OBJETIVO DO HOMEM NA TERRA
Há muito anos o Homem, para realizar suas tarefas, contava com o trabalho escravo e mais tarde usava os animais conjuntamente para realizá-las. Tal sistema consumiu séculos de trabalho, mas não realizava o próprio Homem, que desconsiderava, até então, o que Deus lhe havia dado para diferenciá-lo dos animais, a inteligência.
Com o despertar dessa consciência, ele imaginou e construiu máquinas, ainda rudimentares, mas que faziam o trabalho de inúmeros homens percebendo que tinha uma missão muito maior do que se servir da força bruta para o seu labor e construiu equipamentos mais ágeis, mais robustos e mais precisos, com o planejamento tomando a frente dos trabalhos.
O glorioso Allan Kardec perguntou aos Espíritos benevolentes qual seria o objetivo das reencarnações para o Espírito, e os benfeitores responderam-lhe: “Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação.
Também compõe o objetivo a parte que lhe cabe para suportar a obra da Criação, tomando o Espírito, em cada mundo, um instrumento em harmonia com a matéria desse mundo a fim de cumprir as ordens de Deus, e é assim, concorrendo para a ordem geral que ele se adianta e se aperfeiçoa.
A marcha do Universo necessita da ação dos seres corpóreos e Deus usa esse trabalho do Espírito para que ele progrida e se aproxime Dele, cumprindo Sua admirável lei da Providência, onde tudo se encadeia e é solidário na Natureza.
Explicam ainda os sublimes Espíritos que ditaram a glamorosa Doutrina, que todos os Espíritos, mesmo os que sempre seguiram o caminho do bem, têm necessidade das reencarnações, pois “todos são criados simples e ignorantes e se instruem nas lutas e tribulações da vida corporal. Deus, que é justo, não podia fazer felizes a uns, sem fadigas e trabalhos, conseguintemente sem mérito.”
Crispim.
Referências bibliográficas:
- Revista Espírita 1864. Allan Kardec.
- O Livro dos Espíritos. Allan Kardec.
TESOUROS DOS DIAS
Quando estiver sem algo em mente para realizar, visite os enfermos nos hospitais, ou dirija-se a periferia da cidade onde haja maior concentração de pessoas carentes de bens materiais e de afeto. Aplique o seu tempo precioso em levar-lhe um pequeno óbolo ou reconforto aos seus corações, porque fazer o bem é o tempo mais bem empregado, além de que nesses dias pode abrir novos horizontes para um futuro cada vez melhor.
Se porventura estiver o seu coração vazio de sentimentos deve se preocupar, talvez seja porque não tem as mãos ocupadas em alguma obrigação nobre. Pode estar de repente à beira de uma crise de depressão, por isso não se permita um momento sequer sem a mente fixa em alguma atividade, mesmo que seja plantar uma pequena flor no jardim, ou alimentar um animal de estimação.
Como espírita não se permita momentos ociosos, eles fazem um mal enorme ao seu coração, talvez, por isso Deus fez do trabalho uma lei, porque o trabalho é sempre um incentivo para avançar na senda do progresso.
Muitos alegam esta ou aquela pressão do mundo. É natural e justo que cada um aspire uma vida melhor, de conforto, de paz interior, mas é justo também que atenda a condição de alguns necessitados de orientação e de afeto, de maneira que viver bem e amar ao próximo se confundam.
É compreensível que aquele que não trabalha como poderá sobreviver no mundo, pois que dependerá de mãos alheias para suprir o pão de cada dia. Por certo que a lei do Pai é que amasse o pão com suor do seu rosto, por certo que cada um deve desejar a independência e caminhar com os seus próprios meios.
No campo do espírito é a mesma coisa, dependerá do esforço do interessado, por isso tenha um programa de trabalho para cada dia. Não desperdice a oportunidade alguma para manter-se na senda do bem, pois se o perder pode não o encontrar mais. Por certo que volte os dias, mas os minutos serão outros, por isso estabeleça uma meta de trabalho no bem, a fim de que aproveite bem a experiência neste plano.
O contingente de arrependidos é enorme, especialmente daqueles que passaram pela vida, mas não foram capazes de abrir uma porta sequer para um dos mais necessitados que encontrassem ao longo do caminho. Como também nunca cogitaram de fazer coisa alguma ou dar uma pequena contribuição em memória daqueles que mais o amaram e jamais receberam um gesto de gratidão pelo muito que por você fizeram.
Pode-se dizer que talvez demore muito tempo até que compreenda a importância de viver no mundo e somente quando despertar compreenderá aquele que mais contribuiu para um mundo melhor, foi quem mais serviu e serve - e se chama Jesus.
Também é notório que homens e mulheres deram tudo de si e foram os mais afortunados, a sua alegria só será comparável aquele que descobriu um grande tesouro que lhe dará alegria para sempre. Talvez seja aquele que se despede do mundo sem qualquer apego aos valores que desfrutou, mas sempre pensara no bem do próximo.
Aquele que tem mais amor no coração, esse guardará o maior tesouro depois desta vida, por isso não perca mais tempo, mas serve com grande alegria.
Por fim, viva bem e seja feliz, desde esta vida, amor em tudo. Somente assim terá as vantagens de construir o reino de Deus em seu coração. Áulus.
Não Espere Demais
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
SERVIR É UM ATO DE AMOR
É sempre gratificante estender a mão aquele que está passando um trecho difícil da caminhada. Emmanuel sugere que “ajude e passe”. Talvez para que não fique na expectativa de retorno do beneficio que espalhe, nem que se disponha a carregar a cruz do próximo.
Mas siga em frente, claro que promovendo o bem por aonde passe, assim como a fonte benfazeja, vai socorrendo a terra árida para que ela se torne produtiva, embora produzir seja uma atribuição dela.
Depois esta fonte se precipita no despenhadeiro para dinamizar as energias ambientais, sacia a sede do homem e de todos os seres, depois continua o seu percurso, um dia transforma em queda de água que alimenta a represa e gera energia.
Enfim, assim faça como a fonte obscura, sirva por onde passe não se detenha no caminho. Mais ainda se transforme num servidor da grande causa do bem ao próximo e ali há vida em abundância e continuará servindo pela alegria de servir, como se fosse o mais nobre compromisso que cumpre neste mundo abençoado.
No entanto, observando muitos fatos da natureza compreenderá que ser útil no mundo ainda é para poucos, embora muitos companheiros não compreenderam a importância de servir na vida.
A própria fonte oferece essa lição para que aprenda também a servir com alegria, onde o amor e a caridade sejam sempre as mais nobres realizações.
Até aquele Espírito Iluminado que veio ao mundo ofereceu à Humanidade a opção de vida mais grandiosa e declarou: “não vim para ser servido, mas para servir”. Assim que indica e convida todos àqueles que estão dispostos a servir para que empunhe a bandeira da caridade, sirvam com abundância de propósitos, porque será sempre a mais nobre obrigação aqui neste mundo.
Em tudo reveja essa decisão de servir, os animais socorrem o homem, oferecendo tudo de si para o bem do homem, inclusive a vida.
No reino vegetal também as plantas servem estão na composição do berço humilde como no túmulo obscuro, oferece alimento, remédio, abrigo, tudo para que sobreviva, enfim tudo na natureza recebera do alto essa obrigação gloriosa de servir.
No entanto, em toda a parte o homem sente essa grande dificuldade em servir, inventa mil desculpas para não assumir esse nobre compromisso, não sabendo que perde o melhor da vida
Mas aquele que compreendeu esse nobre dever sabe com certeza que sua maior alegria será servir. Porque encontra sempre uma maneira de ser útil onde que se encontre e estende a mão aquele que sofre mais.
Está feliz pelo bem que espalha e constitui uma fonte permanente de ventura, quando ainda está consciente do bem que faz aos outros, porque sabe compreender a oportunidade que tem de ser útil ao próximo. Sabe que a sua vez e aproveita-a bem, porque já é capaz de compreender que a vida é uma permanente solidariedade.
Assim faça também o mesmo e trabalhe, estude e ame que a vida será maravilhosa. Áulus.
Luzes da Ribalta
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes
PERISPÍRITO E PRINCÍPIO VITAL
Como após a morte do corpo físico os Espíritos vivem invisíveis entre nós, porque se encontram em outra dimensão da matéria, é natural que queiram se comunicar com os encarnados. Mas como é feita esta comunicação?
A resposta a esta pergunta encontra-se na compreensão do perispírito, sua natureza, funções e propriedades. Allan Kardec afirma:
Numerosas observações e fatos irrecusáveis [...] levaram-nos à conclusão de que há no homem [encarnado] três componentes: 1º, a alma, ou Espírito, princípio inteligente no qual reside o senso moral; 2º, o corpo, envoltório material e grosseiro que reveste temporariamente a alma para o cumprimento de certos desígnios providenciais; 3º, o perispírito, envoltório fluídico, semimaterial, que serve de ligação entre a alma e o corpo.61
Em O livro dos espíritos consta que a natureza vaporosa (semimaterial) do perispírito permite ao Espírito “[...] poder [de] elevar-se na atmosfera e transportar-se aonde queira.”62 Mas, sendo o perispírito o elo de ligação entre o Espírito e o corpo material, “[...] ele é tirado do meio ambiente, do fluido universal. [...] Poder-se-ia dizer que é a quintessência da matéria. É o princípio da vida orgânica, mas não o da vida intelectual, pois esta reside no Espírito. É, além disso, o agente das sensações exteriores. [...]63
O perispírito reflete o grau de evolução, moral e intelectual, de cada indivíduo, ainda que, em sua constituição, os elementos básicos sejam retirados do mundo onde o Espírito vive, encarnado ou desencarnado. “Resulta disso este fato capital: a constituição íntima do perispírito não é idêntica em todos os Espíritos encarnados ou desencarnados que povoam a Terra ou o espaço que a circunda [...] 64 (grifo no original).
O mesmo já não se dá com o corpo carnal, que [...] se forma dos mesmos elementos, qualquer que seja a superioridade ou a inferioridade do Espírito.
Por isso, em todos, o corpo produz os mesmos efeitos, as necessidades são semelhantes, ao passo que diferem em tudo o que respeita ao perispírito.
Também resulta que: o envoltório perispirítico de um Espírito se modifica com o progresso moral que este realiza em cada encarnação, embora ele encarne no mesmo meio; que os Espíritos superiores, encarnando excepcionalmente, em missão, num mundo inferior, têm perispírito menos grosseiro do que os naturais desse mundo65 (grifo no original).
O perispírito acompanha, pois, a evolução do Espírito, “[...] cuja natureza se eteriza à medida que ele se depura e se eleva na hierarquia espiritual. [...]”66
O perispírito é parte integrante do Espírito, assim como o corpo físico é inerente ao homem encarnado: “[...] Mas o perispírito, considerado isoladamente, não é o Espírito, da mesma forma que, sozinho, o corpo não constitui o homem, já que o perispírito não pensa. [...]” 67 O perispírito e o corpo físico são, na verdade, agentes e instrumentos da vontade ou da ação do Espírito, o ser intelectual e moral.
Esse segundo envoltório da alma, ou perispírito, existe, pois, durante a vida corpórea; é o intermediário de todas as sensações que o Espírito percebe e pelo qual transmite sua vontade ao exterior e atua sobre os órgãos do corpo.
Para nos servirmos de uma comparação material, diremos que é o fio elétrico condutor, que serve para a recepção e a transmissão do pensamento [...].68
O perispírito adquire a forma da organização biológica do ser. No Espírito, a “forma do perispírito é a forma humana e, quando nos aparece, geralmente é com a que revestia o Espírito na condição de encarnado. [...]”69 E, mais, acrescenta Kardec:
[...] Com pequenas diferenças quanto às particularidades, a forma humana se nos depara entre os habitantes de todos os globos, à exceção das modificações orgânicas exigidas pelo meio no qual o ser é chamado a viver. [...] Essa é também a forma de todos os Espíritos não encarnados, que só têm o perispírito; a forma com que, em todos os tempos, se representaram os anjos, ou Espíritos puros. Devemos concluir de tudo isso que a forma humana é a forma típica de todos os seres humanos, seja qual for o grau de evolução a que pertençam.70
Referência:
61 KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. Segunda parte, cap. I, it. 54, p. 62-63, 2013.
62 Id. O livro dos espíritos. Q. 93, p. 87, 2013.
63 Id. Ibid. Q. 257, p. 159.
64 Id. A gênese. Cap. XIV, it.10, p. 238, 2013.
65 KARDEC, Allan. A Gênese. p. 238–239.
66 Id. O livro dos médiuns. Segunda parte, cap. I, it. 55, p. 63, 2013.
67 Id. Ibid. Segunda parte., cap. I, it. 55, p. 64, 2013.
68 Id. Ibid., it. 54, p. 63.
69 Id. Ibid., it. 56, p. 64.
70 Id. Ibid., it. 56, p. 64.
Livro Mediunidade Estudo e Prática
FEB
PSICOGRAFIA
OBEDIÊNCIA E RETIDÃO
Obedecer as Leis de Deus é andar com alegria estampada no rosto.
É andar com o sorriso de felicidade.
É andar livre, confiante que Ele está sorrindo e concordando com o nosso gesto.
É ter a convicção que o vento amigo nos ajuda na subida difícil e na corrida que às vezes carecemos dar acelerando mais o passo para cumprir com dignidade o nosso programa traçado.
É ter simplicidade como aliada e ela nos faz aceitos e respeitados por todos, mesmo que às vezes não nos damos conta do fato.
É ter alma de criança mesmo sendo adultos por fora, porque a criança simboliza a pureza que precisamos adquirir na luta do dia a dia.
É ter Deus e com Ele falar sem emitir sons, é ouvi-Lo com a Alma feliz e robusta.
É aceitar com coragem, resignação e abençoar mesmo todos os reveses que passamos, porque todos estão contribuindo para o nosso amadurecimento.
Vivam com harmonia e para tanto é necessário estar acordes com a Lei.
Felizes serão cumprindo-as, respeitando-as.
Sairemos deste palco atual bem melhor, mais amadurecidos e com o Cristo bem consolidado em nossos corações.
Simplicidade é harmonia, é paz e alegria, é conquista das mais fantásticas.
Pensamento reto, atitudes cristãs conquistando a simpatia dos elevados Espíritos que endossaram nossa atual jornada.
Como é bom obedecer! Reto e nobres sempre devemos ser.
Muita Paz.
Cesfa
Campo Grande/MS.
Espiritismo para Crianças
Marcela Prada
Tema: Esforço e conquistas
A RIFA DA BICICLETA
Vinícius chegou da escola chateado.
– O que aconteceu, querido? Por que você está assim? quis saber sua mãe.
– Não fui eu que ganhei a rifa da escola, mamãe. E eu queria muito ganhar aquela bicicleta.
– Que pena, filho! Seria legal se você ganhasse, mas era difícil, foram vendidos muitos bilhetes! De qualquer forma, você vai conseguir sua bicicleta. Já tem quase a metade do valor, não tem?
Vinícius estava economizando dinheiro. Nos finais de semana ele ajudava o seu Antônio, que era seu vizinho, a lavar o carro e cuidar do jardim. Seu Antônio gostava de fazer essas tarefas, mas já estava idoso, por isso a ajuda de Vinícius era bem-vinda. E o dinheiro que ele pagava ao garoto, também.
– Acho que tenho, sim – respondeu Vinícius. – Mas se eu ganhasse a rifa, não teria que esperar mais. Além disso, poderia parar de ajudar o seu Antônio. Gasto muito tempo do meu fim de semana trabalhando com ele.
– Isso foi muito injusto – continuou ele – eu rezei tanto pra ganhar... pedi pro meu anjo da guarda ir lá, fazer sortearem o meu número... Eu queria essa bicicleta mais que qualquer um. Não acredito que não ganhei!
– Calma, filho, não fique assim. Você vai ter sua bicicleta no momento certo. Você está trabalhando e fazendo a sua parte, mas só Deus sabe qual é o melhor momento. Trabalhar e comprar o que você deseja também será muito bom. E além dessa satisfação, você vai conseguir também uma boa dose de paciência, disciplina, determinação, experiência nas atividades que você vem fazendo, amizade com o seu Antônio, simpatia dos outros vizinhos que sabem que você é um menino disposto e trabalhador... um monte de coisas boas. Deus sabe do seu desejo, mas talvez tenha feito você não ganhar a rifa, para não perder as oportunidades boas que você está tendo – concluiu a mãe do menino.
Vinícius ouviu o que sua mãe falou, mas, mesmo assim, ainda se sentia frustrado. Ele não se interessava por adquirir outras coisas, o que ele queria mesmo era a bicicleta. Por isso, achou melhor interromper a conversa e ir para o seu quarto.
As semanas se passaram e Vinícius continuou trabalhando e guardando seu dinheiro até que num belo dia ele conseguiu comprar a sua tão sonhada bicicleta. Ele escolheu uma vermelha, com marchas, do jeito que ele gostava. Quando ele andou nela pela primeira vez, foi a maior alegria. A realização que ele sentiu foi imensa.
Todos o cumprimentaram por ter conseguido realizar seu sonho. E quando perguntaram se ele iria parar de trabalhar com o seu Antônio, Vinícius respondeu:
– De jeito nenhum! Agora eu já me acostumei, faço tudo rapidinho, além disso, eu gosto! Dou muita risada com o seu Antônio, quando ele me conta as histórias e as piadas dele.
Vinícius continuou trabalhando, fazendo sonhos, juntando seu dinheiro, conquistando outras coisas que ele também queria, adquirindo virtudes e vivendo muitas alegrias.
Quando ele não ganhou a rifa, não podia imaginar que pouco tempo depois Deus lhe proporcionaria bem mais que uma bicicleta.
Material de apoio para evangelizadores:
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marcelapradacontato@gmail.com
O Consolador
Revista Divulgação Espírita
2024
ORAÇÃO, FÉ E SILÊNCIO
Bruno Abreu
Quando surge a dúvida sobre a oração, o Mestre da Vida, Jesus, dá-nos como principal indicação o silêncio.
No primeiro conselho, diz-nos para nos recolhermos aos nossos aposentos e mantermo-nos em silêncio, que nosso Pai em silêncio escutará.
No segundo, diz-nos para não proferirmos muitas palavras, ou seja, remete-nos novamente para o silêncio mental, pois Deus já sabe o que precisamos.
Para nós, a ideia do silêncio é tão difícil e absurda, porque não nos parece nada que em algumas traduções da Bíblia o tenham trocado por secreto, como se estar mentalmente com Deus não fosse o secreto o suficiente, e ainda temos que nos trancar no quarto.
Qual o silêncio que o Mestre nos tenta indicar que nos aproxima de Deus?
O nosso pensamento surge com base em nosso conhecimento, nunca fora deste. Ninguém consegue pensar sobre o que não sabe, tente pensar numa linguagem que não conhece, dirá que é impossível.
Para além disso, o pensamento e a nossa personalidade, que gera novos pensamentos, constroem-se com base em nossos impulsos e desejos. Se nós nos apaixonarmos, queremos muito estar com aquela pessoa e nossa mente roda à volta disso.
O pensamento é desgastante e intenso. Diz a psicologia que temos entre 45.000 a 60.000 pensamentos por dia, quando só temos 1.440 minutos no mesmo período de tempo.
Podemos constatar essa intensidade quando estamos com algum problema, a cabeça fica cansada com a força com que acontecem aqueles pensamentos à volta disso. Quando o pensamento “adoece” ou se dedica ao que é agonizante, chamamos de depressão; se se dedica a gostos maldosos, apelidamos de doença psíquica, mas todos estes problemas demonstram a incapacidade de controle que temos sobre o nosso próprio pensamento, permitindo este guiar-nos.
Jesus disse-nos “vós sois escravos” e aconselhou-nos a “vigiar”, pois não sabemos o que vem do que consideramos nosso, o pensamento.
Se no pensamento nasce tudo, em especial o que é negativo, pois vivemos uma época planetária onde o mal é maior que o bem, no silêncio nascem a paz, harmonia, a humildade e o amor.
Se alguém me faz mal e eu permito que o impulso da resposta nasça, serei agressivo para essa pessoa, correndo o risco de ganhar mágoa e ódio.
Se me mantenho firme em meu silêncio, perceberei que foi um impulso mental daquela pessoa, por qualquer motivo não o conseguiu travar. Sentirei compaixão pela sua ignorância, pois daqueles atos aumentará a sua infelicidade, e não guardarei nada dentro de mim, pois nenhuma ideia acontece no silêncio.
O silêncio não é um silêncio forçado pela mente, mas um silêncio de desapego do mundo material, onde nada queremos a não ser paz e amor.
Quando estamos com um problema e temos a coragem de o entregar nas mãos de Deus, não podemos pensar mais neste, pois pensar nele é mantê-lo vivo em nós e a entrega a Deus é contrária a este movimento. Entregar nas mãos de Deus é ter Fé, é este silêncio, pois confiamos plenamente em Deus, tendo consciência da sua Omnipotência.
Se sentimos ódio por alguém, o perdão é este silêncio, que vem calar aquela voz que se levanta quando nos lembramos do que aconteceu ou quando vemos a pessoa e aquele mau sentimento renasce. Ao desapegarmo-nos e abandonarmos aquele ódio acontece o silêncio sobre aquele assunto, a paz.
Por isso o silêncio ser a vibração que nos aproxima de Deus. Este silêncio é construído pelo Jejum dos vícios físicos, pois nascem insistentemente em nossa mente antes da prática, e dos vícios morais, como o orgulho, o egoísmo, a avareza, a maledicência e todos os outros.
Tente-se lembrar de um vício que não nasça no pensamento. Como acontece o ódio? Ou o orgulho? Ou o egoísmo? Ou desejo pelo álcool? Qualquer um.
A cura a estes vícios inicia através da vigia, para que nos possamos aperceber deles, termos consciência destes. Depois, o início da oração, pedido de força a Deus, a “força e coragem” que é o terceiro conselho de Jesus à oração. A seguir, colocarmos o problema nas mãos de Deus, Fé, resignação ou indulgência, três termos que representam o ato do silêncio, consoante a situação.
Jesus dá-nos o exemplo, em Mateus 26:36, quando sentiu grande angústia pelo que se aproximava e pediu a Deus que afastasse aquele cálice que aparecia em seu puro ser. Depositou o problema nas mãos de Deus, rogando que fosse feita a Sua vontade e não a dele, ficando uma hora em silêncio. Quando voltou encontrou Pedro a dormir e relembrou-lhe que o hábito da vigia era importantíssimo para que permanecessem fora da tentação, pois esta aparece em nós, sobre a mente, pois a carne é fraca, mas no silêncio nos encostamos ao espírito, que está pronto.
A humanidade não tem o hábito do silêncio, pois não lhe parece nada pôr o olhar com os olhos do pensamento ou raciocínio. Como é respondido em O Livro dos Espíritos acerca da pergunta “O que é o Espírito?” A Espiritualidade Superior disse que para nós nada é, mas este é alguma coisa. No silêncio existe um vazio e esse vazio é existir em paz, mas quando raciocinamos sobre este, não nos parece nada, o que torna tão difícil o alcance da paz na humanidade por ignorância deste.
Damos um enorme valor ao funcionamento do pensamento, o pai de toda a maldade humana, pelo seu funcionamento descontrolado.
Faz parte da enorme ilusão que vivemos e teremos de a ultrapassar para crescermos como seres. Sei que pode parecer estranha esta afirmação, mas como pensa que iremos deixar para trás esta forma de funcionamento autodestrutiva que a humanidade continua inserida?
O cultuar do silêncio nos levará a uma forma de estar onde colocaremos o pensamento como nossa ferramenta, e este só aparecerá quando nos for necessário.
O mais engraçado é que há muita gente que acredita que isto já acontece, que o pensamento só aparece quando quer. Esta é a maior das ilusões na humanidade, a que nos faz cair nas doenças psíquicas sem forma de sairmos delas, pois acreditamos que o pensamento é um instrumento nosso, logo somos conduzidos por este, quando o deveríamos usar apenas quando fosse útil.
Experimente estar atento à sua mente, vigie como Jesus aconselhou e tire as suas conclusões.
O autor reside em Lisboa, Portugal.
Consolador
2023
MOMENTOS ESPECIAIS DA HUMANIDADE
Divaldo Franco
Professor, médium e conferencista
Vivemos um dos grandiosos momentos da evolução da sociedade.
Dantes jamais experienciamos glórias da cultura e da tecnologia em que a Ciência alcançou níveis de conforto e desenvolvimento quais os que hoje nos proporcionam prazer e ventura.
Sonhos que se demoravam na imaginação tornaram-se realidade no dia a dia.
Conquistas extraordinárias no macro como no microcosmo estão ao alcance do ser humano, graças aos esforços de incomparáveis e audaciosos investigadores, que transformam imagens mentais e pensamentos extraordinários em fatos deslumbrantes.
Máquinas de complexidade incomum ajudam a solucionar os quesitos desafiadores do planeta e da existência humana, e ao ser atingido este patamar, outros quase absurdos começam a tomar lugar na imaginação.
Por outro lado, problemas de natureza moral e espiritual tomam conta da sociedade, apresentando um espetáculo hediondo de paixões e loucuras jamais visto ou imaginado, tornando infelizes as criaturas humanas.
As aberrações do comportamento são mais audaciosas, transformando a sociedade em um gigante desnorteado com muito poder e sem qualquer interesse em recuar no avanço da desagregação.
Espetáculos vergonhosos tornam-se comuns e repetidos de tal forma que já não despertam surpresas nem se submetem à timidez e à vida no incêndio alucinado dos acontecimentos degradantes.
Os valores éticos e morais quase desapareceram, enquanto aumentam os desequilíbrios emocionais e morais, que impedem discernir-se o correto daquilo que é patológico.
Aberrações passam à postura de normalidade, enquanto vícios e dependências sórdidas assumem o comando dos procedimentos habituais.
O caos nos relacionamentos humanos encontra-se estabelecido e os sentimentos brutalizados afetam a afetividade, que se vai transformando em técnica de conseguir-se poder e riqueza.
A paisagem humana examinada em profundidade assusta. As pessoas temem umas às outras e preferem viver enfrentamentos contínuos à bênção da solidariedade fraternal.
As entidades de ajuda ao próximo encerram seus programas e algumas outras que tentam sobreviver sofrem os efeitos do caráter dos seus membros, na desonestidade e nos descaminhos morais.
Nunca o Evangelho fez tanta falta como nestes dias.
Muitas religiões e pouca religiosidade. Grande ostentação de fé e quase nenhuma ação de amor ao próximo.
Neste momento, como ocorreu em outros na História, uma suave brisa de compaixão, amor e paz perpassa, rociando os Espíritos aturdidos e necessitados, trazendo a certeza da imoralidade da alma, a alegria da chegada de um mundo melhor e de criaturas humanas mais afáveis e misericordiosas.
Ao Espiritismo cabe essa missão, porque os Espíritos sopram onde querem.
Artigo originalmente publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, 18 de julho de 2024.
Editorial
FEB
MEDIUNIDADE DOS SANTOS
por Regina Stella Spagnuolo
De: Clovis Tavares
Editora: FEB/IDE
MEDIUNIDADE DOS SANTOS presta reverência aos heróis da fé, que, no sofrimento, no isolamento, na perseguição, na calúnia e na incompreensão, inclusive de seus pares, foram os protagonistas do fato mediúnico. Aborda a trajetória dos santos católicos, como mediadores da bondade divina, através da mesma fenomenologia que foi, no século XIX, esclarecida por Allan Kardec. Como diz o Espírito Emmanuel, que prefaciou o texto antecipadamente: Da luz da manjedoura às visões do Apocalipse, todo o Novo Testamento é um livro de mediunidade, emoldurando a grandeza do Cristo. E foi o exemplo do Mestre divino que os vultos católicos seguiram em busca de sua reforma íntima, pois o Evangelho é um livro de mediunidade por excelência.
A Federação Espírita Brasileira – FEB, em profícua parceria com o IDE, revisitou o riquíssimo texto, que traz vasto conjunto de dados referidos em diversas obras, muitas das quais já esgotadas.
O Consolador 2018
NA CRUZ
“Ele salvou a muitos e a si mesmo não pôde salvarse.” (Mateus, 27:42)
Sim, ele redimira a muitos...
Estendera o amor e a verdade, a paz e a luz, levantara enfermos e ressuscitara mortos.
Entretanto, para ele mesmo erguia-se a cruz entre ladrões.
Em verdade, para quem se exaltara tanto, para quem atingira o pináculo, sugerindo indiretamente a própria condição de Redentor e Rei, a queda era enorme...
Era o Príncipe da Paz e achava-se vencido pela guerra dos interesses inferiores.
Era o Salvador e não se salvava.
Era o Justo e padecia a suprema injustiça.
Jazia o Senhor flagelado e vencido.
Para o consenso humano era a extrema perda.
Caíra, todavia, na cruz.
Sangrando, mas de pé.
Supliciado, mas de braços abertos.
Relegado ao sofrimento, mas suspenso da Terra.
Rodeado de ódio e sarcasmo, mas de coração içado ao Amor.
Tombara, vilipendiado e esquecido, mas, no outro dia, transformava a própria dor em glória divina. Pendera-lhe a fronte, em pastada de sangue, no madeiro, e ressurgia, à luz do sol, ao hálito de um jardim.
Convertia-se a derrota escura em vitória resplandecente. Cobria-se o lenho afrontoso de claridades celestiais para a Terra inteira.
Assim também ocorre no círculo de nossas vidas.
Não tropeces no fácil triunfo ou na auréola barata dos crucificadores.
Toda vez que as circunstâncias te compelirem a modificar o roteiro da própria vida, prefere o sacrifício de ti mesmo, transformando a tua dor em auxílio para muitos, porque todos aqueles que recebem a cruz, em favor dos semelhantes, descobrem o trilho da eterna ressurreição.
Fonte Viva
Francisco Cândido Xavier
Ditado pelo Espírito Emmanuel
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