CARNAVAL: INFESTAÇÃO ESPIRITUAL
Sem sombra de dúvida o Carnaval é a maior, a mais bela e a mais bem organizada festa popular do mundo, principalmente nas grandes cidades onde a população sofrida passa o ano inteiro aguardando e trabalhando para o sucesso dessa festa em que irá extravasar em alegria o grito contido, renovando as esperanças e fortalecendo-se para enfrentar o ano que acaba de iniciar-se.
Porém, a organização impecável, sustentada por verbas de origem duvidosa, esconde atrás de suas alas as disputas por turistas, as indicações de hotéis, a prostituição de luxo, os agenciadores de mulheres, as jovens lascivas desejando ganhar a vida em moedas fortes, o exibicionismo na TV de seus corpos nus.
Dentre os foliões sinceros, misturam-se irmãos imprevidentes que abusam das bebidas, usam drogas excitantes que levam aos descontroles emocionais pelos exageros, pelos abusos do sexo pelo sexo, sem perceberem que do outro lado da vida, estão em curso programas cavernosos arquitetados por entidades cruéis em seus planos nefastos que acodem os indivíduos invigilantes nos seus expedientes malsãos, com as populações física e espiritual misturando-se em plena sintonia...
Tais indivíduos atraem turbas de Espíritos obsessores, perversos, exploradores e vampirizadores que saem das furnas inferiores com determinações de difundir a maldade, o vício, o crime e de evitarem contato com as hostes do bem, representada por inúmeros Espíritos benfeitores que se dedicam ao socorro espiritual da grande massa em transe carnavalesco.
O socorro é feito por grupos de entidades caridosas que lutam contra a insanidade dos encarnados. Essas entidades superiores abrem os canais para a subida de Espíritos sofridos e trevosos que veem à superfície com propósitos malignos; entre eles muitos Espíritos arrependidos e cansados são amparados pelas mãos amigas dos benfeitores e não retornam mais às furnas.
A infestação Espiritual perturbadora, que se vale de sua condição de Espíritos invisíveis, impõem a frustração, o revide, a amargura, o ciúme, a inveja e todas as paixões inferiores e instalam obsessões coletivas de longo curso que entorpecem multidões, incutem moléstias graves, alteram os comportamentos morais, enaltecem o abuso do álcool e das drogas, dizimam vidas e provocam alucinações nas boas pessoas que se ligam aos grandes projetos.
Depois da grande folia, os foliões enganados têm seus distúrbios afetivos gerados pela ilusão e são tratados pelos Espíritos benevolentes que afirmam que tais foliões de hoje serão os desencarnados tristes de amanhã.
Crispim.
Referências Bibliográficas:
- Entre os Dois Mundos. Divaldo Pereira Franco/ Manoel Philomeno de Miranda.
- Esculpindo o Próprio Destino. André Luiz Ruiz/Lucius.
- Obsessão e Desobsessão. Divaldo Pereira Franco/Manoel Philomeno de Miranda.
- Nas Fronteiras da Loucura. Divaldo Pereira Franco/Manoel Philomeno de Miranda.
SERVIR SIMPLELSMENTE
A caridade é a virtude mais importante, segundo palavras do Apóstolo Paulo, a mais excelente, porque ela em primeiro lugar cogita dos interesses do próximo.
Mesmo porque tudo na natureza parece fazer sua reverência ao Criador em suas manifestações, para que cada dê a sua contribuição a um mundo melhor para todos.
Até as manifestações mais simples da natureza parece entender esse chamado do Criador, por isso que desabrocham as flores no campo ou nos jardins, prestando a sua homenagem ao Criador de todas as coisas. Elas florescem colorindo o mundo e perfumando às vezes os recantos mais inóspitos para demonstrar sua gratidão, e através de suas raízes ou sementes perpetuam a vida.
No reino animal não é diferente, contribui no mais grau, dando inclusive a sua própria vida para que outras formas de vida sobrevivam, dando alimento e agasalho ao homem para que ele possa se aperfeiçoar. Elas vivem para servir, de maneira que às vezes parecem nada querem para si, mas para os outros.
Assim que tudo fala de um Criador Admirável, deste o astro no espaço infinito até o menor inseto na terra todos servem ao Supremo Senhor, na grandeza da vida. Todavia o homem devido às paixões e interesses ainda tem uma enorme dificuldade de servir, dando alguma coisa de si. Muito embora seja algo sublime que poderia fazer nesta breve passagem por este mundo, onde há condições para que bilhões de espíritos realizem o seu progresso e encontrem os meios de serem felizes.
Porém na maioria das vezes desprezam as ferramentas mais eficazes para dar-lhes todas as compensações no mundo e mais ainda na vida futura. Mas difícil é despertá-lo do seu comodismo e seus interesses imediatistas, age como se não houvesse algo tão grandioso que a sua espera depois destes breves dias aqui vividos, talvez como alguém atabalhoado que não é capaz de compreender qual é o seu maior interesse.
Não sabe muitas vezes que está agindo contra os seus próprios interesses, mas não consegue descolar do imediatismo, porque não vê algo mais que a matéria, por isso sua mente forma um mundo de aflição. Quando tudo poderia ter sido diferente. Assim caminha de vida em vida, sem ter muitas vezes o discernimento do que é mais importante. Tantas encarnações passageiras sem proveito, quando podia delas se servir para superar grandes obstáculos.
Mas, infelizmente não dá importância aos seus deveres, como menosprezasse os mais sagrados dos princípios. Na verdade também não terá a lei em seu favor, porque agiu fora dela. Contudo essa cegueira voluntária causar-lhes-á muitos sofrimentos, até se convencer de que existe algo mais do que a matéria. De outra maneira as lições servir-lhe-ão diariamente para que viva esses ensinamentos preciosos e pratique o bem sempre. Fique em paz e que Jesus o abençoe sempre.
Não Espere Demais
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
A MAIS BELA OPÇÃO
Seja uma pessoa amistosa e respeitosa com o próximo. Não prejudique a ninguém.
O grande momento da vida é quando compreende a importância de auxiliar sem esperar nada em troca, por esse dever de solidariedade. Agindo assim a vida começa a ter outro sentido, não mais o orgulho e egoísmo predominando em tudo, mas essa mente desarmada de qualquer interesse menor.
É simplesmente feliz pelo bem que faz. Mas também com o senso pratico que já conquistou sabe que nem tudo são flores, mas existem problemas e mais problemas, aliás, próprio da condição humana, mas nada que não haja uma solução mais cedo ou mais tarde.
Nessa altura já fora capaz de compreender que já tem uma bandeira a sua frente que se chamada – caridade -, com ela pode viver a vida em plenitude. Porque viverá em função do bem que faça aos outros e não mais num mundo de formalidades.
É claro que está num território ainda inferior do ponto de vista moral, mas é certo que ele já oferece perspectivas animadoras para exercitar os sentimentos enobrecidos em que a caridade é o vetor de todas as demais virtudes.
Também não se iluda, essa decisão exigirá muita determinação da parte daquele que se dispõe a trilhar por esse caminho. Não é nada fácil, muitas vezes apesar de todo o empenho não conseguirá passar o que seja o mais importante, outras vezes só encontrará má vontade, mas isso faz parte do aprendizado. Não há porque reclamar das pedras do caminho, talvez elas sejam importantes, porque informa aos transeuntes descuidados que precisam prestar mais atenção no caminho que escolheram para viver e não perca o roteiro de vista.
Talvez por conta desses descuidos muitos se perdessem ao longo do percurso e começaram andar em volta. Infelizmente essa é a historia de muitos que não compreenderam direito a responsabilidade da tarefa de amar ao próximo.
Outros quando sentiram o peso da responsabilidade, não souberam reagir e julgaram melhor desistir, não querendo aproveitar a experiência de provar o gosto de fel da derrota, quando nesse momento de questionamento íntimo teria aprendido a reagir diante das situações adversas. Às vezes escolheram provas superiores as suas forças. E nesse caso a queda era eminente, mas mesmo desta, podiam sair com as experiências acumuladas.
Lembre-se para seguir após Jesus é uma tarefa de grande envergadura e muito difícil, mas em compensação a mais meritória de todas sob todos os pontos de vista.
Ele veio com objetivo de oferecer a melhor opção de vida e no Evangelho estão contidos todos os elementos para realizar a reforma intima. E essa é a grande questão, porque terá que trabalhar certos aspectos de sua personalidade, pois que certamente terá que abdicar de alguma coisa para colocar outra mais importante na visão espiritual em seu lugar.
Em resumo, será esse o trabalho interior da mais alta importância, porque será atendido aos seus anseios de melhoria, quando por isso decidir na intimidade do seu coração e no campo exterior, a ação será o reflexo do que já realizou no campo íntimo.
Siga em frente com perseverança e coragem para enfrentar as dificuldades do caminho.
Assim que prossiga nesse magno trabalho de reformar os seus conceitos. Áulus.
Luzes da Ribalta
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA MEDIUNIDADE
Como a mediunidade é faculdade inerente à espécie humana, a comunicação entre os dois planos da vida sempre foi conhecida, desde tempos imemoriais. Entretanto, teve de se submeter a um processo lento e gradual de evolução, cuja história acompanha a própria evolução do Espírito. Vemos, assim, que os primeiros habitantes do Planeta, chamavam deus a tudo o que apresentava qualquer característica sobrenatural, qualquer coisa que lhe escapava ao entendimento, tais como fenômenos da natureza e até habilidades percebidas em outro indivíduo que o distinguia dos demais. Em consequência, rendiam-lhes cultos e, por não possuir o senso moral e intelectual desenvolvido, os povos primitivos ofereciam aos deuses sacrifícios humanos e de animais, assim como oferendas dos frutos da terra.
Como tentativa de elaborar uma síntese histórica da mediunidade sugere-se a sequência, em seguida disponibilizada, cujos conteúdos foram inspirados em três obras espíritas: Evolução em dois mundos, do Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier, FEB; A caminho da luz, do Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, FEB; e O espírito e o tempo: Introdução Antropológica do Espiritismo, de Herculano Pires. Editora Edicel.
• Mediunidade primitiva: a intuição é a mediunidade inicial; o médium é idólatra; adora ou teme as forças da natureza, nomeadas como “deuses”: sol, céu, lua, estrelas, chuva, árvores, rios, fogo, ser humano que se destaca na comunidade.
• Mediunidade tribal: desenvolve-se uma mentalidade mediúnica coletiva: crença grupal em Espíritos ou deuses. Aparecem as concepções de céu-pai (o criador ou o fecundador) e terra-mãe (a geratriz, a que foi fecundada pelo criador).
• Fetichismo: forma mais aprimorada do mediunismo tribal, apresentando forte colorido anímico, pelo culto aos fetiches ou objetos materiais que representam a Divindade ou os Espíritos. Surge a figura do curandeiro ou feiticeiro, altamente respeitada e reverenciada, amada e temida pelos demais membros da tribo ou clã. Em algum momento, estas práticas se desdobraram em outras, conhecidas atualmente: vodu e magia negra.
• Mediunismo mitológico: a prática mediúnica caracteriza-se pela presença dos mitos (simbolismo narrativo da criação do universo e dos seres) e pela magia (práticas mediúnicas e anímicas de forte conotação ritualística).
• Mediunismo oracular: é o mediunismo que aparece no período da história humana considerado como início da civilização: é politeísta e religioso. Cultuados pela sociedade, os deuses (Espíritos) fazem parte de uma sociedade hierarquizada, onde há um deus maior (Zeus), que vivem em locais específicos (Olimpo). Tais deuses são imortais, poderosos, mas têm paixões típicas dos homens mortais: ódio, amor, rancor, compaixão. Cada deus governa uma parte da terra ou dos seres terrestres. Os oráculos constituem o cerne de toda a atividade humana, nada se faz sem consultá-los. A Grécia torna-se o centro da mediunidade oracular, sendo que o oráculo de Delfos é o mais famoso — o oráculo pode representar a divindade (que fala por voz direta), podia estar encarnada em um médium, ou ocupar temporariamente o seu corpo para se manifestar; mas pode utilizar um objeto do templo (estátua, por exemplo), elementos da natureza, ou manifestar-se naturalmente ao médium, então denominado pitonisa, na forma de domínio psíquico ou corporal.
• Na Antiguidade, segundo Emmanuel, a mediunidade apresenta as seguintes características:
• Face externa ou exotérica – de natureza politeísta, teatral, supersticiosa, repleta de magia, destinada às manifestações públicas.
• Face interna ou esotérica – de essência monoteísta, envolvendo graus de árdua iniciação, e praticada no interior dos templos por médiuns (magos, pitonisas etc.), genericamente denominados “iniciados”, que são mantidos sob supervisão de sacerdotes.
A prática mediúnica dos iniciados surgiu com mais ênfase não só entre os gregos, mas também entre outros povos, como os seguintes: a) egípcios – a mediunidade de cura é especialmente relatada em O livro dos mortos, mas os fenômenos de emancipação da alma eram especialmente conhecidos e praticados; b) hindus – em os Vedas encontram-se descritas todas as etapas da iniciação mediúnica e do intercâmbio com os Espíritos. Os hindus se revelam como mestres no domínio de práticas anímicas, tais como faquirismo, desdobramento espiritual; c) judeus – mediunidade é natural, revela-se exuberante na Bíblia, que apresenta uma significativa variedade, os de efeitos físicos e os de efeitos inteligentes. O profetismo é o tipo de mediunismo que mais se destaca e que marca o surgimento da primeira religião revelada: o Judaísmo. Neste cenário surge a figura notável de Moisés, médium de vários e poderosos recursos, a quem Deus concedeu a missão de trazer ao mundo o Decálogo ou Os Dez mandamentos da Lei divina.
Livro Mediunidade Estudo e Prática
FEB
PSICOGRAFIA
RÓTULOS
Nem sempre somos o que os outros esperam de nós.
Eles criam uma ilusão e nos iludem.
Eles fantasiam e também nos permitimos fantasiar.
Eles nos arremessam às vezes para o mais alto pedestal ou nos atiram para o abismo.
Coroam-nos como reis e outras vezes nos crucificam.
Rotulam-nos de anjos e muitas vezes de demônios.
Eles nos abraçam e nos chamam de amigos e sem delongas nos flecham atirando a pecha de inimigos.
Como são estranhas essas criaturas... Como rotulam tão rapidamente!
Santos para eles somos e quase instantaneamente perdemos o título; basta para isso uma distração, um não corresponder com suas expectativas.
São tantos rótulos que muitas vezes não merecemos, nos alegrando e também entristecendo.
Mas para que dispensemos qualquer rótulo é necessário conhecermo-nos para não nos iludirmos. O certo é se enxergar pelo avesso e vir o que realmente somos, nem santos, muito menos demônios, apenas criaturas que engatinham rumo à luz.
Nem alegria exagerada com elogios que ainda não merecemos. Muito menos tristeza que nada resolve. Decepções e desenganos não sentiríamos, caso fossemos firmes em nosso ideal. Nada cobraríamos, muito menos esperaríamos algo que ainda não somos capazes de realizar.
Ilusão não deve coabitar em nossos corações. Com os pés firmes na realidade do que somos aprenderíamos a doar o que de melhor já conquistamos e nos esforçaríamos para melhorar muito mais.
O que queremos receber daqueles que nos cercam, sejamos os primeiros a doar. Atenção e carinho? Doemos mais para merecermos receber.
Gentileza e reconhecimento? Sejamos nós, aquele que se comporta com elegância e realeza.
Treine a mente, e então a emoção e a atitude será cristã.
É necessário aprender a doar-se e quando bater aquela necessidade egoística de receber mude o foco e seja aquele que se doa por inteiro.
Nossa infelicidade consiste em querer ter o que não merecemos ainda.
Tudo terá caso tudo saia de ti com primor, com amor.
Seja o doador e a felicidade será aquela companhia que nunca te abandonará.
CESFA
Campo Grande/MS.
Espiritismo para Crianças
Marcela Prada
Tema: Amor ao próximo
O SER HUMANO MAIS
IMPORTANTE DO MUNDO
O desafio anual da escola era a seguinte pergunta: “Qual o ser humano mais importante do mundo?” A melhor resposta valia uma bolsa de estudos para o ano seguinte.
Tita queria muito ganhar o desafio, porque sua família passava por dificuldades financeiras e o prêmio ajudaria bastante.
Ela, decidida a brigar pelo primeiro lugar, foi à luta! A primeira parada foi a Biblioteca Municipal, porém lá havia centenas de biografias de homens e mulheres que foram e são importantes para a humanidade. Tita fez algumas anotações, mas não encontrou uma resposta.
Em seguida a garota foi pesquisar na Internet. Procurou em vários sites, sem encontrar a informação que desejava.
Tita foi, então, perguntar a sua mãe:
– Jesus! – foi a resposta que ouviu.
Ele mudou o mundo. A história e a contagem do tempo se dividem entre antes e depois da sua presença na Terra. Seus ensinamentos são muito importantes para a humanidade.
Era, sem dúvida, uma resposta muito interessante. Porém, logo em seguida, Tita lembrou que Jesus jamais se consideraria o ser humano mais importante do mundo. Embora ele seja o modelo e guia, o ser mais perfeito que já encarnou na Terra, Jesus é humilde. Ele disse que tudo o que ele fez e faz nós também podemos fazer, pois somos todos irmãos, filhos de Deus, um Pai bondoso e sábio.
Ela se lembrou, então, de diversos outros indivíduos que dedicaram sua vida em auxiliar as pessoas: Madre Teresa de Calcutá, Gandhi, Martin Luther King, Allan Kardec, Chico Xavier, Divaldo Franco, todos eles são exemplos de amor ao próximo.
– É isso! – disse Tita bem alto. Descobri quem é o ser humano mais importante do mundo!
E ela elaborou a resposta que ganhou o primeiro prêmio e a bolsa de estudos:
"Conforme ensinado por Jesus, o ser humano mais importante do mundo é o meu próximo, aquele que precisa de mim e me oportuniza realizar a caridade através de pensamentos, palavras e ações. Assim, considerando o meu próximo o ser humano mais importante do mundo, a quem devo respeitar, amar e fazer o bem, caminho na direção de Deus, nosso Pai."
(Texto de Claudia Schmidt.)
O Consolador
Revista Divulgação Espírita
2024
A INTUIÇÃO
MARTA ANTUNES MOURA
Em levantamento estatístico realizado pelo respeitado Instituto de Pesquisa Suíço IMD, IMD (international Institute for Management Development), em 1997, portanto há mais de vinte anos, constatou-se que 80% dos 1.312 executivos entrevistados, em nove países, admitiram que a intuição é importante ferramenta que deveria ser usualmente utilizada na formulação de estratégias e planejamentos empresariais. A maioria dos respondentes (53%) afirmou que recorria à intuição e ao raciocínio lógico em igual proporção, a fim de executar as suas atividades diárias. Em outras palavras, o “que eles estão dizendo é que administrar é mais do que contar, pesar e medir”.1
Independentemente dos diferentes conceitos emitidos pela Ciência que procura explicar como alguém pode conhecer algo sem utilizar a razão ou raciocínio, para o Espiritismo a palavra intuição pode refletir três tipos básicos de ocorrências: a) manifestação da faculdade anímica ou emancipação da alma b) expressão da faculdade mediúnica; c) lembrança de aprendizado adquirido em épocas passadas e/ou no plano espiritual.
Os fenômenos de emancipação da alma ou anímicos (de anima, alma) são produzidos pelo próprio Espírito encarnado sobretudo nos momentos de desprendimento (desdobramento) espiritual. Nessa situação, o Espírito tem consciência de ocorrências do plano físico como do espiritual, podendo participar ativamente de ambas.2 Retornando ao corpo físico, a pessoa recorda intuitivamente dos acontecimentos vividos, como ensinam os Espíritos orientadores: “Em geral, guardais a intuição dessas visitas ao despertardes. Muitas vezes essa intuição é a fonte certas ideias que vos surgem espontaneamente, sem que possais explicá-las […].”3
Os fenômenos mediúnicos (de médium, meio) decorrem da ação dos Espíritos sobre um instrumento humano, o médium. A intuição manifestada pela via mediúnica é muito sutil: “Frequentemente se torna difícil distinguir o pensamento do médium daquele que lhe é sugerido, o que leva muitos médiuns deste gênero a duvidar da sua faculdade […].” 4 Com o passar do tempo e com a prática mediúnica contínua, o médium aprende a fazer distinção entre as próprias ideias e as alheias. A intuição mediúnica está bem explicada por Allan Kardec quando ele analisa as diferentes formas da psicografia:
A transmissão do pensamento também se dá por meio do Espírito do médium, ou melhor, de sua alma, já que designamos por esse nome o Espírito encarnado. O Espírito comunicante não atua sobre a mão para fazê-la escrever; não a toma, nem a guia. Atua sobre a alma, com a qual se identifica. A alma do médium, sob esse impulso, dirige sua mão e a mão dirige o lápis. Notemos aqui uma coisa importante: o Espírito comunicante não substitui a alma do médium, visto que não poderia deslocá-la; domina-a, à revelia dela, e lhe imprime a sua vontade. Em tal circunstância, o papel da alma não é inteiramente passivo; é ela quem recebe o pensamento do Espírito comunicante e o transmite. Nessa situação, o médium tem consciência do que escreve, embora não exprima o seu próprio pensamento. É o que se chama médium intuitivo. 5
A lembrança é outra forma da intuição acontecer. Pode estar vinculada a algum acontecimento que a pessoa presenciou nos momentos de desdobramento pelo sono e que surgem na mente, posteriormente, sob a forma de sonhos. Mas também pode ser uma lembrança que assomou ao consciente, vindo do subconsciente e que se manifesta no mundo íntimo do encarnado. Pode ser uma lembrança que reflete aprendizado adquirido pelo Espírito em vidas passadas e nos intervalos das reencarnações, quando ele se encontrava no plano espiritual, ou é um lembrete relacionado, em geral, a provações existenciais. A primeira possibilidade caracteriza as lembranças denominadas como ideias inatas e tendências instintivas, boas ou ruins. O lembrete relacionado a provas e expiações é um mecanismo de apoio que pode fazer parte do planejamento reencarnatório.
As provações da vida são momentos decisivos para a nossa felicidade futura. A reparação de erros cometidos e aquisição de novos aprendizados exigem esforço permanente no Bem. Assim, usualmente, contamos com o auxílio de Espíritos benfeitores que nos fazem recordar os compromissos assumidos e que nos apoiam nesse processo de melhoria moral e intelectual. Assim, em razão da lei de causa e efeito, o Espírito escolhe, antes de renascer, “[…] provas semelhantes àquelas por que passou ou as lutas que considere apropriadas ao seu adiantamento e pede a Espíritos que lhe são superiores que o ajudem na nova tarefa que porá em execução. […].” 6 Kardec acrescenta outras ponderações: “Embora em nossa vida corpórea não nos lembremos com exatidão do que fomos e do que fizemos de bem ou de mal nas existências anteriores, temos a intuição de tudo isso, sendo as nossas tendências instintivas uma reminiscência do nosso passado, tendências contra as quais a nossa consciência, que é o desejo que sentimos de não mais cometer as mesmas faltas, nos adverte para resistir.” 7
Nos dias atuais, as ideias intuitivas mantêm estreita relação com a criatividade. Para os estudiosos, a mente das pessoas intuitivas desenvolveu a capacidade de lidar com figuras ou configurações. Neste sentido, a intuição é uma forma peculiar do pensamento que emite imagens mentais denominadas não-lógicas.8 “[…] O valor da intuição estaria na habilidade da mente produzir e interpretar imagens não-lógicas e, ao mesmo tempo, coexistir harmonicamente com as emissões do pensamento racional-lógico.”9 Este é o ponto exato que reflete o atual interesse dos estudiosos pela intuição e pelos intuitivos. Empresários e tecnólogos, psicólogos e educadores da atualidade incentivam ou desenvolvem estudos, pesquisas e análises, confiantes de que os insights ou a súbita percepção, próprios dos intuitivos, representam um jeito novo de fazer algo, e pode ser a solução para problemas e desafios complexos, existentes na civilização hodierna.9
Emmanuel esclarece: “A faculdade intuitiva é instituição universal. Através dos seus recursos, recebe o homem terrestre as vibrações da vida mais alta, em contribuições religiosas, filosóficas, artísticas e científicas, ampliando conquistas sentimentais e culturais, colaboração essa que se verifica sempre, não pela vontade da criatura, mas pela concessão de Deus.” 10
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- BLECHER, Nelson. Essência da Intuição. São Paulo: Editora Martin Claret, 1997, p. 76.
- KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 6. imp. Brasília: FEB, 2020. XIX, it. 223, q.2 a 5, p.225-226.
- O livro dos espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 4. ed. 9. imp. Brasília: FEB, 2020. Q. 415, p. 213.
- _____ Obras Póstumas. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 4. imp. Brasília: FEB, 2019. 1.ª parte, § 6.º, item 50, p. 71.
- ______ O livro dos médiuns. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 6. imp. Brasília: FEB, 2020. XV. It. 180, p..184.
- O livro dos espíritos. Evandro Noleto Bezerra. 4. ed. 9. imp. Brasília: FEB, 2020. Q. 393, p. 202.
- _____ Q. 393- comentário, p. 203.
- FISHER, Milton. In: Essência da Intuição. São Paulo: Editora Martin Claret, 1997, p. 59-62.
- EPSTEIN, Gerald. In: Essência da Intuição. São Paulo: Editora Martin Claret, 1997, p. 30.
- XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, verdade e vida. Pelo Espírito Emmanuel. ed. 17. imp. Brasília: FEB, 2020. Cap. 156, p.328.
Editorial
FEB
NEM TUDO QUE É PERMITIDO
NOS CONVÉM
EDER ANDRADE
No mundo contemporâneo a falta de noção de limite, no comportamento de certas pessoas, está tomando proporções maiores do que imaginávamos. A deterioração das relações humanas está promovendo uma banalização no comportamento não somente dos jovens, mas também de muitas pessoas já adultas.
Não querendo ser moralista, apenas um observador histórico e sociológico, percebemos que as pessoas estão abusando do uso de artifícios para contornar sentimentos reprimidos, como álcool e diversos tipos de drogas. De uma certa forma isso já vem acontecendo há várias décadas. Mas infelizmente vem-se acentuando consideravelmente, decorrente de um desdobramento de uma crise socioeconômica que a Humanidade vem vivenciando. Não temos dúvida de que conviver numa sociedade competitiva exige muita firmeza e equilíbrio por parte do indivíduo, que acaba buscando nessas válvulas de escape uma liberação para seu estresse do dia a dia.
Porém a grande questão é o desdobramento a longo prazo no psiquismo dessas pessoas, que acabam se tornando dependentes das emoções provocadas por essas substâncias e mais suscetíveis a processos de influência e obsessão.
Quando alimentamos formas de pensamento doentias, com o objetivo prazeroso, acabamos nos tornando reféns dessas emoções e infelizmente ao longo dos anos fica cada vez mais difícil se libertar.
A reeducação das emoções pode ser o primeiro grande passo para nossa transformação atual, principalmente no que diz respeito à nossa conduta moral diante da vida. Saber que todos temos um livre-arbítrio não é a garantia de um processo de mudança de curto prazo.
No Espiritismo, chamamos de Reforma Íntima o movimento de autoconhecimento das nossas dificuldades, assim como o que pode ser feito para se modificar. Emmanuel por intermédio da mediunidade de Chico Xavier nos chama atenção para o seguinte:
Almas enfraquecidas, que tendes, muitas vezes, sentido sobre a fronte o sopro frio da adversidade, que tendes vertido muitos prantos nas jornadas difíceis em estradas de sofrimentos rudes, buscai na fé os vossos imperecíveis tesouros.1
Todos temos nossas dificuldades pessoais, porém nos momentos de grandes desafios, precisamos dar um testemunho de boa vontade, o que não é uma tarefa fácil, em uma sociedade com tantas questões de desigualdade, que parecem se acentuar com o tempo.
Apenas aqueles que buscam se capacitar moralmente conseguem entender o verdadeiro sentido do testemunho pessoal diante da vida, em um momento onde a transição planetária está promovendo um processo de separação do joio e do trigo, para aqueles que entendem o verdadeiro sentido da parábola bíblica na visão espírita.
Independente da capacitação pessoal de cada um de nós, para melhor interagir com a nossa caminhada, o Espírito André Luiz conversando com o instrutor Silas na obra Ação e Reação, psicografada por Chico Xavier, nos apresenta a seguinte questão para pensarmos:
Na mesma leira de terra dadivosa e neutra, quem acalenta a urtiga recolhe a urtiga que fere, e quem protege o jardim tem a flor que perfuma. O solo da vida é idêntico para nós todos. Não encontraremos aqui neste imenso palco de angústia almas simples e inocentes, mas sim criaturas que abusaram da inteligência e do poder, e que, voluntariamente surdas à prudência, se extraviaram nos abismos da loucura e da crueldade, do egoísmo e da ingratidão, fazendo-se temporariamente presas das criações mentais, insensatas e monstruosas, que para si mesmas teceram.2
O instrutor Silas deixa claro que colhemos o que plantamos e um dia teremos de dar conta das nossas escolhas à nossa consciência e aos nossos mentores que promoveram nosso retorno ao mundo material.
Emmanuel, percebendo nossas dificuldades pessoais em lidar com nossas fraquezas e arrastamentos, procurou incentivar aqueles que se sentem esmorecidos a não desistir da luta de transformação pessoal.
Não há forças miraculosas para os seres humanos, como não existem igualmente para nós. O livre-arbítrio relativo nunca é ab-rogado em todos nós; em conjunto, somos obrigados, em qualquer plano da vida, a trabalhar pelo nosso próprio adiantamento.1
O esforço pessoal deve ser feito por todos e os espíritas não são pessoas melhores e não estão remidos de passar pelos dissabores dessa sociedade doente. Muito pelo contrário, devemos ser resilientes e determinados em lidar com os desafios do nosso dia a dia.
Suely Caldas em seu livro Transtornos Mentais, procurou fazer uma análise da sociedade, procurando correlacionar as questões espirituais e seus desdobramentos no mundo contemporâneo. Procurou mostrar as dificuldades dos encarnados em superarem seus desajustes, já que nem tudo pode ser atribuído à sociedade, porém ela acaba servindo como gatilho para trazer à tona nossas mazelas mais íntimas da alma para serem tratadas, quando diz:
A Justiça Divina é perfeita, portanto equânime, conforme o próprio Mestre Jesus asseverou, "a cada um segundo as suas obras." Nos códigos divinos não existem imperfeições, privilégios, castigos, perseguições ou vinganças - embora assim pense a maioria das criaturas, que atribuem a Deus, como punição impiedosa, as provações que enfrentam na vida terrena.3
Não podemos alegar que não sabíamos dos riscos para nossa saúde física e mental ao fazer uso de certas válvulas de escape, com a desculpa de que era uma necessidade iminente para superarmos uma crise momentânea.
A maturidade do senso moral é uma conquista individual de cada um de nós. A natureza não dá saltos e não podemos usufruir de um privilégio que não fizemos por merecer. Tudo é um processo, uma conquista pessoal nossa em direção a uma vida melhor.
Referências:
1) Xavier, Francisco Cândido: Emmanuel; 1 - Almas Enfraquecidas: Necessidade do Esforço Próprio e Aos Enfraquecidos na Luta; FEB.
2) Xavier, Francisco Cândido; Ação e Reação; 5 - Almas enfermiças; FEB.
3) Schubert, Suely Caldas; Transtornos Mentais; Parte I - Cap. 8 - Visão Espírita dos Transtornos Mentais; Minas Editora.
Consolador
2023
POR UM POUCO
“Escolhendo antes ser maltratado com o povo de Deus do que por um pouco de tempo ter o gozo do pecado.” Paulo (Hebreus, 11:25)
Nesta passagem refere-se Paulo à atitude de Moisés, abstendo-se de gozar por um pouco de tempo das suntuosidades da casa do Faraó, a fim de consagrar-se à libertação dos companheiros cativos, criando imagem sublime para definir a posição do espírito encarnado na Terra.
"Por um pouco", o administrador dirige os interesses do povo.
"Por um pouco", o servidor obedece na subalternidade.
"Por um pouco", o usurário retém o dinheiro.
"Por um pouco", o infeliz padece privações.
Ah! Se o homem reparasse a brevidade dos dias de que dispõe na Terra! Se visse a exiguidade dos recursos com que pode contar no vaso de carne em que se movimenta...
Certamente, semelhante percepção, diante da eternidade, dar-lhe-ia novo conceito da bendita oportunidade, preciosa e rápida, que lhe foi concedida no mundo.
Tudo favorece ou aflige a criatura terrestre, simplesmente por um pouco de tempo.
Muita gente, contudo, vale-se dessa pequenina fração de horas para complicar-se por muitos anos.
É indispensável fixar o cérebro e o coração no exemplo de quantos souberam glorificar a romagem apressada no caminho comum. Moisés não se deteve a gozar, "por um pouco", no clima faraônico, a fim de deixarmos a legislação justiceira.
Jesus não se abalançou a disputar, nem mesmo "por um pouco", em face da crueldade de quantos o perseguiam, de modo a ensinarmos o segredo divino da Cruz com Ressurreição Eterna.
Paulo não se animou a descansar "por um pouco", depois de encontrar o Mestre às portas de Damasco, de maneira a legar-nos seu exemplo de trabalho e fé viva.
Meu amigo, onde estiveres, lembra-te de que aí permaneces "por um pouco" de tempo. Modera-te na alegria e conforma-te na tristeza, trabalhando sem cessar, na extensão do bem, porque é na demonstração do "pouco" que caminharás para o "muito" de felicidade ou de sofrimento.
Fonte Viva
Francisco Cândido Xavier
Ditado pelo Espírito Emmanuel
CÂNTICOS DE LOUVOR
Quando a vida começava no mundo, os pássaros sofriam bastante.
Pousavam nas árvores e sabiam voar, mas como haviam de criar os filhotinhos? Isso era muito difícil.
Obrigados a deixar os ovos no chão, viam-se, quase sempre, perseguidos e humilhados.
A chuva resfriava-os e os grandes animais, pisando neles, quebravam-nos sem compaixão.
E as cobras? Essas rastejavam no solo, procurando-os para devorá-Los, na presença dos próprios pais, aterrados e trêmulos.
Conta-se que, por isso, as aves se reuniram e rogaram ao Pai Celestial lhes desse o socorro necessário.
Deus ouviu-as e enviou-lhes um anjo que passou a orientá-las na construção do ninho.
Os pássaros não dispunham de mãos; entretanto, o mensageiro inspirou-os a usar os biquinhos e, mostrando-lhes os braços amigos das árvores, ensinou-os a transportar pequeninas migalhas da floresta, ajudando-os a tecer os ninhos no alto.
Os filhotinhos começaram a nascer sem aborrecimentos, e, quando as tempestades apareceram, houve segurança geral.
Reconhecendo que o Pai Celeste havia respondido às suas orações, as aves combinaram entre si cantar todos os dias, em louvor do Santo Nome de Deus.
Por essa razão, há passarinhos que se fazem ouvir pela manhã, outros durante o dia e outros, ainda, no transcurso da noite.
Quando encontrarmos uma ave cantando, lembremo-nos, pois, de que do seu coraçãozinho, coberto de penas, está saindo o eterno agradecimento que Deus está ouvindo nos céus.
Livro Pai Nosso
Francisco Candido Xavier
Pelo Espírito de Meimei
O ESPIRITISMO E A PANDEMIA
De: Autores Diversos
Organizadora: Maria Elisabeth da Silva Barbieri
Editora: Fergs
O livro que ora apresentamos ao leitor consiste em um esforço de caridade e empatia, dirigida aos espíritas, a adeptos de outras religiões, a incrédulos, a todos quantos queiram fruir do refrigério e do fortalecimento íntimo que a doutrina espírita é capaz de nos oportunizar nessa hora. São abordagens plurais feitas por estudiosos e trabalhadores espíritas, mas que também estudam e vivenciam outros ramos da ciência e do conhecimento e, por tal razão, com rigor e correção, estabelecem liames atuais, lógicos e abrangentes em favor da nossa compreensão e entendimento. Médicos de diversas áreas e outros profissionais da saúde, operadores do direito, educadores, administradores de empresa, artistas, jovens estudantes, historiadores... Estes são os nossos autores. Cada um deles tece linhas consistentes e interessantes, permitindo-nos perceber a realidade atual de forma que faça sentido, seja suportável, voltada ao progresso e eivada de esperança e bons frutos para o futuro.
Editorial Regina Stella Spagnuolo
O Consolador 2024
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