"Luzes do Amanhecer"

Fundado em 16/07/1996 publicado 02/02/2006
JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA - ANO XVII - N. 200 * Campo Grande/MS * Setembro de 2022.
EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
Rua Colorado n o 488, Bairro Jardim Canadá, CEP 79112-480, Campo Grande-MS.

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          Há em cada canto desta casa uma grande saudade daquele que partiu, mas também uma serena certeza de reencontrá-lo um dia, numa vida melhor, em que não serão mais necessários esses adeuses tão dolorosos. Áulus

 

 

 

 

LUGARES ASSOMBRADOS

 

            É da cultura brasileira o medo de lugares assombrados; lugares em que se ouve barulhos assustadores, casas com sons de correntes arrastando, uivos de lobos e até mesmo aparições fantasmagóricas, verdadeiras assombrações que aterrorizam todos que por ali passam.  Isso é real? Ou é fruto da imaginação fértil das pessoas?
            Allan Kardec, o ilustre codificador da glamorosa doutrina dos Espíritos, levou aos Espíritos superiores que a ditaram, a  questão em que alguns Espíritos, que em todos os tempos produzem manifestações persistentes em darem mostras ostensivas de sua presença em certas localidades, perguntando se os Espíritos se apegam unicamente às pessoas, ou também às coisas e soube então, que isso depende da elevação deles, que podem apegar-se aos objetos terrenos, como os avarentos que esconderam seus tesouros e por não estarem desmaterializados, muitas vezes vigiam e montam guarda a eles.
            Soube também que tais Espíritos, sendo pouco adiantados, não são necessariamente maus, como acontece entre os homens. Disseram ainda que os Espíritos vão a esses lugares, como vão a outros quaisquer e que também o medo pode fazer as pessoas acreditarem que uma simples sombra de uma árvore seja um Espírito...
            Analisando as respostas dos benfeitores, Kardec conclui que não se pode dizer ser absolutamente falsa a crença em lugares mal-assombrados. Os esclarecimentos dos benfeitores prosseguem, alertando que alguns Espíritos podem ser atraídos por coisas materiais, ou por determinados lugares, por simpatia ou desejo de se comunicarem, porém quando são Espíritos maus, a sua presença em certos lugares pode ser, para alguns, por vingança, ou punição que lhes é infligida. Se forem Espíritos bons, a permanência nos lugares pode ser para proteção de alguém ou de toda a família, mas por serem bons, nunca manifestam sua presença por meios desagradáveis.
            O grande estudioso espírita Hernani Guimarães Andrade, ensina que assombração está ligada a um dado local: casa, sítio, castelo, edifício, palácio, hospital, igreja, cemitério, quartel e outros e podem se ouvir vários ruídos como utensílios caindo, louças estilhaçando-se, rufar de tambores, e uma característica mais marcante da assombração é a manifestação de fantasmas visíveis e até fotografáveis.
            O meticuloso pesquisador espírita Ernesto Bozano em sua vasta obra, narra dezenas de casos de golpes nos fenômenos de assombração, com seu caráter prevalentemente físico, e também chamado de poltergeist em alemão, cuja pronúncia em português é poltergaist. Narra ainda vários casos de assombrações percebidas pelos animais.
Hernani desmembra a palavra poltergeist, com polter significando “fazer barulho” e geist, “espírito”, em Português, espírito barulhento, galhofeiro, concluindo que Poltergeist são fenômenos de efeito físico, geralmente acompanhados de ruídos e deslocação de objetos.
            O Espírito Odilon Fernandes, estudioso da mediunidade, através da psicografia de Carlos A. Baccelli, informa que Espíritos ligados ao remorso, à vingança, ou mentalmente presos às posses, permanecem às vezes séculos acorrentados às suas paixões, temendo seguir caminho pós túmulo, ficam à retaguarda, como aves que se recusam a abandonar o próprio ninho; mas tal fenômeno pode ainda ser praticado por Espíritos simpáticos às pessoas envolvidas, para auxiliá-las, conforme já dissera Kardec.

 

Crispim.


Referências bibliográficas:
- O Livros dos Médiuns. Allan Kardec.
- Nas Fronteiras do Além. Hernani C. Miranda.
- O Espiritismo e as Manifestações Supranormais. Ernesto Bozzano.
- Mediunidade e Evangelho. Carlos A. Baccelli/Odilon Fernandes.
- Os Animais têm Alma? Ernesto Bozzano.

 

 

CLAREZA DA FÉ

 

            Confie e siga adiante...
            As flores que observa ao longo da estrada representam o incentivo daqueles que já fizeram o mesmo trajeto que hoje percorre, com grande êxito, faça também o mesmo.
            Por isso, siga adiante cheio de certeza num futuro ainda melhor.
            Não se permita desistir dos bons propósitos que abraçou, porque depois desses dias sem luz, o sol brilhará outra vez indicando-lhe o caminho.
            Lembre-se que os fortes seguem em frente, mesmo sob o sol escaldante da incompreensão e do sofrimento, por isso, continue...
            Se porventura encontrar ao longo do percurso aqueles que descreram na bondade infinita de Deus, deles se compadeça, mas continue a sua marcha.
            Talvez por conta disso venham a se lamentar amargamente mais tarde, por essa falta de confiança, tomando essa decisão equivocada.
            Por mais que colha desilusões devido às fraquezas que ainda carrega na alma, não se deixe entristecer, mas confie e caminhe, porque depois daquele horizonte, como também após esses dias de amargas conclusões, sejam coisas do passado, muito se felicitará por haver lutado o bom combate, sem reclamar e sem desistir.
            Não colherá uvas de espinheiros, já asseverava o Divino Messias, por isso não espere milagres, mas confie e trabalhe.
            Muitas vezes diante da incompreensão de muitos, sentirá o gosto amargo da derrota intima, mas lembre-se, isso também passa; um dia vencerá, disso não tenha dúvida.
            Se algum dia sobrar alguns segundos de sua agenda cheia, ore pelos infelizes, os abandonados, os tristes, ou socorra-os com um pedaço de pão, para que possam atravessar alguns minutos com menos aflição.
            Como for, confie sempre no poder infinito de Deus, que sempre espalha seus tesouros por toda a parte.
            Não se exaspere diante de resultados negativos que não esperava, reaja, trabalhe mais e siga em frente.
            Muitos perderam o fruto laborioso do trabalho porque perderam a confiança, exatamente naquele momento crucial da caminhada, quando deviam dar o grande testemunho que os faria avançar muito mais.
            Nem sempre logrará o êxito que espera, mas persista lutando e amando sempre.
            Como for, continue a marcha, com fé e esperança que cumprirá o seu compromisso em qualquer lugar e a qualquer preço.
            Por fim, muita dedicação ao trabalho que desenvolve para fazer jus ao sucesso que espera, onde as migalhas depositadas no gazofilácio todos os dias, possam representar alguma coisa no ajuste final, por isso, siga adiante, cheio de fé e confiança.

 

Histórias Educativas
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes

 

 

ORAR PELOS OUTROS

 

            Tantas vezes se tem rogando a bênção de Deus em apoio aquelas criaturas que fazem parte do seu universo particular, parentes e amigos que na presente existência alegram seus dias.        Além do mais representa uma fonte  incessante de inspiração e incentivo para se viver melhor, inclusive, aproveitando-se dos seus bons exemplos, mas especialmente com foco nas boas obras que realizam.
            Além disso, passam informações preciosas sobre a sua experiência no mundo e sobre vida espiritual. A nossa gratidão a todos essas mãos abençoadas que nos ajudaram a caminhar e sempre fora um bálsamo para o nosso coração e uma orientação segura para nossa mente.
            Mas hoje queremos lembrar aqueles outros que se transviaram ao longo do percurso, especialmente aqueles que foram previamente advertidos que não deviam agir no sentido de não lesar o próximo. Mas obstinados, não ouviram, até que o dia que não encontram mais o caminho de volta, devido às atitudes infelizes que tomaram.
            Mas particularmente por aqueles que se envolveram em crimes, ferindo de morte o próximo por questões banais, com isso, perderam a sua liberdade. E esta consciência de culpa os atormenta dia e noite e não encontram paz em momentos algum.
            Mais ainda os valores amoedados que conseguiram, valendo-se de crimes e desonestidades queimam as suas mãos, como a trinta moedas de prata as mãos de Judas, mas são mais infelizes por lesarem a própria consciência. E desses estigmas não podem se libertar, inclusive em alguns momentos imagina que aqueles sofrimentos sejam eternos, naturalmente que há de perdurar em sua consciência, até que decidam voltar de joelhos e pedir perdão.
            Mas também aqueles que se entregaram ao suicídio e agora sofrem sem paz em momento algum, pois que sem pensar se entregaram a esse desvario, talvez não medindo as conseqüências dos seus atos, quando quiseram voltar atrás já não havia mais condição, porque já haviam cometido ato cruel contra si mesmo.
            Hoje sofrem sem remédio, e diante dos seus olhos repercutem aquele ato tresloucado com cenas vivas dos momentos finais de sua agonia  e parece nunca acabar de sua mente. Como sentisse o reflexo daquela hora infeliz, sentindo o desespero de quem não queria fazer o que fez contra si mesmo, porém muitos sequer percebem que chegaram ao termo da jornada, além de tudo sofrimentos inomináveis repercutem dentro de si mesmo.
            Por aqueles outros que se entregaram ao infanticídio, não cabendo somente a mulher esse gesto no auge do desespero, mas também a todos aqueles que lhe deram causa, eles serão chamados a justiça para darem o seu depoimento, como também assumirão o grau de culpa que lhes cabem.
            Mas especialmente aqueles sentem amargos arrependimentos de quem compreendeu que aquele filho rejeitado, podia ser alguém muito querido ao seu coração e devia desta feita recebê-lo em seus braços num gesto de gratidão.
            Como também aquela criatura afim que pedia asilo para voltar à experiência no mundo para ser o seu amparo nos momentos difíceis, mas num ato de rebeldia o rejeitou nesse ato se fez vitima de si mesma.
             Por fim aquela criatura que prejudicara de maneira cruel em outra vida e por ordem de Deus retorna para que a reconciliação seja possível. Inclusive pegaria no seu braço e  seria sua única fonte de recursos no mundo, mas fugindo a sua obrigação o precipitou nesse deslize fatal, que neste momento se arrepende amargamente, mas já tarde demais.
            Mas também os fariseus que fazem coisas condenáveis para adquirir valores e posição social, depois percebem o enorme equivoco que cometeram, porque aqueles valores não foram bastante para livrar a sua consciência de culpa que grava os seus dias de maneira cruel.  E incessantemente o chama a refletir na maldade que perpetrara contra o próximo e mil vezes reprovam a si mesmo e repetem: mas eu não devia ter feito isso!
             Por fim pelos fanáticos, hipócritas, escribas, e todos aqueles que perpetraram o mal de todos os matizes que usaram de esperteza para lesar o próximo, mas estavam também iludidos porque nada passa despercebida do olhar da Lei soberana de Deus.
            Não percebem ainda que um dia mais cedo ou mais tarde. Nesta vida ou numa outra terão que rever cada ato praticado, como também o seu malfadado ponto de vista. Além do mais pagar a dívida contraída até o último centavo, para que por fim possa apagar esse fantasma de sua consciência, caso contrário nela permanecerá por tempo indeterminado e não poderá fugir dessa realidade. Áulus.

 

Lições de Simplicidade
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes

 

 

DADOS BIOGRÁFICOS DOS APÓSTOLOS

 

            Filipe


            Referências evangélicas sobre o apóstolo: Mateus, 10:3; Marcos, 3:18; Lucas, 6:14; João, 1:40; Atos dos apóstolos, 1:13. É citado também nos Atos dos apóstolos, 21:1 a 9, quando Paulo e Lucas o encontram na cidade de Cesarea, juntamente com quatro filhas, todas possuidoras da mediunidade de profecia.
            Nasceu em Betsaida, Galileia. Era pescador. Jesus o convidou para ser seu apóstolo quando o encontrou em Betânia, no além Jordão, onde João Batista batizava. O seu nome aparece entre os apóstolos que estavam reunidos em um quarto após a ressureição de Jesus.268 [...] “Depois do desencarne [da desencarnação] do Mestre ficou em Jerusalém até a dispersão dos apóstolos, indo, segundo a tradição, pregar o Evangelho na Frígia, recanto da Ásia Menor, ao sul de Bitínia [...]”. Parece que evangelizou na Itureia [nome grego para uma região montanhosa de Israel], reunindo-se a André, no Mar             Negro, sendo morto, já muito idoso, na Frígia [região Centro-Oeste na antiga Ásia Menor chamada Anatólia, hoje Turquia].
            Há uma lenda que vincula o Apóstolo Filipe à França. Alguns escritores cristãos do passado falam da presença de Filipe na Gália (antigo nome da França). Um deles é Isidoro, bispo de Sevilha, que, entre os anos 600 e 636 d.C., escreveu, em seu livro De Ortu et Orbitu Patrum, cap. 73: Filipe, de Betsaida, de onde também provinha Pedro, apregoou Cristo nas Gálias e nas nações vizinhas, trazendo seus bárbaros, que estavam em trevas, à luz do entendimento e ao porto da fé. Mais tarde, foi apedrejado, crucificado e morto em Hierápolis, uma cidade da Frígia, onde foi sepultado de cabeça para baixo, ao lado de suas filhas.
            Filipe era amigo pessoal de Bartolomeu, João Pedro e Tiago Maior (os três últimos apóstolos formavam uma espécie de estado-maior do colégio apostolar). É importante não confundir Filipe, um dos doze apóstolos, com Filipe, companheiro de Paulo de Tarso, um judeu-cristão de origem grega.
            Filipe, assim como Estêvão e mais cinco judeus da Dispersão (Diáspora) ficaram responsáveis pelas tarefas administrativas da congregação na Casa do Caminho (Atos dos apóstolos, 6:5; 8:5 a 40 e 21:8 a 9).

 

            João, Filho de Zebedeu ou João Evangelista


            São referências evangélicas sobre o apóstolo: Mateus, 4:21, 10:3; Marcos, 3:17; Lucas, 6:14; Atos dos apóstolos, 1:13. Era filho de Zebedeu e irmão de Tiago, o maior. Sua mãe, Salomé, é citada duas vezes, uma em Marcos (15:40 e 16:1) e uma vez em Mateus (20:20 e 27:56).
            Alguns estudiosos suspeitam que Salomé tenha sido irmã de Maria Santíssima (João, 19:25). Dessa forma, Jesus seria primo dos filhos de Zebedeu, explicando, em parte, a fraterna intimidade existente entre eles. Nasceu em Betsaida, na Galileia. É autor do quarto Evangelho, de três cartas/epístolas destinadas aos cristãos e do livro Apocalipse. O seu Evangelho difere dos outros três, chamados sinópticos ou semelhantes, porque a narrativa de João enfoca mais o aspecto espiritual da mensagem de Jesus. João considerava-se o discípulo amado (João, 13:23; 20:2 e 26; 21:7 e 20), afirmação admissível, se generalizada.
            Era muito jovem à época do Mestre, e, na crucificação, foi designado por Jesus para tomar conta de Maria. João viveu o final de sua existência em Éfeso, onde teria escrito o seu Evangelho e as suas epístolas. Durante o reinado do imperador romano Domiciano, foi exilado na Ilha de Patmos, escrevendo aí o Apocalipse. Morreu idoso, tomando conta da igreja que ali existia, possivelmente no ano 100 da Era Cristã. João e seu irmão Tiago Maior foram chamados por Jesus de Boanerges (filhos do trovão). Integrava o núcleo inicialmente convocado por Jesus, participando destacadamente, junto a Tiago Maior e a Pedro, do principal grupo do colégio apostolar.

 

Livro Evangelho Redivivo
FEB

 

 

PSICOGRAFIA

 

            Maria Dolores, desencarnada em 1914, no estado de Minas Gerais.
            Católica fervorosa acreditava em tudo que o padre dizia. Um dia percebi que o padre ao público falava uma coisa e particularmente agia diferente, como ele pode fazer isto?  Se ele que sabe e prega é capaz de fazer certas coisas, como ouve precisa fazer o que ele diz.  Se ele estudou Teologia, fez voto de responsabilidade pode agir assim, porque eu teria de agir de outra maneira. Comecei a contestar certos procedimentos do sacerdote, que logo de pronto mostrou que amigo era, tornando-se realmente um inimigo, porque tomei conhecimento de alguns atos desabonadores de sua conduta e isso o incomodava muito. Aos olhos do povo era muito considerado, mesmo porque não conheciam as suas torpezas. Começo a me perseguir, buscando mostrar que eu não era nada e que ele era poderoso sim, porque tinha o poder temporal, isto é, era amigo das autoridades e porque era ministro de Deus, portanto, invulnerável a qualquer ataque a sua pessoa, isto, num primeiro momento meio aturdida, pois que sabia que ele era poderoso.
            Nessa altura de minha vida tornou-se irritante verificar o quanto era falso esse sacerdote, isto mais me irritava, porém devia saber bem o que estava fazendo, pois que sabia todos os fundamentos, mas não sentia na obrigação de os praticar, até um dia tomei coragem e escrevi ao arcebispo contando tudo o que se passava naquela paróquia. O arcebispo ficou possesso como que soube através da leitura de minha carta, prudentemente mandou investigar para se certificar o que realmente estava acontecendo, porém, o tal sacerdote continuou a praticar todos os atos que se julgava no direito e inclusive para me desafiar, como se dissesse "você não tem coragem de fazer nada contra mim". A guerra silenciosa continuava, muito embora houvesse diminuído a minha freqüência à igreja. Depois de dois meses desse episódio, o padre recebeu uma carta, chamando a sede do bispado, pois que havia serviço de rotina que precisava ser resolvido com urgência. A verdade que ele fora investigando a fundo por pessoas insuspeitas que realmente constataram que o escândalo era muito maior do que supunha. A autoridade eclesiástica não teve dúvida deu uma dura advertência, além de que decidiu transferi-lo a outro lugar, bem distante dali, que lhe ofereceria assim uma nova oportunidade e disseram lhe que seria seguido e qualquer deslize de sua parte, dali para frente seria punido exemplarmente.
            O padre sabendo de onde partira a denúncia ficou furioso. Queria porque queria se vingar, pois que gostava muito do lugar que vivia, além de ter muitas amizades pode realizar tudo o que quis por tantos anos sem que fosse incomodado.
            Este padre queria era uma grande vingança, de vez que nunca fora contestado uma vírgula sequer do que fizera antes, esta pessoa se arrependeria o resto da vida com certeza. Não queria matá-la porque isso era muito pouco para quem ousou desafiar a sua autoridade. Queria fazer algo que a magoasse muito, além de que ser mal vista na cidade, onde gozava até então de uma reputação ilibada e de uma família tradicional da cidade. Num primeiro momento o padre se mudou para outra cidade, vindo em seu lugar outro padre que tinha hábitos totalmente diferentes.  Procurou-se criar uma pressão para que ele não ficasse na cidade, o antigo sacerdote valendo-se de alguns amigos buscava soldar boatos a esse respeito, dando conta de atitude suspeita de minha parte, que vivia martelando com vizinhos as escondida, que, dizer em um bilhete que sustentava o seu luxo, essa insinuação foi lançada em diversas partes da cidade, como era uma cidade interiorana que era a notícia se espalhou rapidamente e comecei perceber que algo estava errado, pela atitude de certas pessoas de minha amizade que já não era como antigamente. Havia uma amiga que sabendo de tudo, não resistiu e veio a mim e contou-me tudo o que havia sido espalhado na praça a meu respeito, calúnias, e mais calúnias, que fique possessa e inclusive os familiares de tal padre ficaram sabendo, criando um imenso transtorno, mesmo porque esse padre já tivera um outro caso dessa natureza, a família acreditou em tudo o que falaram a meu respeito, gerando uma enorme confusão que ficou impossível de justificar dada à proporção que atingiu e cheguei à conclusão que era melhor calar, porque quanto mais falasse mais complicava a situação já envolvendo diversas pessoas de maneira que tanto humilhação que sofre e resolvi sair de minha cidade por algum tempo. O tempo passou e retornei aquela cidade, porém o estigma ficou, até que desencarnei e também desencarnou o padre.
            Muito mais tarde vim a saber que fora sua mãe em sua última existência e reencarnara com o objetivo de seguir meu filho de outras épocas para que ele não se desviasse do seu caminho reto, porém não obtivera êxito, talvez pela minha própria invigilância e amor próprio. Na hora do testemunho fracassei e a existência foi nula para ambos. A ordem é recomeçar em outra etapa. Quem sabe que de outra feita consiga se redimir, porém teremos ambos que vencer ainda muitos obstáculos para chegar ao verdadeiro que almas comprometidas se procuram, para juntas conseguirem seus objetivos, mas o orgulho e a vaidade foram capazes de por tudo a perder.
            Adeus.
            Maria Dolores.

APSVI-05

 

 

Espiritismo para crianças
Marcela Prada
Tema: Inveja

 

O BESOURO INVEJOSO

 

            Da janela da sua toca o besouro muito aborrecido reclamava sozinho em voz alta:
            – Que luz mais linda! Como brilha! Parece uma pequenina estrela caída do céu. É tão linda!
            Era do vaga-lume que o besouro falava com tanta inveja. Aquela luz que acendia e apagava deixava-o furioso porque não era dele. O besouro cascudo era assim. Sempre queria ser igual aos outros, aos vizinhos, aos parentes, aos amigos. Quando o gafanhoto comprou uma casaca verde e apareceu na festa dos grilos, ele ficou de boca aberta. Querendo, é claro, ser como o gafanhoto. Voltou para a casa aborrecido e triste. Nem aproveitou a festa.
            – O que aconteceu – perguntou sua mãe.
            – Nada, achei a festa chata, só isso – respondeu ele, indo dormir.   
            O mesmo aconteceu quando ouviu um passarinho cantando. Queria de qualquer jeito cantar igual. E assim, sempre querendo ser como os outros, era um besouro triste. Mas, o que mais o irritava era mesmo o vaga-lume e pensava:
            – Eu queria que fosse eu que tivesse aquela luz tão bonita!
            A inveja que o besouro sentia era tão grande que mesmo com tantos motivos para ser feliz, ele se sentia muito infeliz.
            Um dia, ficou pensando tanto nisso, que tomou uma decisão inesperada. Resolveu sair de casa. Quem sabe pudesse encontrar um lugar para morar sozinho, longe do vaga-lume e daquela sua luz que o aborrecia tanto. Não pensou na sua mãe, nem nos irmãos, nem nas coisas boas que ele tinha. Apenas foi embora, voando.
            O besouro voou bastante, até ficar cansado. Queria ir bem longe mesmo. Quando ele já não aguentava mais, pousou num gramado e se sentou para descansar.
            Não demorou muito, chegou uma formiga, que sorriu ao vê-lo e o cumprimentou:
            – Olá, como vai? Tudo bem? Posso ajudar em alguma coisa? Você parece cansado. Eu sou pequena, mas sou bem forte – disse a formiga, sorrindo. – Eu e minhas irmãs aguentamos carregá-lo se você precisar.
            – Oi! Obrigado! Mas não precisa se incomodar. Eu estou bem. Só um pouco cansado porque voei muito mais do que costumo. Parei para descansar, mas logo estarei bem.
            – Ah, que bom! Então, está cansado por um bom motivo, não é? Voar deve ser incrível!
            O besouro sabia que nem todos os insetos voavam, mas ele estava tão acostumado a dar atenção apenas ao que ele não tinha, que não se lembrava de valorizar essa sua capacidade especial.
            O besouro ficou ali conversando com a formiga por algum tempo e a nova amiga lhe apresentou outros bichinhos que foram se aproximando. Ele conheceu a minhoca, o caracol, a joaninha e o grilo. Eles todos eram amigos e foram muito simpáticos com o besouro.
            – Muito bonita sua cor. Esse preto brilhante das suas costas o deixa elegante. Parece que está de terno, vestido para uma festa! – disse o caracol.
            – É mesmo! – concordaram os outros, sorrindo.
            O besouro sentiu que eles falavam com sinceridade e também que não se importavam dele ser assim. Pelo contrário, pareciam mesmo gostar dele ser bonito e saber voar.
            O besouro começou a pensar em como eles eram diferentes dele. Percebeu que eles eram amigos uns dos outros, que se elogiavam, se gostavam e eram felizes juntos.
            “Como sou invejoso e triste. Esses bichinhos não são como eu, vivem felizes ajudando uns aos outros” – pensava o besouro. “Eu não estou com razão. Preciso tentar mudar.”
            O besouro decidiu, então, voar de volta para casa, onde sua mãe, com certeza, estava preocupada, procurando por ele.
            Despediu-se dos novos amiguinhos, prometendo voltar para visitá-los e pelo caminho pensava:
            – Vou procurar viver mais alegre e feliz assim como sou, com tudo o que tenho. Posso me esforçar e ser um besouro forte e bonito. Não ficarei triste com a luz do vaga-lume. Vou olhar para ela e somente admirar sua beleza. Quem sabe eu consiga ser amigo dele um dia!

 

            (Adaptação da história da apostila Jardim “A” de Evangelização da Editora Aliança.)

 

O Consolador
Revista Divulgação Espírita
2022

 

 

A CASA DO ESCRITOR

 

            Vera Lúcia Marinzeck Espírito
            Espirito: Patrícia
            Editora: PETIT

 

            Romance psicografado pela médium Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho, onde o espírito de Patricia narra de forma surpreendente a sua vivência no plano espiritual, esclarecendo, tirando dúvidas e relatando aos leitores como tem sido a sua vida como desencarnada. Patrícia, assessorada por Antônio Carlos, um espírito milenar, fala sobre sua vivência no mundo dos espíritos: Ela fala sobre a colônia de estudos, as coisas que aprendeu, as histórias que ouviu e as experiências que viveu, e também dos quatro livros que ditou.
            Neste romance Patrícia recorda a sua vida passada e nos relata de forma detalhada a  sua visita a casa do escritor, e seu encontro emocionante com Emanuel, Chico Xavier e outros escritores famosos. Ela nos esclarece ainda sobre os cursos oferecidos na casa, filiação, e as reuniões onde encarnados e desencarnados participam para aprender a ditar ao médiuns através da psicografia. A casa do escritor é uma obra muito interessante, principalmente para aqueles que lidam com a literatura, onde o leitor/escritor vai saber mais sobre filiação na casa, como acontecem a reuniões, como e até que ponto somos inspirados ou intuídos pelos espíritos a escrever. É sem dúvida uma obra bem esclarecedora, principalmente para aqueles que desejam saber mais sobre psicografia.

 

 

GRATIDÃO: um novo olhar sobre a vida

 

Geraldo Campetti Sobrinho

 

            Vida, natureza, família, semelhante, trabalho, chefe, prova, expiação, dor, sofrimento, enfermidade, saúde, amigo, inimigo, alegria, tristeza, situação financeira são alguns exemplos dos motivos de gratidão ou reclamação de nossa parte.
            Qualquer coisa pode ser razão para agradecer ou reclamar, a depender do ponto de vista.
            A gente costuma reclamar de tudo. Quando chove, reclamamos do mau tempo; quando faz sol, reclamamos porque está quente; quando é noite, gostaríamos que fosse dia; quando é dia, nos incomodamos pelo desejo de que a noite chegue logo; se o tempo passa depressa, reclamamos sugerindo a ampliação do dia para 36h; se o tempo é vagaroso, lamentamos pela lerdeza do deus Cronos. Tudo, sem exceção, parece ser motivo para reclamar. Poderíamos continuar escrevendo uma página ou um livro inteiro elencando motivos de reclamação ou exemplos práticos de sua ocorrência.
            Vamos fazer o contrário? Agradeçamos por tudo. Até pela dor que nos atinge profundamente. “Bendita a dor, ela é a grande sinfonia que acorda os corações humanos para a Vida Eterna”, já dizia meu pai e continua dizendo até hoje nos seus 85 anos de idade, como informação colhida de fonte oral. Segundo Emmanuel, guia espiritual do cândido Chico Xavier, “a dor é um constante convite da vida, a fim de que aceitemos uma entrevista com Deus.”1
            Quando tudo está bem, tendemos a nos esquecer do agradecimento. Mas, a Misericórdia Divina, reconhecendo nossas necessidades, oferece-nos “a dor-expiação, a dor-evolução, a dor-auxílio”2 para que, humildemente, nos coloquemos diante do Senhor da Vida e, em definitivo, consigamos nos libertar de nosso passado infeliz, acordando o homem renovado para o novo mundo de regeneração.
            Joanna de Ângelis, a psicóloga espiritual e guia do médium Divaldo Franco, alerta que a “reclamação é perda de tempo”.3 Realmente, quem reclama está perdendo a oportunidade de agradecer, de fazer algo útil na existência. Aquele momento de reclamação não nos leva a resultado efetivo, então, poderia ser absolutamente dispensado sem que fizesse falta alguma. Não estamos aqui cogitando da avaliação serena e necessária para determinadas situações, ocorrências e circunstâncias que vivenciamos, fruto da nossa iniciativa ou decorrente da ação de terceiros. É importante, sim, avaliarmos para melhorar o que for indispensável à caminhada evolutiva.
            A reclamação, pelo contrário, não tem propósito útil. Apenas o da lamentação, que deixa transparecer nosso azedume. Seria melhor que nos silenciássemos, pois o silêncio na maioria das vezes se traduz na melhor das respostas. É como aquela expressão do ditado popular que nos exorta, quando não fomos felizes em alguma afirmação: “você perdeu uma boa oportunidade de ficar calado.”
            Vamos exercitar o silêncio quando a vontade de reclamar visitar os escaninhos da mente, provocando-nos para ações menos recomendáveis. Reclamar é feio, denota falta de educação, e, dependendo de como a atitude é manifestada, ausência de respeito para com o semelhante e, sobretudo, ingratidão para com Deus.
                                                *
            Gostaria de fazer um trato e assinar tacitamente um contrato com o prezado leitor. No dia, temos três períodos claramente delimitados: manhã, tarde e noite. Vamos assumir o compromisso de agradecer pelo menos uma vez em cada período do dia. Agradeceremos: pela manhã ao acordar – cada dia é como se fosse uma nova encarnação; à tarde, quando almoçarmos ou olharmos o crepúsculo ou, ainda, estivermos no trânsito que nos oferece o ensejo de desenvolver várias virtudes, tais como a paciência, a tolerância e a indulgência; e agradeçamos ao final da noite por mais um dia, repleto de oportunidades e desafios para o aprendizado constante.  Amanhã, depois de amanhã, e depois… A atitude deverá ser mantida ao longo de todo o mês. Quando este findar, na noite do derradeiro dia, o número de agradecimentos chegará a pelo menos 90 vezes!
            Acredito que, após esse período, já teremos adquirido o hábito do agradecimento. A partir daí, o comportamento será espontâneo, assegurando que começamos a exercitar um novo olhar sobre a vida.
                                                *
            A reclamação reflete postura de orgulho, ao passo que a gratidão é resultado de atitude humilde.
            A reclamação nos fecha para a sintonia com o auxílio superior; a gratidão facilita a sinergia com aqueles que aspiram à harmonia e ao equilíbrio dela decorrente.
            A gratidão é um ato que transparece a divindade existente em cada um de nós. Já a reclamação é de nossa responsabilidade, sobre a qual deveremos prestar as devidas contas no momento em que a lei de causa e efeito nos requisitar para uma entrevista com Deus.
            Se analisarmos detidamente, chegaremos à conclusão de que a vida nos oferece muito mais motivos para agradecer do que para reclamar.
            Agradecer faz bem à saúde integral do indivíduo, que se sente mais aberto à sintonia com o Plano Superior da Vida, em contato com os amigos espirituais que podem ter o trabalho de inspiração facilitado pelas vias da nossa intuição a ser colocada, gradativamente, à disposição do serviço no bem.
            Agradecer nos torna felizes, pois aprendemos a enxergar novos horizontes. Os nossos olhos brilham mais, identificando-se com o belo, o bom, o útil.
            Agradeçamos pelo bem e pela oportunidade de melhoria, pela prova e pela expiação, pela benção do trabalho e da libertação.
            Na vida, é recomendável aprendermos a agradecer mais e a reclamar menos.
            Artigo originariamente publicado em Reformador.

 

Referências
1 XAVIER, Francisco Cândido. Material de construção. Pelo Espírito Emmanuel. São Paulo: Ideal, 1982.
2 ______. Ação e reação. Pelo Espírito André Luiz. 30. ed., 5. imp. Brasília: FEB, 2016.
3 FRANCO, Divaldo P. Desperte e seja feliz.  Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 6. ed. Salvador: LEAL, 2000.

 

 

SEM A REENCARNAÇÃO, O CRISTIANISMO CAPENGA

 

Por José Reis Chaves

            O cristianismo, até o Concílio Ecumênico de Constantinopla, em 553, aceitava a reencarnação. E ele condenou a preexistência da alma, que é bíblica (Jeremias 1:5), sem a qual não há a reencarnação. O Papa Virgílio foi contra esse concílio.
            São Jerônimo e Santo Agostinho trocavam cartas sobre a reencarnação, e concluíram que ela deveria ser aceita só entre os teólogos, pois, se se tornasse crença comum entre os leigos, eles teriam sua busca da salvação relaxada, deixando-a para outra reencarnação futura (ver mais em meu livro “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência”, Ed. Megalivros, São Paulo, lançado também em Inglês nos Estados Unidos.) Eles tinham uma certa razão pois, como se sabe, muito se deve dizer aos que sabem muito, e pouco aos que sabem menos... Mas erraram pois a misericórdia divina é infinita. E assim jamais poderiam faltar todas as oportunidades possíveis para a salvação de todos os seres humanos. Aliás, temos que conhecer primeiro a verdade libertadora, o que quer dizer que, por enquanto, somos como que prisioneiros ou escravos, exatamente, por causa da nossa ignorância sobre a verdade, a qual só adquiriremos no futuro. “Conhecereis a verdade e ela vos libertará” (João 8:32). Isso quer dizer que, por enquanto, somos prisioneiros ou escravos da nossa ignorância... Mas é assim mesmo, cada um de nós tem o nosso momento de encontrarmos a verdade. Deus não faz pressão sobre ninguém para apressar a realização dela, já que Ele é de perfeição infinita e respeita, pois, plenamente o nosso livre-arbítrio.
            Realmente, nossa salvação é tranquila, somente depende de tempo, o que não é um problema, já que, por ser mesmo infinita a misericórdia divina, ela não cessará jamais, e nossos espíritos são imortais, reencarnando pelos tempos a fora. Então, em qualquer momento das eternidades em que conhecermos a verdade, está tudo bem. Agora, é verdade que, enquanto esse momento não chega, não teremos uma felicidade plena, verdadeira. Bem-aventurados, pois, os que estão sempre se esforçando para conhecer, o quanto antes, essa verdade libertadora.
            Mas por que mesmo é tranquila a salvação de todos os seres humanos? Porque, como disse o maior dos Mestres, Deus quer que todos os seres humanos, sem exceção, se salvem. (Mateus 18:1 a 14). Ora, o que ou quem poderá colocar algum obstáculo que impeça que a vontade de Deus se concretize, se realizando totalmente? Não adiantam, pois, ameaças de teólogos e líderes religiosos de hoje e de todos os tempos passados com seu ego inferior aflorado e, às vezes, dominados totalmente por interesses materiais e nada espirituais, como o ainda absurdo da negação da reencarnação, que faz capengar o cristianismo...

 

Consolador
2022

 

 

 

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