HEREDITARIEDADE MORAL
Já é de nosso conhecimento a hereditariedade consanguínea, pois herdamos de nossos pais as características físicas, ao ponto de se dizer que fulano ou sicrano é a cara do pai, ou da mãe. Mas, será que as características morais, as aptidões e tendências, também vêm de nossos pais?
Allan Kardec, o ilustre codificador da doutrina dos Espíritos, veio a público esclarecer tal questão em sua revista mensal nos idos de 1862, e começa dizendo que os materialistas não ficarão convencidos, porque, não admitindo o princípio, não podem admitir as consequências.
Tendo por princípio a existência do princípio inteligente, ou seja, a alma, a questão seria saber se as almas procedem das almas, ou são independentes delas. Isso já foi esclarecido que não, que as almas não dependem das outras almas, pois se alma do filho fosse parte da alma do pai, deveria sempre ter as qualidades e imperfeições desse pai, considerando que a parte é da mesma natureza do todo.
A história mostra que muito poucos filhos de homens e mulheres ilustres da ciência, das artes seguem o mesmo caminho dos pais e também mostra que muitos homens e mulheres afamados vieram de pais que não tinham e não têm tais qualidades.
Allan Kardec cita comunicações de Espíritos elevados, explicando que quando essas características morais apresentam semelhanças com as dos filhos, isso não é devido à hereditariedade das almas e sim ao fato de que os iguais se procuram no mundo espiritual, formando grandes famílias espirituais e acabam reencarnando em grupos afins.
Apontam também os Espíritos que deram as comunicações explicativas ao codificador, que as vezes um Espírito inferior, viciado, pode procurar, pode escolher pais com as mesmas características, do mesmo modo que Espíritos elevados podem escolher pais com as suas características, considerando que os semelhantes se atraem.
Salientam que os Espíritos culpados, viciosos, brutos, que encarnam em famílias elevadas, apoiados nas virtudes daqueles que o criaram, fortificam-se e se mesmo assim sucumbirem, estarão mais bem preparados para uma nova reencarnação. Assim, os Espíritos adiantados, caridosos, vislumbram a glória de Jesus e renascem nas camadas inferiores e lutam para tirar seus membros da ignorância e do vício.
Crispim.
Referência bibliográfica:
- Revista Espírita-Jornal de Estudos Psicológicos 1862. Allan Kardec.
A MEMÓRIA ESSENCIAL
O essencial é ser claro em suas exposições, procurando demonstrar a força dos seus argumentos logicamente dispostos, de forma que todos possam compreender as suas ideias, desde o leigo no assunto, como aquele que já tem experiência na área, compreensão redobrada do que é repassado aos outros.
O essencial é ter amor no coração e multiplicar este pelo trabalho de cada dia, amando mais e compreendendo mais, porque assim não terá lugar para outro sentimento menos digno.
O essencial é não perder o rumo, pois quem caminha em linha reta sempre chega mais rápido.
O essencial é ter diante de si o Evangelho aberto, a fim de que a lição esteja sempre à mão, para que não se desvie nem para a esquerda e nem para a direita, e possa compulsá-lo sempre que a dúvida o assalte.
O essencial é guardar os fundamentos estabelecidos por Jesus, para que a cada passo tenha a opção que mais convenha para encaminhar os seus pensamentos em sabedoria e amor.
O essencial é fazer um resumo claro de suas pretensões no mundo, pois que assim poderá assentar o seu projeto de vida com mais consistência e segurança.
O essencial é manter-se em oração quando a tempestade ruge lá fora, porque sair em meio à tempestade sem o devido respaldo pode sucumbir, por absoluta falta de amparo.
O essencial é manter sempre acessa a chama do ideal que abraçou, procurando os elementos que inspiram os seus mais fortes e consistentes fundamentos que elegeu para viver.
O essencial é manter a calma, quando todos já a perderam, porque é imprescindível que alguém fale com discernimento e sabedoria nesse momento, para que um mal maior não ocorra.
O essencial é usar com sabedoria os recursos que dispõe, de maneira que o pouco se possa transformar em muito, quando bem ordenado e utilizado com sabedoria.
Sempre pode tomar tantas atitudes essenciais que auxiliam a viver melhor e acima de tudo que possam levar as pessoas a pensar de maneira mais simples, que a vida possa ser um ato de alegria e felicidade, porque se prendendo sempre ao essencial quanto possa, pois que assim evitaria tantas perguntas e respostas desnecessárias. Porque os argumentos estando bem ordenados, todos podem obter a resposta do que mais necessitam, sem grande indagação.
Em qualquer atitude lembre-se do essencial, simplifique a vida, porque a vida em essência é simples, o grande problema é que as pessoas procuram complicar, inventando mil caminhos para se perder.
A mensagem é uma só e simples por demais, “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.
Eis tudo, absolutamente as lições mais verdadeiras que precisa aprender em qualquer lugar e em qualquer parte, pois que em qualquer lugar pode ser feliz, com pouco ou com coisa nenhuma, porque a felicidade viverá em seu coração, sem necessidade de outro acessório, porque estará de posse do essencial.
Histórias Educativas
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
DIA DE ANIVERSÁRIO
Onde surge a mensagem de amor que direciona os seus passos, lembre-se também que deve também receber o apoio e compreensão, embora não seja o detentor da mensagem nem por isso estará desobrigado de cooperar também com sua parcela de responsabilidade
Nesse trabalho com o semelhante também é uma peça que se ajusta ao principio ideal de amor e caridade, isto é, tem uma parcela nesse expressar da consciência coletiva.
Por isso, por mais simples seja o instrumento, em verdade todos servem a grande causa e também não se furte a essa nobre ideia, ainda que naquela condição de pequeno fio condutor de energia para estabelecer a iluminação no caminho que trilha.
Muitas mensagens que somente partindo de si a encontra a caridade real, mas pense que cooperar na limpeza pública representa um grande avanço na higienização do mundo, conquanto pareça insignificante, mas se todos fizerem essa tarefa rotineira e simples, com certeza o mundo já seria bem melhor.
Porque muitos alegam que uma gota de água não irá fazer diferença na grande massa líquida do oceano, ma sé com a reunião dessas incontáveis pingos de água que se forma dois terços da Terra.
Na atitude mais simples expresse amor e bondade. Talvez aquele alguém atormentado pelos problemas do quotidiano a ter um pouco de serenidade diante da vida.
Por mais simples que seja a ação que promova, representa a mensagem clara que expedirá em favor dos outros, levando paz ou constrangimento. E como já sabe as consequências do mal, sempre deve levar o bem, caso contrário se abstenha de tumultuar a vida dos outros, até mesmo quando tenha o direito de fazê-lo. Porque agindo assim certamente pode até perder alguma subvenção do mundo, mas sem dúvida, receberá por acréscimo uma imensa paz interior.
Que seja o meio que se expresse no mundo leve amor e bondade, porque já existe muita violência e não coopere com algo semelhante para atiçar o fogo na fogueira da discórdia. Tudo caminha melhor quando se vale do amor e da bondade.
Já a maneira que se expresse estará dando conta de si mesmo, inclusive revelando o lado obscuro de sua personalidade, por isso filtre as suas emoções, a fim de que antes expressem amor por onde passe. Ainda que não pareça um gesto generoso sempre promove o bem estar enorme no ambiente onde se movimenta.
É o amor sempre operando maravilhas, e precisa também cultivar os bons sentimentos. Quem vê muitas vezes o simples regato não avalia que ali começa um grande rio, porque o rio será maior quanto mais regato estiver fornecendo o suprimento de água.
Assim o mundo será melhor quanto mais pessoas estiverem fornecendo o combustível da boa vontade, para que a grande força do amor forneça a libertação das consciências, ainda que não pareça, não deixe de pensar nessa grande realidade.
Cultive o bem por maior e derradeiro ato que pratique, porque será a maneira de dizer que está bem com a vida e consigo mesmo. Isto é essa condição que marca a existência para que tudo caminhe dentro de uma base segura.
Permanece o bem sempre, até mesmo quanto duo parece conspirar contra as suas melhores intenções. Expresse sua opinião serenamente sem qualquer sombra de dúvida.
Deve a vida seguir o seu curso, muitas coisas para se chegar ao objetivo é necessário que durante a sua execução surjam outros objetivos.
O exercício do bem não tem hora para começar nem para terminar, será sempre que possa e cada um tem as suas limitações que é preciso respeitar.
Isso poucos compreendem. Muitos fazem muitas coisas sem pensar direito, ou sem medir as consequências, depois vem o arrependimento. É bom atinar que cada ação corresponde a uma reação.
Cultive o bem sempre.
Expresse com amor sua mensagem de esperança num mundo melhor, em se destaca aquele que procurou dar o melhor de si, sem cogitar de recompensa de qualquer espécie.
Considere que uma atitude mal educada não fica bem a ninguém, pois aquele que agride é uma criatura infeliz, por desconhecer que é uma maneira equivocada de se manifestar.
Manifeste a si mesmo que tudo está bem, e com isso procure compreende mais os outros.
Lembre-se que hoje é um dia especial, é o aniversário de suas lutas, parece que está triste. Não convém nunca, menos ainda hoje.
Lições de Simplicidade
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
DADOS BIOGRÁFICOS DOS APÓSTOLOS
Judas Iscariote ou Iscariotes
As referências evangélicas sobre o apóstolo são: Mateus, 10:4; Marcos, 3:19; Lucas, 6:16; João, 12:22; Atos dos apóstolos, 1:16.
Judas era originário de Kerioth (ou Carioth), localidade da Judeia, sendo filho de Simão Iscariote (João, 13:2). Era comerciante de pequeno negócio, em Cafarnaum. Segundo as tradições, este apóstolo foi designado para cuidar do dinheiro comum (espécie de tesoureiro) do colégio apostolar, “[...] cujos escassos recursos se destinavam a esmolas. Transportava o saco alongado (bolsa), que habitualmente israelitas atavam à cinta, para recolher pecúnia.”273 (João, 12:6; 13:29). Judas foi, efetivamente, um discípulo iludido, que cometeu grave equívoco, a despeito de muito amar Jesus.
Conviveu próximo ao Mestre Nazareno, mas, ou não teve capacidade para perceber os valores espirituais aos quais o Evangelho se reportava, ou não teve a necessária força moral para se libertar do poder e das vantagens transitórias do mundo. “A julgar pelo seu caráter, acompanhava Jesus dominado pelo interesse que ele tinha sonhado do Reino do Cristo.”
Judas deixou-se conduzir pela [...] embriaguez de seus sonhos ilusórios. Entregaria o Mestre aos homens do poder, em troca de sua nomeação oficial para dirigir a atividade dos companheiros. Teria autoridade e privilégios políticos.
Satisfaria às suas ambições, aparentemente justas, a fim de organizar a vitória cristã no seio de seu povo. Depois de atingir o alto cargo com que contava, libertaria Jesus e lhe dirigiria os dons espirituais, de modo a utilizá-los para a conversão de seus amigos e protetores prestigiosos...
O Mestre, a seu ver, era demasiadamente humilde e generoso para vencer sozinho, por entre a maldade e a violência.
Em outra oportunidade, o Espírito Irmão X (Humberto de Campos) assinala algumas características da personalidade de Judas que, possivelmente, justificam a forma como agiu em relação a Jesus:
Não obstante amoroso, Judas era, muita vez, estouvado e inquieto. Apaixonara-se pelos ideais do Messias, e, embora esposasse os novos princípios, em muitas ocasiões surpreendia-se em choque contra ele. Sentia-se dono da Boa-Nova e, pelo desvairado apego a Jesus, quase sempre lhe tomava a dianteira nas deliberações importantes. Foi assim que organizou a primeira bolsa de fundos da comunhão apostólica e, obediente aos mesmos impulsos, julgou servir à grande causa que abraçara, aceitando a perigosa cilada que redundou na prisão do Mestre.
Apesar dos estudos renovadores a que sinceramente se entregara, preso aos conflitos íntimos que lhe caracterizavam o modo de ser, ignorava o processo de conquistar simpatias.
Trazia constantemente nos lábios uma referência amarga, um conceito infeliz [...].
Ao presenciar o sofrimento de Jesus durante a prisão e a sua posterior crucificação, o apóstolo entendeu, tardiamente, o seu lamentável equívoco.
Desse momento em diante é que Judas começou a compreender o caráter essencialmente espiritual da missão de Jesus. E sinceramente arrependido, confessa publicamente o seu crime.
Mas era tarde. O Mestre já estava nas mãos de seus algozes, os quais eram inflexíveis. O suicídio de Judas (acontecido em seguida à condenação de Jesus) lhe custou séculos de sofrimentos nas zonas inferiores do mundo espiritual, porque tentou corrigir um erro com outro erro. Todavia, ajudado espiritualmente por Jesus e seus companheiros de apostolado, depois de inúmeras reencarnações na Terra, dedicadas ao trabalho de fazer triunfar o Evangelho, Judas conseguiu reabilitar-se; e hoje está irmanado com Jesus em sua esfera esplendorosa.
Entregue a profundo remorso, Judas Iscariotes suicida-se quando percebe que a crucificação de Jesus seria irreversível (Atos, 1:18). Matias foi o substituto de Judas no apostolado.
Nada sabemos nos primeiros tempos sobre Matias, senão que ele foi um dos setenta e dois discípulos que o Senhor designou e enviou, dois a dois, adiante de si a todas as cidades e lugares que pretendia visitar.
Livro Evangelho Redivivo
FEB
PSICOGRAFIA
Valendo-me desse ensejo, permite que venha contar alguns pormenores de minha vida. Era católico fervoroso, o que o padre dizia para mim era lei. Mesmo porque não queria pensar nessas coisas. Era melhora a explicação do padre e estava resolvido. Levar minha vidinha como sempre fiz e nada mais. A vida continuava tranquila e o seu curso rotineiro. Nem fato mais importante ocorria. Afinal uma cidadezinha do interior onde quase nada acontece, exceto os trabalhos mais simples. Junto de pessoas simples, como problemas simples, nada que pudesse chamar a atenção de ninguém. Mas o fato de um filho sair para viajar e jamais voltar era intrigante. Alguém desapareceu e ninguém soube mais notícia dele. Ele era uma pessoa simples e boa, trabalha com os pais numa pequena propriedade e tinha uma namorada com a qual pretendia casar-se mais tarde. Sempre sorridente e amigo de todo o mundo. Não tinha inimigos aparentemente, pelo menos nunca dera motivo para ninguém. Mas secretamente alguém gostava da mesma pessoa, a sua namorada e estava perdidamente apaixonado por ele, mas havia aquele intruso, que atrapalha todos os seus planos e sonhos.
Depois de pensar muito e pensar em diversas alternativas não conseguia encontrar uma ideia que fosse viável e não deixasse suspeita, porém ele decidiu ficar por enquanto distante do foco, embora fosse o maior interessado. Só restava uma possibilidade eliminar o rival. Mas como, uma cidade pequena seria um escândalo e aí sim perderia de vez essa possibilidade. Se ficasse preso era pior ainda. Assim não adiantaria nada. Então pensou por muitos dias um plano. Até que um dia soube que seu rival viajaria para uma cidade distante a mando de seu pai, resolver alguns negócios.
Viajei antes espalhando a notícia que demoraria muitos dias e parti. No dia determinado esperei esse "amigo" num lugar ermo e distante e disse que iria naquela mesma direção, alegre e contente como sempre foi ele até que me convidou para seguir junto com ele, pois dali para frente viajaria junto. Mas minha intenção clara era assassinar meu companheiro em viagem e depois de algum tempo voltar como se nada tivesse acontecido. À noite, porém quando o ensejo se apresentou não tive coragem, afinal meu amigo de infância, mas também não conseguia dormir. Seria uma tremenda crueldade. Sempre fora uma pessoa alegre e amiga. A traição era demais. Pensei e repensei mil vezes na situação. O que faria tinha a oportunidade em minhas mãos. Pensei e pensei. Certas horas estavam prestas a tomar a decisão e voltava atrás. Quando de repente o amigo despertou de repente e perguntou. Fulano o que você está pensando? Eu tive um sobressalto e não consegui articular palavras e respondi depois que muito sem graça. Só não consigo dormir. Sabe que eu sonhei que estava pensando em me matar. Ainda bem que era só sonho, porque você é dos meus melhores amigos, desde a infância.
Aquela palavra me desarmou de vez. E respondeu ainda bem que é só sonho. Pois que seria terrível que alguém pensasse nisso. Seria uma grande maldade.
Desde esse dia em diante nunca mais pensei em fazer mal ao meu amigo, embora estivesse cego pela paixão. Daquele dia em diante esqueci a minha paixão e nunca mais voltei para casa, fui em busca de alguma coisa que me aliviasse o coração, pois que por pouco não cometi um erro terrível. Até hoje tremo em pensar o que poderia Ter feito naquela noite. Vendo meu filho já com quatro anos de idade, imagino que minha vida teria sido bem pior. E procuro afastar toda ideia que me leve a pensar nesse episódio de minha vida.
Graças a Deus hoje estou muito bem, casei com uma pessoa formidável e agradeço a Deus mais uma vez não chegado a tanto, talvez um dia volte para rever minha velha mãe que não merece esta ausência tão prolongada de minha parte. Mas preciso fortalecer o meu coração para que não depare mais com aquela que foi sempre um grande desassossego para o meu coração de jovem impulsivo, que chegou a pensar os piores absurdos para conquistar uma pessoa que talvez nem o percebesse naquele momento. Adeus.Jonas.
APSVI-05
Espiritismo para crianças
Marcela Prada
Tema: Auxílio
TAMBÉM QUERO AJUDAR!
Juquinha estava muito triste. Sua vovó estava doente. Ela tinha ficado no hospital alguns dias. Agora estava de volta, mas ainda precisava de muitos cuidados.
A vovó morava na casa de Juquinha desde que ele era bebê. Ela sempre havia ajudado a cuidar dele. Fazia as comidas de que ele gostava, orava com ele, contava histórias, ensinava músicas antigas, e muito mais. Era sempre carinhosa, tanto nas horas alegres como nas tristes. Ele amava muito sua avó.
Quando ela voltou do hospital, Juquinha ficou muito contente, mas depois viu que ela ainda estava muito fraquinha e que seus pais estavam muito preocupados com ela.
– Não faz mal – pensou o garoto – pelo menos a vovó já está em casa e eu vou cuidar tanto dela, que logo logo ela vai estar ótima!
Mas não demorou muito para Juquinha perceber que não era tão fácil cuidar da vovó. Ele ainda era pequeno. Não podia mexer no fogão. Não sabia cozinhar nada, muito menos as comidas de que a vovó precisava.
Juquinha observava sua mãe preparando, com carinho, a sopa e os sucos e depois ajudando a vovó a tomar. Ele queria também poder fazer aquilo, mas não podia.
Ele observava também seu pai. O pai de Juquinha tinha bastante força e era ele quem pegava a vovó no colo para a pôr na cadeira de rodas, quando precisavam levá-la a algum lugar. A vovó estava tão fraca que não conseguia nem andar. Só ficava deitada, com os olhos fechados, descansando ou dormindo.
Juquinha queria muito poder fazer alguma coisa, mas não via como ele poderia ajudar sua querida vovó. Isso começou a deixá-lo muito chateado.
Certa tarde, a mãe de Juquinha, passando em frente ao seu quarto, ouviu-o chorando. O menino estava cansado daquela situação. Sentia-se inútil. Estava preocupado com a vovó, queria que ela melhorasse, mas não se sentia capaz de fazer nada por ela.
Sua mãe, abraçou-o e, com calma, explicou:
– Filhinho, não fique assim. Por enquanto você ainda é criança. Não poderia fazer as tarefas que eu e seu pai estamos fazendo. Um dia você vai crescer, vai ter aprendido muitas coisas e vai conseguir ajudar muita gente. O mais importante é que você tem boa vontade e isso vale muito. Por enquanto, o que você pode fazer para ajudar são as atividades que as crianças fazem, mesmo.
– Ou seja: nada! – disse Juquinha, caindo no choro novamente.
– Não, querido, claro que não. Qualquer pessoa pode fazer algo bom para os outros. Enquanto você ainda não consegue fazer todas as tarefas das quais a vovó precisa, você pode ajudá-la com suas preces, com seu carinho. Venha, eu vou mostrar.
Os dois foram, então, para o quarto da vovó. Ela parecia estar dormindo, mas a mãe de Juquinha falou com ela, assim mesmo.
– Mamãe, olhe quem está aqui! O Juquinha!
Juquinha não sabia o que dizer, pois nem sabia se a vovó estava escutando. Mesmo assim começou a falar:
– Oi, vovó! Sara logo, vovó! Tá bom?
A vovó não disse nada, nem abriu os olhos, mas levantou um pouco a mão na direção dele. Juquinha achou que ela queria alcançá-lo. Ele se aproximou da cama e deu a mão para ela.
Ela continuou como estava, mas Juquinha percebeu que ela estava sorrindo. Isso encheu seu coração de alegria. A vovó estava feliz por segurar na mão dele. Finalmente ele tinha conseguido fazer alguma coisa por ela.
Depois disso, todos os dias, sempre que podia, Juquinha ia até o quarto da vovó segurar sua mão e conversar um pouco com ela. Depois, além de conversar, ele passou a cantar também as músicas e a fazer as orações que ela tinha ensinado para ele.
Em poucos dias, a vovó começou a melhorar bastante. Passou a ficar com os olhos abertos. Às vezes ela sorria e falava algumas palavras bem baixinho.
Um dia Juquinha chegou bem perto e conseguiu ouvir.
– Te amo, Juquinha! – disse ela.
– Também te amo, vovó – respondeu ele, abraçando-a.
A vovó foi melhorando cada vez mais. Passou a cantar e a fazer as orações com o neto. Depois começou a conversar. Um belo dia ela conseguiu até ficar de pé e dar alguns passos.
Por fim, finalmente ela se recuperou e voltou a ser como antes.
Juquinha comemorava cada conquista dela. E o carinho entre eles parece que tinha até aumentado. Ele passou a ajudá-la de outras formas também, buscando seus óculos, calçando seus sapatos...
Quando ela pedia alguma coisa Juquinha nunca reclamava e fazia logo, pois sentia-se feliz por tudo o que ele já conseguia fazer.
Com sua mãe ele tinha aprendido que qualquer pessoa pode ser útil quando quer de verdade. E com a doença da vovó ele percebeu que queria aprender a fazer muitas coisas, pois é muito gratificante conseguir ajudar alguém.
O Consolador
Revista Divulgação Espírita
2022
O VOO DA GAIVOTA
Vera Lúcia Marinzeck Espírito
Espirito: Patrícia
Editora: PETIT
Neste romance, Patrícia, agora mais adaptada ao mundo espiritual, participa de um importante resgate no plano espiritual: o Umbral – lugar habitado por espíritos ainda desprovidos de luz e entendimento, onde estão aqueles que, quando encarnados, envolveram- se com drogas.
Com sua linguagem simples e envolvente, Patrícia nos mostra as consequências da dependência química e do desencarne por ela provocado; consola e esclarece aqueles que sofreram as desilusões e sentem dificuldade para vencer a dor.
Nas palavras da própria autora espiritual “Trabalhar com amor, ultrapassando nossas obrigações, para o nosso bem e do próximo, e mais, sem esperar nada em troca”.
APEGO MATERIAL E PODER
Nilton Moreira
Planejar o futuro de certa maneira pode parecer válido quando temos metas no curto prazo. Já planos que enveredam pelos anos são meras projeções que servem apenas para mostrar aos outros que o futuro está idealizado, pois na maioria não se concretizam.
Disse um filósofo que devemos viver intensamente o presente, já que o passado não volta e o futuro é o hoje que já chegou. O apego aos bens materiais para demonstrar cada vez mais poder nos faz deixar de usufruir possibilidades ou permitir que outros usufruam, além de nos escravizarmos a exemplo daquelas pessoas que vão ao banco diariamente consultar o saldo, mesmo tendo aplicativo que podem ver à distância, mas não se contentam e têm de ir conversar com alguém do banco para saber como as “coisas” estão, e aproveitam para “filar” um cafezinho.
Aglomeramos riquezas e deixamos de levar ou proporcionar uma vida mais confortável para os nossos familiares próximos! Privarmo-nos do conforto, do lazer, de comer melhor, de vestir melhor ou auxiliar o próximo são formas íntimas de exteriorizar o egoísmo.
Na realidade, toda a fortuna e bens materiais que acumulamos se acabam no momento em que retornamos à pátria espiritual, pois na partilha a fortuna fragmenta-se, deixando de ser uma riqueza para se tornar frações que serão administradas pelos que ficaram, e às vezes com outros objetivos e finalidades que seriam abominadas pelo então acumulador.
Viva o hoje sem acumulação. A justificativa de juntar para deixar aos filhos é desculpa para esconder o apego à matéria e ter cada vez mais centralização de poder. Proporcione a outrem o que é mais importante, como a possibilidade de alcançar o conhecimento através do estudo, de cursos, pois assim tais pessoas se tornarão autossuficientes e conquistarão sua própria fortuna.
Planeje o hoje, mas com objetivos concretos, sem utopias. Jesus quando esteve aqui nos ensinou e demonstrou como proceder, e disse: "Não ajunteis tesouros na Terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam, porque onde estiver o vosso tesouro aí estará também o vosso coração”.
Estas palavras, embora tenham sido ditas há quase 2.000 anos, devemos vivenciar cada vez mais, pois só assim, quando retornarmos ao plano espiritual, menos ansiedades nos acometerão.
Consolador
2022
EQUILÍBRIO
Divaldo Franco
Professor, médium e conferencista espírita
Embora as conquistas inquestionáveis da ciência e da tecnologia atuais proporcionando ao ser humano valiosos contributos que deslumbram, o indivíduo em si mesmo e a sociedade em geral debatem-se em conflitos aterradores e problemas de grande complexidade.
Podemos afirmar que os avanços intelectivos tornaram a existência na Terra muito mais digna de ser vivida com excelentes resultados na área da saúde, do relacionamento, do cooperativismo, da comunicação, da higiene… Nada obstante, as estatísticas a respeito do desrespeito às leis, da criminalidade em geral, dos abusos do poder, das desonestidades, da conduta moral demonstram que não foram iguais os resultados àqueles que a tecnologia nos proporciona.
Os valores éticos são desrespeitados a todo momento, e uma vaga de ultraje moral domina os quadrantes do planeta, apontando males perversos que se vêm instalando com segurança e aumentando os índices de alucinação e de desencanto em relação à existência.
A liberação do indivíduo que consegue o direito de fazer tudo que lhe apraz, sem a menor consideração pelo seu próximo, vem transformando cidadãos em desordeiros, pessoas em objeto de uso fácil e abandono rápido.
Nestes dias, quando todos necessitamos de muito equilíbrio moral e emocional, somente se fala em agressividade e violência, sexo desvairado, drogadição abusiva, justificação para a prática de aberrações de vária ordem num avanço gigantesco, ameaçando a cultura e a liberdade, já que se está atingindo a libertinagem como fenômeno histórico natural.
Permitir-se comportamentos esdrúxulos, vulgares e propagá-los tornou-se uma virtude moderna fascinante a que se devem entregar todos, em busca do prazer e do poder.
Desconsideram-se e são divulgados com brilhantismo doentio o desaparecimento da dignidade e da conduta saudável, favorecendo o domínio de doenças difíceis de cura, em razão da entrega do indivíduo ao fanatismo do gozo, mesmo que destrutivo.
Pede-se, no entanto, mais licença para crimes chocantes tornados legais, como se já não bastassem os que se fizeram quase normais, em razão da sua prática sem qualquer pudor e de maneira agressiva…
Nunca precisamos tanto de equilíbrio como nestes dias.
A turbulência de condutas estranhas e danosas toma todo o espaço mental do ser humano, e ordem, fé religiosa, conduta compatível com as bases da civilização desde os seus primórdios são rechaçadas, levadas ao ridículo.
É urgente a tomada de atitudes saudáveis e corajosas para dignificar a sociedade.
Cabe-nos, aqueles que ainda não nos contaminamos, a tarefa de advertir e subverter a desordem, retornando aos deveres cristãos, como de outras religiões que objetivam tornar o ser humano feliz.
Artigo originalmente publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 22 de setembro de 2022.
QUEM ÉS?
“Há só um Legislador e um Juiz que pode salvar e destruir. Tu, porém, quem és, que julgas a outrem?” — (TIAGO, capítulo 4, versículo 12.)
Deveria existir, por parte do homem, grande cautela em emitir opiniões relativamente à incorreção alheia.
Um parecer inconsciente ou leviano pode gerar desastres muito maiores que o erro dos outros, convertido em objeto de exame.
Naturalmente existem determinadas responsabilidades que exigem observações acuradas e pacientes daqueles a quem foram conferidas. Um administrador necessita analisar os elementos de composição humana que lhe integram a máquina de serviços. Um magistrado, pago pelas economias do povo, é obrigado a examinar os problemas da paz ou da saúde sociais, deliberando com serenidade e justiça na defesa do bem coletivo. Entretanto, importa compreender que homens, como esses, entendendo a extensão e a delicadeza dos seus encargos espirituais, muito sofrem, quando compelidos ao serviço de regeneração das peças vivas, desviadas ou enfermiças, encaminhadas à sua responsabilidade.
Na estrada comum, no entanto, verifica-se grande excesso de pessoas viciadas na precipitação e na leviandade.
Cremos seja útil a cada discípulo, quando assediado pelas considerações insensatas, lembrar o papel exato que está representando no campo da vida presente, interrogando a si próprio, antes de responder às indagações tentadoras: “Será este assunto de meu interesse? Quem sou? Estarei, de fato, em condições de julgar alguém?”
Caminho, Verdade e Vida
Francisco Cândido Xavier
Ditado pelo Espírito Emmanuel
SONHANDO COM UM LAR
O Chico é muito estimado por todos em Pedro Leopoldo. Todos lhe querem bem, homens, mulheres e crianças.
Um grupo de senhoras comentava a solteirice do Chico, quando ele passava. E uma delas:
— Falávamos coisas boas de você, Chico. Que você deveria casar-se, ter uma companheira, um lar seu, viver assim diretamente para alguém...
— Agradeço-lhes muito, mas, minhas irmãs, cada um tem a missão que pediu.
Abraçou-as satisfeito e partiu.
E foi pensando no que lhe disseram as caras irmãs.
À noite, a sós, no seu quarto, veio-lhe à lembrança, de novo, aquele assunto de casamento. Entrando em colóquio com a sua consciência, entendeu que era de fato, muito infeliz.
Escreveu uma carta ao seu grande amigo Manoel Quintão e nela exteriorizou seu estado de alma combalido. Era ele, terminava, como uma árvore seca, de galhos mirrados, sem ninhos, sem flores, sem frutos.
E dormiu.
Sonhara um lindo sonho. Alguém, com quem conversava, certamente inspirado pelo seu querido Guia, explicava-lhe:
— Chico, você sabe bem entender a lição do perfume no vaso. Enquanto aí está, apenas beneficia o vidro que o prende. Fora do vidro, perfuma a tudo e a todos. Você, Chico, procure viver não apenas para uma pessoa, mas sim para muitos. E na tarefa, com Jesus, você não se pertencerá porque estará a serviço dele. Lembre-se de que o perfume do Evangelho pertence a todos.
E Chico acordou mais alegre.
Ficou satisfeito com a sua tarefa; apenas não pode acreditar que seja perfume...
Mas sua irmã Geralda, a quem conhecêramos em Belo Horizonte, justificando os elogios que lhe fazíamos do irmão, dizia-nos:
— Não, ele não é nosso irmão apenas. Foi, tem sido e é: — a nossa Mãe.
Livro Lindos Casos de Chico Xavier
Autor Ramiro Gama
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