"Luzes do Amanhecer"

Fundado em 16/07/1996 publicado 02/02/2006
JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA - ANO XVII - N. 192 * Campo Grande/MS * Janeiro de 2022.
EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
Rua Colorado n o 488, Bairro Jardim Canadá, CEP 79112-480, Campo Grande-MS.

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          Mesmo que os vendavais da vida tenham lançado dor e desolação em seu caminho, um pensamento de bondade sempre deve iluminar o seu coração, porque desse manancial interior que extrairá a força para se feliz. Ambrósio


 

 

 

         

A BONDADE

 

            O bom dicionário Houaiss define bondade como a qualidade de quem tem a alma nobre e generosa e é naturalmente inclinado a fazer o bem; benevolência, benignidade, magnanimidade. Essa virtude, quando alguém consegue atingi-la, dignifica e enaltece tal criatura ao ponto de se a considerar um santo homem.
            Jesus, o maior Espírito que já encarnou na Terra, que por sinal é o nosso Senhor, na sua extrema humildade, quando lhe perguntaram algo, dirigindo-Lhe o termo de bom mestre, imediatamente recusou o atributo de bom, dizendo, por que me chamas bom? só Deus é bom.
            O sábio Espírito Emmanuel pediu-nos que não desprezássemos a simpatia e a bondade ante as lutas alheias, pois a bondade e a simpatia nos outros abençoar-nos-ão toda a vida. Lembra-nos também que a bondade de Deus intervém nas causas que produzem o mal, restaurando a segurança da paz e a marcha do progresso.
            O sensível filósofo Espírita, Léon Denis, considera que se o orgulho gera uma multidão de vícios, a caridade produz muitas virtudes, como a paciência, a doçura, a prudência e que ao homem caridoso, fácil é ser afável e perdoar as ofensas que lhe fazem, com a misericórdia sendo companheira da bondade.
            Nosso querido Chico Xavier pediu-nos que perdoássemos cada pessoa que tirou vantagem da nossa bondade e confundiu isso com fraqueza, e o doce Espírito Miramez afirma que a bondade permanente nos olhos, nos gestos, na fala, é sinal de que o coração está transbordando pelo estado de graça do Cristo em nós.
            De tudo isso podemos concluir que a virtude da bondade é extremamente difícil de ser alcançada; difícil, mas não impossível, e temos que ir conseguindo aos poucos, seguindo orientação da ilustre poetiza Cora Coralina quando disse: “Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende”.

 

Crispim.

 

Referências bibliográficas:

  • O Espírito da Verdade. Chico Xavier/Emmanuel.
  • Escrínio de Luz. Chico Xavier/Emmanuel.
  • Depois da Morte. Léon Denis.
  • Horizontes da Fala. João Nunes Maia/Miramez.

 

 

CORAGEM

 

            Se já conseguiu divisar o caminho que permite trilhar com seus problemas e dificuldades próprias da falta de evolução, é claro que já se pode contar feliz.
            Se vendo o mal encontrou meios de atenuá-lo com as forças de que dispõe, certamente que já será um motivo de júbilo íntimo, mesmo enfrentando os trechos mais difíceis do caminho, mas sem menosprezar ninguém ou dizer qualquer palavra de censura aos outros manteve a postura digna, é certo que pode dizer que finalmente deu um passo à frente.
            Quando se dispõe ao trabalho, embora encontre empecilhos e dificuldades, mas nem por isso desiste, pelo contrário se reveste de mais coragem e confiança é certo que se pode dizer claramente que já conseguiu se superar.
            Quando a doença e enfermidade bateu a porta do seu lar e as dificuldades tornaram-se quais avalanches destruidoras, fazendo as horas monótonas e difíceis, não descreu do amparo de Deus, mas com fé sustentou a sua coragem, pois sabia que de uma hora para outra tudo teria passado, compreendeu por fim que até a morte é lição.
            Lembre-se que de outra feita aquela enfermidade insidiosa que parecia sem remédio, depois também passou e o sol da esperança surgiu luminoso em seu coração, apresentando um sol primaveril, afirmando que a vida sempre continuará.
            Por isso, considere a própria vida com naturalidade.
            Mais tarde ainda que tenha deixado o corpo entregue à natureza e a alma qual borboleta brilhante demandar o céu azul, lembrar-se-á que um dia caminhou qual lagarta sobre a terra, e mais tarde com as asas que conseguiu no trabalho abnegado, permitira que pudesse se elevar no espaço e sentir o doce ar da liberdade além, muito além das pobres cogitações terrenas, que ficaram na retaguarda.
            Depois, sereno e tranquilo pousou na outra margem da existência, compreendo que a enfermidade que ensombrou alguns de seus dias, na verdade fora terapia saneadora para que desapegasse de tantas coisas inúteis que não lhe serviriam mais nesse novo amanhecer.
            Em tudo se observa a admirável providência divina na figura do Pai, até na pequena gota de orvalho que cai a cada anoitecer, é um ato da providência divina em zelando pela natureza para regar o jardim do Senhor, espalhado por toda parte, mesmo na chuva benfazeja em sublime atestado que ninguém está só.
            Por isso desde a pequenina flor que por um instante vê à beira do caminho, ou na borboleta azul que se libra no espaço, podem ser próprias das mãos de Deus que permite esse mimo da natureza, afirmando que em toda parte e pelos mais variados motivos Deus se faz presente, o que compete a cada um cumprir assim com o seu dever de amar, mas amar infinitamente as criaturas e o mundo que fora chamado a viver.

 

Histórias Educativas
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes

 

 

A CASA SOBRE A ROCHA

 

            Quando se constrói uma casa com as portas abertas para os céus, Deus nos pergunta para que lado abrir-se-ão as janelas?
            A pergunta sempre foi oportuna, porque procura saber qual a finalidade daquele empreendimento, isto que todos devem saber.
            Mas às vezes é difícil responder de pronto esta questão, porque alguns admitem que possa haver algo mais importante que o amor e a caridade.
            Mas a resposta dos benfeitores amigos foi a seguinte: as janelas se abrirão para o amor e a caridade, aliás, que é básico e essencial, porque quem se orientar por esses dois fundamentos nunca terá motivos para se arrepender.
            Porém muitas vezes sob este ponto que as pessoas mais questionam. Primeiro porque é muito difícil exercer a caridade no seu verdadeiro sentido, exatamente por isso que é a virtude essencial, e por outro lado terá que se despojar de tantas coisas de foro íntimo.
             Às vezes até reconhecerá a sua importância capital, mas não terá forças para deixar o seu comodismo para auxiliar alguém que não seja o seu familiar, que às vezes bate a sua porta em hora inoportuna, ou naquele dia que não está bem.
            Acontece que a maioria das pessoas que se depara com essa situação. Não entendem que se estão aqui para resolver algumas questões essenciais, logo deve procurar a solução para os problemas angustiosos de sua existência. Às vezes não percebe que em breves dias deverá retornar à pátria verdadeira, onde serão aferidos os valores que conseguira nesse seu estágio.
            Depois quando a oportunidade de repente passa, choram o tempo perdido. Porém tarde demais.
            Para que isso não aconteça, procure valorizar os seus dias. Vá à luta, não se deixe impressionar pelas dificuldades do caminho.
            Ninguém pode fugir a esse impositivo, é a lei básica de sobrevivência moral. Quem pensa como espírita, não pode esquecer que a solidariedade é essencial e para o conjunto ao seu redor viva em harmonia, porque logo compreenderá que tem razão de sobra para construir o seu futuro.
            Mas ainda é difícil compreender que a felicidade é uma conquista individual, e esta dependerá do menor ou maior empenho do interessado, aliás, a felicidade está na mão do próximo.
            Sem esse considerando da lei pode estar profundamente equivocado.
            O importante é que abra os olhos enquanto é tempo. Não deixe a vida passar sem estar com as mãos no trabalho, não somente uma, porque se deseja melhorar os fundamentos de sua vida, deve a proceder a essa transformação radical.
Mas essa ordem partirá de sua própria consciência esclarecida naturalmente já deve lhe haver confidenciado que a felicidade precisa ser conquistada e nunca imagine que será simplesmente uma concessão, pois que fere a lógica da própria vida.
            O próprio Jesus afirmou: “cada um tome a sua cruz e siga após mim”. Alguns, porém, imaginam que ele veio resolver os nossos problemas, os quais nem sequer os interessados se preocupam com eles.  A lógica da vida esclarece que não pode ser assim. Um determinado dia o Pai criou os seus filhos. Depois mandou alguém para salvá-los, como esses filhos não tivessem nenhuma responsabilidade na sua própria felicidade.
            Uma simples concessão e nada mais. Enquanto esses filhos nasceram para serem úteis, e ajudarem no progresso geral, afinal, sempre o Pai tudo cria com uma finalidade. O homem tem essa importância, tanto é verdade que lhe deu supremacia sobre todos os seres vivos, mas se estes sequer procuram dar um passo à frente, serão os eternos necessitados. Devem compreender que não existem direitos sem deveres, por isso esforço em se melhorar para ser úteis no contexto geral da vida.
            Por isso continue firme e na certeza que o Mestre Sábio o amparará, mas a sua parte é imprescindível. Áulus

 

Lições de Simplicidade
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes

 

 

NOTÍCIAS HISTÓRICAS

 

            Escribas
            Nome dado, a princípio, aos secretários dos reis de Judá e a certos intendentes dos exércitos judeus. Mais tarde, foi aplicado especialmente aos doutores que ensinavam a lei de Moisés e a interpretavam para o povo. Faziam causa comum com os fariseus, de cujos princípios partilhavam, bem como da antipatia que aqueles votavam aos inovadores. Por isso Jesus os confundia na mesma reprovação.

            Em sentido figurado, o termo escriba, quando utilizado nas passagens bíblicas, pode representar a vaidade humana do intelecto ou saber que, em geral, espera o reconhecimento dos homens. Vaidade manifestada até os dias atuais, inclusive no meio espírita, que assombra as almas invigilantes, ainda que estas se dediquem ao estudo evangélico. Vaidade que se satisfaz mais com a retórica do que com a experiência dos preceitos divinos.

 

            Sinagoga
            (Do grego synagogé = assembleia, congregação) – Só havia na Judeia um único templo, o de Salomão, em Jerusalém, onde se celebravam as grandes cerimônias do culto. Os judeus para lá se dirigiam todos os anos, em peregrinação para as festas principais, como as da Páscoa, da Dedicação e dos Tabernáculos. Por ocasião dessas festas é que Jesus viajou algumas vezes para lá. As outras cidades não possuíam templos, mas sinagogas, edifícios nos quais os judeus se reuniam aos sábados para fazer preces públicas, sob a chefia dos anciães, dos escribas ou doutores da lei. Nelas também se faziam leituras tiradas dos livros sagrados, seguidas de explicações e comentários, a que cada um podia tomar parte. É por isso que Jesus, sem ser sacerdote, ensinava aos sábados nas sinagogas. Desde a ruína de Jerusalém e a dispersão dos judeus, as sinagogas, nas cidades por eles habitadas, servem-lhes de templos para a celebração do culto.

            As sinagogas estavam, e ainda estão espalhadas pelas cidades judaicas e, atualmente, são encontradas em todas as partes do Ocidente. Diferentemente da representatividade do Templo de Salomão que, simbolicamente, era único e autorizado por Deus, as sinagogas foram construídas pelo povo judeu para que todos pudessem encontrar um local de culto a Deus, de oração e de reflexão das Leis Divinas. Representam um lugar de reunião de almas que buscam, a seu modo, a conexão com o Alto. Extrapolam a representatividade de edificações materiais, mas é um espaço onde os adeptos procuram ter consonância moral, atemporal e universal em relação a Deus e à prática das Leis Divinas.

 

            Saduceus
            Seita judia, que se formou por volta do ano 248 antes de Jesus Cristo, assim chamada por causa de Sadoque, seu fundador. Os saduceus não acreditavam na imortalidade da alma nem na ressurreição, nem nos anjos bons e maus. Entretanto, acreditavam em Deus, mas, nada esperando após a morte, só o serviam tendo em vista recompensas temporais, ao que, segundo eles, se limitava a sua providência. Assim, a satisfação dos sentidos constituía para eles o objetivo essencial da vida. Quanto às Escrituras, atinham-se ao texto da lei antiga, não admitindo nem a tradição, nem qualquer interpretação. Colocavam as boas obras e a observância pura e simples da lei acima das práticas exteriores do culto. Eram, como se vê, os materialistas, os deístas e os sensualistas da época. Essa seita era pouco numerosa, embora contasse em seu seio importantes personagens; tornou-se um partido político oposto constantemente aos fariseus.

            Em termos conotativos ou figurados saduceu difere de fariseu e de escriba. Saduceu representaria o materialismo que cada um ainda carrega dentro de si, paradoxalmente associado à crença na divindade. Seriam as atitudes do ser de entregar-se às imprevidências dos sentidos, por um lado, e, por outro, alinhar-se à crença em Deus.101 Saduceu seria a semente que caiu no meio dos espinhos, da Parábola do Semeador: “O que foi semeado entre os espinhos é aquele que ouve a Palavra, mas os cuidados do mundo e a sedução da riqueza sufocam a Palavra e ela se torna infrutífera”.
Apesar dos termos saduceu e fariseu aparecerem frequentemente juntos nas exortações do Cristo, há casos em que estas qualificações estão separadas. Por exemplo: “E os fariseus, ouvindo que ele fizera emudecer os saduceus, reuniram-se no mesmo lugar. E um deles, doutor da lei, interrogou-o para o experimentar, dizendo: Mestre, qual é o grande mandamento da lei?” (Mateus, 22:34 a 36). Nessa passagem vemos que Jesus, representando o Verbo de Deus depositado em nossa consciência, ensina que teremos de vencer não apenas o materialismo e as satisfações dos sentidos (saduceus) mas também a vaidade e o orgulho (escriba e fariseu ), imperfeições que dificultam a ascensão espiritual, afastando o indivíduo dos deveres impostos pela voz da consciência, que indica o caminho correto a seguir em relação a Deus e ao próximo.
O próximo termo, essênios, não se encontra explícito nos textos bíblicos. Porém, sabiamente, o Codificador do Espiritismo fez questão de expô-lo, junto aos demais, na introdução de O evangelho segundo o espiritismo.

 

           Livro Evangelho Redivivo
FEB

 

 

PSICOGRAFIA

 

            Adiamento, prorrogação. Sempre vai se deixando para depois os compromissos. Quando chega a hora que deve dar testemunho da vida que levou é natural que não tenha argumentos.
            Nunca é demais, no entanto, lembrar que o tempo urge e é necessário que se dê uma resposta à vida, pois que se temos tantas oportunidades de mudar a nossa trajetória, porque não a fazer. Deve se ter em mente que de duas maneiras se paga as contas, ou sofrendo duramente ou trabalhando em favor dos outros. Então, estas duas opções são oferecidas e só dependerá de cada um encontrar o meio que mais lhe convenha, ou sofrendo resignadamente ou trabalhando pelo bem dos outros.
            Ademais, que seria colocado à disposição muitos recursos para escolher, qual será a opção que se irá utilizar em seu próprio proveito, só que essa liberdade é exercida de maneira muito singular, isto é, se deseja a felicidade, procure proporcionar essa mesma aos outros. Se porventura busca a paz lute por ela, enquanto possa. Sempre a vida é uma estrada percorrida de maneira que não se pode voltar mais. A oportunidade de hoje é uma possibilidade do espírito que tem e pode aproveitar ou não. Mas essa oportunidade de hoje não volta mais.
            Somente uma outra feita e em outra ocasião. Procure ainda hoje encontrar o meio de aproveitar em quanto a corrente está a seu favor.
            Quem hoje sofre sobre um leito de dor, não sabe muitas vezes que neste momento está resolvendo problemas do passado. Onde esteja e com quem esteja sempre o passado se reflete sobre o presente, como a imagem de um espelho refletida, é a contra parte relembrando o passado.
            Se hoje ouve muitos gritos de dor e pode parecer normal. O homem se acostuma com tudo. Principalmente se a dor não é dele, mas quando chega a vez de sofrer aí compreende o que realmente é necessário mudar e arranjar para o futuro, desejo de progredir, e esperança de ser feliz.
            Nada ocorreu por acaso e o passado a manda resposta para o presente, determinando que a correção é necessária, que não poderá seguir adiante.
            Uma coisa é certa que a vida trás de volta o passado, ou o presente se esquece do futuro.
Tudo ocorre numa mesma esfera, ainda quando o coração não se exaspera é porque tem alguém na lembrança.

 

APSIV-101

 

 

O QUE É A CASA ESPÍRITA

 

De: Evelyn Freire de Carvalho
Editora: Letra Espírita

 

            Muitas pessoas têm dúvidas e incertezas quanto ao que acontece nas Casas Espíritas, o que acaba afastando-as de uma excelente oportunidade de crescimento e de aprimoramento espiritual. Neste livro você entenderá sobre o funcionamento, os tipos de atividades desenvolvidas, o auxílio disponibilizado e sanará muitas dúvidas como: Estando no centro espírita, vou ver Espíritos? Chegando ao centro espírita, posso receber mensagens de Espíritos superiores ou familiares desencarnados? Sempre com objetividade e clareza, a série Conhecendo o Espiritismo aborda as dúvidas mais frequentes, auxiliando você a desmistificar a figura da Casa Espírita e a compreender sua real importância. Mais um livro da Série Conhecendo o Espiritismo, cuja autora é a Evelyn Freire de Carvalho.

 

O Consolador
2021
                                                                                                                     

        

ORGULHO OU DISTRAÇÃO...

 

            Defronte ao Hotel Diniz, de propriedade de D. Naná, achava-se um irmão alcoolizado.
            Por ali, de manhã e na hora do almoço, passa o médium a caminho do seu serviço.
            O Chico, de longe, notou que o rapaz estava num de seus piores dias. Não se contentava em cantar e fazer traquinagens: provocava também, apelidando, com jocosos nomes, quantos lhe passavam à frente. De leve e bem ao longe, passou sem ser visto, pelo irmão embriagado, e já se achava distante, quando Emmanuel, delicadamente, lhe diz:
            — Chico, nosso amigo viu-o passar e esconder-se dele. Está falando muito mal de você e admirado de seu gesto. Volte e retifique sua ação.
            O Chico voltou:
            — Como vai, meu irmão? Desculpe-me por não o ter visto, foi distração...
            — E... já estava admirado de você fazer isto, Chico. Que os outros façam pouco caso de mim, não me incomodo, mas você não. Estava dizendo bem alto: como o Chico está orgulhoso! Já nem se lembra dos pobres irmãos como eu. Pensa que estou embriagado e foge de mim como se eu tivesse moléstia contagiosa.
            — Não, meu caro; foi apenas distração, desculpe-me.
            — Pensava que era orgulho. Está desculpado. Vá com Deus. Que Deus ajude e lhe dê um dia feliz, pelo abraço consolador que você me deu.
            E Chico partiu.
            Ganhara uma lição e dava, aos que o observavam, outra bem mais expressiva.

 

Livro Lindos Casos de Chico Xavier
Autor Ramiro Gama

 

 

O PERDÃO JUSTO

 

            Em certa cidade européia, um homem ignorante, considerado malfeitor, foi condenado à morte na forca.
            O juiz fora severo no julgamento.
            Afirmava que o infeliz era grande criminoso e que só a pena última podia solucionar-lhe a situação.
            Alguns dias antes do enforcamento, o magistrado veio ao cárcere, em companhia de um filho, jovem alegre e de bom coração que, em se aproximando de velho soldado, pôs-se a examinar-lhe a arma de fogo.
            Sem que o rapaz pudesse refletir no perigo do objeto que revirava nas mãos, um tiro escapou, rápido, e, com espanto de todos, a bala, em disparada, alojou-se num dos braços do condenado à morte, que observava a cena, tranquilamente da grade. Banhado em sangue, foi socorrido pelo juiz e pelos circunstantes e, porque a palavra do magistrado fosse dura e cruel para o filho irrefletido, o prisioneiro lembrou os ensinamentos de Jesus, ajoelhou-se aos pés do visitante ilustre e suplicou-lhe desculpas para o moço em lágrimas, afirmando que o jovem não tivera a mínima intenção de magoá-lo.
            O juiz notou a profunda sinceridade da rogativa e, em silêncio, passou a reparar que o condenado era portador de nobre coração e de inexprimível bondade.
            No dia imediato, promoveu medidas para a revisão do processo que lhe dizia respeito e, em pouco tempo, a pena de morte era comutada para somente alguns meses de prisão.
            Perdoando ao rapaz que o ferira, o prisioneiro encontrou o perdão justo para as suas faltas, conseguindo, desse modo, recomeçar a vida, em bases mais sólidas de paz, confiança, trabalho e alegria.
           

Livro Pai Nosso
Francisco Candido Xavier
Pelo Espírito de Meimei

 

 

Espiritismo para crianças
Marcela Prada
Tema:

 

VAMOS COM FÉ

 

            Rodrigo vivia numa fazenda junto com seus pais, que eram empregados ali.
            Certa vez, quando um potrinho ficou doente, chamaram o veterinário e ele o examinou com atenção e receitou-lhe medicamentos. Em poucos dias o animal estava curado, voltou a se alimentar e brincar no pasto.
            Rodrigo, que gostava muito daquele potrinho e tinha acompanhado todo o caso de perto, ficou muito impressionado com o conhecimento do veterinário e com a sua capacidade de aliviar e curar os animais.
            Toda vez que o veterinário voltava à fazenda, Rodrigo corria para acompanhá-lo e ver o que ele fazia. Com o passar do tempo, ele já tinha decorado o nome de uma porção de doenças e de remédios.
            Quanto mais ele aprendia, mais se empolgava com a profissão e tinha certeza de que era isso que ele queria ser quando crescesse.
            Alguns anos se passaram e Rodrigo ficou adolescente e uma mudança aconteceu. Ele parou de falar que queria ser veterinário. Quando surgia o assunto, ele mudava de conversa.
            Sua mãe, percebendo que algo não ia bem, perguntou a Rodrigo por que ele estava agindo assim.
            - Ah, mamãe, eu ainda gostaria de ser veterinário sim, mas é que eu acho muito difícil isso acontecer. Tem que estudar muito! Tem que cursar uma faculdade. Eu teria que morar fora. Não teríamos dinheiro para isso!
            - Filho, é difícil sim! Mas não é impossível. Se é isso que você deseja, tem que se empenhar e ter fé.
            - O que é ter fé? - quis saber Rodrigo.
            - Fé é o sentimento que a gente tem quando conhece o poder e o amor de Deus e confia nele – respondeu a mãe.
            E, continuando, explicou:
            “Quando eu acordo de manhã, já agradeço pelo repouso que tive e pelo ótimo dia que terei. Eu confio que Deus fará o melhor por mim naquele dia. Inicio logo cedo minhas tarefas na casa, faço a comida e tudo que é a minha parte. E sei que Deus está fazendo a parte dEle, para que eu tenha uma vida proveitosa e feliz. É a minha fé.
            Vamos ali fora, quero mostrar-lhe uma coisa.
            Olhe lá seu pai trabalhando, plantando as sementes da próxima safra. Na mão dele, elas são apenas umas bolinhas. Mas ele conhece o potencial delas. Por isso ele põe as sementes na terra; aduba, cuida, observa se brotaram, se estão crescendo bem... Mas ele confia também em Deus. A chuva, o sol, as condições da colheita, o preço da venda não são coisas que ele pode prever. Mesmo assim, seu pai tem que fazer o melhor que ele pode, confiante de que Deus está também fazendo o melhor. Isso é um ato de fé.
            Você ainda é muito jovem para desistir do seu sonho, filho. Tudo pode acontecer na sua vida. Não sabemos o que Deus programou para você, mas sabemos que será o melhor. Você tem que ter fé em Deus e fé em você também. Se você quer muito ser veterinário, isso lhe dará forças para vencer as dificuldades. Faça a sua parte, filho! Vamos com fé!”
            Rodrigo compreendeu o que sua mãe lhe ensinou. Recobrou a confiança de que seria possível concretizar seu sonho e se tornou um ótimo aluno na escola. Continuou se interessando em ajudar nos tratamentos dos animais da fazenda. Todo mundo sabia que Rodrigo estudava e trabalhava bastante para conseguir ser veterinário.
            O que eles não viam é que ele orava também. Sempre agradecia a Deus por tudo que lhe acontecia e pedia a Deus que guiasse sua vida para o que fosse o melhor para ele. Quando alguma coisa não dava certo, Rodrigo ficava chateado, mas entendia que era algum aprendizado que a vida lhe oferecia também.
            A vida continuou e muitas coisas passaram por ela. Muito estudo, muitas provas, alegrias, frustrações. Muitas preces e também muitas pessoas que ajudaram Rodrigo, inclusive o dono da fazenda, que o conhecia desde pequeno. Rodrigo sempre se lembrava das palavras de sua mãe: “Vamos com fé!”.
            O dia da formatura de Rodrigo na faculdade de medicina veterinária foi um dos mais felizes de sua vida.
            Rodrigo se tornou um ótimo veterinário, que tratou e curou muitos animais. Mas, além disso, se tornou também um homem de muita fé.

 

O Consolador
Revista Semanal de Divulgação Espírita
Outubro/2021

 

 

EM CADA ANO QUE SE INICIA, A TAREFA DA PAZ

 

Por Wagner Ideali

 

            “A minha paz eu vou dou, a minha paz eu vos deixo, mas não a paz do mundo.” - Jesus

 

            Cada novo ano, fazemos muitas promessas, falamos em mudanças, temos nossos novos e antigos pedidos, entre outras resoluções, mas passado uma semana após a virada do ano, tudo volta ao que era. Pensando nisso, sentimos a necessidade de refletir sobre essa situação.
            Uma das coisas que sempre pedimos é paz. Paz para nós, paz para o mundo, como se a paz fosse um armistício que assinado está tudo resolvido. Mas sabemos que no coração dos povos, permanece as feridas do ódio, das desavenças, e fica a questão como resolver isso? Já é conhecido de todos a frase que diz: A paz do mundo começa em mim...
            Não posso exigir paz dos outros, se eu não estou em luta para ter a paz dentro de mim. Mas como vou ter paz, se vivemos em conflitos íntimos, lutas interiores, batalhas entre o bem contra o mal, ainda dentro de nós?
            As nossas lutas diárias, a busca pelo pão de cada dia, a necessidade de manter dentro de nossos velhos e ultrapassados conceitos, bem como pensamentos, falas e atos sem um valor profundo para a alma, farão com que não tenhamos a verdadeira paz. Não tendo paz, vamos muitas vezes buscá-la em situações alternativas, temporárias. Seria a busca da paz dentro da materialidade, nos sentimos pequenos etc., que apenas vai nos prejudicar e dificultar ainda mais a nossa jornada.
            Assim, precisamos iniciar, juntamente com o ano, um profundo processo de reconhecer e identificar nossas falhas, entender onde falhamos e procurar as devidas correções, seja numa luta individual, profunda dentro do nosso ser, seja buscando ajuda externa, nos profissionais de saúde, na casa espirita ou na sua realidade religiosa.
Isso me faz lembrar Jesus quando Ele diz: “A minha paz eu vos dou, a minha paz eu vos deixo, mas não a paz do mundo”.  Mostrando que a paz que o Mestre nos oferece é muito profunda e transcendente a tudo que conhecemos, mas somente vamos conseguir quando estudando seus ensinamentos, vivenciando-os, vamos realizar as correções e assim caminhar para a paz interior.
            Essa paz interior vai refletir externamente na forma de energias positivas, ajuda ao próximo, pois estaremos entendendo o porquê ajudar, praticando a caridade, pois começaremos a sentir a paz que está reinando em nossos corações.
            Mas fica a pergunta: como obter essa paz interior? Quais os procedimentos?
            Existem muitas formas e vamos aqui dar um exemplo simples: Vamos procurar, ao menos duas vezes por semana, reservar uns 20 minutos para reflexões interiores, que muitos chamam de meditação. Seja frente ao espelho, sentado na cama, numa cadeira e voltar nossa atenção para o nosso interior e perguntar: O que eu quero da vida? Qual o propósito da minha vida? Qual a minha tarefa nessa vida?  Entender que Deus ama a todas as criaturas, que temos, como todos têm, um anjo de guarda, guia e mentor. Vamos nos ligar a esse mentor nesse momento de reflexão íntima.
            As perguntas são muitas e, passo a passo nessa reflexão, na leitura edificante do evangelho e na energia renovadora da prece, vamos encontrar as respostas.
            Não são respostas imediatas e simples, mas questionamentos profundos e silenciosos que precisamos nos dedicar a vivenciar.
            Na medida que entendemos, identificamos alguns desequilíbrios, sentimentos pequenos, comportamentos que somente nos atrapalham e nos prendem à materialidade, vamos então entrar numa luta para corrigir e vencer.
            Como sabemos, muitas dessas dificuldades são de ordem psíquica e emocional, podem ser melhor resolvidas com a ajuda profissional, aliada a um tratamento espiritual e muita força de vontade.
            Ano novo, vida nova, frase antiga, mas muito pouco praticada.

            Enfim, vamos lembrar de Jesus que nos adverte: “Buscai primeiramente o reino de Deus e o resto vos será dado em acréscimo”.
            Positividade, amor, trabalho, esperança, fé, são alguns dos sentimentos que devemos cultivar para conseguir nesse novo ano as mudanças prometidas e obter os pedidos que fizemos, pois estaremos receptivos para conseguir.
            Se possível, a cada novo dia ao levantar, que possamos pensar que hoje é um novo dia, uma nova oportunidade de recomeçar, de mudar, de melhorar e de obter a tão esperada paz...

 

O Consolador
2022

 

 

BRANDOS E PACÍFICOS

 

Divaldo Franco
Professor, médium e conferencista espírita

 

            “Os brandos e pacíficos herdarão a Terra, e serão chamados filhos de Deus.”
            Essa frase monumental – reunimos dois textos em apenas um – encontra se no Sermão da Montanha, enunciado por Jesus, conforme o Evangelho de São Mateus, 5: 5 e 9.
            Nunca foi tão necessária de ser repetida como na atualidade, em que a prepotência e a crueldade constituem fatores de primazia na cultura sociológica da humanidade.
            O ser humano, que alcançou as estrelas que reluzem ao longe e as estuda com afinco e determinação, assim como as micropartículas, em busca da energia no seu estado mais primitivo, que investe fortunas incalculáveis para a solução de pandemias e moléstias dilaceradoras, que se comove ante um gesto de ternura infantil, genericamente ainda não conseguiu disciplinar os instintos e as paixões asselvajadas que lhe permanecem no imo, devorando-lhe as sublimes aspirações ao bom, ao belo e ao nobre.
            Com facilidade, entrega-se à alucinação do poder terreno, olvidado da sua fragilidade assim como da fugacidade com que transita no mundo.
            O sentido ético do viver, as abençoadas escolas de pensamento filosófico edificante, as conquistas da Ciência, apresentando as glórias da vida, flutuam com rapidez nas suas reflexões, e deixa-se deslumbrar infeliz e ambicioso pela crueldade e a beligerância.
            Os séculos e milênios, que varreram as civilizações, desde as mais recuadas até este momento grandioso, não conseguiram depositar nos sentimentos humanos a brandura e a pacificação. Como consequência, vivemos numa sociedade caracterizada por distúrbios de muitos gêneros, apresentando-nos inconstantes, ciumentos, invejosos, derrapando sempre na animosidade e na malquerença.
            A antipatia e a amizade protocolar, própria para redes sociais em que as fantasias se apresentam como realidade, sob o estímulo de outros indivíduos atormentados que se lhes tornam modelos a serem seguidos, substituem a brandura e a paz que fazem falta em demasia.
            As terríveis buscas do sentido da vida no prazer sensorial atiram as criaturas na viagem ao mundo exterior, olvidando-se da sua realidade de seres espirituais.
            Por mais, no entanto, que o ser humano fuja da investigação e vivência dos seus valores morais, do retorno à reflexão íntima em torno da sua origem, de quem é e como liberar-se dos males íntimos que o afligem, mais cedo ou tarde será conduzido pelas circunstâncias a enfrentar-se.
            As modernas doutrinas psicológicas têm procurado despertar as mentes e os corações para a conquista do sentido brando e pacífico da existência, mas há relutância forte entre o ego e o Self, mantendo-se os velhos hábitos que geram desequilíbrio.
            Por essa razão, Jesus afirmou que os brandos e pacíficos herdarão a Terra.

 

            Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 16 de dezembro de 2021

 

 

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