"Luzes do Amanhecer"

Fundado em 16/07/1996 publicado 02/02/2006
JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA - ANO XVIII - N. 205 * Campo Grande/MS * Fevereiro de 2023.
EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
Rua Colorado n o 488, Bairro Jardim Canadá, CEP 79112-480, Campo Grande-MS.

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           A vida se reveste do maior significado quando procura amar ao próximo, esquecendo-se por momentos de uma suposta vantagem pessoal, porque, a rigor, a sua felicidade está nas mãos dele e somente quando amá-lo como a si mesmo é que encontrará o caminho para ser feliz. Ambrósio./Otacir Amaral Nunes.

 

VÍCIOS

 

            Sabemos que Deus nos criou simples, iguais e ignorantes de tudo, principalmente de Suas leis; porém, deu-nos a perfectibilidade, isto é, nós, como Espíritos imortais, vamos aprendendo passo a passo tudo que necessitaremos para atingirmos a perfeição, aquela perfeição que Jesus nos incitou que atingíssemos, ao dizer: “sede perfeitos como vosso Pai celestial é perfeito.”.
            Fato é que no caminho da perfeição para atingirmos as cobiçadas virtudes, deparamo-nos com grandes barreiras, que consideramos naturais, e as acolhemos como fontes de prazer e de bem viver, sem atentarmo-nos que tais barreiras não passam de vícios físicos e morais, que em muito vão nos atrasar na busca das virtudes que nos levarão à perfeição.
            O glorioso codificador do espiritismo Allan Kardec questionou os Espíritos superiores que ditaram a glamorosa doutrina sobre as paixões e os vícios e recebeu informações precisas da realidade por que passam os Espíritos na sua evolução. Soube que todas as virtudes têm seus méritos, pois indicam um progresso; porém a mais meritória é a que é assentada na mais pura caridade e desinteressadamente, haja vista que o desinteresse é coisa rara na Terra.
            Já o grande apego às coisas materiais, que vem do interesse pessoal e abala as qualidades morais, são sinais inequívocos de imperfeição. Indaga Kardec se não seriam os maus princípios das paixões os responsáveis por esses desvios, e os luminares responderam que não, que o princípio da paixão foi colocado no Homem para o bem e poderá leva-lo à realização de grandes coisas, e que o abuso dela é que é o mal.
            Disseram também que quando o homem crê que não pode vencer as suas paixões, é que seu Espírito se compraz nelas, em consequência da sua inferioridade. Compreende a sua natureza espiritual aquele que procura reprimi-las. Vencê-las é, para ele, uma vitória do Espírito sobre a matéria. Comunicaram que o meio mais eficiente de se combater o predomínio da natureza corpórea sobre o espiritual, é praticar a abnegação e que o egoísmo é o maior dos males e é o gerador de todo o mal.
            Depois disso Allan Kardec pergunta se o egoísmo será sempre um obstáculo, e disseram os Espíritos superiores que o egoísmo se prende à inferioridade dos Espíritos que encarnam na Terra e visto ser o egoísmo incompatível com a justiça, o amor e a caridade. Ele neutraliza todas as outras qualidades; daí a necessidade de combatermos com todas as forças esse mal e o extirparmos do coração humano, pois no fundo de todos os males há egoísmo.

 

Crispim.

 

 

O BOM MODELO

 

            Jesus é o nosso modelo.
            Nele estão reunidas todas as virtudes em seu grau máximo. É Nele que deve se inspirar o homem de bem para se conduzir pelos caminhos da vida.
            O homem de bem tudo faz para cumprir a proposta descrita por esse Divino Mensageiro de Deus que em seu Código de Ouro tem descritas as mais belas revelações de Deus aos seus filhos amados, sabe que esse procedimento é o mais correto e mais lhe convém com vista ao seu futuro.
             Em nenhum lugar se sente deslocado porque aceita as pessoas como elas são, mas que olha o mundo com olhar de sabedoria e oportunidade.
            Não deseja o que não lhe pertence e se contenta com o que tem.
            Não alimenta qualquer ideia de posse imerecida, mas se preocupa em adquirir conhecimentos e se prepara visando ao seu aprimoramento moral.
            Deposita absoluta confiança em Deus, na sua justiça, sabe que tudo Dele procede e de um Pai que é tão bom, nunca pode surgir algo ruim.
            Se alguma vez não conseguiu entender certas situações ou fatos do quotidiano, procura se instruir mais, compulsando os livros de sabedoria e medita profundamente no assunto, visando esclarecer a sua consciência.
            Não faz julgamentos apressados, mas de tudo procura separar o bom grão, a fim de que este seja o resultado mais apreciado.
            Tem certeza de que fazendo o bem não pode resultar nenhum mal.
            Vive como o homem do mundo, como deve viver este, porém com os olhos sempre voltados para o céu, porque sabe que se se comportar de maneira digna neste mundo poderá ter acesso ao outro mais feliz.
            Ama a todos porque reconhece que são seus irmãos perante Deus e não há motivos para que seja diferente.
            Não compreende que um Espírita cristão, ou pelo menos se que diga cristão, suba na tribuna para denegrir a imagem daqueles que não pensam como ele.
            Não procura justificar os seus erros, mas procura todos os meios de corrigi-los e não repeti-los no futuro.
            Tem fé no futuro e na justiça de Deus, que a cada um receberá na medida do que haja praticado, porque sabe que digno é o trabalhador do seu salário.
            Vê na pessoa que cometeu um crime, alguém infeliz que fez o mal, levado pela ignorância, pela falta de educação, de apoio e de conhecimento, porque não compreendeu que fazendo o mal colheria as consequências inevitáveis.
            Por fim, é grato à vida, pois que lhe fora concedida a oportunidade maravilhosa de se educar, reparar ou lançar bases para um futuro mais venturoso e busca aproveitá-la de todas as maneiras, fazendo o bem, evitando o mal e trabalhando incessantemente pelo progresso da Humanidade. Áulus.

 

Histórias Educativas
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes

 

 

FALE CONSTRUINDO

 

            Não basta somente articular palavras, é necessário que esta carregue uma boa mensagem. Falar sem objetivo, não é uma prática aconselhável para ninguém. A palavra é algo sagrado para demonstrar e interagir com o mundo.
            Jesus sempre está com a razão: “fala a boca do que está cheio o coração”, é uma realidade. Agora deve haver um esforço para se colocar algo  nesse vaso sagrado chamado coração, somente palavras não elevam aquele que  articula, mas que levem:  alegrias, esperanças, paz, de maneira que seja um elemento de comunicação que contribua para uma vida melhorar as relações entre as pessoas, pois demonstrará o nível de sua relação com o mundo.
            A palavra é um cartão de visita, por isso deve pensar muito no que fala, para que esse poderoso e maravilhoso instrumento de comunicação seja um apoio à paz dos outros também.
            Assim que falar com respeito ao próximo e ao mundo é uma obrigação, porque a palavra carrega energia e esta pode ser boa ou má, depende da direção que se lhe dá. Logo procure no Evangelho o tom certo de suas palavras, para que sejam  meios valiosos para sua experiência no mundo. Sempre quando falar tenha em mente:
            Usar as palavras de maneira que não venha a ferir o próximo sob qualquer pretexto, inclusive ironias, estas ferem muitas vezes mais do que supõe.
            Não usar palavras negativas, que deprecie pessoas, condição social, preconceito de qualquer espécie, todas aquelas que não contribuem para o bem geral devem ser abolidas. Mesmo porque é oportuno o dito popular: “o uso do cachimbo torna a boca torta”.
            Evitar especialmente as palavras de baixo calão, não as use nunca, porque denotaria que está distante de ter uma postura educada e respeitosa e mesmo porque são tão poucos esses vocábulos e o dicionário é tão rico de palavras que pode enriquecer a sua maneira de falar.
            Não crie expectativas infundadas na mente das pessoas com palavras que não espelhe a clara intenção de sua mente e que com a realidade não se identifique, gerando decepções expressivas diante das relações de amizade.
            Dirija-se às pessoas de maneira respeitosa, nomeando-a pelo nome, evitando apelidos, palavras depreciativas, ou adjetivos inconvenientes e que não seja uma regra de boa educação.
            Assim  faça uma triagem das palavras que venha a utilizar-se, evitando aquelas que não contribuem para uma mensagem que leve otimismo e alegria, ou um conhecimento útil, porque “onde está o seu tesouro aí estará o seu coração”.
            Por isso mesmo coloque em seu dicionário particular somente palavras concretas e persuasivas, especialmente que leve de alguma forma os ensinamentos propostos por Jesus.  Se não ostensiva pelo menos de maneira velada para que também a sua conversa não se torne enfadonha. Bater sempre na mesma tecla, não é uma política de bom tom.
            Mas também procure também ouvir os outros, nas suas dificuldades, nas suas lutas e nas suas quedas e respeitosamente escute até o fim, nem que tenha algo urgente a fazer, se possível, deixe que ele termine por si mesmo o relato que está expondo. 
            Espalhe otimismo por onde passe, porque onde há luz sempre a treva se esconde envergonhada, leve esperanças de dias melhores, porque existem recursos para todas as situações. Basta que saiba usá-los em proveito de todos, por isso sempre esteja disposto a dar a sua contribuição ao bem geral
            Se julgue oportuno cale-se, o silêncio às vezes é o mais poderoso meio de convencimento, especialmente para impedir que o mal prospere, onde não pode contribuir, não destrua, seja o seu falar com a proposta do Evangelho, sim, sim; não, não, mostrando que pode fazer muito falando com sabedoria.
            Pode levar a paz, concórdia, alegria, esperança, consolo, além de estímulo para que cada um continue a sua marcha progressiva.
            Lembre-se por fim que a mensagem mais poderosa do mundo foi através da palavra articulada de um Mestre e legou com palavras a código de conduta mais precioso que a Humanidade já conheceu, valha-se também dele para solidificar a sua presença no mundo.

 

Luzes Da Ribalta
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes

 

 

LIVRA-NOS DO MAL, PORQUE TEU É O REINO, O PODER E A GLÓRIA PARA SEMPRE. ASSIM SEJA

 

            O Senhor livrar-nos-á do mal; entretanto, é preciso que desejemos não errar.
            Que dizer de um homem que pedisse socorro contra o incêndio, lançando gasolina à fogueira?
            O reino da vida, com todas as suas notas de grandeza, pertence a Deus.
            Todo o poder e toda a glória do Universo, todos os recursos e todas as possibilidades da existência são da Providência Divina, mas, em nosso círculo de ação, a vontade é nossa.
            Se não ligamos nossos desejos à Lei do Bem, que procede do Céu, representando para nós a Vontade Paterna de Nosso Pai Celeste, não podemos aguardar harmonia e contentamento para o nosso coração.
            Nas sombras do egoísmo, estaremos sozinhos, aflitos, perturbados e desalentados, porque egoísmo quer dizer felicidade somente para nós, contra a felicidade dos outros.
            Deus permitiu que a vontade seja um patrimônio propriamente nosso, a fim de que possamos adquirir a liberdade e a grandeza, o amor e a sabedoria, por nós mesmos, como filhos de sua infinita bondade.
            Por isso, se somos escravos das nossas criações que, por vezes, gastamos muito tempo a retificar, continuamos sempre livres para desejar e imaginar.
            E sabemos que qualquer serviço ou realização começa em nossos sentimentos e pensamentos.
            Saibamos, desse modo, conservar a nossa vontade à luz da consciência reta, porque, rogando a Deus nos liberte do mal, é preciso, por nossa vez, procurar o caminho do bem.

 

Livro Pai Nosso
Francisco Candido Xavier
Pelo Espírito de Meimei

 

 

A MISSÃO DOS APÓSTOLOS

 

            É importante estarmos informados a respeito das instruções que Jesus transmitiu aos apóstolos em relação à missão que lhes cabia executar. Neste aspecto, Humberto de Campos nos transmite informações valiosas em mensagem que faz parte do excelente livro Boa nova, de sua autoria, e psicografia de Chico Xavier:
            Iniciando-se, entretanto, o período de trabalhos ativos pela difusão da nova doutrina, o Mestre reuniu os doze em casa de Simão Pedro e lhes ministrou as primeiras instruções referentes ao grande apostolado. De conformidade com a narrativa de Mateus, as recomendações iniciais do Messias aclaravam as normas de ação que os discípulos deviam seguir para as realizações que lhes competiam concretizar.
            As informações que constam da mensagem de Humberto de Campos que trata das orientações de Jesus aos apóstolos são apresentadas, em seguida, na forma de tópicos para didaticamente favorecer o aprendizado.
            1) Não buscar facilidades ou comodidades: “Amados — entrou Jesus a dizer-lhes, com mansidão extrema —, não tomareis o caminho largo por onde anda tanta gente, levada pelos interesses fáceis e inferiores; buscareis a estrada escabrosa e estreita dos sacrifícios pelo bem de todos”.
            2) Evitar discussões e desentendimentos: “Também não penetrareis nos centros das discussões estéreis, à moda dos samaritanos, nos das contendas que nada aproveitam às edificações do verdadeiro reino nos corações com sincero esforço”.
            3) Público alvo da pregação: “Ide antes em busca das ovelhas perdidas da casa de nosso Pai que se encontram em aflição e voluntariamente desterradas de seu Divino Amor. Reuni convosco todos os que se encontram de coração angustiado e dizei-lhes, de minha parte, que é chegado o Reino de Deus”.
            4) Auxiliar a cura de enfermidades, da alma e do espírito: “Trabalhai em curar os enfermos. Limpai os leprosos, ressuscitai os que estão mortos nas sombras do crime ou das desilusões ingratas do mundo, esclarecei todos os Espíritos que se encontram em trevas, dando de graça o que de graça vos é concedido”.
            5) Agir sempre com simplicidade, sem privilégios: “Não exibais ouro ou prata em vossas vestimentas porque o Reino dos céus reserva os mais belos tesouros para os simples. Não ajunteis o supérfluo em alforjes [...] porque digno é o operário do seu sustento”.
            6) Não fazer proselitismo: “Em qualquer cidade ou aldeia onde entrardes, buscai saber quem deseja aí os bens do Céu [...]. Quando penetrardes nalguma casa, saudai-a com amor [...]. Se ninguém vos receber, nem desejar ouvir as vossas instruções, retirai-vos [...], sem conservardes nenhum rancor e sem vos contaminardes da alheia iniquidade. [...]. É por essa razão que vos envio como ovelhas ao antro dos lobos, recomendando-vos a simplicidade das pombas e a prudência das serpentes”.
            7) Tomar a prudência como guia seguro: “Acautelai-vos, pois, dos homens, nossos irmãos, porque sereis entregues aos seus tribunais e sereis açoitados nos seus templos suntuosos, no qual está exilada a ideia de Deus [...]. No entanto, nos dias dolorosos da humilhação, não vos dê cuidado como haveis de falar, porque minha palavra estará convosco e sereis inspirados quanto ao que houverdes de dizer. Porque não somos nós que falamos; o Espírito amoroso de nosso Pai é que fala em todos nós [...]”.
            8) Não temer perseguições e sofrimentos: “Quando, pois, fordes perseguidos numa cidade, transportai-vos para outra, porque em verdade vos afirmo que jamais estareis nos caminhos humanos sem que vos acompanhe o meu pensamento. Se tendes de sofrer, considerai que também eu vim à Terra para dar o testemunho e não é o discípulo mais do que o mestre, nem o servo mais que o seu senhor”.
            9) Manter irrestrita confiança em Deus: “Todavia, sabeis que acima de tudo está o Nosso Pai e que, portanto, é preciso não temer, pois um dia toda a verdade será revelada e todo o bem triunfará.
O que vos ensino em particular, difundi-o publicamente; porque o que agora escutais aos ouvidos será o objeto de vossas pregações de cima dos telhados. Trabalhai pelo Reino de Deus e não temais os que matam o corpo, mas não podem aniquilar a alma; temei antes os sentimentos malignos que mergulham o corpo e a alma no inferno da consciência [...].”
            10) Ser fiel servidor do Evangelho: “Empregai-vos no amor do Evangelho e qualquer de vós que me confessar, diante dos homens, eu o confessarei igualmente diante de meu Pai que está nos Céus”.

 

Livro Evangelho Redivivo
FEB

 

 

PSICOGRAFIA

 

            Ver é preciso?
            Nem que seja um pouco. Um pouco de água para beber.
            Não é necessária paz ou a barriga cheia, nem necessário amor ou o cofre cheio. Não, não é preciso enleio para se complicar e isso e tudo mais é pouco para se sonhar.
            Uma nuvem de estrela, um sol posto no horizonte, moribundo a se perguntar. Será que cumpri o meu dever? Dirão sempre os infelizes que esqueceram de orar. Às vezes é preciso coragem para dizer um grande não, até ao certo se o incerto o perturbar. Para que projetar se tudo vai se acabar. O instante que passa é uma opção, ou pura tentação que pode até acabar da noite para o dia. É pouco para sonhar, sonhar mais, pouco é bobagem, isto todos já fizeram, nada de sensacional.             A vida e o limite devem se encontrar. Não a tempo para chegar para quem parte para outro lugar, pois que assim terá alguma coisa para contar, mas não me deixe porque tenho medo do escuro e da solidão, dizem que são coisas terríveis de suportar. Só de pensar me põe possesso e louco da vida. Não sei ser só, pelos menos em dupla dá para encarar o mundo lá fora. Agora, só, se for mesmo para apanhar, porque outro alguém não pode apanhar só por me acompanhar na aventura.
            Só me acompanha quem quiser contar histórias, nem que seja para ninar, porque é preciso fazer da vida alguma coisa, nem que seja para sorrir a outro que chora e dizer - coragem, chegará a sua vez. Todos têm sua trajetória e é preciso apostar que ninguém nasceu órfão, mas alguém olha por nós, até mesmo por aquele que esqueceu de nos amar, sempre olha por nós, nem que seja num piscar de olho que é bastante.
            Sem muitas terras andou e nem sombra do homem velho encontrou, melhor, pouco terá para chorar, mas pode apostar que o arquivo está mesmo no seu coração, lá que existe o registro de tudo, até mesmo do que pensou e não disse.              E como andou. Não sei até aonde foi possível, mas bem que tentou. A verdade é que mais tentou foi transformar em estrela toda dor para que um dia pudesse se espelhar e concluir que não foi tão infeliz assim. Mas era uma cronologia às pressas que se teve pressa em terminar. Mas ninguém quer acabar com essa história, nem que seja a última gota.  Ainda assim se quer pagar.
            Cego é o que não vê, mas não vê o futuro. O futuro é que interessa, porque o pretérito já passou, o presente é uma dúvida e o futuro mais ainda, é uma incógnita, que só resta esperar.
            A!  O futuro tanta história para sonhar, nenhuma réstia de luz para apaziguar o coração célere de alguém que partiu, mas será tempo de descansar? De depor o bastão, bastante, em algum lugar e dizer, amém! Trabalhar, compilar experiência e novamente caminhar para o infinito. Por que não se pode perguntar o que será? Será o fruto do labor, de um jeito ou de outro, pelo amor ou pela dor há de encontrar a resposta. Sempre toda água no mar vai desaguar. No imenso mar, que depois volta em forma de chuva para reflorir os campos e alimentar a vida.  Será, porventura, um eterno voltar para se melhorar, renovar-se, iluminar-se e se tornar uma estrela e habitar o céu infinito e quando alguém com o dedo o apontar no céu e se surpreender. Certamente dirá como é que ele foi lá se dependurar, se era tão pequeno, tão feio e tão sem importância, filosofará afinal. Bom, a vida tem dessas coisas, a surpresa sempre existe, do monturo mais imundo muitas vezes nasce o lírio imaculado, talvez para contrariar a lógico do mundo que teima em se enganar e dizer que com amor tudo se constrói, pois que o inseto mais pequenino que pode iluminar a noite mais escura sem se perturbar. Dirá alguém é milagre! Outro - é assombração! Dependerá tão somente do posto de vista. Mas afinal todos concordarão que uma vida bem vivida é algo para se sonhar, nem que seja de forma aleatória, crepuscular, almas que sonham, corações que esperam o sol maior raiar num horizonte cheio de cor, de luzes, de primaveras, de arrebóis infinitos, multicoloridos, que representarão a condensação de todos os sonhos e esperanças de alguém que caminha por este jardim, muitas vezes sem saber o rumam, ou aonde vai desaguar o rio que lhe sacia a sede de amor e de justiça, mas sonha e espera sempre, que dias melhores virão pela própria naturalidade da vida, que insiste em dar sempre ao eterno caminhante alento para viver e sonhar esplendidamente.

Eletéia
APSVI-05

 

 

Espiritismo para crianças
Marcela Prada
Tema: Fé e auxílio divino

 

FORÇA E FÉ

 

            Juquinha estava estudando para a prova, mas estava com dificuldade de entender a matéria. Começou a sentir-se inseguro.
            “Essa matéria é muito difícil! Acho que não vou conseguir aprender nada. Vou ir mal na prova amanhã! O que eu vou fazer?”, pensava ele, preocupado.
            O garoto, então, foi pedir ajuda para sua mãe e explicou o que estava acontecendo.
            — Calma, filho, eu vou ajudar, sim. Vou ler a apostila com você, mas antes vamos fazer uma prece e pedir ajuda a Deus. Depois, vamos estudar bastante e você vai conseguir! — disse a mãe, confiante.
            O menino aceitou a ajuda da mãe, e eles fizeram como ela propôs. Mas, enquanto estudavam, ainda sentindo dificuldade com a matéria, Juquinha perguntou:
            — Mamãe, por que nós rezamos para Deus me ajudar se estou tendo que estudar toda essa matéria difícil do mesmo jeito? Deus não poderia ter feito eu já saber uma parte, ou pelo mesmo aparecer para mim e me dar certeza de que a prova vai ser fácil amanhã?
            A mãe sorriu e disse:
            — Juquinha, sua pergunta me fez lembrar de uma mensagem do Evangelho segundo o Espiritismo, escrito por Allan Kardec.
            A mãe de Juquinha, então, passou a explicar para ele a mensagem do livro:
            — Um homem está perdido no deserto, quase morrendo de sede. Quase sem forças, ele cai no chão e pede a Deus que o ajude. O homem espera, mas não surge ninguém para lhe dar água. Porém um bom espírito vem ajudá-lo e, sem ser visto, lhe inspira a ideia de levantar-se e seguir um dos caminhos à sua frente. O homem, então, usando as forças que ainda lhe restavam, se põe de pé, caminha e consegue avistar um riozinho, que lhe enche de coragem de sobreviver.
            — Não entendi – disse Juquinha. — O que essa história quer dizer?
            — Calma, agora que vem a explicação e o ensinamento da mensagem – respondeu a mãe. — Se o homem for uma pessoa de fé, ao encontrar água ele vai agradecer a Deus dizendo: “Obrigado meu Deus, por ter me encorajado a me levantar e ter-me dado a ideia de seguir pelo caminho certo até esse riozinho”. Mas, se for um homem sem fé, ele vai dizer:             “Ninguém me ajudou, tive que chegar até aqui sozinho. Por sorte tive a ideia de seguir por esse caminho”.
            Ela continuou:
            — Entendeu agora, filho? Deus nos ajuda, mas não nos tira o dever e nem o mérito do nosso esforço. Deus não faz o que cabe a nós. Às vezes, a ajuda pode ser pela intuição, por situações que surgem ou mesmo através das pessoas. Mas o nosso esforço é sempre necessário. Se Deus nos tirasse isso, não teríamos mérito, não nos tornaríamos fortes e nem evoluiríamos. Precisaríamos sempre esperar que as coisas viessem até nós.
            Juquinha pensou um pouco e falou:
            — Acho que entendi. Temos que ter força e fé! Confiar que Deus estará ajudando em coisas que eu não controlo, e me esforçar e estudar o máximo que eu puder, porque essa é minha parte. É isso?
            — Isso mesmo! E não esquecer de agradecer depois, também! — respondeu a mãe.
            — Tá bom, eu agradeço – disse Juquinha, sorrindo. – Mas vamos estudar agora, porque ainda vou ter que me esforçar bastante para conseguir aprender tudo isso!
            Juquinha estudou e Deus o ajudou, pois conseguiu fazer bem a prova no dia seguinte. E ele aprendeu muitas coisas, principalmente a fortalecer sua fé.

 

O Consolador
Revista Divulgação Espírita
2022

 

 

VIGILÂNCIA

 

De: Divaldo Franco
Espírito: Joanna de Ângelis
Editora: LEAL

 

            Nunca a Humanidade padeceu tanto de ansiedade e de medo como nos dias de hoje; nunca se sentiu tão fragilizada e impotente ante a ação avassaladora, porém compreensível, dos fenômenos naturais, e, principalmente, diante da bestial violência do homem que destrói o sagrado lar onde habita e a si próprio, numa demonstração de insanidade e imaturidade espiritual. Nesta obra, que adverte e ao mesmo tempo comove, a veneranda Joanna nos ensina que só o amor, com sua força extraordinária e o seu poder de transformação, pode iluminar e aquecer o coração do homem, levando-o a modificar a paisagem da Terra. O amor é sublime! "Quem cultiva, liberta?se; quem o ignora, escraviza?se.? ? assevera a mentora. Conheça esta grande obra e sinta a força do amor.

 

 

UM NOVO AMANHECER

 

Luiz Guimarães Gomes de Sá

 

            “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que faz para domar suas más inclinações.” KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XVII, item 4.
            Ainda imersa nos eflúvios do Natal, a Humanidade debruça-se nas esperanças do Ano Novo que já estamos vivenciando. Olhando para o retrovisor da vida, poderemos observar quanto fizemos e o tanto que nos omitimos no exercício da prática do bem.
            Pela Misericórdia Divina, estamos recebendo mais um ano para o nosso aprimoramento intelecto-moral, cumprindo a Lei do Progresso na qual todos nós estamos inseridos. O novo ano corresponde a um livro aberto para que possamos planejar a construção das nossas boas conquistas. 
            O livre-arbítrio concedido por Deus é a prova da “Democracia Divina”, na qual Ele nos permite palmilhar o caminho que escolhermos. Sutilmente o tempo chega e na lida diária somos sobressaltados com as adversidades, para que lutemos e as suplantemos com perseverança e resiliência. Não raro, são provas que testam a nossa paciência e resignação.
            No livro Momentos de Consciência, pg.3, psicografia de Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito Joanna de Angelis, consta: ”(...) A consciência pode ser treinada mediante o exercício dos valores morais elevados, que objetivam o bem do próximo, por consequência, o próprio bem”.
            Nesse particular lembremo-nos do que disse Santo Agostinho, na questão 919 d’ O Livro dos Espíritos: “Fazei o que eu fazia quando vivi na Terra: ao fim do dia, interrogava a minha consciência, passava em revista o que fizera e perguntava a mim mesmo se não faltara a algum dever, se ninguém teria motivo para de mim se queixar. Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o que em mim precisava de reforma. (...).
            Necessitamos, diuturnamente, de reflexões quanto à nossa missão na Terra. Vivenciamos a Transição Planetária e impõe-se que atentemos para as mudanças que estão ocorrendo de forma célere. Cada um de nós tem uma responsabilidade para consigo e para a coletividade.
            O orbe terrestre caminha para se tornar um Mundo de Regeneração, mas essa mudança faz parte de toda a Humanidade. Não devemos ficar alheios a tudo isso. Impende-nos a adoção de uma atitude edificante no presente cenário.
            Sempre é tempo de renovação! Sempre há oportunidades para mudança! Somos seres perfectíveis e todos nós temos condições de melhorar. Contudo esse processo segue seu curso segundo a nossa vontade. Ninguém o fará por nós.
            É hora da nova semeadura e, dependendo de como a fizermos, teremos uma colheita promissora ou não. Que tenhamos a felicidade de repetir as palavras do Apóstolo Paulo, segundo 2ª Timóteo 4.7: “Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé”.
            No início deste novo ano procuremos fazer uma nova história, onde a fraternidade entre nós seja uma constante. O livro está aberto no aguardo daquilo que melhor temos para preenchê-lo e galgarmos os sublimes degraus da evolução. (Todo aprendizado exige recomeços.)

 

Consolador
2022

 

 

A HONRA DE AJUDAR

 

Divaldo Franco
Professor, médium e conferencista espírita

 

            Estando em festa a formidanda Mansão dos Churchill na Escócia, muitas crianças vieram com seus pais para o grandioso evento de reinauguração dos edifícios há pouco restaurados.
            Enquanto brincavam, uma delas caiu numa piscina e começou a afogar-se. Em desespero, as demais se puseram a gritar enquanto o garoto se debatia.
            Estando próximo o filho do jardineiro, sem raciocinar quase, atirou-se às águas e, por ser também uma criança, conseguiu com sacrifício salvar o outro.
            Logo os adultos tomaram conhecimento, e o pai, reconhecido, muito agradeceu ao menino.
            De imediato, disse-lhe ao genitor: – Em gratidão por seu filho haver salvado a vida do meu, eu lhe darei refinada educação. Diga-me o que mais ele deseja para si mesmo no futuro.
            O homem humilde pensou um pouco e respondeu: – Meu filho disse-me uma vez que, quando crescesse, desejava ser médico para ajudar as pessoas.
            – Pois o levarei para Londres e o educarei atendendo o seu desejo.
            Assim aconteceu.
            Passaram-se os anos e em 1947, terminada a Segunda Guerra Mundial, o primeiro-ministro da Inglaterra Winston Churchill participava da Conferência de Paz, em Teerã, no Irã, quando adoeceu gravemente de pneumonia.
            A notícia consternou o mundo, mas o Dr. Alexander Fleming, o autor da descoberta da penicilina, viajou de Londres e cuidou do paciente, salvando-lhe a vida.
            Posteriormente, quando Churchill referiu-se ao notável acontecimento, afirmou que por duas vezes a sua vida fora salva pela mesma pessoa.
            Fleming era o pequeno que o salvara do afogamento na Escócia.
            Na vida de todos nós jamais faltam oportunidades para ajudar o nosso próximo, e esse sentido existencial tem sido responsável por tudo de bom e belo que acontece na humanidade.
            Quem não vive para servir ainda não aprendeu a viver.
            A vida humana é um hino ao serviço constante, porquanto tudo serve em a Natureza.
            Faz-se necessário somente descobrir-se a melhor maneira de servir, colocando-se na condição de edificador da felicidade na Terra.
            O egoísmo tem sido responsável pela desgraça moral e espiritual das criaturas e somente o altruísmo é-lhe o oposto dignificador.
            Quando compreendermos o sentido do serviço edificante entre todos e em toda parte, haverá uma sinfonia harmônica entre as massas, e o mal, que persiste nos corações, cederá lugar ao amor, que se enfloresce em bênçãos.
            Nunca desperdices a oportunidade de ajudar no crescimento ético das criaturas e nas suas necessidades.
            Ajudando, estarás auxiliando-te a entender que realmente feliz e abastado é todo aquele que auxilia.
            Foi por esta razão psicológica e real que Allan Kardec estabeleceu no conteúdo do Espiritismo que “fora da caridade não há salvação”.
            Expandir a caridade é dever nosso.

 

            Artigo originalmente publicado no Jornal A Tarde, coluna Opinião, no dia 27 de janeiro de 2023.

 

 

BONDADE PARA COM TODOS

 

            Vários materialistas chegaram a Pedro Leopoldo, para assistir à sessão pública do “Luiz Gonzaga”, numa noite de sexta-feira.
            E, desrespeitosos, começaram por dizer que não acreditavam na Doutrina do Espiritismo e que a mediunidade era pura mistificação quando não fosse simplesmente loucura. Ainda assim, queriam ver os trabalhos do Chico.
            O Médium, em concentração, perguntou a Emmanuel:
            — O senhor não julga melhor convidarmos esses homens à retirada? Afinal de contas, não admitem nem mesmo a existência de Deus...
            — Não pense nisso — exclamou o orientador —, são nossos irmãos. Precisamos recebe-los com bondade e ser-lhes úteis, tanto quanto nos seja possível.
            — Mas — ponderou o Chico —, Jesus recomendou-nos não atirar pérolas aos porcos.
            — Sim — disse Emmanuel com serenidade e compreensão —, o Mestre determinou, não atiremos pérolas aos porcos, todavia não nos proibiu de oferecer-lhes a alimentação compatível com as necessidades que lhes são próprias...             Procuremos ajudar a todos e o senhor fará por nós todos o que seja acertado e justo.
            E o médium, emocionado, guardou a formosa lição.

 

Livro Lindos Casos de Chico Xavier
Autor Ramiro Gama

 

 

GUARDAI-VOS

 

            “Estes, porém, dizem mal do que ignoram; e, naquilo que naturalmente conhecem, como animais irracionais se corrompem.” — (JUDAS, 10.)

 

            Em todos os lugares, encontramos pessoas sempre dispostas ao comentário desairoso e ingrato relativamente ao que não sabem. Almas levianas e inconstantes, não dominam os movimentos da vida, permanecendo subjugadas pela própria inconsciência.
            E são essas justamente aquelas que, em suas manifestações instintivas, se portam, no que sabem, como irracionais. Sua ação particular costuma corromper os assuntos mais sagrados, insultar as intenções mais generosas e ridiculizar os feitos mais nobres.
            Guardai-vos das atitudes dos murmuradores irresponsáveis.
Concedeu-nos o Cristo a luz do Evangelho, para que nossa análise não esteja fria e obscura.
            O conhecimento com Jesus é a claridade transformadora da vida, conferindo-nos o dom de entender a mensagem viva de cada ser e a significação de cada coisa, no caminho infinito.
            Somente os que ajuízam, acerca da ignorância própria, respeitando o domínio das circunstâncias que desconhecem, são capazes de produzir frutos de perfeição com as dádivas de Deus que já possuem.

 

Caminho, Verdade e Vida
Francisco Cândido Xavier
Ditado pelo Espírito Emmanuel

 

 

SIRVAMOS


            “Servindo de boa vontade, como sendo ao Senhor, e não aos homens.” Paulo (Efésios, 6:7)

 

            Se legislas, mas não aplicas a Lei, segundo os desígnios do Senhor, que considera as necessidades de todos, caminhas entre perigosos abismos, cavados por tuas criações indébitas, sem recolheres os benefícios de tua gloriosa missão na ordem coletiva.
            Se administras, mas não observas os interesses do Senhor, na estrada em que te movimentas na posição de mordomo da vida, sofres a ameaça de soterrar o coração em caprichos escuros, sem desfrutares as bênçãos da função que exerces no ministério público.
            Se julgas os semelhantes e não te inspiras no Senhor, que conhece todas as particularidades e circunstâncias dos processos em trânsito nos tribunais, vives na probabilidade de cair, espetacularmente, na mesma senda a que se acolhem quantos precipitadamente aprecies, sem retirares, para teu proveito, os dons da sabedoria que a Justiça conserva em tua inteligência.
            Se trabalhas na cor ou no mármore, no verbo ou na melodia, sem traduzires em tuas obras a correção, o amor e a luz do Senhor, guardas a tremenda responsabilidade de quem estabelece imagens delituosas para consumo da mente popular, perdendo, em vão, a glória que te enriquece os sentimentos.
            Se foste chamado à obediência, na estruturação de utilidades para o mundo, sem o espírito de compreensão com o Senhor, que ajudou as criaturas, amando-as até o sacrifício pessoal, vives entre os fantasmas da indisciplina e do desânimo, sem fixares em ti mesmo a claridade divina do talento que repousa em tuas mãos.
            Amigo, a passagem pela Terra é aprendizado sublime.
            O trabalho é sempre o instrutor do aperfeiçoamento.
            Sirvamos sem prender-nos.
            Em todos os lugares do vale humano, há recursos de ação e aprimoramento para quem deseja seguir adiante.
            Sirvamos, em qualquer parte, de boa vontade, como sendo ao Senhor e não às criaturas, e o Senhor nos conduzirá para os cimos da vida.

 

Fonte Viva
Francisco Cândido Xavier
Ditado pelo Espírito Emmanuel

 

           

EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
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