DIVERSIDADE DOS MUNDOS
Por muitos e muitos séculos a nossa humanidade considerou que a nossa querida Terra era o centro do Universo, inclusive achando que nosso Sol girava, orbitava nosso planeta e que as demais estrelas foram criadas para serem contempladas por nós, os únicos habitantes do mundo.
Porém, Deus, o criador de tudo que existe, a inteligência suprema, criou-nos simples, iguais e ignorantes de tudo, mas nos favoreceu com a perfectibilidade, isto é, com a capacidade de irmos evoluindo e desvendando tudo o que poderíamos aprender, dando aos Homens de bem a possibilidade do conhecimento do Espírito e das coisas do céu e aos Homens que partiram para a ciência, a do conhecimento da matéria.
Por isso, hoje a ciência já nos mostrou a harmonia em que vive o Cosmo e a ideia do infinito. Então compreendemos quão pequena é a Terra e quanto ela é insignificante na hierarquia dos mundos.
Se observarmos, por um instante, qualquer região do nosso globo, veremos uma infinidade de seres e plantas, provando uma intensa atividade da natureza. Pássaros no céu, seres que correm nos campos, seres nas profundezas dos oceanos mostrando que a natureza age vigorosamente de acordo com os lugares, as circunstâncias e os tempos e em todas as partes, sem deixar a harmonia geral, povoando de seres vivos todo o nosso mundo.
Se assim ocorre em nossa casa astral, tão pequena e acanhada, o que diríamos da ação desta mesma natureza operando nas perspectivas dos enormes e maravilhosos mundos já detectados pela ciência, onde ela age mais desenvolvida, mais pujante, atestando sua portentosa diversidade, espalhando-se pelas eternas e infinitas moradas do Pai, como disse nosso senhor Jesus.
Crispim.
Referência bibliográfica:
- A Gênese. Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo. Allan Kardec.
A BASE DE TUDO
O amor é à base de conduta do espírita-cristão. Pois por amor que Jesus veio ao mundo, acender nos corações novas esperanças.
Por este motivo cultive-o como algo mais precioso que pode sonhar, vivendo-o com a mente e com o coração.
Se muitas vezes pensou, mas qual o elemento essencial para viver feliz? Hoje obtém a resposta, clara e precisa – é o amor -, porque esse sentimento enobrecido condensa todos os demais num só foco.
Por esse motivo mesmo Jesus colocou no centro de sua extraordinária doutrina, porque esse sentimento faz melhor aquele que o vive de maneira integral, ao mesmo tempo em que espalha ao seu derredor esse suave perfume que enternece todos os corações.
Se houvesse amor entre as criaturas as misérias sociais desapareceriam.
Por isso o cultive com todas as forças do seu coração generoso, porque desse sentimento que partem também todos os pensamentos mais criativos. É algo importante que deve constar de todas as suas ações.
Mas, sobretudo, o amor praticado que dará as compensações mais santas àqueles que o vivem verdadeiramente. Mas sublima-se e se torna grandioso quando se transforma na fase mais importante desse sentimento que é representado pela a virtude máxima chamada – caridade -; a virtude por excelência que fala o apóstolo Paulo, porque sem contestação, faz o melhor aquele que a pratica.
Assim que se valha dessa virtude divina, quando:
- Diante do próximo em crise de sofrimento estende a mão em seu apoio, sem fazer qualquer acepção de pessoa ou de condição.
- Naquele lar simples onde a miséria e o sofrimento se fizerem presente, vendo com os próprios olhos as provações difíceis de suportar pela qual estão passando e sem recurso rogam por seu auxilio, sem delonga os auxilie e sem fazer inquirição alguma.
- Em qualquer situação seja gentil e respeitoso com o próximo, independente de sua condição social. O que importa na realidade é o bem que faça, porque muitas vezes na roda do destino pode acontecer consigo ou com aquele a quem muito ama o mesmo. Por certo que ficaria agradecido a quem da mesma forma lhe estendesse a mão.
- Sabendo que por toda parte há tantas dificuldades, disponha-se espontaneamente a dar a sua contribuição, talvez passando algum benefício aos outros do que já lhe sobra.
Por fim em qualquer dificuldade dos outros, intimamente se pergunte o que poderia fazer nesse caso? Se porventura no campo material, nada possa fazer, pelo menos ore para que ele encontre a melhor solução para o problema que o aflige.
Se porventura passa por dificuldades, procure trabalhar mais, porque somente assim poderá arranjará recurso mais amplo para dar uma solução justa a essa situação.
Está nesse campo de provas por uma determinação justa, muitas vezes por sua solicitação, por isso não reclame das dificuldades por maiores que sejam, nem se julgue injustiçado, a rigor pode estar recolhendo na medida certa daquilo que mais lhe convém
Se observar com atenção concluirá que os problemas são criações daquelas criaturas que os enfrentam. A rigor não pode perder o foco, nem se julgar vitima, porque não o é, por isso levante a cabeça e siga em frente.
Assim que diante das dificuldades, ficam as experiências.
Das ofensas, o ensejo de cultivar o perdão.
Das dificuldades financeiras a conclusão é que não é somente você que está passando por essa situação, mas também tantos outros. Como pode olhar do ponto de vista que o mais rico não é o que mais tem, mas aquele que sabe gerir com sabedoria os seus recursos.
Assim que organize a sua vida pela simplicidade, ficará mais fácil de ser feliz, como também não se deixe abater por pequenas contrariedades. Elas existem em toda a parte, tanto junto aquelas pessoas de mais ínfimas condições, como junto aqueles mais poderosos do mundo.
Não turbe o seu coração pelas ondas do pessimismo, porque esse sentimento é o maior empecilho a sua felicidade, às vezes só falta um pouco de fé para abrir a porta de um mundo mais venturoso.
É de suma importância que coloque o amor como prioridade absoluta em sua vida. Pois dele depende encontrar as alegrias mais profundas, basta que o cultive com todas as forças de sua alma, a fim que obtenha a orientação correta.
Mas não deixe para depois essa decisão, lembre que o hoje é o dia mais importante de sua vida. Áulus.
Luzes da Ribalta
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
DÍVIDA EM SUSPENSO
Por hora, pode até respirar com certo alivio, porque as grandes provações ainda não bateram a sua porta. Não por méritos, mas porque não tem estrutura moral para suportá-las, isto não quer dizer que delas esteja isento, mas muito pelo contrário, só estão à espera que tenha uma melhor preparação para que possa enfrentá-las sem se comprometer mais. Logo ponha mais sentido no que faz, por que é certo que um dia não terá mais como prorrogá-las.
Mas vale lembrar que por enquanto está sendo poupado, para adquirir musculatura que é necessária para que não fracasse outra vez. Mas é importante destacar que não é por mérito pessoal, mas por misericórdia divina que ainda não esteja sendo cobrada a conta que está em pendência desde muito tempo.
Portanto, aja sempre no bem, não se desvie nem para a direita nem para a esquerda, mas mantém o rumo certo, mesmo porque todos, sem exceção nenhuma, estão sujeitos a rever todos os seus atos, independentemente de qualquer condição. Se porventura agiu contra as leis magnânimas do Pai, é certo que incorrerá em sanções para recolocar tudo nos seus devidos lugares. O mal que fizera aos outros ficará em contas a pagar até que decida resgatá-las.
O próprio Mestre afirmou que “ninguém sairá daqui enquanto não quitar o último centavo”, é algo que sempre deve ser considerado. Por isso mesmo muita atenção em tudo que faça, cuide-se para não cometer mais nenhuma ação que fira ou prejudique o próximo, “amar uns aos outros” é uma orientação clara.
Toda atenção e esforço para praticar o bem e evitar o mal, porque o mal que faça aos outros, será debitado na sua conta. Ninguém poderá fugir a esse imperativo da lei, mas siga em frente, não se deixe abater pelas dificuldades, nem pelos insucessos de certos projetos, porque se persistir no caminho do bem é certo que vencerá.
Mas continue com muita perseverança a tarefa que abraçou, pois mediante o trabalho desinteressado de recompensa em favor dos outros, é começará a sua caminhada rumo a um futuro melhor. Por certo é o que mais contará para superar os problemas que serão colocados a sua frente. Siga em frente com muita coragem e fé. Áulus.
Não Espere Demais
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
O EVANGELHO SEGUNDO LUCAS
Pode-se situar o aparecimento do Evangelho de Lucas entre os anos 70 e 80 d.C. “O mérito particular do terceiro Evangelho lhe é dado pela personalidade cativante do seu autor, que nele transparece sem cessar. [...] Lucas é escritor de grande talento e alma delicada. Realizou sua obra de modo original, com preocupação pela informação e pela ordem (1:3) [...]. Seu plano retoma as grandes linhas do de Marcos com algumas transposições ou omissões. Alguns episódios são deslocados (3:19 e 20; 4:16 a 30; 5:1 a 11; 6:12 a 19; 22:31 a 34; etc.)”.
Características gerais do Evangelho segundo Lucas
1) Os episódios citados acima foram deslocados, ora por preocupação de clareza e de lógica, ora por influência de outras tradições, entre as quais deve-se notar a que se reflete igualmente no quarto Evangelho.
Outros episódios são omitidos, seja como menos interessantes para os leitores pagãos (cf. Marcos, 9,11 a 13), seja para evitar duplicatas (cf. Marcos, 12:28 a 34 em comparação com Lucas, 10:25 a 28).
2) O Evangelho que tem o seu nome é o terceiro na ordem dos livros do Novo Testamento, dirigido a um certo Teófilo, provavelmente um cristão gentílico. Neste livro afirma ele que as suas narrações foram cuidadosamente colhidas no testemunho apostólico, com o fim de dar conhecimento claro e completo da verdade em que havia sido instruído. Todo o material do seu Evangelho foi colhido em documentos primitivos e nas informações obtidas daqueles que haviam sido testemunhas de Jesus.
3) A narrativa desse Evangelho pode dividir-se da seguinte maneira: 1) Versículos que servem de introdução, 1:1 a 4. 2) Preparação para o aparecimento de Jesus, compreendendo os anúncios sobre o nascimento de João Batista e de Jesus, com alguns acontecimentos que se referem à sua infância e à sua mocidade, 1:5 até o cap. 2:52. 3) Inauguração do ministério de Cristo, inclusive a) o ministério de João Batista, b) o batismo de Jesus acompanhado de sua genealogia [que toma como base os ascendentes de Maria, não de José, como faz Mateus], e c) a tentação, cap. 3 até 4, v. 13. 4) O ministério de Nosso Senhor na Galileia, 4:14 até o cap. 9:50. Nesta parte do seu Evangelho, muitas vezes acompanha a mesma ordem de Marcos. [...]. 5) As jornadas de Jesus para Jerusalém, 9:51 até o cap. 19:48. Essa parte do Evangelho segundo Lucas contém material que lhe é muito próprio, às vezes um pouco fora da ordem cronológica, mas disposto de acordo com certos tópicos. [...]. 6) A última semana em Jerusalém, incluindo os últimos ensinos de Jesus no templo ao povo e a seus discípulos, sua prisão, seus julgamentos e consequente crucificação e sepultamento, cap. 20 a 23.56. 7) Narração do aparecimento de Jesus depois de ressuscitado, discursos e instruções a seus discípulos para pregarem o Evangelho, e a separação final subindo ao Céu, cap. 24.
Livro Evangelho Redivivo
FEB
PSICOGRAFIA
Que busca o homem além dos seus limites? Ou seja, qual os limites que Deus lhe traçou e determinou que não vá além? Certamente que nada está interditado ao homem, porém nem sempre está apto a compreender qual o seu verdadeiro objetivo e muitas vezes adentra-se em searas que não lhe pertence. Isso ocorre com aqueles que se deixam levar pelo seu suposto valor, mas o homem verdadeiramente consciente de seus compromissos sabe perfeitamente que seus limites terminam exatamente onde começa o do próximo.
Daí se vê que existem regras, que devem ser obedecidas. Moisés ao receber os Dez Mandamentos recebeu as regras que deve orientar toda criatura, ou seja, estabeleceu limites para que o este não viesse se complicar perante seu próprio destino, que em resumo é um grande tema, que se ramifica em dois: O amor a Deus e amor ao próximo. O Criador só pede aos seus filhos o cumprimento desses dois fundamentos que é a base de tudo. Assim, Deus porventura exigirá de nós alguma qualidade especial, algo acima de nossas forças? Não. Somente a prática do amor e caridade, que consiste em fazer aos outro aquilo que simplesmente deseja para si mesmo, nada, além disso. Os Códigos de todos os tempos sempre impuseram deveres duríssimos aos seus cidadãos, mas este somente o amor e recomendou que se faça do perdão uma regra comum do dia a dia, ao falar que deve perdoar setenta vezes sete, mostrando que o amor, a condescendência devem ser um ato comum da vida. Sem acepção de pessoas e em qualquer parte.
Demonstrar que o homem é livre para agir, porém existe um código de amor que deve ser respeitado, mas não exige nada que nos constranja a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, pois que nos oferece simplesmente o mandamento do amor e que não cessa de recomendar “amar aos outros como a si mesmo”, este é o seu maior mandamento, pois que quando se ama aos outros, deixam de existir a maioria absoluta dos males que campeiam sobre a Terra, o mal é exatamente a ausência do amor, do respeito ao próximo ‘É um ponto que a Doutrina de Jesus assume um papel capital no destino do homem em qualquer lugar. Em resumo, não se vai a lugar nenhum sem amor, sem esse sentimento sagrado ao coração.
Com amor abrem todas as portas, porém com sua falta só haverá tormento e dor. Sim. Muitas vezes alguns não fazem a devida avaliação e depois mais tarde lamentam os males que sofrem, mas estes males não querem dizer castigo, mas uma correção de meta. Toda vez que lesa o próximo cria-se imediatamente para si uma situação negativa, que irá depor contra si mesmo, pois agiu mal lesando os outros. Nunca é demais lembrar que a falta de amor é que dá origem a maioria dos males que assolam a Terra. Se cada um balizasse seus atos pelo amor, certamente que tantos sofrimentos seriam poupados.APSVI-16
Espiritismo para Crianças
Marcela Prada
Tema: Orgulho, bondade
A ROSA ORGULHOSA
Era uma vez uma rosa muito bonita. Sua beleza era admirada por todos e com isso ela ficava toda orgulhosa.
Ao seu lado havia um cacto, mas eles não viviam bem. A rosa o achava feio e o insultava frequentemente. O cacto, por sua vez, preferia não tê-la como vizinha.
Certa vez, na época do verão, o poço que havia no jardim secou. Todas as plantas dali começaram a sofrer com a falta d’água. A rosa começou a murchar e perder sua beleza.
Um dia veio um pardal mergulhar seu bico no cacto querendo um pouco de água. O cacto conseguia guardar bastante água e era o único que não estava sofrendo com a seca.
Embora envergonhada, a rosa não teve outro jeito a não ser perguntar ao cacto se ele também poderia dar um pouco de água para ela. O cacto era bom e não guardava rancor. Sabia como a situação estava difícil para as outras plantas. Então ele se compadeceu do sofrimento da rosa, que, além de ficar feia, estava quase morrendo de sede.
Assim, gentilmente, o cacto concordou em ajudar a rosa e ambos passaram aquele verão difícil como amigos. A rosa entendeu que ser apenas bela não valia nada se por dentro ela não fosse boa, pois o cacto tinha algo muito valioso em seu interior.
Materialmente ele tinha a água, mas moralmente ele tinha bondade e isso era o mais importante.
Quando a seca passou, a rosa voltou a ficar bonita. Mas agora ela estava bonita por dentro, também, pois tinha adquirido humildade.
Ela nunca mais insultou o cacto e os dois passaram a ser amigos e a viver felizes naquele jardim.
Adaptado do texto de Suelen Maistro, do site Mãe Pop.
O Consolador
Revista Divulgação Espírita
2022
BEZERRA DE MENEZES.
O MÉDICO DOS POBRES
De: Divaldo Franco
Editora: Aliança
Este livro narra a trajetória de Bezerra de Menezes, uma das pessoas mais importantes para o espiritismo no Brasil.
O médico, nascido em 29 de agosto de 1831, ficou conhecido principalmente pela sua postura caridosa no exercício da medicina, o que lhe conferiu o título de “o médico dos pobres”, presente no título da obra.
Além disso, teve carreira política, sendo eleito deputado e vereador pela cidade do Rio de Janeiro.
Bezerra de Menezes foi figura central no desenvolvimento da doutrina espírita em território nacional. Chegou a presidir a Federação Espírita Brasileira (FEB) em duas ocasiões, a primeira de 1889 a 1891 e, anos depois, entre 1895 e 1900, ano em que faleceu ainda no exercício do cargo.
Ele ainda foi responsável pela tradução de “Obras Póstumas”, de autoria de Allan Kardec, e uma série de estudos sobre “O Livro dos Espíritos” e “O Evangelho Segundo o Espiritismo” em reuniões públicas.
O livro de Francisco Acquarone é leitura essencial para quem quer entender a disseminação do espiritismo no Brasil, além de conter importante material sobre o período histórico em que o médico espírita viveu.
VIVER PARA DEUS É VIVER NO MUNDO
por Marcus De Mario
Ainda nos dias de hoje temos ordens religiosas inteiramente divorciadas do mundo, em completo isolamento, com a justificativa que seus membros “vivem para Deus”, e assim trabalham para retirar de si qualquer resquício de paixões e vícios. Ficam em meditação, trabalhos manuais, orações, jejuns, cantos e silêncio, isolados da convivência social. Segundo essas ordens religiosas, as mais diversas, seus adeptos candidatam-se ao reino dos céus pelo virtuosismo que demonstram, mortificando o corpo, não se contaminando com as impurezas humanas e, assim, alcançando pureza espiritual.
Perguntamos: será que esse é o caminho para sublimação espiritual e conquista da felicidade após a morte? Será que o isolamento da vida social é sinônimo de autoconhecimento em plenitude?
O ser humano, por natureza, é um ser relacional, assim, a vida social é-lhe natural, pois com os outros ele tem a possibilidade de realizar aprendizados e de se desenvolver, enquanto sozinho, isolado, ele não encontrará oportunidades de desenvolver seu potencial divino, seja no campo intelectual quanto no campo afetivo. Mesmo na alegoria bíblica da criação da humanidade, temos um casal, Adão e Eva, que geram filhos, que por sua vez vão se relacionar com outros viventes. Desde a criação divina o homem convive com outros homens, e isso estudos antropológicos remontando ao início de nossa civilização demonstram. Das aglomerações pela sobrevivência, à formação da família, depois da tribo, chegando às vilas e cidades, sempre vemos o viver coletivo prevalecer sobre a vida isolada.
Tratando desse tema, Allan Kardec apresenta excelente raciocínio lógico, que sempre o caracterizou, no item 8, capítulo 3, de O Céu e o Inferno¹. Ao tratar da encarnação como necessária para o espírito realizar seu progresso intelectual e moral, ele afirma:
“O progresso intelectual é realizado pela atividade que é obrigado a desenvolver nos seus trabalhos. O progresso moral, pela necessidade das relações mútuas entre os homens. A vida social é a pedra de toque das boas e das más qualidades.”
Sem a vida social, sem o relacionamento com outros espíritos encarnados, como haveremos de nos desenvolver? Não é possível explorar a natureza, criar técnicas e ampliar conhecimentos vivendo isoladamente, sem contato com outro ser vivente. O trabalho ficará restrito ao necessário para a sobrevivência e o progresso se arrastará indefinidamente, o que não condiz com a grandeza e perfeição de Deus. Do ponto de vista moral, somente provaremos nossas virtudes e combateremos nossos vícios na relação com os outros. As qualidades morais que enobrecem o caráter não surgem sem esforços e sem as provas necessárias que somente podem acontecer na vida social, vivendo com os outros.
Como a vivência com os outros nem sempre é pacífica, muitas pessoas almejam um dia sair da cidade para ir morar no campo ou na praia, em local mais reservado, longe dos outros, sonhando com uma vida mais sossegada. Momentos de isolamento, de meditação, de reflexão íntima, de relaxamento são importantes e necessários, mas não devemos fazer desses momentos uma eternidade, um modo de vida, pois nos privaríamos das provas necessárias para nossa evolução, o que retardará chegar à finalidade para a qual somos destinados: a perfeição!
Ao final de suas considerações, Allan Kardec nos remete a uma séria reflexão:
“Para o homem que vive só não há vícios nem virtudes; se, pelo isolamento, ele se preserva do mal, também anula as possibilidades do bem.”
Essa é a razão pela qual o Espiritismo se coloca totalmente contrário ao isolamento do homem, mesmo quando utiliza como justificativa a necessidade de viver inteiramente para Deus. Essa justificativa não se sustenta diante da realidade da vida que, em todos os sentidos, é dinâmica, interativa, da natureza selvagem à sociedade humana. Tudo interage, tudo se completa. O desenvolvimento intelectual e o desenvolvimento moral acontecem na dinâmica da vida social, da interação com os outros.
Quem foge da vida, isolando-se, está fugindo, em verdade, de si mesmo e da felicidade que tanto almeja, pois é ilusão achar-se feliz longe de tudo e de todos. Não é possível que a finalidade da encarnação seja estar no mundo sem estar com os outros, pois somos irmãos, filhos de Deus, e irmãos devem se relacionar, construindo laços afetivos e auxiliando-se reciprocamente.
Que as religiões compreendam a necessidade de transformar essas ordens religiosas isoladas em mosteiros, conventos e templos os mais diversos. Precisamos ser úteis ao próximo e à sociedade. O verdadeiro viver para Deus está em colocar em prática o amor ao próximo através da caridade, da solidariedade e da fraternidade. O atento estudo do Espiritismo nos tira dessa falsa ideia da vida isolada, levando-nos a compreender que é nossa ação na sociedade o motor de transformações que nos levarão para a moralização e espiritualização de nós mesmos e dos outros.
Bibliografia:
1 - KARDEC, Allan. Céu e o Inferno, O. Tradução de J. Herculano Pires. São Paulo: Lake, 2017.
Marcus De Mario é educador, escritor e palestrante. Coordena o Grupo Espírita Seara de Luz, na cidade do Rio de Janeiro. Edita o canal Orientação Espírita no YouTube.
Consolador
2023
ANJO SEM ASAS
Estar vivo é uma benção. E para nos dar a vida, Deus nos enviou um Anjo em forma de mulher chamado: MÃE. Filhos ingratos, nós pouco ou nada valorizamos este ser divino. Preferimos reclamar, apontar seus defeitos, brigar ou lhe virar as costas. Mas, por longos meses, foi ela um "anjo sem asas", que permitiu que o seu próprio corpo fosse a nossa primeira casa. Ela nos deu abrigo, proteção e alimento, permitindo o nosso nascimento. Ela renunciou grande parte da sua vida pela nossa. Mesmo já tendo os seus afazeres, problemas, angústias, dores e dificuldades, ela deu de si mesma por nós. Sem ela, nós não teríamos o nosso bem mais valioso, a VIDA. Sem ela, nós não estaríamos aqui e agora, lendo este texto.
Portanto, elas merecem o nosso eterno amor, a nossa eterna gratidão e veneração. Mas alguém pode dizer que foi abandonado ou desprezado. Provável que digas que ela errou nisso ou naquilo, que não correspondeu ao ideal de mãe que esperavas. Sim, ela não é perfeita. Nos cabe perdoar, não julgar e agradecer. O Evangelho nos diz para "Honrar pai e mãe". E ponto final. Não diz para honrar a mãe que fez isso ou aquilo, conforme as nossas avaliações ou exigências. Algumas mães realmente descuidam de seus deveres e não são para os filhos o que deveriam ser, é verdade. Mas não cabe a nós sermos juízes daquelas que nos permitiram a oportunidade da existência! A queixa e relutância para com a própria mãe é como veneno para nossas almas.
A revolta, a reclamação, a teimosia em honrar e perdoar os pais prejudicam gravemente todas as nossas relações presentes e futuras. Não arraste esta mágoa. Honra aqueles que vieram antes de ti. Só assim a vida pode fluir e se abrir, em toda a sua plenitude. Se a Lei de Amor manda pagar o mal com o bem, perdoar as faltas para sermos igualmente perdoados, e amar até mesmo "os inimigos", quão maiores não serão essas obrigações em se tratando de filhos para com os pais, em especial, às mães, que nos concederam o dom da vida através do próprio ventre! Sim, elas podiam ter abortado! Éramos apenas uma semente, frágil, indefesos... Elas salvaram nossas vidas!
Mas se a tua mãe foi além de doar-te a vida - se ainda lhe deu amparo, proteção, cuidados, educação - então, querido leitor(a), você é um ser humano privilegiado. Erga as mãos para o céu! Ajoelhe-se perante ela! Ame-a todos os dias! É um dever de consciência. Mesmo assim, todo o bem a ela dirigido em forma de agradecimento, não irá, de forma alguma, se equiparar ao bem que ela fez por nós. Valorize cada momento. Quando não estão mais conosco, fisicamente, daríamos tudo para vê-la de novo, receber um abraço, uma palavra, um colo, um carinho. Mães, onde estiverem, recebam a nossa mais profunda gratidão. Vocês são nossos anjos, nossas heroínas!
Assim disse Mário Quintana:
Mãe... São três letras apenas
As desse nome bendito
Também o céu tem três letras
E nelas cabe o infinito
Para louvar nossa mãe
Todo o bem que eu disser
Nunca há de ser tão grande
Como o bem que ela nos quer
Mãe... Palavra tão pequenina
Bem sabem os lábios meus
És do tamanho do céu
E apenas menor que Deus!
Mas chega o tempo que o filho segue, sem a mãe. O cordão umbilical é cortado de vez. Sim, queridas mães, os filhos são para o mundo, eles um dia saem de casa, como diz a famosa música sertaneja. Mas a casa permanecerá neles. Pois tudo que realmente importa continua, na verdadeira casa do coração. Chegamos, ficamos um tempo juntos e seguimos. É a lei da vida. Mas não vamos sós: levamos muito das nossas mães com a gente. E deixamos com elas um boa parte de nós. A mãe está no nosso sangue. E estará na nossa alma. Para sempre. "E o olhar de minha mãe na porta eu deixei chorando a me abençoar".
Feliz dia das Mães!
Rodolpho Barreto Pereira
Palavras de Luz
A BOA PARTE
“Maria escolheu a boa parte, que não lhe será tirada.” Jesus (Lucas, 10:42)
Não te esqueças da “boa parte” que reside em todas as criaturas e em todas as coisas.
O fogo destrói, mas transporta consigo o elemento purificador.
A pedra é contundente, mas consolida a segurança.
A ventania açoita impiedosa, todavia, ajuda a renovação.
A enxurrada é imundície, entretanto, costuma carrear o adubo indispensável à sementeira vitoriosa.
Assim também há criaturas que, em se revelando negativas em determinados setores da luta humana, são extremamente valiosas em outros.
A apreciação unilateral é sempre ruinosa.
A imperfeição completa, tanto quanto a perfeição integral, não existem no plano em que evoluímos.
O criminoso, acusado por toda a gente, amanhã pode ser o enfermeiro que te estende o copo d’água.
O companheiro, no qual descobres agora uma faixa de trevas, pode ser depois o irmão sublimado que te convida ao bom exemplo.
A tempestade da hora em que vivemos é, muitas vezes, a fonte do bem estar das horas que vamos viver.
Busquemos o lado melhor das situações, dos acontecimentos e das pessoas.
“Maria escolheu a boa parte, que não lhe será tirada” — disse-nos o Senhor.
Assimilemos a essência da divina lição.
Quem procura a “boa parte” e nela se detém, recolhe no campo da vida o tesouro espiritual que jamais lhe será roubado.
Fonte Viva
Francisco Cândido Xavier
Ditado pelo Espírito Emmanuel
MENINOS ESPIRITUAIS
“Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, pois émenino.” — Paulo. (HEBREUS, capítulo 5, versículo 13.)
Na apreciação dos companheiros de luta, que nos integram o quadro de trabalho diário, é útil não haja choques, quando, inesperadamente, surgirem falhas e fraquezas. Antes da emissão de qualquer juízo, é conveniente conhecer o quilate dos valores espirituais em exame.
Jamais prescindamos da compreensão ante os que se desviam do caminho reto. A estrada percorrida pelo homem experiente está cheia de crianças dessa natureza. Deus cerca os passos do sábio, com as expressões da ignorância, a fim de que a sombra receba luz e para que essa mesma luz seja glorificada. Nesse intercâmbio substancialmente divino, o ignorante aprende e o sábio cresce.
Os discípulos de boa-vontade necessitam da sincera atitude de observação e tolerância. É natural que se regozijem com o alimento rico e substancioso com que lhes é dado nutrir a alma; no entanto, não desprezem outros irmãos, cujo organismo espiritual ainda não tolera senão o leite simples dos primeiros conhecimentos.
Toda criança é frágil e ninguém deve condená-la por isso.
Se tua mente pode librar no voo mais alto, não te esqueças dos que ficaram no ninho onde nasceste e onde estiveste longo tempo, completando a plumagem. Diante dos teus olhos deslumbrados, alonga-se o infinito. Eles estarão contigo, um dia, e, porque a união integral esteja tardando, não os abandones ao acaso, nem lhes recuses o leite que amam e de que ainda necessitam.
Caminho, Verdade e Vida
Francisco Cândido Xavier
Ditado pelo Espírito Emmanuel
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