"Luzes do Amanhecer"

Fundado em 16/07/1996 publicado 02/02/2006
JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA - ANO XVIII - N. 206 * Campo Grande/MS * Março de 2023.
EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
Rua Colorado n o 488, Bairro Jardim Canadá, CEP 79112-480, Campo Grande-MS.

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           Muitos sabem o que devem fazer, mas deixam para depois, e depois se esquecem, quando retornam a vida espiritual é só lamentação, porém, tarde demais.

 

 

CULPA


           E por falar em culpa, apresentamos o seu conceito jurídico, que a aponta como a falta cometida contra um dever, por ação ou omissão, pela inobservância de diligência que deveria ser observada quando da prática de um ato, a que se está obrigado. Existe um brocardo jurídico que diz da essência da culpa: "Culpa nom potest imputari ei, qui non facit, quod facere non tenebatur", cuja tradução é: não se pode imputar culpa a quem não fez o que não era de sua obrigação.   
           A benfeitora Joanna de Ângelis ensina que os sentimentos são conquistas paulatinas do ser humano que os desenvolve conforme fatores ancestrais e que sem dúvida o ser humano é o resultado do seu comportamento anterior quando em vidas passadas preparou seu futuro.
           E o egoísmo instalado em nós responde pelas situações embaraçosas que retardam a marcha evolutiva; e como resultado imediato os sentimentos se tumultuam e as expressões de timidez ou de violência, de agressividade e de medo se instalam fortemente nas criaturas humanas.
           Continua a benfeitora a dizer que dois fatores são responsáveis pela conduta doentia de quem carrega a culpa e sente vergonha de ser humano. O primeiro deles são os registros no inconsciente profundo resultante de comportamentos inadequados ou destrutivos em outras vidas ou nessa atual, que prendem o ser em lembranças perturbadoras com sentimentos controvertidos misturados aos processos normais das atividades patológicas que geram situações de desconfiança e revolta, mágoa e insegurança.
           Castigado ou punido pela culpa o ser foge dos relacionamentos de qualquer natureza, cultivando o mau humor, concluindo erradamente tudo que ouve e considerando que queixas, advertências, e observações que o atingem, sejam apenas para censurá-lo, humilhá-lo e estigmatiza-lo...
           Crendo nisso, arma-se inconscientemente contra a família, o grupo social, as pessoas com quem convive, sempre se defendendo na autocompaixão, na autopunição e na autorrecriminação.
           O segundo fator vem da herança ancestral, da ignorância medieval nele ainda remanescente quando tudo quanto ignorava lhe parecia aético ou imoral, transformava-se em pecado, culpa, imundice, trazendo sentimentos vergonhosos e ultrajantes por quem passava pelas experiências consideradas dignas de punição.
           O sentimento de culpa tem a ver com os pensamentos, palavras e ações consideradas erradas do ponto de vista moral, e a vergonha vem dos comportamentos considerados sujos ou inferiores. A culpa é carga emocional pesada e causadora de várias lesões íntimas; já a vergonha de condutas inadequadas ou de comportamento inconsequente transforma-se em fator que altera a personalidade que se procura anular pela autodepreciação e autopunição.
           Assim a solução para tais sentimentos conflitantes é a busca do amor como terapia e mais tarde como expressão de vida, anulando as imagens odientas dos pais cruéis, ou superando os falsos conceitos da moral arcaica e hipócrita dos muitos comportamentos religiosos ortodoxos e ultramontanos que eram utilizados para dominar os fiéis.
           Quando o indivíduo atinge a maturidade psicológica, pode identificar os problemas relacionados ao medo, à insegurança, à culpa e à vergonha, como fenômenos normais do processo de crescimento emocional e moral. Dessa forma aceitando o corpo e suas funções, sem o sentimento de vergonha, assumindo a culpa e trabalhando-a com naturalidade fica mais fácil o processo de diluição do conflito.

          
Crispim.

 

Referência bibliográfica:
- Despertar do Espírito. Divaldo Pereira Franco. Joanna de Ângelis.

 

 

      UM POUCO DO SEU TEMPO

 

            Dedique uma hora do seu dia para pensar nas dificuldades do próximo, porque isso o fará melhor, mais humano, mais solidário, além de que o ajudará muito a educar os seus sentimentos.
Esses momentos de reflexão não só lhe permitem retirar os olhos de si mesmo, mas também olhar para o mundo exterior.
            Assim saberá avaliar melhor o sofrimento alheio, porque muitas vezes poderá medir as duras provações dos outros e verificar quão pequeninas são aquelas das quais reclama com tanta insistência, começará, assim, a valorizar mais os recursos que a Divina Providência colocou em suas mãos.
            Consagre-se sempre ao bem.
            É uma medida que deve avaliar sempre, pois que é a fonte da felicidade. Muitos lamentam as provas por que passam, mas se estas não ocorressem, certamente que ninguém poderia aproveitar mais essa experiência de vida.
            Abra um espaço na sua agenda para avaliar durante o dia as inúmeras benesses que a vida lhe ofertou, mesmo nas coisas triviais do quotidiano, se existem problemas, continue buscando a melhor opção para equacioná-los ou reduzi-los à expressão mais simples, porque somente assim compreenderá que é um afortunado e muitas vezes sequer percebe.
            Consagre um momento para ser agradecido à vida. Chorar não resolve problemas, mas agrava-os ainda mais; buscar a solução, é a decisão certa.
            Consagre um momento para seu coração, avalie todos os sucessos da vida e comece desde já a perdoar aos outros, como também perdoar a si mesmo, por suposta culpa que cunhou somente para si, para que jamais domine o seu coração qualquer ideia de insegurança, ódio, ressentimentos.
            Sature o seu dia de boas ações, valorize cada minuto de sua vida pelo trabalho que realiza.
            Ande muitas milhas para que seu coração não se carregue de qualquer sentimento negativo que o envenenará, trazendo mais tarde consequências desastrosas para a sua saúde física e mental.
            Continue a lutar, ainda quando as forças pareçam abandoná-lo.
            Lembre-se que precisa olhar as criaturas pelas suas qualidades e não por seus supostos defeitos, porque invariavelmente são mais evidentes os nossos defeitos que vemos no próximo, querendo assim demonstrar que já se sabe onde reside o grande problema de nossa vida, por isso é tão claro nos outros os defeitos que não se conseguiu vencer ainda.
Nem por isso desanime, está neste campo de prova para superar as suas próprias deficiências e por isso certamente que irá se deparar com muitos problemas que sequer imagina, mas mesmo assim continue.

 

Histórias Educativas
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes

 

 

CONSTRUÇÃO ESPÍRITUAL

 

            Construir e construir podem ser a solução, mas especialmente no aspecto moral, porque somente esta construção é definitiva.
            Porque já tem construindo no mundo material tantas vezes e sempre tem observado por mais bela que seja a edificação que tenha levantado, sofre a ação implacável do tempo e não fica pedra sobre pedra. Porém a construção de valores espirituais é permanente, porque é uma construção do espírito empecível, que nem o vento nem a chuva podem derribar.
            Nessa edificação que deve aplicar o seu tempo disponível, porque justamente nesse ponto que terá a segurança que tanto necessita para continuar a sua marcha com êxito.
            Quando construir qualquer coisa sempre se lembre da construção mais importante, a qual Jesus propôs ao mundo com tanto esforço ao mundo – é o amor -, amor ao próximo e a Deus, estes serão sem dúvida os mais importantes de sua vida em qualquer época. Porque esses sentimentos são aquisições permanentes do espírito, por esse motivo o trabalho no bem é importante, porque nem a traça e nem a ferrugem os corroem.
            Assim que a meta do construtor será construir de maneira disciplinada e ordeira a sua edificação espiritual, vendo no próximo não alguém a quem auxilia, mas alguém que lhe dá a oportunidade de auxiliá-lo.
            Por isso trabalho em favor dos outros é de suma importância. Pois estará de certa forma enriquecendo o seu patrimônio espiritual, porque na contabilidade da vida, somente terá daquilo que dá, assim cumpra a sua parte com amor e dedicação, porque a própria vida se encarregará de colocar tudo no lugar certo.
            Está matriculado nesta escola com endereço neste campo de provas para que aproveite a oportunidade de lecionar bondade, amor, caridade, benevolência a si mesmo e ao próximo.
            Olhe primeiro para dentro de si e se reconhecerá também necessitado de afeto, mas não procure o concurso alheio porque a maneira mais fácil de consegui-lo é quando compreende que nas mãos dele é que estará a sua verdadeira felicidade.
            Daí ser o a interpretação certa das palavras de Jesus: ”quando estende a mão a um desses mais pequeninos e a mim que o fazes”, por isso não perca tempo, sirva como aquele que se dispôs em qualquer lugar a servir, afirmando, inclusive o filho do homem que veio para servir, não para ser servido.
             Se acaso deseja seguir após Ele, prepare-se para servir, porque essa será sempre a maneira de construir a sua verdadeira felicidade, a qual se constituirá o seu patrimônio imperecível por conta  daquele que tiver a felicidade de auxiliar. Logo se incorpore a grande causa e faça o bem que puder, porque será esse gesto contado como a sua maior conquista e sua maior construção neste mundo.
Fique com Deus. Áulus.

 

Luzes Da Ribalta
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes

 

 

O EXEMPLO DA FONTE

 

           Um estudante da sabedoria, rogando ao seu instrutor lhe explicasse qual a melhor maneira de livrar-se do mal, foi por ele conduzido a uma fonte que deslizava, calma e cristalina, e, seguindo-lhe o curso, observou:
           - Veja o exemplo da fonte, que auxilia a todos, sem perguntar, e que nunca se detém até alcançar a grande comunhão com o oceano. Junto dela crescem as plantas de toda a sorte, e em suas águas dessedentam-se animais de todos os tipos e feitios.
           Enquanto caminhavam, um pequeno atirou duas pedras à corrente e as águas as engoliram em silêncio, prosseguindo para diante.
           - Reparou? - disse o mentor amigo - a fonte não se insurgiu contra as pedradas. Recebeu-as com paciência e seguiu trabalhando.
           Mais à frente, viram grosso canal de esgoto arremessando detritos no corpo alvo das águas, mas a corrente absorvia o lodo escuro, sem reclamações, e avançava sempre.
           O professor comentou para o aprendiz:
           - A fonte não se revolta contra a lama que lhe atiram à face. Recolhe-a sem gritos e transforma-a em benefícios para a terra necessitada de adubo.
           Adiante ainda, notaram que, enquanto andorinhas se banhavam, lépidas, feios sapos penetravam também a corrente e pareciam felizes em alegres mergulhos.
           As águas amparavam a todos sem a mínima queixa.
           O bondoso mentor discípulo e terminou:
           - Assinalemos o exemplo da fonte e aprenderemos a libertar-nos de qualquer cativeiro, porque, em verdade, só aqueles que marcham para diante, com o trabalho que Deus lhes confia, sem se ligarem às sugestões do mal, conseguem vencer dignamente na vida, garantindo, em favor de todos, as alegrias do Bem Eterno.

 

Livro Pai Nosso
Francisco Candido Xavier
Pelo Espírito de Meimei

 

 

A ESCRITURA DOS TEXTOS EVANGÉLICOS

 

           Os evangelistas são quatro, como sabemos: Mateus, Marcos, Lucas e João, sendo que o primeiro (Mateus) e o último (João) foram membros do colégio apostolar do Cristo. Talvez Marcos tenha tido algum contato com Jesus, mas Lucas nem o conheceu. Sabe-se, igualmente, que os registros dos ensinamentos do Cristo foram escritos em diferentes períodos, caracterizando-se não apenas os quatro Evangelhos, propriamente ditos, mas todos os demais livros do Novo Testamento. Há grande similitude entre os textos neotestamentais, formando um conjunto sólido, mas há diferenças quanto aos detalhes, lembranças dos autores e suas percepções relativas à mensagem do Cristo. A respeito, Emmanuel esclarece:

           Nesse tempo, [...] os mensageiros do Cristo presidem à redação dos textos definitivos [do Evangelho], com vistas ao futuro, não somente junto aos apóstolos e seus discípulos, mas igualmente junto aos núcleos das tradições. Os cristãos mais destacados trocam, entre si, cartas de alto valor doutrinário para as diversas igrejas. São mensagens de fraternidade e de amor, que a posteridade muita vez não pôde ou não quis compreender.

           A grandeza da Doutrina [cristã] não reside na circunstância de o Evangelho ser de Marcos ou de Mateus, de Lucas ou de João; está na beleza imortal que se irradia de suas lições divinas, atravessando as idades e atraindo os corações.
           Não há vantagem nas longas discussões quanto à autenticidade de uma carta de Inácio de Antioquia ou de Paulo de Tarso, quando o raciocínio absoluto não possui elementos para a prova concludente e necessária. A opinião geral rodopiará em torno do crítico mais eminente, segundo as convenções. Todavia, a autoridade literária não poderá apresentar a equação matemática do assunto.
É que, portas a dentro do coração, só a essência deve prevalecer para as almas e, em se tratando das conquistas sublimadas da fé, a intuição tem de marchar à frente da razão, preludiando generosos e definitivos conhecimentos.

           Antes de analisarmos aspectos da escritura dos textos evangélicos, é importante fornecer alguns dados biográficos de Marcos e de Lucas, uma vez que informações a respeito de Mateus e João foram transmitidas no estudo anterior, item 4.4 (Os apóstolos de Jesus. A missão dos apóstolos). João Marcos (do latim Marcus, “martelo grande”)

           O nome do evangelista a quem se atribui o segundo Evangelho, Marcos, é sobrenome, Atos, 12:12, 25; 15:37. O seu primeiro nome é João, pelo qual é designado em Atos, 13:5 e 13). Sua mãe Maria parece ter sido senhora de grandes recursos; tinha casa em Jerusalém, onde reuniam os cristãos, Atos, 12:12 a 17 [...]. Marcos era primo de Barnabé, Colossenses, 4:10; acompanhou Barnabé e Paulo, desde Jerusalém a Antioquia da Síria, Atos, 12:25, e, depois foi ele [Paulo] em sua segunda viagem missionária, Atos, 13:5, mas por motivos ignorados o deixou em Perge, v.13, e voltou para Jerusalém. [...] A divergência entre ambos deu em resultado que eles se separaram; Barnabé e Marcos navegam para Chipre, continuando sua obra de evangelização. Passado esse incidente, o nome de Marcos desaparece da história por cerca de dez anos.
           Depois o encontramos em Roma com o apóstolo Paulo [...]. Nota-se, pois, que tinham desaparecido os motivos de sua separação.

           A última referência que temos do evangelista
           [...] dá a entender que Marcos havia estado no Oriente, talvez na Ásia Menor, ou no Extremo Oriente. Com isto combina a passagem da segunda epístola de Pedro, II Pedro, 5:13, na qual se observa que ele esteve com Pedro na Babilônia
           A tradição não é de acorde em dizer se Marcos havia sido companheiro de Jesus. Muitos pensam que o moço que esteve presente à prisão de Jesus, Marcos, 14:51 e 52, coberto com um lençol, era o próprio Marcos. Este incidente não está mencionado por nenhum outro evangelista [...]
           A tradição antiga diz que ele [Marcos] é o intérprete de Pedro. [...] Esta referência a Marcos, como sendo ele o intérprete de Pedro, deixa ver que foi seu companheiro nos últimos anos de sua vida apostólica, nas viagens missionárias, e que por sua autoridade falava nas audiências dos gentios, ou ainda pode apenas indicar que a obra de Marcos se limitou a escrever a pregação de Pedro, no Evangelho que traz o seu nome [...]. Diz também a tradição de que ele fundou a igreja de Alexandria [...]. O ponto essencial que se deve observar é que tanto a história quanto a companhia com o Apóstolo Pedro o habilitaram a escrever um Evangelho.

           Lucas (grego Loukas provavelmente abreviatura do nome latino Lucanus ou Lucilius) O médico Lucas era grego, natural de Antioquia (hoje Síria), fato que ele cita nos Atos dos apóstolos. Não foi discípulo direto do Cristo, ficando isso claro desde o início do seu texto, pois que se coloca fora das testemunhas oculares. Utilizou como fontes o Evangelho segundo Marcos, bem como outras referências particulares da região onde viveu e andou, incluindo-se nessas últimas, documentos da época e testemunhos dos fatos ocorridos.
           Lucas também teria recebido esclarecimentos de Paulo, por ocasião de um encontro em Antioquia. Paulo fala sobre Lucas em suas epístolas (Colossenses, 4:14), (Filipenses, 24), (II Timóteo, 4:11). Lucas era, portanto,

           [...] um dos amigos e companheiro do Apóstolo Paulo que a ele se associou nas saudações enviadas de Roma à igreja dos colossenses, e a Filêmon: Colossenses, 4:14; Filêmon, 1:24 [...]. Esteve em Roma com o grande Apóstolo dos Gentios, quando foi escrita a segunda epístola de Timóteo. Em II Timóteo, 4:11, ele aparece como o único companheiro de Paulo em Roma, como tocante tributo à sua fidelidade. [...] No segundo século existia uma tradição de que Lucas era o autor do terceiro Evangelho e de Atos dos apóstolos, ambos os escritos procedentes do mesmo autor [...]

 

Livro Evangelho Redivivo
FEB

 

 

PSICOGRAFIA

 

           Na ânsia de subir muitos naufragam de vez. Até mesmo quando o vento é favorável é preciso cautela, pois que muitas vezes corre-se o risco de fazer vítimas sem sentido, por mera precipitação.  Se não conhece bem o caminho mais cautela ainda. Depois do estrago feito, dá muito mais trabalho consertar, quando isso é possível. Além de criar arestas que podem comprometer o futuro.
           Num clima de festa sempre se observa muita elegância e cortesia, porém na vida real não é bem assim, porque a pessoa não tem que representar. No casamento ocorre à mesma coisa. Na época de namoro há tanto cavalheirismo e atitudes amistosas e cordiais, mas após o casamento muitas vezes o encanto desaparece e ambos se mostram como são.            Com seus defeitos e problemas que carregam e não fazem nem questão de esconder. Seria bom estas pessoas que se prometeram amor, agissem assim antes, Haveria menos separação e desencantos.
           Num canto da rua vê-se um mendigo encolhido e sujo. O magnata nem o percebe e passa. Porém a dor e as dificuldades daquele homem é real. Aquele homem rico que o viu nem acredita que a dor exista, ele só a conhece pelo jornal e lamenta para os íntimos do seu lar, porém passa de largo. Façam o que eu fiz e nada disso aconteceria, sentencia.  Como se a dor e a miséria só dependesse de alguns momentos reflexão e já estaria o problema resolvido. Mas a vida passa. Os papéis se invertem. O mendigo renasce magnata e o rico mendigo. O mendigo esquece sua antiga posição e também trata com desumanidade o próximo, vê a dor dos outros e passa. O magnata de outrora no seu canto agora maldiz o mundo porque aquele homem rico deu tudo e a ele negou. Conclusão: Ter é uma questão de oportunidade meramente transitória.             Ser, porém, está ao alcance de todos, qualquer um dos dois quando magnata poderia Ter sido bom e humano e feliz, como mendigo também poderia se resignado e bom.
           Carregar a dor como se fosse um fardo pesado demais é negativo. Correto é carregar a dor como se carrega à libertação, isto sim é positivo.  O homem só demonstra sua grandeza quando convive com a dor, sem murmurar. Em geral o homem que não experimenta a dor, esquece realmente sua maior experiência que é conviver com a fortuna adversa e triunfar. Não parece bom, mas pelo menos é razoável.
           Quem quiser ser o maior, deve exercitar muito em ser o menor, porque quando se sobe na vida, esquecem-se rapidamente os que sofrem, mas é um ponto que ninguém pode esquecer.  No campo das leis morais ninguém pode ser dar ao luxo de esquecer os que passam pela provação sob pena de não Ter para quem reclamar quando chegar a sua vez de testemunhar.
           Comumente se erigem monumentos aos heróis que realizaram coisas extraordinárias no campo da abnegação e sacrifício em favor de uma causa, mas os heróis anônimos que sofrem os seus próprios dores calados, sem reclamar e mesmo aqueles que tem direito a reclamar, deve ser sempre olhado com muito respeito, porque eles passam realmente lições verdadeiras, vivenciadas no dia a dia e demonstra toda a sua força e grandeza interior.
           Quando quiser construir um castelo, põe todos os reforços no alicerce, para que não venha ocorrer que tenha uma bela obra, porém com seus fundamentos deficitários.  Depois da obra concluída poderá por falta de estabilidade vir a ruir, causando grande ruína, especialmente aqueles que mais acreditaram no projeto.
           Os europeus às vezes são belos para os olhos, mas muitas vezes sem finalidade prática, pode tornar o conjunto mais atraente, porém não acrescenta nada a sua solidez, ou somente irá refletir a aparência e não pela base real.
           Ser bom não quer dizer que ignore a maldade dos outros, mas já entende que esta não lhe convém. Mas age num gesto espontâneo de sua vontade e não como uma imposição que seu coração está longe de compreender, portanto, fé e razão sempre indicam a direção certa, mesmo numa abstração mental ou obras mais concretas.
           Homem de bem é aquele que encarece a necessidade de praticar a caridade, mas também espalha sua riqueza e as dispensa para compor a equação completa e fazer o que pode, sem parecer mais do que é, nem se valendo do que não lhe pertence.
           Ser bom e cordato com as coisas corretas e justas, mas sistematicamente contra qualquer ideia que deprima o homem ou suprima os seus direitos.
           Quanto mais se tira dessa fonte chamada caridade, mais limpa a água se torna. Esse manancial é inesgotável. Quanto mais se pratica essa virtude mais se alegra em praticá-la.

 

APSVI-16

 

 

Espiritismo para Crianças
Marcela Prada
Tema: Uso da riqueza

 

A RIQUEZA E SUAS COMPANHIAS

 

           Num reino bem perto daqui, havia uma personagem chamada Riqueza.
           Ela era bonita, extravagante, luxuosa, envolvente... Chamava muito a atenção e muitas pessoas queriam tê-la por perto.
           Na verdade, a personagem mais querida de todos daquele reino era a Felicidade. Todos desejavam a sua companhia, mas a Felicidade era vista muito raramente. Era delicada, sensível, não frequentava qualquer ambiente, pois não gostava de coisas erradas.
           Como a Riqueza era também divertida, algumas pessoas achavam que ela podia ser amiga da Felicidade e acreditavam que, chamando uma, a outra viria também. Mas isso nem sempre acontecia.
           Na verdade, na maioria das vezes, o que acontecia era a Riqueza atrair a presença do Orgulho, em vez da Felicidade. O Orgulho adorava a Riqueza e tentava sempre se meter onde ela estivesse.
           Mas o Orgulho era terrível! Era um dos maiores bagunceiros daquele reino.
           Quando ele se juntava com seu melhor amigo, o Egoísmo, faziam tantas coisas erradas, que depois dava um trabalhão para arrumar tudo.
           Muitas vezes, quando a Riqueza entrava na casa de alguém, sem muita demora, o Orgulho tocava a campainha, querendo entrar também. Se a pessoa deixasse, logo entrava também o Egoísmo e os três, lá dentro, começavam uma farra danada, que sempre acabava mal.
           A maioria das pessoas não conhecia bem esses personagens que habitavam aquele reino. Não entendiam direito como eles afetavam suas vidas. Por isso, aceitavam a presença do Orgulho e do Egoísmo, por uns tempos, até perceberem que eles não eram boas companhias para ninguém.
           A Riqueza não era má, ela só era muito influenciável. Ela só estragava as coisas quando era incentivada por aqueles dois bagunceiros.
           Na verdade, a Riqueza, às vezes, era muito boa. Ela conseguia ajudar, construir, educar, salvar, aliviar e fazer coisas incríveis. Mas, para isso, ela precisava estar na companhia de outras personagens, que eram muito amigos entre si, o Amor e a Humildade.
           O Amor e a Humildade eram o contrário do Orgulho e do Egoísmo. Se esses últimos só sabiam atrapalhar, os primeiros sempre faziam o bem.
           Quando a pessoa recebia a Riqueza em sua casa e conseguia fechar a porta para o Orgulho e o Egoísmo, quem chegava àquela casa, logo em seguida, eram o Amor e a Humildade e os três, lá dentro, começavam a fazer coisas tão lindas que depois de um tempo atraíam a presença - sabem de quem? - da Felicidade!
           Aos poucos, as pessoas que já tinham a Riqueza foram percebendo como as coisas funcionavam e todos foram deixando o Orgulho e o Egoísmo bem longe e chamando os amigos Amor e Humildade para junto dela.
           E, assim, a Riqueza passou sempre a fazer coisas boas e, com a Felicidade sempre por perto, o reino todo passou a ser muito feliz.

 

O Consolador
Revista Divulgação Espírita
2022

 

 

UM NOVO RECOMEÇO

 

De: Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho
Espírito: Antônio Carlos
Editora: Lúmen

 

           Nesse livro veremos a história de Nelson que ao desencarna se vê em sua casa, confuso, mas no decorrer do tempo percebe que tinha falecida, e fica se perguntando se morreu ou continuar vivo?
           Nelson nunca foi um homem exemplar no seu modo de agir com os filhos e com a esposa.
           Mandão, egoísta, arrogante assim era conhecido pelos seus familiares.
           Mas o que ninguém sabia é que Nelson mesmo tento esse gênio, era uma boa pessoa, pois sempre que algum funcionário precisava de ajuda ele se colocava a ajudar. Não foi diferente quando descobriu que era adotado e logo começou ajudar sua irmã.
           Nelson quando desencarnou passou a ficar na sua casa observando o que se passava, até que um dia ele conhece André.
           Um espírito que como ele diz, gosta de viver do jeito que ele vive, nada de colônia espiritual, nada de trabalho, pois mesmo quando encarnado não gostava de trabalhar.
           Mas o que André não sabe é que mesmo ele não fazendo parte de numa colônia, e não sendo um espírito que deseja ou faça mal a alguém, ele acaba ajudando aqueles que precisam.
           Nelson foi um que ele muito ajudou.
           Grande ensinamento, grandes lições, você irá encontra nesse lindo romance espírita.

 

 

MONSTROS QUE ATACAM A FELICIDADE

 

por Orson Peter Carrara

 

           Felicidade é sinônimo de harmonia interior e está muito além de posses materiais, prestígio social, poder, posses, autoridade. Esses são efêmeros, passageiros. Aquela, para ser real, precisa ser conquistada interiormente. Conforme indicação constante de O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo V, item 23, a paz do coração é a única felicidade real deste mundo.
           A mesma obra, em seu capítulo VI – item 7 –, por sua vez, igualmente qualifica e identifica como monstros destruidores da felicidade, quatro das imperfeições morais que ainda carregamos conosco:  a) impiedade; b) mentira; c) erro; d) incredulidade.
           Note que as quatro imperfeições abrem larga janela de considerações e desdobramentos que farão, com facilidade, compreender aquela identificação. Para cada uma delas basta analise-se os desdobramentos e facilmente se perceberá como elas atacam a felicidade que todo mundo busca. Deixamos ao leitor a reflexão do que cada uma delas é capaz de fazer ao próprio autor e os prejuízos que podem causar aos outros, gerando pendências que exigem reparação posterior.
           No processo de aprimoramento intelecto-moral, todavia, pela reencarnação, temos a oportunidade viva dessas reparações. As expiações (consequências das leviandades, desacertos, escolhas descabidas e lesões a si próprio ou ao próximo, em toda sua generalidade) se apresentam de variadas formas, em diferentes graus, a depender da pendência moral que nos cabe reparar, nos prejuízos que causamos. Entre elas estão as deficiências físicas.
           O espírito Vianney, em mensagem constante da mesma obra acima citada, em seu capítulo VIII, item 20, a partir de um exemplo de perda de visão a que foi chamado atender, oferece um modelo de prece onde escreve: “Meu Pai, curai-me, mas fazei que minha alma doente seja curada antes das enfermidades do meu corpo; que minha carne seja castigada, se preciso for, para que minha alma se eleve até vós (...)”.
           Note que numa análise, ainda que rápida, sobre a felicidade, a indicação de Vianney e as imperfeições que atacam a felicidade (acima enumeradas), percebe-se claramente que a auto permissão daquelas imperfeições gerará desdobramentos normalmente acompanhados da expiação em sequência.
           Conhecendo agora esses “monstros”, tratemos de combate-los em nós, para que tenhamos sim compaixão, sejamos verdadeiros, evitemos o erro e busquemos construir a convicção sobre verdadeiramente o que é a vida, cultivando a virtude da fé, fortaleza interior que não temos como dispensar.

 

Consolador
2023

 

 

O SOFRIMENTO

 

Divaldo Franco
Professor, médium e conferencista espírita

 

           Enquanto algumas nações estorcegam em sofrimentos inomináveis, padecendo injunções de terríveis dores, outras explodem em falsas alegrias e em alguns estertores do prazer, desfrutando da ilusória alegria dos sentidos, longe das emoções transcendentes da harmonia ou felicidade reais.
           Em plena glória terrestre, o jovem príncipe Sidarta Gautama, que seria o Buda, foi tomado de inenarrável melancolia ao verificar o quanto o corpo físico vive na ilusão, e refugiando-se na meditação, tempos depois, no Parque das Gazelas, proclamou que tudo é sofrimento.
           Naquela ocasião esclareceu que o sofrimento se apresenta em variadas formas, que foram denominadas como as Quatro nobres verdades.
           Explicou que o objetivo existencial é superar o sofrimento e expôs os oito passos que levam à libertação.
           Ele próprio viveu a experiência encantadora e grave, conseguindo a sublime realização da conquista da paz interior.
Através desses passos grandiosos a existência humana passou a ter um sentido fundamental, considerando-se a imortalidade do ser, que foi criado para ser pleno.
           Séculos depois, Jesus, compadecido das inomináveis aflições que consomem o ser humano, veio à Terra e demonstrou que somente o amor nas suas mais variadas expressões pode proporcionar a plenitude.
           Ele próprio deu a existência, após viver os mais variados sofrimentos enquanto prosseguiu amando, e através da ressurreição demonstrou que Deus é o amor ao alcance de todos e é o grande libertador das mazelas e deficiências que produzem o padecimento.
           A Sua mensagem ofereceu às Nobres quatro verdades o tesouro inapreciável da alegria de viver em qualquer circunstância, porque o amor é a solução para todos os problemas existenciais.
Transcorridos dezenove séculos, o Espiritismo veio demonstrar através da caridade que o amor é acessível a todas criaturas e expande os incomparáveis recursos da solidariedade, da misericórdia, da bondade e do perdão que são suas facetas sublimes.
           O ser humano, entretanto, opta, na sua teimosa ignorância, pelo prazer dos sentidos, embriagando-se no tóxico do gozo momentâneo que mais o infelicita, porque, para que possa desfrutar de bem-estar, encharca-se de sensações desgastantes que terminam por atirar suas vítimas no poço da loucura…
           O prazer, embriagador e rápido que varre as nações que se comprazem na alucinação destes dias, transforma-se em distúrbios incontáveis logo depois e a grande massa humana continua a sua marcha em busca de uma paz que é impossível nessas circunstâncias.
           O Carnaval que alucina e asselvaja a alegria, degradando os sentimentos, logo depois apresenta os seus resultados infelizes nas chagas físicas, morais, sociais, que continuam consumindo os seus foliões.

 

Artigo originalmente publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, 23 de fevereiro de 2023.

 

 

LEMBRANDO OS FENÔMENOS DE LICANTROPIA

 

           Falando das obras magistrais de André Luiz, particularizamos seu belo livro LIBERTAÇÃO, lembrando os fenômenos de Licantropia, que é um problema de sintonia. Onde colocamos o pensamento, aí se nos desenvolverá a própria vida. O nosso tesouro está onde está o nosso coração. Recordamos Nabucodonosor, o rei poderoso, a que se refere a Bíblia, que, nos últimos sete anos de existência, viveu sentindo-se animal. Andava de quatro e comia ervas rasteiras ou roía ossos como um cão.
           E Chico, citando André Luiz, estendendo-se em considerações interessantes, citou-nos casos outros de Licantropia, inextrincáveis, ainda, para a investigação dos médicos encarnados, conforme ponderou o esclarecido autor de NOSSO LAR, dizendo-nos:
           - Andando, às vezes, por aqui e por ali, encontro-me com vários irmãos e neles, observando bem, descubro em cada qual duas fisionomias, uma que tem e outra que molda com seus pensamentos e, sentimentos... Por isto, vez por outra, vejo moças, com fisionomias angelicais, e, nos elementos plásticos de seus perispíritos, cobrinhas, aranhas, gatos, etc., simbolizando-lhes as tendências... E também observo em fisionomias fechadas, carrancudas, feias, pássaros, libélulas, carneiros, pombas mansas... Isso acontece comigo mesmo, pois descubro muitos animais em mim próprio... Como colaboração ao belo assunto, lembramos-lhe um lume a que assistíramos, há tempos: O Pintor De Almas. O filme revelou um caso verídico da História e o pintor existiu. De uma feita, pintou o retrato de uma Imperatriz e a fez menos bela do que era e até com sinais grosseiros no semblante. Com a sua dama de companhia, fisicamente feia, pintou-a diferente, bela.
           Chamado a explicar-se, justificou-se dizendo: “Vejo-as assim, espiritualmente. Uma a meu ver, é feia e má, a outra, bela e caridosa”. E dizia uma verdade.
           O Chico deu uma de suas gostosas gargalhadas e mudamos de assunto, receosos de que o vidente de Pedro Leopoldo observasse, escondido em nós, algum animal ferocíssimo...

 

Livro Lindos Casos de Chico Xavier
Autor Ramiro Gama

 

 

SABER E FAZER

           

           “Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes.” - Jesus. (JOÃO, capítulo 13, versículo 17.)

 

           Entre saber e fazer existe singular diferença. Quase todos sabem, poucos fazem. Todas as seitas religiosas, de modo geral, somente ensinam o que constitui o bem. Todas possuem serventuários, crentes e propagandistas, mas os apóstolos de cada uma escasseiam cada vez mais.
           Há sempre vozes habilitadas a indicar os caminhos. É a palavra dos que sabem.
           Raras criaturas penetram valorosamente a vereda, muita vez em silêncio, abandonadas e incompreendidas. É o esforço supremo dos que fazem.
           Jesus compreendeu a indecisão dos filhos da Terra e, transmitindo-lhes a palavra da verdade e da vida, fez a exemplificação máxima, através de sacrifícios culminantes.
           A existência de uma teoria elevada envolve a necessidade de experiência e trabalho. Se a ação edificante fosse desnecessária, a mais humilde tese do bem deixaria de existir por inútil.
           João assinalou a lição do Mestre com sabedoria. Demonstra o versículo que somente os que concretizam os ensinamentos do Senhor podem ser bem aventurados.
           Aí reside, no campo do serviço cristão, a diferença entre a cultura e a prática, entre saber e fazer.

 

Caminho, Verdade e Vida
Francisco Cândido Xavier
Ditado pelo Espírito Emmanuel

 

 

EDUCA

 

           “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” Paulo (I Coríntios, 3:16)

 

           Na semente minúscula reside o germe do tronco benfeitor.
           No coração da terra, há melodias da fonte.
           No bloco de pedra, há obras primas de estatuária.
           Entretanto, o pomar reclama esforço ativo.
           A corrente cristalina pede aquedutos para transportar-se imaculada.
           A jóia de escultura pede milagres do buril.
           Também o espírito traz consigo o gene da Divindade.
           Deus está em nós, quanto estamos em Deus.
           Mas, para que a luz divina se destaque da treva humana, é necessário que os processos educativos da vida nos trabalhem no empedrado caminho dos milênios.
           Somente o coração enobrecido no grande entendimento pode vazar o heroísmo santificante.
           Apenas o cérebro cultivado pode produzir iluminadas formas de pensamento.
           Só a grandeza espiritual consegue gerar a palavra equilibrada, o verbo sublime e a voz consoladora.
           Interpretemos a dor e o trabalho por artistas celestes de nosso aperfeiçoamento.
           Educa e transformarás a irracional idade em inteligência, a inteligência em humanidade e a humanidade em angelitude.
           Educa e edificarás o paraíso na Terra.
           Se sabemos que o Senhor habita em nós, aperfeiçoemos a nossa vida, a fim de manifestá-lo.

 

Fonte Viva
Francisco Cândido Xavier
Ditado pelo Espírito Emmanuel

 

EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
Rua Colorado nº 488, Bairro Jardim Canadá, CEP 79112-480, Campo Grande-MS.