"Luzes do Amanhecer"

ANO II - Nº 22 – Campo Grande – MS – Novembro de 2007
EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
Rua Colorado n o 488, Bairro Jardim Canadá, CEP 79112-480, Campo Grande-MS.


"O amor se conjuga em todos os tempos e em todos os modos, porque representa uma ação concreta, sempre de maneira afirmativa, porque é como a luz que penetra nos lugares mais escuros. O homem que não ama é como um deserto, onde há só desolação. A vida em abundancia dali há muito se ausentou." Áulus.


MENSAGEIROS DA VIDA

                Nenhuma criatura humana, nem mesmo a mais inteligente e instruída, pode afirmar que a morte é o final para todos os sonhos de uma vida que corre para eternidade. E mesmo que ela aniquile de imediato, toda a certeza daquele ser que fica debruçado na dor da saudade, sem a esperança de que o sol da vida possa brilhar novamente, trazendo o benefício da Promessa de Jesus, para todos aqueles que são bem-aventurados.
                E ainda que busque a verdade naqueles que silenciaram pela visitação da morte, continua indagando por quê...
                Muitos sentenciam a própria alma, desprezando as oportunidades que vem do alto em forma de pensamento, pedindo força e coragem frente às provas do caminho. São eles infinitamente, os portadores das boas novas, indicando que há vida depois da morte.
                Enquanto as lágrimas da saudade formam um rio com águas escuras e perigosas, ali estão eles, em forma de luz, para garantir a travessia daqueles que amam, mostrando que a vida continua em uma nova dimensão.
                Em toda a parte são como as estrelas do firmamento, acreditando que podemos ver além da imaginação, criando fórmulas para que nossos corações promovam a revelação da vida futura que está iniciada no Evangelho de Jesus.
                São eles os mensageiros da vida.
                Choram e sofrem quanto estamos em sofrimento, mas se alegram quando despertamos para um novo dia, renovados pela fé, substituindo as dificuldades pela coragem de seguir em frente, mesmo quando a dor da saudade machuque nosso coração... Porque sabem que cedo ou tarde, todos nós estaremos reunidos no amor sem adeus.
                Disse Jesus. “– Todo aquele que vive e crê em mim nunca morrerá e na casa de meu Pai tem muitas moradas e eu vim ao mundo para dar testemunho de todas essas coisas”.



Ezequiel
Mensagem recebida pelo médium João de Deus, em reunião realizada no Grupo Espírita da Prece, no dia 07/10/2005, em Campo Grande/MS.

POR HOJE E SEMPRE

                Mais um dia que se apresenta, como oportunidade para se escrever um novo capitulo de minha existência, neste mundo transitório.
                Que nesse dia possa ter força de reconhecer os meus erros, levar adiante o projeto de amor que há muito acalento em meu coração, e servir-me dos recursos possíveis para estender a mão ao próximo.
                Mas, especialmente, Senhor, para ter força para domar o meu egoísmo, vencer o meu orgulho, como necessários ao meu próprio progresso. Se não os puder vencer de pronto, pelo menos hoje não hei de dar lhes condição para que perturbe os meus projetos, mas vou esforçar-me para que cada manhã firme um propósito de ser menos egoísta, menos orgulhoso, e assim aproveitar os dias que me restam. Lutar bravamente contra essas chagas do coração humano, e assim dar um passo significativo na senda evolutiva.
                Estou bem consciente da responsabilidade que me cabe, mas também da misericórdia infinita de Deus, que há de me amparar quando passar por aqueles momentos de crises, para que não volte a praticar as mesmas atitudes de outrora que tanto mal me causaram.
                Pelo menos por hoje hei de lutar muito para que possa ser uma pessoa sensata que compreenda que esta oportunidade é “única”, e devo aproveitá-la bem, porque esse tempo precioso de hoje pode faltar para realizar aquele projeto maior, que tentei a vida inteira.
                Somente neste dia não hei de ter qualquer desacordo com o meu próximo, mesmo que me suponha com o direito de reclamar, vou respeitar o ponto de vista dos outros, porém se encontrar clima de paz, ou um ambiente favorável, poderei emitir a minha opinião, farei sim, porém com a máxima cautela para não ferir a sensibilidade de ninguém, porque já aprendi que ser “franco demais” com os defeitos dos outros, representa um falta mais completa da consciência de educação, mesmo porque ninguém é tão verdadeiro que não possa errar, nem tampouco tem a posse absoluta da verdade, cujo conceito de verdade hoje hei de cultivar, como aquela história, de que a verdade era representada por um espelho, e alguém querendo a somente para si, acabou quebrando-o e somente coube a cada um pequeno fragmento, assim que ouvirei a todos, com o maior respeito e acatamento, como filho de Deus que são, sem jamais menosprezar a condição de quem quer que seja, nem a parcela de verdade que suponha lhe pertencer.
                Hoje, rogarei a Deus que me conceda muita paz, para que possa também levar aos outros. Muito estimaria, mesmo que seja só por hoje, ser bom, respeitoso dos direito dos outros, ser atencioso mesmo, como nunca fui, porque pode ser hoje que estarei dando início a minha reforma íntima, que tantas vezes tentei, e tantas vezes voltei à estaca zero, porque hoje serei capaz de incorporar ao meu quotidiano aquelas idéias renovadas, a fim de que a própria vida possa deslizar sobre novos trilhos, mais condizentes com a dignidade humana, como amor que se deve devotar aos outros.
                Se neste dia, Deus me permitiu a oportunidade impar de realizar esta experiência, com vista ao aprendizado das lições maravilhosas do Evangelho de Jesus, não poderia descansar se houver uma pequena sombra de dúvida, que visite meu coração por algo que deixei de fazer, porque seria imperdoável a quem tanto tem recebido, nem sequer tenha conhecimento do acréscimo de misericórdia, porque mérito, nem de longe, tenho.
                Assim que me deterei no essencial para que não se perca mais tempo.
                Em tudo farei referência ao mandamento maior, para que meu dia esteja de conformidade com o que ministrara o Mestre: “Amar a Deus de todo o teu coração” e “próximo como a si mesmo”, a fim de que meu dia tenha essa baliza natural, que ao desejar todo o bem possível para mim, como também aos outros filhos de Deus que caminham ao meu lado, possam também ter os mesmos privilégios, o mesmo direito à felicidade quanto eu, dessa verdade não me separarei um segundo sequer, ao lembrar também que “o amor cobre a multidão de pecados”. Lembrarei sim que essa é a minha oportunidade, pelo menos dar o primeiro passo, e que se começar agora, aqueles infinitos outros que se seguirão ficarão mais fáceis, mas que eu permaneça nesse mesmo propósito de renovar os meus dias, para que a morte não me surpreenda, sem projetos de melhoria íntima no coração.
                Não hei de ter medo de olhar para os meus erros, mesmo que os outros perguntem a razão dessa decisão tão repentina, porque esses sabem que já fiz, como também conhecem os resultados de tantos equívocos que cometi nesta existência e em encarnações mal sucedidas, mas agora já tenho um motivo oferecido pelo divino amigo, e que para quem tanto errou e já sabe as conseqüências desses enganos.
                Não posso fracassar mais uma vez, porque estou convencido que me estendeu a mão para me socorrer, e não tenho o direito de desperdiçar mais esta oportunidade. É urgente esse trabalho de natureza íntima que devo realizar no mais profundo do meu coração, por isso, Senhor, acolheu-me na condição daquele náufrago que tendo o mar revolto a sua frente e que está preste a lhe carregar para suas profundezas, mas segura-me como fizera a Pedro naquele momento de dúvida quando surgiu sobre as águas, porque somente assim poderei realizar o trabalho íntimo tão necessário para olhar a vida sob outro ponto de vista, como na condição de espírito imortal, que está vivendo uma experiência magnífica e não pode reprovar mais neste teste decisivo, assim que me mantenha sob o seu olhar vigilante, Senhor, hoje e sempre.

Áulus / Otacir Amaral Nunes
Campo Grande/MS

 

 

Minha querida mamãe Alda,
Minha querida tia Aida,

                Meu coração está presente para rogar a Deus por todos os nossos familiares. Vim com um grupo de pessoas amigas e junto delas o meu pai Ecycles (1), vem pedir as bênçãos de Deus em nosso apoio.
                Minha querida mãezinha, hoje que posso utilizar esse lápis, venho pedir ao teu coração para que esteja sempre radiante e feliz, lembrando que a vida é uma oportunidade única que recebemos de Deus para plantar as sementinhas do amor enquanto prosseguimos no caminho, assegurando para nós a bem-aventurança da colheita, pois plantamos nos campos que temos no coração e a produção certamente vai nos auxiliar na travessia das nossas dificuldades...
                Mãezinha querida, eu estou bem e lamento que a Nathalia (2), não esteja presente para segurar essas folhas, onde deixo o meu coração deslizar, escrevendo os meus anseios e minhas alegrias, por vê-las abraçadas a uma tarefa de amor, aprendendo a distribuir o pão, melhorando a própria condição de criatura humana. Posso afirmar que nos meus 25 anos não consegui aprender tanta coisa, como nestes 2 anos de saudade que curti até preparar-me para a grande descoberta. Estava viva e a morte não me assustou tanto, logo que descobri a presença da vovó Ecy (3), me estreitando no coração modificando imediatamente a estrutura do meu corpo, enquanto permanecia no leito de um hospital, recuperando-me da cirurgia que me obrigou ao decúbito, transferindo-me para outra dimensão, lembrando-lhe na saudade imortal do coração.
                Simplesmente acordei depois de um tempo anestesiada e sobre o cuidado de benfeitores que logo reconheci na presença de tia Anézia (4), que me adiantou que os dias passam depressa quando nos dispomos a colaborar com a atitude de quem precisa se recompor de um trauma que deixa cicatriz em nossa alma machucada pela necessidade de mudança no próprio organismo, que precisa reagir...
                Estou aqui para falar de Deus e hoje que posso utilizar esse lápis venho lembrar que a nossa vida é plena de felicidade porque aquele que morre, vive e aquele que fica chorando a dor, descobre que no coração a saudade é substituída pela certeza que a vida continua. Estive aqui no trabalho de distribuição, eu o tio Arnaldo (5), descobrindo que é grandioso este feito, e que Deus multiplica o pão para que se sustente o Evangelho, cicatrizando as feridas que sangram, dando nova razão para a própria vida... Enquanto vamos resgatando os nossos deveres para com os outros irmãos que está no mesmo caminho.
                Estão comigo o nosso Eduardo(6), rogando por todos e principalmente para você, mamãe, com votos de grandes alegrias enquanto vamos aprendendo que é do amor que retiramos as fórmulas que modificam e dão mais beleza para a caridade, porque Deus está presente no meio de nós. Sabia que iria te encontrar assim e o papai abraça o nosso Ismael(7), com igual apelo para a nossa Nayhara(8), garantindo que o sol brilha além da noite enquanto dormimos para descansar.
                Estamos bem, e agradecidos pelas orações que recebemos e pela luz que brilha em nossos olhos transmitindo ao filho tão querido que é preciso ter disciplina no olhar e no coração, misturando a saudade com o sofrimento para deixar claro que nessa mistura, o homem aprende a procurar-se intimamente e se transforma quando percebe que a luz brilha sempre... Mesmo que nossos olhos procurem pelas estrelas durante o dia, lembrando que as estrelas que brilham de dia, são as criaturas que estão na terra, todas elas lindas e onipotentes como as estrelas que brilham no céu, mas em necessidades que se acentuam com a presença da luz.
                Somos gigantes quando queremos praticar um bem, basta querer... A caridade íntima é renovada pela nossa fé, e a certeza de que o sol brilha naturalmente em nossas vidas, afirmam que é preciso caminhar sempre em direção do amor. Não estamos sozinhos, Deus está presente e segura nossas mãos, para que tenhamos força suficiente para mudar a rota dos nossos acontecimentos, enfim, melhorar a nossa condição de espíritos iluminados.
                Mamãe e titia, guardo-me no coração de vocês para afirmar que estamos juntas nessa tarefa de amor e sempre que puderem, alegrem-me com a prece que Jesus nos ensinou, repartindo esse pão maravilhoso que nos eleva para a luz.
Sou toda presente para afirmar que estou bem, e feliz por encontrá-las bem, garantindo para nossa família a paz que tanto necessitamos para sermos felizes. Muito agradecida deixo o meu coração sempre e sempre reconhecido, da sua filha.


Fabiana Glagau Ferreira
Mensagem recebida pelo médium João de Deus, em reunião pública do dia 20/09/2007, no grupo Espírita da Prece em Campo Grande/MS

Esclarecimentos
Fabiana Glagau Ferreira, turismóloga desencarnou em 28/07/2005, com 25 anos, cirurgia de redução de estômago.
(1) Ecycles - pai da Fabiana.
(2) Nathalia - prima.
(3) Ecy - avó paterna.
(4) Anézia - tia.
(5) Arnaldo - tio.
(6) Eduardo- primo.
(7) Ismael- tio
(8) Nayhara -prima.

 

TRATAMENTO DO ALCOOLISMO

                Embora o alcoolismo tenha sido definido pela Organização Mundial de Saúde, como uma doença incurável, progressiva e quase sempre fatal, o dependente do álcool pode ser tratado e obter expressiva vitória nessa luta, que jamais será fácil e ligeira.
                Sintetizando aqui os passos recomendados pelos especialistas na matéria e as recomendações especificas do Espiritismo a respeito da obsessão, nove são os pontos de tratamento daquele que deseja, no âmbito espírita, livrar-se dessa dependência.
                1. Conscientização por parte do alcoólatra de que é portador de uma doença e vontade firme de tratar-se.
                2. Mudança de hábitos, para com isso evitar os ambientes e os amigos que com ele bebiam anteriormente.
                3. Abstinência de qualquer bebida alcoólica, convicto de que não bebendo o primeiro gole não haverá o segundo nem os demais.
                4. Buscar apoio indefinidamente num grupo de natureza idêntica à dos Alcoólicos Anônimos, que proporcionam, segundo o Dr. George Vaillant, o melhor tratamento que se conhece.
                5. Cultivar a oração e a vigilância continua, como elementos de apoio à decisão diária de manter a abstinência.
                6. Utilizar os recursos oferecidos pela fluidoterapia, a exemplo dos passes magnéticos, da água fluidificada e das radiações.
                7. Leitura de página espíritas, mensagens de livros de conteúdo elevado, que possibilitem a assimilação de idéias superiores e a renovação dos pensamentos.
                8. A ação no bem, adotando a laborterapia como recurso precioso à saúde da alma.
                9. Realizar pelo menos uma vez na semana, na intimidade do lar, o estudo do Evangelho, pratica que é conhecida pelo nome de culto do Evangelho no lar. A família que lê o Evangelho e ora em conjunto beneficia a si e a todos os que a rodeiam.

Astolfo Olegário de Oliveira Filho.
Fonte Jornal o Imortal, outubro/99.

TRANSIÇÃO

                É fatal o instante da morte?

                Com exceção do suicídio, todos os casos de desencarnação são determinados previamente pelas forças espirituais que orientam a atividade do homem sobre a Terra.
                Esclarecendo-vos quanto a essa exceção, devemos considerar que, se o homem é escravo das condições externas da sua vida no orbe, é livre no mundo íntimo, razão por que, trazendo no seu mapa de provas a tentação de desertar da vida expiatória e retificadora, contrai um débito penoso aquele que se arruína, desmantelando as próprias energias.
                A educação e a iluminação do íntimo constituem o amor ao santuário de Deus em nossa alma. Quem as realiza em si, na profundeza da liberdade interior, pode modificar o determinismo das condições materiais de sua existência, alçando-a para a luz e para o bem. Os que eliminam, contudo, as suas energias próprias, atentam contra a luz divina que palpita em si mesmos. Daí o complexo de suas dívidas dolorosas.
                E existem ainda os suicídios lentos de gradativos, provocados pela ambição ou pela inércia, pelo abuso ou pela inconsideração, tão perigosos para a vida da alma, quanto os que se observam, de modo espetacular, entre as lutas do mundo.
                Essa a razão pela qual tantas vezes se batem os instrutores dos encarnados, pela necessidade permanente de oração e de vigilância, a fim de que os seus amigos não fracassem nas tentações.

                Proporciona a morte mudanças inesperadas e certas modificações rápidas, como será de desejar?

                A morte não prodigaliza estados miraculosos para a nossa consciência.
                Desencarnar é mudar de plano, como alguém que se transferisse de uma cidade para outra, aí no mundo, sem que o fato lhe altere as enfermidades ou as virtudes com a simples modificações dos aspectos exteriores. Importa observar apenas a ampliação desses aspectos, comparando-se o plano terrestre com a esfera de ação dos desencarnados.
                Imaginai um homem que passa de sua aldeia para uma metrópole moderna. Como se haverá, na hipótese de não se encontrar devidamente preparado em face dos imperativos da sua nova vida?
                A comparação é pobre, mas serve para esclarecer que a morte não é um salto dentro da Natureza. A alma, prosseguirá na sua carreira evolutiva, sem milagres prodigiosos.
                Os dois planos, visível e invisível, se interpenetram no mundo, e, se a criatura humana é incapaz de perceber o plano da vida imaterial, é que o seu sensório está habilitado somente a certas percepções, sem que lhe seja possível, por enquanto, ultrapassar a janela estreita dos cinco sentidos.

                Que espera o homem desencarnado, diretamente, nos seus primeiros tempos de vida de além-túmulo?

                A alma desencarnada procura naturalmente as atividades que lhe eram prediletas nos círculos da vida material, obedecendo aos laços afins, tal qual se verifica nas sociedades do vosso mundo.
                As vossas cidades não se encontram repletas de associações, de grêmios, de classes inteiras que se reúnem e se sindicalizam para determinados fins, conjugando idênticos interesses de vários indivíduos? Aí, não se abraçam os agiotas, os políticos, os comerciantes, os sacerdotes, objetivando cada grupo a defesa dos seus interesses próprios?
                O homem desencarnado procura ansiosamente, no Espaço, as aglomerações afins com o seu pensamento, de modo a continuar o mesmo gênero de vida abandonado na Terra, mas, tratando-se de criaturas apaixonadas e viciosas, a sua mente reencontrará as obsessões de materialidade, quais as do dinheiro, do álcool, etc., obsessões que se tornam o seu martírio moral de cada hora, nas esferas mais próximas da Terra.
                Daí a necessidade de encararmos todas as nossas atividades no mundo como a tarefa de preparação para a vida espiritual, sendo indispensável à nossa felicidade, além do sepulcro, que tenhamos um coração sempre puro.

                Logo após a morte, o homem que se desprende do invólucro material pode sentir a companhia dos entes amados que o precederam no além-túmulo?

                Se a sua existência terrestre foi o apostolado do trabalho e do amor a Deus, a transição do plano terrestre para a esfera espiritual será sempre suave.
                Nessas condições, poderá encontrar imediatamente aqueles que foram objeto de sua afeição no mundo, na hipótese de se encontrarem o mesmo nível de evolução. Uma felicidade doce e uma alegria perene estabelecem-se nesses corações amigos e afetuosos, depois das amarguras da separação e da prolongada ausência.
                Entretanto, aqueles que se desprendem da Terra, saturados de obsessões pelas posses efêmeras do mundo e tocados pela sombra das revoltas incompreensíveis, não encontram tão depressa os entes queridos que os antecederam na sepultura. Suas percepções restritas à atmosfera escura dos seus pensamentos e seus valores negativos impossibilitam-lhes as doces venturas do reencontro.
                É por isso que observais, tantas vezes, Espíritos sofredores e perturbados fornecendo a impressão de criaturas desamparadas e esquecidas pela esfera da bondade superior, mas, que, de fato, são desamparados por si mesmos, pela sua perseverança no mal, na intenção criminosa e na desobediência aos sagrados desígnios de Deus.


Emmanuel
Do livro “O Consolador” de Francisco C. Xavier (Perguntas 146 a 149)- Edição FEB

BENÇÃO DE DEUS

                Muitas vezes, criticamos o dinheiro, malsinando-lhe a existência, no entanto, é lícito observá-lo através da justiça.
O dinheiro não compra a harmonia, contudo, nas mãos da caridade, restaura o equilíbrio do pai de família, onerado em dívidas escabrosas.
                Não compra o sol, mas nas mãos da caridade, obtém o cobertor, destinado a aquecer o corpo enregelado dos que tremem de frio.
                Não compra a saúde, entretanto, nas mãos da caridade assegura proteção ao enfermo desamparado.
                Não compra a visão, todavia, nas mãos da caridade oferece óculos aos olhos deficientes do trabalhador de poucos recursos.
                Não compra a euforia, contudo, nas mãos da caridade improvisa a refeição, devida aos companheiros que enlanguescem de fome.
Não compra a luz espiritual, mas, nas mãos da caridade propaga a página, edificante que reajusta o pensamento a transmalhar-se nas sombras.
                Não compra a fé, entretanto, nas mãos caridade ergue a esperança, junto de corações tombados em sofrimento e penúria.
                Não compra a alegria, no entanto, nas mãos da caridade, garante a consolação para aqueles que choram, suspirando por migalha de reconforto.
                Dinheiro em si e por si é moeda seca ou papel insensível que, nas garras da sovinice ou da crueldade é capaz de criar o infortúnio ou acobertar o vício. Mas o dinheiro do trabalho e da honestidade, da paz e da beneficência, que pode ser creditado no banco da consciência tranqüila, toda vez que surja unido ao serviço e à caridade, será sempre bênção de Deus, fazendo prodígios.


Emmanuel
Mensagem recebida pelo médium Francisco C. Xavier

ANTE O FUTURO

                A luta pelo bem é difícil e para nós, os viajores do burilamento moral, assume, às vezes, a forma de um navio incandescente em águas perigosas. Mas o passado há de ser redimido, adversários hão de ser transformados em irmãos, espinhos devem florescer, angústias se converterão em cânticos de alegria. Hoje estamos sitiados por todos aqueles mesmos irmãos dos quais nos constituímos devedores. A vida reaproxima-nos uns dos outros, associa-nos em empreendimentos diversos, entrosa-nos em interesses e esperanças e o tempo vai desvelando, desvelando tudo aquilo que as circunstâncias de superfície nos encobrem ao olhar. Companheiros transfigurados em desafetos integram o quadro natural de nossas provas.                 Tenhamos coragem e suportemo-los.
                Decerto não será possível beijar-lhes as mãos quando se voltem contra nós, mas podemos orar por eles, tolerar-lhes as investidas, desculpar-lhes em pensamento os ataques e abençoá-los no silêncio de nossas reflexões.


Batuíra
Do livro “Mais Luz” de Francisco C. Xavier


CAMINHA

                Lembra-te de Deus quando encontrares no teu caminho aqueles irmãos mutilados pela dor, agradecendo-lhe a oportunidade de um corpo sadio...
                E quando enfrentares os problemas que a vida te oferece, percorre com os olhos os lugares mais além para que encontres na sabedoria divina, os reflexos de teu aperfeiçoamento na escola da vida que abraçaste pelo bem.
                Em toda situação por mais difícil te pareças, não te afastes do bem, organizando-te a firmeza e na prece, até que possas libertar-te das garras do medo e do desequilíbrio.
                Lembras do Sol, beijando a natureza adormecida, reanimando num despertar feliz todas as sombras de amargura e dor.
                Enfim, tens a Deus enquanto muitos esmolam a caridade dos homens.
Conheces verdades outras que muitos não tiveram oportunidades e caminha lado-a-lado com a felicidade!
                Não pares e nem contes mágoas de um passado já distante, caminha com a serenidade porque Deus está contigo, amparando-te no mundo.


Maria Maria
Do livro “Flores da Primavera” de João de Deus, Campo Grande/MS.

 

PEQUENO ESTATUTO DO SERVIDOR DA BENEFICÊNCIA

                Amar ardentemente a caridade.
                Colocar-se no lugar da criatura socorrida.
                Considerar a situação constrangedora da pessoa menos feliz como sendo sua própria.
                Amparar com discrição e gentileza.
                Encontrar tempo para servir os necessitados.
                Nunca ferir alguém com indagações ou observações inoportunas.
                Abster-se de quaisquer exibições de superioridade.
                Usar a máxima paciência para que o necessitado se interesse pelo auxílio que se lhe ofereça.
                Jamais demonstrar qualquer estranheza ante os quadros de penúria ou delinqüência, buscando compreender fraternalmente as provações dos irmãos em sofrimento.
                Aceitar de boa vontade a execução de serviços aparentemente humildes, como sejam carregar pacote, transmitir recados, efetuar tarefas de limpeza ou auxiliar na higiene de um enfermo, sempre que o seu concurso pessoal seja necessário.
                Respeitar a dor alheia, seja ela qual for.
                Acatar os hábitos e os pontos de vistas de pessoa assistida, sem tentar impor as próprias idéias.
                Tolerar com serenidade e sem revide quaisquer palavras de incompreensão ou de injúria que venha a receber.
                Olvidar melindres pessoais.
                Criar iniciativa para resolver os problemas de caráter urgente na obra assistencial.
                Evitar cochichos ou grupinhos para comentários de feição pejorativa.
                Estudar para ser mais útil.
                Não apenas verificar os males que encontre, mas verificar-lhes as causas para que se lhes faça a supressão justa.
                Cultivar sistematicamente a bênção da oração.
                Admitir os necessitados não somente na condição de pessoas que se candidatam a recolher os benefícios que lhes possamos prestar, mas também na qualidade de companheiros que nos fazem o favor de receber-nos assistência, promovendo e facilitando a nossa aproximação do Cristo de Deus.


Emmanuel
Mensagem recebida pelo médium Francisco C. Xavier

 

FUNDAÇAO CHICO XAVIER

                Há homens que lutam um dia. E são bons. Há homens que lutam muitos dias. E são melhores. Há os que lutam anos. E são excelentes. Mas há os que lutam toda a vida. Estes são realmente imprescindíveis. (Bertholdo Brecht).

ORGANIZE-SE

                Você abriu – feche; acendeu – apague; ligou – desligue; desarrumou – arrume; sujou – limpe; está usando algo – trate-o com carinho; quebrou – conserte; não sabe consertar – chame quem o faça;
                Para usar o que não lhe pertence – peça licença; pediu emprestado – devolva; não sabe como funciona - não mexa; é de graça – não desperdice; não lhe diz respeito – não se intrometa; não veio ajudar – não atrapalhe; prometeu - cumpra; ofendeu – desculpe-se; não lhe foi perguntado – não dê palpite. Falou –assuma.
                “Seguindo esses preceitos viveremos melhor em sociedade”.

A CARIDADE E O PORVIR

                Afirmas que a Caridade está a caminho do desaparecimento, pois que, em se elevando gradualmente a padrão da vida terrestre, dia virá no qual as populações não mais carecerão de assistência, de vez que o futuro lhes conferirá automaticamente a bênção do lar, a luz da escola, o alimento básico, o vestuário seguro, o transporte fácil e o trabalho compensador.
                Sim, realmente este é o supremo anelo de todos nós quanto à vida material.
                Contudo, a beneficência é simples faceta da caridade que, em si mesma, é o Sol do Divino Amor, a sustentar o Universo.
                E o dia para a vitória do amor, entre os homens, ainda está longe de alvorecer.
                Até lá, torna-se mister remediar os infortúnios e os males desvelados e ocultos que atormentam o Espírito humano, enleado na rede das provas necessárias e justas, seja por exigências da evolução, seja pelos impositivos de causa e efeito.
                Importa observar que, na imensa luta por nossa libertação coletiva, se encontramos as sombras coaguladas na ignorância, surpreendemos também os perigosos desmandos da inteligência. Entre a rebeldia dos que não sabem e o orgulho dos que sabem, proliferam delitos e conflitos, junto dos quais é preciso ajudar e sofrer, se aspira a melhorar e servir.
                Dominar o plano físico é tão só controlar a veste. Nós não somos daí.
                Centralizemos a atenção na realidade maior.
                Os Espíritos não nascem na carne.
                Dela se valem para a colheita de evolução, à maneira do lavrador que se utiliza do arado.
                Nenhum de nós tem a sua eternidade ligada a panoramas terrestres. Demandamos a profundez do Infinito, no tempo e no espaço, obedecendo a programas de serviço e aperfeiçoamento que nos transcendem o quadro de todas as previsões.
                Recordemos, assim, que o ato caritativo mais difícil de ser praticado gravita em órbita exclusivamente moral.
                Muito fácil dar do que temos; muito difícil dar do que somos.
                Com as dádivas para o corpo, estendamos as dádivas para o espírito, na certeza de que, ainda quando não mais houver na Terra desabrigados e analfabetos, subnutridos e desequilibrados, desnudos e desempregados, todos temos e teremos de viver no lar da compreensão verdadeira, cursar a escola da humildade, cultivar o perdão recíproco, agasalhar-nos em bons exemplos, atender espontaneamente ao concurso fraterno e transpirar na abnegação.
                Com Jesus, aprendemos que a caridade é semelhante ao ar que respiramos – agentes da vida que atinge a tudo e a todos.
                Saibamos, desse modo, afeiçoar-nos a ela, santificando sonhos e enobrecendo ações, iluminando idéias e burilando impulsos, servindo qual se estivéssemos sendo servidos e beneficiando a figurar-nos na posição daqueles que recebem auxílio. Isso porque a caridade, sendo amor puro, crescerá sempre em nós com o nosso próprio crescimento no amor puro, à feição de Luz imperecedoura renascendo das épocas que se foram e ultrapassando os evos que hão-de vir.

Leopoldo Cirne
Do livro “Seareiros de Volta” de Waldo Vieira

SERVOS DO CRISTO

                A história da Humanidade é também a história das dissensões humanas. Não apenas dos antagonismos entre adversários, mas de desentendimentos e separações entre correligionários, de dissidências entre companheiros engajados nos mesmos ideais artísticos, sociais, políticos ou religiosos.
                O cristianismo jamais esteve isento de problemas desse tipo. Apóstolos de Jesus, que desfrutavam do convívio com o Mestre, tiveram de ser por ele repreendidos porque andaram disputando entre si quanto a pretensas superioridades de uns sobre outros. Na sublime e inesquecível Casa do Caminho, corações dedicados conheceram o amargor de sérias discordâncias sobre questões importantes do seu apostolado. Numa epístola memorável, o Amigo dos Gentios admoestou severamente os coríntios, porque diziam uns aos outros: - "Eu sou de Paulo; eu sou de Apolo." E perguntou, incisivo: -                 Acaso Cristo está dividido?”“.
                No correr do tempo, as desinteligências entre os cristãos chegaram, muitas vezes, ao cúmulo injustificável de guerras sanguinolentas, crueldades espantosas e massacres inomináveis.
                MAS, SE O PRÓPRIO Mestre Divino não conseguiu impedir que seus Apóstolos de cizânia, também Kardec não pode evitar que ocorresse o mesmo entre os seus seguidores, apesar de todos os seus esforços e de toda a grandeza de sua tolerância. Nem o conseguiu, tampouco, o nosso grande Bezerra de Menezes.
                Os apelos do messias continuam, porém, soando insistentemente aos nossos ouvidos: - "Sede um comigo...; amai-vos uns aos outros... Todo reino dividido contra si mesmo ficará deserto, e toda cidade, ou casa, dividida contra si mesma, não subsistirá!."
                Banhados pela luz sublime do Espiritismo, sob a divina inspiração do Evangelho, os espíritas brasileiros atenderam aos apelos do Alto e se uniram, no abençoado Pacto Áureo, superando divergências e iniciando uma nova era de frutuosas realizações.
                Esse clima de união e construtividade exige, todavia, alto preço de permanente vigilância e de renúncia, de discernimento e de tolerância, de senso do essencial a ser preservado e do que pode ser objeto de recíprocas concessões, a prol da paz.
                Nesse sentido, são de inexcedível sabedoria as recomendações do Apóstolo Paulo: - "Não nos julguemos maus uns aos outros; pelo contrário, tomai o propósito de não pordes tropeço ou escândalo ao vosso irmão ... Nós, que somos fortes, devemos suportar as debilidades dos fracos e não agradar-nos a nós mesmos ... Pecando contra os irmãos, golpeando-lhes a consciência fraca, é contra Cristo que pecais!"
                Não era sem razão que o Pobrezinho de Assis rogava, humilde: - "Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz!" Nem foi em vão que Jesus pronunciou, no Sermão da Montanha, aquelas palavras inesquecíveis: - "Bem-aventurados os pacificadores!"
                Para nós, espíritas, que sabemos quão grandes e compreensíveis são as diferenças entre os Espíritos, em razão da diversidade das posições evolutivas de cada qual, tudo isso cresce imensamente de valor, pois temos consciência de que o mais importante é somar forças em favor do bem, no interesse da redenção e da felicidade de todos.
                Será, portanto, o caso de conscientizarmos e de repetirmos, para nossa própria tranqüilidade e para prosperidade de nosso esforço bem-intencionado, que Paulo, Apolo, Kardec, Roustaing, Chico e Divaldo são, como tantos outros e como todos nós, apenas servos de Cristo.

Editorial do Reformador de fevereiro/1978

PREVENÇÃO CONTRA O SUICÍDIO

                Quando a idéia de suicídio, porventura, te assome à cabeça, reflete, antes de tudo, na infinita Bondade de Deus, que te instalou na residência planetária, solidamente estruturada, a fim de sustentar-te a segurança no Espaço Cósmico.
                Em seguida, ora, pedindo socorro aos Mensageiros da Providência Divina.
                Medita no amor e na necessidade daqueles corações que te usufruem a convivência. Ainda que não lhes conheças, de todo, o afeto que te consagram e embora a impossibilidade em que te reconheces para medir quanto vales para cada um deles, é razoável ponderes quantas lesões de ordem mental lhes causarias com a violência praticada contra ti mesmo.
                Se a idéia perniciosa continua a torturar-te, mesmo que te sintas doente, refugia-te no trabalho possível, em que te mostres útil aos que te cercam.
                Visita um hospital, onde consigas avaliar as vantagens de que dispões, em confronto com o grande número de companheiros portadores de moléstias irreversíveis.
                Vai pessoalmente ao encontro de algum instituto beneficente, a que se recolhem irmãos necessitados de apoio total, para os quais alguns momentos de diálogo amigo se transformam em preciosa medicação.
                Lembra-te de alguém que saibas em penúria e busca avistar-te comesse alguém, procurando aliviar-lhe a carga de aflição.
                Comparece espontaneamente aos contatos com amigos reeducandos que se encontrem internados em presídios do seu conhecimento, de maneira a prestares a esse ou aquele algum pequenino favor.
                Não desprezes a leitura de alguma página esclarecedora, capaz de renovar-te os pensamentos.
                Entrega-te ao serviço do bem ao próximo, qualquer que ele seja e faze empenho em esquecer-te, porque a voluntária destruição de tuas possibilidades físicas, não só representa um ato de desconsideração para com as bênçãos que te enriquecem a vida, como também será o teu recolhimento compulsório à intimidade de ti mesmo, no qual, por tempo indefinível, permanecerás no envolvimento de tuas próprias perturbações.


Emmanuel
Do livro “Pronto Socorro” de Francisco C. Xavier.

INFORTÚNIO MATERNO

                Em pleno hospital da Espiritualidade pobre criatura estendeu-nos o olhar suplicante e rogou:
                - Senhor consegue escrever para a Terra?
                - Quando mo permitem – repliquei entre pesaroso e assombrado.
                Quem era aquela mulher que me interpelava desse modo?
                A fisionomia escaveirada exibia recordações da morte. A face inundada de pronto tinha esgares de angústia e as mãos esqueléticas e entrefechadas davam a idéia de garras em forma de conchas.
                Dante não conseguiria trazer do Inferno imagem mais desolada de sofrimento e terror.
                - Escreva, escreva! – repetia chorando.
                - Mas escrever a quem?
                - Às mulheres... – clamou a infeliz.
                - Rogue-lhes não fujam da maternidade nobre e digna... Peço não façam do casamento uma estação de egoísmo e ociosidade...
                Os soluços a lhe rebentarem do peito induziam-nos a doloroso constrangimento.
                E a infeliz contou em lágrimas.
                - Estive na Terra, durante quase meio século...Tomei corpo entre homens, após entender-me com um amigo dileto que seguiu, antes de mim, no rumo da arena carnal, onde me recebeu nos braços de esposo devotado e fiel. Com assentimento dos instrutores, cuja bondade nos obtivera o retorno à escola física, comprometemo-nos a recolher oito filhinhos, oito corações de nosso próprio passado espiritual, que por nossa culpa direta e indireta jaziam nas furnas da crueldade e da indisciplina...Cabia-nos acolhê-los carinhosamente, renovando-lhes o espírito, ao hálito de nosso amor....Suportar-lhe-íamos as falhas remanescentes, corrigindo-as pouco a pouco, ao preço de nossos exemplos de bondade e renúncia...Nós mesmos solicitáramos a prova reparadora... Saberíamos morrer gradativamente no sacrifício pessoal, para que os associados de nossos erros diante da Lei Divina recuperassem a noção da dignidade.
                A triste narradora fez longa pausa que não ousamos interromper e continuou:
                - Entretanto, casando-me com Cláudio, o amigo a que me reportei, fui mãe de um filhinho, cujo nascimento não pude evitar...
                Paulo, o nosso primogênito, era uma pérola tenra em nossas mãos... Despertava em meu ser comoções que o verbo humano não consegue reproduzir...Ainda assim, acovardada perante a luta, por mais me advertisse o esposo abençoado, transmitindo avisos e apelos da Vida Superior, detestei a maternidade, asilando-me no prazer... Cláudio era compelido a gastar largas somas para satisfazer-me nos caprichos da moda... Mas a frivolidade social não era o meu crime... Nas reuniões mundanas mais aparentemente vazias pode a alma aprender muito quando resolve servir ao bem...Cristalizada, contudo, na preguiça, qual flor inútil a viver no luxo dourado, por doze vezes pratiquei o aborto confesso... Surda, aos ditames da consciência que me ordenava o apostolado maternal, expulsei de mim os antigos laços que em outro tempo se acumpliciavam comigo na delinqüência, assassinando as horas de trabalho que Senhor me havia facultado no campo feminino...E, após vinte anos de teimosia delituosa, ante o auxilio constante que me era conferido pelo Amparo Celestial, nosso Benfeitores permitiram, para minha edificação, fosse eu entregue aos resultados de minha própria escolha...Enlaçada magneticamente àqueles que a Divina Bondade me restituiria por filhos ao coração e aos quais recusei guarida em minha ternura, fui obrigada a tolerar-lhes o assalto invisível, de vez que, seis deles, extremamente revoltados contra minha ingratidão, converteram-se em perseguidores de minha felicidade doméstica...Fatigado de minhas exigências, meu esposo refugiou-se no vício, terminando a existência num suicídio espetacular... Meu filho, ainda jovem, sob a pressão dos perseguidores ocultos que formei para a nossa casa, caiu nas sombras da alienação mental, desencarnando em tormento indescritível num desastre da via pública, e eu... Pobre de mim, abordando a madureza, conheci a dolorosa tumoração das próprias entranhas... A veste carnal, como que horrorizada de minha presença, expulsou-me para os domínios da morte, onde me arrastei largo tempo, com todos os meus débitos terrivelmente agravados, sob a flagelação e o achincalhe daqueles a quem podia ter renovado com o bálsamo de meu leite e com a bênção de minha dor...
                A desditosa enferma enxugou as lágrimas com que nos acordava para violenta emoção e terminou:
                - Fale de minha experiência às nossas irmãs casadas e robustas que dispõem de saúde para o doce e santo sacrifício de mãe! Ajude-as a pensar... Que não transformem o matrimônio na estufa de flores inebriantes e improdutivas, cujo perfume envenenado lhes abreviará o passo na direção das trevas...Escreva!... Diga-lhes algo do martírio que espera, no além da morte, quantos quiseram ludibriar a vida e matar as horas.
                A mísera doente, sustentada por braços amigos, foi conduzida a vasta câmara de repouso e, impressionados com tamanho infortúnio, tentamos cumprir-lhe o desejo e transmitir-lhe a palavra; contudo, apesar do respeito que consagramos à mulher de nosso tempo, cremos que o nosso êxito seria mais seguro se caminhássemos para um cemitério e assoprássemos a mensagem para dentro de cada túmulo.


Irmão X
Do livro Contos e Apólogos, de Francisco C. Xavier. Ed. FEB

MEDIUNIDADE NOS JOVENS

                Em algumas ocasiões, presenciamos o interesse de jovens em busca de orientação para seus casos de mediunidade precoce.
                Muitos freqüentavam trabalhos mediúnicos, com o objetivo de sanarem suas dificuldades psíquicas, dizendo-se orientados por dirigentes espíritas e guias espirituais. Mas os problemas continuavam!
                Procuravam, então, ali, com o porta-voz da Espiritualidade, uma solução para suas inquietações.
                Atendendo, certa feita, um deles, que dizia participar de práticas mediúnicas, indagou-lhe o jovem o que ele achava, ao que paternalmente o Chico deu a seguinte orientação:
                - É muito cedo para isso!
                “Primeiramente, os jovens deverão preocupar-se com a vida, preparar-se nos estudos, na formação profissional, pois ainda não se definiram...”.
                “Observemos uma pista de aeroporto. Para receber grandes naves, necessita primeiro ser bem pavimentada, requerendo, para isso, cuidados e serviços especiais aplicados com bastante conhecimento. Se não for assim, como é que as aeronaves pousarão? Do contrário, o aeroporto não poderá ser bem utilizado!”.
                “Quando surgirem indícios de mediunidade, penso que não devem participar imediatamente de trabalhos práticos, no exercício mediúnico, pois lhes será difícil continuar nesses grupos”.
                “Que freqüentem reuniões públicas de evangelização e passes, círculos de estudos, tarefas assistenciais, procurando ali, dentro de suas possibilidades, o reequilíbrio”.
                Ao ouvir tudo aquilo, lembramo-nos de vários casos em que jovem mal orientados foram parar em sanatórios. Achamos mesmo que os dirigentes espíritas, em tais ocasiões, deverão dedicar-se, com zelo e carinho, à correta orientação de nossos jovens.

Do livro “Encontros com Chico Xavier” de Cezar Carneiro de Souza

REGRAS DE FELICIDADE

                Lembre-se de que os outros são pessoas que você pode auxiliar, ainda hoje, e das quais talvez amanhã mesmo você precisará.
                Todo solo responde não somente conforme a plantação, mas também segundo os cuidados que receba.
                Aqueles que renteiam conosco nas mesmas trilhas evolutivas assemelham-se a nós, carregando qualidades adquiridas e deficiências que estão buscando liquidar e esquecer.
                Reflita nos arranhões mentais que você experimenta quando alguém se reporta irrefletidamente aos seus problemas e aprenda a respeitar os problemas alheios.
                Pensemos no bem e falemos no bem, destacando o lado bom de acontecimentos, pessoas e cousas.
                Toda vez que agimos contra o bem, criamos oportunidades para a influência do mal.
                Mostremos o melhor sorriso – o sorriso que nos nasça do coração – sempre que entrarmos em contato com os outros.
                Ninguém estima transitar sobre tapetes de espinhos.
                Evitemos discussões.
                Diálogo, na essência, é intercâmbio.
                Se você tem algo de bom a realizar, não se atrase nisso.
                Hoje é o tempo de fazer o melhor.
                Estime a tarefa dos outros, prestigiando-a com o seu entusiasmo e louvor na construção do bem.
                Criar alegria e segurança nos outros é aumentar o nosso rendimento de paz e felicidade.
                Não contrarie os pontos de vista dos seus interlocutores.
                Podemos ter luz em casa sem apagar a lâmpada dos vizinhos.
                Você é uma instituição com objetivos próprios, dentro da Vida, a Grande Instituição de Deus.
                Os amigos são seus clientes e se você procura ajudá-los, eles igualmente ajudarão a você.
                Se você sofreu derrotas e contratempos, apenas se deterá nisso se quiser a Divina Providência jamais nos cerra as portas do trabalho e, se passamos ontem por fracassos e dificuldades em nossas realizações, o Sol a cada novo dia nos convida a recomeçar.


André Luiz
Do Livro na “Na Era do Espírito” de Francisco C. Xavier

 

 

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ANO II - Nº 22 – Campo Grande – MS – Novembro de 2007
EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
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