MATERIALISMO
É notório que não há, no mundo todo, povos que não creem na sobrevivência da alma depois do decesso, do desencarne, ou da morte, como é mais conhecida. Até nas tribos mais primitivas, mais atrasadas, nas entranhas da África ou da floresta Amazônica, nota-se algum tipo de adoração a um ser que lhes seja superior.
Por que será então que algumas pessoas mais evoluídas, mais adiantadas intelectualmente, algumas mentes brilhantes, filosóficas, com domínio das ciências e das artes, negam de forma determinante a existência de Deus, a existência justamente Daquele que tudo criou por sua divina vontade?
Allan Kardec, o ilustre codificador da glamorosa Doutrina dos Espíritos, levou essa questão aos imortais que a trouxeram, recebendo deles a informação que o orgulho tolda a visão dos que se julgam tudo saber, não admitindo que algo possa lhes ultrapassar o entendimento, acreditando que a natureza não lhes pode nada esconder.
Disseram-lhe ainda que não é o estudo que os leva ao materialismo, e sim as falsas consequências tiradas deles, acostumados que estão a abusar das coisas. Afirmam, os abnegados instrutores da humanidade, que na maioria das vezes eles, os incrédulos, são fanfarrões que apenas sustentam essa posição materialista por não terem nada que lhes possa preencher o vazio que os apavora, e se lhes mostrar uma âncora de salvação, agarrar-se-ão a ela de imediato.
A doutrina materialista, a Filosofia Positiva defendida por Augusto Comte e seus seguidores como Littré, não admite a existência da alma “porque não se conhece nenhuma propriedade sem matéria... calor sem corpo quente... eletricidade sem corpo elétrico... pensamento sem ser vivo...”. Compara assim, alhos com bugalhos, ao confundir o pensamento, a razão pensante, o sentimento de liberdade, de justiça de bondade com uma simples função da substância orgânica, com o cérebro segregando o pensamento da mesma forma como o fígado produz a bílis.
Essa estranha doutrina foi muito bem combatida por pensadores exímios como Camille Flammarion, renomado Astrônomo e filósofo contemporâneo de Littré. Diz, Flammarion, que é impossível analisar o mecanismo do olho, da visão, da audição sem concluir que tais órgãos são construídos com inteligência e arremata, depois de muito brilhantemente argumentar, que o materialismo é uma doutrina errônea, incompleta, insuficiente e que nada explica.
Léon Denis, grande filósofo Espírita, lembra que há materialistas e ateus honestos e virtuosos, mas que não é tal doutrina que lhes dá essas qualidades; pois, se são assim, é apesar de suas opiniões e não por causa delas.
Julga-se uma doutrina pelas suas consequências morais sobre a sociedade. Essas teorias materialistas, apoiadas no fatalismo, não ajudam o crescimento moral e perigosamente facilitam o falso raciocínio que se nada mais existe além da vida física, nem mesmo a justiça superior à dos homens, não há motivos para se lutar e sofrer, nem para se ter coragem, piedade, retidão, caridade, compaixão, perdão...
Felizmente o materialismo foi derrotado pela boa Filosofia, auxiliada pelas religiões, mormente pelo Espiritismo que não só matou a morte, como apresentou-nos a hierarquia dos Espíritos, onde todos, efetivamente todos, ascenderemos aos elevados degraus da perfeição que o Cristo de Deus pediu que alcançássemos e aí seremos senhores absolutos da matéria, não sofrendo influência alguma dela e sim dominando-a completamente.
Crispim
Referências Bibliográficas:
* O Livro dos Espíritos. Allan Kardec. Questões 147 e 148.
* A Morte e seu Mistério. Camille Flammarion. Volume 1
RODA DA FORTUNA
O próprio mundo traz de volta o que lançou na corrente da vida, no bem ou no mal, mostrando a responsabilidade pelo caminho que escolheu. E certo que colherá do bem que espalha como também sofrerá as consequências se houver prejudicado ao próximo.
Tudo tem a sua razão de ser, descubra sempre qual é o melhor caminho.
Se ao longo da estrada encontrar dificuldades, conscientemente procure a causa, pode ser que isso reside na sua maneira equivocada de agir, assim sendo, esforce-se e corrija-se. Não pode ser complacente consigo mesmo, quando é importante repensar muitos pontos de vista, e alinhá-los pelo bom senso e a lógica, o que não pode é continuar a cometer os mesmos erros e julgar que isso é normal.
Lembre-se que está aqui neste plano para se aperfeiçoar, por isso não perca a oportunidade de servir, que este nobre gesto constitui o mais alto padrão de comportamento, talvez por isso mesmo tenha Jesus tenha dito. “O filho do homem veio para servir e não para ser servido”.
Assim que encare cada situação do ponto de vista da vida espiritual. É claro que se vive no mundo material, logo deve viver dentro de certos padrões exigidos pela condição humana. Porém todas as forças deve se concentrar na vida espiritual, pois esta é que preexiste e sobrevive a tudo. Daí o empenho que deve manter para não lesar ninguém, pois será o maior entrave a sua evolução espiritual, muito menos esqueçam os princípios propostos por Jesus.
Naturalmente que está num campo de provas e pode, de repente, cometer alguns erros de avaliação, mas assim que perceber, não perca tempo e procure retratar-se enquanto há tempo. Mais tarde não adiantará lamentar-se. Por enquanto está com a oportunidade em suas mãos, só depende de sua decisão.
Portanto, preste muita atenção em tudo que faça, observe bem as consequências de suas ações. Às vezes tentando fazer o bem, comete erros lamentáveis também, a isso que deve manter o cuidado necessário.
É certo que está num campo e pode aqui e ali estar minado pelas atitudes impensadas de ontem e estão refletindo hoje como contra golpe para que venha refletir melhor, embora até muitas vezes repita consigo mesmo. – Mas nunca fiz mal para ninguém!
Pode até ser que nesta existência não tenha prejudicado ninguém, mas é certo que não é inocente porque pode tê-lo feito em outras. Logo não se julgue vítima, mas pelo contrário fique mais atento ainda e procure a causa, como pode ser um aviso de amigos abnegados do mais além, tentando abrir seus olhos enquanto há tempo.
Assim procure interpretar cada sinal, sempre evitando cometer qualquer atitude que possa ferir o próximo sob qualquer pretexto, vale agir sempre no bem, por que este será o seu maior triunfo, até mesmo quando os outros até suponham que tenha perdido ou fora prejudicado.
Pois bem, mantenha o foco em suas atividades, por mais obscuro que elas sejam, exercite-as bem, como um dever muito importante aqui no mundo, porque muitas coisas indesejáveis acontecem por não haver cumprido com os seus deveres.
Por fim coloque-se em condições de cumprir o seu papel no mundo por mais difícil e penoso que seja, comporte-se como o soldado que perdeu a armadura e seus pertences, mas lutou pelo que acreditava até o fim. Áulus.
Luzes da Ribalta
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
NÃO ESPEREM DEMAIS
Ao levantar-se agradeça a Deus pela vida, porque enquanto houver vida pode mudar seu destino para melhor, mas não espere demais, porque, talvez em breve já não esteja mais neste mundo, porque é verdade que aqui não é a sua residência definitiva.
Por isso Invista mais na vida espiritual - que é aquela que preexiste e sobrevive a tudo-, porque por maiores que sejam as suas ilusões, é certo que tudo aqui deixará neste campo de provas, inclusive o seu próprio corpo físico.
Portanto, abra os braços enquanto é tempo para fazer alguma coisa a seu benefício e não aja com o homem imprudente que espera demais, e de repente é surpreendido pelo chamado da vida espiritual, notificando-lhe que sua vida nesta dimensão chegara ao fim. Quando pouco adiantará se arrepender porque desta feita será tarde demais, mas, talvez aja tempo para fazer uma profunda reflexão que poderá mudar alguma coisa.
Mesmo porque a outra encarnação não será fácil, além dos problemas acumulados nesta existência e ainda haverá outros e mais ainda que podem demorar muito tempo. Porém enquanto isso sofrerá a conseqüências desta experiência mal vivida em que não aproveitou a grande oportunidade, porque se iludiu com os valores deste mundo e para mal dos seus pecados, não os poderá carregar, por certo que viverá na maior penúria.
A verdade que não ajuntou provisão para os dias difíceis que o esperam, representado do bem que devia ter feito e não fez.
Além do mais o sofrimento provocado pela sua consciência de culpa por não haver aproveitado a oportunidade e por longo tempo esperará até que chegue a sua vez. Talvez de outra feita desperte para a realidade e aproveite melhor a experiência que a Espiritualidade preparou-lhe com tanto carinho e dedicação para que desse um passo significativo na senda evolutiva, mas se nada fez? O que pode esperar!
Mais tarde compreenderá que perdeu uma grande oportunidade, mas também é certo que um dia, outra vez voltará ao campo de provas e talvez daquela feita não perca mais uma, porque a vida também cobra daquele que voluntariamente não quiseram caminhar.
Certamente que um dia voltará com bastante entusiasmo para realizar a sua caminha rumo à felicidade que há tanto tempo sonhou, mas sem fazer por onde para conquistá-la. Por isso se revista de mais coragem para e abrir o próprio caminho, mas não se iluda que deverá caminhar com os próprios pés, porque é a lei para todos.
Assim que desperte enquanto há tempo seja feliz. Áulus.
Não Espere Demais
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
A HISTÓRIA DO LIVRO
O mundo vivia em grandes perturbações.
As criaturas andavam empenhadas em conflitos constantes, assemelhando-se aos animais ferozes, quando em luta violenta.
Os ensinamentos dos homens bons, prudentes e sábios eram rapidamente esquecidos, porque, depois da morte deles, ninguém mais lhes lembrava a palavra orientadora e conselheira.
A Ciência começava com o esforço de algumas pessoas dedicadas à inteligência; entretanto, rapidamente desaparecia porque lhe faltava continuidade. Era impraticável o prosseguimento das pesquisas louváveis, sem a presença dos iniciadores.
Por isso, o povo, como que sem luz, recaia sempre nos grandes erros, dominado pela ignorância e pela miséria.
Foi então que o Senhor, compadecendo-se dos homens, lhes enviou um tesouro de inapreciável importância, com o qual se dirigissem para o verdadeiro progresso.
Esse tesouro é o livro. Com ele, apareceu a escola, com a escola, a educação foi consolidada na Terra e, com a educação, o povo começou a livrar-se do mal, conscientemente.
Muitos homens de cérebro transviado escrevem maus livros, inclinando a alma do mundo ao desespero e à ironia, ao desânimo e à crueldade, mas, as páginas dessa natureza são apressadamente esquecidas, porque o livro é realmente uma dádiva de Deus à Humanidade para que os grandes instrutores possam clarear o nosso caminho, conversando conosco, acima dos séculos e das civilizações.
É pelo livro que recebemos o ensinamento e a orientação, o reajuste mental e a renovação interior.
Dificilmente poderíamos conquistar a felicidade sem a boa leitura, O próprio Jesus, a fim de permanecer conosco, legou-nos o Evangelho de Amor, que e, sem dúvida, o Livro Divino em cujas lições podemos encontrar a libertação de todo o mal.
Livro Pai Nosso
Francisco Candido Xavier
Pelo Espírito de Meimei
O EVANGELHO SEGUNDO MATEUS
Relata Léon Denis:
O Cristo nada escreveu. Suas palavras, disseminadas ao longo dos caminhos, foram transmitidas de boca em boca e, posteriormente, transcritas em diferentes épocas, muito tempo depois da sua morte. Uma tradição religiosa popular formou-se pouco a pouco, tradição que sofreu constante evolução até o século IV.
Durante esse período de trezentos anos, a tradição cristã jamais permaneceu estacionária, nem a si mesmo semelhante. Afastando-se do seu ponto de partida, através dos tempos e lugares, ela se enriqueceu e diversificou.
[...]
Durante perto de meio século depois da morte de Jesus, a tradição cristã, oral e viva, é qual água corrente em que qualquer se pode saciar. Sua propaganda se fez por meio da prédica [sermão, discurso religioso], pelo ensino dos apóstolos, homens simples, iletrados, mas iluminados pelo pensamento do Mestre [...].
Infelizmente, os diferentes segmentos da igreja cristã se afastaram, efetivamente, da mensagem do Cristo, conduzindo-se por políticas e normas clericais, definidas, sobretudo, nos concílios eclesiásticos. A deturpação imposta à mensagem de Jesus representa grave responsabilidade assumida perante as Leis de Deus.
Não é senão do ano 60 ao 80 que aparecem as primeiras narrações escritas, a de Marcos a princípio, que é a mais antiga, depois as primeiras narrativas atribuídas a Mateus e Lucas, todas, escritos fragmentários e que se vão acrescentar de sucessivas adições, como todas as obras populares. Foi somente no fim do século I, de 80 a 98, que surgiu o Evangelho de Lucas, assim como o de Mateus, o primitivo, atualmente perdido; finalmente, de 98 e 110, apareceu, em Éfeso, o Evangelho de João.
O EVANGELHO SEGUNDO MATEUS
[...] Seguramente depois de 70, após a destruição de Jerusalém, e posteriormente ao Evangelho de Marcos. O texto conhecido nos dias atuais, surgiu na Palestina, escrito em grego, em bom estilo literário, para leitores da língua grega. Posteriormente foi traduzido para o latim (Vulgata). Alguns estudiosos acreditam que o texto original de Mateus foi escrito em aramaico e, mais tarde, traduzido para o grego. Se, efetivamente, esse texto existiu, foi perdido.
[...] No tempo em que foi escrito, a igreja cristã já ultrapassara os limites de Israel.
CARACTERÍSTICAS GERAIS DO EVANGELHO SEGUNDO MATEUS
1) “Na composição literária do seu Evangelho, o autor empregou como fontes o Evangelho de Marcos e outros escritos particulares. Fez um trabalho de compilação bastante pessoal” (é um texto rico de hebraísmos).”
2) “As linhas gerais da vida do Cristo, encontradas no Evangelho de Marcos, são reproduzidas no de Mateus, mas segundo um novo plano, porque os relatos e os discursos se alternam.”
3) “Para Mateus, Jesus é o Filho de Deus e Emanuel, Deus conosco desde o início. No fim do Evangelho, Jesus enquanto Filho do homem é dotado de toda a autoridade divina sobre o Reino de Deus, tanto nos céus como na terra [...].”
4) “O título de Filho de Deus reaparece nos momentos decisivos do relato: o batismo (3:17); a confissão de Pedro (16,6); a transfiguração (17,5); o processo de Jesus e sua crucificação (26:6; 27:40 a 43 e 54)”
5) “Ligada a este título, encontra-se o de filho de Davi [indicando que Jesus era da linhagem real do Rei Davi] dez vezes, como em 9:27, em virtude da qual Jesus é o novo Salomão, curador e sábio. Com efeito, Jesus fala como a Sabedoria Encarnada (11:25 a 30 e 23:37 a 39).”
6) “O título de Filho do homem, que percorre o Evangelho, culminando na última cena majestosa (28:18 a 20) [...].”
7) “O anúncio da vinda do Reino acarreta uma conduta humana que em Mateus se exprime sobretudo pela busca pela justiça e pela obediência à Lei. A justiça é tema preferido de Mateus (3:15; 5:6, 10:20; 6: a 33; 21:32), é aqui a resposta humana de obediência à vontade do Pai, mais que o dom divino do perdão [...].”
8) “Entre os evangelistas, Mateus se distingue pelo seu interesse explicito pela Igreja (16:18; 18:16) [...]. Ele procura dar à comunidade dos fiéis princípios de conduta e chefes autorizados. Estes princípios são evocados nos grandes discursos, sobretudo no cap. 18 [...].”
Livro Evangelho Redivivo
FEB
PSICOGRAFIA
Inspirai-me sempre o sentimento do dever bem cumprido. Afastai de mim o orgulho e o egoísmo, porque sei que nestes dois estados da alma é que provoca as maiores quedas. As questões morais devem ser repensadas, tanto quanto a miséria material, sem fazer alguma coisa para saná-las. Principalmente os espíritas cristãos devem se conscientizar dessa realidade. Sem amor aos outros se adornam de fantasias engendradas pelos seus cérebros orgulhosos, pois que se julgam desobrigados de estender a mão ao próximo que sofre, de vez que acham que isso não é importante. Geralmente dizem que dar um pedaço de pão a quem tem fome não vai resolver o problema da miséria de ninguém. Pode não resolver, mas que ameniza o problema, ameniza, até que uma solução definitiva surja. Não seria uma felicidade cooperar desde já com aquele que passa pela provação.
Falou alguém que é melhor dar migalhas hoje, do que não fazer nada a vida inteira em favor dos outros, sob pretexto que não vai resolver o problema. Quantos caem por falta de apoio, aliás, de um apoio mínimo que alguém de boa vontade poderia oferecer. Mas não, o comodismo toma conta de seus dias e deixa-se ficar em suas casas esplendidas até que a morte venha colhê-los um a um, esquecidos que a dor existe em larga escala no lar de tantas criaturas, que às vezes, um simples ato de boa vontade poderia resolver. Mas não, é melhor o teórico que põe defeito em tudo, que sempre tem uma resposta na ponta da língua. Mas quando chega a hora de prestar a sua colaboração inventa mil desculpas, procurando se justificar e assim, infeliz vai a cada dia criando barreiras para si mesmo, porque o bem exige exercícios constantes. Amar o próximo deve começar por casa, primeiros aos familiares mais diretos que sempre se têm compromissos com raízes formadas no passado. Depois vai estender suas mãos operosas aos irmãos mais infelizes, que sofrem mais que qualquer um. Aproveitem enquanto há sol no seu caminho, porque pode acontecer que o tempo carregado surja de repente, trazendo tempestades e tormentas e não possa mais divisar o caminho libertador, por isso, convém se apressar para que faça a sua parte com largueza de intenção.
Quem faz o bem se promove aos seus próprios olhos, porque retirará forças do seu próprio labor. O trabalho desinteressado em favor do próximo é uma lei positiva que sempre ilumina o coração de quem o pratica. Muitos caem por sua própria culpa, porque não querem se dispor ao trabalho que os protegeriam de tantas ciladas. Depois quando as dificuldades batem a porta, ou mesmo a doença pertinaz, põe-se a lamentar, mas eu devia ter feito, ou aquilo. Mas não fez e agora não tem mais condições. É chorar o leite derramado, como se diz na linguagem popular. Tantos desses se encontram todos os dias. O pior é que na vida espiritual é que sentirão todo o peso de sua vida inútil. Como aquele aluno que freqüentou a escola e não sabe ler. Inquirido porque não aproveitou o tempo disponível para aprender as lições proveitosas para a vida inteira. Certamente que não terá uma resposta satisfatória. O seu grande empecilho foi à falta de vontade, em linguagem popular, chama-se preguiça, falta de responsabilidade perante os imperativos da vida. Não pode nem se lamentar porque a consciência o acusa, no fundo sabe que ele foi o único culpado de sua desventura, às vezes quer culpar os outros, mas não tem forças nem para isso porque sabe que foi ele o grande culpado de suas desditas.Áulus.
APSVI-14
Espiritismo para Crianças
Marcela Prada
Tema: Perdão, compreensão
DEIXA PRA LÁ, ISSO ACONTECE!
Mateus e seus amigos adoravam futebol e todo final de semana se reuniam para jogar no campinho do bairro. Nem sempre eles jogavam com uma bola adequada. Na maioria das vezes, a diversão se dava com uma bola qualquer, até bola murcha servia.
Mas, naquele dia, os meninos estavam animados porque iriam usar a bola do Lucas. A bola era um espetáculo. Era nova e oficial. Os meninos corriam, faziam boas jogadas e davam cada chute forte de dar gosto.
Os dois times fizeram boas jogadas bastante e vários gols. Em certo momento, Mateus conseguiu a bola e quis jogá-la lá para a frente, para iniciar um contra-ataque. Por isso, deu chute bem forte.
Mas ele já estava bem cansado, e o chute acabou saindo errado. A bola subiu muito e foi numa direção que ninguém esperava. Caiu dentro do terreno da fábrica, que ficava ao lado do campinho.
A fábrica estava fechada, pois ninguém trabalhava lá no fim de semana. E nela havia dois enormes cães de guarda que, sem demora, morderam a bola e a estragaram todinha.
Foi um desespero para os meninos. Em poucos segundos, a empolgação da bola nova se transformou em tristeza. Não havia o que fazer. Alguns puseram a mão na cabeça, uns olharam para o Lucas e outros pro Mateus.
Mateus ficou arrasado. Tentou gritar para os cachorros pararem, mas não adiantou. Sentia-se tão mal que quase começou a chorar. Pediu desculpas envergonhado, sem coragem de olhar para o Lucas.
Ninguém sabia o que dizer. Estavam tristes por perderem a bola, mas perceberam que a tristeza de Mateus era ainda maior do que a deles, por ter sido ele quem deu o chute.
De repente, Lucas, vendo o constrangimento do amigo, falou sorrindo:
— É, pessoal, jogar com bola boa é legal, mas time bom mesmo joga com qualquer coisa. Amanhã a gente joga de novo com a bola de borracha do Jonas, combinado?
Os meninos riram. Lucas foi até Mateus e lhe deu um abraço dizendo:
— Não faz mal, Mateus. Deixa pra lá! Isso acontece.
Mateus se sentiu aliviado e ficou muito agradecido a Lucas e ao time todo por o tratarem com compreensão. Num minuto, ele foi da tristeza para a alegria, pois percebeu que tinha amigos especiais e que Lucas era um cara muito legal.
O assunto ficou resolvido e eles foram embora.
Mas a história não acabou aí. Quando chegou em casa, Mateus quis descansar e ouvir música como ele gostava. Procurou seu fone de ouvido, mas não o encontrou.
Já estava se cansando de procurar, quando seu irmão Marcos entrou em seu quarto.
— Mateus, você está procurando seu fone? — disse ele, preocupado.
— Estou, por quê, Marcos?
— É que o Juca veio aqui em casa hoje para a gente jogar no computador, mas o fone que ele trouxe não estava funcionando. Então eu emprestei o seu para ele.
— Tudo bem. Mas onde vocês deixaram meu fone?
— Então... Esse é o problema! Sem querer, o Juca trocou os fones. Deixou o quebrado dele aqui e levou o seu, por engano, para a casa dele. Ele me ligou e falou que me entrega amanhã na escola, tá? — explicou Marcos, já esperando a bronca que iria levar.
Mas, para sua surpresa, Mateus não brigou. Apenas disse:
— Não tem problema, Marcos, deixa pra lá. Isso acontece!
Marcos nem acreditou na reação calma do irmão. Mas agradeceu muito. É que a compreensão de Lucas fez Mateus se sentir tão bem, que ele quis agir da mesma forma com seu irmão.
E assim, mesmo com essas contrariedades, o dia acabou muito bem para todos. Afinal, gentileza gera gentileza. Bondade atrai bondade. E não são coisas, mas sim bons sentimentos que constroem paz e felicidade.
O Consolador
Revista Divulgação Espírita
2022
VIDAS VAZIAS
De: Divaldo Franco
Espírito: Joana de Ângelis
Editora: Leal
A Humanidade vive, sem dúvidas, uma era de progresso. Há cada vez mais avanços tecnológicos, permitindo a exploração de lugares longínquos, outrora inalcançáveis.
Há também novos e avançados estudos da mente humana, do pensamento, psicológico, que conseguem explicar alguns comportamentos em nossa sociedade.
Contudo, a criatura humana muitas vezes se utiliza de maneira equívoca das ferramentas e oportunidades ensejadas por tais avanços, afundando-se com celeridade em pensamentos frívolos, em perturbações e sensações fortes, o que resulta em vidas vazias.
Apesar de todo aturdimento e aberrações que enxameiam a Terra, planeta de provas e expiações, a vida humana tem os sublimes objetivos de amar e de encontrar o sentido existencial, que são razão vigorosa para viver.
A presente obra foi pensada tendo tais fatos como base. São 30 mensagens ricas de estudos e reflexões cuidadosos, sugerindo métodos eficazes para os graves problemas dos dias hodiernos, a fim de que se possa vencer a inferioridade moral, assim como a espiritual, e conquistar a plenitude.
DENTRO DE TI MESMO
por Vladimir Alexei
Em Minas Gerais há uma característica peculiar na divulgação da Doutrina Espírita. Trata-se do estudo minucioso do Evangelho, prática que ganhou o país nos últimos tempos, de forma sistematizada, e que carinhosamente é chamada de “miudinho”.
Essa mesma virtude de difundir o estudo minucioso do Evangelho fez com que autores espirituais, sobretudo Emmanuel, ganhassem uma notoriedade, talvez, um pouco diferente da proposta de seu conteúdo, assim entendemos. De fato, a notoriedade é tanta que muitos nem simpatizam com os trabalhos do autor espiritual tendo, inclusive, divergências. Mas não são divergências com as ideias e nem com a forma enérgica e austera com que trabalhou com Chico Xavier. Nem diferenças por aquilo que se denomina no movimento espírita como “erro doutrinário” atribuído a pensamentos e ideias sobre a “alma gêmea”, por exemplo. Nada disso. É mais por causa dos “emmanuelistas”, que alimentam um “cheiro de sacristia” muito diferente da filosofia trazida pelo autor espiritual.
Uma prova disso pode ser extraída da série “Fonte Viva”. Um conjunto de livros com diversas interpretações do Evangelho, que mais poderia se chamar “Fonte de Luz” do que “Fonte Viva” (quiçá são sinônimos!). São interpretações profundas, contribuições honestas, conexões de ideias que favorecem uma pessoa comum a extrair da letra o espírito que vivifica do Evangelho.
A série “Fonte Viva” é um excelente recurso para se utiliza no Evangelho no Lar, para harmonização ambiente, colocando “todos” na “mesma página” em busca de sintonia e inspiração superior. Não se limita ao Evangelho no Lar. Serve para ser aberto ao acaso quando se acorda, ao deitar, durante o dia, em diversos momentos da vida e são reflexões que nem sempre são compreendidas em sua essência, ainda mais quando a mesma lição surge durante um período maior.
A mensagem de número 147, por exemplo, do livro que deu nome à série, Fonte Viva, é de uma beleza ímpar. Seu título é “Refugia-te em paz”. Emmanuel interpreta a passagem narrada pelo Apóstolo Marcos, no capítulo 6, versículo 31 (“Havia muitos que iam e vinham e não tinham tempo para comer”), com riqueza de detalhes e uma abordagem muito atual. A obra foi escrita em 1956!
Logo no primeiro parágrafo, o autor espiritual diz do que se trata a mensagem: “O convite do Mestre para que os discípulos procurem lugar à parte, a fim de repousarem a mente e o coração na prece, é cada vez mais oportuno”. A prece é o “alimento” é o ato de “comer”.
De fato, sua atualidade corrobora com a oportunidade: os dias atuais exigem, cada vez mais, o repouso para a mente e o coração na prece, na tentativa de vencer os obstáculos diários que nos afligem.
Mas não entendemos o repouso da mente e do coração na prece como uma proposta dogmática, religiosa, como faz crer alguns “emmanuelistas”. O recolhimento proposto é subjetivo e trata de voltar o olhar para dentro de si mesmo para compreender melhor o que move o indivíduo.
Com tantas lutas fratricidas do lado de fora, como o indivíduo tem-se comportado do lado de dentro? “As estradas terrestres estão cheias dos que vão e vêm, atormentados pelos interesses imediatistas...”, e assim Emmanuel desenvolve seu raciocínio em um convite individual, que pode abarcar a todos, sem melindres, porque é destituído de aparências exteriores. “Nunca houve no mundo tantos templos de pedra...”, quem busca refugiar-se em paz em templos de pedra, não encontra conforto e calor. Poderia, mas não tem encontrado. O refúgio é interior.
Em outro momento, o autor espiritual segue com reflexões atuais e edificantes, como “aprimoraram-se as teorias sociais de solidariedade e nunca houve tanta discórdia”. A necessidade da fraternidade social está cada vez mais evidente. As casas espíritas continuam vazias após a pandemia, com os frequentadores descrentes daquele modelo de reunião automatizada de “prece – palestra – passe – prece”, com algumas alterações na ordem dos fatores.
Esse desconforto é um indicativo de que as casas espíritas podem rever seu modelo, sem alterar a forma de funcionamento, ou seja, é preciso convencer aqueles que “vão e vem” na casa espírita, que, mesmo que o modelo seja esse em grande parte das casas (“prece-palestra-passe-prece”), as reuniões públicas têm o objetivo de proporcionar conexões com o universo “de dentro”, para fazer luzir esperança, conforto e fortalecimento mental para o cansaço que sobrevém àqueles que frequentam a casa. Por quê?
Na interpretação de Emmanuel, “a maioria dos homens permanece no vai e vem dos caminhos, entre a procura desorientada e o achado falso, entre a mocidade leviana e a velhice desiludida, entre a saúde menosprezada e a moléstia sem proveito, entre a encarnação perdida e a desencarnação em desespero”. Que reflexão maravilhosa e atual!
Essa mensagem nos faz lembrar o pensamento de Léon Denis, na pequena obra, porém gigante em ensinamentos também, O porquê da vida: conforme for o ideal, assim é o homem.
Que possamos renovar as esperanças dentro de nós mesmos, perseguindo “devagar, mas sempre” os propósitos superiores e do além, como continuidade da vida. Emmanuel, em outra mensagem na mesma obra, nos convida a voltarmos o olhar para dentro de nós mesmos e perseverarmos com vigilância: “não abandones o teu grande sonho de conhecer e fazer, nos domínios da inteligência e do sentimento, mas não te esqueças do trabalho pequenino, dia a dia”.
Consolador
2023
PAZ DE ESPÍRITO
Divaldo Franco
Professor, médium e conferencista espírita
Em face das condições evolutivas do planeta terrestre, considerado relativamente primitivo na escala apresentada por Allan Kardec, e assim o é, porque os Espíritos que o habitam somos, igualmente, um tanto primários, em nosso processo de desenvolvimento intelecto-moral torna-se desafiadora a conquista da paz de espírito.
Esse fenômeno, a paz interior, ocorre quando conseguimos viver dominados pelos sentimentos do amor, da caridade, da compaixão e da sede de Deus.
Enquanto permanecermos no cultivo do ego e das suas manifestações inferiores, não conseguiremos a harmonia necessária para uma cultura de fraternidade.
A amizade sem jaça é ainda uma experiência psicológica muito rara em nossos relacionamentos, nos quais, porque sempre cada qual pretende ser melhor e possuir mais do que outro, a fim de oferecer-se segurança emocional.
Como é natural, a maturidade espiritual dos seres é um labor intérmino, porque marchamos da sombra da ignorância para a luz do discernimento, e as conquistas transformadoras para melhor sempre ocorrem mui lentamente.
Tendo em vista as circunstâncias ambientais, familiares e sociais, é-nos um desafio constante ascender moralmente na escala do progresso, na tentativa de alcançar a fatalidade para a qual fomos criados por Deus: a perfeição relativa!
Cultivando mais a insensatez e a competição, raramente nos preocupamos seriamente com a forma como devemos viver com o nosso próximo e resistir às teias do mal que nos tentam envolver.
A afetividade ainda se nos apresenta na forma de usufruir prazeres através da libido, sem a preocupação sincera do desinteresse de retribuição das bênçãos que podemos oferecer.
Por isso e por outras razões, os relacionamentos são mal estruturados e os conceitos em torno do progresso moral parecem não ser legítimos.
Quando o companheiro tomba no seu processo existencial, logo é julgado e sem qualquer reserva é contemplado pela calúnia e infâmia, e mesmo quando se mantém com dignidade nas lutas que empreende, parece que desperta mágoas, inveja e despeito naqueles com os quais, às vezes, contava como amigos ou afetos. Dá-se exatamente o contrário: são esses os primeiros a apedrejarem, o que parece fazer-lhes um grande bem-estar.
Esquecem-se de que chegará também a sua hora de aflição, pois que “no mundo somente tereis aflições”, como sentenciou Jesus, ou “tudo é sofrimento”, conforme esclareceu Buda.
Desse modo, busca a paz da consciência no teu mundo íntimo, vinculado a Deus, orando e confiando mesmo nos momentos mais tormentosos, e te sentirás inatingível pela maldade dos maus, dos teus amigos ou adversários.
Não te permitas perder a paz ante a acusação dos insensatos e inimigos do bem, e prossegue na luta.
Artigo originalmente publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 9 de março de 2023.
LAVRADORES
“O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a gozar dos frutos.” Paulo (II Timóteo, 2:6)
Há lavradores de toda classe.
Existem aqueles que compram o campo e expiaram-no, através de rendeiros suarentos, sem nunca tocarem o solo com as próprias mãos.
Encontramos em muitos lugares os que relegam a enxada à ferrugem, cruzando os braços e imputando à chuva ou ao solo fracasso da sementeira que não vigiam.
Somos defrontados por muitos que fiscalizam a plantação dos vizinhos, sem qualquer atenção para com os trabalhos que lhes dizem respeito.
Temos diversos que falam despropositadamente com referência a inutilidades mil, enquanto vermes destruidores aniquilam as flores frágeis.
Vemos numerosos acusando a terra como incapaz de qualquer produção, mas negando à gleba que lhes foi confiada a bênção da gota d’água e o socorro do adubo.
Observamos muitos que se dizem possuídos pela dor de cabeça, pelo resfriado ou pela indisposição e perdem a sublime oportunidade de semear.
A Natureza, no entanto. retribui a todos eles com o desengano, a dificuldade, a negação e o desapontamento.
Mas o agricultor que realmente trabalha, cedo recolhe a graça do celeiro farto.
E assim ocorre na lavoura do espírito.
Ninguém logrará o resultado excelente, sem esforçar-se, conferindo à obra do bem o melhor de si mesmo.
Paulo de Tarso. escrevendo numa época de senhores e escravos, de superficialidade e favoritismo, não nos diz que o semeador distinguido por César ou mais endinheirado seria o legítimo detentor da colheita, mas asseverou, com indiscutível acerto, que o lavrador dedicado às próprias obrigações será o primeiro a beneficiar-se com as vantagens do fruto.
Fonte Viva
Francisco Cândido Xavier
Ditado pelo Espírito Emmanuel
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