"Luzes do Amanhecer"

Fundado em 16/07/1996 publicado 02/02/2006
JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA - ANO XVII - N. 193 * Campo Grande/MS * Fevereiro de 2022.
EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
Rua Colorado n o 488, Bairro Jardim Canadá, CEP 79112-480, Campo Grande-MS.

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            A felicidade que proporciona aos outros, será sempre a sua maior herança. Mesmo aquele a quem estende a mão não o reconheça, nesse caso será maior o seu quinhão ainda.


 

 

 

         

ESPIRITISMO E CIÊNCIA

 

            Nesses tempos de pandemia fala-se muito da importância e do valor da ciência para garantir uma boa qualidade de vida, senão a própria vida. Esse assunto sempre esteve em voga, porém ao seu lado, a perversão dos valores éticos-morais, elevaram o erotismo ao posto mais representativo das aspirações imediatas.
            Em análise do ilustre Espírito Dr. Bezerra de Menezes vemos que a ciência, através dos homens e mulheres notáveis e extraordinários realiza sua parte missionária, melhorando as condições de vida e longevidade; conforto para alguns, com perspectivas de melhores dias para todos.
            Nota esse grande Espírito que recuando no tempo, nos idos do século XVII, grandes filósofos e cientistas, desejando ampliar os horizontes do conhecimento e libertar a ciência das garras totalitárias das religiões ortodoxas, abrem grande abismo entre ciência e religião.
            Nos séculos seguintes a ciência pôde entrar nos laboratórios e entender a psique humana, interpretando vários enigmas do Universo, inclusive das micropartículas, trazendo o progresso para a sociedade.
            Foi graças ao Espiritismo como ciência experimental que se criou a ponte sobre aquele abismo ao constatar a imortalidade da alma, ao confirmar-se a reencarnação nos laboratórios da mediunidade, e foi inevitável a aceitação de Deus como causa do Universo.
            Na evolução da física quântica detectou-se o bóson como assinatura de Deus e com a codificação do genoma humano estuda-se a fórmula para se descobrir como Deus gerou a vida. Fomos convidados a contribuir neste momento glorioso com o conhecimento que liberta e com o amor que edifica. Diz ainda Bezerra de Menezes que o Espiritismo é o próprio pensamento de Jesus retornando ao mundo que o abandonou para construir a Era Regeneradora para todas as criaturas.
            O sábio e generoso Espírito Emmanuel alega que a ciência do mundo, se não deseja continuar no papel de comparsa da tirania e da destruição, tem absoluta necessidade do Espiritismo, que tem por finalidade divina a iluminação dos sentimentos, na sagrada melhoria das características morais do homem.
            Diz ainda que todas as ciências, como a física, a química a biologia, a psicologia e a sociologia que vasculham os sentimentos e os problemas sociais, são as conquistas da ciência intelectual. A biologia, ainda presa nas escolas materialistas da Terra está no centro de todas as ciências, que nas expressões mais legítimas, evoluirá para Deus com seus enigmas profundos sendo os nobres apelos à realidade espiritual e ao exame das fontes divinas da existência.


                                                                                                          Crispim.


Referências bibliográficas:

  • Em Nome do Amor. A mediunidade com Jesus. Divaldo P. Franco/Bezerra de Menezes.
  • O Consolador. Chico Xavier/Emmanuel.   

 

 

      CUMPRA A SUA PARTE

 

            É preciso despertar para os bons sentimentos, pois que eles darão consistência a sua caminhada.
            Podem as ilusões aqui deste plano, movimentar suas energias, mas como o próprio nome indica, são ilusões, porque logo passam quando uma luz maior se faz.
            É urgente uma atitude mais clara em que se possa fazer o melhor.
            Tudo indica que já começa a entender a base da questão, pois que sem amor ao próximo, muito pouco progride no campo dos sentimentos, porque esse sentimento maior é que condensa as expectativas mais promissoras com vista a um futuro melhor.
            Essa persistência no bem é fundamental para qualquer projeto em que esteja em questão a bandeira da caridade, porque esse sentimento de amor convertido em obras é a resposta que receberá de Deus.
            Por isso que está sendo chamado ao trabalho para que converta as suas horas em bênção de luz para os outros que sofrem, muito mais que você.
            É preciso que o amor produza os seus frutos em forma de caridade ao próximo que está ao seu derredor.
            É importante que esteja sempre convencido de que o amor que devota aos outros é algo sublime e que tem a felicidade de cultivar, pois que esse sentimento que lhe dará as maiores e mais ternas alegrias neste mundo.porque o amor sempre é a maior elevação da alma ao Criador em forma de agradecimento,
            O amor proporciona tanto bem ao corpo como à alma, pois ele se origina no instante mesmo que se faz o bem pelo bem e pode ser praticado em qualquer lugar e sem expectativa de recompensa sob qualquer forma, porque o amor é bastante forte para retribuir com mais amor àquele que mais doa.
            Por fim cumpra a sua parte dando a sua contribuição ao bem de todos, que é o que realmente conta na esteira da experiência nesta vida. Com amor é certo que caminhará, mas juntando com a asa do conhecimento poderá fazer voos mais altos, porque nunca lhe faltará o equilíbrio para sua ascensão.
            “Amai-vos e instrui-vos” é uma lição plena, isto é, com a asa do amor e do conhecimento certamente que alcançará os grandes objetivos.
            Em frente.

 

Histórias Educativas
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes

 

 

PLANEJE SUA VIDA

 

            Quando seja possível, conserva o coração em paz, a fim de se manter firme e seguro no propósito que estabeleceu para sua vida.  Ao trabalho do bem é necessário também um coração sereno e contente com o mundo que fora chamado a viver, pois que é isto que deve transmitir aos outros.
            Os bons amigos espirituais estão presentes. Ouço-os, porque, dessa forma, certamente será muito melhor.
            Muitos ficam parados à beira do caminho por falta de ordem em suas atividades, sem atinar que a vida deve ser mais bem dimensionada, quando se dispõe a levá-la de maneira equilibrada.
            Quantas pessoas poderiam ter uma vida menos atribulada, mas por uma exagerada falta de serenidade íntima, sem saber exatamente o que querem da vida, nem refletir de maneira equilibrada em cada questão de se apresenta, acabam causando sofrimentos desnecessários a si e aos outros.
            Jesus já recomendava: “Seja o seu falar, sim, sim; não, não”. Mostrando que deve existir uma ordem em cada passo que se dá, a fim de que tenha uma postura digna diante da vida.
            Mesmo porque a vida será mais produtiva, porque é lógico que aquele que se organiza, trabalha melhor e produz mais.
            Dessa forma  examine com cuidado aqueles aspectos que julgar conveniente e  necessita de alguma correção para se adequar ao projeto que elegeu para viver. Quando se perguntar, mas, afinal, o que é importante na vida? A razão, certamente, responderá: comece por eliminar tudo o que é supérfluo.
            É aconselhável que de tempo em tempo se faça uma reavaliação de suas metas, se for o caso retome o objetivo inicial, se algo não anda bem, corrija o rumo, pois que somente assim conseguirá dar uma dinâmica consequente à vida. Ainda considere outras coisas que fazem parte da sua rotina diária e que podem ser descartadas, por contrariar os seus interesses, porque pode haver alguns detalhes que não foram devidamente reavaliados e necessitam de uma correção de rumo.
            Assim que planeje o seu dia e planeje sua vida.
            Cada coisa no seu tempo e cada compromisso na sua hora, com isso ganhará tempo para viabilizar outras coisas que sejam de seu interesse.
            Pense mais nas pessoas que o cercam e procure ser mais amistoso. A vida exige essa postura.  Não se deixe influenciar pelo negativismo de alguns que estão a caminho e uma atividade correta pode fazer a diferença.
            Nem mais nem menos, mas na medida certa e na hora certa.
            Dê  importância a cada compromisso assumido, seja no campo material ou espiritual, cumpra, no primeiro caso o que fora combinado com as partes envolvidas e os espirituais, respeitando aquilo que se dispôs a executar, ou simplesmente agende de suas obrigações no campo íntimo, ou seja, aqueles detalhes exigidos pela sua consciência.
            Nem mais nem menos, mas na medida certa e na hora certa.
            Por essa razão todo aquele que espera de Deus o auxilio providencial deve estar muito atento. Pode se manifestar das maneiras mais simples, porque em verdade quer que o homem ajude o próprio homem, assim  aquele gesto amistoso do homem do povo, pode estar à mão de Deus para a solução dos grandes problemas de sua vida.
            Nem mais nem menos, mas na medida certa e na hora certa.
            O amor é o termômetro da vida. É ele que lhe dará a temperatura exata do clima que precisa viver.
            Nem mais nem menos, mas na medida certa e na hora certa.
            Em frente com muita determinação. O futuro espera por cada um dos trabalhadores do bem, a partilhas das benesses será de acordo com as obras, por isso alerte o seu coração e faça as boas obras para que seja testemunha que viveu e trabalhou pelo bem. Áulus.   


 
Lições de Simplicidade
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes

 

 

SÓCRATES E PLATÃO, PRECURSORES DA IDEIA CRISTÃ E ESPÍRITA

 

            Iniciamos neste estudo a análise da Introdução IV de O evangelho segundo o espiritismo, que faz referências a citações de Sócrates, por intermédio de Platão, ambos considerados precursores das ideias cristãs e espíritas.
Allan Kardec afirma que “[...] as grandes ideias jamais irrompem de súbito. As que se baseiam na verdade sempre têm precursores que lhes preparam parcialmente os caminhos. Depois, quando é chegado o tempo, Deus envia um homem com missão de resumir, coordenar e complementar os elementos esparsos e, com eles, formar um corpo de doutrina”.
A maior de todas as revelações que nosso planeta já presenciou teve a necessidade de arar a terra das mentes e dos corações humanos durante séculos para que a árvore do Cristianismo pudesse dar seus frutos. Neste raciocínio, Kardec afirma: “Assim aconteceu com a ideia cristã que foi pressentida muitos séculos antes de Jesus e dos essênios, e da qual Sócrates e Platão foram os principais precursores”.

            O Espiritismo não poderia fugir a essa regra. Não há, na Doutrina Espírita, a pretensão de provocar mudanças abruptas na Humanidade ou a aceitação imediata das luzes que traz, visto que o progresso requer, sempre, a colaboração do tempo para cimentar-se.
            Seria conhecer bem pouco os homens imaginar que uma causa qualquer pudesse transformá-los como que por encanto. As ideias se modificam pouco a pouco, conforme os indivíduos, e é preciso que passem algumas gerações para que se apaguem completamente os vestígios dos velhos hábitos. A transformação, portanto, só poderá operar-se com o tempo, gradualmente e de modo progressivo. A cada geração, uma parte do véu se dissipa.
            A revelação das Leis Divinas se faz, portanto, de modo contínuo, desde os primórdios da civilização, sob a égide de Jesus Cristo. Assim também acontece com as revelações de cunho filosófico e científico: “Deste ponto de vista, todas as ciências que nos fazem conhecer os mistérios da Natureza são revelações e se pode dizer que há para a Humanidade uma revelação incessante [...]”. Entretanto, devido às características especiais da elevação moral, Kardec separa essa revelação contínua em três: “[...] O Cristo e Moisés foram os dois grandes reveladores que mudaram a face do mundo e nisso está a prova da sua missão divina. Uma obra puramente humana não teria tal poder”.110 O terceiro é a própria Doutrina Espírita.
            Além dessas três principais revelações divinas ao mundo, de tempos em tempos, Jesus envia homens de gênio para impulsionar o progresso humano em todas as áreas do saber. O Codificador relata:
            Os homens progridem incontestavelmente por si mesmos e pelos esforços da sua inteligência. Mas, entregues às próprias forças, só muito lentamente progrediriam, se não fossem auxiliados por outros mais adiantados, como o estudante o é pelos professores. Todos os povos tiveram homens de gênio, que surgiram em diversas épocas para impulsioná-los e tirá-los da inércia.
            Entre esses homens de gênio podemos facilmente destacar, pela essência cristã dos seus ensinos, a figura iluminada de Sócrates.
            A moral que os Espíritos ensinam é a do Cristo, em virtude de não haver outra melhor. Mas, então, de que serve o ensino deles, se apenas repetem o que já sabemos? Outro tanto se poderia dizer da moral do Cristo, ensinada quinhentos anos antes por Sócrates e Platão em termos quase idênticos.
            Sócrates esteve encarnado entre os anos 500 e 400 antes da era cristã.
            Nascido em Atenas, na Grécia, pouco se sabe sobre ele. O que sabemos veio por intermédio de seus discípulos, notoriamente Platão, visto que Sócrates nada escreveu. O filósofo é um dos maiores pensadores de todos os tempos e sua filosofia até hoje demonstra profundidade ímpar. Muito à frente da sua época, foi acusado de corromper a juventude com suas ideias, sendo condenado à morte por envenenamento, obrigado a ingerir cicuta, extraída de uma planta venenosa.
            O Espírito que conhecemos pelo nome de Sócrates veio ao mundo enviado pelo Senhor, a fim de preparar a Humanidade para as ideias cristãs, que o Cristo anunciaria mais tarde.
            É por isso que, de todas as grandes figuras daqueles tempos longínquos, somos compelidos a destacar a grandiosa figura de Sócrates, na Atenas antiga.
            Superior a Anaxágoras, seu mestre, como também imperfeitamente interpretado pelos seus três discípulos mais famosos, o grande filósofo está aureolado pelas mais divinas claridades espirituais, no curso de todos os séculos planetários.
            Sua existência, em algumas circunstâncias, aproxima-se da exemplificação do próprio Cristo. Sua palavra confunde todos os Espíritos mesquinhos da época e faz desabrochar florações novas de sentimento e cultura na alma sedenta da mocidade. Nas praças públicas, ensina à infância e à juventude o famoso ideal da fraternidade e da prática do bem, lançando as sementes generosas da solidariedade dos pósteros.
            Se olharmos a imensa estrada do tempo, vemos que há cinco séculos antes de Jesus, o grande filósofo renasceu no planeta. Jesus encaminhou até nós o seu enviado, que nos revelou ideias divinas preparando a Humanidade para o Cristianismo o qual, como se percebe, não surgiu de maneira inesperada ou de improviso. Foi planejado secularmente, aguardando o caminhar do progresso humano para manifestar-se no tempo e momento adequados, sedimentado pelo maior exemplo moral que poderíamos ter: Jesus Cristo.

 

Livro Evangelho Redivivo
FEB

 

 

PSICOGRAFIA

 

                Boa Noite!

                Sempre se espera que um milagre bata a nossa porta, mas poucas vezes somos capazes de com o esforço próprio provocar esse milagre, que a maioria das vezes representa o resultado de ações anteriores a se refletir no presente. Se hoje colhe algumas flores no caminho foram àquelas mesmas que plantou um dia, até mesmo sem saber.
                Se ainda espera algo da vida, começa logo a construir e preparar as condições favoráveis para que tal aconteça. Com esse primeiro passo é bem possível que alcance algum resultado.
                O homem espera receber muito, mas pouco se preocupa em buscar pelo mérito consciente criar as condições favoráveis para que o que deseja receba a sanção do alto, se alguém já conquistou algo foi pelo mérito próprio que se fez merecedor.
                Comumente se procura algo excepcional para realizar, mas o mundo é tão carente de obras pequeninas.
                Sempre se busca um grande amor para acalentar o nosso coração, mas há tantas migalhas de amor que são pedidas todos os dias pelo caminho a fora, que a maioria das vezes não se tem condição de avaliar.
                O que se mais deseja no momento é paz para o coração atormentado, quantos dariam tudo o que tem por um momento de paz de consciência, e quantos choram porque são pequeninos, porém não conhecem as angústias das consciências culpadas, quantos vivem na riqueza da consciência tranquila e quantos se demoram nas misérias das grandes fortunas.
                Tudo é uma questão de enfoque, pode ser feliz com quase nada e infeliz com quase tudo. Tudo depende do ângulo que se olhe o horizonte. A rosa pode Ter o colorido mais variado, porque querendo ou não se olha o mundo com o nosso humor diário. Quando se tem o coração em festa vê as flores aonde não existem, como deixamos de ver o seu colorido num imenso jardim.
                Proceda a cada dia como se fosse a última oportunidade de ser feliz, valorize cada minuto para ser completamente feliz, porque assim não dará condições para que a tristeza se instale no seu coração.
                Tudo é uma questão de ótica. A infelicidade é a falta de alguma coisa, a mais freqüente é a falta de amor e muitas vezes temos e não percebemos, mas quando perdemos damos muito valor.
                O homem infeliz a desfilar o seu cortejo de misérias e de reclamações sobre todos e sobre tudo, até as coisas mais simples, coloca-se no direito de julgar e pior que ainda o condena.
                Nada é impossível para o homem que tem fé.
               
                Tolerar até quando seja possível a dor, porque ela sempre educa, pois que prova ao homem que todos são de igual matéria. As diferenças ficam por conta da ignorância.
                Externar o nosso afeto é abrir caminho para que se estabeleça uma grande amizade, seja através de seu sorriso franco, ou de uma atitude amistosa, com essa atitude vence-se milhares de gestos de má vontade.
                Apostar sempre que o bem vence as trevas é demonstrar que compreendeu a importância do amor em qualquer lugar, mesmo que as condições não sejam favoráveis. É a fé em cada coisa, procurando resposta para todo o problema.
               

APSIV-107

 

 

O FIO DE ARIADNE

 

De: Carlos A. Baccelli
Espírito: Maria Modesto Cravo
Editora: Didier

 

                Maria Modesto Cravo, fundadora do sanatório Espírita de Uberaba, Instituição pioneira na Psiquiatria Espírita no Brasil e no mundo, com o Dr. Inácio Ferreira, Manoel Roberto, Odilon Fernandes, Domingas e Paulino Garcia, neste seu novo livro nos traz valiosas revelações sobre a Vida além da morte, e como os Dois Planos, o Material e o Espiritual, estão intimamente conectados, com encarnados e desencarnados convivendo em constante permuta de pensamentos e em proximidade que não se imaginava.

 

O Consolador
2022

 

QUEM DERA QUE VOCÊ FOSSE O CHICO...

 

                Numa livraria de Belo Horizonte, servia um irmão que, pelo hábito de ouvir constantes elogios ao Chico Xavier, tomou-se de admiração pelo médium.
                Leu, pois, com interesse, todos os livros de Emmanuel, André Luiz, Néio Lúcio, Irmão X e desejou, insistentemente, conhecer o psicógrafo de Pedro Leopoldo.
                E aos fregueses pedia, de quando em quando:
                — Façam-me o grande favor de me apresentar o Chico, logo aqui apareça.
                Numa tarde, quando o Aloísio, pois assim se chamava o empregado, reiterava a alguém o pedido, o Chico entra na Livraria. Todos os presentes, menos o Aloísio, se surpreendem e se alegram. Abraçam o médium, indagam-lhe as novidades recebidas. E depois, um deles se dirige ao Aloísio:
                — Você não desejava ansiosamente conhecer o nosso Chico?
                — Sim, ando atrás desse momento de felicidade...
                — Pois aqui o tem.
                Aloísio o examina; vê-o tão sobriamente vestido, tão simples, tão decepcionante. E correspondendo ao abraço do admirado psicógrafo, com ar de quem falava uma verdade e não era nenhum tolo, para acreditar em tamanho absurdo:
                — Quem dera que você fosse o Chico, quem dera!...
                E Chico, compreendendo, que Aloísio não pudera acreditar que fosse ele o Chico pela maneira como se apresentava, responde-lhe, candidamente:
                — É mesmo, quem me dera...
                E, despedindo-se, partiu com simplicidade e bonomia, deixando no ambiente uma lição, uma grande lição, que ia depois ser melhormente traduzida por todos, e, muito especialmente, pelo Aloísio...

 

Livro Lindos Casos de Chico Xavier
Autor Ramiro Gama

 

 

O EFEITO DA CÓLERA

 

                Um velho judeu, de alma torturada por pesados remorsos, chegou, certo dia, aos pés de Jesus, e confessou-lhe estranhos pecados.
                Valendo-se da autoridade que detinha no passado, havia despojado vários amigos de suas terras e bens, arremessando-os à ruína total e reduzindo-lhes as famílias a doloroso cativeiro. Com maldade premeditada, semeara em muitos corações o desespero, a aflição e a morte.
                Achava-se, desse modo, enfermo, aflito e perturbado... Médicos não lhe solucionavam os problemas, cujas raízes se perdiam nos profundos labirintos da consciência dilacerada.
                O Mestre Divino, porém, ali mesmo, na casa de Simão Pedro, onde se encontrava, orou pelo doente e, em seguida, lhe disse:
                — Vai em paz e não peques mais.
                O ancião notou que uma onda de vida nova lhe penetrara o corpo, sentiu-se curado, e saiu, rendendo graças a Deus.
                Parecia plenamente feliz, quando, ao atravessar a extensa fila dos sofredores que esperavam pelo Cristo, um pobre mendigo, sem querer, pisou-lhe num dos calos que trazia nos pés.
                O enfermo restaurado soltou um grito terrível e atacou o mendigo a bengaladas.
                Estabeleceu-se grande tumulto.
                Jesus veio à rua apaziguar os ânimos.
                Contemplando a vítima em sangue, abeirou-se do ofensor e falou:
                — Depois de receberes o perdão, em nome de Deus, para tantas faltas, não pudeste desculpar a ligeira precipitação de um companheiro mais desventurado que tu?
                O velho judeu, agora muito pálido, pôs as mãos sobre o peito e bradou para o Cristo:
                — Mestre, socorre-me!... Sinto-me desfalecer de novo... Que será isto? Mas, Jesus apenas respondeu, muito triste:
                — Isso, meu irmão, é o ódio e a cólera que outra vez chamaste ao próprio coração.
                E, ainda hoje, isso acontece a muitos que, por falta de paciência e de amor, adquirem amargura, perturbação e enfermidade.

 

Livro Pai Nosso
Francisco Candido Xavier
Pelo Espírito de Meimei

 

 

 Espiritismo para crianças
Marcela Prada
Tema: Pré-Julgamento

 

O BOLO DE PEDRINHO

 

                Pedrinho chegou correndo em casa, com um grande sorriso no rosto. Havia guardado um pedaço de bolo para comer depois da escola e sabia que estaria delicioso.
                Mas, que tristeza! Quando abriu o forno, o bolo não estava lá. Nenhuma migalha, nem o prato para raspar. Pedrinho logo quis chorar, mas teve uma ideia.
                — Vou chamar o papai! Ele vai ajudar-me.
                Encontrou o pai cuidando do jardim.
                — Pai! — chamou ele, pisando sobre a grama. — Meu bolo sumiu e quem comeu foi a Ana!
                — Ora, filho, quanta braveza! Vou conversar com sua irmã, mas antes quero saber se você tem certeza.
                — Eu não vi, mas sei que foi ela! A Ana sempre pega tudo que é meu. Se meu bolo sumiu, foi ela quem comeu.
                — Vamos para a cozinha, filho. Acredito que seu bolo só está guardado no lugar errado.
                Logo os dois começaram a procurar o bolo em todo lugar. Olharam na pia, dentro das gavetas e até em cima da mesa. Mas nem sinal da gostosa sobremesa.
                Até que, finalmente, acharam o bolo! Estava em cima da geladeira! Guardado em um pote fechado, ficou muito bem disfarçado.
                — Prontinho, meu filho, agora já pode comer. Da próxima vez que alguma coisa sumir, procure não acusar. Lembre-se de que Jesus ensinou que não devemos julgar.



(Texto de Lívia Seneda, de Londrina-PR.)

 

O Consolador
Revista Semanal de Divulgação Espírita
Outubro/2021

 

 

CARNAVAL: UMA FESTA ESPIRITUAL

 

Colunista Geraldo Campetti Sobrinho

 

                É natural que queiramos saber a visão espírita sobre o carnaval. O que o Espiritismo diz sobre o assunto?
                Opiniões materialistas de apoio e espiritualistas de condenação reforçam a consagrada dicotomia entre o mal e o bem, a sombra e a luz, o errado e o certo,  o material e o espiritual. A visão maniqueísta do a favor ou do contra, do conflito entre dois lados opostos, é tendência comum para registrar o posicionamento de adeptos e críticos ante a curiosa temática.
                Por mais que argumentemos, eis uma questão que continuará suscitando acerbas discussões durante muito tempo, até que ela deixe de ter importância. Ainda não é a nossa situação. Falar sobre o carnaval é necessário, pois vivemos a festividade anualmente, com data marcada: a mais comemorada e outras tantas, que se prolongam no decorrer do ano em várias regiões do país e do planeta.
                Para que possamos entender melhor o tema, é necessário que percebamos o seu real significado. A par de todas as movimentações de planejamentos e preparativos, ações e zelo – que denotam certa arte e cultura na apresentação de desfiles com seus carros alegóricos e foliões -, somadas as festividades de matizes diversificados, em que grupos se reúnem para comemorações sem medida, não podemos deixar de reconhecer que o carnaval é uma festa espiritual.
                O culto à carne evoca tudo o que desperta materialidade, sensualidade, paixão e gozo. O forte apelo do período que antecede, acompanha e sucede o evento ao deus Mamon guarda íntima relação com o conúbio de energias entre os dois planos da vida, o físico e o extrafísico, alimentado pelos participantes, “vivos de cá e de lá”, que se deleitam em intercâmbio de fluidos materialmente imperceptíveis à maioria dos carnavalescos encarnados.
                Vivemos em constante relação de intercâmbio, conectando-nos com os que nos são afins pelos pensamentos, gostos, interesses e ações. Sem que nos apercebamos, somos acompanhados por uma “nuvem de testemunhas”, que retrata nossa situação íntima.
                Não cabe a análise sob a ótica de proibições ou cerceamento de vontades. Todos somos livres para fazer as escolhas que julgarmos convenientes. Porém, não podemos nos esquecer de que igualmente somos responsáveis, individual ou coletivamente, pelas opções definidas em nossa vida.
                O Espiritismo não condena o carnaval, mas, também, não estimula suas festividades. Nesse período são cometidos excessos de todos os graus, com abusos e desregramentos no âmbito do sexo, das drogas, da violência; exageros que extravasam desequilíbrio e possibilitam a atuação de espíritos inferiores que se locupletam com a alimentação de fluidos densos formadores de uma ambiência espiritual de baixo teor vibratório.
                 Carnaval é, de fato, uma festa espiritual. Porém, eu não quero participar dessa festa. E você?
                O espírita verdadeiro pode e deve aproveitar o feriado prolongado para estudar, trabalhar, ajudar aos outros e conectar-se com o Plano Maior da Vida em elevada festividade espiritual que nos faz bem, proporcionando real alegria e plenitude ao Espírito imortal.

 

FEB
2021

 

 

CRISTÃOS, VOLTAI PARA O MESTRE

 

fevereiro/2019

 

                Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más.
                Enquanto um se contenta com o seu horizonte limitado, outro, que apreende alguma coisa de melhor, se esforça por desligar-se dele e sempre o consegue, se tem firme a vontade.1
                No mesmo sentido de a cada um será dado segundo suas próprias obras, está a cada um segundo o seu próprio esforço de melhoria.
                O despertar da consciência vai se apresentando paulatinamente em cada um. Nalguns, ainda muito tenazes são os laços da matéria para permitirem que o Espírito se desprenda das coisas da Terra; a névoa que os envolve tira-lhes a visão do infinito, donde resulta não romperem facilmente com os seus pendores, nem com seus hábitos, não percebendo haja qualquer coisa melhor do que aquilo de que são dotados. Têm a crença nos Espíritos como um simples fato, mas que nada ou bem pouco lhes modifica as tendências instintivas. Numa palavra: não divisam mais do que um raio de luz, insuficiente a guiá-los e a lhes facultar uma vigorosa aspiração, capaz de lhes sobrepujar as inclinações.1
Essas palavras refletem a mesma compreensão sobre o homem demonstrada por Jesus Cristo, em situações semelhantes, quando lemos2: E se alguém ouvir as minhas palavras, e não crer, eu não o julgo; porque eu vim, não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo.
                Uma Casa Espírita, nas oportunas palavras de Emmanuel, Espírito Benfeitor, pela psicografia do médium Francisco Cândido Xavier, é uma escola onde podemos aprender e ensinar, plantar o bem e recolher as graças, aprimorar-nos e aperfeiçoar os outros, na senda eterna. É onde se aprende a conviver respeitosamente com todas as diversidades, nada se exigindo em contrapartida do Bem que se distribui através daqueles que ali estão a serviço de Jesus.
                Adentram na Casa do Consolador, tanto aquele identificado por Leon Tolstói que passe por um bosque e só veja lenha para a fogueira, ou quem se enquadre na descrição de Lao Tsé: Sua presença é modelo para todos.
                O verdadeiro espírita sabe, pelas lições do grande apóstolo Paulo3 que somos filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite nem das trevas. (Trevas: aqui no sentido de ausência da luz.)
                A Casa Espírita deve envolver a todos os que chegam e os que já estão, com afeição e fraternidade, conquistando um a um pela simpatia e solidariedade, em clima de atração ao Bem pela semelhança de propósitos e inclinações. Disseminar a mensagem espírita e vivenciar o amor ao próximo como a si mesmo, e a Deus acima de todas as coisas, pois junto estará o Mestre a convidar: Quem quiser vir após mim…, e a anunciar: Eu sou a luz que vim ao mundo…
                E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam, comentou o Evangelista João4. Muitos veem, e não entendem; muitos ouvem, mas não compreendem.
                Quais faróis projetando a convidativa luz, que indica os caminhos seguros aos navegantes do mar da vida, a Casa Espírita se apresenta como o albergue a todos que a busquem, quer venham do continente, cheguem pelo mar, venham pela própria vontade, quer sejam trazidos pelas ondas da dor, acolhendo-os com o caldo refazente e revigorante do Consolador, e presenteando-os com o mapa indicativo do Caminho, da Verdade e da Vida.
                Quando Jesus se pronunciou como sendo o Caminho que leva a Deus, contextualizou o Caminho, demarcando-o com Seus ensinos, diferenciando-o dos demais.
                Um caminho somente se faz caminho, quando iniciamos a caminhada, e somente permanece como caminho, se seguirmos caminhando. No momento em que paremos, se desfaz o caminho. Logo, caminho, caminhante e caminhar formam um todo indissolúvel, unem-se em unidade.
                Essa é a unidade buscada por Jesus conosco. Aquela que levou Paulo, o apóstolo, a exclamar, em estesia: Já não sou quem vive; Ele é que vive em mim.
                Para isso, o Mestre enaltece a necessidade de que nos façamos um com Ele, adotando-O como Caminho, dizendo-nos5: Eu e o Pai somos um. E, em nome da nossa plenitude com o Pai6: Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim, e que os tens amado a eles como me tens amado a mim.
                É um hino à esperança para todos, e um convite a que compreendamo-nos uns aos outros, reconhecidos da natural diversidade que expressamos, respeitando o momento-vida de cada um, estejamos ou não a caminho pelo Caminho da verdadeira vida, porém juntos, solidários e fraternos, unidos pela paz, até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, conforme as sempre lúcidas palavras de Paulo7.
                O próprio Cristianismo é quem abre o caminho e serve de apoio ao Espiritismo.
Fénelon 8 deixa-nos seu convite de sublime oportunidade: Cristãos, voltai para o Mestre, que vos quer salvar. Tudo é fácil àquele que crê e ama; o amor o enche de inefável alegria.
                Jesus é nosso Guia e Modelo.

 Referências:
1 KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. 120. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. cap. XVII, item 4.
2 BÍBILA, N. T. João. Português. O novo testamento. Tradução de João Ferreira de Almeida. Campinas: Os Gideões Internacionais no Brasil, 1988. cap. 12, vers. 47.
3 ______. Primeira Carta aos Tessalonicenses. Op. cit. cap. 5, vers. 5.
4 ______. João. Op. cit. cap. 1, vers. 5.
5 Op. cit. cap. 10, vers. 30.
6 Op. cit. cap. 17, vers. 23.
7 BÍBILA, N. T. Efésios. Português. O novo testamento. Tradução de João Ferreira de Almeida. Campinas: Os Gideões Internacionais no Brasil, 1988. cap. 4, vers. 13.
8 KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. 120. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. cap. I, item 10.

 

 

PROSPERA NO TRABALHO

 

                Com toda a certeza, o ser humano estranha, ainda agora, o fato de ter que trabalhar para atender as necessidades da vida material.
                Muitos, visivelmente agastados, questionam-se, tanto quanto indagam a terceiros, sobre quem tem a autoria do trabalho.
                Um pouco de atenção, contudo, levar-nos- á e aos questionadores, bem como aos que demonstram ojeriza ao trabalho, à compreensão de que o trabalho é uma das bem-aventuradas leis de Deus, ainda que muitos mantenham sua indisposição a qualquer tipo de ocupação útil. Foi o Criador da Vida, sem embargo, o criador do trabalho.
                Recordemo-nos de que o Cristo afirmou que o Pai Celestial trabalhava sempre, e que Ele trabalhava também.
                Assim, longe de ser um ato lamentável ou algo doloroso, é o trabalho uma das grandes oportunidades para que a criatura humana se desenvolva e se aproxime do Senhor dos Mundos. Temos na Terra diferentes modos de realizar trabalho.
                O trabalho de iluminação intelectual, que impõe vontade e disciplina, regularidade e disposição para realizá-lo.
                O trabalho de renovação do universo cultural, que exige amadurecimento e sensibilidade, a fim de que a alma se assenhoreia desses valores.
                O trabalho na gleba terrena, onde se desatam as folhas verdes e os grãos, que precisam de quem conheça o ofício de adubar, de podar e de regar, para que não se mutile o vegetal.
                O trabalho de lavrar a madeira ou o ferro, com ancinhos e formões, serrotes e martelos, com forjas, bigornas e tornos, o que exige prudência e imaginação, para que se leve a cabo a empreitada.
                O trabalho de projetar, calcular e construir a morada humana, por meio da criatividade da arquitetura, da lucidez do cálculo e da força muscular, o que somente se consegue após longos anos de bancos escolares e de experiências com as várias combinações e traçados dos materiais.
                O trabalho realizado no mundo, portanto, apresenta-se como recurso indispensável para que se possa conquistar tanto os valores da teoria quanto os dotes experimentais.
                Não foi sem sentido que os nobres Mensageiros da humanidade ensinaram que toda ocupação útil é trabalho.
                Pobre de quem somente vê o trabalho como fonte de ganhos e de lucros pecuniários.
                Triste de quem não consegue ver no trabalho, que ilumina a mente e faz crescer a alma ou que fortifica a musculatura e honra a existência, a forma feliz de o homem conseguir prestar serviço ao semelhante, o que redunda em favor de si mesmo.
                É por esses motivos que nos devemos lançar no aprimoramento da alma e do corpo, por meio do trabalho, quer dizer, de toda e qualquer ação de utilidade que venhamos a desenvolver na Terra.
                Adotemos, pois, os bons costumes de gostar de ler, de estudar, de tocar um instrumento, de desenvolver ciências e artes, ao mesmo tempo que nos cabe forjar luz na mente e no coração, a fim de que o Cristo passe a pulsar em nossas atitudes, fale com nossas palavras e brilhe na luz projetada dos nossos raciocínios e sentimentos.
                Seja qual for a luta a enfrentar na Terra, não deveremos deixar de desenvolver, em nós e em redor de nós, o hábito por demais salutar de servir por meio do trabalho que possamos realizar.
                Trabalho sempre, eis a nossa meta para que nos acerquemos sempre mais do nosso Pai Criador.

 

Guilherme March
Psicografia de Raul Teixeira, em 21.5.2009,
no Instituto Espírita Bezerra de Menezes,
em Niterói, RJ.
Em 25.9.2018

 

 

EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
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