IMPORTANTE CONHECER
Conheça-se a si mesmo. Eis a grande questão proposta pelos sábios antigos e continua atual até os dias de hoje. Eles já recomendavam esse exercício, como base para a verdadeira compreensão da vida.
Quando se dispuser a fazer algo, primeiro considere com um olhar de bondade aquela meta, mostrando que estará na condição daquele que deseja abrir o caminho, mas com a aquiescência daquele padrão de probidade interior, que se chama consciência. Se porventura pode prejudicar alguém, reflita que seria preferível dar uma outra versão ao que pretende. Ainda que algo até favoreça no campo material, mas que não tem a sanção de sua consciência, abstenha-se. A consciência é o juiz integro de quem deve ouvir as ponderações, porque pode de repente estar complicando a sua rota. A consciência é algo que não deve afrontar nunca.
A verdade que fora convencido a retornar a vida por misericórdia, a fim de que cumprir determinado programa que poderia libertá-lo de problemas que faz parte da vida pregressa e que o fizera sofrer tanto, e para ser exonerados de tais compromissos somente através de provas ou expiação que o habilitará a superar certas questões graves que está incurso, por atitudes equivocadas do passado e para o seu bem. É chamado a prestar contas, naturalmente que há plena condição para que se sagre vencedor dessa prova, dependerá exclusivamente da sua maneira de proceder.
O plano de sua encarnação fora concebido com a aprovação de grandes sábios da espiritualidade superior para que tivesse êxito, dependendo o resultado de sua atuação exclusiva, não podendo alegar, inclusive que alguém o prejudicara. Se realmente procura cumprir escrupulosamente com as normas que o Evangelho recomenda, certamente que dependente de sua atuação, pode ter vencido obstáculos formidáveis, que o mantinha distante da felicidade. Assim que fora lhe oferecido determinado senha, para que com ela transite com a necessária segurança, sem que possa qualquer impedimento desviá-lo da rota estabelecida.
Por isso é imprescindível que tenha muita confiança em Deus, na sua justiça e seja parte integrante desse mecanismo maravilhoso que se chama criação divina, ainda que seja um minúsculo grão de areia nesse imenso oceano, nem por isso a sabedoria divina o esqueceu. Ainda que se julga sem valor, mas Ele o tem sempre presente em seus planos.
Por isso considera os momentos que passam como muito importantes para a consolidação de sua condição de aprendiz do Evangelho, porque somente assim poderá realmente angariar recursos morais para servir com largueza de coração.
A vida é a grande escola, onde será convocado a prestar a sua colaboração como aluno, dispondo de professores extraordinários para orientá-lo, por isso não perca o seu precioso tempo com futilidades, mas levante a cabeça e divise idéias nobres e as acolha, nem que seja no coração, para que mais tarde a materialize e possa assim ter como testemunha às ações que fizer no bem. Lembre-se da sabedoria dos antigos, “nem muito na terra, nem muito no mar”, cujo espírito recomenda manter a paciência, ou seja, uma caminhada com muita prudência, porque os extremos podem ser muito perigosos.
Deus não exige de seus filhos mais do que realmente são capazes de realizar, por isso a prudência é a circunspeção a são fundamentais, para que não venha sucumbir aos excessos, mas manter sempre numa situação de equilíbrio que permita levar a tarefa até o fim.
É importante essa decisão sempre firme em promover dentro de si uma analise desapaixonada, de seus defeitos, para que os corrija de maneira gradual, mas definitiva. Esta existência é a grande oportunidade que lhe fora oferecida por Deus. E deve aproveitá-la bem, considerando que esta possa ser uma fonte de esperança para o seu coração, a fim de que sempre mantenha o rumo.
Para muitos acontecem que diante da luta esquecem o principal - que é a o amor e a caridade que devem manter alta em sua caminhada. Não se deixe levar por idéias outras, para que de repente acordar quando já é tarde demais para tomar uma decisão mais justa. Se isso acontecer somente em outra oportunidade poderá concluir aquela tarefa que estava em seus planos, concluir. Retorna à vida espiritual na condição daquele aluno que reprovara no duro teste, e pior que muitos voltam infelizes e amargurados, reclamando até mesmo dos professores que tudo fizeram para ajudá-los a superar seus próprios deslizes. Mas nem por isso as leis serão modificadas para favorecer o infrator.
A vida continuará o seu curso, sem solução de continuidade. Os retardatários voluntariamente rebeldes ficarão na retaguarda até que se decidam ter um comportamento digno diante da realidade das provas. A oportunidade fora lhe oferecida, agora quando dependeu dele agir, já com todas as possibilidades de êxito e não as aproveitou, muito que bem, ficará nessa condição até que decida caminhar. As eternidades o esperam, mas nem por isso nem um til ou um jota será alterado da lei.
Áulus/Otacir Amaral Nunes
Campo Grande/MS.
BOM ÂNIMO
O apóstolo Bartolomeu foi dos mais dedicados discípulos do Cristo, desde os primeiros tempos de suas pregações, junto ao Tibiríades. Todas as suas possibilidades eram empregadas em acompanhar o Mestre, na sua tarefa divina. Entretanto, Bartolomeu era triste e, vezes inúmeras, o Senhor surpreendeu-o, em meditações profundas e dolorosas.
Foi, talvez, por isso que, uma noite, enquanto Simão Pedro e sua família se entregavam a inadiáveis afazeres domésticos, Jesus aproveitou alguns instantes para lhe falar mais demoradamente ao coração.
Após uma interrogativa afetuosa e fraternal, Bartolomeu deixou falasse o seu espírito sensível.
- Mestre, exclamou, timidamente – não saberia nunca vos explicar o porque de minhas tristezas amargurosas. Só sei dizer que o vosso Evangelho me enche de esperanças para o reino de luz que nos espera os corações, além, nas alturas... Quando esclarecestes que o vosso reino não é deste mundo, experimentei uma nova coragem para atravessar as misérias do caminho da Terra, pois, aqui, o selo do mal parece obscurecer as coisas mais puras! ... Por toda parte, é o triunfo do crime, o jogo das ambições, a colheita dos desenganos!...
A voz do apóstolo fizera-se quase sufocada de lágrimas. Todavia, Jesus fitou-o brandamente, falando-lhe, com serenidade:
- A nossa doutrina, entretanto, é a do Evangelho ou da Boa Nova e já viste, Bartolomeu, uma boa notícia não produzir alegria? Fazes bem, conservando a tua esperança, em face dos novos ensinamentos; mas, não quero senão acender o bom ânimo no espírito dos meus discípulos. Se já tive ocasião de ensinar que o meu reino ainda não é deste mundo, isso não quer dizer que eu desdenhe o trabalho de estendê-lo, um dia, aos corações que mourejam na Terra. Achas, então, que eu teria vindo a este mundo, sem essa certeza confortadora? O Evangelho terá de florescer, primeiramente, na alma das criaturas, antes de frutificar para o espírito dos povos. Mas, venho de meu Pai, cheio de fortaleza e confiança, e a minha mensagem há de proporcionar grande júbilo, a quantos a receberem de coração.
Depois de uma pausa, em que o discípulo o contemplava, silencioso, o Mestre continuou:
- A vida terrestre é uma estrada prodigiosa que conduz aos braços amorosos de Deus. O trabalho é a marcha. A luta comum é a caminhada de cada dia. Os instantes deliciosos da manhã e as horas noturnas de serenidade são os pontos de repouso; mas, ouve-me bem! Na atividade ou no descanso físico, a oportunidade de uma hora, de uma leve ação, de uma palavra humilde é o convite de Nosso Pai para que semeemos as suas bênçãos sacrossantas. Em geral, os homens abusam desse ensejo precioso, para anteporem a sua vontade imperfeita aos desígnios superiores, perturbando a própria marcha. Daí resultam jornadas mais ásperas, a colheita dos espinhos, as paradas obrigatórias para retificação das faltas cometidas, os infrutíferos labores. Em vista dessas razões, observamos que os viajores da Terra estão sempre desalentados. Na obcecação de sua vontade própria, ferem a fronte nas pedras do caminho, cerram os ouvidos à realidade espiritual, vendam os olhos com a sombra de rebeldia e passam em lágrimas, em desesperadas imprecações e amargurados gemidos, sem enxergarem a fonte cristalina, a estrela cariciosa do céu, o perfume da flor, a palavra de um amigo, a claridade das experiências que Deus espalhou para a sua passagem, em todos os aspectos do caminho.
Houve um pequeno intervalo nas considerações afetuosas, depois do que, sem mesmo perceber inteiramente o alcance de suas palavras, Bartolomeu interrogou:
- Mestre, os vossos esclarecimentos dissipam os meus pesares; mas, o Evangelho exige de nós a fortaleza permanente?
- A verdade não exige, transforma. O Evangelho não poderia reclamar estado especial de seus discípulos; porém, é preciso considerar que a alegria, a coragem e a esperança devem ser traços constantes de suas atividades em cada dia. Porque nos firmarmos no pesadelo de uma hora, se conhecemos a realidade gloriosa da eternidade com o Nosso Pai?
- E quando os negócios do mundo nos são adversos? E quando tudo parece em luta contra nós? – perguntou o pescador, de olha inquieto.
Jesus, como se percebesse, inteiramente, a finalidade de suas perguntas, esclareceu com bondade:
E qual o melhor negócio do mundo, Bartolomeu? Será a aventura que se efetua a peso de ouro, muita vez amordaçando-se o coração e a consciência para aumentar as preocupações da vida material, ou a iluminação definitiva da alma para Deus, que se realiza tão só pela boa vontade do homem, que deseje marchar para o seu amor, por entre as luzes do caminho? E não será a adversidade nos negócios do mundo um convite amigo para a criatura semear com mais amor, um apelo indireto que a arranque às ilusões da Terra para as verdades do reino de Deus?
Bartolomeu guardou aquela resposta no coração, não, todavia, sem experimentar certa estranheza. E logo, lembrando-se de que sua progenitora partira havia pouco tempo para a sombra do túmulo, interpelou ainda, ansioso:
- Mestre, e não será justificável a tristeza quando perdemos um ente amado?
- Mas, quem estará perdido, se Deus é o Pai de todos nós? ... Se os que estão sepultados no lodo dos crimes hão de vislumbrar, um dia, a alvorada da redenção, porque lamentarmos o amigo em desespero, o amigo que partiu a chamado do Todo-Poderoso? A morte do corpo abre as portas de um mundo novo para a alma. Ninguém fica verdadeiramente órfão sobre a Terra, como nenhum ser está abandonado, porque todo é de Deus e todos somos seus filhos. Eis porque, todo discípulo do Evangelho tem de ser um semeador de paz e de alegria!...
Jesus entrou em silêncio, como se houvera terminado a sua exposição judiciosa e serena.
E, pois que a hora já ia adiantada, Bartolomeu se despediu. O olhar do Mestre oferecia ao seu naquela noite uma luz mais doce e mais brilhante; suas mãos lhe tocaram os ombros, levemente, deixando-lhe uma sensação salutar e desconhecida.
Embora nascido em Canaã da Galiléia, Bartolomeu residia, então, em Dalmanuta, para onde se dirigiu, meditando gravemente nas lições que havia recebido. À noite pareceu-lhe formosa como nunca. No alto, as estrelas se lhe afiguravam as luzes gloriosas do palácio de Deus, à espera das suas criaturas, com hinos de alegria. As águas de Genesaré, aos seus olhos, estavam mais plácidas e felizes. Os ventos brandos lhe sussurravam ao entendimento cariciosas inspirações, como um correio delicado que chegasse do céu.
Bartolomeu começou a recordar as razões de suas tristezas intraduzíveis; mas, com surpresa, não mais as encontrou no campo do coração. Lembrava-se de haver perdido a afetuosa progenitora; refletiu, porém, com mais amplitude, quanto aos desígnios da Providência Divina. Deus não lhe era pai e mãe nos céus? Recordou os contratempos da vida e ponderou que seus irmãos pelo sangue o aborreciam e caluniavam. Entretanto, Jesus não lhe era um irmão generoso e sincero? Passou em revista os insucessos materiais. Contudo, que eram as suas pescarias ou a avareza dos negociantes de Betsaida e de Cafarnaum, comparadas à luz do reino de Deus, que ele trabalhava por edificar no coração?
Chegou a casa pela madrugada. Ao longe, os primeiros clarões do sol lhe pareciam mensageiros do conforto celestial. O canto das aves lhe ecoava no espírito como notas harmoniosas de profunda alegria. O próprio mugir dos bois apresentava nova tonalidade aos seus ouvidos. Sua alma estava agora clara, o coração aliviado e feliz.
Em rangendo os gonzos da porta, seus irmãos lhe dirigiram impropérios, acusando-o de mau filho, de vagabundo e traidor da lei. Bartolomeu, porém, recordou o Evangelho e sentiu que só ele tinha bastante alegria para dar a seus irmãos. Em vez de reagir asperamente, como de outras vezes, sorriu-lhes com a bondade das explicações amigas. Seu velho pai o acusou, igualmente, escorraçando-o. O apóstolo, no entanto, achou natural. Seu pai não conhecia a Jesus e ele o conhecia. Não conseguindo esclarecer, guardou os bens do silêncio e achou-se na posse de uma alegria nova.
Depois de repousar alguns momentos, tomou das suas redes e demandou sua barca. Teve para todos os companheiros de serviço uma frase consoladora e amiga. O lago como que estava mais acolhedor e mais belo; seus camaradas de trabalho, mais delicados e acessíveis. De tarde, não questionou com os comerciantes, enchendo-lhes, aliás, o espírito de boas palavras e de atitudes cativantes e educativas.
Bartolomeu convertera todos os desalentos num cântico de alegria, ao sopro regenerador dos ensinamentos do Cristo; todos o observavam com admiração, exceto Jesus, que conhecia, com júbilo, a nova atitude mental de seu discípulo.
No sábado seguinte, o Mestre demandou as margens do lago, cercado de seus numerosos seguidores. Ali se aglomeravam homens e mulheres do povo, judeus e funcionários de Antipas, a par de grande número de soldados romanos.
Jesus começou a pregar a Boa Nova e, a certa altura, contou, conforme a narrativa de Mateus, que – “o reino dos céus é semelhante a um tesouro que, oculto num campo, foi achado e escondido por um homem que, movido de gozo, vendeu tudo o que possuía e comprou aquele campo”.
Nesse instante, o olhar do Mestre pousou em Bartolomeu que o contemplava, embevecido; a luz branda de seus olhos generosos penetrou fundo na alma do apóstolo, pela ternura que evidenciava, e o pescador humilde compreendeu a delicada alusão do ensinamento, experimentando alma leve e satisfeita, depois de haver alijado todas as vaidades de que ainda se não desfizera, para adquirir o tesouro divino, no campo infinito da vida.
Enviando a Jesus um olhar de amor e reconhecimento, limpou uma lágrima. Era a primeira vez que chorava de alegria. O pescador de Dalmanuta aderira, para sempre, aos eternos júbilos do Evangelho do Reino.
Humberto de Campos
Mensagem recebida pelo médium Francisco C. Xavier. Reformador junho de 1940.
O MELHOR CAMINHO
Procurastes o melhor caminho e hoje te vinculas ao aprendizado, reconhecendo em Jesus as oportunidades que buscas estender ao outro na condição de trabalhador.
Procurastes e pelos caminhos reconhecestes a eficácia da prece, renovando-te cada dia para o desenvolvimento de ti mesmo.
Procurastes pelo caminho deserto, pela estrada escura e fria, qual o melhor lugar e escutastes as vozes do além se estendendo aos olhos o centro de tuas inspirações.
Procurastes pelo mundo as realizações de Paz e te colocastes ao estudo da própria transformação, a fim de melhorar teus dias.
Procurastes, enfim, servir a Deus e no caminho em que estivestes, companheiros queridos seguraram-te as mãos, indicando-te a grande luta!
Procurastes e hoje se te apresentam milhões de recursos, enriquecendo-te os dias para melhor servir.
Enfim buscastes em Deus as realizações maiores e hoje, através do amor de Deus, espera a maior realização.
Sejas bem-vindo companheiro! Esta casa é tua, tal a estrela que nasce do céu, fazendo brilhar o amor de Deus... Não haverá dia sem luta, nem noite sem as trevas do porvir, mas estarás, onipresente, nas mesmas condições de soldado de Deus.
Meimei
Mensagem recebida pelo médium João de Deus, quando da inauguração do Centro Espírita "Vale da Esperança"..
ENTREVISTA COM CHICO XAVIER
VISITAS AOS PRESÍDIOS
FW - Pouco tempo atrás você (Chico Xavier) esteve no Instituto Penal de São Paulo, assistindo e dando esperanças aos reeducandos ali confinados. Não acha que deveríamos nós – os Espíritas em geral -, aumentar a assistência espiritual nos presídios masculino e feminino, diríamos quase que semanalmente, dando assim verdadeiro lastro consolador a esse esforço reeducativo?
Julgamos que o diálogo em bases de respeito às leis e de conhecimento da solidariedade cristã seria providência das mais louváveis em nossos institutos de reeducação. Semelhantes contatos atingiriam o melhor rendimento de compreensão humana e de conseqüente renovação para os visitados e visitantes, então marchando juntos para um relacionamento melhor em nossos grupos sociais( FW, 8/76).
Por que nosso irmão caído é nossa carga mais preciosa?
Diz-nos Emmanuel que os irmãos considerados “caídos” são parte de nossa família espiritual que a Divina Providência nos confia, com objetivo de ensinar-nos a conquistar felicidade pela prática da lei do amor. E, ao mesmo tempo, afirma o nosso Benfeitor, os nossos companheiros nessa condição representam o resultado de suas próprias ações em existências passadas, provavelmente criaturas prejudicadas, em muitas ocasiões, por nós mesmos, e que as leis da vida nos restituem, para que venhamos a resgatar nossos débitos, auxiliando-as na precisa restauração. (11/76)
INDIFERENÇA E CALOR HUMANO
FW-Haverá maior frio na alma que a indiferença dos nossos semelhantes?
Pode haver indiferença dos nossos semelhantes para conosco, entretanto de nós para com os outros isso não deveria acontecer. Cremos que se Jesus houvesse levado em conta nossa incapacidade para assimilar-lhe de pronto o desvelado e intenso amor, o Cristianismo não estaria brilhando, e brilhando cada vez mais na Terra. Quem ama tem sempre bastante calor humano para distribuir. (8/76)
ESPONTANEIDADE NA PRÁTICA DO BEM
FW – Manter o coração disponível à caridade configura um estágio evolutivo superior ao daquele que dá ocasional, mas prazerosamente um óbolo ao necessitado?
A espontaneidade na prática do Bem evidencia sempre mais altos degraus na maturidade espiritual da criatura. Auxiliar os outros, por si mesmo, será compreensão, enquanto que a mesma atitude, por disciplina, em muitos casos, será constrangimento, considerando-se, porém, que a obediência é sempre louvável.
FW – Entre a vontade-prazer e a vontade de servir ao próximo, há outro caminho viável além de Cristo?
Caro FW, não sei se entendi corretamente a sua pergunta, mas creio que Deus concedeu a todos os povos do mundo caminhos espirituais para transformar a vontade de simples prazer em vontade de cultivar permanentemente o prazer de servir ao próximo; no entanto, a Providência Divina nos apresenta Jesus Cristo o caminho mais alto e mais seguro para isso (7/77).
FW – No seu entender, qual a fórmula de ouro que nos permitiria ou nos permitirá viver relativamente felizes neste mundo?
Caro amigo, estamos certos de que não existe outra fórmula mais exata para sermos felizes, além da “regra de ouro” iluminada pela mensagem do Cristo:
“Amai-vos Uns aos Outros, Tal Qual Vos Amei”. (6/7)
Marlene R. S. Nobre.
Do livro “Lições de Sabedoria” Chico Xavier nos 23 Anos da Folha Espírita.
APONTAMENTOS SOBRE "EDUCAÇÃO" NO ENTENDIMENTO ESPÍRITA
Educação é Salvação:
Sem contestar os grandes pensadores e as correntes da filosofia da Educação, que a conceituam como "vida" ou como "preparo para a vida”, a Doutrina Espírita explica, no seu mais amplo sentido, a função transcendental do processo educativo.
Educar, dentro das diretrizes do Evangelho de Jesus, não é apenas "preparar para a vida" e nem é simplesmente propiciar o aprendizado através da "vida". Educar é salvar.
A criança não é considerada como um ser em formação e, muito menos, um adulto em miniatura... Mas, sim, como um espírito comprometido e empenhado em nobres embates pelo aprimoramento íntimo.
A Educação não é um simples processo social sujeito a leis, regulamentos e normas; não é um simples processo de transmissão de conhecimento e cultura. A Educação é uma Lei Natural, uma Lei Universal, uma Lei de Deus, porque se confunde com a Lei do Progresso, Lei da Evolução do Espírito.
A Educação liberta o Espírito da ignorância e das paixões inferiores e o conduz à felicidade cada vez maior.
Assim conceituada e compreendida somos naturalmente induzidos a reconhecer que é, de fato, o Evangelho de Jesus o roteiro certo da Educação.
A Compreensão é a Base da Educação:
Compreensão por parte do educando: só há educação no sentido de mudança comportamental - se houver, realmente, compreensão, pelo indivíduo, do significado daquilo que está aprendendo.
Compreensão por parte do educador: o educador deve compreender o significado do seu papel e a natureza do educando.
- que o relacionamento entre as criaturas não se dá por acaso... Há compromissos recíprocos em termos de evolução espiritual:
- que os indivíduos não são todos iguais... Cada indivíduo é um Espírito que traz consigo as qualidades e defeitos peculiares ao seu grau de desenvolvimento. Não se pode esperar que todos tenham as mesmas possibilidades, as mesmas tendências e os mesmos sentimentos;
- que cada fase da vida física do Espírito encarnado tem características próprias: infância, adolescência, juventude, fase adulta e velhice;
- que os casos difíceis exigem: esforços redobrados, paciência maior, renúncia...
Para que a compreensão se exerça em todos os sentidos são necessários: ponderação, calma e desejo sincero de aprender, ou de ensinar.
A Educação se Faz de Dentro para Fora:
Há dois processos que podem ser utilizados para educar:
- um falso: de fora para dentro; pela imposição, pela força, pelo temor; é artificial, mascara a personalidade, avilta o caráter e oficializa a hipocrisia;
- um verdadeiro: de dentro para fora; natural, pelo desabrochar da personalidade; esclarece, liberta, aperfeiçoa, gera a confiança e estimula a vontade.
Quem educa exerce naturalmente uma certa ascendência intelectual e moral sobre o educando, mas essa ascendência deve ser espontânea e natural, nunca imposta pela força.
A geração nova que desponta não pode tolerar uma imposição incondicional, descabida, e a reação, não orientada, provoca revolta, desajustamentos e vícios.
O Equilíbrio se Faz Necessário na Educação:
Austeridade com bondade. A austeridade na Educação deve significar: firmeza, segurança, coerência, persistência, direção. Deve ser mais ou menos intensiva, dependendo da natureza do educando.
A liberdade não pode ser confundida com subversão de valores, desordem, irresponsabilidade... O remédio amargo mais necessário deve ser ministrado em beneficio do doente.
A austeridade, iluminada pelo amor, garante o clima de ordem e retidão sem despertar revolta, indignação e medo.
“Educação real não recompensa nem castiga. A lição inicial do instrutor envolve em si mesma a responsabilidade pessoal do aprendiz.” É o que aprendemos com André Luiz.
Ensino com exemplo: no ensino as palavras informam, explicam e advertem, enquanto que o exemplo convence, vivifica e imprime imagem duradoura.
Educação é Progresso de Desenvolvimento Integral:
Vale recorrermos a Pestalozzi:
- "Educação é o desenvolvimento harmônico de todas as faculdades do indivíduo.”.
Há sério risco em se estimular e facilitar o desenvolvimento de algumas faculdades, em prejuízo de outras.
É certo que o desenvolvimento harmonioso de todas as faculdades deve contar com as tendências e inclinações, mas é bom não nos esquecermos, por exemplo, de que o intelectualismo não supre o cultivo dos sentimentos.
Na educação é preciso haver, de maneira equilibrada, a mesma preocupação com o físico, com o intelecto e com os sentimentos.
A orientação religiosa, a orientação sexual.
E a orientação vocacional são importantes aspectos da educação integral que reclamam dos educadores, efetivos conhecimentos e capacidade comprovada.
Na orientação religiosa a nossa preocupação maior deve ser com a "consciência religiosa" e não com a "religião" como forma exterior de culto.
Quanto à orientação sexual deveríamos, antes de tudo, preocupar-nos com o nosso posicionamento em relação ao sexo; com o que pensamos sobre o sexo e qual a nossa responsabilidade a seu respeito. Se nós o considerarmos como um manancial da criação divina, reconheceremos os órgãos sexuais e suas funções do maravilhoso corpo humano e concluiremos que a época e a maneira de realizar a orientação sexual surgem espontaneamente.
A formação moral é o alicerce da orientação sexual porque o sexo não deve ser encarado apenas como função biológica, mas como manifestação global envolvendo ainda o sentimento e o amor. A formação moral imprime na personalidade do indivíduo a responsabilidade perante o sexo.
No tocante à orientação vocacional, em primeiro lugar devemos compreender que os filhos, embora herdeiros da vida orgânica, são criaturas independentes que herdam, de si próprias, suas inclinações e compromissos de vidas anteriores. Daí as seguintes recomendações:
(1. º) Observar as inclinações, preferências e aptidões para auxiliar a descobrir os caminhos;
(2. º) nunca impor a obrigação de efetuar aquilo que contraria a vocação, apenas para atender a caprichos, opiniões e preconceitos;
(3. º) observar o equilíbrio entre "o que se pretende" e "o que se pode realmente" realizar.
Importante lembrar que o caráter de honestidade, que deve ser impresso ao trabalho, é mais importante que a profissão em si mesma.
O Lar é a Instituição Educacional por Excelência:
A Escola, voltada mais para a instrução, deveria ser a continuação da Família. Compete aos pais uma interferência participativa mais atuante na vida da Escola; compete aos professores e demais agentes educacionais uma séria revisão quanto às finalidades, os currículos e os métodos da educação sistematizada; compete, particularmente, aos educadores espíritas, nos meios escolares, um posicionamento digno e coerente com os princípios da Doutrina.
As atividades evangelizadoras das Casas Espíritas merecem todo o nosso estímulo e a nossa cooperação. Cabe aos pais o habilidoso encaminhamento das crianças, dos adolescentes e jovens; a participação efetiva nas reuniões e eventos e, principalmente, evitar as contradições entre o que é ensinado nos cursos de evangelização e o que é vivido em casa.
"O lar é o porto de onde a alma se retira para o mar alto do mundo, e quem não transporta no coração o lastro da experiência dificilmente escapará ao naufrágio parcial ou total." ( Emmanuel).
Transcrito do Reformador do mês de março/1995.
DESIDERATA
Dedica algum tempo para pensar,
Porque esta é a fonte do poder.
Reserva tempo para julgar,
Porque este é o segredo do poder perpétuo.
Dedica muito tempo para ler,
Porque esta é à base da sabedoria.
Dedica teu tempo às preces,
Porque este é o maior poder sobre a Terra.
Reserva tempo para amar e ser amado,
Pois este é um privilégio outorgado por Deus.
Dedica tem tempo para ser amável,
Pois este é o caminho da felicidade.
Dedica teu tempo para rir,
Pois o riso é a música da alma.
Emprega todo o teu tempo para doar,
Pois a vida é muito curta para sermos egoístas.
Autor Desconhecido.
COMPANHEIROS MUDOS
Com excelentes razões, mobilizas os talentos da palavra, a cada instante, permutando impressões com os outros.
Selecionas os melhores conceitos para os ouvidos de assembléias atentas.
Aconselhas o bem, plasmando terminologia adequada para a exaltação da virtude.
Estudas a Filologia e Gramática, no culto à linguagem nobre.
Encontras a frase exata, no momento certo, em que externas determinado ponto de vista.
Sabes manejar o apontamento edificante, em família.
Lecionas disciplinas diversas.
Debates problemas sociais.
Analisas os sucessos diários.
Questionas serviços públicos.
Indiscutivelmente, o verbo é luz da vida, de que o próprio Jesus se valeu para legar-nos o Evangelho Renovador.
Entretanto, nesta nota simples, vimos rogar-te apoio e consolação para aqueles companheiros a quem a nossa destreza vocabular não consegue servir em sentido direto.
Comparecem, às centenas, aqui e ali...
Jazem famintos e não comentam a carência de pão.
Amargam dolorosa nudez e não reclamam contra o frio.
Experimentam agoniadas depressões morais, sem pedirem qualquer reconforto à idéia religiosa.
Sofrem prolongados suplícios orgânicos, incapazes de recorrer voluntariamente ao amparo da Medicina.
Pensa neles e, coração enternecido, quanto puderes, oferece-lhes algo de teu amor, através da peça de roupa ou da xícara de leite, da poção medicamentosa ou do minuto de atenção e carinho, porque esses companheiros mudos e expectantes que nos rodeiam que nos rodeiam são as criancinhas necessitadas e padecentes que não podem falar.
Emmanuel
Do livro “Luz no Lar” de Francisco C. Xavier.
NO DESPERTAR
O dia que começa é bênção que se renova para você. Ao despertar, saúde o seu dia com a melodia vibrante da prece, musicalizando suas aspirações.
Ocupe os minutos primeiros com a gratidão ao Senhor e formule os roteiros a executar nas horas diurnas com método e equilíbrio.
Reaja às impressões negativas retidas na memória, sobrepondo a elas os nobres ideais da oportunidade nova.
A leitura evangélica constituirá para você excelente motivação para o seu dia. Cultive-a.
Paute suas atividades dentro do ritmo dos pensamentos superiores, fazendo aos outros o que gostaria deles receber.
Tente conquistar uma amizade nova ou repare, sem delongas, um mal-entendido na véspera.
Trabalhe com amor, ganhando as horas. Não esqueça, porém, de que o excesso de atividade conduzi-lo-á à estafa e, conseqüentemente, a pouco rendimento de produção, quando não o precipita na enfermidade.
A alegria ajudá-lo-á na execução das atividades, por isso motive-se com as lições vivas do otimismo cristão.
Quem decide vencer-se e produzir em tudo, encontra razões de vitória.
Economize palavras vãs.
As águas espalhadas no rio não podem retroceder às nascentes.
Palavras são portas de acesso à comunicabilidade. Muitas delas são vias de aniquilamento. Fiscalize-as.
Não se aflija pelos múltiplos problemas, perdendo-se na solução deles de uma só vez. Atenda as tarefas, uma após outra, sem precipitação.
Considere a possibilidade de desencarnar inesperadamente. Arrume sua vida, tendo em vista esse evento.
O que não consiga agora evite transformar em agastamento. O hoje é, também, o futuro já presente.
Elimine as mágoas do dia passado, no seu programa de ação. Quem conserva queixas conduz acidez portadora de doenças soezes.
Se tiver ensejo faça o bem: se não tiver ocasião de fazê-lo, crie as circunstâncias. Um dia sem a prática de ações dignificadoras é um dia realmente perdido, embora você tenha conseguido armazenar títulos contábeis ou moedas fiduciárias. Esses ficam com o corpo e aquelas seguem com você.
Atravesse o dia com tranqüila vigilância espiritual. Cada hora passada é parte dele que você não mais recuperará.
Marco Prisco
Do livro “Ementário Espírita” de Divaldo Pereira Franco.
DIANTE DAS HORAS
O homem pode acumular o ouro para negociá-lo quando julgue oportuno, dispõe de meios, a fim de reter as safras de cereais, na expectativa de preços que lhe satisfaçam as conveniências.
Entretanto, das riquezas que a Divina Providência lhe empresta, uma existe que ele não consegue armazenar: é o tesouro dos dias.
Toda criatura é obrigada a gastar as próprias horas, tocando-as por algo.
Há quem as troque por trabalho e cultura, serviço ao próximo e dever cumprido, ociosidade e queixume, irritação e rebeldia.
Ao termo de cada existência no Plano Físico, os Administradores da Horas te perguntarão, naturalmente:
- “Que fizeste do tempo que o Senhor te confiou?”.
Então, compreenderás, por fim, que o tempo é vida.
Emmanuel
Mensagem recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, em Uberaba/MG.
PRESIDIÁRIOS
Irmão, há quanto tempo não visitas um presídio?
É possível que até hoje não tenhas pensado nos reclusos... Apenas sentimos a presença de um órgão, quando ele adoece. São silenciosas as vísceras que funcionam regularmente.
Na vida normal os problemas são igualmente assim: só os sentimos quando nos vergastam o próprio eu.
Rememoremos, portanto, a prova inexprimível daqueles irmãos que nos deixaram, compulsoriamente, o convívio.
As culpas e as suas dores são também nossas.
Respiramos anos a fio, circunscritos às grades da prisão, em atmosfera de onde, quase sempre, foram expulsos o perdão, a gentileza e a alegria; suportam a vida purgatorial da espiritualidade inferior, ainda vivos; ruminam o fel do abandono, a peçonha do desespero, o tóxico do vício, o veneno do rancor, o fogo da revolta e a bile da frustração.
Tolhidos, muitos vegetam. Condenados, outros desvairam. Enfermos não raro, de corpo e alma, outros muitos padecem martírios simultâneos.
Enfumaram-se os sonhos, perverteram-se os ideais, a fé cadaverizou-se. Em grande maioria analfabetos, são incompreensíveis a viverem incompreendidos. Filhos da penúria, amargam a via-crúcis de todas as necessidades. Escravos da embriaguez são como que dominados por fantasmas inferiores que os embrutecem.
Muitos deles, ainda longe do recurso e cativos da ignorância, fizeram do crime a profissão, do sarcasmo o idioma, da astúcia. Combateram a sociedade, fugiram da família e trocaram de nome, dando origem á órgão de pais distantes e a viúvas de esposos vivos.
Contidos à força, estremunhados na noite prolongada da impenitência, vivem anos que se assemelham a séculos; imprecam contra o destino, forjado por eles próprios, na amortização dos débitos perante as leis divinas e humanas; são duplamente encarcerados - na carne e só no cárcere.
Quantas jóias espirituais de rara beleza atoladas em escrínios da lama!
Até que todos os ergástulos se transfiguram em escolas e hospitais, conduzamos a eles - os infelizes prisioneiros de si mesmos - a consolação de uma visita, o estímulo de um sorriso, o júbilo de uma dádiva, a bênção de uma prece.
Abrindo o coração ao sol do amor fraterno, auxiliemos os presidiários, diligencias os presidiários, diligenciando alcançar também a nossa própria liberdade espiritual, seguindo a lição do Senhor que nos ensinou, exemplificando:
Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.
Maria Celeste
Página recebida pelo médium Waldo Vieira na Comunhão Espírita Cristã - Uberaba/MG.
SOMENTE O AMOR
Cada criatura vive no centro das realizações dos seus próprios pensamentos, como a raiz da árvore se mantém sob o tronco e sob a ramaria que nutriu e desenvolveu.
Todos estamos limitados, por isso, à extensão da onda mental que soamos suscetíveis de criar e desenvolver.
Ninguém penetrará o domínio das forças que não compreende.
A percepção instintiva do irracional está longe de entender o palácio de princípios superiores que regem a vida dos homens, tanto quanto os homens se acham distantes do ingresso espiritual no santuário divino das leis que dirigem a vida dos anjos.
Quem se encarcera na escuridão, não segue além das trevas; quem se rende ao mal, com as dívidas do mal se confunde.
É por essa razão que Jesus nos descortinou os horizontes do amor, como as únicas sendas capazes de alargar os limites da nossa comunhão com as fontes mais altas da vida.
Somente quem auxilia sempre adquire o tesouro da simpatia com que pagará, feliz, o tributo da ascensão.
Somente quem perdoa consegue libertar-se para as experiências de ordem superior.
Somente quem exerce o ministério da fraternidade real encontra na Terra o seu próprio lar e na Humanidade a sua própria família.
Somente quem ama quebra os grilhões da sombra.
Ainda que com extrema dificuldade, ambientemos a plantação do amor, no solo de nossas almas.
Só o amor consegue romper as algemas de nossos compromissos com a animalidade e só ele nos fará suficientemente fortes e valorosos, para vencer os percalços e limitações do cubículo da carne, orientando-nos no caminho da sublimação imortal.
Emmanuel
Do livro “Urgência” de Francisco C. Xavier.
LUZ PARA TODOS
Estariam os princípios espíritas endereçados à segregação para uso exclusivo daqueles irmãos que carregam provas visíveis no plano material?
Encontramos, com freqüência, na Terra, quem suponha deva ser a Nova Revelação limitada ao trabalho em favor dos que sofrem a penúria do corpo, sob pena de perder a própria simplicidade.
Entretanto, a fulguração solar será menos luz quando clareia o recôncavo de um vale e o topo de um arranha-céu ao mesmo tempo? E, acaso, a fonte se diminuirá em grandeza por deixar-se canalizar em serviço à cidade grande, após haver saciado a sede aos lares do campo?
Decerto, a mensagem da Vida Maior tem significação mais imediata em auxílio a quantos se vejam no mundo em dificuldades abertas, seja no chão das exigências primárias da natureza ou na sombra das grandes tribulações em que a inconformidade os compele a se tornarem francamente infelizes. Imperioso, porém, pensar naqueles outros companheiros da humanidade que a vida situou em outros setores.
Não é a face externa da criatura que lhe determina o grau da necessidade espiritual.
Dói-nos ver as mãos que se nos estendem nas ruas, à cata de pão; no entanto, será justo, igualmente, compreender os obstáculos daqueles que se esfalfam em serviço para que haja pão, tanto quanto possível, à mesa de todos.
Aflige-nos registrar os empeços do amigo em profissão singela, cujo salário não lhe satisfaz a todos os requisitos da vida simples, mas não nos será lícito esquecer os óbices daqueles que se atormentam na orientação da oficina para que o trabalho não se perturbe ou escasseie.
Magoa-nos surpreender irmãos diversos, acomodados nos palheiros humildes que lhes servem de residência; contudo, não podemos desconhecer os impedimentos daqueles outros que encanecem nas administrações, construindo caminhos ao progresso e traçando horizontes ao reconforto geral.
Sensibiliza-nos o martírio das mães que vagueiam nas vias públicas à busca de socorro para filhinhos padecentes; entretanto, seria injusto desconsiderar o sofrimento daquelas outras que se aniquilam, pouco a pouco, dentro de casa, em posição de incessante sacrifício, para sustentarem os descendentes, de modo a que a dignidade humana possa honrosamente sobreviver.
Reflitamos no conjunto dos problemas humanos e a ninguém deserdemos da verdade e do amor, de vez que em qualquer situação pertencemos todos a Deus e, segundo as nossas necessidades, é natural que Deus nos atenda a cada um.
Emmanuel
Do livro “Na Era do Espírito” de Francisco C. Xavier.
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