ESPÍRITO NÃO RETROGADA
Diz o grande e quase esquecido dicionário Aurélio que retrogradar é retroceder no espaço e no tempo, movimentar-se em sentido retrógrado, marchar em sentido contrário ao progresso. E, o espiritismo afirma com todas as letras que o Espírito não vai contra a evolução, não anda para trás.
O Espírito não retrograda no sentido de que nada perde do que adquiriu em saber, em cultura, em virtudes; nada perde de seu progresso, e por isso, jamais um Espírito bom será mau, jamais um Espírito sábio se tornará ignorante, jamais um Espírito justo será injusto.
Ele pode ficar estacionário, passar um tempo sem progredir, mas retroceder, isso não poderá acontecer, pois seria a negação da lei do progresso, lei a que todos estamos submetidos, seres e Planetas.
A glamorosa doutrina dos Espíritos deixa também claro, que apenas no plano moral é que o Espírito não retrogada, mas que é bem possível a retrogradação do nível social e do plano material. Podemos exemplificar: se um Espírito teve posição de mando e abusou desse poder, poderá vir em outra vida em posição subalterna ou mesmo humilhante; se veio muito rico e fez mal uso de sua riqueza, poderá vir em nova encarnação numa situação muito pior, e talvez em estrema pobreza.
Em casos semelhantes os Espíritos sofrem uma queda no nível social e material, caracterizando uma retrogradação, onde a estima e a boa consideração de outrora são substituídas pela indiferença e pelo desprezo, mas apesar do sofrimento a que são submetidos, continuam a progredir.
Temos um grande exemplo de retrogradação da posição social e material em nossa própria Terra, que há vinte e cinco mil anos, recebeu, depois de longa viagem, levas de Espíritos degredados, decaídos moralmente, procedentes de um dos globos do sistema da estrela Capella, na constelação de Auriga.
Vieram para dar início a uma civilização com o objetivo de aprimorar o físico e a cultura humana, propiciando um elevado avanço no progresso e ao mesmo tempo, sendo punidos por não acompanharem a evolução moral de seu Planeta natal.
A nossa querida Terra está agora entrando em nova fase de transição planetária onde os Espíritos endurecidos, recalcitrantes no mal, perderão o direito de aqui reencarnarem e irão para outro Planeta que terá as condições muito inferiores, como o nosso Planeta tinha há muitos milênios e lá ajudarão no progresso local, ao mesmo tempo em que expiarão suas faltas.
Depois disso, se realmente progredirem, poderão retornar ao Planeta que os receberá como filhos pródigos.
Crispim.
Referências bibliográficas:
- Revista Espírita 1863. Jornal de Estudos Psicológicos. Ano Sexto. Allan Kardec.
- Colônia Capella – A outra Face de Adão. Pedro de Campos/Yehoshua bem Nun.
MEDIANTE O PRÓXIMO
Nesta manhã quero elevar meus pensamentos até Deus, agradecendo pela dádiva da vida, pois nessa caminhada que se começa todos os dias, pode se algo fazer para que o amanhã seja mais promissor.
Mas hoje quero aproveitar a oportunidade que é colocada em minhas mãos.
Quero também agradecer pelo solo em que se planta o trigo, que garante o pão a tantos, a fim de que eles vivam e compreendam a importância de viver, a importância de viver para elevar a gratidão ao nível dos benefícios recebidos.
Rogo pelas mãos amigas que me auxiliaram, quando me encontrava sem abrigo e sem o pão. Que essas mãos benfeitoras possam receber ainda muito mais e se porventura algo de ruim acontecer, no momento mais preciso, possam encontrar o amparo que necessitam.
Por aqueles que foram colocados no meu caminho na condição de adversários porque eles veem certas verdades ao meu respeito, que ainda não sou capaz de detectar, pois que têm a clareza de ideias para dizer exatamente onde estão os meus erros.
Pelos familiares que foram capazes de me aceitar e suportar-me por longos anos, sempre me dedicando amor e compreensão, carinho e respeito, até nos meus momentos de insânia.
Também pela experiência neste campo de provas, porque pude pensar muito e realizar alguma coisa, ainda que pouca; pelo carinho e afeto de quantos encontrei à margem do caminho, que não me pediam pão, mas me incentivavam para que seguisse adiante.
O pão que porventura espalhava era como um tesouro muito precioso, que se multiplicava à medida que mais doava, mais as cestas se enchiam.
Sou também grato por aqueles que me ajudaram a superar os dramas íntimos a que vivera acorrentado por longos anos e julgava impossível desvencilhar-me deles.
Agora me sinto mais livre e feliz, porque consegui dar um pequeno passo adiante, por isso sou grato a todos ao longo da estrada, pois que mediante o próximo é que pude chegar até Jesus, porque sem Ele seria ainda o homem velho que fala o Evangelho, aliás, não seria nada sem a bênção do seu amor.
Histórias Educativas
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
MENSAGEM DE SIMPLICIDADE
Um dos fatos mais marcante da mensagem de Jesus é a simplicidade. Em tudo há aquele caráter pedagógico do amor que ilumina o caminho, apazigua os corações, desarma aqueles espíritos mais recalcitrantes. Assim que sua palavra vai se alojando, sem esforço, no coração daquelas criaturas que se dispõem a caminhar na senda libertadora.
É marcante essa passagem:
“Porque vos inquietais pela roupa? Observem como crescem os lírios dos campos, eles não trabalham nem fiam, no entanto o pai os alimenta”..., desse quadro poético da natureza retira esse suave aroma de confiança diante da lei maior.
Num momento que coloca como base o que deseja da vida e é viver o essencial. Mas também seja útil e prestativo. Como se dissesse nessa frase confie e trabalhe, porque nessa imagem dos lírios do campo está implícito.
Embora não fiam nem teçam, mas procuram nas entranhas da terra retirar os nutrientes essenciais de que se nutrem, mas isso não impede que se apresente de forma digna diante do mundo, dando à vida a sua contribuição.
De suas palavras benditas despertava esse suave colorido de encanto e beleza, valendo-se das coisas simples da natureza para passar aos seus tutelados a maneira certa de viver feliz e dando a sua contribuição para um mundo cada vez melhor.
Ainda considere esses pequenos arbustos tão frágeis e que duram tão pouco, no entanto, o pai com eles se preocupa e quanto mais aos homens de pequena fé. Pois tanto tem amado que mandou Jesus ao mundo para oferecer-lhe o melhor, a fim de que pudessem ter um roteiro seguro, sedimentado pelo exemplo, pelo amor a grande causa do bem.
Desde o nascimento a sua vida grandiosa decorreu num tom de simplicidade e leveza, nasceu numa manjedoura entre pastores anônimos e animais. Essa foi a sua entrada triunfal no mundo da matéria densa, sem nenhum aparato especial, nem qualquer manifestação do mundo exterior.
Mesmo no anonimato foi reconhecido pelos reis magos que seguira a estrela que marcava a sua presença do mundo, que fora predito desde a remotíssima antiguidade, vieram eles do oriente prestar a sua reverência a esse espírito magnânimo, trazendo-lhes presente para festejar a sua vinda, ouro, incenso e mirra.
Prestaram suas homenagens ao recém-nascido e discretamente retornam aos seus domínios por outro caminho, por orientação de mensageiros da vida superior, evitando assim complicações ao menino escolhido.
Depois, já na maturidade, demonstrando essa sabedoria que está acima de qualquer consideração do mundo, afirma categórico:
“Aquele que quiser ser o maior, seja o servidor e todos”.
Procurando demonstra que para seguir com ele, devia se revestir de humildade e simplicidade, além do esforço pessoal para deter-se no principal.
Na alusão as “aves do céu”, repetem o mesmo conceito de simplicidade, pois que embora os pássaros também não trabalhem no mundo material, mas também o esforço diário é imprescindível, visto que deve todo o dia buscar o alimento onde se encontre, exercendo um papel importante na natureza.
Assim que aproveite as coisas simples da vida e também, faça o seu futuro, valendo-se dos recursos que estão a sua disposição, recursos que contribuem para educar os seus sentimentos - amor e caridade sempre.
Luzes Da Ribalta
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
DADOS BIOGRÁFICOS DOS APÓSTOLOS
Judas Tadeu, Tadeu ou Lebeu
As referências evangélicas sobre o apóstolo são: Mateus, 10:3; Marcos, 3:18; João, 14:22; Lucas, 6:16; Atos dos apóstolos, 1:13. Os nomes Tadeu ou Lebeu têm o mesmo significado: “[…] Lebeu vem do hebreu, e do aramaico leb, coração, e Tadeu se deriva do aramaico thad, que quer dizer seio de mãe, significando, ambos, filho amado [...].”279
Judas Tadeu é identificado pela tradição antiga como o autor da Epístola de Judas, na qual refere a si mesmo como “irmão de Tiago” [Tiago filho de Alfeu], “[...] que foi escrita a uma igreja ou grupo de igrejas desconhecidas para combater o perigo representado por certos mestres carismáticos que estavam pregando e praticando libertinagem moral. O autor procura denunciar esses mestres como pessoas ímpias cuja condenação foi profetizada, e insta seus leitores a preservar o Evangelho apostólico vivendo segundo as suas exigências morais”.
Mateus ou Levi
São referências evangélicas a respeito do apóstolo: Mateus, 10:3; Marcos, 2:14; Lucas, 5:27 e 6:15; Atos dos apóstolos, 1:13. Mateus ou Levi era filho de Alfeu e de Cléofas, tendo como irmão Tiago Menor. Nasceu na Galileia e era publicano (cobrador de impostos), estabelecido em Cafarnaum. É um dos apóstolos presentes à ressureição. A tradição diz que Mateus pregou o Evangelho aos judeus, não se afastando da região onde nasceu e viveu. Daí ser o seu Evangelho repleto de hebraísmos.
Publicanos – Assim eram chamados, na antiga Roma, os cavalheiros arrendatários das taxas públicas, encarregados da cobrança dos impostos e das rendas de toda natureza, quer na própria Roma, quer nas outras partes do Império. [...]
O nome publicano se estendeu mais tarde a todos os que administravam o dinheiro público e aos agentes subalternos. Hoje esse termo se emprega em sentido pejorativo para designar os financistas e os agentes pouco escrupulosos de negócios.
[...]. Os judeus tinham, portanto, horror ao imposto e, em consequência, a todos os que se encarregavam de arrecadá-lo. Daí a aversão que votavam aos publicanos de todas as categorias, entre os quais podiam encontrar-se pessoas muito estimáveis, mas que, em virtude de suas funções, eram desprezadas, assim como as pessoas de suas relações e confundidos na mesma reprovação.
Os judeus de destaque consideravam um comprometimento ter intimidade
com eles.
Tiago, Filho de Zebedeu ou Tiago Maior
Referências evangélicas sobre o apóstolo: Mateus, 4:21 e 10:3; Marcos, 3:17; Lucas, 6:17; Atos dos apóstolos, 1:13. Tiago era pescador de profissão, nascido em Betsaida (Galileia), irmão de João Evangelista, filhos de Zebedeu.
Fazia parte do círculo mais íntimo de Jesus.
Quatro pessoas no Novo Testamento têm o nome Tiago (grego Iakobos), que é uma de duas formas gregas do nome hebraico Jacó (a outra sendo a simples transliteração Iakob). Como Jacó era um ancestral referenciado em Israel, Tiago foi um nome comum entre os judeus no período romano. Tiago, filho de Zebedeu, era um pescador galileu na área de Cafarnaum no mar da Galileia, um sócio (juntamente com seu irmão João) de Simão Pedro. Estava trabalhando no negócio encabeçado por seu pai quando foi chamado por Jesus para ser seu discípulo. Tiago e João formaram, ao lado de Pedro, o núcleo mais estreito de três entre os Doze apóstolos: eles testemunharam a ressureição da filha de Jairo, estiveram presentes à transfiguração e observaram (e em parte dormiram enquanto ela ocorria) a agonia de Jesus em Getsemâni. Ao que parece, Tiago e João expressavam-se explosivamente, ou esperavam que Deus lançasse um súbito julgamento sobre os inimigos de Jesus, porque foram apelidados Boanerges (sons de trovões) [...]. Fora dos Evangelhos sinóticos,Tiago, filho de Zebedeu, aparece somente em Atos. Estava presente na sala superior com o grupo que esperava Pentecostes. A única outra referência a ele no Novo Testamento é a notícia enigmática de que Herodes (Agripa I) o havia matado. Ele foi, assim, o segundo mártir registrado da igreja (depois de Estêvão) e o primeiro do grupo apostólico a morrer (com exceção de Judas Iscariotes, que havia sido substituído como apóstolo).
Livro Evangelho Redivivo
FEB
PSICOGRAFIA
Prezado Amigo!
Neste fim de ano venho dar-lhe parabéns pela luta do ano que hoje se finda. Não poderia ser mais auspicioso este ano, porque colocou a prova muitas conquistas de ordem íntima, oferecendo valores e colocando se a disposição para o trabalho mais simples a fim de cooperar na economia familiar. Se nem tudo correu dentro do esperado, nem por isso deve se aborrecer. Certos acontecimentos têm os seus peso e a sua responsabilidade, que deve ser bem avaliado. Naturalmente em todo lugar há tropeço e muita coisa não corre dentro daquilo que fora previsto, porém a exigência da vida segue o seu curso e deve ser entendidas e assimiladas. Conquanto queira resolver certos problemas de imediato, nem sempre as condições permitem, ficando para mais tarde. Mas como diz o provérbio popular: quem luta sempre vence, às vezes não ocorre conforme o planejado, mas sempre algo de bom acontece.
Antes de tudo deve contabilizar que mais um ano se passou e pode estar presente na luta, enquanto tantos desistiram por problemas menores.
Sem há disposição àquele que vê a vida presente como uma viagem transitória por mais que as dificuldades sejam grandes, mas como considera de pouca duração consegue superar os obstáculos com mais facilidades, aferindo, inclusive certos valores, que somente vivenciando as suas diversas fazes é que pode realmente compreender o seu valor, como experiência da mais alta importância.
Aqui não é diferente, a cada dia se depara com um problema que exige uma solução.
Muita gente se questiona todo dia sobre muitos assuntos, inclusive sobre seus sentimentos, assuntos de religião, política, comportamento social, economia, etc. Tanta coisa ocorrendo à revelia de nossos interesses imediatos, tanta coisa a se processar de maneira incorreta, mas que tem lugar em nosso mundo e talvez ainda por muito tempo ainda ocorrerá, sem que ninguém consiga dar uma solução satisfatória.
No que respeita as suas atitudes, talvez pudesse fazer mais, porém devido a certas limitações foi o possível.
O amor é a solução para muitos problemas que ainda não foram devidamente equacionados, porque muitos problemas surgem da falta de amor.
Assim, para viver uma vida bem vivida, deve colocar em tudo muito amor, porque este tem o poder de transformar para melhor todas as coisas. Até um não dito com amor pode Ter outro significado. Mas o amor é semelhante a uma planta que deve ser cultivada por muito carinho para que ele produza os seus frutos. O mundo ainda não é o que se espera por falta de amor. Há ainda muita discórdia e conflitos por causa do egoísmo e do orgulho. No dia que colocar o amor em primeiro lugar tudo poderá mudar, porque o rico não quererá explorar o pobre, nem o pobre olhará o rico com despeito e revolta, ambos compreenderão os seus compromissos mútuos. O rico porque encara as suas possibilidades financeiras como um compromisso que tem com a sociedade e o pobre compreende que a riqueza é importante para lhe dar suporte, mas não absolutamente necessário à felicidade, de maneira que é perfeitamente viável que os dois extremos convivam em paz e agindo um a favor do outro.
As maiorias dos conflitos surgem quando o amor não foi cultivado desde a infância, o amor pode também ser ensinado. O respeito à benevolência em tudo deve ser a primeira lição a ministrar aos filhos, sem essa providência inicial sempre haverá enormes bolsões de misérias e insatisfação e dificuldade de relacionamento, porque cada um quererá olhar exclusivamente sob o seu ponto de vista. O patrão tentará pagar o mínimo para o seu empregado, enquanto que o empregado olhará o patrão como inimigo que deve criar toda a sorte de problemas para se vingar, sem atinar na possibilidade que poderá ficar sem emprego, sem secar a fonte poderá morrer de sede, porém cada um assim colherá da sementeira que semeou. Somente quando a dor bater a porta é que compreenderá a importância das virtudes pequenina que a velha mãe lhe ensinara, porém que nunca dera a menor importância. Cultiva-se o mal, naturalmente do mal colherá. Semeia-se escolho no caminho dos outros, certamente que não poderá segar frutos comestíveis.
Às vezes procura se ajustar aqui e ali, mas muito pouco se consegue se não há boa vontade e trabalho.
Pouco poderia dizer, mas desejo muito êxito nesse ano que se aproxima e que desta feita consiga realizar o seu sonho, de eleger um mundo melhor para viver, ainda que seja com muita dificuldade, mas que se esse é o ideal maior não há porque recuar, mas aplicar mais esforço e mais fé, pois procura sempre encontra.
APSVI-05
Espiritismo para crianças
Marcela Prada
Tema: Otimismo
HOJE VAI SER UM ÓTIMO DIA!
Carlos acordou com o despertador tocando. Na janela não havia claridade, parecia que ainda era noite.
Eram 6 horas da manhã e Carlos estava com sono. Gostaria de dormir mais, mas tinha que acordar para levar sua mãe ao médico. Ela já era bem idosa, tinha problemas de saúde e havia agendado para fazer exames naquela manhã.
Carlos se levantou, olhou pela janela e viu que havia tantas nuvens escuras no céu, que o nascer do sol estava até encoberto. O vento balançava as plantas e uma chuva forte não ia demorar para cair.
– Nossa! Que dia difícil vai ser esse! – disse Carlos, resmungando.
Mesmo desanimado, ele se arrumou e foi até o quarto de sua mãe para acordá-la.
Para sua surpresa, Dona Cida já estava de pé, já se havia trocado e disse animada quando o viu:
– Bom dia, filho! Bom, não, ótimo! Porque hoje vai ser um ótimo dia!
Carlos estranhou a animação da velhinha. Achou que ela não estivesse se lembrando que era o dia dos seus exames. Ou então, que não tivesse percebido que eles precisariam sair de casa com aquele tempo ruim.
– Mamãe, a senhora está se lembrando que hoje não poderá tomar seu café, de que tanto gosta? Que hoje é o dia dos seus exames e tem que fazê-los em jejum, sem comer nada?
– Claro que lembro, Carlos, estou velha, mas não caduca! – disse ela, dando uma risada gostosa.
Carlos, ainda mal-humorado, continuou perguntando:
– A senhora sabe que além de não tomar café da manhã, vai ter que ficar no laboratório esperando sua vez? E que temos que chegar lá cedo, e que a senhora vai ter que tomar uma injeção antes do exame?
Dona Cida, percebendo que Carlos só estava vendo o lado ruim das coisas, respondeu:
– Sim, Carlos, claro que sei. Eu ouvi muito bem o que o médico explicou.
E Carlos, parecendo ainda querer testar o bom ânimo de sua mãe, disse:
– E para piorar, o dia começou com um tempo horrível, com frio, vento e chuva. Ainda acha que vai ser um ótimo dia, mamãe?
Dona Cida tinha muitos anos de vida e muitas experiências bem vividas, que tinham ensinado a ela importantes lições. Assim, calmamente, ela disse:
– Meu querido, você mesmo acabou de falar, então sabe muito bem os desafios que nós teremos hoje. O que você acha que é melhor? Passarmos por eles com otimismo, com bom humor, com confiança em Deus, ou com pessimismo e mau humor?
– Eu estou me preparando para ter o melhor dia possível hoje – continuou dona Cida. – Hoje vai ser um ótimo dia, sim! Tenho o seu amparo para me acompanhar, tenho a oportunidade de me cuidar, tenho agasalho e guarda-chuva para me proteger e vou me aproximar mais de Deus, porque estou rezando muito para que Ele me abençoe e que corra tudo bem. Se eu já começar o dia mal, vai ser muito mais difícil, mas se eu colocar na minha mente e no meu coração que hoje vai ser um ótimo dia, com certeza vou ter um dia bem melhor, não acha? – perguntou a senhora, com um sorriso.
Carlos ouviu com atenção o que sua mãe lhe disse e não pôde deixar de reconhecer que dona Cida estava certa. Então, ele deu um abraço nela e disse sorrindo:
– Tem razão, mamãe! Hoje vai ser, com certeza, um ótimo dia!
O Consolador
Revista Divulgação Espírita
2022
MÉDIUNS E MEDIUNIDADES
De Cairbar Schutel
Editora Virtual O Consolador
Publicado na quinta-feira, dia 29 de setembro, o mais novo lançamento da EVOC – Editora Virtual O Consolador é de autoria de Cairbar Schutel, que o publicou inicialmente em 1923. Ao editá-lo no formato digital, o objetivo da EVOC é permitir que mais pessoas, especialmente os que residem no exterior, tenham fácil acesso à obra e possam, assim, iniciar-se no conhecimento e estudo dos livros que nos foram legados por Cairbar Schutel.
Natural do Rio de Janeiro (RJ), Cairbar Schutel nasceu no dia 22 de setembro de 1868 e desencarnou em Matão (SP) em 30 de janeiro de 1938. Divulgador espírita dos mais importantes da história do Espiritismo em nosso país, fundou no dia 15 de julho de 1905 o Grupo Espírita Amantes da Pobreza, atual Centro Espírita O Clarim, localizado na cidade de Matão (SP), onde lançou no mesmo ano o conhecido jornal espírita “O Clarim” e 20 anos depois, em 15 de fevereiro de 1925, a Revista Internacional de Espiritismo, publicação mensal dedicada aos estudos dos fenômenos anímicos e espíritas.
Pioneiro das transmissões espíritas por meio do rádio, Cairbar é autor de 17 importantes livros, todos eles publicados pela Casa Editora O Clarim, por ele também fundada.
A presente obra foi escrita com o objetivo de facilitar a compreensão dos ensinamentos contidos em O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, do qual é um resumo.
No texto intitulado “Exposição preliminar”, logo na abertura da obra, Cairbar escreveu:
“O Espiritismo, exposto aos leitores em síntese, tal como o fazemos, proporciona duas vantagens bem nítidas: primeira, a de dar àqueles que nos leem a expressão nítida, clara, racional da sua doutrina, que abrange as esferas religiosa, filosófica e científica; segunda, a de guiá-los a mais altos empreendimentos, infundindo-lhes nas almas o desejo de aprofundar a Revelação Nova, que veio iniciar uma nova era no progresso dos povos.”
Além do texto acima citado e da Conclusão, o livro é constituído de 40 capítulos, em que o autor esmiúça, de forma simples e objetiva, o tema mediunidade e os variados tipos e modalidades em que a faculdade mediúnica se apresenta.
O TABULEIRO OUIJA
José Estênio Gomes Negreiros
O portal de notícias Contra Fatos! (contrafatos.com.br), em sua edição de 16 de novembro de 2022, trouxe uma matéria dando conta de que, no corredor de uma escola localizada na cidade de Hato na Colômbia, recentemente onze adolescentes com idades entre 13 e 17 anos foram encontrados desmaiados num dos corredores do estabelecimento de ensino, depois de terem participado de um jogo utilizando um tabuleiro ou tábua Ouija, por intermédio do qual supostamente se pode fazer contato com o mundo espiritual. Conduzidos a um hospital os meninos ficaram internados durante um dia e conforme o coordenador médico de emergência, Juan Pablo Vargas Nogueira, não foram encontradas alterações psicológicas nos pacientes, tendo ocorrido, sim, um episódio de intoxicação pela água que todos beberam de um mesmo copo. O prefeito da cidade, no entanto, não descartou a possibilidade de os desmaios terem sido causados pelo uso do instrumento Ouija, muito em voga na Europa e nas Américas a partir da primeira metade do século XIX.
Algumas publicações pesquisadas na Internet afirmam que o primeiro instrumento que teria dado origem à atual placa Ouija foi encontrada na China no ano 1.100 d.C., entre documentos históricos da dinastia Song. “A comunicação era conhecida como Fuji, que pode ser traduzido como “Escrita Espiritual”. Era usada em rituais e apenas sob supervisão de membros autorizados. Até ser proibida pela Dinastia Qing, foi uma prática recorrente na Escola Quanzhen.” (¹)
O empresário estadunidense Charles Kennard teria sido o criador do primeiro protótipo do Ouija da Era Moderna, uma espécie de 'mesa falante', em meados do século XIX. Kennard nominou o aparelho de Ouija após consulta aos espíritos, que lhe disseram significar “Boa Sorte”.
Em 1891 o conterrâneo de Kennard, Elijah J. Bond recebeu a concessão da patente para fabricação dos tabuleiros falantes, tendo vendido rapidamente milhares deles.
Atualmente, a procura por esses instrumentos é saliente podendo ser encontrados até mesmo em sites de vendas pela Internet.
Levo-me a crer que, em O Livro dos Médiuns, (²) capítulo XI, item 143, publicado em 1861, Allan Kardec fazia menção a aparelhos similares ao Ouija na seguinte passagem “Esses instrumentos só os conhecemos pelos desenhos e descrições que têm sido publicados na América. Nada, pois, podemos dizer do valor deles; temos, porém, para nós, que a só complicação que denotam constitui um inconveniente; que a independência do médium se comprova perfeitamente pelas pancadas interiores e, ainda melhor, pelo imprevisto das respostas, do que por todos os meios materiais. (...)”
No item 144 do mesmo capítulo ele se refere a uma Mesa-Girardin com a seguinte alusão: “Um aparelho mais simples, porém, do qual a má-fé pode abusar facilmente, conforme veremos no capítulo das Fraudes, é o que designaremos sob o nome de Mesa-Girardin, tendo em atenção o uso que fazia dele a Sra. Emílio de Girardin nas numerosas comunicações que obtinha como médium. Porque, essa senhora, se bem fosse uma mulher de espírito, tinha a fraqueza de crer nos Espíritos e nas suas manifestações. Consiste o instrumento num tampo móvel de mesa, com o diâmetro de trinta a quarenta centímetros, girando livre e facilmente em torno de um eixo, como uma roleta. Sobre sua superfície e acompanhando-lhe a circunferência, se acham traçados, como sobre um quadrante, as letras do alfabeto, os algarismos e as palavras sim e não. Ao centro existe uma agulha fixa. Pousando o médium os dedos na borda do disco móvel, este gira e para, quando a letra desejada está sob a agulha. Escrevem-se, umas após outras, as letras indicadas e formam-se assim, muito rapidamente, as palavras e as frases. (...)” “Sem dúvida, eles preferem os meios mais cômodos e, sobretudo, mais rápidos; mas, em falta de lápis e papel, não escrupulizarão de valer-se da vulgar mesa falante e a prova é que, por esse meio, se obtém os mais sublimes ditados. (...)”.
No capítulo XIII da mesma obra, Kardec fala sobre “Psicografia indireta: cestas e pranchetas” no qual cita outros instrumentos usados para comunicação com entes espirituais, ressaltando o seguinte: “Efetivamente, como acabamos de ver, as mesas, pranchetas e cestas não são mais do que instrumentos ininteligentes, embora animados, por instantes, de uma vida fictícia, que nada podem comunicar por si mesmos. Dizer o contrário é tomar o efeito pela causa, o instrumento pelo princípio. (…).”
A abundância de instrumentos que supostamente servem para comunicação com os mortos aumenta proporcionalmente as probabilidades de se fraudarem tais contatos. Por isso mesmo, o Codificador alerta no capítulo XXVIII-Charlatanismo e Prestidigitação/Médiuns Interesseiros/Fraudes Espíritas, item 314 sobre tais armadilhas.
No capítulo XXV-Questões e Perguntas, item 282-11, Kardec indaga e os Espíritos respondem:
11. Será inconveniente evocar Espíritos inferiores e será de temer que eles dominem o evocador?
— Eles só dominam os que se deixam dominar. Quem for assistido por Espíritos bons nada tem a temer, porque se impõe aos Espíritos inferiores e não estes a ele. Os médiuns quando sós, principalmente quando iniciantes, devem evitar essa espécie de evocações.
Com isso, o Codificador alerta para o perigoso inconveniente de se evocar espíritos em reuniões e com propósitos frívolos, como possivelmente possa ter ocorrido com os garotos da cidade de Hato na Colômbia – e que deu-me ensejo de escrever este artigo – porque ambientes dessa natureza são atrativos para os espíritos zombadores e atrasados a quem pouco importa constranger ou fazer o mal a quem os evoca, utilizando-se seja que instrumentos forem.
Reuniões para se evocarem aqueles que já se despiram das vestes carnais devem ser realizadas somente em ambientes adrede preparados, com propósitos moralmente úteis à evolução da Humanidade, como por exemplo as sessões mediúnicas nos centros espíritas pundonorosos e íntegros, mediadas por pessoas de caráter ilibado e de profundo conhecimento da Doutrina Espírita.
Consolador
2022
O HOMEM (E A MULHER) DE BEM
Divaldo Franco
Professor, médium e conferencista espírita
Em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, Allan Kardec, no Capítulo XVII, escreveu um dos mais belos temas que conheço a respeito do homem e da mulher de bem.
Em uma análise profunda e predominantemente cristã, apresentou as características que formam estes indivíduos especiais, que devem servir de modelo para toda a Humanidade.
Asseverou o eminente codificador do Espiritismo: “O verdadeiro homem (e a mulher) de bem é aquele que pratica a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza. Se interroga a sua consciência sobre os próprios atos, pergunta se não violou essa lei, se não cometeu o mal, se fez todo o bem que podia, se não deixou escapar voluntariamente uma ocasião de ser útil, se ninguém tem do que se queixar dele, enfim, se fez aos outros tudo aquilo que queria que os outros fizessem por ele.” (Item 3).
Vivemos hoje um dos momentos históricos mais expressivo da evolução da sociedade terrestre, no entanto parece que estamos à véspera de um caos que pode devorar-nos a todos e às mais notáveis conquistas do pensamento e da tecnologia.
A cultura encontra-se vilipendiada pela barbárie predominante na literatura, nas artes, no comportamento…
As aberrações antes consideradas absurdas tornam-se éticas e básicas para uma existência de vacuidade, de sexo, de drogadição, de violência e de desmandos de todo gênero.
Isto, porque o ser humano, após perder o endereço de Deus, perdeu o de si mesmo.
Sem rumo enobrecido, sem princípios morais nem respeito ao próximo, avança atropelando tudo e todos na volúpia ególatra dos seus infelizes interesses.
Existem, sim, homens e mulheres de bem que mantêm as conquistas dos séculos à nossa disposição.
Eu convivi durante setenta e sete anos com um homem de bem: Nilson de Souza Pereira.
De família modesta e trabalhador por excelência, bebeu no Evangelho de Jesus, revelado pelo Espiritismo, a água lustral da verdadeira dignidade, doando a sua existência à vivência do bem em todas as suas expressões.
Portador de uma inteligência brilhante e habilidades manuais incomuns, fundou comigo a Mansão do Caminho e tornou-se um educador especial, embora sem uma cultura avantajada.
Caráter exemplar, ensinou mediante o exemplo e tornou-se um modelo de fraternidade sem jaça.
Era manso sem ser pusilânime, estoico sem exibicionismo, e caridoso, discreto e gentil.
Seus filhos espirituais e descendentes bendizem-no e buscam imitar a vida correta e disciplinada.
Sofreu com elevação, sem queixas, sem arrogância, vivendo modestamente e com simplicidade, sem qualquer tipo de exibicionismo ou relevância.
Havendo desencarnado no dia 21 de novembro, voltou ao Grande Lar abençoado pelos deveres retamente cumpridos.
Artigo publicado originalmente no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 20 de outubro de 2021.
INDISPENSÁVEL
O Chico recebera um convite reiterado para assistir a uma solenidade que um Centro
Espírita de determinado lugar, um pouco distante de Belo Horizonte, realizaria. A carta convite, assinada pelos diretores do Centro, contendo encômios à pessoa do médium, dizia que sua presença era indispensável...
O Chico pensou muito naquele adjetivo, sentiu a preocupação dos irmãos distantes, ansiosos pela sua presença. Certamente iria realizar uma grande missão. E não relutou mais.
Junto ao seu bondoso chefe, justificou sua ausência por dois dias, comprou passagem na Central do Brasil e partiu. No meio da viagem, quando já sonhava com a chegada, antes sentindo a alegria dos irmãos, Emmanuel lhe aparece e diz:
- Então, você se julga indispensável e, por isto, rompeu todos os obstáculos e viaja assim como quem, por isto mesmo, vai realizar uma importante tarefa... Já refletiu, Chico, que o serviço do ganha pão é indispensável a você? Pense bem...
O Chico pensou... E, na próxima estação, desceu do trem e tomou outro de volta...
A lição foi compreendida.
Seus irmãos de mais longe, com seu não comparecimento, compreenderam na também...
Livro Lindos Casos de Chico Xavier
Autor Ramiro Gama
|