquelas pessoas chegaram ali, de onde vieram e para onde iriam. Dispõe-se a servi-los, oferecendo-lhes o melhor do que possuía, ainda que o seu coração e a sua mente guardassem a expectativa da visita do Senhor.
Ele simplesmente, fez o bem!
A história nos transmite a oportuna lição de que, todos os dias, Jesus nos visita por intermédio dos inúmeros necessitados, encarnados e desencarnados, que transitam no mundo, rogando amparo e proteção. É a lição que ecoa nessa tocante mensagem sobre a caridade, imortalizada por Paulo de Tarso:
Hino à Caridade 4
Ainda que eu falasse línguas,
as dos homens e a dos anjos,
se eu não tivesse a caridade, seria como o bronze que soa
ou como o címbalo que tine.
Ainda que tivesse o dom da profecia,
o conhecimento de todos os mistérios
e de toda a ciência,
ainda que tivesse toda a fé,
a ponto de transportar montanhas,
se não tivesse caridade,
nada seria.
Ainda que distribuísse todos os meus bens aos famintos,
ainda que entregasse meu corpo às chamas,
se não tivesse caridade,
isso nada me adiantaria.
A caridade é paciente,
a caridade é prestativa,
não é invejosa, não se ostenta,
não se incha de orgulho.
Nada faz de inconveniente,
não procura o seu próprio interesse,
não se irrita, não guarda rancor.
Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade.
Tudo desculpa, tudo crê,
tudo espera, tudo suporta.
A caridade jamais passará.
Quanto às profecias, desaparecerão.
Quanto às línguas, cessarão.
Quanto à ciência, também desaparecerá.
Pois o nosso conhecimento é limitado,
e limitada é a nossa profecia.
Mas, quando vier a perfeição,
o que é limitado desaparecerá.
Quando eu era criança,
falava como criança,
pensava como criança,
raciocinava como criança.
Depois que me tornei homem,
fiz desaparecer o que era próprio da criança.
Agora, vemos em espelho
e de maneira confusa,
mas, depois, veremos face a face.
Agora o meu conhecimento é limitado,
mas, depois, conhecerei como sou conhecido.
Agora, portanto, permanecem fé,
esperança, caridade,
essas três coisas.
A maior delas, porém, é a caridade.
Referências
1. O Aldeão – conto de Natal: https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=260646 Acesso em03/12/2021.
2. BÍBLIA DE JERUSALÉM. Coordenadores da edição em língua portuguesa: Gilberto da Silva Gorgulho; Ivo Storniolo e Ana Flora Anderson. Diversos tradutores. 1 ed. 13 imp. Nova edição, revista e ampliada. São Paulo: Paulus, 2019. O evangelho segundo Lucas, 10: 27, p.1808.
3. KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Evandro Noleto Bezerra.2 ed. 1 imp. Brasília: FEB: 2013. Cap. XV, it. 5, p. 204.
4. BÍBLIA DE JERUSALÉM. Coordenadores da edição em língua portuguesa: Gilberto daSilva Gorgulho; Ivo Storniolo e Ana Flora Anderson. Diversos tradutores. 1 ed. 13 imp. Nova edição, revista e ampliada. São Paulo: Paulus, 2019. 1Coríntios,13:1-13., p. 2009-2010
.
PERDOA ÁS NOSSAS DÍVIDAS, ASSIM COMO PERDOAMOS AOS NOSSOS DEVEDORES
Quando pronunciamos as palavras «perdoa as nossas dividas, assim como perdoamos aos nossos devedores», não apenas estamos à espera do benefício para o nosso coração e para a nossa consciência, mas estamos igualmente assumindo o compromisso de desculpar os que nos ofendem.
Todos possuímos a tendência de observar com evasivas os grandes defeitos que existem em nós, reprovando, entretanto, sem exame, pequeninas faltas alheias.
Por isso mesmo Jesus, em nos ensinando a orar, recomendou-nos esquecer qualquer mágoa que alguém nos tenha causado.
Se não oferecermos repouso à mente do próximo, como poderemos aguardar o descanso para os nossos pensamentos?
Será justo conservar todo o pão, em nossa casa, deixando a fome aniquilar a residência do vizinho?
A paz é também alimento da alma, e, se desejamos tranquilidade para nós, não nos esqueçamos do entendimento e da harmonia que devemos aos demais.
Quando pedirmos a tolerância do Pai Celeste em nosso favor, lembremo-nos também de ajudar aos outros com a nossa tolerância.
Auxiliemos sempre.
Se o Senhor pode suportar-nos e perdoar-nos, concedendo-nos constantemente novas e abençoadas oportunidades de retificação, aprendamos, igualmente, a espalhar a compreensão e o amor, em benefício dos que nos cercam.
Livro Pai Nosso
Francisco Candido Xavier
Pelo Espírito de Meimei
Espiritismo para crianças
Marcela Prada
Tema: Anjo da Guarda; reclamação
MAURO E SEU ANJO DA GUARDA
Mauro estava dormindo, mas acordou com o barulho do seu despertador.
De mau humor ele resmungou:
– Que barulho chato! Não aguento mais ouvir todo dia esse despertador insuportável. Tenho que arrumar outro o mais rápido possível!
Mauro tinha que ir trabalhar. Ele morava numa cidade grande, longe do seu emprego e, mesmo indo de carro, ele demorava para chegar, pois sempre pegava muito trânsito.
Por isso, se arrumou rapidamente, tomou seu café da manhã e entrou no carro.
Mauro tinha adquirido um péssimo hábito!
Ele reclamava de tudo!
Naquele dia, além do som do despertador ele também reclamou que não tinha roupas boas, que tinha acabado a geleia, que sua casa era longe de seu trabalho e que seu carro não era tão bom quanto o do seu vizinho.
Seu anjo da guarda sempre escutava, com tristeza, as reclamações de Mauro e percebia que esse mal hábito estava lhe fazendo muito mal.
Mauro estava se tornando um pessimista. Não conseguia ver o lado bom das coisas. Achava que estava tudo ruim em sua vida e por consequência sentia-se muito infeliz.
Por isso, seu anjo da guarda, naquele dia, acompanhou-o mais de perto até seu trabalho.
Logo no começo do trajeto Mauro entrou numa avenida e teve que parar no semáforo vermelho. Um rapaz, veio até seu carro, mostrou-lhe um cartaz que informava que ele era surdo e pedia a contribuição de dois reais por um pacotinho de balas.
O anjo da guarda, aproveitando a ocasião, transmitiu à mente de Mauro seus pensamentos. Ele, então, percebeu a dificuldade que aquele rapaz deveria enfrentar. Estava se arriscando ali, no meio dos carros, poderia até mesmo ser atropelado. Lembrou-se de como ele gostava de ouvir música e pensou que mesmo o barulho desagradável do despertador era melhor do que não ouvir nada.
Mauro comprou as balas, esperou o farol ficar verde e seguiu.
Mais à frente o carro parou novamente devido ao congestionamento e Mauro avistou, sentado na calçada, um homem, de roupas rasgadas e sujas, que estendia a mão a cada pessoa que passava por ele, pedindo uma esmola.
Com o auxílio do anjo da guarda, que procurava lhe ensinar, Mauro reconheceu como era bom ter um emprego. Mesmo que fosse longe de sua casa. Era uma bênção poder trabalhar, ganhar seu sustento.
Ele tinha dinheiro para comprar roupas boas o suficiente para o que ele precisava vestir e dinheiro para comprar comida gostosa e não passar fome.
Continuando em seu caminho, Mauro viu também uma mulher apressada, carregando com esforço sua bolsa e uma sacola pesada. Ela corria em direção ao ponto de ônibus, tentando alcançar o ônibus que estava lá parado deixando alguns passageiros. Mas a mulher não conseguiu chegar no ponto à tempo. O ônibus partiu e ela teve que esperar pelo próximo. Mauro pôde ver em seu rosto o quanto ela ficou desapontada.
Mais uma vez, sob a influência amiga do seu anjo da guarda, Mauro agradeceu a Deus por ter aquele carro, que tanto facilitava sua vida.
Chegando ao seu trabalho, no horário certo e em paz, Mauro deu bom dia aos seus colegas.
– Bom dia? Quem dera! Hoje é segunda-feira! Ainda temos que trabalhar a semana inteira – disse um dos companheiros.
Normalmente Mauro reclamaria também da segunda-feira, concordando com o amigo, mas naquele dia, ele estava diferente. Sentia-se bem. Não respondeu nada. Mas achou bastante desagradável aquele comentário que ele mesmo costumava fazer.
Na hora do cafezinho outro colega comentou:
– Quero o meu com bastante açúcar! De amarga basta a vida!
Era comum Mauro ouvir, ou até mesmo fazer, aquele comentário, mas naquele dia ele ficou chateado de ouvir seu amigo falar como se achasse a vida amarga e ruim.
Quando Mauro encerrou seu expediente e voltou para casa, estava vendo tudo de outro modo. Ele viu o carro do vizinho, mas não sentiu inveja. Agradeceu a Deus por tudo o que ele tinha, inclusive seu carro. Sentiu-se feliz e desejou que o vizinho também estivesse feliz com os bens que possuía.
Felizmente, Mauro acolheu os bons pensamentos do seu anjo da guarda. Nos dias que se seguiram muitas vezes ele teve vontade de reclamar, pois isso já era um hábito para ele. Mas, aos poucos, Mauro passou a trocar a reclamação pela gratidão e sem perceber, passou a ser também, bem mais feliz.
O Consolador
Revista Semanal de Divulgação Espírita
Outubro/2021
A BONDADE
Divaldo Franco
Professor, médium e conferencista espírita
Nada obstante o suceder dos desafios crescentes da atualidade, o ser humano, embora aturdido pelos desastres de toda ordem que o afligem, desvela sentimentos que lhe jazem adormecidos.
As lutas da atualidade, decorrentes de vários fatores, especialmente da pandemia de Covid-19 e dos cuidados que são necessários para evitar-lhe o contágio, têm provocado a brutalidade da violência como mecanismo de defesa para a sobrevivência.
Recrudescem os atos de brutalidade, especialmente contra os mais fracos, aqueles que a sociedade sempre tem repelido ou finge não existir, ameaçando a estabilidade emocional praticamente de todas as pessoas.
Há uma vaga sensação que paira no ar, de intranquilidade e rebeldia, de medo e falta de direcionamento moral, como se o temido caos social já se encontre instalado.
Periodicamente as redes sociais, que apresentam as notícias mais variadas, e na maioria das vezes são utilizadas para a futilidade e o exibicionismo, apresentam fatos que demonstram a excelência dos valores éticos, quase sempre violados ou esquecidos.
Por exemplo, lemos numa dessas redes que a polícia foi chamada para punir um jovem muito pobre, que vendia água engarrafada e parecia estar perturbando os transeuntes para que lhe comprassem o líquido precioso. Quando o carro dos militares chegou, um soldado inquiriu o rapaz, que lhe respondeu ainda não ter vendido nada e que estava com muita fome, a ponto de quase não aguentar movimentar-se com a caixa recheada.
O policial examinou-lhe o volume de isopor e constatou-lhe a verdade.
De imediato, levou-o a uma lanchonete próxima, pagou-lhe uma refeição e comprou-lhe todo o estoque, sugerindo que o readquirisse, prosseguindo no seu mister.
O jovem, surpreso, atendeu jubiloso e, mais tarde, quando o militar passou pelo mesmo lugar, ao entardecer, encontrou-o alegre por já haver vendido mais de uma caixa.
Embora a bondade seja uma virtude natural, decorrente da origem da criatura humana, que tem a Divindade no seu mundo interior, tem cedido lugar à indiferença e ao egoísmo no comportamento humano.
É tão fácil ser gentil e ampliar o coração mediante gestos de bondade, que o despertar da consciência para tal atitude produz uma reação orgânica de bem-estar resultante dos hormônios que facultam a felicidade.
Sócrates, em Atenas, divulgou o pensamento clássico dos sábios antigos que se encontrava num pórtico do santuário de Delfos, de grande significado: “Conhece te a ti mesmo”, hoje considerado terapêutico para a superação das más inclinações e atos abomináveis.
Vale a pena desenvolver a bondade mediante atos de pequena significação, a fim de ser novamente criada a cultura da paz e da solidariedade, e a vida ser digna de experienciada.
Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 18 de novembro de 2021
|