ÓDIO
Hoje em dia com a evolução surpreendente da comunicação eletrônica e a disseminação global das redes sociais, temos a sensação que a violência cresceu assustadoramente e que o ódio ainda impera neste planeta que nos serve de provas e expiações. Talvez seja apenas impressão, pois há algum tempo as notícias demoravam muito a chegar, e também não nos chegavam violências e crimes não detectados pelos canais informativos.
A benfeitora Espiritual Joanna de Ângelis aponta que o ódio é remanescente das mais sórdidas paixões do primarismo asselvajado, que permanece em luta gigantesca com a razão e o sentimento de amor, inato em todos os seres. Diz ainda que o ódio é um morbo pestífero que só desaparece mediante a terapia do amor incondicional que o dilui e o enfraquece, lutando no campo de batalha chamado consciência.
Continua a ilustre benfeitora analisando o funcionamento do ódio como um automatismo violento, como uma labareda voraz que deixa destruição, para que as mãos do amor trabalhem na reconstrução que surgirá dos escombros, permanecendo no mundo como uma loucura que o tempo amorosamente irá desfazendo, fertilizando os embriões da misericórdia que fazem esse amor germinar no solo dos sentimentos.
O preclaro Espírito Camilo nos diz que o ódio é força cega que enceguece os seus portadores e os leva a precipícios hediondos, sendo o ódio contra si mesmo a maior tragédia da mente humana, e a pessoa odienta, para quem a rodeia, é um foco pestilencial que manda dardos de sua doença aonde quer que vá, elaborando processos de autodestruição que pode ser imediata, de uma vez, ou em longo prazo, avançando para o fim da saúde, da alegria, da família, dos amigos, da vida e de tudo.
O bondoso Espírito Miramez diz que a razão nos fala que não nos convém a violência, a maldade, o ódio, o ciúme, o orgulho e o egoísmo e que Deus nos fala pelos fios da natureza e nós O ouvimos pela consciência. Lembra ainda que o sofrimento, por vezes é a melhor escola, desde que não nos revoltemos contra os testemunhos.
O ódio entre mães e filhos e com filhos que maltratam seus pais denota Espíritos que dormem em relação ao amor, ficando nas trevas dos entendimentos superiores. Os sofrimentos por que passam mães e filhos, se os suportarem com paciência, não ficarão em vão e serão recompensados com seus fardos aliviados, pois todo trabalhador é digno do seu salário.
O instrutor espiritual André Luiz esclarece que o homem é um Espírito eterno habitando temporariamente um corpo terrestre, e que seu corpo espiritual, o perispírito, é uma organização viva a que se amoldam as células materiais e que os laços do amor e do ódio nos acompanham em todo círculo da vida...
Já o ilustre médium Chico Xavier, orientado por Emmanuel, em resposta a uma entrevista, nos diz que o ódio talvez seja a enfermidade dominante na Terra, entretanto afirma que ele, o ódio, é transitório, como são transitórios todos os desequilíbrios da individualidade na sua condição de Espírito imperecível.
E o grande Nelson Mandela nos encheu de esperança ao dizer que “ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, ou por sua origem, ou sua religião.
Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se elas aprendem a odiar, podem ser ensinadas a amar, pois o amor chega mais naturalmente ao coração humano do que o seu oposto. A bondade humana é uma chama que pode ser oculta, jamais extinta.”
Crispim.
Referências bibliográficas:
- Jesus e o Evangelho: Divaldo Pereira Franco/Joanna de Ângelis.
- A Carta Magna da Paz; e Revelações da Luz: J. Raul Teixeira/Camilo.
- A Terra e o Semeador: Chico Xavier/Emmanuel.
- Missionários da Luz: Chico Xavier/André Luiz.
- Filosofia Espírita Volume XVIII: João Nunes Maia/Miramez.
- Long Walk to Freedom. Nelson Mandela.Crispim.
RESUMO
Em certos momentos da vida é bom parar um pouco e refletir sobre a estrada percorrida.
Muitas somas, subtrações, multiplicações e divisões. Somam-se muitas horas perdidas, ou sem o devido aproveitamento; subtraem-se muitas atitudes impensadas; dividem-se muitos recursos recebidos por misericórdia multiplicam-se os agradecimentos pelo muito já contabilizado a seu favor.
A vida corre com base nas quatro operações básicas da matemática. Quando deveria somar as boas ações, dividir o pão, multiplicar as ações em favor do próximo, e subtrair o negativismo das próprias atitudes. Mas ficou reticente nesses momentos de decisão.
Tanta coisa fora de lugar. Quantas operações realizadas sem o consentimento da razão ou do coração.
Outras que deixaram profundas cicatrizes, que nem o tempo é capaz de apagar. E muitos erros cometidos por precipitação e falta de ordem. Que depois se arrepende amargamente, mas sem remédio.
Quantas coisas que gostaria de ocultar até de si mesmo, quanta coisa que deveria ter sido feita e não se concretizou.
É preciso confiar sempre em Deus já dizia alguém, mas sempre se guarda uma desconfiança enorme no bem que se deseja realizar, quantas vezes também se deixam levar por ondas de pessimismo.
A vida transcorre em mares agitados muitas vezes, vive-se num clima de incertezas, ou para logo em seguida provocar um profundo descontrole íntimo, por isso, rapidamente faça as seguintes operações e verá que é muito afortunado:
Somam-se as horas que trabalhou em favor dos outros, somam-se àqueles momentos que teve a inspiração de perdoar aos semelhantes, porque julgou muito pouco para se ofender de verdade e procurou pensar em algo mais nobre para ocupar as suas boas horas.
Calcule o quanto pode compreender mais do que ser compreendido, somou as horas extras que fez para socorrer aqueles que sofrem mais, isto é, quando serviu mais do que o dever, enfim, somou tantos estímulos de amor dos amigos que o ajudaram a viver.
Adicione as horas que fizera ao patrão, aquele que paga o seu salário e assim pode manter a tranquilidade da família no que tange ao conforto material.
Calcula tantos bônus que por misericórdia recebeu do senhor, como antes que pedira ao alto. Somou tantas experiências positivas que permitiram que vivesse melhor.
Totalize tantas mãos amigas que ajudaram a transpor os momentos mais difíceis de sua caminhada. Somou a saúde sua e de sua família que permitiu que vivesse uma vida agradável.
Enfim, já bem sabe que só tem a agradecer em tudo, e a tantos que foram uma bênção em seu caminho, pois que diversos fatores positivos que permitem superar tudo, tendo sempre oculta a mão de Deus, muito embora tantas às vezes que sequer agradeceu a sábia providência, caso contrário teria caído no abismo do vício ou da revolta.
Resuma tantas coisas pequeninas, mas que no somatório geral representa muito e que contribuem com grande estímulo para continuar lutando.
Até a rebeldia dos filhos foram experiências válidas para mostrar que para aprender fora preciso sofrer muito, e com isso evitaram-se problemas mais tarde.
Sempre a mão oculta da providência a oferecer tantos recursos para que a presente existência fosse da maior importância.
A verdadeira lição de hoje impele à necessidade de agradecer pelas dádivas, enquanto que no mundo movido pelo orgulho, julgava-se no direito de tudo combater sem a menor consideração aos outros.
É isso que conseguiu realmente superar com êxito.
Como vê, está longe de controlar certos impulsos ainda, mas reconheça que já conseguiu superar muitas dificuldades no que tange ao comportamento diante da vida. Áulus
Histórias Educativas
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
REFLITA BEM
Qualquer ato começa com a impulsão da vontade ativa. É o primeiro passo para concretizar qualquer atividade e para qualquer realização. Especialmente quando se trata de uma atividade caritativa.
Nesse trabalho que não se exige contrapartida, pelo menos, em tese, mas esse desejo íntimo de ajudar o progresso das pessoas e do mundo, ou mesmo atendendo aquela reivindicação de ordem particular daquele que sofre não carrega interesse outros.
Para aquele que já compreendeu esse imperativo de ordem superior não pode negligenciar momento algum, porque já sabe que esse momento pode faltar para fechar a quota do compromisso nesta esfera de ação.
Assim que aproveite o tempo que está a sua disposição. Não faça perguntas ociosas, mas aja de acordo com o bom senso e a lógica.
Se porventura alguém sofre, atende naquilo que puder. Não seja avaro de boa vontade. Faça a sua parte e passe, porque mais adiante alguém já o espera em busca de socorro, às vezes em coisas pequeninas.
Talvez não esteja talhado para fazer grandes coisas, mas faça com alegrias às pequenas, já é um grande trabalho, pois que são muito importantes. Essas talvez são aquelas que deram a origem as maiores e mais destacadas atitudes de progresso que vá atender solicitações daqueles que sofrem muito mais ainda.
Não se deixe abater pela preguiça, nem pelo desânimo, porque certamente haverá aqueles dias sem luz, mas nesses momentos de maior acúmulo de negativismo.
Levante a cabeça e ande, agradeça à vida, porque já fez muitas coisas e pode fazer ainda muitas e diga intimamente que fará muito mais.
Especialmente porque compreenderá que a vida é a grande oportunidade para por em dia aquelas contas que estão pendentes de pagamento, e que é urgente dar uma solução a elas
No entanto o tempo é fundamental para que possa maturar aquelas decisões, embora, muitas vezes penosas. E teve a origem naquela atitude distraída de ontem e chegue com a divida em pendência, é necessário que faça o pagamento ainda que seja a última coisa que faça aqui neste plano.
Não se deixe abater diante de acontecimentos que não deram certo, porque a rigor até mesmo, ou especialmente com o erro se aprende muito. Partindo dessa premissa tudo pode ser importante na construção da felicidade.
Aquele que porventura o feriu, quem sabe é um benfeitor de sua senda está disfarçado somente para alertar que não se está no caminho certo. Se bem pensar, verá que tudo obedece a uma lógica sempre para favorecer aquele que mais lute por se melhorar.
Ainda naqueles momentos mais críticos da existência exige profundas renúncias, onde se esconde aquele defeito do passado e que é preciso uma ação forte para que possa ressarcir o mal praticado alhures por correspondente ação no bem que possa anular o efeito do mal praticado ontem.
É fora de dúvida que muita coisa pode ser feita, quando se dispõe da boa vontade. É essa disposição intima para fazer o bem que impulsiona a criatura à frente, dando visibilidade as suas ações que o incentiva a trabalhar mais, porque vê que está dando certo.
Ademais a vida vai responder na medida de que como encara o mundo. Se trabalhar ou estudar sentirá o progresso, por um processo natural. É claro que muitos ainda pensam somente em viver a vida da matéria e nela se empenham com todas as forças.
Mas também é claro isso também cansa, especialmente quando sentir o vazio dentro de si, ou seja, aquela inquietude íntima que não tem uma explicação pelo menos naquele momento. E procura uma forma de se adaptar a realidade desse mundo que corre paralelo, que é a vida do espírito, a vida imperecível.
Assim que pense nos seus dias, onde pode estar preparando-se para uma vida melhor, onde todas as possibilidades são lhes oferecidas para que realmente encontre o seu caminho. É a razão e o fim de estar aqui neste plano.
Não se deixe persuadir pela argumentação dos pessimistas, porque não trabalham pelo bem e o pior que lança sofisma no coração daqueles incautos, citando caso de outras criaturas que foram pagas com ingratidão, como se fosse somente uma justificativa para se ausentarem da prática do bem.
Qualquer coisa precisa apoiar numa lógica, a fim de encontrar meios para avançar.
Por isso, pense bem, o tempo não espera, amanhã pode ser tarde demais, quando poderá ser chamado a prestar contas do tesouro da vida que desfruta, e quem sabe, nesse dia de amargas conclusões não lamentem o tempo irremediavelmente perdido, e pior, sem remédio. Pense nisso enquanto é tempo, pois que o sol ainda está brilhando sobre a sua cabeça. Áulus.
Lições de Simplicidade
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
OS APÓSTOLOS DE JESUS. A MISSÃO DOS APÓSTOLOS
APÓSTOLO
Palavra grega, originária do verbo apostello, que significa “pessoa enviada”, “mensageiro”. No Novo Testamento, quando aplicada a Jesus indica “o enviado de Deus”. Pode referir-se ao “enviado às igrejas”, como aconteceu a Pedro, João e a Paulo, entre outros. De qualquer forma, a palavra “[...] é aplicada de modo absoluto ao grupo de homens que mantinham a dignidade suprema na igreja primitiva. Visto que apostello parece significar frequentemente enviar com um propósito particular.[...].” Apóstolo pode ter alguma relação com a palavra judaica shaliah, “um representante reconhecido de uma autoridade religiosa incumbida de levar mensagem e guardar dinheiro dotada de poder para agir em lugar daquela autoridade.”
DISCÍPULO
Vocábulo que tem origem no hebraico limud, traduzido para o grego como mathenes e para o latim como discipulus, traz o significando de “pupilo”, “aprendiz”. A palavra hebraica (limud) pode também significar “erudito”.
No Velho Testamento o vocábulo aparece com frequência, indicando que a “[...] relação entre o mestre e o discípulo era uma característica comum no mundo antigo, onde os filósofos gregos e os rabinos judeus reuniam em torno de si grupos de aprendizes e discípulos. Nos tempos do NT, uma prática semelhante tinha prosseguimento, e a palavra significava em geral aqueles que aceitavam os ensinamentos de outro – exemplo, de João Batista (Mateus, 9:14; João, 1:35) dos fariseus (Marcos, 2:18; Lucas, 5:33) e de Moisés (João, 9:28) [...].
De forma genérica, é comum nos dias atuais empregar as palavras discípulo e apóstolo como sinônimas, sobretudo em palestras ou outras exposições verbais. Contudo, discípulo mantém sentido original de aprendiz, enquanto apóstolo refere-se a alguém que já possui maior conhecimento, investido ou não de alguma missão.
OS APÓSTOLOS DE JESUS
Jesus organizou um colégio apostolar formado de 12 apóstolos para a execução de sua missão, com apoio usual de discípulos, familiares ou amigos dos apóstolos. Concluído o aprendizado essencial, Jesus envia os apóstolos a diversos lugares para que anunciem o Evangelho do Reino e a vinda do Reino de Deus.
Jesus chamou a equipe dos apóstolos que lhe asseguraram cobertura à obra redentora, não para incensar-se e nem para encerrá-los em torre de marfim, mas para erguê-los à condição de amigos fiéis, capazes de abençoar, confortar, instruir e servir ao povo que, em todas as latitudes da Terra, lhe constitui a amorosa família do coração.
No Evangelho segundo Marcos, consta que, depois que Jesus Depois subiu à montanha, e chamou a si os que ele queria, e eles foram até ele. E constituiu Doze para que ficassem com ele, para enviá-los a pregar, e terem autoridade para expulsar os demônios. Ele constituiu, pois, os Doze, e impôs a Simão o nome de Pedro; a Tiago, o filho de Zebedeu, e a João, o irmão de Tiago, impôs o nome de Boanerges, isto é, filhos do trovão, depois André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, o filho de Alfeu, Tadeu, Simão o zelota, e Judas Iscariot, aquele que o entregou (Marcos, 3:13 a 19).
O Espírito Humberto de Campos (ou Irmão X) nos apresenta características gerais dos apóstolos no texto que se segue.
[...] Depois de uma das suas pregações do novo reino, chamou os doze companheiros que, desde então, seriam os intérpretes de suas ações e de seus ensinos. Eram eles os homens mais humildes e simples do lago de Genesaré.
Pedro, André e Filipe eram filhos de Betsaida, de onde vinham igualmente Tiago e João, descendentes de Zebedeu. Levi, Tadeu e Tiago, filhos de Alfeu e sua esposa Cleofas, parenta de Maria, eram nazarenos e amavam a Jesus desde a infância, sendo muitas vezes chamados “os irmãos do Senhor”, à vista de suas profundas afinidades afetivas. Tomé descendia de um antigo pescador de Dalmanuta, e Bartolomeu nascera de uma família laboriosa de Caná da Galileia.
Simão, mais tarde denominado “o Zelote”, deixara a sua terra de Canaã para dedicar-se à pescaria, e somente um deles, Judas, destoava um pouco desse concerto, pois nascera em Iscariotes e se consagrara ao pequeno comércio em Cafarnaum, no qual vendia peixes e quinquilharias.
O reduzido grupo de companheiros do Messias experimentou, a princípio, certas dificuldades para harmonizar-se. Pequeninas contendas geravam a separatividade entre eles. De vez em quando, o Mestre os surpreendia em discussões inúteis sobre qual deles seria o maior no Reino de Deus; de outras vezes, desejavam saber qual, dentre todos, revelava sabedoria maior, no campo do Evangelho.
Levi continuava nos seus trabalhos da coletoria local, enquanto Judas prosseguia nos seus pequenos negócios, embora se reunissem diariamente aos demais companheiros. Os dez outros viviam quase que constantemente com Jesus, junto às águas transparentes do Tiberíades, como se participassem de uma festa incessante de luz.
Livro Evangelho Redivivo
FEB
PSICOGRAFIA
Eu, Eusébio de Queiroz, nasci em Ribeiro Preto, Estado de São Paulo, em 14/10/1904. Aos vinte anos de idade ingressei no comércio. Com muito trabalho e persistência consegui considerável fortuna, principalmente quando me casei com uma rica fazendeira da região. No governo de Getúlio Vargas, passei por uma situação difícil devido a negócios mal conduzidos, mas consegui me recuperar logo. Já na casa do cinqüenta nos de idade, vim apaixonar-me por uma jovem de vinte e dois anos de idade, filha de um amigo meu. Já casado pai de quatro filhos com mais de vinte anos. Bem situado na sociedade não podia sair do convencionalismo social, permitindo-se uma conduta dessa natureza, ou seja, uma outra família.
Vivia nessa época um dilema. De um lado a família solidamente constituída e de outro a jovem Maria do Carmo. O que fazer? A cada dia sentia-me mais apaixonado. Era até visível meu estado de espírito. Muitas vezes falava sozinho, gesticulando, tentando encontrar um jeito de resolver o problema de vez, em parte porque era filha de um amigo, não permitiria uma situação irregular. De outro não lado não podia resolver a situação de natureza familiar. Como abandonar a família. Seria um grande desprestígio para condição de comerciante tradicional, de muitos amigos, inclusive até o Governador do Estado tinha relações. Mas o que fazer? Já houve caso semelhante em nosso meio, que resultou num tremendo fiasco para esse tal empresário, perdendo todo o respeito e a credulidade sobre a sua conduta. Além de que mais tarde ficou numa situação deplorável, pobre e sem nenhuma das mulheres. Não queria correr esse risco. Já dera tempo ao tempo, mas não apareceu uma solução para o caso. Maria do Carmo pressionava. Se não tomasse uma decisão logo ela tomaria, pois estava me achando fraco e indeciso. Disse-me que se não resolvesse logo a situação iria embora para São Paulo. Aquela última conversa realmente colocou-me entre a cruz e a espada, mas como sair do círculo restrito das relações comerciais e amizade que cultivava há anos. Como abandonar a família. Não podia ser. Mas se não tomasse uma decisão Maria do Carmo poderia me deixar. Não conseguia dormir. Parece que não havia uma solução mesmo. Fiquei doente, consultei um médico, disse-me ele que era esgotamento nervoso, talvez pelo excesso de trabalho. Estava certo ele, mas não era por excesso de trabalho, mas por causa de Maria do Carmo, essa sim era uma tremenda dor de cabeça. A cada dia aos meus olhos aparecia mais atraente e sedutora. Resolvi que estava doente e fiquei em repouso, buscando ganhar tempo para ver se encontrava uma solução. Minha família preocupada mais se aproximou de mim. Cheguei à conclusão que aquela posição só piorou um pouco mais, porque agora não tinha como visitar Maria do Carmo, e a última vez que a vi estava esplêndida, num vestido vermelho e muito justo. Mais destacava o seu dotes e a cor de sua face, ficaram completamente varridos.
Estava cercada por todos os lados, ainda mais agora com a notícia de minha doença, mais a atenção se voltavam sobre mim. Era visita e mais visita de parentes e amigos. Quinze dias se passaram. Conclui que não estava dando resultado aquela encenação. Num furtivo encontro disse-me que iria embora para São Paulo.
O prazo que ele me dera estava se esgotando, precisava tomar uma decisão. Tinha bastante dinheiro para viver o resto da vida de maneira folgada. Valia a pena deixa tudo acompanhar Maria do Carmo, trocar minha cidade por São Paulo, de onde não mais voltaria.
Escrevei uma carta à família e ao gerente geral, contando a situação. Pedia perdão à esposa e aos filhos, mas não tinha como segurar meu coração. Disse que Maria do Carmo que até tal hora esperaria em determinado lugar. Se não aparecesse ela iria embora de vez. Na última hora tomei a decisão e parti a toda pressa. Lá chegando Maria do Carmo já não estava mais. Ainda esperei um longo tempo e ela não veio. De repente fui acometido de um temor terrível. E o gerente descobrisse a carta que estava no cofre da empresa. Sai desesperado e retornei ao local onde deixara a carta. Se alguém lesse a carta e Maria do Carmo tivesse ido embora para sempre. Seria um tremendo fiasco, além de cair na boca do povo. Quando cheguei à empresa o gerente geral já havia aberto o cofre e estava começando a colocar em ordem os documentos e graças a Deus não havia percebido a carta ainda. Inventei uma desculpa e pedia ao gerente que providenciasse certo documento que iria precisar, quando se retirou, mais que depressa coloquei a carta no bolso do paletó e busquei destruí-la mais depressa possível.
Finalmente naquele momento senti um pouco de alívio. Afinal foram momentos de agonia. Minha família estava muito preocupada dada a minha estranheza, supondo ser uma doença grave. No fim de semana estava no meu estado normal. Minha esposa vendo que estava bem. Disse-me sorridente que estava feliz porque eu voltara ao estado normal depois de muito tempo, talvez o médico tivesse acertado mesmo em seu diagnóstico.
Senti um enorme alívio no coração por ter dado tudo errado, afinal podia ser uma enorme dor de cabeça.
Paulo
APSVI-05
Espiritismo para crianças
Marcela Prada
Tema: Honestidade
O CASO DO QUEIJO
Certa vez, numa cidade do interior, que tinha poucas lojas e quase todo mundo se conhecia, o dono da mercearia foi procurar o delegado para prestar queixa do vendedor de queijos:
– Ele me vendeu um queijo dizendo que o queijo pesava 1 kg. Eu paguei e fui para casa. Lá chegando, pesei o queijo e para minha surpresa ele pesava menos de 1 kg. O vendedor de queijo trapaceou e cobrou mais caro do que deveria! Ele me prejudicou e isso não pode ficar assim! – dizia nervoso o dono da mercearia.
O delegado foi então até a pequena loja do vendedor de queijo e comunicou a ele o ocorrido e a necessidade de investigar sua loja e a maneira como ele pesava seus queijos.
O dono da loja de queijos ficou surpreso com a acusação e foi logo explicando:
– Minha balança eletrônica quebrou e eu a levei para consertar. Como eu não podia ficar sem balança e o técnico disse que demoraria alguns dias para fazer o conserto, ele mesmo me emprestou esta antiga balança manual, que eu estou usando há dois dias.
A balança tem dois pratos. Em um deles eu ponho um peso de 1 kg e no outro eu coloco o meu queijo. Se os pratos se equilibram, ou seja, se nenhum dos pratos fica para cima ou para baixo eu sei que o meu queijo pesa 1 kg também. Como eu não era acostumado a usar essa balança, eu não possuía um peso de 1 kg. Então, fui até a mercearia e comprei um quilo de arroz e tenho usado isso como medida para avaliar o peso dos meus queijos.
O delegado observou a balança e o pequeno saco contendo os grãos de arroz, que tinha a etiqueta da mercearia e a indicação do peso de 1 kg.
Saindo da loja de queijos, o delegado já desconfiava do que havia acontecido e, para ter certeza, foi até a mercearia, que era uma loja bem maior que a de queijos, onde eram vendidos vários tipos de alimentos, como arroz, feijão, farinha, fubá, milho, além de frutas, legumes e até carnes. Todos esses produtos eram pesados, conforme a quantidade do pedido e entregues ao cliente.
O dono da mercearia recebeu o delegado com um sorriso, achando que ia receber algum dinheiro de volta, devido a ter pago mais caro pelo queijo que comprou. Mas logo percebeu que a situação se havia invertido e o delegado vinha para investigar sua loja e a maneira como pesava seus produtos.
A mercearia possuía não apenas uma, mas três balanças eletrônicas. O delegado apreendeu as três e determinou que a loja fosse fechada até que se esclarecesse o caso.
As balanças foram levadas para serem avaliadas e foi comprovado que as três máquinas estavam adulteradas e, mesmo pesando quantidades menores, mostravam sempre um peso maior. Por isso, o vendedor de queijos comprou 1 kg de arroz, mas recebeu menos do que isso. E por isso os queijos que ele estava vendendo também tinham menos do que 1 kg.
O delegado deu uma advertência para o vendedor de queijos. Disse que ele teria que ser mais cuidadoso dali para frente e também deveria devolver dinheiro para todos os clientes que haviam comprado queijos naqueles dois dias. Já o dono da mercearia recebeu uma enorme multa. E ficou vários dias com seu comércio fechado, até que as balanças fossem arrumadas para mostrarem o peso real dos alimentos.
Todos os clientes, quando souberam do que o dono da mercearia fazia, ficaram bravos e muitos nem quiseram comprar mais nada lá. O dono da mercaria teve um prejuízo financeiro muito grande. Talvez tenha perdido até mais dinheiro do que havia ganho enganando os clientes. Além disso, ele se sentia muito envergonhado quando encontrava o vendedor de queijos.
Foi um acontecimento bem chato para todos, principalmente para o dono da mercearia, que quis acusar o vendedor de queijos, quando era ele mesmo o culpado. Mas, como Deus sempre tira do mal o bem, o dono da mercearia aprendeu uma boa lição. Nunca mais alterou o peso das balanças, nem fez nada para enganar seus clientes. Pelo contrário, passou a ser honesto e até gentil com os fregueses. E, aos poucos, foi reconquistando a amizade e a confiança de todos.
É verdade que demorou alguns anos para isso acontecer, mas o importante é que terminou tudo bem.
(Adaptação de uma história popular.)
O Consolador
Revista Divulgação Espírita
2022
VIOLETAS NA JANELA
Vera Lúcia Marinzeck Espírito
Espirito: Patrícia
Editora: PETIT
Violetas na Janela é um dos livros mais vendidos sobre espiritismo. Com uma linguagem simples e clara, o livro nos apresenta como é a continuação da vida após a morte do corpo físico.
Para isso, Patrícia, uma jovem de 19 anos, desencarna muito cedo e através de sua tia Vera Lúcia, por meio da psicografia, nos conta como é a vida em uma colônia espiritual.
A jovem que partira tão tranquilamente, narra como é a convivência com os desencarnados no plano espiritual e na Colônia São Sebastião, além disso, trás questionamentos sobre as necessidades humanas como ir ao banheiro, sentir fome, ter sede, tomar banho ou simplesmente dormir.
A leitura nos mostra de maneira simples que precisamos pensar sobre a morte enquanto encarnados, e fala ainda sobre a aceitação da morte de um ente querido para aqueles que ficaram. Patrícia conta suas experiências, seus aprendizados, sobre as lições que aprende, e inclusive dos trabalhos a serem feitos nas Colônias, nos Postos de Socorro, no Educandário junto às crianças e inclusive no Umbral, para socorrer os desencarnados com vícios e que precisam de ajuda espiritual.
A alma, o espírito, tem sempre muitas oportunidades e pode, pelo seu livre-arbítrio, refletir o belo e o bem, ou o feio e o mal. O belo e o bem apresentam-se em harmonia e com equilíbrio, e dessa união surge o amor que os leva a progredir espiritualmente.
Violetas na Janela vai explicar à você o que é a desencarnação, e como é a continuação da vida, rodeada de amigos espirituais e bons ensinamentos. Patrícia continua a descrever o outro lado da vida em Vivendo no mundo dos espíritos, A Casa do Escritor e O voo da gaivota.
Esperamos que seja um grande aprendizado para você, cheio de alegria e muito amor. Desejamos uma ótima leitura!
A INTUIÇÃO
Marta Antunes Moura
Em levantamento estatístico realizado pelo respeitado Instituto de Pesquisa Suíço IMD, IMD (international Institute for Management Development), em 1997, portanto há mais de vinte anos, constatou-se que 80% dos 1.312 executivos entrevistados, em nove países, admitiram que a intuição é importante ferramenta que deveria ser usualmente utilizada na formulação de estratégias e planejamentos empresariais. A maioria dos respondentes (53%) afirmou que recorria à intuição e ao raciocínio lógico em igual proporção, a fim de executar as suas atividades diárias. Em outras palavras, o “ que eles estão dizendo é que administrar é mais do que contar, pesar e medir”.1
Independentemente dos diferentes conceitos emitidos pela Ciência que procura explicar como alguém pode conhecer algo sem utilizar a razão ou raciocínio, para o Espiritismo a palavra intuição pode refletir três tipos básicos de ocorrências : a) manifestação da faculdade anímica ou emancipação da alma b) expressão da faculdade mediúnica; c) lembrança de aprendizado adquirido em épocas passadas e/ou no plano espiritual.
Os fenômenos de emancipação da alma ou anímicos (de anima, alma) são produzidos pelo próprio Espírito encarnado sobretudo nos momentos de desprendimento (desdobramento)espiritual . Nessa situação, o Espírito tem consciência de ocorrências do plano físico como do espiritual, podendo participar ativamente de ambas.2 Retornando ao corpo físico, a pessoa recorda intuitivamente dos acontecimentos vividos, como ensinam os Espíritos orientadores: “Em geral, guardais a intuição dessas visitas ao despertardes. Muitas vezes essa intuição é a fonte certas ideias que vos surgem espontaneamente, sem que possais explicá-las […].”3
Os fenômenos mediúnicos (de médium, meio) decorrem da ação dos Espíritos sobre um instrumento humano, o médium. A intuição manifestada pela via mediúnica é muito sutil: “Frequentemente se torna difícil distinguir o pensamento do médium daquele que lhe é sugerido, o que leva muitos médiuns deste gênero a duvidar da sua faculdade.[…].” 4 Com o passar do tempo e com a prática mediúnica contínua, o médium aprende a fazer distinção entre as próprias ideias e as alheias. A intuição mediúnica está bem explicada por Allan Kardec quando ele analisa as diferentes formas da psicografia:
A transmissão do pensamento também se dá por meio do Espírito do médium, ou melhor, de sua alma, já que designamos por esse nome o Espírito encarnado. O Espírito comunicante não atua sobre a mão para fazê-la escrever; não a toma, nem a guia. Atua sobre a alma, com a qual se identifica. A alma do médium, sob esse impulso, dirige sua mão e a mão dirige o lápis. Notemos aqui uma coisa importante: o Espírito comunicante não substitui a alma do médium, visto que não poderia deslocá-la; domina-a, à revelia dela, e lhe imprime a sua vontade. Em tal circunstância, o papel da alma não é inteiramente passivo; é ela quem recebe o pensamento do Espírito comunicante e o transmite. Nessa situação, o médium tem consciência do que escreve, embora não exprima o seu próprio pensamento. É o que se chama médium intuitivo. 5
A lembrança é outra forma da intuição acontecer. Pode estar vinculada a algum acontecimento que a pessoa presenciou nos momentos de desdobramento pelo sono e que surgem na mente, posteriormente, sob a forma de sonhos. Mas também pode ser uma lembrança que assomou ao consciente, vindo do subconsciente e que se manifesta no mundo íntimo do encarnado. Pode ser uma lembrança que reflete aprendizado adquirido pelo Espírito em vidas passadas e nos intervalos das reencarnações, quando ele se encontrava no plano espiritual, ou é um lembrete relacionado, em geral, a provações existenciais. A primeira possibilidade caracteriza as lembranças denominadas como ideias inatas e tendências instintivas, boas ou ruins. O lembrete relacionado a provas e expiações é um mecanismo de apoio que pode fazer parte do planejamento reencarnatório.
As provações da vida são momentos decisivos para a nossa felicidade futura. A reparação de erros cometidos e aquisição de novos aprendizados exigem esforço permanente no Bem. Assim, usualmente, contamos com o auxílio de Espíritos benfeitores que nos fazem recordar os compromissos assumidos e que nos apoiam nesse processo de melhoria moral e intelectual. Assim, em razão da lei de causa e efeito, o Espírito escolhe, antes de renascer, “[…] provas semelhantes àquelas por que passou ou as lutas que considere apropriadas ao seu adiantamento e pede a Espíritos que lhe são superiores que o ajudem na nova tarefa que porá em execução. […].” 6 Kardec acrescenta outras ponderações: “Embora em nossa vida corpórea não nos lembremos com exatidão do que fomos e do que fizemos de bem ou de mal nas existências anteriores, temos a intuição de tudo isso, sendo as nossas tendências instintivas uma reminiscência do nosso passado, tendências contra as quais a nossa consciência, que é o desejo que sentimos de não mais cometer as mesmas faltas, nos adverte para resistir.”7
Nos dias atuais, as ideias intuitivas mantêm estreita relação com a criatividade. Para os estudiosos, a mente das pessoas intuitivas desenvolveu a capacidade de lidar com figuras ou configurações. Neste sentido, a intuição é uma forma peculiar do pensamento que emite imagens mentais denominadas não-lógicas.8 “[…] O valor da intuição estaria na habilidade da mente produzir e interpretar imagens não-lógicas e, ao mesmo tempo, coexistir harmonicamente com as emissões do pensamento racional-lógico.”9 Este é o ponto exato que reflete o atual interesse dos estudiosos pela intuição e pelos intuitivos. Empresários e tecnólogos, psicólogos e educadores da atualidade incentivam ou desenvolvem estudos, pesquisas e análises, confiantes de que os insights ou a súbita percepção, próprios dos intuitivos, representam um jeito novo de fazer algo, e pode ser a solução para problemas e desafios complexos, existentes na civilização hodierna.9
Emmanuel esclarece: “A faculdade intuitiva é instituição universal. Através dos seus recursos, recebe o homem terrestre as vibrações da vida mais alta, em contribuições religiosas, filosóficas, artísticas e científicas, ampliando conquistas sentimentais e culturais, colaboração essa que se verifica sempre, não pela vontade da criatura, mas pela concessão de Deus.” 10
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- BLECHER, Nelson. Essência da Intuição. São Paulo: Editora Martin Claret, 1997, p. 76.
- KARDEC, Allan.
-
O livro dos médiuns. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 6. imp. Brasília: FEB, 2020. XIX, it. 223, q.2 a 5, p.225.
- O livro dos espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 4. ed. 9. imp. Brasília: FEB, 2020. Q. 415, p. 213.
_____ Obras Póstumas. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 4. imp. Brasília: FEB, 2019. 1.ª parte, § 6.º, item 50, p. 71. ______ O livro dos médiuns. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 6. imp. Brasília: FEB, 2020. XV. It. 180, p..184.
- O livro dos espíritos. Evandro Noleto Bezerra. 4. ed. 9. imp. Brasília: FEB, 2020. Q. 393, p. 202.
_____ Q. 393- comentário, p. 203. - FISHER, Milton. In: Essência da Intuição. São Paulo: Editora Martin Claret, 1997, p. 59-62.
- EPSTEIN, Gerald. In: Essência da Intuição. São Paulo: Editora Martin Claret, 1997, p. 30.
- XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, verdade e vida. Pelo Espírito Emmanuel. ed. 17. imp. Brasília: FEB, 2020. Cap. 156, p.328.
PRESENÇA DE CHICO XAVIER
Divaldo Franco
Professor, médium e conferencista espírita
Há vinte anos, na data de hoje, desencarnava Chico Xavier, o apóstolo espírita da mediunidade.
Não obstante esse doloroso fato fosse aguardado, ainda experimentamos, todos aqueles que o amamos, o choque da separação física.
Há tempos, quando indagado a respeito do dia da sua volta à Espiritualidade, ele já bastante enfermo respondeu, sorrindo: – No dia em que os brasileiros estiverem muito felizes, eu retornarei à Pátria espiritual.
Ao anoitecer desse dia 30 de junho de 2002, o Brasil logrou o título de pentacampeão nos jogos mundiais de football.
Havia uma efusão de júbilo em todo o território nacional, como em outros países por essa vitória, porém, no seu lar em Uberaba, ele despertou e perguntou a um amigo que velava ao seu lado: – O Brasil ganhou o campeonato mundial?
O amigo, em júbilo, respondeu: – Sim, Chico!
Ele sorriu e começou a balbuciar: – Pai nosso, que estais no Céu…
Apagou-se o som da sua doce e terna voz, o corpo sofrido começou a enrijecer-se e Chico Xavier desencarnou nobremente, encerrando o seu mediunato no planeta terrestre.
O país e parte do mundo físico enternecidos choraram de saudade, de gratidão, de amor e ternura pelo homem que vencera todas as barreiras e tentações imagináveis para servir a Jesus e, em Seu nome, à humanidade.
Os dias e as noites de Uberaba jamais voltariam a ter o brilho e a segurança moral da fraternidade e do bem, qual ocorrera nos dias precedentes àqueles.
O enterramento do seu corpo foi algo enternecedor. As homenagens, o reconhecimento pelo afeto, o carinho de centenas de milhares de pessoas encheram a cidade, enquanto um helicóptero derramava pétalas de rosas sobre o féretro imenso.
Depois, foram as saudades…
A sua obra continuou sendo publicada. Centenas de mensagens inéditas foram reunidas em livros de esperança e consolação; o pequeno e expressivo museu organizado por Eurípedes, que exerceu a função de filho adotivo, passou a receber visitantes de toda parte, e a sua memória prossegue como fonte de inexaurível sabedoria e consolo moral nestes dias de sombra que dominam a sociedade contemporânea.
Após esta primeira vintena de anos da sua desencarnação, pergunta-se: faz falta a presença física de Chico Xavier? Qual foi o seu legado? Por onde o extraordinário servidor de Jesus? Ter-se-á já reencarnado? E as mensagens publicadas que lhe são atribuídas?
A vida de Chico Xavier é a sua mensagem perene, e o trabalho ao lado dos Emissários de Jesus em favor das criaturas humanas é a lição que nos oferece, assim como o tesouro mediúnico insuperável que nos legou com carinho e bênçãos.
Nunca, qual hoje ocorre, necessitamos tanto de fé religiosa, de paz, a fim de vencermos a sombra e nos integrarmos à Verdade.
Artigo publicado originalmente no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 30 de junho de 2022.
O CEGO DE JERICÓ
“Dizendo: Que queres que te faça? E ele respondeu: — Senhor, que eu veja.” — (LUCAS, capítulo 18, versículo 41.)
O cego de Jericó é das grandes figuras dos ensinamentos evangélicos.
Informa-nos a narrativa de Lucas que o infeliz andava pelo caminho, mendigando... Sentindo a aproximação do Mestre, põe-se a gritar, implorando misericórdia.
Irritam-se os populares, em face de tão insistentes rogativas. Tentam impedi-lo, recomendando-lhe calar as solicitações. Jesus, contudo, ouve-lhe a súplica, aproxima-se dele e interroga com amor:
— Que queres que te faça?
Á frente do magnânimo dispensador dos bens divinos, recebendo liberdade tão ampla, o pedinte sincero responde apenas isto:
— Senhor, que eu veja!
O propósito desse cego honesto e humilde deveria ser o nosso em todas as circunstâncias da vida.
Mergulhados na carne ou fora dela, somos, às vezes, esse mendigo de Jericó, esmolando às margens da estrada comum. Chama-nos a vida, o trabalho apela para nós, abençoa-nos a luz do conhecimento, mas permanecemos indecisos, sem coragem de marchar para a realização elevada que nos compete atingir. E, quando surge a oportunidade de nosso encontro espiritual com o Cristo, além de sentirmos que o mundo se volta contra nós, induzindo-nos à indiferença, é muito raro sabermos pedir sensatamente.
Por isso mesmo, é muito valiosa a recordação do pobrezinho mencionado no versículo de Lucas, porquanto não é preciso compareçamos diante do Mestre com volumosa bagagem de rogativas. Basta lhe peçamos o dom de ver, com a exata compreensão das particularidades do caminho evolutivo. Que o Senhor, portanto, nos faça enxergar todos os fenómenos e situações, pessoas e coisas, com amor e justiça, e possuiremos o necessário à nossa alegria imortal.
Caminho, Verdade e Vida
Francisco Cândido Xavier
Ditado pelo Espírito Emmanuel |