"Luzes do Amanhecer"

Fundado em 16/07/1996 publicado 02/02/2006
JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA - ANO XVIII - N. 210 * Campo Grande/MS * Julho de 2023.
EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
Rua Colorado n o 488, Bairro Jardim Canadá, CEP 79112-480, Campo Grande-MS.

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            Quantos se digladiam ferozmente por conta de valores amoedados, para no final todos perderam, porque daqui nada se leva para outra vida.

 

 

 

INTERVENÇÃO DO DEMÔNIO

 

            O iluminado Allan Kardec, quando lançou O Livro dos Espíritos, achou que tais conhecimentos seriam absorvidos pela igreja católica, que assim derrubaria os seus dogmas, e o Espiritismo não seria uma nova religião. Grande surpresa teve quando alguns membros do catolicismo voltaram-se contra a obra e atacaram a doutrina com argumentos, os mais descabidos, como os do Monsenhor Freyssinous, bispo de Hermópolis, que atribuía a uma astúcia do demônio os ensinamentos e as transformações  morais dos Espíritos. Nascia então a religião Espírita.
            Por muitas vezes o codificador da Doutrina Espírita disse que o diabo seria muito pouco hábil, se para perder o homem, tirando-o da incredulidade, o levasse a Deus, afirmando tratar-se de malícia desse inimigo de Deus e o dos homens; malícia que não dava para entender.
            Desde o tempo de Jesus, quando realizava seus ensinamentos e milagres, que os judeus o atacavam dizendo que ele operava em nome do demônio. Se assim fosse o demônio teria trabalhado contra si mesmo, e Jesus respondia-lhes: “Se opero prodígios em nome do demônio, então o demônio está dividido consigo mesmo; ele procura, pois, destruir-se”.
            Que os fariseus da época de Jesus acreditavam nessa estupidez, ainda vai, mas hoje é inadmissível que alguém possa achar que o demônio possa se equiparar a Deus e levar o homem à perdição através de Deus.
            A Doutrina Espírita não admite poder algum que possa se equiparar ao de Deus e ainda menos que um ser decaído pudesse enfrentá-Lo. Os Espíritos que se manifestam são os mesmos que animaram os homens e por isso são bons, que dão bons conselhos, ou são maus, perversos e dão maus conselhos e inspiram maus pensamentos, ingratidão, velhacaria, maldade, como ainda são alguns homens.


 Crispim.


            Referência bibliográfica:
            - Revista Espírita 1867. Allan Kardec.

 

 

O ELO PERDIDO

 

            Talvez seja a migalha que espalha ao longo da estrada e podem os companheiros do caminho acolher de maneira diversa, no entanto, não se deixe entristecer porque muitas coisas que demoram ser resolvidas.
             Todavia siga servindo como a maior atribuição aqui neste planeta abençoado, porque ainda não se conhece algo melhor para aquele que se afirme espírita-cristão do que tarefa gratificante de amar sem esperar recompensa, que é um suave refrigério para a alma e alimento para o coração.
            É claro que se compreendem as dificuldades em sustentar  o trabalho em favor da grande causa do bem, pois que se é assaltado a todo o momento por pensamentos e situações que desafiam a mudar a direção do trabalho. Porém como agora tem o Evangelho à mão, tem motivos justos para prestar muita atenção e não desistir jamais de cumprir o que jurou realizar a qualquer lugar e a qualquer preço.
            Por isso não relacione dificuldades como empecilhos, mas ainda hoje apresenta a sua proposta com vista a um futuro melhor. A rigor a vida começa a contar no dia que também começa a servir, basta que veja no exemplo desse espírito santificado que é Jesus, afirmando: “que não veio para ser servido, mas para servir”. Dessa forma coloquem em cheque as suas pretensões de predominar no mundo.
            Atem-se ao essencial - que é o amor ao próximo -, e não desvie o olhar desse foco, porque esta decisão que se levará em conta no dia de sua grande renovação, porque é certo que uma indagação que lhe será dirigida, e perguntar-lhe-ão claramente: O que traz em sua bagagem espiritual?
            Quanta lágrima enxugou quantos caídos levantou ao longo do caminho e prestou-lhe a ajuda possível. Se diante da ofensa assumiu um comportamento digno de não revidar, para que não oferecesse mais combustível à fogueira da discórdia.             Se diante da dor dos outros, conseguiu falar alguma coisa ou articular uma palavra de reconhecimento e apoio.
            Se diante do contragolpe ou adversidade nunca acusou ninguém como culpado de seus desatinos e de suas desditas, porque no fundo sabia onde estava o verdadeiro culpado.
            Certamente que de outro lado, não levou em conta a produção benéfica da caridade, e hoje colhe da sementeira que semeou nas terras do ontem e sente todo o impacto daqueles momentos mal vividos. Se no passado fora a época livre da semeadura e nesse momento recolhe para que de alguma sorte possa quitar os débitos atrasados.
            A origem está presente nos arquivos de suas vidas pregressas, pois que daqueles fatos aparentemente obscuros do passado, não acolhendo as solicitações do próximo que rogava compreensão, mas infelizmente sempre exigia mais dos outros, dando-se o direito de vida ou de morte.
             Porém hoje sente a sua fragilidade e sem condição de sequer pedir alguma coisa, pois que não soube aproveitar as vantagens que tinha em abundância nas mãos para servir. Hoje procura chave perdida de sua libertação de tantas encarnações passageiras, mas não a encontra.
            Talvez tenha de esperar muito para que consiga recuperar a credibilidade que perdeu de maneira desequilibrada, patrocinadas pelo egoísmo e pelo orgulho e, nesses momentos angustiosos. C claro que se depara com o resultado dessas atitudes tomadas sem pensar, mas só o arrependimento não paga a conta, é necessário reparar o mal causado ao próximo, isto é, até o último ceitil, porque ficará gravado em sua própria consciência.
           

Luzes da Ribalta
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes

 

 

AOS QUE EU TENHA OFENDIDO

 

            Hoje quero rever todo o mal que tenha causado aos outros em momentos de maldade, ignorância e prepotência, desde aqueles mais distantes destes dias até aquelas mais recentes, a fim de que possa me reconciliar com todos aqueles que eu haja ofendido.
            Porque estou convencido que é a única maneira de seguir em frente. Mas de minha parte também assumo o compromisso de esquecer toda a ofensa que tenha recebido em qualquer época e em qualquer condição, para que possa até adquirir o direito de ser perdoado.
            No entanto, se isto não for possível, pelo menos pela misericórdia divina, seja, porém como for, quero proceder a uma análise tão minuciosa, tanto quanto possível, mesmo para que nada fique encoberto pela falta de memória ou mesmo pela ação do tempo decorrido. E com isso voltar as minhas origens para rever os mal que haja causado aos outros.
            Esse é o propósito que move os meus dias, porque por mais terrível que tenha sido a maneira de como tenha agido, preciso ir ao fundo da questão e descobrir as minhas motivações, porque somente houver quitado o último centavo é que poderei sentir-me livre
            É nesse sentido que quero voltar ao passado distante para rever ponto por ponto daquelas existências mal vividas em que de alguma forma prejudiquei o próximo em seus interesses e em seus sentimentos. Como também agradecer aqueles espíritos generosos que apesar de minha ignorância e maldade, ainda assim tiveram a tolerância e ajudaram-me de verdade para que não continuasse a praticar o mal. Mais ainda do que já tivesse praticado, pela complacência dos bons talvez até não tenha caído mais no fundo do abismo.
            Porém até onde seria capaz de levar os meus desatinos? Por isso  desejo primeiro rever esse passado que originaram aqueles fatos de que gostaria de me retratar, porém somente quando tiver a certeza que eles me perdoaram, poderia sentir em paz de verdade. Mas especialmente servirá para ser um reforço para perdoar também aquelas ofensas que porventura tenha sofrido por qualquer motivo.
            Como for  esses gestos amistosos de tantos corações generosos dão-me forças para que possa retirar as feridas do meu coração, mas também quero agradecer por todos aquelas almas abnegadas que de uma forma ou de outra, tenha de mim se compadecido. Especialmente para que não tivesse cometido mais equívocos e com isso complicar mais ainda o meu destino.
            Como for se não se pode refazer o passado, nem apagar o mal cometido, é necessário o perdão das ofensas, assim diante de tanta mal que tenha cometido, humildemente estou à frente de meus adversários de ontem e de hoje para pedir perdão, também assumindo o compromisso de todo o coração, de perdoar todos aqueles que me tenha ofendido por qualquer motivo um dia,
            Por hoje e sempre será o meu compromisso...

 

Não Espere Demais
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes

 

O ESTUDO DO EVANGELHO E DEMAIS LIVROS DO NOVO TESTAMENTO, À LUZ DA DOUTRINA ESPÍRITA

 

CRITÉRIOS PARA O ESTUDO DO EVANGELHO DE JESUS

            Allan Kardec, ao relatar a realidade de mundos superiores, afirmou: “[...] as relações, sempre amistosas, entre os povos, jamais são perturbadas pela ambição de subjugar o vizinho, nem pela guerra, que é a sua consequência. Não há senhores nem escravos, nem privilegiados pelo nascimento; só a superioridade moral e intelectual estabelece diferença entre as condições e dá a supremacia. A autoridade é sempre respeitada, porque somente é conferida pelo mérito e se exerce sempre com justiça. O homem não procura elevar-se acima do homem, mas acima de si mesmo, aperfeiçoando-se [...]”.
            Na última frase quis o Codificador indicar qual deve ser a postura do aprendiz do Evangelho que busca aperfeiçoar-se, moral e intelectualmente: o objetivo da sua existência é o autoaperfeiçoamento contínuo. Para tanto, Jesus, em sua misericórdia, legou-nos o seu Evangelho como ferramenta divina para o processo de ascensão espiritual, como enfatiza Vicente de Paulo, em mensagem transmitida em Paris, ano de1858.
            O Cristo não vos disse tudo o que tem relação com as virtudes da caridade e do amor? Por que deixar de lado os seus divinos ensinamentos? Por que fechar os ouvidos às suas divinas palavras, o coração a todas as suas suaves sentenças? Gostaria que dispensassem mais interesse, mais fé às leituras evangélicas. Desprezam, porém, esse livro, consideram-no repositório de palavras ocas, uma carta fechada; deixam no esquecimento esse código admirável. Vossos males provêm apenas do abandono voluntário a que relegais esse resumo das Leis Divinas. Lede-lhe as páginas cintilantes do devotamento de Jesus e meditai-as.

 

IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DO EVANGELHO

 

            O Codificador do Espiritismo orienta porque devemos seguir Jesus, o Modelo e Guia da Humanidade terrestre:


            O Cristo foi o iniciador da moral mais pura, da mais sublime: a moral evangélico-cristã, que há de renovar o mundo, aproximar os homens e torná-los irmãos; que há de fazer brotar de todos os corações humanos a caridade e o amor do próximo e estabelecer entre os homens uma solidariedade comum; de uma moral, enfim, que há de transformar a Terra, tornando-a morada de Espíritos Superiores aos que hoje a habitam. É a Lei do Progresso, à qual a Natureza está submetida, que se cumpre, e o Espiritismo é a alavanca de que Deus se utiliza para fazer com que a Humanidade avance.

            Com a Doutrina Espírita, o estudioso do Evangelho compreende a essência da mensagem cristã, que é apresentada livre de interpretações pessoais, dogmáticas e das conveniências das políticas de igrejas, visto que o “[...] Espiritismo é de ordem divina, pois se assenta sobre as próprias Leis da Natureza e, crede, tudo o que é de ordem divina tem um objetivo grande e útil [...].”,339 afirma Fénelon, em mensagem transmitida no ano de 1861, em Poitiers-França. Tal entendimento encontra correspondência nesse pensamento de Emmanuel:


            [...] o Evangelho de Jesus é a dádiva suprema do Céu para a redenção do homem espiritual, em marcha para o amor e sabedoria universais. Jesus é o modelo supremo.
            O Evangelho é o roteiro para a ascensão de todos os Espíritos em luta, o aprendizado na Terra para os planos superiores do ilimitado. De sua aplicação decorre a luz do Espírito.


            O Evangelho de Jesus Cristo não deve ser entendido como mera concepção religiosa ou subjugado às interpretações teológicas. Como o Evangelho é roteiro de ascensão espiritual, deve ser visto como o caminho a ser percorrido pelo Espírito em sua ascensão infinita. Por outro lado, sendo a Doutrina Espírita o Cristianismo Redivivo, é de fundamental importância ter consciência do papel ocupado pelo Espiritismo na sua feição de Consolador prometido por Jesus (João, 14:15 a 17).


            [...] O Espiritismo, sem Evangelho, pode alcançar as melhores expressões de nobreza, mas não passará de atividade destinada a modificar-se ou desaparecer, como todos os elementos transitórios do mundo. E o espírita que não cogitou da sua iluminação com Jesus Cristo pode ser um cientista e um filósofo, com as mais elevadas aquisições intelectuais, mas estará sem leme e sem roteiro no instante da tempestade inevitável da provação e da experiência, porque só o sentimento divino da fé pode arrebatar o homem das preocupações inferiores da Terra para os caminhos supremos dos páramos espirituais.

            Percebemos, assim, por que é necessário estudar o Evangelho, mas à luz da Doutrina Espírita, pois o Espiritismo é a chave para desvendar os ensinos transmitidos por Jesus, como pontua Allan Kardec: “[...] O Espiritismo é a chave com o auxílio da qual tudo se explica com facilidade”.

 

Livro Evangelho Redivivo
FEB

 

 

PSICOGRAFIA

 

            Tenho hoje, a oportunidade de me expressar, a respeito da necessidade de lhes alertar.
            A todo dia que passa aumenta o número de desabrigados, no leito das ruas, originam-se de todos os segmentos da sociedade, desiludidos e desamparados.
            São crianças, mães, jovens e idosos, recolhidos com trajes maltrapilhos e moribundos, mas todos alimentam-se de esperanças, sonhando com o auxílio de mãos caridosas, amparando-lhes do frio das marquises. Sonham com o olhar de compaixão, ao invés da rudeza, da desaprovação que atinge-lhes de forma cruel, sem que no entanto, ninguém possa contrariar a marcação rígida do relógio, dispondo de alguns minutos, para ouvir-lhes o histórico de suas sinas.
            Peregrinam sem que consigam atinar, qual rumo devem buscar, se não conseguem encontrar nenhuma palavra amiga, renovando-lhes a confiança em prosseguir, na estrada da prova, aceitando as adversidades.
            Sentem-se refugo da sociedade, incriminados por não disporem de números.
            É isto mesmo.
            Números!...
            Número de identidade, número da conta bancária, número da residência, número da previdência, número da placa do automóvel, número do telefone, número do título social, número do diploma, números e mais números.
            Será que o ser humano chegará ao ponto de transformar-se em números.
            Temos nomes. Alguns iguais aos seus filhos e outros semelhantes aos seus amigos e muitos distantes de qualquer afinidade. Não somos tão diferentes assim.
            Sentimos fome, frio, sede, necessidade de amor. Somos capazes de sorrir, de chorar, de sofrer e de se comunicar. Não somos animais raros ou em extinção.
            A cada dia nosso número se avoluma, engrossado pela fileira do desemprego, da crise social e moral que a sociedade experimenta. Mas como hoje,  encontro-me amparado por mãos caridosas, que me servem de guia, para utilizar dos moldes do alfabeto, para expressar a oportunidade que não adquiri na última existência.
            Rogo ao Mestre e Senhor Jesus que ampare a todos nós, dando-nos a coragem, a força e a fé que também somos capazes de estender as mãos, para ofertar ao irmão desvalido das ruas, a palavra amiga, a esperança, um pedaço de pão, um casaco velho, o sapato esquecido ou fora de moda, um pouco de amor, fazendo-os sentirem-se, mesmo que por um momento, gente como vocês, filhos do mesmo Deus.
            Quando deitares para o repouso devido, em busca do  sono reparador que a noite convida, pensa por um instante, naqueles irmãos que a noite fria os abriga e agradeça a Deus, por tudo de que disponha no momento, balsamizando-lhe a caminhada e ores para que os nossos irmãos, encontrem ao menos na lembrança de seus nomes, o conforto e a força, a apoio e a esperança para aproveitar a existência, enxergando na aspereza da prova, a beleza do amanhecer que a cada dia se renova.

William

 

 

Espiritismo para Crianças
Marcela Prada
Tema: Bons modos, gentileza

 

PAULO NA RUA

 

            Paulo era ainda muito pequeno, tinha apenas 4 anos, mas gostava de observar tudo com atenção. Era muito vivo e esperto.
            Certo dia saiu para fazer compras com sua mãe e tomou um ônibus. Sentado no banco perto da janela, olhava tudo com grande curiosidade e pensava:
            – Quanta gente pelas ruas! Carregam embrulhos, bolsas e como andam depressa! aonde irão com tanta pressa?
            Heiei...! Olha só aquele ônibus então, como está repleto de gente! Há mais gente em pé do que sentada! Ao ver um homem dar o seu lugar para uma mulher com um bebê nos braços, Paulinho perguntou:
            – Mamãe, por que aquele homem se levantou e deixou aquela senhora sentar-se no seu lugar?
            A mãe explicou-lhe:
            – Essa atitude faz parte das regras de boas maneiras, meu filho! Foi muito gentil aquele homem. Todos devemos ser amigos e irmãos, principalmente quando encontramos uma pessoa em dificuldades! Aquela senhora estava sem poder segurar-se e, carregando uma criança, é mais difícil permanecer em pé. Ela poderia cair e machucar-se, como também a criança. O homem foi mesmo bondoso! Pena que poucas pessoas são como ele!
            Paulo ouviu atencioso pensando muito no que a mamãe lhe dissera e concluiu que gostaria de fazer o mesmo para alguém.
            Distraído, Paulinho pôs os pés no assento onde estava. Sua mãe carinhosa falou:
            – Não faça isso! Pôr os pés no assento é faltar com as boas maneiras. Quando outra pessoa for sentar-se aqui, vai sujar a roupa. Precisamos respeitar as pessoas mesmo que não sejam nossas conhecidas.
            Paulo atendeu prontamente ao pedido da mãe. Nunca tinha pensado assim. Não sabia que, colocando os pés no banco, estava prejudicando as pessoas. Enquanto pensava no ocorrido, entrou uma senhora idosa no ônibus. Parecia cansada e se segurava com dificuldade. Olhou em torno e não encontrou nenhum lugar para sentar-se. Percebendo isso, a mãe de Paulo pediu-lhe que desse seu lugar a ela. O menino levantou-se e a senhora sentou-se no seu lugar, agradecendo.
            Paulo muito surpreso, dirigindo-se à mãe, falou-lhe baixinho:
            – Ela não está segurando nenhuma criança. Por que tive que lhe dar o meu lugar?
            A mãe sorriu e falou-lhe:
            – Filho não é só para senhoras que carregam crianças que devemos ser gentis, mas também para com senhoras e senhores idosos que já estão cansados e às vezes doentes. Tão importante é a nossa educação e boas maneiras que os primeiros bancos que ficam perto da porta do vagão do metrô e dos ônibus são usados sempre para dar lugar aos mais velhos, deficientes, mulheres grávidas ou que carregam crianças no colo, você sabia disso?
            Prestando muita atenção nas palavras de sua mãe, Paulo olhou para a velhinha que sorria agradecida pela sua gentileza e boa educação. Ficou muito feliz, pois havia entendido a importância e o prazer de ser gentil.

           

            (História extraída da apostila de Evangelização da Editora Aliança.)

 

O Consolador
Revista Divulgação Espírita
2022

 

 

CHICO XAVIER, O APÓSTOLO DE JESUS

 

Divaldo Franco
Professor, médium e conferencista espírita

 

            Ao entardecer do dia 30 de junho de 2002, na cidade mineira de Uberaba, apagou-se brilhante lâmpada de alta potência iluminativa, enquanto, no mesmo instante, no zimbório celeste, apareceu uma estrela novíssima de primeira grandeza.
            Tratava-se do venerando apóstolo moderno de Jesus, que desencarnava aos 92 anos de idade e reiniciava o ministério sublime no Cosmo celeste de onde viera no dia 2 de abril do ano de 1910.
Figura ímpar e encantadora, toda a sua existência carnal foi assinalada pela fé inabalável no Mestre Sublime de Nazaré.
            Desde o berço muito pobre, numa família numerosa, experimentou a orfandade materna desde os cinco anos, sendo transferido para os cuidados de uma senhora aparentemente gentil, mas perturbada mentalmente que o submeteu às mais pungentes aflições, até ocorrer o segundo matrimônio do seu genitor, cuja noiva generosa exigiu que ele reunisse a família separada por diversos lares, juntando todos no mesmo teto…
            A mãezinha desencarnada que o aparecia desde os cinco anos de idade, numa tarde tempestuosa, acalmou-lhe o medo, falando-lhe que tudo era programado por Deus, e quando ele se referiu aos seus sofrimentos na ocasião, ela prometeu que iriam passar, e ele seria, com os seus irmãos, acarinhado por um verdadeiro anjo que o Senhor iria enviar para os ajudar a todos.
            Assim aconteceu realmente, e a bondosa madrasta se lhe tornou verdadeiro anjo tutelar, até o dia que perversa enfermidade arrebatou-lhe a assistência física, e ele passou a ajudar os irmãos de ambos os matrimônios antes dos dez anos de idade, trabalhando numa empresa que lidava com algodão.
            Conseguiu, graças a um sacerdote católico generoso a quem narrava as suas visões e diálogos com o Mundo espiritual, trabalhar em uma modesta casa comercial, onde aprendeu a ter paciência com a clientela e o sofrimento humano, assim como o dos animais.
            As dificuldades enfrentadas com a sua brilhante mediunidade foram incontáveis.
            Aqueles eram dias muito difíceis para os espiritistas, que padeciam perseguição da polícia, de alguns bolsões religiosos mal-informados e politicamente armados contra o Espiritismo.
            A verdade, porém, de que era portador, o espírito de caridade e os fenômenos mediúnicos valiosos dele fizeram um verdadeiro apóstolo.
            Escreveu e foram publicados mais de 420 livros, traduzidos a mais de 15 idiomas e nunca se beneficiou de nada, havendo atendido pessoalmente durante toda a existência a mais de dois milhões de pessoas, salvando vidas do suicídio, dos dramas terríveis do cotidiano, das obsessões e da loucura.
            Do Além-túmulo prossegue auxiliando as criaturas humanas e vivendo a doutrina de Jesus conforme o Evangelho que Lhe narra a existência.
           

            Artigo originalmente publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 29 de junho de 2023

 

Editorial FEB
2023

 

Oração Nossa

 

            Senhor ensina-nos a orar, sem esquecer o trabalho.
            A dar, sem olhar a quem.
            A servir, sem perguntar até quando...

            A sofrer, sem magoar, seja quem for.
            A progredir, sem perder a simplicidade.
            A semear o bem, sem pensar nos resultados...

            A desculpar, sem condições.
            A marchar para frente, sem contar os obstáculos.
            A ver sem malícia...

            A escutar, sem corromper os assuntos.
            A falar, sem ferir.
            A compreender o próximo, sem exigir entendimento...

            A respeitar os semelhantes, sem reclamar consideração.
            A dar o melhor de nós, além da execução do próprio dever, sem cobrar taxas de reconhecimento...

            Senhor, fortalece em nós, a paciência para com as dificuldades dos outros, assim como precisamos da paciência dos outros, para com as nossas próprias dificuldades...

            Ajuda-nos para que a ninguém façamos aquilo que não desejamos para nós...

            Auxilia-nos, sobretudo, a reconhecer que a nossa felicidade mais alta será, invariavelmente, aquela de cumprir seus desígnios onde e como queiras, hoje, agora e sempre.

 

Autor Chico Xavier

 

 

VENCENDO O MAL COM O BEM

 

por Rogério Miguez

 

            Diante de tanta maldade presente no Mundo, alguns creem que o mal vencerá inexorável.
            Diante de tantos desacertos vividos pela humanidade, alguns creem que não há conserto para os humanos.
            Diante de tantas mentiras espalhadas aos quatro ventos, alguns creem que a verdade não triunfará.
            Diante de tamanha violência experimentada pelas famílias no dia a dia, alguns creem que não será possível obter conciliação no âmago familiar.
            Diante de tantos sofrimentos experimentados por todos, alguns creem que o rio de lágrimas jamais secará.
            Diante de tantos corpos doentes, alguns creem que o homem jamais desfrutará da saúde integral.
            Diante de tanta fome espalhada nos quatro cantos da Terra, alguns creem que em tempo algum seremos saciados.
            Diante de tanta ignorância ainda vivida no seio da humanidade, alguns creem que em nenhum momento o homem conhecerá a sabedoria.
            Diante de tantas guerras se sucedendo ininterruptas ao longo de nossa História, alguns creem que a paz jamais prevalecerá.
            Diante de tanta descrença defendida no seio das sociedades, alguns creem que de modo algum o Reino dos Céus se fará presente na nossa amada Terra...
            Isto tudo ocorre, pois os Espíritos habitando esta generosa Mãe-Terra, até agora, ainda não entenderam que continuamos desviados do caminho do bem por opção própria, e isto ocorre desde quando alcançamos a condição de dar os primeiros passos no brioso reino hominal.
            E, satisfeitos com a vivência destas condutas, muitas equivocadas, outras indecorosas, inúmeras imorais, algumas mesmo tresloucadas, continuamos alegremente a privilegiar estas atitudes, tornando esta dadivosa morada do Pai um verdadeiro inferno para a grande maioria.
            Felizmente, esta aparente realidade, vislumbrada e temida pelos aflitos e estropiados do mundo moderno - e são incontáveis -, não corresponde aos desígnios do Pai de Amor, pois Ele nos criou para que brilhássemos e não para que vivêssemos nas trevas da escuridão.
            E a mudança deste cenário apocalíptico depende de todos nós, os ainda orgulhosos e altivos humanos, que impiedosamente imperamos sobre os reinos inferiores da Terra, e mesmo sobre o próprio Orbe, crendo que, como vitoriosos sobre a Natureza, nos cabe explorá-los à exaustão.
            Enquanto não decidirmos deixar para trás, por completo, o nosso lado sombra, abandonando definitivamente nossos castelos de areia erigidos sobre a vaidade, cobiça e o egoísmo com que ainda nos encharcamos, não haverá solução em curto espaço de tempo, e, por hora, será necessário continuar convivendo com muito choro e ranger de dentes, condições que impedem a instalação da plena felicidade nestes rudes tempos.
            Agindo consoante a diretriz do Evangelho, tenhamos a certeza de que as tormentosas labaredas do inferno serão em definitivo substituídas pelas doces delícias do céu.
            E o melhor roteiro a seguir para espantar o mal de nosso cotidiano será praticar o bem, no limite de nossas forças, pois sempre seremos responsáveis, tanto pelo mal que fazemos, bem como pelo mal que surgir do bem que pudemos fazer e conscientemente não fizemos.
            Vençamos o mal, pois quanto mais cedo ele for derrotado, mais depressa poderemos voltar a sorrir com alegria e prazer, justificados pela consciência tranquila que surge como resposta ao justo cumprimento dos deveres, relegando as lamúrias ao passado que, hoje tão presentes, nos cercam de tanta dor, amargura e angústias.
            Sempre oportuno lembrar que Jesus veio, há bom tempo, mostrar aos homens o único e verdadeiro caminho do bem; aliás, recordando aqueles memoráveis tempos, não foi este singular carpinteiro que disse: Brilhe a vossa luz!?

 

Consolador
2023

 

 

GUARDEMOS O CUIDADO

 

            “...mas nada é puro para os contaminados e infiéis.”Paulo (Tito, 1:15)

 

            O homem enxerga sempre, através da visão interior.
            Com as cores que usa por dentro, julga os aspectos de fora.
            Pelo que sente, examina os sentimentos alheios.
            Na conduta dos outros, supõe encontrar os meios e fins das ações que lhe são peculiares.
            Dai, o imperativo de grande vigilância para que a nossa consciência não se contamine pelo mal.
            Quando a sombra vagueia em nossa mente, não vislumbramos senão sombras em toda parte.
            Junto das manifestações do amor mais puro, imaginamos alucinações carnais.
            Se encontramos um companheiro trajado com louvável apuro, pensamos em vaidade.
            Ante o amigo chamado à carreira pública, mentalizamos a tirania política.
            Se o vizinho sabe economizar com perfeito aproveitamento da oportunidade, fixamo-lo com desconfiança e costumamos tecer longas reflexões em torno de apropriações indébitas.
            Quando ouvimos um amigo na defesa justa, usando a energia que lhe compete, relegamo-lo, de imediato, à categoria dos intratáveis.
            Quando a treva se estende, na intimidade de nossa vida, deploráveis alterações nos atingem os pensamentos.
            Virtudes, nessas circunstâncias, jamais são vistas.
            Os males, contudo, sobram sempre.
            Os mais largos gestos de bênção recebem lastimáveis interpretações.
            Guardemos cuidado toda vez que formos visitados pela inveja, pelo ciúme, pela suspeita ou pela maledicência.
            Casos intrincados existem nos quais o silêncio é o remédio bendito e eficaz, porque, sem dúvida, cada espírito observa o caminho ou o caminheiro, segundo a visão clara ou escura de que dispõe.

 

Fonte Viva
Francisco Cândido Xavier
Ditado pelo Espírito Emmanuel

 

 

PAZ

 

            “Disse-lhes, pois, Jesus, outra vez: Paz seja convosco.” — (JOÃO, capítulo 20, versículo 21.)

 

            Muita gente inquieta, examinando o intercâmbio entre os novos discípulos do Evangelho e os desencarnados, interroga, ansiosamente, pelas possibilidades da colaboração espiritual, junto às atividades humanas.
            Por que razão os emissários do invisível não proporcionam descobertas sensacionais ao mundo?
            Por que não revelam os processos de cura das moléstias que desafiam a Ciência?
            Como não evitam o doloroso choque entre as nações?
            Tais investigadores, distanciados das noções de justiça, não compreendem que seria terrível furtar ao homem os elementos de trabalho, resgate e elevação.
            Aborrecem-se, comumente, com as reiteradas e afetuosas recomendações de paz das comunicações do Além-Túmulo, porque ainda não se harmonizaram com o Cristo.
            Vejamos o Mestre com os discípulos, quando voltava a confortá-los, do plano espiritual. Não lhe observamos na palavra qualquer recado torturante, não estabelece a menor expressão de sensacionalismo, não se adianta em conceitos de revelação supernatural.
            Jesus demonstra-lhes a sobrevivência e deseja-lhes paz.
            Será isso insuficiente para a alma sincera que procura a integração com a vida mais alta? Não envolverá, em si, grande responsabilidade o fato de reconhecerdes a continuação da existência, além da morte, na certeza de que haverá exame dos compromissos individuais?
            Trabalhar e sofrer constituem processos lógicos do aperfeiçoamento e da ascensão. E que atendamos a esses imperativos da Lei, com bastante paz, é o desejo amoroso e puro de Jesus-Cristo.
            Esforcemo-nos por entender semelhantes verdades, pois existem numerosos aprendizes aguardando os grandes sinais, como os preguiçosos que respiram à sombra, à espera do fogo-fátuo do menor esforço.

 

Caminho, Verdade e Vida
Francisco Cândido Xavier
Ditado pelo Espírito Emmanuel

 

 

 EXISTÊNCIA DE DEUS

 

            Conta-se que um velho árabe analfabeto orava com tanto fervor e com tanto carinho, cada noite, que, certa vez, o rico chefe de grande caravana chamou-o à sua presença e lhe perguntou:
            — Por que oras com tanta fé? Como sabes que Deus existe, quando nem ao menos sabes ler?
            O crente fiel respondeu:
            — Grande senhor, conheço a existência de Nosso Pai Celeste pelos sinais dele.
            — Como assim? — indagou o chefe, admirado.
            O servo humilde explicou-se:
            — Quando o senhor recebe uma carta de pessoa ausente, como reconhece quem a escreveu?
            — Pela letra.
            — Quando o senhor recebe uma jóia, como éque se informa quanto ao autor dela?
            — Pela marca do ourives.
            O empregado sorriu e acrescentou:
            — Quando ouve passos de animais, ao redor da tenda, como sabe, depois, se foi um carneiro, um cavalo ou um boi?
            — Pelos rastros — respondeu o chefe, surpreendido.
            Então, o velho crente convidou-o para fora da barraca e, mostrando-lhe o céu, onde a Lua brilhava, cercada por multidões de estrelas, exclamou, respeitoso:
            - Senhor, aqueles sinais, lá em cima, não podem ser dos homens!
            Nesse momento, o orgulhoso caravaneiro, de olhos lacrimosos, ajoelhou-se na areia e começou a orar também.

 

Livro Pai Nosso
Francisco Candido Xavier
Pelo Espírito de Meimei

 

 

ENTÃO, DESEJO SER O BURRINHO...

 

            O Chico acabava de ver sair à publicidade mais um dos belos e úteis livros psicografados pelas suas mãos abençoadas. E, além de cartas elogiosas ao seu trabalho, recebia pessoalmente em Pedro Leopoldo e em Belo Horizonte, quando lá comparecia, louvores e mais louvores de confrades e irmãos outros simpáticos ao Espiritismo. E cada qual lhe citava um fato que mais lhe agradou, realçando o valor do livro neste e naquele aspecto.
            O Chico andava atrapalhado com tantos confetes sobre sua pessoa. E, em casa, sossegado dos aplausos, dizia de si para consigo:
            — Vou deixar de psicografar, pois sou um verdadeiro ladrão roubando referências honrosas que não me pertencem. Os abraços, os parabéns, os elogios que recebo cabem aos Espíritos de Emmanuel, André Luiz, Néio Lúcio e de outros, que são legitimamente os autores dos livros magníficos. Preciso dar um jeito nisto...
            Néio Lúcio, que lhe traduzia o pensamento, que lhe verificara os propósitos, sorrindo, lhe aparece e diz:
            — Não há razão, Chico, para sentir-se você magoado com os elogios. Também os merece.
            — Não, Néio Lúcio, sinto-me como um ingrato, ladrão, indigno...
            — Bem, Chico, vou contar-lhe uma pequena história: em certo município, dois distritos se defrontavam, separados apenas por pequena distância. Um, com a população quase
nunca mais se importou com louvores, certo de que agora sabe qual a missão que realiza, entre a terra e o céu, junto à Grande Causa.
            Lição de humildade, de conhecimento de si mesmo. Lição para nós todos...

 

Livro Lindos Casos de Chico Xavier
Autor Ramiro Gama

 

 

NAS TELAS DO INFINITO


            De: Yvonne do Amaral Pereira
            Pelo: Bezerra de Menezes e Camilo Castelo Branco
            Editora: FEB

 

            Dividido em duas partes, “Uma história triste” e “Tesouro do castelo”, Nas telas do infinito apresenta uma narrativa comovente, sobretudo com foco na lei de causa e efeito, tendo como objetivo o consolo e o alerta aos que sofrem duras provações. Na primeira parte, ambientada em comunidade pobre do Rio de Janeiro do século XIX, o Espírito Bezerra de Menezes nos apresenta a personagem Palmira, um espírito que busca a reparação de erros do passado e dignifica-se com testemunhos comoventes de renúncia e paciência. Na segunda, o Espírito Camilo Castelo Branco relata uma história passada em Portugal, no ano de 1640. Em ambas as histórias, ressalta-se que o amor e a bondade são qualidades indispensáveis aos viajantes em busca de paz para o processo de reforma moral.

 

 

 

 

 

 

EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
Rua Colorado nº 488, Bairro Jardim Canadá, CEP 79112-480, Campo Grande-MS.