"Luzes do Amanhecer"

Fundado em 16/07/1996 publicado 02/02/2006
JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA - ANO XIX - N. 219 * Campo Grande/MS * Abril de 2024.
EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
Rua Colorado n o 488, Bairro Jardim Canadá, CEP 79112-480, Campo Grande-MS.

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           De tanto enfrentar problemas, muitas vezes aprende-se a conviver com eles, e adquire-se a sabedoria; de tanto conviver com o sofrimento, muitos aprendem também a amar o próximo, e nessas circunstâncias começam a ser felizes.

 

                       

JESUS, O LIBERTADOR DA MULHER

 

            Na época em que nosso mundo recebeu o Senhor de todos os Espíritos, Jesus Cristo, as mulheres eram objeto de desdém dos homens, sem o mínimo de direitos, até mesmo os religiosos, sem participação em cultos, sempre em segundo plano e apenas serviam para a reprodução e abusos sexuais.
            Com a chegada do Mestre dos Mestres, que nunca as discriminou, nunca as julgou e sempre as incentivou ao crescimento moral, renovando-lhes os sentimentos, que eram ignorados, elas passaram a seguir seus passos e seu ministério.
            Em quaisquer situações Ele as enobreceu gerando conflitos com aqueles que já se constituíam seus adversários, incentivando-as às práticas dos deveres domésticos e colocando-as como as primeiras educadoras na intimidade dos lares.
            Quando ficavam doentes ou obsediadas, perturbadas por inúmeros Espíritos inferiores, curava-as e libertava-as, pedia-lhes que perseverassem nos pensamentos e atos superiores para se defenderem das más influências e da perversão.
            Quando em erro, eram punidas e achincalhadas, como adúlteras, obsidiadas, sem um pingo de consideração pela sua feminilidade, mas sem nunca envolverem aqueles que as induziam ao erro, dado ao preconceito que era abominável, nefando; porém com Jesus, que as albergou em Seu coração e ofertou Sua compreensão àquelas vítimas infelizes dos erros, orientando-as e lutando por libertá-las da opressão a que se submetiam.
            Por tais atitudes do Mestre é que as mulheres o adoravam e o seguiam agradecidas por tanto amor dedicado a elas; e essas ações do Cristo criaram as primeiras movimentações em prol da libertação feminina, que vinha desde séculos e séculos. E Jesus, agradecido pelo amor dedicado a Ele, favoreceu-as com a primeira aparição a Madalena, depois de Seu sacrifício no madeiro infame.
            Na Sua condenação, nenhuma voz se levantou para defendê-lo, mas as mulheres, sem qualquer receio acompanharam-no entre os soldados enraivecidos e o populacho ingrato. Elas ao lado de Jesus eram o socorro que atendia os doentes e as criancinhas.
            Vem do evangelista Lucas: que algumas mulheres que haviam sido curadas de Espíritos malignos e de enfermidades, acompanhavam-no e aos doze, dentre as quais Maria, chamada Madalena, da qual tinham saídos sete demônios, Joanna, mulher de Cusa, administrador de Herodes, Suzana e muitas outras que o serviam com seus bens.

 

Crispim.

 

Referência bibliográfica:
- Até o fim dos tempos. Divaldo Pereira Franco/Amélia Rodrigues.

 

 

      A LUZ DE UMA BÊNÇÃO

 

            Às vezes as dificuldades que encontra ao longo do percurso, não constituem limitação a sua liberdade, mas aquela providência da Misericórdia do Pai que coloca esse grau de incerteza aliado a necessidade de refletir melhor no caminho que trilha. Ademais para que não venha a prejudicar-se por excesso de espaço para agir.
            Têm em suas mãos todos os recursos para que avance na senda evolutiva, mas na maioria das vezes, não percebe que ao lado das facilidades se encontram abismos insondáveis e nele podem precipitá-lo num momento de vigilância. As limitações são as balizas para que não caia no fosso das maldades e dele seja muito difícil sair, com graves consequências para o seu futuro. Por prudência coloque-se em guarda diante das seduções das paixões, porque pode de repente estar lutando contra os seus interesses espirituais.
            Às vezes as grandes questões não estão nas dificuldades, nas privações, mas justamente no excesso de facilidades que o torna egoísta, orgulhoso e na suposição de que tudo pode. Somente muito mais tarde, depois de intensos sofrimentos é que compreenderá que a causa de seu maior desastre, foram justamente às facilidades usadas sem respeitar o direito do próximo. Isso implica muitas vezes em séculos de sofrimentos.
            Por isso trabalhe muito, mas não avance contra o direito alheio, mesmo nas coisas pequeninas, porque todos serão chamados a prestar contas dos talentos recebidos e cada um de acordo com a quantia que haja recebido.
            Assim em tudo há essa responsabilidade. Ninguém pagará pelo que não fez, nem fará jus ao que não tenha merecido. Todos os recursos são oferecidos ao homem para que ele possa se promover diante das leis divinas. Mas também até aquele que se desvia para o caminho do mal possa se redimir. Mesmo porque não há mal que sempre dure, mas somente enquanto subsistir o mal no coração companheiro insensato. Mas quando compreender que na realidade cometeu um grande erro e dele se arrepende, pode voltar para quitar as suas dividas, pois estas permanecerão na sua conta até que decida quitá-las.
            Por isso o empenho do interessado é fundamental, mostrando que depende dele somente mudar o seu destino, porque ferramenta as tem em abundância. Basta que decida enfrentar o difícil caminho de volta, pois se dificultou a vida do próximo, é natural que sinta a mesma limitação que espalhou no caminho alheio.
            Além do mais, ninguém está perdido em definitivo, mas é necessário que perceba os seus erros e liberte-se de suas tendências inferiores, mediante o esforço concentrado de fazer o bem sempre e evitar o mal. Por esse motivo terá que rever seus pontos de vista e superar os obstáculos que o mantém distante dos olhos do Pai bondoso e justo, antes de tudo, quer e deseja a sua felicidade. Áulus.

 

Não Espere Demais
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes

     


A FÉ RACIOCINADA

 

            Somente a fé se torna inabalável quando se apóia em elementos concretos de convicção e  a Doutrina Espírita veio oferecer esses elementos para que essa fé tenha essa consistência, porque a fé espírita é apoiada em três das principais áreas do conhecimento, assim:
            A Ciência, a Filosofia e a Religião, ela conseguiu reunir de maneira esplêndida esses três princípios em que cada área de conhecimento e oferece argumentos em que se apóiam mutuamente, como galhos de uma mesma árvore, tornando-se um feixe inquebrável.
            Por isso se convencionou chamar a Doutrina Espírita da Fé Raciocinada, porque se apóia em fatos e argumentos do mundo material, palpável, ou de dedução pela própria inteligência do homem.
            Esses argumentos são tão convincentes que o homem de pensamento chega à conclusão que não pode ser de outra forma, isso lhe dá uma visão melhor do presente e do futuro, além de que pelos fatos do passado, pode perceber a marcha da evolução.
            A Ciência traz em si à própria evidência e a demonstração detalhada do conhecimento palpável ou essencial por elementos da própria matéria.
            A Filosofia que realça os argumentos em discussão e prova através de pensamentos bem ordenados e concatenados o alcance dessa esfera de ação, que o homem de bom senso, pela dedução lógica do raciocínio, encontra o que há de mais racional em termos de realidade verificável.
            E a religião que se apóia na crença em Deus, na imortalidade da alma, na comunicação dos espíritos, na reencarnação e na pluralidade dos mundos. Mas também é capaz de raciocinar com lógica e com bom senso, pois que se o mundo existe, deve haver alguém que o criou, e esse alguém se convencionou chamar-se e Deus, o ser incriado.
            E  representa tudo aquilo que o homem não é capaz de construir e conceber em termos práticos. Se o homem é inteligente, infinitamente mais inteligente deve ser a causa que o criou. Assim que de degrau em degrau adquire-se um pensamento racional, pois que recebeu apoio dos três fontes do conhecimento que lhe dá segurança e autenticidade em seus argumentos.
            Naturalmente deve ter uma visão mais ampla do mundo, e isso se adquire com o estudo aliado a experiência do trabalho.
            Mas especialmente porque já esteve nos campos da Terra esse espírito iluminado que é Jesus Cristo e veio trazer uma nova visão ao mundo, pois que conseguiu conduzir em sua vida laboriosa os pensamentos mais simples.
            Estabelecendo as suas bases através de conhecimento simples do povo e com isso  deduzir os princípios  gerais de sua Doutrina, através de composição literárias chamadas Parábolas, dando grandeza autenticidade a tudo aquilo que pregou.
            Especialmente tornando a base amor que é o maior sentimento, aliás, todos os mais nobres sentimentos do coração humano estão contidos nele, até então pouco conhecido,  o qual colocou com base de todos os seus ensinamentos.
            Mostrando de maneira contundente qual deve ser o sentimento daquele que deseja seguir a após ele: “Negue-se a si mesmo”. Algo até impensável na época que a proferiu           e na   essência é o combate mais imediato do egoísmo e do orgulho.
            Mas semelhantemente deixou um gancho para as gerações futuras, inclusive declarou que rogaria ao pai para que enviasse outro consolador - o Espírito de Verdade - que ensinaria todas as coisas, e faria lembrar tudo o que ele havia dito. Áulus.

 

Luzes da Ribalta
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes

 

 

ALLAN KARDEC E O USO DO MÉTODO EXPERIMENTAL NA INVESTIGAÇÃO DOS FATOS ESPÍRITAS

 

            Hippolyte Léon Denizard Rivail, o nome do codificador da Doutrina Espírita, mais conhecido pelo pseudônimo de ALLAN KARDEC, nasceu na cidade de Lyon, na França, às 19 horas do dia 3 de outubro de 1804.24 “Descendentes de antiga família lionesa, católica, de nobres e dignas tradições, foram seus pais Jean-Baptiste Antoine Rivail, homem de leis, juiz, e Jeanne Louise Duhamel.”25 Desencarnou na cidade de Paris em 31 de março de 1869.

            Rivail realizou seus primeiros estudos em Lião, sendo educado dentro de severos princípios de honradez e retidão moral [...]. Com a idade de dez anos seus pais o enviam a Yverdon (ou Yverdun), cidade Suíça do Cantão de Vaud [...], a fim de completar e enriquecer sua bagagem escolar no célebre Instituto de Educação ali instalado em 1805, pelo professor-filantropo João Henrique Pestalozzi [...].26

            Concluídos seus estudos na Suíça, Rivail retorna à França, fixando residência em Paris, onde trabalhou como professor em escolas francesas e escreveu várias obras de apoio à educação e ao ensino.
Convidado a assistir aos fenômenos das “mesas que giravam, corriam e saltavam”, percebeu, de início, que em meio à frivolidade e à irreverência que, em geral, cercavam a manifestação dos fenômenos mediúnicos, havia ali alguma coisa de diferente, inteligente e transcendental, que poderia ser a causa dos movimentos das mesas. Posteriormente, passou a ser assíduo às reuniões, sobretudo na casa da família Boudin, tendo a oportunidade de endereçar, às supostas mesas, perguntas, algumas proferidas mentalmente, inclusive, mas todas eram respondidas de forma inteligente e, não raro, demonstrando profundo conhecimento.
            À medida que se inteirava do assunto, muitas indagações surgiram, naturalmente, e, aplicando o método experimental, ou racional, Kardec procurava conhecer, a fundo, o significado desses fenômenos, como esclarece em Obras póstumas:

            [...] Apliquei, a essa nova ciência, como o fizera até então, o método experimental; nunca elaborei teorias preconcebidas; observava cuidadosamente, comparava, deduzia consequências; dos efeitos procurava remontar às causas, por dedução e pelo encadeamento lógico dos fatos, não admitindo por válida uma explicação, senão quando podia resolver todas as dificuldades da questão.
            [...] Compreendi, antes de tudo, a gravidade da exploração que ia empreender; percebi, naqueles fenômenos, a chave do problema tão obscuro e tão controvertido do passado e do futuro da humanidade, a solução que eu procurara em toda minha vida. Era, em suma, toda uma revolução nas ideias e nas crenças: era preciso, portanto, andar com a maior circunspeção e não levianamente; ser positivista e não idealista, para não me deixar iludir. 27

            Ao aplicar a ferramenta do método científico em suas análises, Kardec chega a duas conclusões, de imediato:

            dissessem, provava a existência do mundo invisível ambiente. [...] O segundo ponto,não menos importante, era que aquela comunicação nos permitia conhecer oestado desse mundo, seus costumes [...].28

            No livro A gênese, ele reafirma como realizou o trabalho de investigação dos fenômenos mediúnicos e as conclusões obtidas, em seguida publicadas nas obras básicas da Codificação Espírita:

            Como meio de elaboração, o Espiritismo procede exatamente da mesma maneira que as ciências positivas, isto é, aplicando o método experimental.
            Quando fatos novos se apresentam, que não podem ser explicados pelas leis conhecidas, ele os observa, compara, analisa e, remontando dos efeitos às causas, chega à lei que os preside; depois, lhes deduz as consequências e busca as aplicações úteis. Não estabeleceu nenhuma teoria preconcebida; assim, não estabeleceu como hipótese a existência e a intervenção dos Espíritos, nem o perispírito, nem a reencarnação, nem qualquer dos princípios da Doutrina.
            Concluiu pela existência dos Espíritos quando essa existência ressaltou evidente da observação dos fatos, procedendo de igual maneira quanto aos outros princípios29 (grifo no original).

            Em suma: “Não foram os fatos que vieram depois confirmar a teoria: a teoria é que veio subsequentemente explicar e resumir os fatos. [...]”30

 

Referência:
- 24 WANTUIL, Zeus; Thiesen, Francisco. Allan Kardec: meticulosa pesquisa biobibliográfica. v. I, cap.1, p. 29.
- 25 Id. Ibid., p. 29.
- 26 WANTUIL, Zeus; Thiesen, Francisco. Allan Kardec: meticulosa pesquisa biobibliográfica. v. I, cap. 2, p. 32.
- 27 KARDEC, Allan. Obras póstumas. Segunda parte, cap. “A minha iniciação no Espiritismo”, p. 349-350.
- 28 KARDEC, Allan. Obras póstumas. Segunda parte, cap. “A minha iniciação no Espiritismo”., p. 350.
- 29 Id. A gênese. Cap. I, it. 14, p. 20-21, 2013.
- 30 Id. Ibid., p. 21.

 

Livro Mediunidade Estudo e Prática
FEB

 

 

PSICOGRAFIA

 

            DECEPÇÃO?

            Caros irmãos e amigos hoje querem fazer uma reflexão em torno da decepção. Com um olhar bondoso e um coração generoso avaliemos considerando que o outro está temporariamente conosco para que o amor venha à tona, aflore em profundidade.
            Aquela pessoa querida na figura do chefe que você tanto admira te feriu o coração?
            Aquele parente que você ajudou ou ajuda constantemente te humilhou?
            A esposa que você tanto considera te ignorou ou desrespeitou?
            O esposo que você tem prazer em servir te tratou ou trata às vezes com rispidez?
            O vizinho que você tanto serve virou as costas naquele momento difícil que tanto você necessitou?
            O filho amado, a filha querida, o amigo de tantas jornadas te traiu, agrediu?
            Relembremos. Ontem nós os ferimos, os maldizemos, os enganamos, eles tem lampejos de lucidez e o choque repentinamente te fere e maltrata. Compreenda, perdoe e se esforce orando por eles cobrando de ti mais dedicação e fidelidade para que este ódio do passado definitivamente se transforme em amor.   
            Decepção? Que nada, apenas ensejo de aperfeiçoamento, resignação, amor e tolerância. Hoje Deus nos possibilitou o contato para reparação, reparemos com elegância e caridade para que no amanhã este choque não mais ocorra apenas concórdia e paz. Coragem e sejamos mais aplicados e benevolentes.

CESFA
Campo Grande/MS.

 

 

Espiritismo para Crianças
Marcela Prada
Tema: Amor à Natureza

A TARTARUGUINHA EM PERIGO

 

            Tatá e Guinho eram duas tartarugas jovens e amigas desde a infância.
            Nadavam juntos no mar e gostavam de buscar alimentos perto de uma encosta de pedras de uma praia muito bonita.
            Ali era um lugar especial, os vãos entre as pedras serviam de esconderijo para muitos animaizinhos. Sobre as pedras cresciam algas que alimentavam vários peixes. Por isso, aquele local era cheio de animais e belezas e frequentado por mergulhadores que gostavam de nadar calmamente junto com os cardumes de peixes coloridos ou fotografar a vida marinha.
            O único problema que havia ali é que, ao se aproximarem muito dos humanos, os animais corriam riscos, pois existem pessoas que amam e respeitam a natureza, mas existem outras que ainda não.
            Como as tartarugas tinham que subir até a superfície da água para respirar, às vezes eram avistadas não só pelos mergulhadores, mas também pelas pessoas que costumavam andar sobre as pedras e elas ficavam empolgadas ao vê-las.
            Guinho e Tatá percebiam que eram admiradas e que muitas pessoas gostavam delas. Mas, como também ouviam histórias tristes de coisas que haviam acontecido, sempre preferiam manter uma certa distância, por segurança.
            Certo dia, Tatá e Guinho estavam nadando juntos quando, de repente, Tatá sentiu sua perna presa. Percebeu que alguma coisa estava enroscada nela, atrapalhando seus movimentos. Ela chacoalhou a perna, tentando se soltar, mas não adiantou.
            Guinho, vendo que a amiga tinha ficado para trás, voltou e viu que ela estava com problemas. Um pedaço de uma rede de pescador estava enroscado na perna de Tatá. Guinho tentou ajudar, mas não conseguiu retirá-la. Pelo contrário, quanto mais eles mexiam e tentavam puxar, mais a rede se enrolava em Tatá.
            As tartarugas não sabiam o que fazer. Tatá, então, tentou usar a outra perna para empurrar a rede. Mas foi pior, pois ela ficou presa também. Sem conseguir mexer direito as duas pernas, Tatá tinha que fazer um grande esforço para nadar e começou a ficar cansada.
            – Vamos subir, Guinho! – disse ela – preciso respirar.
            Mas Tatá quase não conseguia nadar. Guinho foi ajudando, empurrando-a para cima até ela chegar à superfície e ganhar fôlego.
            Ambas estavam muito nervosas, pois a situação era muito grave. Foi, então, que Guinho teve uma ideia.
            – Tatá, nós precisamos de ajuda! Eu volto logo! Fique aqui na superfície.
            Elas estavam bem perto da encosta. Guinho nadou até lá o mais rápido que pôde, rezando para encontrar uma boa pessoa. Ela sabia que os humanos conseguem fazer muitas coisas, têm muitas ferramentas, que às vezes fazem mal, como aquela rede, solta no mar, mas que às vezes podem fazer o bem também.
            Assim que viu um mergulhador, Guinho se encheu de coragem e foi nadar bem próximo dele. O mergulhador, encantado com a beleza daquela tartaruga marinha e seu modo bonito de nadar, parecendo que voava, só que dentro da água, começou a segui-la.
            Guinho, então, foi nadando até onde estava sua amiga. Não era longe, nem tão fundo. O mergulhador chegou até lá, com facilidade e logo encontrou Tatá, ainda toda enroscada e já muito cansada.
            O mergulhador, graças a Deus, era uma boa pessoa. Ele logo quis ajudar Tatá. Tirou de sua roupa de mergulho uma pequena faca, segurou a rede que prendia Tatá e começou a cortá-la. Demorou um pouco, mas ele conseguiu. Tatá e Guinho ficaram muito felizes quando ele terminou e ela conseguiu nadar livremente de novo.
            O mergulhador, então, recolheu todos os pedaços da rede para levá-los embora.
            As duas tartarugas nadaram com ele mais alguns minutos. Estavam muito agradecidas e felizes por tudo ter terminado bem.
            O mergulhador também estava muito feliz por ter salvo Tatá e retirado aquela rede do mar. Ele respeitava a natureza, pois sabia que tudo é criação de Deus e voltou para casa com uma bonita história para contar.

           

            (Adaptação da história “Tatá a Tartaruguinha Encrencada”, de Veridiana de Paula Reis Castro.)

 

O Consolador
Revista Divulgação Espírita
2024

 

 

PNEUMATAS, MÉDIUNS DO INÍCIO DO CRISTIANISMO

 

JOSÉ REIS CHAVES

 

            Outro nome para o Espiritismo é espiritologia, que é a ciência dos espíritos. Kardec foi o primeiro cientista a estudar os espíritos. E, com o auxílio deles próprios e através de vários médiuns de quarenta países, escreveu O Livro dos Espíritos”, que é uma síntese de tudo sobre os espíritos e outras obras renomadas, entre elas, O Evangelho Segundo o Espiritismo e O Livro dos Médiuns, considerado o primeiro livro de Parapsicologia do mundo.
            Meus leitores assíduos já conhecem boa parte do conteúdo deste artigo. Mas, para os novos leitores e, também, seguindo a moda didática dos professores que, para melhor facilidade de aprendizagem dos alunos, repetem os assuntos, adoto também essa prática, repetindo assuntos que são complicados como o é o Espírito Santo Trinitário que, diga-se de passagem, é mesmo uma das doutrinas mais complicadas criados pelos teólogos do Cristianismo, desde seus primeiros tempos. E o pior é que eles, até hoje, fazem parte dos ensinos doutrinários cristãos, embora frequente e reservadamente muitos de seus próprios pregadores declarem que têm dificuldades para crer em alguns deles.
            Mas vamos ao assunto. Os cristãos primitivos que recebiam espíritos eram conhecidos por pneumatas, ou seja, pessoas que, hoje, chamamos de médiuns. Os espíritos podem ser bons ou já bem evoluídos, ou maus, ainda atrasados. Daí João nos recomendar que examinemos os espíritos (1ª Epístola de João 4:1), pois, os espíritos ou “daimones”, para merecerem crédito, têm que ser de Deus, isto é, do bem.
            Quando foi criada a Santíssima Trindade, em 381, no Concílio Ecumênico de Constantinopla, foi necessária a criação do Espírito Santo para completar as Três Pessoas Trinitárias. O Espírito Santo, na verdade, como demonstra a Bíblia, em algumas de suas passagens pouco faladas, é o conjunto dos “daimones” ou espíritos dos mortos, muito conhecidos dos “pneumatas” já referidos. Mas num exemplo de ego inferior bem aflorado, os teólogos começaram a ensinar que o clero recebia o Espírito Santo (tido de modo meio confuso como sendo o Espírito de Deus); mas na verdade, pela Bíblia, um espírito santo ou bom, do bem, portanto, vem de Deus, mas não é o próprio Deus, enquanto que os leigos só recebiam “daimones” maus – espíritos ou almas maus.
            Esse assunto ficou muito confuso durante muito tempo. Aqui, dado o espaço limitado, não podemos entrar nos pormenores que, entretanto, como dissemos, já abordamos parcialmente em várias matérias, mas também, de modo incompleto. No meu livro A Face Oculta das Religiões deu para eu desenvolver bem essa questão, que recomendo para quem quiser saber mais sobre esse assunto.

 

Consolador
2023

 

 

TOLERÂNCIA NUNCA É DEMAIS

 

Por Geraldo Campetti
geraldocampetti@gmail.com

 

            “Tolerância nunca é demais” é uma máxima que nos leva a refletir sobre a importância de aceitar e respeitar as diferenças entre os seres humanos e todos os demais seres criados por Deus. O conceito de tolerância, originado do latim tolerare, significa suportar, permitir ou aceitar aquilo que é diferente ou contrário às próprias convicções. A tolerância integra o conceito de caridade, como registrado na questão 886 de O livro dos espíritos, através da palavra “indulgência” empregada pelo Espírito de Verdade ao responder a pergunta de Allan Kardec. Isso nos mostra que a tolerância vai além de apenas aceitar as diferenças, mas também implica em compreender e perdoar as falhas e limitações dos outros.
Essa virtude é essencial para promover relações harmoniosas e solidárias entre os indivíduos e comunidades. Ela é um elemento fundamental na construção de uma sociedade mais justa e pacífica, na qual as pessoas são capazes de conviver respeitosamente, mesmo diante de suas divergências. Somente através da tolerância podemos aspirar a uma paz mundial duradoura, onde cada indivíduo seja valorizado e respeitado em sua plena diversidade.
            É preciso reconhecer que existem diferentes tipos de intolerância, que se manifestam em várias esferas da vida social, como a religiosa, étnica, cultural, política e ideológica. Todos esses tipos de intolerância contribuem para a fragmentação e conflitos na sociedade, minando a construção de uma convivência pacífica e inclusiva. Historicamente, a intolerância tem sido uma realidade marcante, permeando diversas épocas e culturas. Desde os tempos antigos até os dias atuais, vimos a manifestação de preconceitos e discriminações em diferentes formas, como nas guerras religiosas, no racismo, na homofobia, na misoginia, na xenofobia e em tantas outras expressões de intolerância. Vivemos em uma sociedade marcada por características líquidas, materialistas, consumistas e hedonistas, onde infelizmente a intolerância ainda persiste. As redes sociais, por exemplo, muitas vezes são palco para disseminação de discursos de ódio e intolerância, em que pessoas são atacadas por suas crenças, origens ou identidades.
            A tolerância é uma virtude essencial que permeia todas as esferas da vida, desde a intrapessoal até as interações sociais mais amplas. Dentro de nós mesmos, a autotolerância nos permite aceitar nossas próprias falhas e imperfeições, cultivando assim um ambiente interno de compaixão e crescimento. Em família, a tolerância promove a harmonia e o respeito mútuo, permitindo que cada membro seja reconhecido e valorizado em sua individualidade. No trabalho, ela fomenta um ambiente colaborativo, onde diferentes ideias e perspectivas são consideradas e respeitadas. Na casa espírita, a tolerância é fundamental para acolher aqueles que buscam conforto e orientação espiritual, independentemente de suas crenças ou trajetórias. Em todas as áreas da vida, a tolerância não significa compactuar com o erro, mas sim cultivar uma postura de compreensão e respeito pelos outros, mesmo quando suas opiniões ou comportamentos diferem dos nossos.
            Quando estendemos o conceito de tolerância para além das interações interpessoais, percebemos sua relevância no cotidiano de nossas existências. Devemos praticar a tolerância não apenas em relação aos pensamentos e palavras dos outros, mas também em relação aos sentimentos, vibrações e ações que permeiam nossas próprias vidas. Isso implica em reconhecer a diversidade de pensamentos e emoções que habitam nosso ser, sem julgamento ou autopunição. Devemos permitir que nossos sentimentos fluam livremente, sabendo que cada experiência é válida e pode nos ensinar algo importante. Além disso, ao sermos tolerantes em nossas ações, reconhecemos a singularidade de cada ser humano e buscamos agir com gentileza e empatia, mesmo diante das diferenças. Assim, a prática da tolerância se torna não apenas um “ideal a ser alcançado”, mas sim um “modo de vida” que nos permite viver em paz e harmonia conosco e com o mundo ao nosso redor.
Felizmente, ao longo da história, têm surgido diversas iniciativas e ações globais para combater o preconceito, discriminação e intolerância em várias esferas da sociedade. No campo religioso, organizações inter-religiosas têm trabalhado para promover o diálogo interconfessional e o respeito mútuo entre diferentes crenças. No âmbito científico, esforços estão sendo feitos para desmistificar estereótipos e preconceitos através de pesquisas e educação. Filosoficamente, correntes de pensamento humanistas têm enfatizado a importância da igualdade e da dignidade humana. No campo artístico e cultural, artistas usam sua arte como forma de promover a tolerância e a inclusão, desafiando narrativas dominantes e celebrando a diversidade. Além disso, iniciativas históricas, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, têm fornecido um quadro legal e ético-moral para o combate à intolerância em nível global. Essas ações coletivas são cruciais para construir um mundo mais justo e acolhedor para todos.
            No entanto, apesar dos avanços significativos, ainda testemunhamos a persistência do preconceito, discriminação e intolerância em pleno século XXI. Casos de racismo, misoginia, homofobia e xenofobia continuam a serem registrados em diferentes partes do mundo, demonstrando que há uma necessidade urgente de intensificar os esforços para promover a conscientização e a educação em torno dessas questões. Além disso, o uso irresponsável das redes sociais tem amplificado discursos de ódio e intolerância, alimentando divisões e conflitos. Portanto, é fundamental que indivíduos, instituições e governos ajam de forma proativa para combater esses males, promovendo a inclusão, o respeito mútuo e a valorização da diversidade em todas as esferas da vida social.
            Como nos ensina Bezerra de Menezes pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, na mensagem Divulgação Espírita (1969), publicada em Reformador (1977), “vivemos em um regime de interdependência total”, recordando-nos de que “sem comunicação não há caminho”. Assim, sejamos tolerantes, fraternos e solidários com tudo e todos, a fim de construirmos um mundo pacífico e pacificador que se inicia na mente e no coração de cada um de nós.

Editorial
FEB

 

 

VENHA A NÓS O TEU REINO

 

            «Venha a nós o teu reino... » — assim rogou Jesus ao Pai Celestial, sabendo que só o Plano de Deus pode conceder-nos a verdadeira felicidade.
            Mas, o Mestre não se limitou a pedir; ele trabalhou e se esforçou para que o Reino do Céu encontrasse as bases necessárias na Terra.
            Espalhou, com as próprias mãos, as bênçãos da paz e da alegria, a fim de que os homens se fizessem melhores.
            Uma locomotiva não corre sem trilhos adequados.
            Um automóvel não avança sem a estrada que lhe é própria.
            Um prato bem feito precisa ser preparado com todos os temperos necessários.
            Assim também, o auxílio celeste reclama o nosso esforço. Ë sempre indispensável purificar o nosso sentimento para recebê-lo e difundi-lo.
            Sem a bondade em nós, não poderemos sentir a bondade de Deus ou entender a bondade de nossos semelhantes.
            Quando é noite e reclamamos: — «Venha a nós a luz», é necessário ofereçamos a lâmpada ou a candeia, para que a luz resplandeça entre nós.
            Se rogamos a Graça Divina, preparemos o sentimento para entendê-la e manifestá-la, a fim de que a felicidade e a harmonia vivam conosco.
            Jesus trabalhou pela vinda da Glória do Céu ao mundo, auxiliando a todos e ajudando-nos até à cruz do sacrifício, dando-nos a entender que o Reino de Deus é Amor e só pelo Amor brilhará entre os homens para sempre.

 

Livro Pai Nosso
Francisco Candido Xavier
Pelo Espírito de Meimei

 

 

VIVÊNCIAS DO AMOR EM FAMÍLIA

Autor: Divaldo Pereira Franco
Espírito: Diversos
Editora: LEAL

            "Vivências do amor em família" é uma obra que expõe de modo didático vários assuntos relacionados com a família nos seus múltiplos aspectos, nuanças, sutilezas e problemas. É um estudo criterioso desenvolvido sob a inspiração e firme orientação dos benfeitores espirituais. Nele, amplia-se e compreende-se melhor o conceito de família, especialmente quando essa se predispõe a acessar o Psiquismo Divino por meio do entendimento dos postulados espíritas. Nessas circunstâncias, o lar converte-se em um celeiro de paz e num ambiente receptivo à interferência positiva dos bons Espíritos, que orientam os nossos passos nos caminhos do bem. Em suas ricas páginas, esta obra de fôlego nos apresenta onze grandes capítulos, com diversos subtítulos nos quais são explorados assuntos da maior relevância, que certamente nos darão uma ampla visão da problemática da família nos contextos social e espiritual.

 

O Consolador 2018

 

 

PRECE

 

            Senhor Jesus!

            Auxilia-nos a compreender mais, a fim de que possamos servir melhor, já que, somente assim, as bênçãos que nos concedes podem fluir, através de nós, em nosso apoio e em favor de todos aqueles que nos compartilham a existência.
            Induze-nos à prática do entendimento que nos fará observar os valores que, porventura, conquistemos, não na condição de propriedade nossa e sim por manancial de recursos que nos compete mobilizar no amparo de quantos ainda não obtiveram as vantagens que os felicitam a vida.
            E ajuda-nos, oh! Divino Mestre, a converter as oportunidades de tempo e trabalho com que nos honraste em serviço aos semelhantes, especialmente na doação de nós mesmos, naquilo que sejamos ou naquilo que possamos dispor, de maneira a sermos hoje melhores do que ontem, permanecendo em ti, tanto quanto permaneces em nós, agora e sempre.
            Assim seja.

 

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EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
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