ANJOS E DEMÔNIOS
Durmam com os anjos meus filhos, tenham bons sonhos e Deus os abençoe... frase frequentemente repetida pelos pais que ninam seus pequeninos filhos. A quais anjos os pais se referem? Aos anjos bons, é claro, porque os pais desejam tudo de bom para os seus filhos amados. Mas, será então que existem anjos maus ou demônios como diz a igreja?
A sociedade religiosa desde há muito fala e define uma hierarquia dos anjos, classificada e apregoada pela igreja mais antiga. Essa hierarquia angelical nos fala de anjos, arcanjos, serafins e em nível inferior, uma hierarquia infernal: abadon,abigor, abramelec, agrarés, amaiomon, anduscias, andrialfo, asmodeu, astarote, azazel, behemot, belfegor, belial, belzebu, cimério, dagon, eurínomo, exael, furcas, gamigin, iblis, Leviatã, licas, lilith, satã, satanás, lúcifer e outros nomes da mesma criatura devotada ao mal perene.
Anjo em hebraico é mal’akh e em grego é anggelos e que dizer “mensageiro”. Na Bíblia sagrada os anjos surgem inúmeras vezes auxiliando os homens com seus bons conselhos, com adivinhações e premonições, trazendo a vontade de Deus pela voz dos profetas e até mesmo com auxílio material como no caso da libertação do apóstolo Pedro da prisão.
A igreja tem na mais alta hierarquia os arcanjos, verdadeiros líderes dos anjos, e ligam o homem a Deus pela profecia, que hoje, pelo Espiritismo, é chamada de mediunidade, sendo Miguel o maior deles. Já os serafins rodeiam o Trono do Todo-Poderoso representando intenso amor e luz de luminosidade maior que a do Sol; são os mais velhos e têm seus pensamentos superados apenas pelo pensamento do Criador.
Nem sempre a palavra demônio significou anjo mau, satã, satanás ou lúcifer, pois o termo grego daimon significa gênio, inteligência e é aplicado aos seres sem corpos materiais. A luta entre o bem e o mal, a base das crenças religiosas por muito tempo, como Oromas e Arimane nos persas, em Jeová e Satã entre os hebreus gerou essa falsa doutrina dos dois princípios (bem e mal).
A doutrina Espírita trouxe luz sobre esse assunto e analisando os apanágios, isto é, os atributos da divindade, que tudo criou, demonstra a falsidade desses conceitos implantados pela ignorância dos povos atrasados que desconheciam esses atributos.
Se existisse satanás, não como a personificação do mal e sim como uma entidade real, conforme a igreja, ele seria obra, seria criação de Deus. Ora, tendo Ele a onisciência, que tudo sabe, a fonte inesgotável do amor absoluto, como poderia ter criado seres destinados ao mal e fazerem o mal eternamente? Se não fosse criação de Deus, então existiriam duas potências criadoras e opostas e Deus não seria único.
Se Deus é infalível, como poderia criar um ser perfeito, como fala a igreja, e esse ser, criado perfeito, pela vontade Dele, ter se rebelado contra seu Criador? Em sendo assim, a igreja admite que Deus erra, que Ele é falível como suas criaturas.
A doutrina Espírita com sua lógica impecável, irrefutável, não aceita a diminuição dos atributos de Deus e entende, através do Cristianismo, que Deus é a suprema e soberana inteligência, eterno, imutável, imaterial, Todo-Poderoso, soberanamente justo e bom, infinitamente perfeito e único.
Garantindo todos os atributos do foco criador e mantenedor do Universo, afirma a salutar doutrina que Deus cria de toda eternidade, conforme explicitou Jesus, e nos criou todos iguais, espíritos simples e ignorantes do bem e do mal, ignorantes de suas leis, mas deu-nos a perfectibilidade, a capacidade de chegarmos à perfeição por nossos próprios esforços, garantindo assim o mesmo destino a todos, que é a perfeição, a mesma perfeição que nos incitou Jesus a atingir.
É claro que o mal e os malfeitores existem em níveis tão altos que sequer conseguimos imaginar. Esses espíritos que o executam, sejam encarnados ou não, por apatia, negligência, obstinação ou má vontade, permanecem por mais tempo nas classes inferiores, e o próprio hábito de praticar o mal lhes dificulta a regeneração.
Porém, chega o dia em que se cansam do próprio mal e do sofrimento que lhe é inerente e vislumbram a vida serena e feliz dos bons espíritos; tomam então a boa resolução de se melhorarem, e Deus, que é a suprema bondade, nunca lhes negará a oportunidade de no renascimento na vida corporal (reencarnação) executarem suas boas resoluções, ou falirem novamente nos seus propósitos de melhoria, se não fizerem bom uso do livre-arbítrio, que Deus respeita.
Todos os Espíritos percorrem o mesmo caminho da evolução, saindo da ignorância para o conhecimento das leis de Deus e quando aprendem tudo, chegando à última classe, à classe dos Espíritos puros, não mais necessitarão de se reencarnar em corpos materiais e passam a auxiliar Deus na manutenção da harmonia do Universo. Aí então, poderão ser chamados de anjos, mas anjos que fizeram por merecer e não porque tiveram predileção especial por parte de Deus.
Tudo o que Deus faz é útil e bom. Suas leis só traduzem o bem, e o mal é por nossa conta. Allan Kardec ao inquerir os imortais em O Livro dos Espíritos sobre como distinguir o bem do mal, recebeu como resposta que “O bem é tudo o que é conforme à lei de Deus; o mal, tudo o que lhe é contrário. Assim, fazer o bem é proceder de acordo com a lei de Deus. Fazer o mal é infringi-la.”
Que os anjos nos amparem a todos.
Crispim.
Referências bibliográficas:
- O Livro dos Espíritos. Allan Kardec.
- A Gênese. Allan Kardec.
- O que não é Espiritismo. José Carlos Leal.
O BEM QUE SE FAZ
A vida se conta pelo bem que se faz, não pelos valores que se acumulam, sem proveito, por isso, preste atenção.
Não se deixe enganar pelos apelos do mundo, mas guie-se pela sua consciência, muito já se tem escrito como fazer o bem, mas até hoje os bons exemplos têm sido muito raros.
A vida sob qualquer aspecto que se considere é muito importante, mas na prática do bem é que se reveste de maior grandeza, por isso esse ponto é essencial para lançar bases para um futuro mais venturoso.
Ninguém está excluído das benesses do Pai, mas também não conseguirá coisa alguma, sem esforço.
Todos são chamados a contribuir para o bem geral; agora, bem poucos aceitam essa alternativa, porque preferem o comodismo, a preguiça; mais tarde quando colhem os frutos de sua negligência, muito se admiram e são os primeiros a reclamar, às vezes até acusam Deus por suas dificuldades, como se Ele fosse o culpado de suas atitudes insensatas.
Está sendo chamado ao trabalho do Cristo, vai depender o seu esforço, de sua decisão em agir, mesmo porque precisa assumir o seu compromisso se realmente deseja um futuro melhor, não seria crível que permanecesse inativo, quando há tanto por fazer e deste esforço dependerá estar melhor amanhã.
De outro lado como dispõe de talentos preciosos, não pode ficar sem uma atividade, porque dia virá que precisará do pão à mesa e somente o conquistará com esforço do trabalho.
Na casa do pai é a mesma coisa, não espere vantagens sem trabalho, porque seria um contrassenso. Os bons exemplos que a história registra dão conta de homens e mulheres abnegados que trabalharam de sol a sol para se fazerem merecedores da paz de consciência que esperavam.
A ferramenta que carrega, representada no seu talento, dá a indicação certa do que deve fazer em seu benefício, mesmo porque trabalhar pelo outros é trabalhar por si em primeiro lugar.
Em qualquer situação apresente a sua contribuição. Não se deixe impressionar pelas dificuldades do caminho, nem pela magnitude da tarefa. Cada um é chamado a contribuir com os seus recursos, porém, dentro desse plano cada um dará aquilo que pode, sem descurar do compromisso que assumiu alhures.
Ninguém em sã consciência vencerá as dificuldades, sem os esforços consequentes.
Por isso, não desanime nunca, mas vá em frente com otimismo e confiança que Deus certamente fará a sua parte, com bastante discernimento, mas conscientize-se que está sendo chamado ao trabalho renovador do Cristo, por isso o trabalho de amor ao próximo é imprescindível, com isso pode encontrar grandes empecilhos, não obstante força terá para cumprir essa tarefa até o fim, com amor siga em frente, não esqueça, que o essencial é o amor que deve devotar ao próximo.
Em frente. Áulus.
Histórias Educativas
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
O INIMIGO INVISIVEL
O egoísmo é o grande tema a ser revisto por todos aqueles que realmente querem caminhar rumo à evolução. porque este defeito tem sido um dos maiores entraves ao crescimento moral das criaturas. Muitos outros sentimentos menores ainda derivam dele, como a inveja, os ciúmes, denotam essa ideia de posse, mesmo porque é um total desrespeito a figura do próximo.
Por essa razão esta imperfeição dos sentimentos deve ser combatida com todas as forças do seu coração, porque não leva em consideração qualquer direito do semelhante. Se pudesse ter a posse de todas as coisas, mesmo aqueles que jamais teriam qualquer proveito, certamente que as queria, às vezes até para satisfazer um estúpido capricho.
Esse é o obstáculo a ser superado, naturalmente por estar profundamente arraigado dentro de si, certamente deve ser a origem na dificuldade em admitir que o próximo seja merecedor das benesses da vida, tanto quanto ele o é. Mas está sempre desejoso de algo somar aos seus valores, às vezes muito valorizados, mas ainda quer mais, parece que o coração é insaciável, daí se imaginar como o único que tenha direito a tudo, como se pudesse até o ar ficaria somente para si e morressem todos os demais asfixiados.
As guerras e às vezes os grandes atos de violência se originam dessa lepra do coração humano, que representa em muitos casos uma doença incurável, que somente o sofrimento em sucessivas existências é que poderá debelar, ou pelos menos diminuir um pouco.
Ninguém creia que possa existir algo assim tão pernicioso à evolução, porque além desse exagerado desejo de posse, ainda perde muitas vezes a noção do certo e do errado, para ele o certo é tudo pertencer a ele, o resto, como sempre fala, é o resto, não interessa.
Por este motivo devem todos se premunir contra esse inimigo invisível, porém muitas vezes letal ao interesse espiritual das criaturas. Porque ele reside muitas vezes até mesmo nas sementes do crime, da maldade, de todas as paixões más, sendo muitas vezes este que movimenta as grandes tragédias, e até mesmo os crimes mais hediondos, que estarrecem as criaturas que tem bom senso e sentimentos.
Assim coloque como tema permanente em suas cogitações, para que não o perca de vista, porque pode estar ele presente naqueles fatos mais simples do seu quotidiano, tão acostumado que está com esse defeito que sequer é capaz de percebê-lo dentro das fibras mais íntimas do seu coração.
Assim vigilância contra esse inimigo traiçoeiro que pode estar na parede contígua ao seu próprio eu, muitas vezes é acionando sem o saber, gerando problemas para mais tarde se arrepender amargamente.
Por isso confiança. Mas também muita vigilância, conforme recomendou Jesus, “orai e vigiai” para não cair na tentação, isto representa também sempre um alerta ao seu coração.
Lições de Simplicidade
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
JESUS, GUIA E MODELO DA
HUMANIDADE TERRESTRE
Em O livro dos espíritos consta que Jesus é o Espírito mais perfeito que Deus destinou como Guia e Modelo da nossa Humanidade. Allan Kardec acrescenta o seguinte comentário a esta informação transmitida pelos Espíritos Superiores:
Para o homem, Jesus representa o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo, e a doutrina que ensinou é a mais pura expressão de sua lei, porque, sendo Jesus o ser mais puro que já apareceu na Terra, o Espírito Divino o animava.
Se alguns dos que pretenderam instruir o homem na Lei de Deus algumas vezes o transviaram por meio de falsos princípios, foi porque se deixaram dominar por sentimentos demasiado terrenos e porque confundiram as leis que regulam as condições da vida da alma com as que regem a vida do corpo. Muitos deles apresentaram como Leis Divinas o que eram simples leis humanas, criadas para servir às paixões e para dominar os homens.
Faz-se necessário, pois, discernir se as nossas ideias, palavras e ações não estariam, de fato, refletindo as leis humanas, ainda demasiadamente imperfeitas. As leis divinas, pregadas e exemplificadas pelo Cristo, são o roteiro seguro que devemos seguir. Elas estão escritas na consciência humana desde a criação do homem por Deus. É por esse motivo que tais leis são denominadas Lei de Deus ou Lei Natural. Se as Leis Divinas são inerentes à consciência humana, elas são instintivamente manifestadas no ser humano como “a voz da razão” ou “voz da consciência” sempre que se fizer necessário orientá-lo na vida.
O conhecimento e prática das Leis de Deus exige esforço intelecto-moral por parte de cada indivíduo, condição necessária para melhor compreendê-la e exercitá-la: “Todos podem conhecê-la, mas nem todos a compreendem. Os homens de bem e os que desejam pesquisá-la são os que melhor a compreendem. Todos, entretanto, a compreenderão um dia, pois é preciso que o progresso se realize”.204 Kardec, por sua vez, pondera de que forma pode o homem, ser ainda imperfeito, vir a conhecer e vivenciar a Lei de Deus.
A justiça das diversas encarnações do homem é uma consequência deste princípio, pois a cada nova existência sua inteligência se acha mais desenvolvida e ele compreende melhor o que é bem e o que é mal. Se, para ele, tudo tivesse que se realizar numa única existência, qual seria a sorte de tantos milhões de seres que morrem todos os dias no embrutecimento da selvageria ou nas trevas da ignorância, sem que deles tenha dependido o próprio esclarecimento?
Nesse sentido, aquisição do conhecimento associado à prática do bem, oferece condições para que se entenda as Leis Divinas ensinadas por Jesus: “Compreende-a [a alma] de acordo com o grau de perfeição a que tenha chegado e dela guarda a intuição quando unida ao corpo. Mas os maus instintos do homem fazem frequentemente que ele esqueça a Lei de Deus”.
Jesus, manifestado entre nós na categoria de Missionário de Deus, O Cristo ou Messias Divino, é o Guia e Modelo da Humanidade terrestre. O Espírito Emmanuel, presta-nos importantes esclarecimentos a respeito, em seguida apresentados na forma de itens para facilitar o estudo.
1) A Comunidade de Espíritos Puros:
Rezam as tradições do mundo espiritual que, na direção de todos os fenômenos do nosso sistema, existe uma Comunidade de Espíritos puros e eleitos pelo Senhor Supremo do Universo, em cujas mãos se conservam as rédeas diretoras da vida de todas as coletividades planetárias. Essa Comunidade de seres angélicos e perfeitos, da qual é Jesus um dos membros divinos [...].
2) Ações para a Terra provenientes da comunidade dos Espíritos Puros
Ao [...] que nos foi dado saber, apenas já se reuniu, nas proximidades da Terra, para a solução de problemas decisivos da organização e da direção do nosso planeta, por duas vezes, no curso dos milênios conhecidos. A primeira, verificou-se quando o orbe terrestre se desprendia da nebulosa solar, a fim de que se lançassem, no Tempo e no Espaço, as balizas do nosso sistema cosmogônico e os pródromos da vida na matéria em ignição, do planeta, e a segunda, quando se decidia a vinda do Senhor à face da Terra, trazendo à família humana a lição imortal do seu Evangelho de amor e redenção.
3) A formação da Terra
Jesus [...] com as suas legiões de trabalhadores divinos, lançou o escopro da sua misericórdia sobre o bloco de matéria informe, que a Sabedoria do Pai deslocara do Sol para as suas mãos augustas e compassivas. Operou a escultura geológica do orbe terreno, talhando a escola abençoada e grandiosa, na qual o seu coração haveria de expandir-se em amor, claridade e justiça. Com os seus exércitos de trabalhadores devotados, estatuiu os regulamentos dos fenômenos físicos da Terra, organizando-lhe o equilíbrio futuro na base dos corpos simples de matéria, cuja unidade substancial os espectroscópios terrenos puderam identificar por toda a parte no universo galáxico. Organizou o cenário da vida, criando, sob as vistas de Deus, o indispensável à existência dos seres do porvir. Fez a pressão atmosférica adequada ao homem, antecipando-se ao seu nascimento no mundo, no curso dos milênios; estabeleceu os grandes centros de força da ionosfera e da estratosfera, onde se harmonizam os fenômenos elétricos da existência planetária [...].
Em síntese, Jesus definiu, em conjunto com os seus cooperadores diretos “[...] todas as linhas de progresso da Humanidade futura, engendrando a harmonia de todas as forças físicas que presidem ao ciclo das atividades planetárias”.
4) O programa espiritual para a Humanidade terrestre
A comunidade de Espíritos puros, também denominados Espíritos crísticos traçou, desde os tempos imemoriais, muito antes da organização física do planeta, qual seria a destinação espiritual da Terra.
Na sua condição de operários do progresso universal, foram portadores de revelações gradativas, no domínio dos conhecimentos superiores da Humanidade. Inspirados de Deus nos penosos esforços da verdadeira civilização, as suas ideias e trabalhos merecem o respeito de todas as gerações da Terra, ainda que as novas expressões evolutivas do plano cultural das sociedades mundanas tenham sido obrigadas a proscrever as suas teorias e antigas fórmulas.
Livro Evangelho Redivivo
FEB
PSICOGRAFIA
Dona Mariquinha.
Sem nome verdadeiro era Maria das Dores. Oitenta e dois anos de idade. Morava em São Paulo. Quando jovem fora bela e requisitada. Casou aos dezoito anos de idade, as quarenta e cinco ficou viúva. Como era de pequena estatura, deram-lhe o apelido de Mariquinha. Uma mulher simples, como tantas outras, nada havia em sua personalidade de especial, aliás, havia algo sim de especial. Ela conversava com os espíritos. Coisa bastante incomum naquela época, como ainda hoje o é. Muitos chegavam até ela com os mais intrincados problemas e ela sempre procurava um meio de resolver. A cada dia aumentava a sua fama na região. Um dia um político influente também foi até lá, anônimo para consultá-la sobre um determinado problema que envolvia uma decisão política. Acompanhado de um assessor lá chegando depois dos cumprimentos habituais, entraram diretamente no assunto, ou seja, na questão que o tal cidadão iria propor a dona Mariquinha, esta já escolada por tantos anos de atividade, ouviu a inquirição, mas sabia que na verdade o tal cidadão queria saber outra resposta, mas não queria que o seu acompanhante soubesse do que se tratava e não tinha como entrar no assunto que o atormentava, e dona Mariquinha, mesmo sabendo dessa situação procurou ficar mais calma possível, aguardando o desenrolar da entrevista que naquele momento tinha lugar. Meio sem graça o tal político perguntou-se seria viável a sua candidatura, o que respondeu prontamente a Dona Mariquinha por sugestão de alguém. Depois de pensar alguma instante Dona Mariquinha responde: Se ficar com a velha ganha, com a nova perde e perde feio. Como assim, mas no fundo percebeu a sutileza da resposta, mas querendo despistar o assessor que estava junto, disse, então com a velha proposta é possível ganhar a eleição, mas com a nova não dá certo. Eu gostaria de uma resposta positiva. Tornou Dona Mariquinha, mas já respondi de maneira positiva. Com a velha mulher que o acompanha há tantos anos o senhor ganha a eleição, mas se quiser ficar com a nova o senhor perde. Nada mais claro. Se o senhor quiser ficar com a nova sua carreira política será encerrada, porque haverá uma repercussão tão grande que muitos eleitores desistirão de votar no senhor.
A resposta ele a teve como queria, mas querendo se justificar perante o amigo. Realmente a proposta da programação antiga é melhor. A nova não foi suficientemente estudada e pode não dar certo, é melhor ficar com a velha. E não se fala mais nisso. Mas o amigo percebendo que ele queria despistar. Mas o amigo percebeu muito bem tudo e disse. Ora, fulano, Dona Mariquinha disse se você decidir ficar com Laurinha perde a eleição. E se ficar com a senhora, sua esposa você ganha. Falou o amigo e encerrou a discussão. E ainda como não convencido de que o amigo percebera toda a jogada, disse afinal. Eu já disse que fico com a velha proposta, a velha é que mais interessa e pronto e não se fala mais nesse assunto, e você continuará ser o meu braço direito.
APSV-86
ESPIRITISMO, GESTÃO DE EMPRESAS E CARREIRAS PROFISSIONAIS
De Anselmo Ferreira Vasconselos
Editora Virtual O Consolador
A obra tem por objetivo mostrar que o Espiritismo, dado o seu escopo doutrinário e interesses, pode ajudar-nos na tomada de decisões com vistas a desenvolvermos e aperfeiçoarmos nossas organizações, instituições e sistemas de gestão, atrelando-os a princípios espirituais saudáveis.
Como sabemos, ao longo da vida somos instados a fazer escolhas, e isso tem considerável influência sobre a nossa evolução. Contudo, nem sempre ponderamos adequadamente seus efeitos. No calor do momento ou da situação fazemos – não raro – opções infelizes, que podem custar-nos muito em termos de perda de harmonia e paz interior.
Os textos reunidos neste livro, consoante os objetivos acima mencionados, focam basicamente cinco grandes áreas, a saber: gestão, trabalho, organizações e instituições, cidadania e desenvolvimento humano. O elo comum é a necessidade de vigiarmos o nosso comportamento, a fim de não sermos seduzidos pelas sombras. De modo geral, são artigos que nos convidam à reflexão e autoanálise.
O Consolador
2022
MÃEZINHA
Quando o Pai Celestial precisou colocar na Terra as primeiras criancinhas, chegou à conclusão de que devia chamar alguém que soubesse perdoar infinitamente.
De alguém que não enxergasse o mal.
Que quisesse ajudar sem exigir pagamento.
Que se dispusesse a guardar os meninos, com paciência e ternura, junto do coração.
Que tivesse bastante serenidade para repetir incessantemente as pequeninas lições de cada dia.
Que pudesse velar, noites e noites, sem reclamação.
Que cantarolasse, baixinho, para adormecer os bebês que ainda não podem conversar.
Que permanecesse em casa, por amor, amparando os meninos que ainda não podem sair à rua.
Que contasse muitas histórias sobre a vida e sobre o mundo.
Que abraçasse e beijasse as crianças doentes.
Que lhes ensinasse a dar os primeiros passos, garantindo o corpo de pé.
Que os conduzisse à escola, a fim de que aprendessem a ler.
Dizem que nosso Pai do Céu permaneceu muito tempo, examinando, examinando... e, em seguida, chamou a Mulher, deu-lhe o título de Mãezinha e confiou-lhe as crianças.
Por esse motivo, nossa Mãezinha é a representante do Divino Amor no mundo, ensinando-nos a ciência do perdão e do carinho, em todos os instantes de nossa jornada na Terra. Se pudermos imitá-la, nos exemplos de bondade e sacrifício que constantemente nos oferece, por certo seremos na vida preciosos auxiliares de Deus.
Livro Pai Nosso
Francisco Candido Xavier
Pelo Espírito de Meimei
Espiritismo para crianças
Marcela Prada
Tema: Determinação
A ARRUMAÇÃO DO ARMÁRIO
Carolina estava atrasada. Sua família já estava pronta para sair. Eles iam ao cinema e não queriam chegar atrasados e perder o começo do filme.
– Vamos, Carol – chamou novamente sua mãe – o que está acontecendo? – perguntou ela, entrando no quarto da filha.
– Eu queria ir com minha tiara prateada. Estou tentando encontrá-la. Sei que ela está aqui em algum lugar – respondeu a menina, remexendo uma porção de objetos numa gaveta.
A mãe tentou ajudar. Rapidamente abriu outras gavetas e as portas do guarda-roupas, mas estava tudo tão bagunçado e com tantas coisas amontoadas que desistiu.
Eles não podiam demorar mais e Carolina teve que ir ao passeio sem a tiara mesmo.
O passeio foi ótimo. Todos gostaram muito do filme.
Mas ao chegarem em casa a mãe de Carolina teve uma conversa com ela.
Ela pediu que a filha arrumasse seu armário. Era preciso separar as roupas e objetos que não eram mais usados e arrumar os que ela ainda usasse. O armário estava com tanta coisa e tudo tão misturado que as roupas ficavam amassadas e os objetos não eram encontrados.
Carolina concordou que daquele jeito não era possível continuar e disse que faria a arrumação no dia seguinte.
No outro dia Carol estava disposta a resolver aquele problema, mas quando abriu as portas do armário e viu a bagunça, não sabia nem por onde começar.
Ela até mexeu em alguns objetos, mas achou que a escrivaninha do seu quarto também precisava de cuidados. Então pegou um pano e limpou bem a mesa e a cadeira, por cima e por baixo, jogou alguns papéis fora, arrumou os livros e seu diário que ficavam ali e achou que ficou ótimo.
Quando ela estava terminando sua mãe entrou no quarto e viu o que ela estava fazendo.
– Muito bem, filha, vejo que você está animada a arrumar seu quarto todo hoje. Bom trabalho, filha.
Mais tarde a mãe voltou novamente e viu que a menina tinha arrumado bem a cama. Tinha trocado a colcha que cobria a cama e colocado uma que combinava com uma almofada, deixando a cama bem bonita.
– Está ficando lindo seu quarto, filha, mas você já está arrumando há bastante tempo e ainda nem começou o que precisa ser realmente feito – disse ela.
Carolina concordou e disse que faria. Mas depois de quase uma hora sua mãe entrou no quarto e viu a menina deitada na cama, se distraindo lendo um gibi.
– Filha, e o armário? – perguntou ela.
– Já vai, mamãe, vou descansar um pouco. Já arrumei bastante coisa.
– Carol, sabe o que está acontecendo? Você está com dificuldade de arrumar seu armário de tanta coisa e tanta bagunça que tem nele. Por isso, fez outras coisas parecidas, mas não enfrentou o problema real.
– Acho que foi isso mesmo que aconteceu – disse Carolina, tristonha – eu não sei o que fazer. Acho que não cabe tudo que eu tenho. Não sei como separar as coisas. Eu tentei começar, mas não sabia o que fazer para ficar como deveria.
– Ninguém nasce sabendo fazer tudo. Vamos, eu vou ajudar – disse a mãe, atenciosa.
Ela trouxe para o quarto uma caixa e um saco de lixo.
– Filha você vai fazer assim: vá pegando do armário cada peça e pense se você ainda vai querer mantê-la. Se você for usá-la ainda, ponha em cima da cama para ser organizada no final e guardada novamente junto com outras peças do mesmo tipo.
– Se você não for mais usar, mas ainda estiver boa pra ser utilizada por outra pessoa, ponha nesta caixa que nós vamos depois fazer uma doação para alguém – continuou ela – e se o objeto ou roupa não servir mais nem para você, nem para ninguém, será jogado fora e nesse caso ponha neste saco.
Carolina entendeu o que tinha que fazer e começou a arrumação, que levou um bom tempo. Mas valeu a pena. Carol se surpreendeu com as coisas que encontrou. Depois de separar tudo como a mãe havia ensinado, ela devolveu para o armário, em categorias, o que ainda ia manter. Ficou tudo direitinho e, apesar do trabalho que deu, ficou muito satisfeita.
Muita gente não sabe, mas o tipo de situação que aconteceu com Carolina acontece com elas também.
Muitas vezes na vida, enfrentamos dificuldades. Mas precisamos encarar os problemas com firmeza, pedirmos ajuda se necessário e resolvermos, de vez, cada situação.
Às vezes, nos envolvemos em outras tarefas e podemos até fazer coisas boas, mas não devemos adiar o que precisa ser feito.
A arrumação do armário foi uma boa oportunidade para Carolina aprender esta importante lição.
O Consolador
Revista Semanal de Divulgação Espírita
Março/2022
A CULTURA DA PAZ
Colunista Marta Antunes de Moura
Em Mateus (5:9) consta a seguinte afirmativa de Jesus, parte integrante do Sermão da Montanha (Mt 5:1-12): Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus. É importante penetrarmos na essência dos ensinamentos do Cristo, pois, nem sempre os que promovem a paz conseguem, efetivamente, semear a paz. Os primeiros restringem-se ao discurso, à simples intenção, os segundos põem em prática ações que conduzem à paz, individual e coletiva. Falar sobre a paz já é um passo, mas o melhor é vivenciá-la. Assim, os pacificadores não são “[…] somente os dotados de natureza pacífica, nem os que aceitam a paz sem protesto ou que preferem a paz ao desacordo, nem os que têm paz na alma, com Deus, como explicou Agostinho, e nem os que amam a paz […], mas aqueles que promovem ativamente a paz e procuram estabelecer a harmonia entre inimigos. […].1
A vivência da paz é processo de aprendizagem gradual, em que se procura unir a teoria à prática. Somente assim, pelo exercício cotidiano da cultura da paz, a alma humana aprende a se desprender das ilusões geradas pelo sentimento de posse (bens materiais e/ou pessoas), tão estimulados pela sociedade hedonista, que considera apenas “o aqui e o agora”, como pondera o Espírito Amélia Rodrigues: “Os tortuosos caminhos da existência humana, do ponto de vista social e tradicional, caracterizam-se pela ambição em favor do poder temporal, do destaque no grupo, da glória rápida, da disputa incessante pelos bens que fascinam e não preenchem os abismos das necessidades emocionais, nem as aspirações de paz interior e de saúde integral. […].2
A mensagem do Cristo, consubstanciada em seu Evangelho, tem o poder de despertar o homem da hipnose que ele se encontra mergulhado há milênios, geradora de choques e entrechoques de entendimentos, alguns de grande magnitude, como as guerras. A benfeitora espiritual continua em suas ponderações:
Numa sociedade imediatista, assinalada pela hipocrisia e pela audácia do poder temporal, seria temeridade inverter a ordem conceitual a respeito de quem merece amor e é digno de ser considerado como bem-aventurado.
As multidões que O ouviram permaneceram inebriadas, porque, além de Ele haver exalçado a humildade, a pobreza em espírito, a fidelidade, o apoio à Justiça e à Verdade, também propusera o novo código que deveria viger no porvir da Humanidade.
O amor deveria ocupar lugar de destaque nos códigos do futuro, mas não o amor interesseiro e servil, ou o direcionado àqueles que o merecem e retribuem com afeição correspondente, mas sim, quando oferecido aos que se fizeram difíceis de ser amados, aos ingratos, aos egoístas, porque esses são realmente os necessitados do sentimento libertador, embora não se deem conta disso. 3
Os pacificadores são assim denominados porque pregam e cultivam a paz entre os homens como norma de vida. Somente assim serão chamados filhos de Deus, consoante a declaração do Mestre Nazareno (Mt 5:9). Os pacificadores são filhos Deus porque cumprem naturalmente os desígnios divinos, sem desânimos, revoltas ou sentimentos negativos. Esforçam-se para pôr em prática a Lei de Amor expressa na vivência da caridade, cujo verdadeiro sentido, tal como Jesus entendia, é assim ensinada os Espíritos orientadores: “Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão às ofensas.”4
Emmanuel sugere como podemos desenvolver a cultura da paz, transformando-nos em pessoas pacificadoras e bem-aventuradas:
Na cultura da paz5
“Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus.” — Jesus (Mateus, 5:9)
Na cultura da paz, saibamos sempre:
Respeitar as opiniões alheias como desejamos seja mantido o respeito dos outros para com as nossas;
Colocar-nos na posição dos companheiros em dificuldades, a fim de que lhes saibamos ser úteis;
Calar referências impróprias ou destrutivas;
Reconhecer que as nossas dores e provações não são diferentes daquelas que visitam o coração do próximo;
Consagrar-nos ao cumprimento das próprias obrigações;
Fazer de cada ocasião a melhor oportunidade de cooperar em benefício dos semelhantes;
Melhorar-nos, através do trabalho e do estudo, seja onde for;
Cultivar o prazer de servir;
Semear o amor, por toda parte, entre amigos e inimigos;
Jamais duvidar da vitória do bem.
Buscando a consideração de pacificadores, guardemos a certeza de que a paz verdadeira não surge, espontânea, uma vez que é e será sempre fruto do esforço de cada um. 5
REFERÊNCIAS
1. CHAMPLIN, Russel Norman. O novo testamento interpretado versículo por versículo. Vol. 1. (Mateus/Marcos). Nova ed. Rev. São Paulo: Hagnos, 2015, v. 1, it. 5:9 – Os pacificadores -, p. 305.
2. FRANCO, Divaldo Pereira. A mensagem do amor imortal. Pelo Espírito Amélia Rodrigues. 2 ed. Salvador: LEAL, 2015 Cap. 16, p. 114.
3. ________. Cap. 6, p.41-42.
4. KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Evandro Noleto Bezerra. 4. ed. 10. imp. Brasília: FEB, 2021. Questão 886, p. 379.
5. XAVIER, Francisco Cândido. Ceifa de luz. Pelo Espírito Emmanuel. ed. 10. imp. Brasília: FEB, 2019. Cap. 54, p.175-176.
FEB
2021
JESUS QUE AINDA NÃO CONHECEMOS
Por Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo
A pessoa boa tira o bem do depósito de coisas boas que tem no seu coração. Jesus (Lucas 6:45.)
Naquela noite em que o céu se iluminou de cariciosas estrelas de bondade e fraternidade, os mensageiros da paz entregavam num estábulo, à feição de um berço, aos seus pais, o Anjo de sabedoria e amor que modificou nossa história e até hoje clareia nossos dias.
Naqueles tempos difíceis da encarnação de Jesus, como nos tempos atuais, encontramos nele um divisor dos costumes bárbaros, preconceitos e opressões na renovação da humanidade das pessoas, modificando a norma moral e oferecendo novo conceito de vida e respeito ao próximo.
Superando os costumes abusivos e trazendo nova visão sobre a pena de talião – olho por olho, dente por dente –, Jesus se opôs à condenação sistemática de então, sugerindo a prática do perdão incondicional, aos conhecidos e desconhecidos, aos mais novos e aos antigos, aos amigos e aos inimigos, encarnados e desencarnados.
E não é só ensinando, mas exemplificando, que o Senhor corrige a ignorância com a sabedoria, o ódio com o amor, tocando nossas almas.
Diante de uma situação constrangedora – quem se imaginaria estar nessa situação algum dia? –, os fiscais da vida alheia trazem uma mulher desconhecida da multidão, sem nome, sem família, para ser sacrificada por uma tradição de punir apenas a mulher.
“E os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério; e, pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada no próprio ato, adulterando. E na lei nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes? Isto diziam eles, tentando-o, para que tivessem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia com o dedo na terra” (João 8:3-6).
É a única informação de que o Mestre sabia escrever. Mas, para ter sabedoria e amor, não precisa saber ler ou escrever. Jesus era autodidata e trazia a bagagem de suas experiências milenares.
Meditava e anotava! O que será que pensava Jesus, ou ele estava deixando os seus oponentes (escribas e fariseus – que o levaram à cruz) se acalmarem, para dar a sentença que nos comove até hoje e para sempre.
Então, como um trovão na consciência daquelas pessoas, sentencia o Mestre: “Quem de vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra. Inclinando-se novamente, escrevia na terra. A essas palavras, sentindo-se acusados pela sua própria consciência, eles se foram retirando um por um, até o último, a começar pelos mais idosos, de sorte que Jesus ficou sozinho, com a mulher diante dele” (João 8:7-9).
Esse é o Cristo que disse: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mateus 28:20). Ele está vivo e sempre do nosso lado, podemos confiar. Ele nunca vai embora. Ele vive todos os dias conosco, desde que mantenhamos a porta aberta do nosso coração para que ele ali habite.
Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo, diretor da Editora EME.
O Consolador
Revista Espírita
|