"Luzes do Amanhecer"

ANO II - Nº 20 – Campo Grande – MS – Setembro de 2007
EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
Rua Colorado n o 488, Bairro Jardim Canadá, CEP 79112-480, Campo Grande-MS.


“Questiona-se sempre o caminho que segue, mas ninguém lhe perguntou se realmente é feliz nele, ou se pelo menos deseja viver pela cabeça dos outros.” Áulus.


 

IMORTALIDADE DA ALMA

               Este é um dos fundamentos básicos da Doutrina Espírita. Paulo de Tarso afirma “Se a vida não continua é vã a nossa fé”.
               Porém para muitas pessoas paira a incerteza quanto à continuação da vida em outras dimensões da existência.
               Quando alguém parte em demanda a vida espiritual, em cumprimento às leis soberanas da vida, todas as criaturas sentem-se amargurados e tristes pela ausência daquele ser querido que tanto amou e ama.
               Não vêm perspectivas de continuar ou de reconstruir aquele ninho de amor e felicidade que tanto almejara. O coração de repente se transforma num campo de desolação e dor, sequer encontra um apoio para os pés.
               Ou aquele sonho maior que muito desejaria que se perpetuasse e mesmo se estendesse além das fronteiras físicas, de repente se torna irrealizável, não encontra nem mesmo na própria razão aquele amparo seguro para as suas convicções.
               E assim que em instantes breves da existência em que se tenta estruturar a própria vida, com vista um novo despertar, é que esse fantasma da morte se instala no campo íntimo, num assomo de inquietação.
               Nesse momento de perplexidade diante das próprias leis que se operam, e por desconhecer os fundamentos reais da vida, ousa lançar um olhar de reprovação a essa realidade que se impõe.
               Mas mesmo diante dessa dor superlativa, ou do sonho desfeito, há de crer, há de se haver perguntado algum dia, a razão de tantos porquês, sem resposta, ou pelo menos desejar que a vida se perpetuasse infinitamente.
               O que será depois desses breves momentos da existência humana, cheia de lutas, decepções, desilusões, e alguns raros momentos de felicidade?
               Assim que para responder essa grave questão, àqueles que porventura já sentiram necessidade de um apoio nesses momentos de crises, buscou-se na fonte primeira do Cristianismo, exatamente naquele evangelista que só escreveu o Evangelho depois de uma maturidade refletida, onde pode avaliar com a experiência profundamente sentida no seu labor apostólico.
               Assim que se está falando desse apóstolo admirável que fora João Evangelista, o apóstolo dileto do Mestre, e que inclusive a ele confiara a guarda de sua Mãe, Maria Santíssima, conforme é narrado no capítulo 19, versículo 26 e 27. Na hora extrema vendo seus familiares e alguns amigos, entre os quais sua mãe e junto dela o discípulo amado. Disse-lhe: “Mulher eis aí o teu filho” e depois disse ao discípulo: “eis aí a tua mãe”.
               Que somente gravou o Evangelho depois de uma existência de muita luta, de amargas experiências, mas mesmo assim fiel até o fim a essa Doutrina que abraçara com tanto amor, vivendo uma vida laboriosa sem contar a perseguição tenaz que lhes moveram aqueles inimigos da Cristandade nascente.
               Enfim diante de tantas dificuldades para se vislumbrar essa possibilidade tão reconfortante há de se responder àqueles duvidam que a vida transita além do mundo físico, com texto oferecido pelo Evangelho de João, onde encontrará a certeza maior na realidade maravilhosa do Cristo, como se lê no capitulo 1, (que trata da encarnação do Verbo), “no principio era o Verbo e o Verbo estava com Deus...”, para completar no versículo 14: - “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória”. Isto que dizer que o espírito já existia antes da encarnação, ou seja, preexistia.
               Após a tragédia do Calvário, onde fora crucificado, sendo posteriormente sepultado, e depois de três dias apareceu em corpo espiritual a Maria Madalena, ou segundo a Doutrina Espírita em seu corpo fluídico ou perispiritual.
               Ainda no Evangelho de João, capitulo 20, versículo 19, que se transcreve na íntegra: “Ao cair da tarde daquele dia, o primeiro da semana, trancadas as portas da casa onde estavam os discípulos, com medo dos judeus, veio Jesus, pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco!”.
                              Porém, Tomé não estava com eles e ao saber que Jesus aparecera aos demais companheiros, duvidava do que afirmavam eles, que somente creria se visse em suas mãos o sinal dos cravos, e ali pusesse o seu dedo, e como a mão no seu lado, onde haveria o sinal da lança que o vitimara.
               Depois desse episódio, conforme se lê no mesmo capítulo, versículo 26: “passados oito dias, estavam outra vez ali reunidos os seus discípulos e Tomé com eles. Estando as portas trancadas, veio Jesus, pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco!”.
               Dirigindo-se a Tomé em particular. Versículo 27: “E logo disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; chega também a tua mão e põe-na no meu lado; não seja incrédulo...”.
               Para se concluir esta grave questão da Imortalidade da Alma, há se colocar em destaque o seguinte:
               Jesus o exemplo maior para nossas vidas, conforme Ele próprio afirma que era “o caminho, a verdade e a vida”, não poderia dar mais cabal demonstração de que a vida continua, e que já existia antes da encarnação e continuaria depois da morte do corpo transitório.
               Que se observa na citação acima que Jesus ao se materializar diante dos discípulos, ao colocar a palavra “pôs-se no meio”, num fato comum de materialização de espírito, e que na Doutrina Espírita existe uma farta literatura sobre o assunto, assim que Jesus sempre agiu de conformidade com as leis naturais, jamais as derrogou como querem alguns, mesmo nos casos de curas maravilhosas, sempre colocava que aquele que tivesse a fé no tamanho de um grão de mostarda faria aquilo e muito mais, e quando se referia a si sempre dizia, “o filho do homem”, mostrando que não ostentava nenhum privilégio diante das leis da vida, mas o cumpria a lei do Pai em todo o seu desenvolvimento. E incentivando para que todos fizessem o mesmo, e que conquistasse essas condições admiráveis pelos próprios esforços. Conforme versículos 19 e 26 as portas estavam trancadas, demonstrando assim que ele não ressuscitará no sentido exato da palavra, mas continuava a sua vida de espírito imortal revestido do perispírito que é própria deste planeta. Pode-se aplicar a palavra ressurreição a Lázaro, à filha de Jairo, ou ao filho da viúva de Nain, mas estes depois morreram como os demais.

               É notório que corpo de matéria densa não pode viver além de um tempo razoável, pela própria estrutura molecular de sua constituição, conforme afirma a ciência positiva do mundo. E a ciência baseia-se nas leis de Deus. E mais uma vez Jesus se manifesta dizendo, “um reino dividido entre si, não poderá subsistir”, demonstrando assim a perfeita coerência entre as leis do mundo físico e do mundo moral. E que essas duas ordens de idéias não colidem e nem tampouco diminuem, em absoluto, a grandeza e importância Jesus para toda a Humanidade, mas torna sua presença mais consentânea com a realidade do mundo em que se vive. Querendo demonstrar, por fim, num gesto grandioso e eloqüente a realidade da vida em outra dimensão da existência, com este gesto contundente diante de Tomé... “Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos”, “e não seja incrédulo” e assim que deixou Jesus a sua mensagem de imortalidade, nesta frase tão simples, porém tão significativa que a vida sempre continuará.


Áulus/Otacir Amaral Nunes
Campo Grande/MS

 

 

MINHA AMIGA!

               Muitas vezes tenho ouvido que deseja sair desta vida na Terra, pensando que deixando esta arena de provas, com sua frágil vestimenta, sairá por esses mundos de Deus, e que vá desfrutar de gozos puríssimos que formam o patrimônio dos espíritos felizes.
               Eu, ao ouvi-la também me entusiasmava e me contagiava com suas quiméricas ilusões, e de repente me via envolta em nuvens cor de rosa contemplando paisagens cujas flores formosíssimas me ofereciam seu embriagador perfume, mas eis que um dia falando com o Espírito do Padre Germano, este me disse assim:
               Em que se baseia, para crer que ao deixar a Terra poderá se apresentar em outros mundos mais venturosos do que este em que mora e ali viver e gozar do progresso alcançado por seus habitantes?
               Mas qual o mérito extraordinário que tenha adquirido por ter empregado a sua existência em tarefas tão enobrecedoras.
               Que descobrimento, que invenções maravilhosas tem oferecido para o desenvolvimento dos homens do seu tempo?
               Que obra evangélica, que sacrifício, que ato heróico tenha praticado em favor da Humanidade que a rodeia?
               Que livro cientifico tenha escrito que haja causado uma verdadeira revolução no mundo dos sábios?
               Que planeta tenha descoberto que haja aumentando o numero das moradas do céu?
               Que prova assombrosa de amor sem limite, tenha dado aqueles que estão ao seu redor?
               Que tenha feito, afinal, que mereça com justiça o prêmio inapreciável da felicidade?
               Examina-se bem a si mesma com verdadeira imparcialidade, porém não se deixe levar nem por uma modéstia mal entendida, nem por um amor próprio exagerado, pesa os seus atos sem inclinar a balança nem a um nem a outro lado, mede o alcance de seus feitos sem temor infundado nem esperanças ilusórias, dedica-se a viajar dentro de si mesma, por mais que isso pareça impossível realizá-lo, porém as viagens do Espírito dentro de seu mundo, de sua esfera de ação, da órbita de onde gira, são de tanto proveito para o espírito, são de tão profundo e racional ensinamento, que vale tanto, mais ainda, que a exploração mais arriscada, mais cheia de perigo que poderá fazer cruzando mares de gelo, ou escalando montanhas cujos vulcões arrojam incandescente lava formando rios de fogo.
               Em vez de pensar em mundo de luz habitado por humanidades venturosas, estuda detidamente as impressões que recebe falando com os seres que a rodeiam. Pergunte-se a si mesma que é o que sente com os desgraçados e com os felizes, com os justos e com os pecadores, com os sábios e com os ignorantes, e ali onde se encontre mais inspirada, onde tenha mais facilidade para expressar seus pensamentos, ali está marcado o grau de sua evolução, a medida exata de sua estatura moral e de seu alcance intelectual, ali não se verá mais grande nem mais pequena do que é, e ali conhecerá se chegou o momento de dizer finalmente a Terra: - Adeus, não voltarei a pisar o seu solo, outros mundos reclamam a minha presença, meus conhecimentos e minhas atividades. Porém, se pelo contrário ainda não tenha alcançado esse patamar, certamente que ainda durante muitos séculos terá que pedir hospitalidade aos habitantes deste planeta, para ensaiar suas forças e adquirir méritos para dotar a sua inteligência e seu coração de grandeza e de sentimento, de sabedoria e de ternura, de heroísmo para lutar e vencer, abnegação para chegar ao sacrifício com o sorriso angélico de mártir e o amor puríssimo do justo.

Tradução livre de trecho do livro “La Luz de la Verdade” de Amália Domingos Soler./Otacir Amaral Nunes

 

 

PETIÇÃO DO APRENDIZ

               Senhor Jesus!
               Deste-nos a conhecer a grandeza do bem.
               Ensina-nos a praticá-lo.
               Quando não possa oferecer-te o serviço excelente, orienta-me para que eu faça o melhor ao meu alcance.
               No entanto, se as circunstâncias estiverem contra os meus propósitos, ampara-me a fim de que te entregue o bom trabalho.
               Se isso, porém, não me for concedido, em vista das imperfeições que carrego, permite-me confiar-te o meu esforço sofrível.
               Entretanto, Mestre, se ainda aqui estiver sob impedimento para a concretização do meu desejo, auxilia-me a trazer-te a migalha de bem que eu puder, mas, de qualquer modo, rogo-te, Senhor, para que me livres da inércia e que, embora em me arrastando, consiga algo aprender para servir-te, servindo o próximo, hoje, agora e sempre. .
               Assim seja.


              Bezerra de Menezes
Mensagem recebida pelo médium Francisco C. Xavier

 

AMAR SEMPRE

               Não te detenhas na curva ilusória do mundo, alimentando o pavor do medo, nas entranhas do teu ser.
               Valoriza-te perante ti mesmo, entregando-te ao conforto do bem.
               Muitos companheiros alegam a inexperiência, conduzindo-se às calçadas da insegurança, para que se estabeleçam as causas que complicam o entendimento.
               E deixam-se como eficazes portadores de anarquia, incompreensão as fases que se apresentam transitoriamente, no caminho a seguir.
               Com Jesus, vencemos sempre!
               Nada de indústrias de veneno, o abandono imediato do erro; a dedicação única ao amor doado; a afabilidade por todos em igual proporção; o otimismo pelos caminhos a serem percorridos na sobrevivência da alma até que se cumpram as determinações do Pai.
               Com Jesus, conquistamos a própria vida!
               Aprendamos a amar, procuremos entender; aceitamos o bem, estimulando em nós o princípio básico da evolução espiritual.
               Amar sempre!


Toni
Do livro “Flores da Primavera” de João de Deus

 

 

ANTE A REENCARNAÇÃO

               Nas tarefas da noite de 27 de maio de 1954, consoante as informações dos nossos Benfeitores Espirituais, e, segundo deduzimos das diversas comunicações obtidas de entidades sofredoras, nosso Grupo achava-se repleto de companheiros desencarnados, sequiosos de reencarnação, muitos deles implorando a volta à carne como único recurso de solução aos problemas que lhes torturavam a alma.
               Primeiramente Emmanuel, o nosso instrutor de sempre, incorporou-se ao médium e transmitiu-nos o apontamento que passamos a transcrever:

               Meus amigos, a paz do Senhor seja convosco.
               Enquanto a Escola Espiritual da Terra prepara as criaturas reencarnadas para o fenômeno da morte, em nosso plano de ação essa mesma Escola prepara as criaturas desencarnadas para o aprendizado da existência no corpo físico.
               Atento a este programa, nosso irmão Cornélio tomará hoje o equipamento mediúnico a fim de dirigir-se, por alguns momentos, à grande assembléia de companheiros que se achegam ao nosso recinto, suspirando pelo retorno ao templo de luta na matéria mais densa.
               Passemos , desse modo, a palavra ao nosso amigo e que Jesus nos abençoe.                                                                                                                                                                                                                      Emmanuel

               Logo após, o irmão Cornélio Mylward, que foi generoso médico em Minas Gerais e que freqüentemente nos assiste com a sua dedicação fraterna, tomou o campo mediúnico e, em voz grave e pausada, dirigiu aos desencarnados presentes o apelo a seguir:
               Sim, disputais novos recursos de esclarecimento e redenção no precioso santuário da carne...
               Muitos de vós aguardais para breve essa dádiva, através de petições que não nos é lícito examinar.
               Indubitavelmente, na maioria das vezes, nosso regresso ao trabalho no mundo físico exprime verdadeiro prêmio de luz...
               Para que obtenhamos tal concessão, porém, é indispensável nosso concurso que a Lei Divina, obedecendo-lhe aos regulamentos que definem o Bem Infinito, em todas as suas manifestações.
               É preciso modificar os nossos “clichês” mentais para que a nossa volta à escola terrestre signifique recomposição e refazimento. Essa transformação, contudo, não será levada a efeito apenas à força de preces, meditações e conclusões em torno do passado.
               Faz-se imprescindível à dinâmica da ação.
               O serviço será sempre o grande renovador de nossa vida consciencial, habilitando-nos à experiência reconstrutiva, sob a inspiração de nosso Divino Mestre e Senhor.
               Não conquistarmos o vestuário carnal entre os homens sem aquisição de simpatia entre eles.
               É necessário gerar no espírito daqueles nossos associados do pretérito, que se encontram no educandário humano, a atitude favorável à solução dos nossos problemas.
               Templos religiosos, estabelecimentos hospitalares, círculos de assistência moral, domicílios angustiados, cárceres de sofrimento, palcos de tortura expiatória... eis nosso vasto setor de concurso fraterno!
               Nessas esferas de regeneração e corrigenda, companheiros encarnados e desencarnados, padecentes e aflitos, expressam o material de nossa preparação.
               A fim de esquecer velhas provas, aliviemos as provas alheias.
               Para desobstruir o caminho de nossa consciência culpada, devemos favorecer a libertação dos que suportam fardos mais pesados que os nossos, porque ajudando aos nossos semelhantes angariaremos o auxílio deles, fazendo-nos, ao mesmo tempo, credores do amparo daqueles Irmãos Maiores que nos estendem próvidos braços da Vida Superior.
               Pacifiquemos o espírito, oferecendo mãos amigas aos que peregrinam conosco, e construiremos o trilho de acesso à preciosa luta de que carecemos na própria reabilitação.
               Somente a atividade em socorro ao próximo conseguirá renovar-nos a fonte do pensamento, traçando-nos seguras diretrizes, pois sob o guante de nossas lembranças constringentes o esforço da reencarnação redundará impraticável, de vez que nossas reminiscências infelizes são fatores desequilibrantes de nosso mundo vibratório, impedindo-nos a formação de novo instrumento fisiológico suscetível de conduzir-nos à reorganização do próprio destino.
               Expurguemos a mente, apagando recordações indesejáveis e elevando o nível de nossas esperanças, porque, na realidade, somos arquitetos de nossa ascensão.
               Somente ao preço de uma vontade vigorosa e pertinaz, situada no bem comum, é que lograremos conquistar o interesse dos Grandes Instrutores em prol da concretização de nossas aspirações mais nobres.
               Regenerando a química de nossos sentimentos, o que decerto nos custará renunciação e sacrifício, atingiremos mais clara visão para reencontrar os laços de nosso pretérito, e, então, segundo os dispositivos de hereditariedade, que traduz parentesco de inclinações e compromissos, seremos requisitados pelas criaturas que se afinam conosco, tanto quanto, desde agora, estão elas sendo requisitadas por nossos anseios.
               Reaproximar-nos-emos, desse modo, de quantos se harmonizam com a experiência em que nos demoramos, e, aderindo-lhes à existência, seremos defrontados pelas provas condizentes com a nossa natureza inferior, comungando-lhes o pão de luta, indispensável à recuperação de nossa felicidade.
               Mas, se nos abeiramos de nossos futuros pais e de nossos futuros lares, envoltos na tempestade da incompreensão e da indisciplina, apenas espalharemos, ao redor de nós, desarmonia e frustração, porquanto, em verdade, o nosso caminho na vida será sempre a projeção de nós mesmos.
               Purifiquemo-nos por dentro quanto seja possível, olvidando todo o mal!
               Lançar sobre os elementos genésicos a energia viciada dos lamentáveis enganos que nos precipitaram à sombra, será prejudicar o corpo que a herança terrena nos reserva, reduzindo-nos as possibilidades de vitória no combate de amanhã.
               Só existe, portanto, para nós um remédio eficaz: - o trabalho digno com que possamos erguer o espírito ao plano superior que presentemente buscamos.
               Trabalho que nos corrija e nos aproxime de Deus.

Cornélio Mylward
Do livro “Instruções Psicofônicas” de Francisco C. Xavier – Ed. FEB


               Qual a finalidade da existência de médiuns curadores?

               “Prática do bem, do auxilio aos doentes. O Apóstolo Paulo já dizia: “uns falam línguas estrangeiras, outros profetizam, outros impõem as mãos...”
               “ Como o Espiritismo é o Consolador, a mediunidade, sendo o campo, a porta pelos quais os Espíritos Superiores semeiam e agem, e a faculdade curadora é o veículo de Misericórdia para atender a quem padece, despertando-o para as realidades da Vida Maior, a Vida verdadeira. Após a recuperação da saúde, o paciente já não tem o direito de manter dúvidas nem suposições negativas ante a realidade do que experimentou.
               “O médium curador é o intermediário para o chamamento aos que sofrem, para que mudem a direção do pensamento e do comportamento, integrando-se na esfera do Bem”.


Divaldo Pereira Franco
(Do livro “Diretrizes de Segurança”, Edit. FRATER)

 

AVISO OPORTUNO

               Um grupo de irmãos, reunidos em estudos doutrinários, solicitou de Emmanuel um conselho sobre o melhor modo de evitar a conversação viciosa e inútil.
               E o Amigo espiritual respondeu por intermédio do Chico:
               Vocês observem qual é o rendimento espiritual da palestração. Quando tiverem gastado 40 a 60 minutos de palavras em assuntos que não digam respeito à nossa edificação espiritual, através de nossa melhoria pelo estudo ou de nossa regeneração pessoal com Jesus, façam silêncio, procurando algum serviço, porque, pela conversação impensada, a sombra interfere em nosso prejuízo, arrojando-nos facilmente à calúnia e à maledicência.


Ramiro Gama
Do livro “Lindos Casos de Chico Xavier

               Ninguém imaginou estar segurando a mão de Jesus, quando encontra a sua frente estendida, a mão suja e maltratada de um mendigo esmolando a caridade.


Fénelon
Mensagem recebida pelo médium João de Deus.

DEPRESSÃO E O REMÉDIO

               A Medicina hoje descreve a depressão como uma doença da alma que se esconde no meio de 100 bilhões de células e que ainda não se sabe em que lugar ela está.
               Existe tratamento com remédios que é necessário para restabelecer o equilíbrio físico, mas só isso não basta porque a depressão é também um recado das vidas passadas.
               Joanna de Ângelis nos fala (pela psicografia de Divaldo Pereira Franco no livro “Receitas de Paz”, na lição 11) que a origem da depressão está no espírito que reencarna com alta dose de culpa e a consciência culpada imprime nas células os elementos que as desconectam e em longo prazo produzem essa doença que atinge milhões de criaturas.
               É necessário ao examinarmos a depressão levar em conta o espírito imortal que reencarna com tarefas a executar e que diante de situações aflitivas do caminho vai aos poucos e lentamente comprometendo o seu equilíbrio.
               A depressão é mais ou menos como uma planta precisamos de Ter a semente e fazer alguma coisa para que ela enraíze e cresça.
               A semente da depressão está nas vidas passadas e os sentimentos de hoje são a terra e o adubo que a fazem crescer devagar e sempre, a ponto de muitos deprimidos cometerem o crime do suicídio.
               Qual a alternativa para a depressão não se instalar.
               Jesus falava “vigiai e orai” e isso significa, na depressão, que precisamos fazer algum trabalho para reerguer a cada dia nossa alegria de viver.
               - A depressão é dificuldade para se concentrar. Então vamos nos concentrar na oração e na leitura edificante pelo menos 15 minutos por dia.
               - A depressão é auto-estima reduzida. Então vamos lembrar que nosso Pai é perfeito e nos criou para a evolução, colocou-nos num planeta azul que precisa de cada um de nós para fazer brotar mais flores e se livrar de nossas próprias pestilências. Vamos elevar nossa estima, cuidando de nós e de nossa grande casa: o Planeta.
               - A depressão é semente de culpa. Então vamos, recomeçar a cada dia a tarefa redentora do trabalho no bem. Ao lado da culpa há sempre o perdão e o recomeço.
               - A depressão é idéia recorrente de suicídio e morte. Então vamos sentir que Deus nos criou para a vida, deu-nos a chance de reencarnarmos aqui, neste momento, justamente para produzirmos o bem com alegria.
               - A depressão é a perturbação do sono. Então saibamos que o sono é a nossa liberdade de estar com os espíritos amigos e aprendermos lições preciosas a curto, médio e longo prazo. Então, vamos nos preparar a cada dia para dormir através da prece, da meditação e da vontade de fazer o bem, mesmo estando dormindo.
               - A depressão é alteração do apetite. Então saibamos que a refeição é algo especial para a saúde do corpo.                Estamos cada vez mais perdendo o hábito de nos reunirmos calmamente ao redor da mesa com a família para nos alimentarmos. Vamos resgatar o hábito de comer em conjunto, de preferência com a TV desligada, para poder reencontrar a alegria da convivência.
               - A depressão é perda de interesse e alegria. Saibamos que há muito que fazer a cada dia. Se estamos indo por esse caminho, vamos fazer algo bem urgente. Pode ser até mudar os móveis de lugar, fazer uma faxina em todas as coisas velhas que amontoamos em nossa vida. Vamos jogar fora ou doar tudo o que não usamos há mais de um ano. Vamos conversar com as pessoas olhando nos olhos delas. Vamos cumprimentar os amigos... Enfim vamos nos interessar e nos alegrar pela vida que Deus nos deu.
               - A depressão é sensação de cansaço. Saibamos que precisamos de um intervalo para recompor nossa energia; vamos Ter algum lazer, vamos passear e brincar para que não se instale um cansaço sem fim em nossa vida e não tenhamos energia nem para sorrir.
               Se a depressão já está instalada é preciso buscar urgentemente a ajuda médica, mas em muitos casos somente o remédio não basta, é necessário doar de si ao próximo buscando ser útil e valorizando cada minuto da vida, entendendo que se vive uma oportunidade única em nossa caminhada evolutiva e não pode fracassar de jeito nenhum, sem que se carregue problema que mais tarde, sem sombra de dúvida terá de resgatar e para que não tenha de resgatar no futuro, para longe o desânimo de agora lute com muita garra para vencer, pois assim vencerá


Editorial do Correio Didier, janeiro/fevereiro/2000

 

 

 

MINHA QUERIDA MAMÃE NORMA,

               Deus nos abençoe. Estou segurando a mão do tio Jorge para garantir que o meu coração possa dizer para a senhora que estou melhorando. Estou bem. Ainda reconheço que preciso lembras os fatos daquele dia 02 de dezembro com as cores perfeitas, pois ainda faço muita confusão quando recordo de vocês, de nossa casa de dos nossos amigos do coração.
               Sei que estive ausente de casa, e minha sorte mudou quando conheci o Vanderson em meu suntuoso caminho sem volta, embora nem sempre o conselho e a orientação do Papai Camilo, tenho modificado esta tendência do adeus. Sei que é preciso pedir perdão para vocês porque não houve tempo para a reconciliação fraterna, mas hoje que posso utilizar este lápis, venho lembrar que o tempo é uma estrada sem fim e que permite que passemos a nos orientar em outras oportunidades para que aceitemos as determinadas lições que nos são apresentadas no dia-a-dia de nossas vidas.
               Não quero que culpem ninguém por aquele fatídico acidente que nos tirou do berço do lar para as tempestades anunciadas que haveríamos de suportar, quando a memória nos cobra a presença daqueles que amamos...
               Quem sabe seu eu tivesse ficado em casa naquela sexta-feira os acontecimentos teriam sido outros, principalmente quando recordo que já havíamos percorrido aquele caminho, dias antes, deixando marcas de angústia, dor e sofrimento no coração daqueles que tanto amamos e que não esquecemos, deixando sempre o coração, estagnado na dor e na saudade enquanto prosseguimos.
               Mamãe abrace bem forte o meu Pai Camilo e diz para ele não se culpar pelas nossas discussões, que valerem para melhorar a minha alma, que hoje sente na cara o remorso por não tê-los ouvidos, e conseqüentemente ter vivido mais tempo pertinho de vocês.
               Amanheceu um dia novo para nós e não culpem a nossa juventude, e tão pouco o Luciano por esta tragédia, apenas foi ele o instrumento necessário para que as provas do caminho acontecessem. Estávamos felizes e a balada que transformou a madrugada no Tozem, adentro dia afora sem a que imaginássemos que estávamos segurando o relógio da vida, ignorando que a ilha estava fraca e que logo cessaria o seu trabalho...
               Éramos estudantes que prestariam o vestibular no dia dois, Mamãe não imaginávamos que tínhamos o gabarito das provas marcadas pelas mãos invisíveis da provação...
               Sofremos muito e hoje que posso segurar o lápis espero transmitir para vocês todos os meus sentimentos de amor verdadeiro para o José Albino, a Milady e a lembrança de que podemos estender para todos os nossos sentimentos, guardando para a Sônia Maria, para a Ana Maria, todo o conforto de que estaremos sempre juntos, mesmo em tempos difíceis, em que exigem muito de nós, principalmente quando a saudade transforma sorrisos em lágrimas, sonhos em pesadelos, guardando em nossa memória a marca desse sofrimento.
               Esses dois meses que fiquei lutando pela vida passaram a ser uma eternidade, quando reconheci que já não estava em casa, desfrutando do carinho que sempre recebi, e também, modificada acreditei em minhas preces a Deus, para que não me afastasse do corpo sem que vocês estivessem mais conformados com a minha morte que doravante eu permaneceria apenas na memória e no coração daqueles que eu tanto amara... E foi assim que eu me desliguei do corpo lembrando as bênçãos que tivera, dos paisinhos tão queridos, naturalmente sem a dor física, que acompanhada de um torpor, acordei muito tempo depois, debruçada na saudade que eu já estreitava no coração, enquanto rogava perdão, pedindo por todos os nossos, perdão pela tristeza que causei, enquanto buscava ser feliz... O meu sorriso é o mesmo, apenas acho que amadureci como as frutas no pomar, caindo pro chão, depois de vencidas as tentativas de despertamento, lembrando que as provas, consideradas necessárias nas leis da vida, melhoraram o nosso espírito quando nos transferimos para outra morada, lembrando aqueles que amamos num adeus sem lembrar que o coração de MÃE rompe as barreiras do tempo e do espaço para abraçar o filho que já não está em casa.
               Mamãe, Papai Camilo abençoe-me e segurem nas minhas mãos, dando-me força pra continuar assim forte e determinada, construindo estradas no firmamento e no firmamento, encontrando as mãos de que tanto preciso para oferecer o meu amor nas criaturas que ainda não passaram no vestibular e que cedo ou tarde sem a orientação necessária, apressem a sua passagem. Felizmente não consegui aniquilar a esperança de volta para casa e hoje eu sei que o meu Pai, mesmo estreito na solidão, consegue aceitar-me ressurgida na ventura que tudo podemos, inclusive reaparecer para afirmar que estamos vivos!
               Mamãe e José, abracem o caminho da caridade e busquem a felicidade porque ela não tem preço e onde estiverem os seus passos, ali estarão, também as minhas orações para que Deus os abençoem nesta luta que transforma corações em campos férteis que se dão para a semente da caridade, melhorando a nossa condição de criaturas amadas, que somos.
               Não parem no caminho... das suas mãos brotarão do solo fértil as frutas que deixarão outras sementes no solo, multiplicando as oportunidades que temos, no amor que direcionamos.
Finalizo, lembrando que estou bem e que estarei sempre e sempre na memória e no coração de todos.
               Com abraços carinhosos da filha Cinthia Renata
               Cinthia Renata Grincevicus Barros dos Santos.

               Informações adicionais: A jovem Renata foi vítima de um acidente de automóvel na rua Afonso Pena, o veículo caiu no Córrego Segredo no dia 02/12/2006, onde desencarnaram também mais três outros jovens. Vindo ela a desencarnar no dia 06/02/2007.
               As pessoas que faz alusão na mensagem são as seguintes: Norma – mãe; Camilo – pai; José Albino – irmão; Milene – noiva do irmão; Beatriz – filha da noiva; Sônia Maria – tia; Ana Maria – tia; Vanderson – namorado; Luciano – amigo (motorista do veículo); Milady – avó e Albino – avô.

 

A CARIDADE MAIOR

               Ao homem que alcançara o Céu, pedindo orientação sobre as tarefas de benemerência social que pretendia estender na Terra, o Anjo da Caridade falou compassivo:
               - Volta ao mundo e cumpre, de boa vontade, as obrigações que o destino te assinalou!...
               Para que sintas de pé, cada dia, milhões de vidas microscópicas esforçam-se em tua carne, garantindo-te o bem-estar...
               Cada órgão e cada membro de teu corpo amparam-te, abnegadamente, para que te faças abençoado discípulo da civilização.
               Os olhos identificam as imagens que já podes perceber, livrando-te da desordem interior.
               Os ouvidos selecionam sons e vozes para que não vivas desorientado.
               A língua auxilia-te a expressar os pensamentos, enriquecendo-te de sabedoria.
               As mãos realizam-te os sonhos, engrandecendo-te o caminho na ciência e na arte, no progresso e na indústria.
               Os pés sustentam-te a máquina física para que te não arrojes à inércia.
               A boca mastiga os alimentos para que te não condenes à inação.
               Os pulmões asseguram-te o ar puro contra a asfixia.
               O estômago digere as peças com que nutrirás o próprio sangue.
               O fígado gera forças vitais que te entretém a harmonia orgânica.
               O coração movimenta-se sem parar, escorando-te a existência.
               Vives da caridade de inúmeras vidas inferiores que te obedecem a mente.
               Torna, pois, ao lugar em que o Senhor te situou e satisfaze as tarefas imediatas que o mundo te reserva!...
               Caridade é servir sem descanso, ainda mesmo quando a enfermidade sem importância te convoque ao repouso;
               É cooperar espontaneamente nas boas obras, sem aguardar o convite dos outros;
               É não incomodar quem trabalha;
               É aperfeiçoar-se alguém naquilo que faz para ser mais útil;
               É suportar sem revolta a bílis do companheiro;
               É auxiliar os parentes, sem reprovação;
               É rejubilar-se com a prosperidade do próximo;
               É resumir a conversação de duas horas em três ou quatro frases;
               É não afligir quem nos acompanha;
               É ensurdecer-se para a difamação;
               É guardar o bom-humor, cancelando a queixa de qualquer procedência;
               É respeitar cada pessoa e cada coisa na posição que lhes é própria...
               E porque o homem ensaiasse inoportunas indagações, o Anjo concluiu:
               Volta ao corpo e age incessantemente no bem!... Não percas um minuto em descabidas inquirições. Conduze os problemas que te atormentam o espírito ao teu próprio trabalho e o teu próprio trabalho liquidá-los-á... A experiência aclara o caminho de quantos lhe adquirem o tesouro de luz. Recolhe as crianças desvalidas, ampara os doentes, consola os infelizes e socorre os necessitados. Não olvides, pois, que a execução de teus deveres para com o próximo será sempre a tua caridade maior.


Irmão X
Do livro “Cartas e Crônicas” de Francisco C. Xavier

 

LIÇÕES DE SABEDORIA

               Um cientista muito preocupado com os problemas do mundo passava dias em seu laboratório tentando encontrar meios para minorar os seus sofrimentos.
               Certo dia, seu filho de 7 anos de idade invadiu o seu santuário decidido a ajudá-lo. O cientista, nervoso pela interrupção, tentou fazer o filho brincar em outro lugar. Vendo que seria impossível removê-lo, procurou algo que pudesse distrair a criança. De repente, deparou com o mapa do mundo. Estava ali o que procurava. Recortou o mapa em vários pedaços e, junto com um rolo de fita adesiva, entregou ao filho dizendo:
               - Você gosta de quebra-cabeça? Então, vou lhe dar o mundo para consertá-lo. Aqui está ele todo quebrado.                Veja se consegue consertá-lo bem direitinho! Mas faça tudo sozinho!
               Pelos seus cálculos a criança levaria dias para recompor o mapa. Passadas algumas horas, ouviu o filho chamando-o calmamente.
               - Papai, já terminei tudinho!
               A princípio, o pai não deu crédito às palavras do filho. Seria impossível na sua idade conseguir recompor um mapa que jamais havia visto. Relutante, o cientista levantou os olhos de suas anotações, certo que veria um trabalho digno de uma criança. Para sua surpresa, o mapa estava completo. Todos os pedaços haviam sido colocados nos devidos lugares. Como seria possível? Como o menino havia sido capaz?
               - Você não sabia como era o mundo, meu filho, como conseguiu?
               - Pai, eu não sabia como era o mundo, mas quando você tirou o papel da revista para recortar, eu vi que do outro lado havia a figura do homem. Quando você me deu o mundo para consertar, eu tentei, mas não conseguia. Foi aí que me lembrei do homem, virei os recortes e comecei a consertar o homem, que eu sabia como era. Quando consegui consertar o homem, virei a folha e vi que havia consertado o mundo.

Autor desconhecido.

 

FRANCISCO C. XAVIER 1- O MÉDIUM

               Por mais que se tenha biografado o médium Francisco Cândido Xavier, jamais se conseguira dizer tudo acerca do mais levado missionário que este século conhece.
               Entretanto, nunca é demais relembrar que Chico iniciou sua sagrada mediunidade aos quatro anos de idade, com as visões freqüentes que tinha de sua querida mãezinha desencarnada, Maria João de Deus, com que entretinha longas conversações, ao pé das bananeiras, em sua modesta residência, na pequena cidade de Pedro Leopoldo, em Minas Gerais.
               A 8 de julho de 1927, aos 17 anos de idade, Chico recebia a primeira página psicografada, de autoria de um amigo espiritual, em uma reunião do Centro Espírita Luiz Gonzaga, em Pedro Leopoldo, sob a orientação de Dona Carmem Perácio.
               O próprio Chico reconhece três períodos distintos em sua vida mediúnica. O primeiro dos 4 aos 17 anos, época em que via sua mãe e estava sob a influência de entidades felizes e infelizes; o segundo dos 17 aos 21 anos, quando conheceu o Espiritismo e psicografou mensagens dos espíritos amigos e que foram inutilizadas, a pedido deles, por se tratarem de esboços e exercícios de adestramento e, finalmente, o terceiro período, de 1931 até os dias de hoje, que se iniciou com a presença do espírito de seu guia Emmanuel, quando este assumiu o encargo de orientar suas atividades mediúnicas.
               São diferentes os tipos de mediunidade de Chico Xavier: psicofonia com transfiguração, efeitos físicos e materialização, xenoglossia ou mediunidade poliglota, desdobramento, etc, mas a principal delas é a psicografia.
Em 1932 foi publicado o seu primeiro livro psicografado: "Parnaso de Além-túmulo" , coletânea de poesias de escritores desencarnados da literatura brasileira e portuguesa, fato que teve grande repercussão na imprensa. Sobre essa obra, diversos críticos literários manifestaram sua opinião sobre identidade do estilo dos poetas que ali se manifestaram com aquele que tinha em vida.
               É importante salientar que seus livros mediúnicos tratam de todos os assuntos pertinentes a Doutrina Espírita, enfocados em todos os seus aspectos: cientifico, filosófico e religioso, restando ainda acrescentar que, em suas obras psicografadas destacam-se inúmeras mensagens de cunho moral-doutrinário e mensagens de natureza pessoal, oriundas de desencarnados a familiares, constituindo prova indubitável da sobrevivência do espírito, quer pela apresentação de detalhes da vida intima, que somente os familiares conhecem, quer pelo estilo comprobatório do comunicante.
Chico Xavier realizou apenas o curso primário em sua cidade natal - Pedro Leopoldo. Começou a trabalhar, ainda menino, numa fábrica de tecidos para auxiliar no sustento da casa e, posteriormente passou a exercer as funções de caixeiro de armazém.
               Aos 23 anos de idade ingressou no Ministério da Agricultura, ao qual serviu por mais de 30 anos e onde se aposentou no cargo de escriturário, sem nunca ter faltado ao serviço, reservando suas horas de folga ao labor mediúnico, varando assim, as madrugadas para dar continuidade à sua nobre missão.
               Hoje vivera de modesta aposentadoria e é imprescindível ressaltar o fato de que o médium Chico Xavier jamais recebeu ou recebe um centavo pelos direitos autorais de suas obras psicografadas, os quais sempre cede a instituições beneficentes.
               Atualmente, em seus profícuos e luminosos mais de setenta anos de mandato mediúnico, . Chico Xavier conta com um acervo de 446 obras psicografadas (sem contar as que estão no prelo). Muitas editadas em vários idiomas.
               Em 1931. Chico adquiriu uma grave moléstia ocular que perdura até o final de sua vida, e quantas vezes, no atendimento a milhares de pessoas, presenciamos o abnegado médium, sob dores agudas nos olhos, afastar-se por breves instantes da multidão para se medicar discretamente e retomar logo em seguida ao seu posto de assistência com o mesmo carinho de sempre, o mesmo semblante sereno, alegre e otimista, doando-se humilde e cristãmente no cumprimento de sua abençoada missão.
               Na trajetória do médium Chico Xavier, pode-se observar que apesar de ter sofrido dois enfartes e de sua saúde debilitada, aos 92 anos de idade quando desencarnara, continuava perseverando em sua obra missionária, através de sua mediunidade auditiva. Continuava, pois, o médium dando-nos seu exemplo de verdadeiro apóstolo de Jesus, atendendo, com sua constância heróica, numa fila interminável de enfermos de todos os matizes, ofertando aos peregrinos da esperança o magnetismo de sua bondade natural, as dádivas da fé e as bênçãos do amor.


Transcrito Boletim Divulgação Espírita Cristã

OS QUE NÃO ESPERARAM

               Não é difícil encontrar, entre nossos irmãos do mundo, aqueles que, embora sofredores, não se catalogam entre os bem-aventurados, aos quais Jesus se referiu.
               São companheiros que se voltam contra os obstáculos suscetíveis de ofertar-lhes a precisa oportunidade de ascensão às mais altas experiências.
               Muitos deles se acolhem à rebeldia sistemática, contraindo débitos que os afetam, de imediato.
               No Plano Espiritual, vemo-los freqüentemente. São amigos padecentes que, em verdade, passaram pelo crivo do sofrimento, entrando, porém, nas perturbações decorrentes da deserção dos deveres que lhes cabiam cumprir. São irmãos que conheciam o valor dos entraves que poderiam transpor, a benefício de si mesmos, e acabaram situados nas sombras da delinqüência. São colaboradores das boas obras que as desfiguraram, estabelecendo dificuldades para si próprios pela intolerância para com os outros. São companheiros que articularam problemas e desafios para aqueles que lhes hipotecavam confiança e carinho e deles se afastaram deliberadamente, procurando escapar às responsabilidades que eles mesmos escolheram para observar e viver. São todos aqueles outros irmãos que preferiram o desespero diante das provações de que necessitavam para o próprio burilamento e se enveredaram, conscientemente, através dos resvaladouros da inconformação e da indisciplina, para as alucinações da angústia e do suicídio.
               Realmente, afirmou-nos Jesus: “Bem-aventurados os que choram porque serão consolados...”
               Entretanto que Ele mesmo, Jesus, o nosso Divino Mestre e Senhor, se compadeça de todos os nossos companheiros eu conheciam semelhante promessa e não quiseram esperar.
               Sabemos todos que a Infinita Bondade de Deus que nos sustentou ontem, nos sustentará igualmente hoje e, dentro de semelhante convicção, manteremos a certeza de que com Deus venceremos.


Emmanuel
Do livro “Convivência” de Francisco C. Xavier.

NA VIAGEM DA TERRA

               O Plano Físico é comparável a um mar de inquietações e problemas, coalhado de embarcações, conduzindo passageiros diversos.
               Do transatlântico de alto nível à piroga mais simples, quase todos eles enfrentam um oceano repleto de perigos: rochedos de incompreensão exigem cautela e entendimento; icebergs de indiferença provocam o naufrágio de muitos; ondas avassaladoras de ódio espalham desequilíbrio em múltiplas direções; a ventania da discórdia assopra a delinqüência, conturbando-lhes o clima espiritual; de quando a quando, surgem irmãos que enlouqueceram, transformando-se em piratas da violência e seres ocultos, nas profundeza das águas, rondam as naves no cotidiano, aguardando presas fáceis.
               Se consegues mentalizar o quadro que apresentamos, sabes igualmente que a sinalização de Jesus continua funcionando corretamente, na garantia de todos os viajadores que lhe buscam as instruções na laboriosa travessia.
               É por isso, coração fraterno, que te pedimos, por amor ao Celeste Amigo: onde estiveres e como estejas, como penses e como creias nos poderes do bem, auxilia aos companheiros do mundo e sê para eles uma bênção de paz nas ilhas da esperança.


Meimei
Do livro “Sinais do Rumo” de Francisco C. Xavier

 


ORAÇÃO DO SERVO IMPERFEITO

               Senhor!...
               Dura é a pedra, entretanto, com a tua sabedoria, têmo-la empregada em obras de segurança.
               Violento é o fogo, todavia, sob a tua inspiração, foi ele posto em disciplina, em auxílio da inteligência.
               Agressiva é a lâmina, no entanto, ao influxo de teu amparo, vêmo-la piedosa, na caridade da cirurgia.
               Enfermiço é o pântano, contudo, sob a sua benevolência, encontramo-lo convertido em celeiro de flores.
               Eu também trago comigo a dureza da pedra, a violência do fogo, a agressividade da lâmina e a enfermidade do charco, mas com a suta bênção de amor, posso desfrutar o privilégio de cooperar na construção do teu reino!... Para isso, porém, Senhor, concede-me, por acréscimo de misericórdia, a felicidade de trabalhar e ensina-me a receber o dom de servir.


Albino Teixeira
Do livro “Caminho Espírita” de Francisco C. Xavier

 

 

 

EM CRISTO

               Enquadrando-nos nos padrões de vivência que Jesus nos legou, abandonemos a pesada concha de “eu” que nos retém no nevoeiro do egoísmo esterilizante e avancemos na direção do Alto, alongando braços e corações, no culto da verdadeira fraternidade, para com o próximo mais próximo.


Emmanuel
Do livro “Jóia” de Francisco C. Xavier

 

EXPERIÊNCIA DOMÉSTICA

               Ordem, trabalho, caridade, benevolência, compreensão começam dentro de casa.
               A parentela é um grupo de aproximação, jamais cativeiro.
               Aprendamos a ouvir sem interromper os que falam à mesa doméstica, a fim de que possamos escutar com segurança as aulas da vida.
               O lar é um ponto de repouso e refazimento, nunca mostruário de móveis e filigranas, conquanto possa e deva ser enfeitado com distinção e bom gosto, tanto quanto possível.
               Quem pratica o desperdício, não reclame se chegar à penúria.
               Benditos quantos se dedicam a viver sem incomodar os que lhe compartilham a experiência.
               Evite as brincadeiras de mau gosto que, não raro, conduzem a desastre ou morte prematura.
               Aconselhe a criança e ajude a criança na formação espiritual, que isso é obrigação de quem orienta, mas respeite os adultos em suas escolhas, porque os adultos são responsáveis e devem ser livres nas próprias ações, tanto quanto você deseja ser livre em suas idéias e empreendimentos.
               Se você são sabe tolerar, entender, abençoar ou ser útil a oito ou dez pessoas do ninho doméstico, de que modo cumprir os seus ideais e compromissos de elevação nas áreas da Humanidade?
               Muitos crimes e muitos suicídios são levados a efeito a pretexto de se homenagear carinho e dedicação no mundo familiar.


André Luiz
O livro “Sinal Verde” de Francisco C. Xavier


 

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ANO II - Nº 20 – Campo Grande – MS – Setembro de 2007
EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
Rua Colorado n o 488, Bairro Jardim Canadá, CEP 79112-480, Campo Grande-MS.