"Luzes do Amanhecer"

Fundado em 16/07/1996 publicado 02/02/2006
JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA - ANO XIX - N. 226 * Campo Grande/MS * Novembro de 2024.
EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
Rua Colorado n o 488, Bairro Jardim Canadá, CEP 79112-480, Campo Grande-MS.

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            Constroem-se muitas cidades e pontes para o reconforto dos outros, mas com amor construirá uma escada luminosa voltada para os céus.

 

                                   

O PASSAMENTO

 

            Quando alguém que estava em sofrimento morre, costumamos dizer que passou desta para melhor, desejando sinceramente que tal pessoa parasse com o sofrimento que a atormentara por muito tempo. Sabemos que todos nós morreremos um dia, que Deus sabe quando, mas muitas pessoas, sem temer a morte, temem o momento dessa transição.             Seria dolorosa, assustadora?
            Esse temor é uma preocupação justa, pois vemos moribundos em convulsões violentas e outros apresentando sensações bem melhores e o glorioso codificador do Espiritismo Allan Kardec pergunta quem poderá nos esclarecer a esse respeito e afirma que é mesmo o Espiritismo que pode nos explicar o fenômeno da separação entre a alma e o corpo. O conhecimento do laço fluídico que une a alma ao corpo é a chave desse e de muitos outros fenômenos.
            Como a matéria é insensível, apenas a alma sente as sensações de dor e de prazer. Durante a vida, qualquer alteração material repercute na alma, que sofre e não o corpo, que é o instrumento da dor que a alma sente. Depois da morte, com a alma separada do corpo, qualquer mutilação da matéria não será transmitida à alma. O laço fluídico, chamado perispírito, é o envoltório da alma, e não se separa dela, mesmo com a morte do corpo e também transmite ao corpo as sensações da alma.
            Kardec cita quatro casos que apresentam situações extremas com infinitas variantes:
            1° - Se no momento em que se extingue a vida orgânica o desprendimento do perispírito fosse completo, a alma nada sentiria absolutamente.
            2° - Se nesse momento a coesão dos dois elementos estiver no auge de sua força, produz-se uma espécie de ruptura que reage dolorosamente sobre a alma.
            3° - Se a coesão for fraca, a separação torna-se fácil e opera-se sem abalo.
            4° - Se após a cessação completa da vida orgânica existirem ainda numerosos pontos de contacto entre o corpo e o perispírito, a alma poderá ressentir-se dos efeitos da decomposição do corpo, até que o laço inteiramente se desfaça.
            O sofrimento então resulta da força que une o corpo ao perispírito e tudo que possa diminuir essa força e acelerar o desprendimento, torna a passagem menos penosa e se o desprendimento for facilitado, a alma não experimentará nenhum sentimento desagradável.
            Ocorre ainda nessa transição da vida corporal para a espiritual o fenômeno da perturbação em que a alma passa por um torpor que paralisa momentaneamente as suas faculdades, que faz com que ela quase nunca testemunha com consciência o último suspiro.
            Essa perturbação varia muito de Espírito a Espírito e poderá ser de algumas horas a alguns anos. O estado do Espírito por ocasião da morte pode ser assim resumido: Tanto maior é o sofrimento, quanto mais lento for o desprendimento do perispírito; a presteza deste desprendimento está na razão direta do adiantamento moral do Espírito; para o Espírito desmaterializado, de consciência pura, a morte é qual um sono breve, isento de agonia, e cujo despertar é suavíssimo.

 

Referência Bibliográfica:
            O Céu e o Inferno ou A Justiça Divina Segundo o Espiritismo, Allan Kardec.

 

Crispim
2024

 

 

ORIENTAÇÃO CORRETA

 

            Quantos sofrem sobre a Terra sem encontrar um lenitivo para as suas dores? Mas a maioria também não busca os recursos para debelar o mal de que sofrem, porque não tiveram no lar uma orientação segura e noções mais claras sobre a vida por parte de seus pais. Aprendem cedo a reclamar dos outros, do mundo, de Deus, mas se alguém oferece um remédio, alegam que é amargo demais porque os pais os acostumaram somente com facilidades.
Naturalmente que para uma grande dor o remédio deve ser mais forte e potente para atingir cura tão esperada. Também de outras vezes deve ser removido através de cirurgia o mal que atingiu o seu organismo, porém tudo dependerá da boa vontade do interessado.
            Na vida espiritual é a mesma coisa, pois que assim como quem não tem uma disciplina para o seu corpo, não tem para a sua mente, logo os problemas surgem como uma maneira de alertá-lo que algo não está bem. Quando a dor se apresenta no corpo físico indica que deve procurar um médico para encontrar a causa do mal que o aflige, às vezes a cura importa em mais dor ainda para debelar o mal que se alojou no seu organismo.
            Em situação análoga ocorre nos desequilíbrios de ordem espiritual que deve ser combatido usando a terapia proposta pelo Evangelho de Jesus para remover o mal em definitivo que afetou o seu mundo íntimo.
            Às vezes também esse mal decorre de haver esquecido voluntariamente o sentimento mais grandioso do mundo que é o amor, pois é o amor que equilibra as suas emoções e mostra o caminho com mais segurança. Como também apresenta a solução para as grandes questões do Espírito, porém é necessário buscar os meios mais convenientes já enunciados no Evangelho de Jesus.
            Mas na maioria dos casos falta orientação quanto aos recursos que não são considerados no próprio lar do interessado, não percebem que o alimento principal para os seus filhos ao lado do alimento material é imprescindível a orientação moral e espiritual. Sem esses recursos a criatura ainda frágil, não sabe como enfrentar as dificuldades naturais do caminho.
            Por isso, orientam os grandes pensadores que a falha maior na educação está no próprio lar e  os pais não dão a devida atenção na educação dos filhos, preparando-os para que saibam enfrentar os vendavais da vida. Mais ainda é importante a educação religiosa para que tenha a que recorrer em momentos de crises.
            Mas com tristeza se percebe que os pais estão mais preocupados em proporcionar meios materiais e de entretenimento para seus filhos e  desfrutar de uma vida sem muita preocupação, porém esquecem o principal, de formar o caráter deles. Às vezes recebem mais influência da governanta ou da babá, dos colegas do colégio, de amigos eventuais, do que dos pais. Com isso o desastre será eminente, porque não tem o suporte baseado numa boa formação moral, tornam-se dependentes e frágeis, voluntariosos, com isso qualquer tempestade é capaz de desorientá-los, porque falta maturidade moral e espiritual.
            Não sabem que depois de cair às vezes é muito difícil se levantar.
            Assim que fortaleça os laços de compreensão, equilíbrio e serenidade aos seus filhos, dando-lhes noções claras de como agir no mundo. Não esquecendo nunca de noções religiosas para que sirva de suporte nos momentos de crises. Áulus.

 

Não Espere Demais
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes

 

 

PELAS VEREDAS DA VIDA

 

            Às vezes é tão difícil agradecer aquele amigo que com tanto carinho nos serve naquele dia de nossa maior aflição.  É tão fácil esquecer os benefícios recebidos e tão difíceis esquecer as supostas ofensas, sempre há essa contradição no coração do homem, esquece de fazer o que deve e o que mais lhe convém.
            Caminha-se pelas veredas da vida de maneira inconsciente, porque sempre está disposto a deplorar e a reclamar os males que sofre e também não percebe que a maioria das vezes é o mais afortunado e disso não tem consciência.
            Somente quando a vida cobra uma atitude mais dura é que volta a si e de suas ilusões.  Em alguns casos somente a dor será capaz de chamá-lo a realidade, porque apenas uma minoria compreende as vantagens de ser justo e generoso.
Como também não percebe que está aberta uma conta em seu nome para depositar os seus recursos, resultado de cada gesto generoso que faça e de cada migalha que espalhe no caminho do próximo. De cada bom pensamento que sugere aos outros. De cada agradecimento que indica algum sucesso na vida. Mas especialmente pelo amor que devota aos outros.
            É notório que quando se estuda a gloriosa presença de Jesus no mundo, há um episódio interessante em que curou dez leprosos, mas somente um veio agradecer o socorro recebido.
            Ocorre o mesmo no dia-a-dia de muita gente que são afortunados sem saber e muitas vezes ensombram os seus dias com amarguras e tristezas, por tão poucas coisas, quando deveria de peito aberto construir um futuro melhor enquanto há tempo.
Mas pelo contrário não aproveitam a lição oferecida pela reencarnação para resolver as grandes questões de sua caminhada evolutiva, colocam-se transitoriamente na condição de vitimas.  Sempre estão à procura de alguém para ser o culpado de seus desatinos, porque não deseja ver a realidade de suas atitudes impensadas, porque se existe culpado é ele mesmo. Mas o orgulho é tanto, que sequer admitem a ideia que tenha cometido erros e que hoje sofre as consequências.
            Assim como for toque a vida com a configuração em que fora designado, muitas vezes por sua própria vontade, outras vezes determinado por alguém que deseja a sua felicidade permanente.
            Esqueceu que conta com um batalhão de inteligências que o servem, às vezes é atendido em seus mínimos detalhes, mas como nada leva em conta, está sempre exigindo mais e mais. Não sabendo que tudo que recebe é o resultado do esforço de alguém que sequer é capaz de agradecer.
            Todavia, de hora em diante adote uma nova concepção sobre a vida, comece desde hoje a agradecer tudo que lhe aconteça, até mesmo às dificuldades para que não se entedie, nem para se manter no resvaladouro do comodismo improdutivo.    
            Aproveite o melhor da vida, mas faça-se merecedor de bem que recebe amando ao próximo em sua expressão mais ampla e estará sem duvida aumentando incessantemente o seu tesouro imperecível, porque os momentos mais bem empregados durante toda a sua vida será quando tenha praticado o bem.
            Assim que aproveite bem a vida, amando e compreendendo que será o tempo mais venturoso, inclusive terá um dia saudade de haver vivido essa sublime experiência de amar ao próximo, quando este for mais necessitado, tanto mais será meritória  a sua atuação em favor dele. Assim que agradeça também, como aquele momento mais precioso da existência.
            Fique com Deus. Áulus.    

 

Luzes da Ribalta
Pelo Espírito de Áulus
Otacir Amaral Nunes

 

 

A PRECE NA REUNIÃO MEDIÚNICA

 

            O Espiritismo aconselha o hábito da prece em todas as suas reuniões, não somente nas mediúnicas. E há uma razão de ser para esta prática:
            “Se o Espiritismo proclama a sua utilidade, não é por espírito de sistema, mas porque a observação permitiu constatar a sua eficácia e o modo de ação. [...]”105
            Por outro lado, não devemos esquecer o ensinamento do Cristo: “pois onde dois ou três estão reunidos em meu nome, aí estou no meio deles.”106

            Estarem reunidas, em nome de Jesus, duas, três ou mais pessoas, não quer dizer que basta que se achem materialmente juntas. É preciso que o estejam espiritualmente, pela comunhão de intenção e de ideias para o bem.
            [...] Pelas palavras acima, Jesus quis mostrar o efeito da união e da fraternidade. O que o atrai não é o maior ou menor número de pessoas que se reúnem, pois, em vez de duas ou três, poderia ter dito dez ou vinte, mas o sentimento de caridade que reciprocamente as anime.[...]107

            Neste sentido, vale destacar que a reunião mediúnica “[...] é um ser coletivo, cujas qualidades e propriedades são a resultante das de seus membros, formando uma espécie de feixe. Ora, quanto mais homogêneo for esse feixe, tanto mais força terá.”108
            A prece não só harmoniza a reunião mediúnica, mas favorece a sua homogeneidade por tornar o ambiente favorável à manifestação dos Espíritos, sobretudo dos mais necessitados de socorro, pois, “[...] chegando a um meio que lhe seja completamente simpático, o Espírito se sentirá mais à vontade.”109
            Por outro lado, a prece beneficia o entendimento dos Espíritos que sofrem e dos que fazem sofrer, como os obsessores. Às vezes, o diálogo com determinados Espíritos é muito penoso, sobretudo quando se encontram presos a ideias fixas, ou a acontecimentos que lhes produziram graves traumas, como é a situação comum dos suicidas. Nestas condições, a prece não só é indicada como representa um ato de caridade, de amor ao próximo.

            Os Espíritos sofredores reclamam preces e estas lhes são proveitosas, porque, verificando que há quem pense neles, sentem-se menos abandonados, menos infelizes. Mas, a prece tem sobre eles uma ação mais direta: reanima-os, incute-lhes o desejo de se elevarem pelo arrependimento e pela reparação e pode desviar-lhes o pensamento do mal. É nesse sentido que a prece pode não apenas aliviar, como abreviar seus sofrimentos.110

Referência:
            105 KARDEC, Allan. Revista Espírita: Jornal de Estudos Psicológicos. Ano 1866, p. 19.
            106 O NOVO Testamento. Mateus, 18:20, p. 110, 2013.
            107 KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Cap. XXVIII, it. 5, p. 334-335, 2013.
            108 Id. Ibid. O livro dos médiuns. Segunda parte, cap. XXIX, it. 331, p. 364, 2013.
            109 Id. Ibid., p. 364.
            110 KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Cap. XXVII, it. 18, p. 320, 2013.

 

Livro Mediunidade Estudo e Prática
FEB

 

 

PSICOGRAFIA

            A mensagem da noite foi para mim Espírito endividado com a Lei de Amor uma oportunidade para refletir sobre os reais inimigos.
            Obsessivo, vendo em todos inimigos, perseguido e ameaçado onde estivesse sofri e fiz sofrer os meus entes queridos.
            Auto-obsessão, ideia fixa no mal e esgotei o meu tempo como vítima e nada fiz de bom para aliviar este tormento voluntário.
            Amigos vieram em meu socorro e conseguiram me auxiliar e me fizeram enxergar os inimigos que conviveram intimamente comigo, internamente e listei com a ajuda deles, com o objetivo de me libertar da auto- obsessão e claramente como se eles projetassem uma forte luz para o meu mundo perturbado e aflito e a inveja, a intolerância, o orgulho vieram a tona de acordo com as situações analisadas os conflitos existenciais.
            Sofri muito porque jamais admiti a ideia de ser ciumento, avarento, invejoso, atrevido, ríspido, desconfiado, indelicado, descortês.
            Muitas lágrimas de arrependimento porque queimei o meu tempo, ele passou infrutiferamente. Não realizei aquilo que deveria realizar, fechando-me dentro de um vidro chamado indiferença e cultivei o mal e nada semeei de bom.
            Desperdício de tempo, energia e oportunidade para crescer e auxiliar no crescimento daqueles que conviveram comigo.
            Hoje continuo na evangelização porque aprendi que só a palavra de Deus ensinada por Jesus é a Luz que norteará os meus passos num futuro bem próximo em retorno a novo corpo para doutrinar meus inimigos internos os únicos que me fizeram doente e infeliz.
            Caso minha dor seja a tua repense meu irmão e estude mais a palavra de Deus que é a bússola a nos orientar pelo caminho da evolução.
            Estudo, trabalho e vivência é o remédio para a cura desta doença da Alma.

 

Cesfa
Campo Grande/MS.

 

 

Espiritismo para Crianças
Marcela Prada
Tema: Amor aos animais

 

CUIDE DOS PASSARINHOS

 

            Célia e Marlene eram amigas e moravam na mesma rua. Todas as tardes brincavam de casinha com suas bonecas, fazendo comida de faz de conta para elas.
            Numa tarde, quando brincavam, a mãe de Célia chamou-as para irem a aula de evangelização, que frequentavam toda semana. Estavam juntando os seus brinquedos quando, de repente, uma pedrada atingiu uma das panelinhas.
            As meninas se assustaram e olharam para os lados, procurando entender o que tinha acontecido. Viram, então, um garoto vizinho, com um estilingue, atirando pedras nos passarinhos.
            As meninas ficaram indignadas e foram conversar com eles.
            – Por que você está fazendo isso, Paulo? Que coisa horrível maltratar os passarinhos!
            – O que é que tem? Estou só treinando a mira. Não aconteceu nada. Não acertei nenhuma vez – disse o menino – e, se acertar, o passarinho ficará tonto, vou poder pegá-lo, pôr na gaiola do meu avô e tratar dele. Não vou maltratá-lo.
            – Mas o passarinho pode não só ficar tonto, pode ficar bem machucado ou até morrer, se a pedrada for forte e precisa. Já pensou nisso? Você ia ter coragem de pegar um passarinho com um ossinho quebrado ou com a cabeça sangrando e ainda prendê-lo numa gaiola?
            Paulo se assustou com a pergunta de Célia. Embora fosse claro que isso pudesse acontecer, ele não tinha pensado nisso.
            Acertar uma pedrada num animalzinho pequeno e, que voa, é difícil, por isso Paulo só considerava a ideia de que, no máximo, conseguiria atingi-lo só de raspão.
            Ele demorou para falar, pensando no que responder. De fato, ao imaginar o passarinho machucado ou até morto, por sua causa, Paulo se entristeceu muito.
            Enquanto Paulo continuava sem palavras, Marlene argumentou:
            – Paulo, eu e a Célia aprendemos, lá na evangelização, que a espécie humana, por ser a mais inteligente do planeta, tem que respeitar as outras espécies e cuidar delas. E não usar a sua inteligência superior de forma egoísta.
            – É isso mesmo! – disse Célia. – Nós tivemos uma aula sobre isso. Se a gente pede proteção e bênçãos para as entidades superiores, como anjos, ou espíritos evoluídos, é justo que Deus espere que também façamos o mesmo pelos que são mais frágeis do que nós. E também, – continuou a menina – você não precisa ter os passarinhos presos em gaiolas. Ao invés de caçá-los e trancá-los, é só oferecer comida para eles. Eles vão se acostumar e vão se aproximar. Você pode ver eles cantarem e voarem, sem ter que limpar gaiolas todo dia. Não acha melhor?
            Paulo não era um menino mau, nem orgulhoso. Ele logo percebeu que as meninas estavam certas.
            – Está bem, não vou mais fazer isso – disse ele. – Posso treinar minha pontaria com latinhas.
            – Ótimo! Que bom, Paulo! – disseram as meninas.
            Paulo realmente fez o que disse. Nunca mais deu pedradas em ninguém. Ao invés disso, passou a jogar migalhas de pão para os passarinhos, em seu jardim. Às vezes, ele também oferecia alpiste ou alguma fruta madura.
            Com o passar do tempo ele recebeu a visita de muitos passarinhos bonitos. Paulo aprendeu a identificar as espécies, estudou sobre os hábitos e alimentação de cada uma e se tornou não só um admirador, mas um cuidador deles.
            Quando ele encontrava as meninas, elas sorriam para ele e perguntavam alguma curiosidade. E foi assim que ele ficou amigo de todos: das meninas e dos pássaros também.

            (Adaptação da história "Célia e Marlene" da apostila de evangelização infantojuvenil, da editora Aliança.)

 

            Material de apoio para evangelizadores:
           marcelapradacontato@gmail.com

 

O Consolador
Revista Divulgação Espírita
2024

 

 

FILHOS SEMPRE

 

por Nilton Moreira

 

            Filhos sempre são aqueles que chegam ao nosso lar ou são designados para serem orientados por nós no caminho a seguir. Costumeiramente chegam pela união de casal através da gravidez, mas também podem vir por adoção legal feita por pessoas do mesmo sexo, ou simplesmente por aquela tia, avó ou outro parente que fica com a incumbência de criar por questões diversas.
            Não se pode dizer que uma mulher que teve uma criança e a abandona após o nascimento, por desprezá-lo, tenha tido na plenitude um filho, pois apenas se incumbiu da tarefa de trazê-lo ao mundo, mas por outro lado devemos sim considerar e enaltecer a mulher que nos termos do amor cristão acolhe a mesma criança que fora desprezada.
            No nascimento de uma criança está envolvido todo um contexto que muitas pessoas não avaliam por desconhecer.             O gerar é planejado antes no Plano Espiritual. Existe o entendimento entre a origem do espermatozoide e o óvulo que possibilitará a fecundação, seja da maneira que for, pois tudo está dentro de um planejamento que tem relação com vidas anteriores, em face do que se faz necessário determinado reencontro, o que explica por que existe tanta complexidade nos relacionamentos.
            Hoje vemos crimes cometidos por pais que matam filhos e vice-versa. Ora, o que acontecerá em vida futura para esses protagonistas? Fatalmente se reencontrarão para resolverem seus desequilíbrios! Poderão novamente fraquejar? Sim, isso é da natureza de cada índole, por isso as relações com os filhos às vezes são difíceis, pois estamos curando feridas.             Mas pode também sermos uma família estruturada e Deus permitir que venha até nós alguém rebelde para que ajudemos a melhorá-lo, sem que haja vínculo algum no passado.
            Muitas mulheres são a favor da interrupção da gravidez. É uma opinião particular, mas lembremos que o Ser futuro se vincula ao corpo desde a fecundação, portanto se chegamos a preservar os ovos das tartarugas, devemos também lembrar-nos do Ser que não pode se defender. Entendemos, pois, conforme ensina o Espiritismo, que o aborto só é admissível quando existe risco de vida para a mãe.
            Não nos martirizemos e nos culpemos por termos filhos rebeldes, desobedientes, problemáticos. Façamos nossa parte de orientá-los e conduzi-los para o bem, pedindo em nossas orações que o Criador nos possibilite discernimento para sermos melhores cada vez mais em nossas tarefas de educadores.

 

Consolador
2024

 

PACIÊNCIA, RESIGNAÇÃO E RESILIÊNCIA: LIÇÕES PARA A JORNADA DA VIDA!

 

geraldocampetti@gmail.com   @geraldocampetti

 

            Em tempos de rápidas mudanças e desafios crescentes, cultivar a paciência, a resignação e a resiliência se torna essencial para vivermos com serenidade e propósito. Essas virtudes nos oferecem uma base para enfrentar as adversidades com uma postura de aprendizado, fortalecendo nossa alma diante das dificuldades inevitáveis do caminho. Mais do que simples conceitos, elas são verdadeiras ferramentas para uma vida equilibrada e significativa.
            A paciência, muitas vezes confundida com passividade, é, na verdade, a virtude da espera ativa, uma calma diante das pressões externas. Na vida moderna, onde tudo parece correr em alta velocidade, a paciência nos permite manter o equilíbrio diante dos obstáculos e das situações que demandam tempo para serem resolvidas. Aprender a esperar com confiança é um exercício de maturidade e de controle sobre nossas reações emocionais, ajudando-nos a enxergar a vida com mais clareza e compaixão.
            Praticar a paciência em nosso dia a dia envolve atitudes concretas que podem transformar nossa experiência. Em um ambiente de trabalho exigente, por exemplo, a paciência nos ajuda a lidar com metas e pressões sem ceder ao estresse, aguardando o tempo certo para cada etapa. Em relacionamentos, seja familiar ou afetivo, ela nos permite ouvir e compreender o outro, mesmo quando há divergências, abrindo espaço para o diálogo e a compreensão. Paciência é, assim, uma aliada constante em nossas interações, ensinando- nos a reagir com calma e sabedoria.
            A resignação, por outro lado, é a aceitação das circunstâncias que estão fora do nosso controle. Longe de ser uma atitude de fraqueza, ela reflete uma profunda compreensão sobre os limites de nossa influência. Vivemos em uma realidade onde nem tudo se ajusta aos nossos desejos, e a resignação nos ensina a aceitar isso sem perder a esperança. Ela se torna especialmente importante em momentos de perdas ou situações difíceis, em que não há outra alternativa senão aceitar a realidade como ela é, com fé e serenidade.
            Na prática, a resignação se mostra em gestos de aceitação diante do que não podemos modificar. Diante da doença de um ente querido, por exemplo, a resignação nos ajuda a oferecer nosso apoio sem lutar contra o inevitável, aceitando o ciclo da vida e o que ele traz. Em perdas financeiras ou mudanças inesperadas, ela nos incentiva a focar nas lições que a experiência nos oferece, deixando de lado a resistência e concentrando-nos no que pode ser aprendido. A resignação, portanto, é uma força interna que nos ensina a fluir com a vida em vez de lutar contra ela.
            A resiliência é a capacidade de se recuperar e crescer diante das adversidades. Em um mundo onde os desafios são constantes, essa virtude nos permite enfrentar as situações difíceis e sair delas mais fortalecidos.
            Diferente da paciência ou da resignação, a resiliência é ativa e transformadora, pois nos desafia a enxergar as dificuldades como oportunidades de crescimento e a recomeçar com um novo ânimo. Ela nos ajuda a construir uma base emocional sólida, tornando-nos mais preparados para o inesperado.
            No cotidiano, a resiliência se reflete em atitudes de superação e de adaptação. Após uma perda pessoal, como o término de um relacionamento ou a perda de um emprego, a pessoa resiliente busca forças para reconstruir sua vida, talvez investindo em novos aprendizados, reavaliando metas ou cultivando novos relacionamentos. Em tempos de crise, a resiliência é o que nos ajuda a seguir em frente com otimismo e coragem, independentemente do tamanho das dificuldades.             Ela é, portanto, um pilar da nossa saúde emocional, guiando-nos a cada novo começo.
            À luz do Espiritismo, a paciência, a resignação e a resiliência assumem significados profundos que sustentam o ideal do verdadeiro espírita, como descrito por Allan Kardec no Evangelho segundo o Espiritismo (cap. 17, item 4). Ser paciente é desenvolver a capacidade de saber esperar, confiando nos desígnios divinos e compreendendo que o tempo de Deus muitas vezes difere do nosso. Resignar-se, por sua vez, é saber aceitar as dificuldades e os desafios da vida com humildade e compreensão, reconhecendo que as provas são oportunidades de crescimento. A resiliência, enfim, é saber transformar esses desafios em aprendizado e progresso espiritual, adaptando-se sem perder a esperança e a fé. Assim, o verdadeiro espírita não é aquele que se exime das lutas cotidianas, mas aquele que enfrenta essas provas com fé ativa, empenhando-se em transformar suas próprias imperfeições e contribuindo para o bem ao seu redor. Essa tríade – esperar, aceitar e transformar – é, portanto, uma base sólida para o aperfeiçoamento moral e espiritual, refletindo o exemplo de paciência, resignação e resiliência que Jesus nos deixou.

 

Editorial
FEB

 

 

DESAFIOS DA VIDA FAMILIAR

 

Autor: Raul Teixeira
Autor Espiritual: Camilo
Editora: Fráter Livros Espíritas Ltda.

 

            A nossa meta é atingir o amor universal, ensinado e exemplificado por Jesus, que consiste em fazer ao próximo todo o bem que desejamos a nós, sem esperar retribuição ou elogio.
            Nesta obra, o benfeitor Camilo enaltece a importância da família, esclarecendo que é nela que nos preparamos para vencer o egoísmo e conquistar o amor irrestrito, porque se não conseguimos viver em harmonia num grupo de poucas pessoas, no ambiente familiar, como é que amaremos os demais indivíduos que compõem a humanidade? Dessa forma, o citado benfeitor explica-nos como são formados os casais na Terra, quais são os papéis dos cônjuges no matrimônio e perante os filhos e como lidar com as separações conjugais mantendo o equilíbrio interior.
            As lições são abordadas com riqueza de informações, de forma didática, haja vista que os temas são iniciados com um texto de elevado conteúdo, culminando com perguntas objetivas, tudo a facilitar a nossa compreensão.

 

 

ALGO MAIS

 

            Um crente sincero na Bondade do Céu, desejando aprender como colaborar na construção do Reino de Deus, pediu, certo dia, ao Senhor a graça de compreender os Propósitos Divinos e saiu para o campo.
            De início, encontrou-se com o Vento que cantava e o Vento lhe disse:
            - Deus mandou que eu ajudasse as sementeiras e varresse os caminhos, mas eu gosto também de cantar, embalando os doentes e as criancinhas.
            Em seguida, o devoto surpreendeu uma Flor que inundava o ar de perfume, e a Flor lhe contou:
            - Minha missão é preparar o fruto; entretanto, produzo também o aroma que perfuma até mesmo os lugares mais impuros.
            Logo após, o homem estacou ao pé de grande Árvore, que protegia um poço d’água, cheio de rãs, e a Árvore lhe falou:
            - Confiou-me o Senhor a tarefa de auxiliar o homem; contudo, creio que devo amparar igualmente as fontes, os pássaros e os animais.
            O visitante fixou os feios batráquios e fez um gesto de repulsa, mas a Árvore continuou:
            - Estas rãs são boas amigas. Hoje posso ajudá-las, mas depois serei ajudada por elas, na defesa de minhas próprias raízes, contra os vermes da destruição e da morte.
            O devoto compreendeu o ensinamento e seguiu adiante, atingindo uma grande cerâmica.
            Acariciou o barro que estava sobre a mesa e o Barro lhe disse:
            - Meu trabalho é o de garantir o solo firme, mas obedeço ao oleiro e procuro ajudar na residência do homem, dando forma a tijolos, telhas e vasos.
            Então, o devoto regressou ao lar e compreendeu que para servir na edificação do Reino de Deus é preciso ajudar aos outros, sempre mais, e realizar, cada dia, algo mais do que seja justo fazer.

 

Livro Pai Nosso
Francisco Candido Xavier
Pelo Espírito de Meimei

 

 

DINHEIRO

 

            “Porque o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e, nessa cobiça, alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores.” — Paulo. (1ª EPÍSTOLA A TIMÓTEO, capítulo 6, versículo 10.)-

 

            Paulo não nos diz que o dinheiro, em si mesmo, seja flagelo para a Humanidade.
            Várias vezes, vemos o Mestre em contacto com o assunto, contribuindo para que a nossa compreensão se dilate. Recebendo certos alvitres do povo que lhe apresenta determinada moeda da época, com a efigie do imperador romano, recomenda que o homem dê a César o que é de César, exemplificando o respeito às convenções construtivas. Numa de suas mais lindas parábolas, emprega o símbolo de uma dracma perdida. Nos movimentos do Templo, aprecia o óbolo pequenino da viúva.
            O dinheiro não significa um mal. Todavia, o apóstolo dos gentios nos esclarece que o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males. O homem não pode ser condenado pelas suas expressões financeiras, mas, sim, pelo mau uso de semelhantes recursos materiais, porqüanto é pela obsessão da posse que o orgulho e a ociosidade, dois fantasmas do infortúnio humano, se instalam nas almas, compelindo-as a desvios da luz eterna.
            O dinheiro que te vem às mãos, pelos caminhos retos, que só a tua consciência pode analisar à claridade divina, é um amigo que te busca a orientação sadia e o conselho humanitário. Responderás a Deus pelas diretrizes que lhe deres e ai de ti se materializares essa força benéfica no sombrio edifício da iniqüidade!

 

Livro "Caminho, Verdade e Vida"
Pelo Espírito Emmanuel
Francisco Cândido Xavier

 

 

SEPULCROS ABERTOS

 

“A sua garganta é um sepulcro aberto.”
Paulo (Romanos, 3:13)

 

            Reportando-se aos espíritos transviados da luz, asseverou Paulo que têm a garganta semelhante a sepulcro aberto e, nessa imagem, podemos emoldurar muitos companheiros, quando se afastam da Estrada Real do Evangelho para os trilhos escabrosos do personalismo delinquente.
            Logo se instalam no império escuro do "eu", olvidando as obrigações que nos situam no Reino Divino da Universalidade, transfigura .se lhes a garganta em verdadeiro túmulo descerrado. Deixam escapar todo o fel envenenado que lhes transborda do íntimo, à maneira dum vaso de lodo, e passam a sintonizar, exclusivamente, com os males que ainda apoquentam vizinhos, amigos e companheiros.
            Enxergam apenas os defeitos, os pontos frágeis e as zonas enfermiças das pessoas de boa vontade que lhes partilham a marcha.
            Tecem longos comentários no exame de úlceras alheias, ao invés de curá-las.
            Eliminam precioso tempo em palestras compridas e feri nas, enegrecendo as intenções dos outros.
            Sobrecarregam a imaginação de quadros deprimentes, nos domínios da suspeita e da intemperança mental.
            Sobretudo, queixam-se de tudo e de todos.
            Projetam emanações entorpecentes de má fé, estendendo o desânimo e a desconfiança contra a prosperidade da santificação, por onde passam, crestando as flores da esperança e aniquilando os frutos imaturos da caridade.
            Semelhantes aprendizes, profundamente desventurados pela conduta a que se acolhem, afiguram .se nos, de fato, sepulcros abertos...
            Exalam ruínas e tóxicos de morte.
            Quando te desviares, pois, para o resvaladiço terreno das lamentações e das acusações, quase sempre indébitas, reconsidera os teus passos espirituais e recorda que a nossa garganta deve ser consagrada ao bem, pois só assim se expressará, por ela, o verbo sublime do Senhor.

 

Fonte Viva
Francisco Cândido Xavier
Ditado pelo Espírito Emmanuel

 

 

OBRIGADO, CHICO...

 

            Estava o Chico parado defronte do correio, conversando com seu irmão André, quando um guarda policial passa-lhe por perto e, colocando o braço direito sobre seu ombro, lhe diz:
            - Muito obrigado, Chico!
            E foi andando.
            O Chico ficou intrigado com aquele agradecimento. Não podia atinar com sua causa.
            À tarde, ao regressar do serviço, viu defronte a um bar um bloco de trabalhadores da fábrica e, no meio deles, o guarda que o abraçara pela manhã. Passou mais por perto e observou que o guarda tentava desapartar uma briga entre dois irmãos que se malquistaram por coisas de somenos. O guarda, vendo inúteis seus esforços e porque a discussão já se generalizava envolvendo todo o bloco, tirou da cintura o revólver e ia usá-lo para impor sua autoridade.
            O Chico mais que depressa chegou-lhe perto e pediu-lhe:
            - Calma, meu irmão.
            O guarda voltou-se contrariado, mas reconhecendo o Chico, como que envergonhado do seu ato, exclamou:
            - Muito obrigado, Chico!
            Controlou-se, usou da palavra, aconselhou e o bloco foi desfeito com o arrefecimento dos ânimos...
            À noite, indo o Chico para o “Luiz Gonzaga”, encontrou-se com o guarda:
            - Chico, ia procura-lo e agradecer-lhe, muito de coração, o bem que você me fez, por
duas vezes.
            - Por duas vezes? Como?
            - Anteontem sonhei com você, que me dizia: “Cuidado, não saia de casa carregando arma à cintura como sempre o faz. Evite isto por uns dias. Por isto é que lhe disse, hoje, pela manhã: “Obrigado, Chico!” Referia-me ao sonho, ao seu aviso. Mas esqueci-me de atende-lo, pois saí armado e, se não fosse o concurso de nossos amigos espirituais na hora justa teria feito hoje uma grande asneira, poderia até ter matado alguém. Mas a lição ficou, Chico.
            - Muito obrigado, Deus nos ajude sempre!...

 

Lindos Casos de Chico Xavier
Ramiro Gama

 

EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
Rua Colorado nº 488, Bairro Jardim Canadá, CEP 79112-480, Campo Grande-MS.

Reunião Pública: Quinta-Feira 19:30